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LEI DO SUPERENDIVIDAMENTO PARA CONCURSOS2

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1 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
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2 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
 
LEI Nº 14.181, DE 1º DE JULHO DE 2021 
Altera a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código 
de Defesa do Consumidor), e a Lei nº 10.741, de 1º de 
outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), para aperfeiçoar a 
disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a 
prevenção e o tratamento do superendividamento. 
 
1. Informações iniciais sobre a Lei 14.181/2021 para concursos públicos: Toda lei nova (no 
caso foi uma lei que alterou o CDC) é importante, para concurso público, saber o seu teor. 
Normalmente (como ainda não há muita doutrina e jurisprudência sobre o tema) é cobrado 
o teor da lei. Assim, é importante fazer uma leitura atenta dos dispositivos. Abaixo eu 
procurei detalhar as possíveis pegadinhas que os concursos poderão fazer em relação à lei 
nova. 
→ Antes de analisarmos os artigos da nova lei, abordaremos brevemente o conceito de 
superendividamento e a sua classificação em ativo (consciente e inconsciente) e passivo. 
2. Conceito doutrinário de Superendividamento: Conforme expõe Cláudia Lima Marques, 
“o superendividamento pode ser definido como impossibilidade global do devedor pessoa 
física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de 
consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundo de delitos e de alimentos). Este estado é 
um fenômeno social e jurídico, a necessitar algum tipo de saída ou solução pelo Direito do 
Consumidor, a exemplo do que aconteceu com a falência e concordata no Direito da 
Empresa, seja o parcelamento, os prazos de graça, a redução dos montantes, dos juros, das 
taxas, e todas as demais soluções possíveis para que possa pagar ou adimplir todas ou quase 
todas as suas dívidas, frente a todos os credores, fortes e fracos, com garantias ou não. Estas 
soluções, que vão desde a informação e controle da publicidade, direito de arrependimento, 
para prevenir o superendividamento, assim como para tratá-lo, são fruto dos deveres de 
informação, cuidado e principalmente de cooperação e lealdade oriundas da boa-fé para 
evitar a ruína do parceiro (exceção da ruína), que seria esta sua ‘morte civil’, exclusão do 
mercado de consumo ou sua ‘falência’ civil com o superendividamento.”1 
3. Superendividamento ativo e passivo: 
O superendividado ativo é aquele consumidor que se endivida voluntariamente, iludido pelas 
estratégias de marketing das empresas fornecedoras. Esta categoria se subdivide em duas: o 
superendividado ativo consciente e ativo inconsciente. O ativo consciente é aquele que de má-
 
1 MARQUES, Cláudia Lima. “Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contratos 
de consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul”. Revista de Direito do 
Consumidor 55/11-52, p. 12, São Paulo, RT, jul-set. 2005. 
 
 
 
 
3 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
fé contrai dívidas convicto de que não poderá pagá-las, com intenção deliberada de fraudar os 
credores (é o consumidor de má-fé). Por outro lado, o ativo inconsciente é aquele que agiu 
impulsivamente, de maneira imprevidente e sem malícia, deixando de fiscalizar seus gastos. 
Acabou, por assim dizer, “gastando mais do que deveria”. 
Já o superendividado passivo é aquele que se endivida em decorrência de fatores externos 
chamados de “acidentes da vida”, tais como desemprego; divórcio; nascimento, doença ou 
morte na família; necessidade de empréstimos; redução do salário; etc. 
Esta classificação é importante porque a doutrina irá sustentar que somente o 
superendividado ativo inconsciente e o passivo é que merecerão a tutela estatal para 
reorganizar suas vidas financeiras. O superendividado ativo consciente, por agir 
maliciosamente (má-fé), não receberá o tratamento do superendividamento, não podendo 
renegociar suas dívidas com o apoio estatal 
 
Veja que o tema já foi cobrado em concurso 
FCC. DPE-PR. Defensor Público. 2017 
“O superenvidamento é fenômeno contemporâneo que atinge a sociedade de consumo de massa. As dívidas 
fiscais, especialmente em época de crise econômica, são o principal passivo que impedem o consumidor de 
adimplir com as suas obrigações, dando origem ao superenvidamento.” 
Gabarito: a alternativa está errada. As dívidas fiscais estão de fora da análise do superendividamento. 
MP/MG – Promotor – LII Concurso – 2012. 
– 
“A boa-fé objetiva amolda-se como ferramenta jurídica essencial para a prevenção do superendividamento, 
pois exige a partir do empreendedor os deveres de informação, lealdade e veracidade quanto ao compromisso 
assumido pelo devedor.” 
– 
“O superendividamento passivo decorre de fatos inesperados que oneram excessivamente a situação 
econômica do devedor observado certos acidentes da vida (desemprego, morte, divórcio etc.); o 
superendividamento ativo decorre de abusos intencionais do consumidor (conscientemente) ou porque 
iludido pelo sistema de marketing que o leva a contratar de forma reiterada (inconscientemente);” 
Gabarito: ambas as afirmativas são verdadeiras. 
MP/MG – Promotor – 2010 (prova dissertativa) 
Dissertação: As regras jurídicas que visam proteger os direitos inerentes à personalidade do consumidor 
endividado. 
 
 
 
 
 
4 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
Curso (novo) 
 Lei do Superendividamento 
Após a edição da lei, gravei um curso para o JUSAULAS em que abordo: 
a) a necessidade da lei no contexto brasileiro, 
b) a sociedade de consumo que vivemos para explicar o porquê devemos contemplar 
o superendividado ativo inconsciente nos planos de pagamento (processo de 
repactuação de dívidas), 
c) qual a visão que a sociedade possui do falido (do superendividado) e como isso 
reflete na interpretação da lei; 
d) classificação do superendividamento: ativo e passivo; 
e) princípios contemplados na Lei 14.181/2021 (Lei do Superendividamento) → 
importante para argumentação em provas discursivas e orais; 
f) modelos de tratamento ao consumidor superendividado (modelo francês e 
americano), demonstrando qual o modelo que foi adotado pela legislação brasileira. 
g) comentários artigo por artigo (foi gravado um vídeo sobre cada artigo). 
Assim, para quem estiver fazendo segunda fase ou prova oral, especialmente para 
concursos do Ministério Público, Magistratura e Defensoria, seria uma boa opção para 
compreender bem todo o contexto da lei e como tratar o tema nas provas. 
Assista a apresentação do curso. Basta mirar a câmera do celular no QRCODE abaixo ou clicar 
no link abaixo. 
 
CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR A APRESENTAÇÃO DO CURSO 
CLIQUE AQUI PARA TER ACESSO AO CURSO 
 
https://youtu.be/3GPf_q7UYs4
https://www.editorajuspodivm.com.br/lei-do-superendividamento-6h30
 
 
 
5 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
 
Art. 4º ........................................................................................................ 
IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores; 
X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclusão social do 
consumidor.” (NR) 
1. Foram inseridos dois incisos ao artigo 4º que trata dos princípios e objetivos da Política Nacional 
das Relações de Consumo (PNRC). 
2. Importante: o reconhecimento de que o superendividamento causa EXCLUSÃO SOCIAL do 
cidadão/consumidor. Assim, o CDC reconheceexpressamente que, devido a exclusão social causada 
ao consumidor superendividado (o que fere a dignidade da pessoa humana), é preciso PREVENIR e 
TRATAR este consumidor. 
3. Uma das formas mais eficazes de prevenir o superendividamento é promover ações visando a 
educação financeira dos consumidores. 
 
Art. 5º ......................................................................................................... 
VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do 
superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; 
VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento. 
1. O art. 5º do CDC trata dos instrumentos de execução da PNRC (Política Nacional das Relações de 
Consumo). 
2. Importante mencionar que o foco destas alterações do CDC, com relação à temática do 
superendividamento, é primeiramente PREVENIR (ou seja, evitar que o consumidor fique 
superendividado) e TRATAR (aqueles que já estão na situação de superendividamento). Importante 
lembrar que o tratamento (que está previsto a partir do art. 104-A) deve se dar tanto no âmbito 
judicial, mas também extrajudicial. 
3. Possível pegadinha de prova: uma questão que mencione, por exemplo, que o tratamento 
previsto na lei é somente judicial. Então, lembrar que o tratamento pode ser extrajudicial também. 
4. Importância do tratamento extrajudicial através dos núcleos de conciliação e mediação de 
conflitos. 
 
 
 
 
6 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
Art. 6º ....................................................................................................... 
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e 
tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da 
regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas; 
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas 
e na concessão de crédito; 
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por 
litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso. 
1. 4 novos direitos dos consumidores relacionados ao superendividamento: 1) práticas de crédito 
responsável (como por exemplo a verificação da capacidade financeira do consumidor em suportar 
o pagamento do financiamento – art. 54-D, II); 2) educação financeira (já mencionado no art. 4º); 3) 
prevenção (há vários artigos com base na prevenção como por exemplo o art. 54-C que faz uma série 
de restrições no tocante à oferta do crédito); 4) tratamento (tanto no âmbito extrajudicial como no 
judicial – arts. 104-A ao 104-C) 
2. Previsão do MÍNIMO EXISTENCIAL. Ou seja, em qualquer plano de pagamento a ser pactuado ou 
imposto compulsoriamente, deverá ser respeitado o mínimo existencial (quantia suficiente para 
manutenção da vida digna do superendividado e sua família, considerando gastos como saúde, 
alimentação, educação, etc). 
3. O mínimo existencial será detalhado através de regulamentação. Embora o regulamento futuro 
venha a detalhar (especificar) o que seja mínimo existencial ou os percentuais a serem resguardados 
no plano de pagamento, o inciso já tem aplicação imediata. Caberá ao magistrado definir, em cada 
caso, o percentual da renda do consumidor superendividado que não poderá ser usado para 
pagamento dos débitos, garantindo assim o mínimo existencial para a manutenção da vida digna do 
consumidor. 
4. Informação dos preços por unidade de medida (por quilo, por metro, etc) → para que o 
consumidor consiga comparar mais facilmente os preços os produtos. Assim, o fornecedor deve 
informar o preço do produto e também o preço referencial. Ex: Um refrigerante de 500 ml custa R$ 
3,00. Assim, deve informar o preço referencial por litro: R$ 6,00. 
 
Art. 51. ..................................................................................................... 
XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário; 
XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou 
impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a 
partir da purgação da mora ou do acordo com os credores; 
XIX - (VETADO). 
1. O art. 51 trata das cláusulas abusivas. 
2. Ler com atenção os dois incisos novos que estabelecem duas cláusulas abusivas. 
 
CAPÍTULO VI-A 
 
 
 
7 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO 
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre 
o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor. 
§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa 
natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem 
comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. 
§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros 
assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e 
serviços de prestação continuada. 
§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas 
mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito 
de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de 
luxo de alto valor. 
1. Houve o acréscimo de um capítulo inteiro (arts. 54-A ao 54-G) para tratar especificamente da 
prevenção do superendividamento. 
2. Importante: o tratamento do superendividamento do CDC é somente da PESSOA NATURAL 
(FÍSICA). O tratamento da pessoa jurídica é feito através da recuperação judicial e da falência. Então 
cuidado com a pegadinha de prova que inclua a pessoa jurídica também no tratamento do CDC. 
3. Dois pilares importantes da prevenção: estimular o crédito responsável e promover a educação 
financeira do consumidor. 
4. Art. 54-A, §1º. Conceito de superendividamento. Importante porque define quem poderá ser 
tratado pelo CDC. 
4.1 Assim, lembrar que é somente a pessoa natural que estiver de boa-fé. O que estiver de 
má-fé (adquire a dívida sabendo que não terá condições de pagar o débito) está excluído da 
aplicação do código (§3 do art. 54-A). 
4.2. As dívidas acobertadas pelo tratamento são as consumo. Dívidas que não são de consumo 
(aluguel, pensão alimentícia, tributos, etc) não serão tratadas pelo CDC. 
4.3. As dívidas são as exigíveis e também as vincendas (que irão vencer). Ou seja, para analisar 
se o consumidor tem condições de pagar ou não a totalidade das dívidas (para verificar se está 
ou não superendividado), considera as que já venceram e as que estão por vencer... 
4.4. Na análise do superendividamento tem que se considerar o mínimo existencial. Ou seja, 
ainda que todo o salário de um consumidor seja suficiente para pagar as parcelas das dívidas, 
haverá a constatação do superendividamento porque não foi reservado um percentual 
(quantia) para a garantia do mínimo existencial. 
5. Art. 54-A, §2º. Lembrar que as dívidas vincendas também são consideradas para a análise do 
superendividamento. Assim, as compras a prazo e serviços de prestação continuada, embora ainda 
algumas parcelas estão por vencer, entram na contabilidade para constatação do 
superendividamento. 
6. Art. 54-A, §3º. Situações que não se aplica o CDC: 
a) dívidas contraídas mediante fraude ou má-fé, 
 
 
 
8 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
b) celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento; 
c) aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. 
 
Art. 54-B. No fornecimentode crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias 
previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário 
deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: 
I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; 
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de 
qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; 
III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) 
dias; 
IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; 
V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do 
art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. 
§ 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de 
forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso 
ao consumidor. 
§ 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá 
em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo 
do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. 
§ 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta 
de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo 
total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento. 
1. Dever de informar do fornecedor no fornecimento de crédito e na venda a prazo: além do que 
consta o art. 52 do CDC, o art. 54-B lista uma série de informações importantes que deverão ser 
fornecidas (prévia e de maneira adequada) ao consumidor. 
1.1. Importante: o dever de informar cabe também ao intermediário. 
1.2. Pegadinha de prova. Cuidado com a questão que mencionar que o dever de informar 
cabe somente ao fornecedor de crédito. 
2. Pegadinha de prova referente aos incisos do caput do art. 54-B. O examinador pode alterar 
algumas informações para tornar as alternativas erradas. Assim, lembrar que: 
a) a taxa efetiva que deve ser informada é a mensal e não a anual. 
b) o prazo de validade da oferta é de 2 dias (sempre que lei menciona algum prazo é 
importante ficar atento para concurso....). 
c) deve ser fornecido inclusive o endereço eletrônico do fornecedor. 
d) o direito à liquidação antecipada é não onerosa (ou seja, não pode cobrar nenhuma taxa 
para que o consumidor consiga pagar antecipadamente a dívida ou as parcelas). 
 
 
 
9 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
3. As informações do art. 54-B e do art. 52 do CDC devem constar de forma clara e resumida e de 
fácil acesso ao consumidor. 
4. Pegadinha de prova - Custo efetivo total: chamado usualmente de CET, é importante lembrar que: 
a) consistirá em taxa percentual anual (e não mensal!); 
b) abrangerá TODOS os custos cobrados do consumidor (juros, encargos, seguros, etc); 
c) o cálculo do CET (para o CDC) independe (sem prejuízo) do cálculo padronizado pela 
autoridade reguladora do sistema financeiro. Assim, ainda que o Banco Central defina que 
determinado encargo cobrado do consumidor não componha o cálculo do CET, para fins de 
informação ao consumidor pelo CDC, ele deve ser incluído. 
5. Para não incorrer em publicidade enganosa (art. 37 do CDC), a oferta de crédito ao consumidor e 
a oferta de venda a prazo devem indicar, no mínimo: 
a) o custo efetivo total, 
b) o agente financiador, 
c) a soma total a pagar, com e sem financiamento. 
 
Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária 
ou não: 
I - (VETADO); 
II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao 
crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; 
III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da 
venda a prazo; 
IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou 
crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de 
vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; 
V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou 
à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos 
judiciais. 
Parágrafo único. (VETADO). 
1. O artigo elenca proibições no tocante à oferta de crédito, seja por qualquer meio de divulgação: 
pessoalmente dirigida ao consumidor ou através da publicidade. 
2. Pegadinha de prova: lembrar que a oferta compreende a informação diretamente prestada ao 
consumidor e também a publicidade. 
3. Inciso II → embasado no princípio do crédito responsável → dever do fornecedor de avaliar a 
situação (capacidade) financeira do consumidor. Assim, é vedado fazer publicidade de que o crédito 
é fornecido sem consulta aos órgãos de proteção ao crédito, prática muito comum atualmente. 
Veja um exemplo de publicidade proibida pela nova lei: 
 
 
 
10 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
 
4. inciso III →Proibição do assédio de consumo → principalmente para os hipervulneráveis (idoso, 
analfabeto, doente, etc) e quando envolver prêmio (ex: títulos de capitalização em que há 
induzimento a recebimento de prêmios). 
4.1. Pegadinha de prova: o assédio de consumo para contratação ao crédito é SEMPRE 
proibido. Assim, não é proibido somente para os hipervulneráveis. O CDC utilizou a palavra 
“principalmente” e não “somente”. 
 
Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, 
entre outras condutas: 
I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e 
a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 
52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento; 
II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das 
informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste 
Código e na legislação sobre proteção de dados; 
III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros 
coobrigados cópia do contrato de crédito. 
Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos 
arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou 
de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, 
conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor, sem 
prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao 
consumidor. 
1. O artigo prevê uma série de condutas (exemplificativa e não taxativa – “entre outras condutas”) 
que deverão ser adotadas pelo fornecedor ou intermediário na oferta de crédito com base no 
princípio do crédito responsável. 
2. Princípio do crédito responsável no art. 54-D: 
a) dever de informação e esclarecimento (ou seja, não é simplesmente prestar 
informações) considerando a situação real (idade, se analfabeto ou não, etc) a respeito da 
modalidade de crédito, custos e riscos. 
 
 
 
11 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
b) dever de avaliar a capacidade financeira do consumidor através dos bancos de dados de 
proteção ao crédito. 
c) dever de informar a identidade do agente financiador e entregar uma cópia do contrato 
de crédito. 
3. Sanções aplicadas ao fornecedor de crédito pelo não cumprimento dos dispositivos do CDC. 
Observações:o parágrafo único do art. 54-D menciona que somente haverá penalização ao 
fornecedor pelo descumprimento dos deveres previstos nos arts. 52, 54-D (o próprio artigo) e art. 
54-C. Por equívoco não mencionou o art. 54-B. Inicialmente (no projeto de lei), as sanções seriam 
aplicadas pelo descumprimento de todos os deveres previstos no novo Capítulo VI-A. Mas durante a 
tramitação do projeto houve alteração e reorganização dos artigos de modo que faltou a menção ao 
artigo 54-B. 
Mas e aí? O que considerar para concurso? Embora acredite que a jurisprudência irá corrigir este 
equívoco, para concurso vale considerar a literalidade do que está presente no parágrafo único. 
Assim, caso mencione que o descumprimento do art. 54-B acarrete as penalidades do parágrafo 
único (e a questão mencionar que deve ser considerado o texto do CDC) deve ser marcada como 
errada, porque, conforme mencionado, o art. 54-B não foi mencionado no parágrafo único do art. 
54-D. 
3.1. Importante: as sanções previstas no pu do art. 54-D somente poderão ser aplicadas 
JUDICIALMENTE. Pegadinha de prova → Assim, os Procons não poderão aplicar estas 
sanções. 
3.2. Sanções a serem aplicadas judicialmente: 
a) Redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal (ou seja, 
poderá ser decotado todo e qualquer valor além do principal). 
b) dilação de pagamento. 
3.3. Para a aplicação das sanções serão consideradas: 
a) a gravidade da conduta do fornecedor e; 
b) possibilidades financeiras do consumidor. 
3.4. A aplicação destas sanções não impede a aplicação de outras sanções previstas na 
legislação (ex: art. 56 do CDC) e da condenação do fornecedor em indenização por perdas 
e danos, patrimoniais e morais. 
 
Art. 54-E. (VETADO). 
1. Este artigo tratava de uma série de deveres impostos ao fornecedor no tocante ao crédito 
consignado, estipulando, inclusive, o direito de o consumidor exercer o direito de arrependimento 
no prazo de 7 dias da contratação. Assim, como o artigo foi vetado, o consumidor somente poderá 
arrepender caso a contratação do crédito consignado se dê fora do estabelecimento comercial (nos 
moldes do art. 49 do CDC) e não em toda e qualquer contratação de empréstimo consignado. 
 
 
 
12 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
2. Quer dizer que os dispositivos que tratam do superendividamento não podem ser aplicados ao 
crédito consignado? Não, muito pelo contrário. Somente o art. 54-E é que foi vetado. Todos os outros 
dispositivos serão utlizados para evitar que o crédito consignado acarrete o superendividamento. 
 
Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de 
fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o 
financiamento quando o fornecedor de crédito: 
I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do 
contrato de crédito; 
II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço 
financiado ou onde o contrato principal for celebrado. 
§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato 
principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja 
conexo. 
§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das 
obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão 
do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. 
§ 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor: 
I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; 
II - contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito 
ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades 
pertencentes a um mesmo grupo econômico. 
§ 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de 
crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito 
o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive 
relativamente a tributos. 
1. Vinculação do contrato principal (conexos, coligados ou interdependentes) de fornecimento de 
produto e serviço ao contrato de crédito (acessório) que foi usado para efetuar a contratação. 
Importante porque antes havia discussão se a resolução do contrato principal (ex: o produto veio 
com defeito e o contrato foi desfeito) acarretaria a resolução também do contrato de crédito usado 
na contratação. Agora, com esta alteração no CDC, o contrato de crédito seguirá a “sorte” do 
principal, quando o fornecedor de crédito: 
a) recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão 
do contrato de crédito; 
b) oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço 
financiado ou onde o contrato principal for celebrado. 
2. Consequência da vinculação do contrato principal ao acessório de crédito: 
a) exercício do direito de arrependimento no contrato principal ou no contrato de crédito 
implica a resolução de pleno direito do outro contrato; 
 
 
 
13 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
b) possibilidade de haver rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito 
caso haja descumprimento do contrato principal; 
c) o direito a rescisão do contrato não cumprido também pode ser exercido contra o portador 
de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo e contra o 
administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou 
similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades 
pertencentes a um mesmo grupo econômico. 
d) a invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato 
de crédito. 
 
Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é 
vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas: 
I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido 
contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não 
for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a 
administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de 
vencimento da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao 
consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da 
parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da 
transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação; 
II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do 
contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro, 
disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato; 
III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o 
consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, 
ou ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos. 
§ 1º Sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta 
do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, 
a formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação ocorrerão após 
o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem 
consignável.§ 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve prestar ao consumidor, previamente, as 
informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Código, além de outras porventura 
determinadas na legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato, 
após a sua conclusão. 
1. O artigo disponibiliza um rol (exemplificativo) de práticas abusivas referentes a oferta e outorga 
de crédito. 
2. Compras contestadas no cartão de crédito → é proibida a cobrança enquanto não for solucionada 
a controvérsia, desde que o consumidor tenha notificado o administrador do cartão com 
antecedência de 10 dias contados da data do vencimento da fatura. O valor contestado também não 
poderá ser incluído na fatura seguinte até que seja solucionada a controvérsia. Caso o valor tenha 
sido incluso na fatura, é direito do consumidor pagar o valor total deduzido do valor contestado. 
 
 
 
14 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
2.1. Pegadinha de prova: atentar para o prazo de 10 dias que o consumidor tem que avisar o 
administrador do cartão de crédito para não ser incluso o valor contestado na fatura. 
3. Pegadinha de prova: atentar que a cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do 
contrato de crédito poderá ser em papel OU outro suporte duradouro (art. 54-G, II). 
 
CAPÍTULO V 
DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO 
1. Os arts. 104-A ao 104-C abordam o tratamento do consumidor superendividado. 
2. Visão topográfica dos artigos: 
Art. 104-A Conciliação judicial 
Art. 104-B Plano judicial compulsório (após não ter êxito na conciliação judicial ou na 
conciliação extrajudicial) 
Art. 104-C Conciliação extrajudicial (feita pelos órgãos públicos do Sistema Nacional de 
Defesa do Consumidor) 
 
3. Importante para concursos: estes 3 artigos apresentam muitas informações e detalhes (como 
prazos, etc). Assim, é preciso ler com atenção! 
4. Como o art. 104-A possui muitas informações importantes (e creio que serão cobradas em 
concursos), vou separar os incisos e parágrafos. 
 
Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar 
processo de repactuação de dívidas, com vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por 
ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas 
previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de plano de 
pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da 
regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas. 
1. Processo de repactuação de dívidas → necessidade de requerimento do consumidor (pessoa 
natural) → o juiz marcará uma audiência conciliatória →presidida por ele ou por conciliador 
credenciado → com a presença de TODOS os credores → consumidor apresentará proposta de 
plano de pagamento → com o prazo máximo de 5 ANOS → o plano de pagamento tem que preservar 
o mínimo existencial → no plano de pagamento tem que preservar as garantias (ex: aval, fiança, ou 
algum bem) e as formas de pagamento pactuadas nas dívidas originais. 
 
2. Atenção em relação a este esquema acima referente ao caput do art. 104-A. Ficar atento em alguns 
detalhes importantes que poderão ser explorados em concursos, como: 
a) no processo de repactuação de dívidas há necessidade de requerimento do consumidor. 
Então não pode ser de ofício; 
b) somente a pessoa natural poderá requerer este processo de repactuação....Então a 
pessoa jurídica não pode; 
c) a audiência conciliatória poderá ser presidida por conciliador credenciado; 
d) quem apresenta o plano de pagamento é o consumidor; 
 
 
 
15 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
e) o tempo máximo do plano de pagamento é de 5 anos; 
f) o plano de pagamento tem que preservar o mínimo existencial (então não pode pegar 
todo a renda do consumidor para pagar os credores); 
g) no plano de pagamento não pode alterar as garantias e as formas de pagamento 
pactuadas anteriormente (nas dívidas originais). 
 
§ 1º Excluem-se do processo de repactuação as dívidas, ainda que decorrentes de relações de 
consumo, oriundas de contratos celebrados dolosamente sem o propósito de realizar pagamento, 
bem como as dívidas provenientes de contratos de crédito com garantia real, de financiamentos 
imobiliários e de crédito rural. 
 
1. Importante: há dívidas que, mesmo sendo de relações de consumo (lembrem que, pelo art. 54-A, 
somente se aplica as normas de superendividamento em dívidas de consumo) não podem fazer parte 
do plano de pagamento. Ou seja, estas dívidas deverão ser pagas pelo valor que foram contratadas. 
São elas: 
a) Celebradas dolosamente (sabendo que não terá condições de pagar a dívida); 
b) Contratos de crédito com garantia real; 
c) Financiamentos imobiliários; 
d) Crédito real. 
Atenção (Pegadinha de prova): saber estas dívidas que são excluídas do processo de repactuação de 
dívidas. 
 
§ 2º O não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com poderes 
especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo 
acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como 
a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente 
for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para 
ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória. 
1. Sanções ao não comparecimento INJUSTIFICADO do credor (ou do seu procurador com poderes 
especiais para transigir): 
a) Suspensão da exigibilidade do débito; 
b) Interrupção dos encargos da mora; 
c) Sujeição compulsória ao plano de pagamento (somente se o montante for certo e 
conhecido do consumidor); 
d) Receberá seu crédito somente após o pagamento de todos os que compareceram na 
audiência (que ele faltou). 
 
 
 
16 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
§ 3º No caso de conciliação, com qualquer credor, a sentença judicial que homologar o acordo 
descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de título executivo e força de coisa 
julgada. 
 
1. Sentença judicial que homologar o acordo → eficácia de título executivo e força de coisa julgada. 
 
§ 4º Constarão do plano de pagamento referido no § 3º deste artigo: 
I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e de redução dos encargos da dívida ou da 
remuneração do fornecedor, entre outras destinadas a facilitar o pagamento da dívida; 
II - referência à suspensão ou à extinção das ações judiciais em curso; 
III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de 
cadastros de inadimplentes; 
IV - condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no 
agravamento de sua situação de superendividamento. 
 
 
 
Importante (Pegadinha em prova): com o plano de pagamento definido através da sentença que irá 
homologá-lo, o nome do consumidor não é excluído dos bancos de dados automaticamente. Deverá 
constar a data a partir do qual o nome será excluído. Assim, a questão de concurso que afirmar que 
o nome do consumidor será excluído automaticamente com a sentença estará errada. 
§ 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de 
insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da 
liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual 
repactuação. 
1. Requerimento do consumidor para a repactuação de dívidas → não importará em DECLARAÇÃO 
DE INSOLVÊNCIA CIVIL. 
 
O QUE DEVE CONSTAR NO PLANO DE PAGAMENTO
medidas de 
dilação dos 
prazos de 
pagamento 
redução dos 
encargosda 
dívida ou da 
remuneração 
do fornecedor
outras 
medidas 
destinadas a 
facilitar o 
pagamento 
suspensão 
ou à 
extinção das 
ações 
judiciais 
data para 
exclusão do 
consumidor 
nos bancos 
de dados 
condicionamento 
de seus efeitos à 
abstenção, pelo 
consumidor, de 
condutas que 
importem no 
agravamento 
 
 
 
17 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
2. Novo pedido de repactuação de dívidas → somente pode ser feito após 2 anos → contado da 
liquidação das obrigações do plano de pagamento. Assim, o consumidor somente poderá requerer 
outro processo de repactuação de dívidas após 2 anos que pagar todos os credores do plano de 
pagamento anterior. 
 
Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do 
consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos 
e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório e procederá à 
citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o acordo porventura celebrado. 
§ 1º Serão considerados no processo por superendividamento, se for o caso, os documentos e as 
informações prestadas em audiência. 
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, os credores citados juntarão documentos e as razões da negativa 
de aceder ao plano voluntário ou de renegociar. 
§ 3º O juiz poderá nomear administrador, desde que isso não onere as partes, o qual, no prazo de 
até 30 (trinta) dias, após cumpridas as diligências eventualmente necessárias, apresentará plano de 
pagamento que contemple medidas de temporização ou de atenuação dos encargos. 
§ 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, 
corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida, após 
a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 
5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) 
dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais 
iguais e sucessivas. 
1. Plano judicial compulsório → Não havendo êxito na conciliação (seja pelo art. 104-A, seja pelo art. 
104-C) → a requerimento do consumidor → será instaurado → processo por superendividamento 
para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas → mediante plano judicial 
compulsório → com a citação de todos os credores que não participaram do acordo porventura 
celebrado. 
2. Por que plano judicial compulsório? Porque, não havendo acordo na conciliação, haverá um plano 
definido pelo juiz. 
3. Lembrem: será necessário SEMPRE o requerimento do consumidor → seja para fase conciliatória, 
seja para a fase compulsória. 
4. Documentos e informações que foram usados na audiência conciliatória → poderão ser 
consideradas na fase do plano compulsório. 
5. Após a citação → credores terão 15 dias → para juntar documentos e justificar o porquê não 
querem renegociar. 
6. O juiz poderá nomear ADMINISTRADOR para apresentar (elaborar) o plano de pagamento → 
desde que esta nomeação não onere as partes. 
7. O Administrador, após a nomeação → terá prazo de 30 dias para apresentar o plano de 
pagamento. 
 
 
 
18 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
8. Plano judicial compulsório → garantirá aos credores, no mínimo, o VALOR DO PRINCIPAL, 
corrigido monetariamente. Ou seja, no plano compulsório, o juiz ou administrador não poderão 
estipular um valor para pagamento pelo consumidor abaixo do principal. O que poderá ser reduzido 
ou retirado são os juros, encargos, etc. 
9. Plano judicial compulsório → durará no máximo 5 anos (ou seja, o juiz não poderá estipular um 
plano para pagamento em 10 anos por exemplo) → a primeira parcela será devida no prazo máximo 
de 180 (cento e oitenta) dias → restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e 
sucessivas (então, não pode estipular valores diferentes para determinados períodos – ex: 
pagamentos de semestrais ou anuais. Deverá ser mensal, igual e sucessiva) 
10. Atenção: O §4º do art. 104-B possui uma redação dúbia. Para concurso procure se ater á 
literalidade da redação. Se quiser entender as várias interpretações possíveis sobre este parágrafo, 
disponibilizei abaixo os comentários que fiz a este artigo no curso que eu gravei para o JUSAULAS.2 
 
Art. 104-C. Compete concorrente e facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor a fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de 
dívidas, nos moldes do art. 104-A deste Código, no que couber, com possibilidade de o processo ser 
regulado por convênios específicos celebrados entre os referidos órgãos e as instituições credoras 
ou suas associações. 
§ 1º Em caso de conciliação administrativa para prevenir o superendividamento do consumidor 
pessoa natural, os órgãos públicos poderão promover, nas reclamações individuais, audiência global 
de conciliação com todos os credores e, em todos os casos, facilitar a elaboração de plano de 
pagamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, sob a supervisão 
desses órgãos, sem prejuízo das demais atividades de reeducação financeira cabíveis. 
§ 2º O acordo firmado perante os órgãos públicos de defesa do consumidor, em caso de 
superendividamento do consumidor pessoa natural, incluirá a data a partir da qual será 
providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes, bem 
como o condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem 
no agravamento de sua situação de superendividamento, especialmente a de contrair novas 
dívidas. 
1. Conciliação administrativa → feita pelos órgãos públicos do SNDC (Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor) → Ex: Procons, MPs, Defensorias, etc. 
 
2 Quem tiver interesse em aprofundar na Lei do Superendividamento, gravei um curso para o JUSAULAS em 
que comento artigo por artigo da lei. CLIQUE AQUI para saber mais informações sobre este curso. 
https://www.editorajuspodivm.com.br/lei-do-superendividamento-6h30
 
 
 
19 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
2. Atenção (Pegadinha em prova): somente os órgãos públicos poderão promover a conciliação no 
processo de repactuação de dívidas. Assim, as associações privadas de defesa do consumidor, 
embora participem do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (art. 105 do CDC)3, não podem 
celebrar estas conciliações. 
3. “...no que couber” → os dispositivos do art. 104-A se aplicarão também aqui na conciliação 
administrativa. Assim, o prazo máximo do plano de pagamento é de 5 anos; deverá ser preservado 
as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas; excluem do processo de 
repactuação as dívidas contraídas de má-fé (com intenção de não pagar), de financiamento 
imobiliários, etc. 
4. Reclamações individuais → audiência global de conciliação com todos os credores → visando 
elaborar um plano de pagamento → preservado o mínimo existencial → sem prejuízo de atividades 
de reeducação financeira. 
 
 
 
3 Art. 105 do CDC. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, 
do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor. 
 
 
 
20 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 
O art. 96 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), passa a vigorar acrescido 
do seguinte § 3º: 
Art. 96. .................................................................................................... 
§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso. 
1. Em virtude da positivação do princípio do crédito responsável, caberá ao fornecedorde crédito 
avaliar a capacidade de pagamento do consumidor, de modo a evitar que ele fique superendividado. 
Assim, se houve motivos para negar o crédito ao idoso por ele não ter condições para arcar com os 
pagamentos, não será crime este negativa. 
Esta negativa não será considerada discriminação, nos moldes do art. 96 do Estatuto do Idoso que 
possui a seguinte redação em seu caput: 
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações 
bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou 
instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: 
 
	LEI DO SUPERENDIVIDAMENTO

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