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1 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos Quer saber mais novidades e obter mais materiais para concursos? Siga o prof. Leonardo Garcia no Instagram: @professorleonardogarcia e participe do Grupo do Telegram de Direcionamento para Concursos – Clique AQUI para participar https://www.instagram.com/professorleonardogarcia/ https://t.me/direcionamentoparaconcursos 2 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos LEI Nº 14.181, DE 1º DE JULHO DE 2021 Altera a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), para aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o tratamento do superendividamento. 1. Informações iniciais sobre a Lei 14.181/2021 para concursos públicos: Toda lei nova (no caso foi uma lei que alterou o CDC) é importante, para concurso público, saber o seu teor. Normalmente (como ainda não há muita doutrina e jurisprudência sobre o tema) é cobrado o teor da lei. Assim, é importante fazer uma leitura atenta dos dispositivos. Abaixo eu procurei detalhar as possíveis pegadinhas que os concursos poderão fazer em relação à lei nova. → Antes de analisarmos os artigos da nova lei, abordaremos brevemente o conceito de superendividamento e a sua classificação em ativo (consciente e inconsciente) e passivo. 2. Conceito doutrinário de Superendividamento: Conforme expõe Cláudia Lima Marques, “o superendividamento pode ser definido como impossibilidade global do devedor pessoa física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundo de delitos e de alimentos). Este estado é um fenômeno social e jurídico, a necessitar algum tipo de saída ou solução pelo Direito do Consumidor, a exemplo do que aconteceu com a falência e concordata no Direito da Empresa, seja o parcelamento, os prazos de graça, a redução dos montantes, dos juros, das taxas, e todas as demais soluções possíveis para que possa pagar ou adimplir todas ou quase todas as suas dívidas, frente a todos os credores, fortes e fracos, com garantias ou não. Estas soluções, que vão desde a informação e controle da publicidade, direito de arrependimento, para prevenir o superendividamento, assim como para tratá-lo, são fruto dos deveres de informação, cuidado e principalmente de cooperação e lealdade oriundas da boa-fé para evitar a ruína do parceiro (exceção da ruína), que seria esta sua ‘morte civil’, exclusão do mercado de consumo ou sua ‘falência’ civil com o superendividamento.”1 3. Superendividamento ativo e passivo: O superendividado ativo é aquele consumidor que se endivida voluntariamente, iludido pelas estratégias de marketing das empresas fornecedoras. Esta categoria se subdivide em duas: o superendividado ativo consciente e ativo inconsciente. O ativo consciente é aquele que de má- 1 MARQUES, Cláudia Lima. “Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contratos de consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul”. Revista de Direito do Consumidor 55/11-52, p. 12, São Paulo, RT, jul-set. 2005. 3 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos fé contrai dívidas convicto de que não poderá pagá-las, com intenção deliberada de fraudar os credores (é o consumidor de má-fé). Por outro lado, o ativo inconsciente é aquele que agiu impulsivamente, de maneira imprevidente e sem malícia, deixando de fiscalizar seus gastos. Acabou, por assim dizer, “gastando mais do que deveria”. Já o superendividado passivo é aquele que se endivida em decorrência de fatores externos chamados de “acidentes da vida”, tais como desemprego; divórcio; nascimento, doença ou morte na família; necessidade de empréstimos; redução do salário; etc. Esta classificação é importante porque a doutrina irá sustentar que somente o superendividado ativo inconsciente e o passivo é que merecerão a tutela estatal para reorganizar suas vidas financeiras. O superendividado ativo consciente, por agir maliciosamente (má-fé), não receberá o tratamento do superendividamento, não podendo renegociar suas dívidas com o apoio estatal Veja que o tema já foi cobrado em concurso FCC. DPE-PR. Defensor Público. 2017 “O superenvidamento é fenômeno contemporâneo que atinge a sociedade de consumo de massa. As dívidas fiscais, especialmente em época de crise econômica, são o principal passivo que impedem o consumidor de adimplir com as suas obrigações, dando origem ao superenvidamento.” Gabarito: a alternativa está errada. As dívidas fiscais estão de fora da análise do superendividamento. MP/MG – Promotor – LII Concurso – 2012. – “A boa-fé objetiva amolda-se como ferramenta jurídica essencial para a prevenção do superendividamento, pois exige a partir do empreendedor os deveres de informação, lealdade e veracidade quanto ao compromisso assumido pelo devedor.” – “O superendividamento passivo decorre de fatos inesperados que oneram excessivamente a situação econômica do devedor observado certos acidentes da vida (desemprego, morte, divórcio etc.); o superendividamento ativo decorre de abusos intencionais do consumidor (conscientemente) ou porque iludido pelo sistema de marketing que o leva a contratar de forma reiterada (inconscientemente);” Gabarito: ambas as afirmativas são verdadeiras. MP/MG – Promotor – 2010 (prova dissertativa) Dissertação: As regras jurídicas que visam proteger os direitos inerentes à personalidade do consumidor endividado. 4 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos Curso (novo) Lei do Superendividamento Após a edição da lei, gravei um curso para o JUSAULAS em que abordo: a) a necessidade da lei no contexto brasileiro, b) a sociedade de consumo que vivemos para explicar o porquê devemos contemplar o superendividado ativo inconsciente nos planos de pagamento (processo de repactuação de dívidas), c) qual a visão que a sociedade possui do falido (do superendividado) e como isso reflete na interpretação da lei; d) classificação do superendividamento: ativo e passivo; e) princípios contemplados na Lei 14.181/2021 (Lei do Superendividamento) → importante para argumentação em provas discursivas e orais; f) modelos de tratamento ao consumidor superendividado (modelo francês e americano), demonstrando qual o modelo que foi adotado pela legislação brasileira. g) comentários artigo por artigo (foi gravado um vídeo sobre cada artigo). Assim, para quem estiver fazendo segunda fase ou prova oral, especialmente para concursos do Ministério Público, Magistratura e Defensoria, seria uma boa opção para compreender bem todo o contexto da lei e como tratar o tema nas provas. Assista a apresentação do curso. Basta mirar a câmera do celular no QRCODE abaixo ou clicar no link abaixo. CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR A APRESENTAÇÃO DO CURSO CLIQUE AQUI PARA TER ACESSO AO CURSO https://youtu.be/3GPf_q7UYs4 https://www.editorajuspodivm.com.br/lei-do-superendividamento-6h30 5 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos Art. 4º ........................................................................................................ IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores; X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclusão social do consumidor.” (NR) 1. Foram inseridos dois incisos ao artigo 4º que trata dos princípios e objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo (PNRC). 2. Importante: o reconhecimento de que o superendividamento causa EXCLUSÃO SOCIAL do cidadão/consumidor. Assim, o CDC reconheceexpressamente que, devido a exclusão social causada ao consumidor superendividado (o que fere a dignidade da pessoa humana), é preciso PREVENIR e TRATAR este consumidor. 3. Uma das formas mais eficazes de prevenir o superendividamento é promover ações visando a educação financeira dos consumidores. Art. 5º ......................................................................................................... VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento. 1. O art. 5º do CDC trata dos instrumentos de execução da PNRC (Política Nacional das Relações de Consumo). 2. Importante mencionar que o foco destas alterações do CDC, com relação à temática do superendividamento, é primeiramente PREVENIR (ou seja, evitar que o consumidor fique superendividado) e TRATAR (aqueles que já estão na situação de superendividamento). Importante lembrar que o tratamento (que está previsto a partir do art. 104-A) deve se dar tanto no âmbito judicial, mas também extrajudicial. 3. Possível pegadinha de prova: uma questão que mencione, por exemplo, que o tratamento previsto na lei é somente judicial. Então, lembrar que o tratamento pode ser extrajudicial também. 4. Importância do tratamento extrajudicial através dos núcleos de conciliação e mediação de conflitos. 6 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos Art. 6º ....................................................................................................... XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas; XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito; XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso. 1. 4 novos direitos dos consumidores relacionados ao superendividamento: 1) práticas de crédito responsável (como por exemplo a verificação da capacidade financeira do consumidor em suportar o pagamento do financiamento – art. 54-D, II); 2) educação financeira (já mencionado no art. 4º); 3) prevenção (há vários artigos com base na prevenção como por exemplo o art. 54-C que faz uma série de restrições no tocante à oferta do crédito); 4) tratamento (tanto no âmbito extrajudicial como no judicial – arts. 104-A ao 104-C) 2. Previsão do MÍNIMO EXISTENCIAL. Ou seja, em qualquer plano de pagamento a ser pactuado ou imposto compulsoriamente, deverá ser respeitado o mínimo existencial (quantia suficiente para manutenção da vida digna do superendividado e sua família, considerando gastos como saúde, alimentação, educação, etc). 3. O mínimo existencial será detalhado através de regulamentação. Embora o regulamento futuro venha a detalhar (especificar) o que seja mínimo existencial ou os percentuais a serem resguardados no plano de pagamento, o inciso já tem aplicação imediata. Caberá ao magistrado definir, em cada caso, o percentual da renda do consumidor superendividado que não poderá ser usado para pagamento dos débitos, garantindo assim o mínimo existencial para a manutenção da vida digna do consumidor. 4. Informação dos preços por unidade de medida (por quilo, por metro, etc) → para que o consumidor consiga comparar mais facilmente os preços os produtos. Assim, o fornecedor deve informar o preço do produto e também o preço referencial. Ex: Um refrigerante de 500 ml custa R$ 3,00. Assim, deve informar o preço referencial por litro: R$ 6,00. Art. 51. ..................................................................................................... XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário; XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores; XIX - (VETADO). 1. O art. 51 trata das cláusulas abusivas. 2. Ler com atenção os dois incisos novos que estabelecem duas cláusulas abusivas. CAPÍTULO VI-A 7 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor. § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. § 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. § 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. 1. Houve o acréscimo de um capítulo inteiro (arts. 54-A ao 54-G) para tratar especificamente da prevenção do superendividamento. 2. Importante: o tratamento do superendividamento do CDC é somente da PESSOA NATURAL (FÍSICA). O tratamento da pessoa jurídica é feito através da recuperação judicial e da falência. Então cuidado com a pegadinha de prova que inclua a pessoa jurídica também no tratamento do CDC. 3. Dois pilares importantes da prevenção: estimular o crédito responsável e promover a educação financeira do consumidor. 4. Art. 54-A, §1º. Conceito de superendividamento. Importante porque define quem poderá ser tratado pelo CDC. 4.1 Assim, lembrar que é somente a pessoa natural que estiver de boa-fé. O que estiver de má-fé (adquire a dívida sabendo que não terá condições de pagar o débito) está excluído da aplicação do código (§3 do art. 54-A). 4.2. As dívidas acobertadas pelo tratamento são as consumo. Dívidas que não são de consumo (aluguel, pensão alimentícia, tributos, etc) não serão tratadas pelo CDC. 4.3. As dívidas são as exigíveis e também as vincendas (que irão vencer). Ou seja, para analisar se o consumidor tem condições de pagar ou não a totalidade das dívidas (para verificar se está ou não superendividado), considera as que já venceram e as que estão por vencer... 4.4. Na análise do superendividamento tem que se considerar o mínimo existencial. Ou seja, ainda que todo o salário de um consumidor seja suficiente para pagar as parcelas das dívidas, haverá a constatação do superendividamento porque não foi reservado um percentual (quantia) para a garantia do mínimo existencial. 5. Art. 54-A, §2º. Lembrar que as dívidas vincendas também são consideradas para a análise do superendividamento. Assim, as compras a prazo e serviços de prestação continuada, embora ainda algumas parcelas estão por vencer, entram na contabilidade para constatação do superendividamento. 6. Art. 54-A, §3º. Situações que não se aplica o CDC: a) dívidas contraídas mediante fraude ou má-fé, 8 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos b) celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento; c) aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. Art. 54-B. No fornecimentode crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. § 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor. § 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. § 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento. 1. Dever de informar do fornecedor no fornecimento de crédito e na venda a prazo: além do que consta o art. 52 do CDC, o art. 54-B lista uma série de informações importantes que deverão ser fornecidas (prévia e de maneira adequada) ao consumidor. 1.1. Importante: o dever de informar cabe também ao intermediário. 1.2. Pegadinha de prova. Cuidado com a questão que mencionar que o dever de informar cabe somente ao fornecedor de crédito. 2. Pegadinha de prova referente aos incisos do caput do art. 54-B. O examinador pode alterar algumas informações para tornar as alternativas erradas. Assim, lembrar que: a) a taxa efetiva que deve ser informada é a mensal e não a anual. b) o prazo de validade da oferta é de 2 dias (sempre que lei menciona algum prazo é importante ficar atento para concurso....). c) deve ser fornecido inclusive o endereço eletrônico do fornecedor. d) o direito à liquidação antecipada é não onerosa (ou seja, não pode cobrar nenhuma taxa para que o consumidor consiga pagar antecipadamente a dívida ou as parcelas). 9 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 3. As informações do art. 54-B e do art. 52 do CDC devem constar de forma clara e resumida e de fácil acesso ao consumidor. 4. Pegadinha de prova - Custo efetivo total: chamado usualmente de CET, é importante lembrar que: a) consistirá em taxa percentual anual (e não mensal!); b) abrangerá TODOS os custos cobrados do consumidor (juros, encargos, seguros, etc); c) o cálculo do CET (para o CDC) independe (sem prejuízo) do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. Assim, ainda que o Banco Central defina que determinado encargo cobrado do consumidor não componha o cálculo do CET, para fins de informação ao consumidor pelo CDC, ele deve ser incluído. 5. Para não incorrer em publicidade enganosa (art. 37 do CDC), a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo devem indicar, no mínimo: a) o custo efetivo total, b) o agente financiador, c) a soma total a pagar, com e sem financiamento. Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: I - (VETADO); II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo; IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais. Parágrafo único. (VETADO). 1. O artigo elenca proibições no tocante à oferta de crédito, seja por qualquer meio de divulgação: pessoalmente dirigida ao consumidor ou através da publicidade. 2. Pegadinha de prova: lembrar que a oferta compreende a informação diretamente prestada ao consumidor e também a publicidade. 3. Inciso II → embasado no princípio do crédito responsável → dever do fornecedor de avaliar a situação (capacidade) financeira do consumidor. Assim, é vedado fazer publicidade de que o crédito é fornecido sem consulta aos órgãos de proteção ao crédito, prática muito comum atualmente. Veja um exemplo de publicidade proibida pela nova lei: 10 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 4. inciso III →Proibição do assédio de consumo → principalmente para os hipervulneráveis (idoso, analfabeto, doente, etc) e quando envolver prêmio (ex: títulos de capitalização em que há induzimento a recebimento de prêmios). 4.1. Pegadinha de prova: o assédio de consumo para contratação ao crédito é SEMPRE proibido. Assim, não é proibido somente para os hipervulneráveis. O CDC utilizou a palavra “principalmente” e não “somente”. Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras condutas: I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento; II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados; III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados cópia do contrato de crédito. Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao consumidor. 1. O artigo prevê uma série de condutas (exemplificativa e não taxativa – “entre outras condutas”) que deverão ser adotadas pelo fornecedor ou intermediário na oferta de crédito com base no princípio do crédito responsável. 2. Princípio do crédito responsável no art. 54-D: a) dever de informação e esclarecimento (ou seja, não é simplesmente prestar informações) considerando a situação real (idade, se analfabeto ou não, etc) a respeito da modalidade de crédito, custos e riscos. 11 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos b) dever de avaliar a capacidade financeira do consumidor através dos bancos de dados de proteção ao crédito. c) dever de informar a identidade do agente financiador e entregar uma cópia do contrato de crédito. 3. Sanções aplicadas ao fornecedor de crédito pelo não cumprimento dos dispositivos do CDC. Observações:o parágrafo único do art. 54-D menciona que somente haverá penalização ao fornecedor pelo descumprimento dos deveres previstos nos arts. 52, 54-D (o próprio artigo) e art. 54-C. Por equívoco não mencionou o art. 54-B. Inicialmente (no projeto de lei), as sanções seriam aplicadas pelo descumprimento de todos os deveres previstos no novo Capítulo VI-A. Mas durante a tramitação do projeto houve alteração e reorganização dos artigos de modo que faltou a menção ao artigo 54-B. Mas e aí? O que considerar para concurso? Embora acredite que a jurisprudência irá corrigir este equívoco, para concurso vale considerar a literalidade do que está presente no parágrafo único. Assim, caso mencione que o descumprimento do art. 54-B acarrete as penalidades do parágrafo único (e a questão mencionar que deve ser considerado o texto do CDC) deve ser marcada como errada, porque, conforme mencionado, o art. 54-B não foi mencionado no parágrafo único do art. 54-D. 3.1. Importante: as sanções previstas no pu do art. 54-D somente poderão ser aplicadas JUDICIALMENTE. Pegadinha de prova → Assim, os Procons não poderão aplicar estas sanções. 3.2. Sanções a serem aplicadas judicialmente: a) Redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal (ou seja, poderá ser decotado todo e qualquer valor além do principal). b) dilação de pagamento. 3.3. Para a aplicação das sanções serão consideradas: a) a gravidade da conduta do fornecedor e; b) possibilidades financeiras do consumidor. 3.4. A aplicação destas sanções não impede a aplicação de outras sanções previstas na legislação (ex: art. 56 do CDC) e da condenação do fornecedor em indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais. Art. 54-E. (VETADO). 1. Este artigo tratava de uma série de deveres impostos ao fornecedor no tocante ao crédito consignado, estipulando, inclusive, o direito de o consumidor exercer o direito de arrependimento no prazo de 7 dias da contratação. Assim, como o artigo foi vetado, o consumidor somente poderá arrepender caso a contratação do crédito consignado se dê fora do estabelecimento comercial (nos moldes do art. 49 do CDC) e não em toda e qualquer contratação de empréstimo consignado. 12 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 2. Quer dizer que os dispositivos que tratam do superendividamento não podem ser aplicados ao crédito consignado? Não, muito pelo contrário. Somente o art. 54-E é que foi vetado. Todos os outros dispositivos serão utlizados para evitar que o crédito consignado acarrete o superendividamento. Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito; II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. § 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor: I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; II - contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo econômico. § 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive relativamente a tributos. 1. Vinculação do contrato principal (conexos, coligados ou interdependentes) de fornecimento de produto e serviço ao contrato de crédito (acessório) que foi usado para efetuar a contratação. Importante porque antes havia discussão se a resolução do contrato principal (ex: o produto veio com defeito e o contrato foi desfeito) acarretaria a resolução também do contrato de crédito usado na contratação. Agora, com esta alteração no CDC, o contrato de crédito seguirá a “sorte” do principal, quando o fornecedor de crédito: a) recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito; b) oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. 2. Consequência da vinculação do contrato principal ao acessório de crédito: a) exercício do direito de arrependimento no contrato principal ou no contrato de crédito implica a resolução de pleno direito do outro contrato; 13 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos b) possibilidade de haver rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito caso haja descumprimento do contrato principal; c) o direito a rescisão do contrato não cumprido também pode ser exercido contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo e contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo econômico. d) a invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito. Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas: I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de vencimento da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação; II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro, disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato; III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, ou ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos. § 1º Sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, a formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação ocorrerão após o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem consignável.§ 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve prestar ao consumidor, previamente, as informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Código, além de outras porventura determinadas na legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato, após a sua conclusão. 1. O artigo disponibiliza um rol (exemplificativo) de práticas abusivas referentes a oferta e outorga de crédito. 2. Compras contestadas no cartão de crédito → é proibida a cobrança enquanto não for solucionada a controvérsia, desde que o consumidor tenha notificado o administrador do cartão com antecedência de 10 dias contados da data do vencimento da fatura. O valor contestado também não poderá ser incluído na fatura seguinte até que seja solucionada a controvérsia. Caso o valor tenha sido incluso na fatura, é direito do consumidor pagar o valor total deduzido do valor contestado. 14 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 2.1. Pegadinha de prova: atentar para o prazo de 10 dias que o consumidor tem que avisar o administrador do cartão de crédito para não ser incluso o valor contestado na fatura. 3. Pegadinha de prova: atentar que a cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito poderá ser em papel OU outro suporte duradouro (art. 54-G, II). CAPÍTULO V DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO 1. Os arts. 104-A ao 104-C abordam o tratamento do consumidor superendividado. 2. Visão topográfica dos artigos: Art. 104-A Conciliação judicial Art. 104-B Plano judicial compulsório (após não ter êxito na conciliação judicial ou na conciliação extrajudicial) Art. 104-C Conciliação extrajudicial (feita pelos órgãos públicos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor) 3. Importante para concursos: estes 3 artigos apresentam muitas informações e detalhes (como prazos, etc). Assim, é preciso ler com atenção! 4. Como o art. 104-A possui muitas informações importantes (e creio que serão cobradas em concursos), vou separar os incisos e parágrafos. Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar processo de repactuação de dívidas, com vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de plano de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas. 1. Processo de repactuação de dívidas → necessidade de requerimento do consumidor (pessoa natural) → o juiz marcará uma audiência conciliatória →presidida por ele ou por conciliador credenciado → com a presença de TODOS os credores → consumidor apresentará proposta de plano de pagamento → com o prazo máximo de 5 ANOS → o plano de pagamento tem que preservar o mínimo existencial → no plano de pagamento tem que preservar as garantias (ex: aval, fiança, ou algum bem) e as formas de pagamento pactuadas nas dívidas originais. 2. Atenção em relação a este esquema acima referente ao caput do art. 104-A. Ficar atento em alguns detalhes importantes que poderão ser explorados em concursos, como: a) no processo de repactuação de dívidas há necessidade de requerimento do consumidor. Então não pode ser de ofício; b) somente a pessoa natural poderá requerer este processo de repactuação....Então a pessoa jurídica não pode; c) a audiência conciliatória poderá ser presidida por conciliador credenciado; d) quem apresenta o plano de pagamento é o consumidor; 15 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos e) o tempo máximo do plano de pagamento é de 5 anos; f) o plano de pagamento tem que preservar o mínimo existencial (então não pode pegar todo a renda do consumidor para pagar os credores); g) no plano de pagamento não pode alterar as garantias e as formas de pagamento pactuadas anteriormente (nas dívidas originais). § 1º Excluem-se do processo de repactuação as dívidas, ainda que decorrentes de relações de consumo, oriundas de contratos celebrados dolosamente sem o propósito de realizar pagamento, bem como as dívidas provenientes de contratos de crédito com garantia real, de financiamentos imobiliários e de crédito rural. 1. Importante: há dívidas que, mesmo sendo de relações de consumo (lembrem que, pelo art. 54-A, somente se aplica as normas de superendividamento em dívidas de consumo) não podem fazer parte do plano de pagamento. Ou seja, estas dívidas deverão ser pagas pelo valor que foram contratadas. São elas: a) Celebradas dolosamente (sabendo que não terá condições de pagar a dívida); b) Contratos de crédito com garantia real; c) Financiamentos imobiliários; d) Crédito real. Atenção (Pegadinha de prova): saber estas dívidas que são excluídas do processo de repactuação de dívidas. § 2º O não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com poderes especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória. 1. Sanções ao não comparecimento INJUSTIFICADO do credor (ou do seu procurador com poderes especiais para transigir): a) Suspensão da exigibilidade do débito; b) Interrupção dos encargos da mora; c) Sujeição compulsória ao plano de pagamento (somente se o montante for certo e conhecido do consumidor); d) Receberá seu crédito somente após o pagamento de todos os que compareceram na audiência (que ele faltou). 16 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos § 3º No caso de conciliação, com qualquer credor, a sentença judicial que homologar o acordo descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de título executivo e força de coisa julgada. 1. Sentença judicial que homologar o acordo → eficácia de título executivo e força de coisa julgada. § 4º Constarão do plano de pagamento referido no § 3º deste artigo: I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e de redução dos encargos da dívida ou da remuneração do fornecedor, entre outras destinadas a facilitar o pagamento da dívida; II - referência à suspensão ou à extinção das ações judiciais em curso; III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes; IV - condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no agravamento de sua situação de superendividamento. Importante (Pegadinha em prova): com o plano de pagamento definido através da sentença que irá homologá-lo, o nome do consumidor não é excluído dos bancos de dados automaticamente. Deverá constar a data a partir do qual o nome será excluído. Assim, a questão de concurso que afirmar que o nome do consumidor será excluído automaticamente com a sentença estará errada. § 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação. 1. Requerimento do consumidor para a repactuação de dívidas → não importará em DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA CIVIL. O QUE DEVE CONSTAR NO PLANO DE PAGAMENTO medidas de dilação dos prazos de pagamento redução dos encargosda dívida ou da remuneração do fornecedor outras medidas destinadas a facilitar o pagamento suspensão ou à extinção das ações judiciais data para exclusão do consumidor nos bancos de dados condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no agravamento 17 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 2. Novo pedido de repactuação de dívidas → somente pode ser feito após 2 anos → contado da liquidação das obrigações do plano de pagamento. Assim, o consumidor somente poderá requerer outro processo de repactuação de dívidas após 2 anos que pagar todos os credores do plano de pagamento anterior. Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o acordo porventura celebrado. § 1º Serão considerados no processo por superendividamento, se for o caso, os documentos e as informações prestadas em audiência. § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, os credores citados juntarão documentos e as razões da negativa de aceder ao plano voluntário ou de renegociar. § 3º O juiz poderá nomear administrador, desde que isso não onere as partes, o qual, no prazo de até 30 (trinta) dias, após cumpridas as diligências eventualmente necessárias, apresentará plano de pagamento que contemple medidas de temporização ou de atenuação dos encargos. § 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida, após a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas. 1. Plano judicial compulsório → Não havendo êxito na conciliação (seja pelo art. 104-A, seja pelo art. 104-C) → a requerimento do consumidor → será instaurado → processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas → mediante plano judicial compulsório → com a citação de todos os credores que não participaram do acordo porventura celebrado. 2. Por que plano judicial compulsório? Porque, não havendo acordo na conciliação, haverá um plano definido pelo juiz. 3. Lembrem: será necessário SEMPRE o requerimento do consumidor → seja para fase conciliatória, seja para a fase compulsória. 4. Documentos e informações que foram usados na audiência conciliatória → poderão ser consideradas na fase do plano compulsório. 5. Após a citação → credores terão 15 dias → para juntar documentos e justificar o porquê não querem renegociar. 6. O juiz poderá nomear ADMINISTRADOR para apresentar (elaborar) o plano de pagamento → desde que esta nomeação não onere as partes. 7. O Administrador, após a nomeação → terá prazo de 30 dias para apresentar o plano de pagamento. 18 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 8. Plano judicial compulsório → garantirá aos credores, no mínimo, o VALOR DO PRINCIPAL, corrigido monetariamente. Ou seja, no plano compulsório, o juiz ou administrador não poderão estipular um valor para pagamento pelo consumidor abaixo do principal. O que poderá ser reduzido ou retirado são os juros, encargos, etc. 9. Plano judicial compulsório → durará no máximo 5 anos (ou seja, o juiz não poderá estipular um plano para pagamento em 10 anos por exemplo) → a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias → restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas (então, não pode estipular valores diferentes para determinados períodos – ex: pagamentos de semestrais ou anuais. Deverá ser mensal, igual e sucessiva) 10. Atenção: O §4º do art. 104-B possui uma redação dúbia. Para concurso procure se ater á literalidade da redação. Se quiser entender as várias interpretações possíveis sobre este parágrafo, disponibilizei abaixo os comentários que fiz a este artigo no curso que eu gravei para o JUSAULAS.2 Art. 104-C. Compete concorrente e facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor a fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de dívidas, nos moldes do art. 104-A deste Código, no que couber, com possibilidade de o processo ser regulado por convênios específicos celebrados entre os referidos órgãos e as instituições credoras ou suas associações. § 1º Em caso de conciliação administrativa para prevenir o superendividamento do consumidor pessoa natural, os órgãos públicos poderão promover, nas reclamações individuais, audiência global de conciliação com todos os credores e, em todos os casos, facilitar a elaboração de plano de pagamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, sob a supervisão desses órgãos, sem prejuízo das demais atividades de reeducação financeira cabíveis. § 2º O acordo firmado perante os órgãos públicos de defesa do consumidor, em caso de superendividamento do consumidor pessoa natural, incluirá a data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes, bem como o condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no agravamento de sua situação de superendividamento, especialmente a de contrair novas dívidas. 1. Conciliação administrativa → feita pelos órgãos públicos do SNDC (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor) → Ex: Procons, MPs, Defensorias, etc. 2 Quem tiver interesse em aprofundar na Lei do Superendividamento, gravei um curso para o JUSAULAS em que comento artigo por artigo da lei. CLIQUE AQUI para saber mais informações sobre este curso. https://www.editorajuspodivm.com.br/lei-do-superendividamento-6h30 19 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 2. Atenção (Pegadinha em prova): somente os órgãos públicos poderão promover a conciliação no processo de repactuação de dívidas. Assim, as associações privadas de defesa do consumidor, embora participem do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (art. 105 do CDC)3, não podem celebrar estas conciliações. 3. “...no que couber” → os dispositivos do art. 104-A se aplicarão também aqui na conciliação administrativa. Assim, o prazo máximo do plano de pagamento é de 5 anos; deverá ser preservado as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas; excluem do processo de repactuação as dívidas contraídas de má-fé (com intenção de não pagar), de financiamento imobiliários, etc. 4. Reclamações individuais → audiência global de conciliação com todos os credores → visando elaborar um plano de pagamento → preservado o mínimo existencial → sem prejuízo de atividades de reeducação financeira. 3 Art. 105 do CDC. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor. 20 Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos O art. 96 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: Art. 96. .................................................................................................... § 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso. 1. Em virtude da positivação do princípio do crédito responsável, caberá ao fornecedorde crédito avaliar a capacidade de pagamento do consumidor, de modo a evitar que ele fique superendividado. Assim, se houve motivos para negar o crédito ao idoso por ele não ter condições para arcar com os pagamentos, não será crime este negativa. Esta negativa não será considerada discriminação, nos moldes do art. 96 do Estatuto do Idoso que possui a seguinte redação em seu caput: Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: LEI DO SUPERENDIVIDAMENTO
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