Buscar

Relátorio Monumento ao-trabalhador-estudos-para-reconstrucao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

GOIÂNIA -GO
O OBJETO
2
ESTE RELATÓRIO TRATA DA LEGITIMIDADE DA RECONSTRUÇÃO DE MONUMENTOS HISTÓRICOS EM VISTA DA SEGUINTE QUESTÃO: 
“PODENDO UM AUTORITARIAMENTE DEMOLIR, PODEM TODOS DEMOCRATICAMENTE RECONSTRUIR?”
A TESE
3
Afinal, muito já se disse que temos 
memória curta, porque há quem 
acredite que o passado nada tem 
a dizer ao presente.
Pinheiro Sales
EPÍGRAFE
4
Titulares
Aguinaldo Pacheco
Maria Eliana Jubé Ribeiro
Aluízio Antunes Barreira
Marcantônio Dela Côrte
Carlos Ribeiro dos Santos
Alberto Ribeiro do Carmo
Suplentes
Ivanor Florêncio Mendonça
Carlos Dias de Medeiros Júnior
Kátia do Carmo de Paiva
João Rabelo dos Santos
Paulo Silva de Jesus
Horiestes Gomes
DECRETO N° 1.805, DE 24 DE JULHO DE 2003.
Constitui Grupo de Trabalho para avaliar o resgate do 
Monumento do Trabalhador e dá outras providências.
Pedro Wilson Guimarães
Prefeito de Goiânia
5
GRUPO DE TRABALHO
FOTOGRAFIAS
Arquivo Ex-vereador Paulo Arruda Vilar
Fotógrafo Hélio de Oliveira
Fotógrafo Walter Soares em O 
POPULAR
Cedoc - O POPULAR
Cedoc - Secom - PMG
Arquivo Doraci G. Lemos Nery
ILUSTRAÇÕES
Arquiteto Aguinaldo Pacheco
Estagiário Luis Otávio Teixeira Vieira
PESQUISA HISTÓRICA
Arquiteta Kátia do Carmo Paiva
Professora Dóris Dey de Castro Pereira
Pesquisadora Vera Gomes
TEXTOS 
Jornalista Macantônio Dela Côrte 
Arquiteto Aguinaldo Pacheco
a aProf .Dr . Glacy Queirós de Roure - 
Análise
Jornalista Adriano Godoy - Revisão
MATERIAIS
Vidrotil Indústria e Comércio Ltda.
vidrotil@vidrotil.com.br
Rodhis - Arquitetura e Luz - Rubem - 
062 -241-8844
arquiteturaeluz@netgo.com.br
APOIO
Lídia Rodrigues Cardoso
Estagiária Patrícia Laine Alves
Estagiário Bruno Abreu Murici 
Guimarães
CONSULTAS E COMENTÁRIOS
Elder Rocha Lima
Heleno Godói
Miguel Jorge
Carlos Fernando Magalhães
Maria Guilhermina
Amaury Meneses
D.J.Oliveira
Ângelo Ktenas
Alexandre Liah
Sandro Ramos Di Lima
Rogério Borges
Farid Helou
Yahweh A.O. Parreira
José Mendonça Teles
Reney Oliveira Soares
Doraci G. Lemos Nery
Pedro Ribeiro dos Santos
FONTES
!Câmara Municipal de Goiânia
!Lei Orgânica do Município de Goiânia
!Divisão do Patrimônio Histórico
!Instituto Histórico e Geográfico - 
Arquivo Amália Hermano
!Agepel - Agência Goiana de Cultura
!Seplam - Secretaria de Planejamento
!
!Ofício n° 467/02-PRESI - IPHAN
!Processo n° 1500-T-2002 - IPHAN
a
!Ofício n° 235/03 GAB/14 SR/IPHAN 
!Processo n° 12695951- PMG - 
Despacho n° 191/99. 
!Autógrafo de Lei n° 0048, de 30 de 
agosto de 1988.
!Casa de Cultura de Arraras - SP
!Http://www.gougon2.tripod.com/mosa
icocontemporaneo
!Lei 8.915 de 13/10/1980 - 
Tombamento Estadual
!Despacho n° 1.096 de 18/10/82 - 
Tombamento Estadual
!Decreto 4.943 de 31/08/1998 - 
Tombamento Estadual
!Lei 12.926 de 16/06/1996 - 
Tombamento Estadual
O POPULAR
COLABORADORES
6
INTRODUÇÃO
7
Criado para avaliar e apresentar 
proposta de reestruturaçno e resgate do 
Monumento aos Trabalhadores, o 
Grupo de Trabalho constituído pelo Sr. 
Prefeito Pedro Wilson Guimarães, 
através do Decreto nº 1805, de 24 de 
junho de 2003, julga importante fazer 
algumas considerações iniciais.
Construído no final dos anos 50 
no Governo de José Feliciano Ferreira e 
do Prefei to Jaime Câmara, o 
monumento em questão, atendeu a 
reivindicações de vários sindicatos 
trabalhistas que desejavam que a 
cidade de Goiânia possuísse algum 
monumento que homenageasse os 
trabalhadores de um modo geral, e que 
expl ic i tasse, concretamente, a 
importância de sua luta e de seu 
trabalho produtivo através dos tempos.
Infelizmente, o Monumento aos 
Trabalhadores teve uma existência tão 
efêmera quanto inglória! Logo no início 
do ano de 1969, grupos políticos de 
direita, contrários ao seu conteúdo, 
utilizando piche fervido, cobriram 
inteiramente os dois belos painéis 
alusivos às lutas e conquistas dos 
trabalhadores de todo o mundo 
idealizados pelo artista Clóvis 
Graciano, destruindo aquela que talvez 
se constituísse na mais importante obra 
de arte monumental que, como tal, 
pertencia ao Patrimônio Histórico e 
Cultural de Goiânia, assim como do 
Brasil. Contudo, durante todo esse 
tempo, e a despeito de tantas outras 
reivindicaçoes, nada foi feito no sentido 
de sua reconstrução. 
O resgate ou a reconstrução do 
Monumento aos Trabalhadores tem 
suas raízes históricas e culturais 
fundamentadas nos princípios mais 
elementares de incentivo e preservação 
por parte do poder constituído das 
manifestações artísticas de um povo, e, 
por isto mesmo, sua conservação 
torna-se elemento fundamental para 
que o elo do passado com o presente 
não seja rompido, quebrando e 
descaracterizando a história daquela 
praça e desta cidade. 
Da mesma forma, as razões políticas e 
ideológicas que ensejaram sua 
c o n s t r u ç ã o , s ã o s u m a m e n t e 
importantes ainda hoje em dia, quando 
a história das conquistas trabalhistas 
tornou-se universal, demonstrando o 
avanço das sociedades modernas em 
tornar a vida do trabalhador menos 
árdua e sofrida como foi no passado. 
Assim, quando retrata os “enforcados 
de Chicago”, a obra de Clovis 
Graciano expressa essa realidade, cujo 
conteúdo temos a obrigação cívica de 
eternizar através deste Monumento, 
viabilizando sua reconstrução.
A falta de uma consciência 
coletiva mais preocupada com os 
nossos monumentos artísticos e com a 
história de como Goiânia foi planejada 
e construída, tem acarretado graves 
pre ju í zos à conservação e a 
preservação de nossos prédios e 
símbolos como, por exemplo, a 
destruição do Mercado Central de 
Goiânia, na década de 70, com o 
intuito de construírem ali um outro 
prédio que consideravam, na época, 
uma obra arquitetônica avançada que 
iria modernizar e revitalizar o centro da 
cidade. O tempo demonstrou, 
irremediável e implacavelmente, o 
quanto estavam errados!
O exemplo mais cruel desta face 
sombria e alienada do ser humano é 
jus tamen te es sa ausênc ia de 
con s c i ênc i a p r e se r vac ion i s t a ; 
ingrediente desanimador, pois denota 
uma omissão preocupante que, 
infelizmente, atinge quase toda 
INTRODUÇÃO
8
soc i edade go iana , de sde o s 
intelectuais, passando pelos políticos e 
terminando no homem comum: 
cidadãos alienados e indiferentes ao 
que acontece à sua volta. Isto explica, 
pelo menos em parte, o que aconteceu 
com o Monumento aos Trabalhadores e 
a injustificável demora dos gestores 
públicos em tomar alguma iniciativa no 
sentido de sua reconstrução. 
A reconstrução do referido 
monumento, além de resgatar sua 
própria história, trará para a realidade 
atual elementos importantes capazes de 
forçar parte da sociedade goiana a 
tomar consciência de seu passado 
quanto à preservação de tudo que diz 
respeito ao seu Patrimônio Histórico e 
Cultural, fazendo com que novas 
menta l idades sur jam e novos 
comportamentos sejam incentivados no 
sentido de melhorar o nível cultural da 
cidade.
Sua reconstrução terá também 
um outro significado não menos 
importante, que é a demonstração da 
vontade dos homens de consciência e 
dos gestores públicos envolvidos neste 
processo, em aceitarem o desafio de 
reconstruir aquilo que parecia 
condenado a existir somente na 
memória de algumas pessoas e em 
poucos documentos; felizmente, 
porém, os dados levantados por essa 
comissão são suficientes para que o 
mesmo seja reconstruído com quase 
absoluta fidelidade ao que era 
originalmente.
A reconstrução do Monumento 
aos Trabalhadores será, acima de tudo, 
uma eloqüente demonstração da 
capacidade de nossos arquitetos, 
artistas e administradores em criar as 
condições necessárias à reconstrução 
de uma obra tão complexa quanto 
significativa, fato que consagrará, sem 
dúvida, o talento e a vontade política 
do governo atual da cidade no sentido 
de realizar aquilo que tanto a Lei 
Orgânica, os estudos de viabilidade 
artística e arquitetônica realizados por 
este Grupo de Trabalho, quanto o bom 
senso ora determinam. 
Senão vejamos: do ponto de 
vista legal, a Lei Orgânica do Município 
de Goiânia,nas Dispos ições 
Transitórias, no seu Art.10, estabelece 
que: “O Poder Executivo fica autorizado 
a adotar todos os procedimentos 
necessários à reconstrução do 
Painel/Monumento da Praça dos 
Trabalhadores...”. Assim, tomando 
como base o supracitado Artigo, fica 
claro o objetivo da referida Lei e dos 
legisladores quanto a reconstrução do 
Monumento, como também evidencia-
se, objetivamente, o nome definitivo 
daquela praça que, justamente devido 
à existência do referido monumento, 
ficou conhecida como Praça do 
Trabalhador. 
Do ponto de vista político, a 
reconstrução dos painéis de Clovis 
Graciano passará à história da cidade, 
como sendo uma obra de grande visão 
administrativa que vê o futuro ao tempo 
em que preserva o passado, 
eternizando este momento através do 
ato criador de reconstruir. 
Do ponto de vista cultural, a 
reconstrução da obra deste artista é, no 
momento , uma expressão de 
sensibilidade humana que coloca o 
poder público municipal a serviço do 
que há de mais essencial no ato de 
reparar, preservar e reconstruir aquilo 
que a insensibilidade, a insensatez e a 
intolerância um dia destruíram.
 
 Marcantônio Dela Côrte
INTRODUÇÃO
9
BASE LEGAL
Lei Orgânica do Município de Goiânia
Disposições Transitórias
Art. 10 - O Poder Executivo fica autorizado a adotar todos os procediemntos necessários à reconstrução 
do Painel/Monumento da Praça dos Trabalhadores e o antigo coreto da Praça Joaquim Lúcio em 
Campinas e o prédio “Castelinho” no Lago das Rosas.
Goiânia, de de 1990.
10
LEGISLAÇÃO 
PATRIMONIAL
Carta de Veneza
Todo trabalho de reconstrução deverá, 
portanto, ser excluído a priori, admitindo-
se apenas a anastilose (urbano também?)*, 
ou seja, a recomposição de partes 
existentes, mas desmembradas. Os 
elementos de integração deverão ser sempre 
reconhecíveis e reduzir-se ao mínimo 
necessário para assegurar as condições de 
conservação do monumento e restabelecer a 
continuidade de suas formas.
Carta de Burra
Artigo 1° - Para os fins das presentes 
orientações:- o termo conservação designará 
os cuidados a serem dispensados a um bem 
para preservar-lhe as características que 
apresentem uma significação cultural. De 
acordo com as circunstâncias, a conservação 
implicará ou não a preservação ou a 
restauração, além da manutenção; ela poderá, 
igualmente, compreender obras mínimas de 
reconstrução ou adaptação que atendam às 
necessidades e exigências práticas.
- o termo manutenção designará a proteção 
contínua da substância, do conteúdo e do 
entorno de um bem e não deve ser confundido 
com o termo reparação. A reparação implica a 
restauração e a reconstrução, e assim será 
considerada.
- a preservação será a manutenção no estado 
da substância de um bem e a desaceleração 
do processo pelo qual ele se degrada.
- a restauração será o restabelecimento da 
substância de um bem em um estado anterior 
conhecido.
- a reconstrução será o restabelecimento, com 
o máximo de exatidão, de um estado anterior 
conhecido; ela se distingue pela introdução na 
substância existente de materiais diferentes, 
sejam novos ou antigos. A reconstrução não 
deve ser confundida, nem com a recriação, 
nem com a reconstituição hipotética, ambas 
excluídas do domínio regulamentado pelas 
presentes orientações. - a adaptação será o 
agenciamento de um bem a uma nova 
destinação sem a destruição de sua 
significação cultural.
Artigo 17° - A reconstrução deve ser 
efetivada quando constituir condição sine 
qua non de sobrevivência de um bem cuja 
integridade tenha sido comprometida por 
desgastes ou modificações, ou quando 
possibilite restabelecer ao conjunto 
(urbano também?)* de um bem uma 
significação cultural perdida.
Artigo 18° - A reconstrução deve se limitar à 
colocação de elementos destinados a 
completar uma entidade desfalcada e não 
deve significar a construção da maior 
parte (urbano também?)*da substância de 
um bem.
Artigo 19° - A reconstrução deve se 
limitar à reprodução de substâncias 
cujas características são conhecidas 
graças aos testemunhos materiais e/ou 
documentais. As partes reconstruídas 
devem poder ser distinguidas quando 
examinadas de perto.
Carta de Lisboa 
Reconstrução dum edifício os essenciais ao 
traço original. 
Qualquer obra que consista em realizar de 
novo, total ou parcialmente, uma instalação já 
existente, no local de implantação ocupado 
por esta e mantendo, nos aspectos essenciais 
ao traço original. 
Carta de Nairóbi 
Recomendação relativa à salvaguarda dos 
conjuntos históricos e sua função na vida 
contemporânea - Conferência Geral da 
UNESCO - 19ª sessão - Nairóbi - 26 de 
novembro de 1976
Carta de Washington 
Carta internacional para a salvaguarda das 
cidades históricas - ICOMOS - Conselho 
Internacional de Monumentos e Sítios - 
Washington, 1986.
Ver Cartas Patrimoniais , de Isabellr Cury - 
Organizadora - em Edições do Patrimônio - 2ª 
edição - Revista e Aumentada - IPHAN - 
Governo federal - Ministério da Cultura.
(urbano também?)* Pergunta do GT.
11
ANTECEDENTES 
RECENTES
Coreto de Campinas 2002
Destruído por ação de administrador
Goiânia -GO
Cruz do Anhangüera 2002
Destruída por enchente
Goiás - Goiás
Lei Orgânica do Municípo de 
Goiânia 
Das Disposições Transitórias 
Art. 10 - O Poder Executivo fica 
AUTORIZADO a adotar todos 
os procedimentos necessários à 
RECONSTRUÇÃO do ...... 
Antigo coreto da Praça Joaquim 
Lúcio em Campinas, ....
Reconstruído de pois de uma 
consulta popular que definiu 
“qual Coreto” deveria ser 
r e c o n s t r u í d o , j á q u e 
existiram dois de épocas 
diferentes. Foi reconstruído o 
mais antigo.
Reconstrução - Técnicas do instituto estão 
avaliando a possibilidade de reconstrução do 
casarão destruído e o nível de comprometimento do 
outro imóvel atingido. Maria Elisa disse que a idéia é 
tentar reconstruir pelo menos a “caixa”, o 
“invólucro” do prédio.
Ela sugeriu que o trecho em frente à construção 
incendiada e a rua lateral, onde está localizado o 
outro casarão atingido, sejam isolados durante as 
comemorações do dia 21 de abril. 
Reconstruído integramente apenas na aparência 
externa, por decisão do IPHAN e da comunidade e 
adaptado a nova atividade.
Reportagem - Maria Elisa Costa 
Presidente do IPHAN
Ouro Preto - MG
Casarão destruído por incêndio
Reconstruída réplica 
pelo IPHAN, após uma 
g rande po l êm i ca 
pública com a comuni-
dade, que optou pela 
reconstrução. A Cruz 
original foi recolhida 
o u M u s e u d a s 
Bandeiras.
Igreja Matriz de Pirenópolis-Go, reconstruída 
integralmente a arquitetura, por decisão do IPHAN e da 
comunidade.
Pirenópolis - GO
Destruída por incêndio
Itabira - MG
Fazenda do Pontal - Casa de Drummond
Demolida por Empresa Privada
Reconstituída usando parte do material 
original, mas em outro local, pela 
Prefeitura, ITAURB, Fundação Cultural 
Carlos Drummond de Andrade, IEPHA, 
Companhia Vale do Rio Doce e comunidade 
e transformada em Centro Cultural. Ver 
Publicação “Fazenda do Pontal: O casarão 
que reapareceu no mapa”.
12
RELATÓRIO
VISUAL
13
FOTOS DA PRAÇA
14
A AGRESSÃO 
os painéis foram pichados
depois as pastilhas foram arrancadas
posteriormente os cavaletes foram demolidos.
15
MONUMENTO 
AO 
TRABALHADOR
ESTUDOS
PARA
A 
RECONSTRUÇÃO
Painel Esquerdo - A Luta dos Trabalhadores
Painel Direito - O Mundo do Trabalho
OS PAINÉIS
16
DETALHES
é possivel
reconstruir os painéis.
17
1 cm
1 cm
O DESENHO
11
,4
5
9
m
7,
0
m
3
,0
m1
,5
m
1,0m
Calculo da distância entre pilares em ângulo
12=4piR/6
12=2,094395R
R=12/2,094395
R= 5,7295m +_ 6m
Ângulo
120/7= 17,14285
A=17,14285º
12
m
18
O CAVALETE
RECONSTRUIDO
19
A RECONSTRUÇÃO
DO CAVALETE
É POSSIVEL
20
A PRAÇA ANTIGA
21
A PRAÇA ONTEM E HOJE
Não é mais possível reconstruir a Praça do Trabalhador, tal como era nos anos 50/60.
22
A PRAÇA HOJE
23
OS CONFLITOS
COM O EXISTENTE
PALMEIRAS
IMPERIAIS
BUSTO DR. SOLON
ESTAÇÃO DE CONTROLE 
DA QUALIDADE DO AR
MONUMENTO
AO TRABALHADOR
24A PRAÇA HOJE
A NOVA PRAÇA
O visual da estação
está obstruido
pelas palmeiras
A estação fica
mais visível apenas
com o Monumento
ao Trabalhador
25
A PRAÇA NOVA
15
A ESTAÇÃO E O MONUMENTO
27
28
A ESTAÇÃO
E O MONUMENTO
29
30
ORÇAMENTO
31
32
33
34
35
36
37
ORÇAMENTO
38
ORÇAMENTO
39
RELATÓRIO
FINAL
40
RELATÓRIO
FINAL
O Prefeito Municipal de Goiânia, 
Professor Pedro Wilson Guimarães, através 
do Decreto n° 1.805 de 24 de junho de 
2003, nomeou um Grupo de Trabalho GT 
para avaliar a possibilidade de reconstrução 
do “Monumento ao Trabalhador” - obra de 
Clóvis Graciano - em cumprimento ao 
disposto no artigo décimo, das disposições 
transitórias da Lei Orgânica do Município, 
aprovada em 1990. 
Inicialmente o GT reuniu-se nas 
dependências do Grupo Executivo de 
Revitalização do Centro (GECENTRO), no 
Paço Municipal, onde compareceram todos 
os titulares nomeados. Neste momento, 
ficou definido que as demais reuniões 
seriam realizadas na Secretaria Municipal de 
Cultura. Diante da complexidade de ordens 
simbólica, histórica e política que envolve 
uma possível reconstrução do Monumento, 
observou-se a necessidade de se realizar 
i n i c i a l m e n t e u m i n v e n t á r i o . 
Nesse sentido, algumas ações foram 
desenvolvidas pelos membros do GT:
1. Foram obtidas fotografias 
do monumento, pertencentes ao acervo do 
ex-vereador Paulo Vilar;
2. Foi contatado o Arquiteto 
Elder Rocha Lima, autor do cavalete-suporte 
do painel;
3. Foram obtidos slides de 
quatro fotos de parte dos painéis, de posse 
da Arquiteta Doraci G. Lemes Nery, que 
elaborou um trabalho sobre a reconstrução 
de monumentos históricos e que em razão 
disso os tem sob sua guarda. Tais fotos foram 
doadas a ela por um Prof. da FAU-USP, de 
nome Gustavo, e que pelas características 
dos negativos sugerem que todo o painel foi 
fotografado cena a cena; 
4. Vale ressaltar que, de fato, 
uma correspondência de 1988 faz 
referência a existência de slides do 
monumento, que foram encaminhados à 
Empresa Vidrotil para avaliação e 
orçamento;
5. Foi feita uma pesquisa 
sobre a existência de familiares do artista, 
especialmente junto à Casa de Cultura de 
Araras-SP, sua cidade natal, mas até agora 
infrutífera;
6. Para garantir ainda mais a 
fiel reprodução do desenho do artista, 
procurou-se obter informações sobre a 
existência do projeto original de Clóvis 
Graciano. Até o momento, isto não foi 
possível;
7. Objetivando um maior 
número de informações sobre o 
Monumento, foram entrevistadas pessoas 
que fizeram comentários sobre o processo 
de construção e demolição do mesmo. Foi 
ainda pesquisada a obra do artista Clóvis 
1
Graciano ;
8. Foram contatadas duas 
empresas fornecedoras de material 
compatível com o original do painel e estas 
forneceram orçamentos estimativos do 
custo do material. A Vidrotil de São Paulo e a 
Arquitetura e Luz de Goiânia. Os demais 
orçamentos foram estimados pelo próprio 
GT, que chegou a um valor médio para a 
reconstrução apenas do monumento de R$ 
150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
9. Foram ainda ouvidos os 
artistas, contemporâneos dos fatos, Maria 
Guilhermina, Ângelo Katenas, Elder Rocha 
Lima, Heleno Godoy, Miguel Jorge, Amaury 
Menezes e D.J. Oliveira em relação às 
dimensões sócio-política e estética que 
envolvem a reconstrução do dito 
Monumento. Fomos informados que o 
próprio Frei Confaloni liderou um 
movimento pela reconst rução do 
Monumento;
10. Foram ainda ouvidas 
pessoas l igadas à construção do 
monumento, especialmente o sindicalista 
Pedro Ribeiro dos Santos, ex-presidente da 
Federação dos Trabalhadores de Goiás e 
anistiado político, que o reivindicou, além 
do depoimento do Engenheiro Farid Helou, 
2que o construiu ; 
11. Fez-se ainda um apelo à 
comunidade goianiense através do jornal 
“O Popular” para que todos aqueles que 
possuíssem fotos ou documentação sobre o 
Monumento pudessem fornecê-las ao GT 
41
para cópia digital. 
Em relação a esse último item, vale 
ressa l tar que a lguns goianienses 
responderam ao apelo de forma expressiva. 
Ferroviários, ainda hoje moradores do Setor 
Norte Ferroviário, informaram que possuem 
algumas fotos. O fotógrafo Hélio de 
Oliveira, principal documentarista de 
Goiânia, forneceu ao GT cópias digitais de 
fotos importantes que constam de seu 
acervo particular, sendo estas agregadas ao 
relatório. Também o artista 
Alexandre Liah relatou à comissão a 
realização de um documentário fotográfico 
feito por ele sobre o setor Norte Ferroviário, 
ainda que nesta época o monumento já 
houvesse sido demolido. Fazemos ainda 
referência a Ruth, filha de ferroviário, e ao 
estagiário da SEDEM, o estudante de 
arquitetura Reney, que compareceram 
espontaneamente à Secretaria de Cultura e 
afirmaram possuir fotos de interesse sobre a 
Estação e o Monumento e forneceram 
documentos que ajudaram na reconstrução 
virtual da Estação.
Esse primeiro mapeamento de 
informações coletadas pelo GT possibilitou 
a produção, por meio digital, de 
ilustrações sobre o Monumento em diversas 
perspectivas. Foi produzido ainda um 
pequeno clipe, de 100 segundos, 
posicionando o monumento no local exato 
em que foi construído para verificar as 
possíveis interferências visuais com o edifício 
tombado da Estação Ferroviária de 
3Goiânia . 
Dando continuidade ao relatório, 
faz-se necessário ressaltar que, no decorrer 
do trabalho, inúmeras questões foram 
levantadas em relação aos critérios de 
natureza técnica, conceitual e política a 
serem observados no sentido de uma 
possível reconstrução do Monumento .
A primeira delas, já respondida por 
este relatório, é a referente à posse de 
documentos suficientes para que uma 
possível reconstrução do Monumento se dê 
com o máximo de fidelidade, como é exigido 
pelas cartas patrimoniais. 
A segunda refere-se à legitimidade 
da reconstrução de um monumento histórico 
cuja demolição (destruição) parece apontar 
para razões político-administrativas. 
De modo geral , as car tas 
pa t r imonia i s recomendam a não 
reconstrução. Mas há exceções. Admite-se a 
anastilose, o que não é o caso, salvo se 
encontrarmos os vestígios das fundações do 
monumento no local original ou até mesmo 
as pastilhas originais, que podem estar 
guardadas em algum local a ser descoberto.
Inicialmente é importante ressaltar 
que o Monumento ao Trabalhador não é um 
bem tombado no "stricto senso", visto que 
não há um ato administrativo que o tombe 
diretamente. Assim, do ponto de vista legal, 
e salvo melhor juízo, as cartas patrimoniais 
não o atingem diretamente com suas 
recomendações. O que não significa que, 
enquanto lugar de referencia na cidade, 
não possa vir a ser considerado como 
patrimônio antes mesmo de receber um aval 
oficial. 
Entretanto, mesmo considerando tal 
possibilidade, diante da complexidade de 
uma intervenção a ser realizada por esta 
prefeitura, mesmo com o apoio da 
comunidade, o painel/monumento não foi 
avaliado por este GT , como um objeto 
arquitetônico tombado legalmente como 
p a t r i m ô n i o h i s t ó r i c o , t a m p o u c o 
estabeleceu-se em relação a este critérios 
de valor artístico: se é belo ou não. Isto é, o 
monumento não foi avaliado a partir de 
abordagens patrimonialista, arquitetônica 
ou plást ica concebidas de forma 
individualizada. De fato, optou-se por 
considerá-lo essencialmente como um 
“objeto-testemunho”, uma referência 
histórica e simbólica da política goiana, do 
Brasil e da própria democracia. Talvez um 
“patrimônio imaterial”, entretanto já 
presentificado em nossa memória.
Para Rodrigues “... o patrimônio é 
um retrato do presente, um registro das 
possibilidades políticas dos diversos grupos 
sociais expressas na apropriação de parte 
da herança cultural, dos bens que 
materializam e documentam sua presença 
42
RELATÓRIO
FINAL
no fazer histórico da sociedade. (Revista do 
Patrimônio, IPHAN, 1996, p.195) 
Seguindo nessa direção,no nosso 
entendimento, tanto o ato de se construir 
como o ato de se demolir um monumento 
dedicado a relembrar a luta dos 
trabalhadores pela conquista de direitos 
sociais entre eles a jornada de oito horas 
de trabalho e a referência ao mundo do 
trabalho tem em si uma especificidade que 
vai além do objeto arquitetônico e da beleza 
plástica que o materializa. Concebido como 
uma forma simbólica de se elaborar a nossa 
relação com o passado, a demolição deste 
Monumento parece indicar mais que um 
descaso político-administrativo mas, 
sobretudo, uma espécie de silenciamento 
tácito da história de nossos trabalhadores. 
Muito apropriadamente escreve o 
jornalista Pinheiro Sales em seu artigo “A 
direita coloca suas garras de fora” veiculado 
em O Popular de 15 de agosto de 2003, 
onde diz: “Afinal, muito já se disse que temos 
a memória curta, porque há quem acredite 
que o passado nada tem a dizer ao 
presente”. Isto seria o próprio fim da história.
Quanto ao ato de se reconstruir 
monumentos históricos em Goiás e no Brasil 
é poss íve l observarmos inúmeros 
antecedentes, sendo alguns deles bastante 
semelhantes ao caso atual. Recentemente 
foi reconstruída a “Cruz do Anhangüera”, 
destruída pela enchente que assolou a 
cidade de Goiás, mesmo debaixo de 
acirrada polêmica sobre a pertinência da 
ação.
Já há algum tempo, aqui mesmo em 
Goiânia, em razão do já citado dispositivo 
constitucional municipal, qual seja, o artigo 
décimo das disposições transitórias, foi 
reconstruído o Coreto da Praça Coronel 
Joaquim Lúcio, no bairro de Campinas, 
também destruído totalmente por razões 
administrativas. O mesmo ocorreu com o 
Castelinho situado no Lago das Rosas. 
Ambos símbolos de nossas raízes e história.
Com certeza os desastres naturais, 
incêndios, guerras e tantos outros são 
motivos para ensejar a reconstrução de 
monumentos destruídos. Nessa direção, 
temos presenciado destruições no 
Afeganistão e no Iraque de monumentos 
importantíssimos e cuja reconstrução 
poderá vir a ser demandada não apenas por 
sua população visto que muitos dos bens 
culturais que ali se encontravam podem ser 
considerados como patrimônio universal. 
Semelhante problemática tem sido 
enfrentada atualmente pela China, que na 
esteira da construção de uma grande 
barragem monumentos foram transpostos, 
por inteiro, para outros locais. Isto é, foram 
demolidos e reconstruídos, como a única 
forma de salvá-los. Também no Egito um 
processo análogo foi realizado. 
 Entendemos que as regras criadas 
pelas cartas patrimoniais são princípios e 
que estes precisam ser aplicados 
pragmaticamente dentro de conjunturas. 
Contudo, os monumentos não devem ser 
concebidos apenas como objeto de 
especialistas, mas também como memória 
histórica e simbólica que dá materialidade 
aos caminhos e trajetórias percorridos por 
um povo. E neste ponto vale lembrar que o 
“Monumento ao Trabalhador” é um 
Monumento dedicado aos trabalhadores de 
Goiânia. Sendo assim, é a esta população 
que cabe dirimir dúvidas sobre a 
possibilidade de se reconstruir ou não este 
determinado monumento. É bom lembrar 
que foi através de um plebiscito realizado em 
Campinas que se decidiu o que reconstruir 
como Coreto da Praça Coronel Joaquim 
Lúcio. 
Uma outra questão levantada no 
interior do GT foi em relação à originalidade 
de uma obra de arte. Em caso de 
desaparecimento ou destruição de uma 
obra, cujo artista responsável fosse, falecido 
seria sua reconstituição um ato de 
“falsificação”? 
Em relação ao Monumento ao 
Trabalhador, vale esclarecer que este se 
c a r a c t e r i z a v a c o m o u m a o b r a 
mecanicamente reproduzível, já que as 
pastilhas poderiam ser colocadas por outra 
pessoa, que não o próprio artista, como de 
fato o foi. Fato que tira da obra a 
"manualidade" e, portanto, tal como uma 
RELATÓRIO
FINAL
43
gravura, ou mesmo uma foto, ou um cartaz, 
poderia ser reproduzida tantas vezes quanto 
se quisesse sem caracterizar uma 
“falsidade”. No caso, mesmo sendo ela 
“uma cópia” única. Portanto, caso venha a 
ser reconstruído, o monumento será de fato 
uma réplica, tal como as inúmeras gravuras 
de um mesmo tema o são. Nem por isso, 
menos importante que o “original”. 
Ainda em relação a este aspecto, 
vários artistas foram consultados e 
posicionaram-se quanto ao fato de não 
considerarem tal reconstituição como um 
ato de falsificação, além de reafirmarem a 
possibilidade de se refazer o painel com as 
informações fotográficas disponíveis.
Quanto à reconstituição do 
Monumento, as opiniões entre os artistas 
plásticos consultados foram divergentes: 
enquanto alguns posicionaram-se contra a 
reconstrução e sugeriram a realização de 
um concurso público para a escolha de 
uma nova obra, outros posicionaram-se a 
favor da reconstrução contrapondo-se a 
idéia de um “monumento ao monumento”. 
Por último surgiu a questão dos 
tombamentos da Estação Ferroviária, em 
especial o ainda não homologado 
tombamento pelo Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - 
dentro do processo Art Déco de Goiânia - e 
seu entorno envolvente e a “anexação” a 
este de um objeto arquitetônico e artístico, 
significativo em forma, volume e cor, que 
poderia ser “concorrente”. 
Em relação a este ponto, alertamos 
que a Estação Ferroviária foi tombada pelo 
Estado de Goiás em 1982, através do 
Despacho n° 1096 de 18 de outubro de 
1982 do então governador Ary Valadão, e 
que, salvo melhor juízo, o cavalete do 
monumento ainda estava lá, sendo 
destruído quando da construção da Avenida 
4Goiás Norte em 1985 . F o t o 
publicada em O Popular de 16 de setembro 
de 2003, de autoria do fotógrafo Walter 
Soares, e datada de 04 de junho de 1981, 
registra que o cavalete ainda estava lá, 
inteiro. Cabe observar que, quando se 
tomba um objeto qualquer, como principal, 
o acessório agregado que o compõe 
também o é, ou seja, o cavalete enquanto 
testemunho da existência do monumento 
também o fo i . Conf i rmada es ta 
característica de objeto agregado, e 
portanto parte, trataria-se uma anastilose, o 
que necessariamente implicaria em sua 
reconstituição. 
Reforçando ainda mais este 
argumento, convém lembrar que a praça ali 
existente era inicialmente conhecida como 
“Praça da Estação”, sendo posteriormente 
resignificada pela população como 
“Praça do Trabalhador” por se encontrar 
referida ao Monumento do Trabalhador”, 
daí “Praça do Monumento ao Trabalhador”. 
De fato, o nome legal da Praça até 
1990, quando o nome “Praça do 
Trabalhador” foi usado e consolidado na Lei 
Orgânica Municipal, era “Praça Americano 
do Brasil”, conforme lei n° 1.486 de 07 de 
março de 1959. Contudo, já em 08 de maio 
de 1967 a planta do Departamento 
Estadual de Saneamento já trás anotado o 
nome “Praça do Trabalhador”. E só em 
1985 a área foi permutada com a Rede 
Ferroviária Federal S/A - RFFSA. Assim, até 
1985 o cavalete ainda estava lá. Vale 
observar que a reforma realizada em 
meados dos anos 80, com a destruição da 
Praça, foi feita após a permuta com a 
5RFFSA . 
Em relação à estátua hoje existente, 
em frente à Estação, do busto do Dr. Sólon 
Edson de Almeida, o GT pensa que este se 
encontra deslocado de sua função, visto 
que temos nas proximidades uma Praça 
s i tuada en t re a Rua 67-A e a 
Av.Independência com o nome do 
homenageado. Na verdade, por razões por 
nós desconhecidas, o busto foi retirado 
desta Praça e recolocado na Praça do 
Trabalhador. Somos, portanto, pela sua 
recolocação no local devido.
Quanto à concorrência que o 
Monumento ao Trabalhador traria ao 
edifício da Estação, hoje valorizado por ser 
um representante da art déco, temos a 
observar dois aspectos: o primeiro é de que 
RELATÓRIO
FINAL
44
a Estação Ferroviária foi inaugurada em 
1952, portanto é uma art déco tardia, 
provavelmente uma revivência do estilo, que 
nasceu no pós-guerra de 1914 e teve seu 
auge nos anos 20/30 do século passado. O 
segundo é de que o “Monumentoao 
Trabalhador” faz parte da nascente 
arquitetura moderna no Brasi l , é 
contemporâneo da construção de Brasília, 
po i s f o i i n augu rado em 1959 . 
Arqui tetonicamente tem a mesma 
linguagem que a Catedral de Brasília, por 
exemplo.
Logo, a Estação é o fim do 
movimento art déco e o Monumento é o 
estado nascente de outro, que trouxe a 
mode rn idade ao B ra s i l . Ambos , 
representantes de uma arquitetura 
internacional, portanto resignificados por 
nossas manifestações culturais locais. Qual 
é mais importante para a nossa história? 
Ambos, é obvio. Assim, não havendo 
precedência de um sobre o outro, os dois 
podem conviver no mesmo espaço, 
mostrando inclusive a diversidade 
característica de nossa arte. 
Quanto a um possível bloqueio 
visual a ser provocado pelo Monumento, as 
ilustrações mostram que ele será quase 
inexistente, em razão da preocupação 
patente em seu projeto original, que o fez 
totalmente vazado e leve. Mesmo existindo 
a l g u m a i n t e r f e r ê n c i a , e l a é 
significativamente menor que a provocada 
pelas atuais palmeiras imperiais, lá 
plantadas em razão do projeto paisagístico 
elaborado em meados de 1980. No 
entender deste GT, este adorno sim é 
equivocado e deve ser removido e 
replantado em outro local, já que tais 
palmeiras podem (e devem ) ser 
reaproveitadas. 
Isto posto, a conclusão a que o 
Grupo de Trabalho chegou foi a de que: 
quanto à Praça do trabalhador, ela já não é 
mais passível de reconstrução em seu todo, 
pois com a construção da avenida Goiás 
Norte parte do terreno originalmente 
ocupado pela mesma foi cortado e 
incorporado ao sistema viário hoje existente. 
Em relação à reconstrução do monumento, 
pensamos que esta seja legítima, pois além 
de pertencer historicamente a envolvente da 
Estação e, portanto, parte dela, reafirma 
uma história de luta do cidadão 
trabalhador. Em função dos documentos 
coletados a reconstrução é passível de ser 
realizada com fidelidade no mesmo local 
onde este foi construído no final dos anos 
50. 
 Nesse sentido, fazemos as seguintes 
recomendações:
1. Que seja reconstruído o 
Monumento ao Trabalhador, no mesmo 
local, nas mesmas dimensões e com a maior 
fidelidade possível ao original. Nesse 
sentido, sugere-se um inventário mais 
exaustivo sobre esta obra, sua história e seu 
artista. 
2. Como a Estação Ferroviária 
é tombada nos níveis municipal, estadual e 
federal, este relatório deve ser encaminhado 
para as três instâncias, para que os seus 
respectivos conselhos de patrimônio 
apreciem e dêem parecer, cumprindo assim 
as leis de proteção. 
3. Que seja contratado 
diretamente um artista plástico público e 
notório, que se disponha a fazer o trabalho 
de reconstrução do desenho do painel em 
todos os seus detalhes de cor e forma, bem 
como escolher o material para sua 
execução e acompanhar a fabricação e 
toda a aplicação das pastilhas.
4. Que sejam contratados 
arquiteto e engenheiro reconstrutores do 
p ro j e to do cava l e t e - supo r t e do 
Monumento. Como o autor original do 
cavalete, arquiteto Elder Rocha Lima, ainda 
está no exercício da profissão, recomenda o 
código de ética que o mesmo seja 
consultado, já que a preferência neste 
projeto de reconstrução é dele. Na 
impossibilidade, recusa ou desinteresse, 
que seja contratado profissional igualmente 
qualificado e competente. 
5. Que seja elaborado, pela 
Divisão de Patrimônio da Secretaria de 
RELATÓRIO
FINAL
45
Cultura, um inventário histórico detalhado e 
o mais completo possível sobre o 
monumento, o artista, os diretamente 
envolvidos na construção e na demolição, 
para que seja instalada, na Estação, sala 
com estas informações históricas.
6. Que o p roce s so de 
reconstrução do Momento ao trabalhador 
seja considerado menos como um ato 
tomado por um sentimento nostálgico do 
passado, mas sim como o reconhecimento 
simbólico da história de nosso povo. E que 
no decorrer do processo de sua 
recons t rução, caso se ja de fa to 
reconstruído, sejam realizadas atividades 
culturais que discutam as relações entre 
patrimônio cultural, cidadania e memória 
social . Momento de fundamental 
importância para o estabelecimento de 
uma política de identificação e proteção do 
patrimônio cultural. 
7. Decidida a reconstrução, 
sugerimos que o mesmo seja inaugurado no 
dia 1º de maio de 2004.
R e s p o n d i d o s t o d o s o s 
questionamentos até nós chegados e em 
resposta objetiva à nossa incumbência 
advinda do Decreto n° 1.805 de 24 de 
junho de 2003 finalizamos: é possível e 
desejável historicamente a reconstrução do 
“Monumento ao Trabalhador”.
 
Salvo melhor juízo,
é o que temos a relatar. 
À sua superior consideração,
Assinam este, como membros titulares e 
suplentes do Grupo de Trabalho:
Arquiteto Aguinaldo Pacheco
Coordenador
Arquiteta Maria Eliana Jubé Ribeiro
Arquiteto Aluízio Antunes Barreira
Jornalista Marcantônio Dela Corte
Artista Carlos Ribeiro dos Santos
Professor Alberto Ribeiro do Carmo
Artista Ivanôr Florêncio Mendonça
Cenógrafo Carlos Dias Medeiros Júnior 
Arquiteta Kátia do Carmo de Paiva
Senhor João Rabelo dos Santos
Senhor Paulo Silva de Jesus
Professor Horiestes Gomes
Goiânia, 09 de setembro de 2003.
Notas:
1 Na realização das pesquisas e entrevistas colaboraram a 
Professora Dóris Dey de Castro Pereira e a pesquisadora Vera 
Gomes.
2 Os comentários de cada um dos entrevistados encontram-
se registrados como anexos a este relatório e arquivados na 
Divisão do Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura.
3 A reconstituição virtual do Monumento bem como o clipe 
demonstrativo deste foram realizados pelo estagiário Luis 
Otávio Teixeira Vieira. 
4 Em comentário o Sr. Reney Oliveira Santos, um 
ferromodelista informado e apaixonado pela nossa 
Estação, confirma que jogou bola na área do monumento 
e que em março de 1984 ele ainda estava lá.
5 Aliás, toda a história da “Praça do Trabalhador” está 
documentada em relatório, juntado ao Processo n° 
122695951/1999, elaborado por arquitetas da Secretaria 
de Planejamento Municipal - SEPLAM, em especial pela 
Arq. Maria Aparecida de Jesus Cuevas. 
RELATÓRIO
FINAL
46
RELATÓRIO FINAL FAC SIMILI DAS ASSINATURAS
47
ANEXOS
48
Resgate difícil
Prefeitura vai apoiar reconstrução 
do Monumento ao Trabalhador, em
frente à Estação Ferroviária, mas 
projeto enfrenta muitos empecilhos
Rogério Borges
O grupo formado em julho pela Prefeitura de Goiânia para estudar a possibilidade de reconstruir o Monumento ao 
Trabalhador, em frente à Estação Ferroviária, apresentou suas conclusões ao prefeito Pedro Wilson. Os 
profissionais recomendam que a estrutura, danificada em 1969 e totalmente demolido em 1985, seja reerguida. A 
obra era constituída por dois grandes painéis que representavam cenas da luta dos trabalhadores por liberdade. A 
autoria dos murais era de Clóvis Graciano, com projeto arquitetônico de Elder Rocha Lima (veja quadro). Os 
defensores da restauração dizem que a iniciativa corrigiria uma atrocidade cometida pelo regime militar. “Temos de 
fazer essa reconstrução para que erros assim não se repitam”, alega Marcantônio Delacorte, um dos integrantes do 
grupo. 
O resultado da avaliação conta com o apoio do prefeito Pedro Wilson, que quer levantar novamente o monumento 
até o final de 2004. Uma equipe de técnicos foi destacada para coordenar as ações nesse sentido. Entretanto, o 
prefeito informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só irá liberar a construção depois que obtiver o 
consentimento da família de Clóvis Graciano. Caso seus descendentes concordem, serão convidados a vir a 
Goiânia para a inauguração do monumento. A arquiteta Lana Jubé, coordenadora de projetos diretamente ligados ao 
gabinete do prefeito e uma das responsáveis por levar adiante a recuperação da estrutura, avisa que a obra 
depende ainda da permissão de Elder Rocha Lima, que será convidado a refazer seu trabalho arquitetônico. 
Negativa
“Não concordo com essa reconstrução,não aceito o convite para participar dela e não autorizo, de forma nenhuma, 
Goiânia, 3 de dezembro de 2003
Perspectiva de como ficaria o novo 
monumento: características 
originais preservadas
49
a reprodução do meu projeto arquitetônico”, antecipou Elder Rocha Lima à reportagem do POPULAR. “Se eles 
quiserem fazer um outro monumento que lembre o primeiro, aí sim eu apoiarei e até me envolverei no projeto”, 
completou. “Ainda precisamos conversar melhor com o Elder”, diz Lana Jubé. Caso o arquiteto mude de idéia, mas 
não aceite participar diretamente da obra, deverá ser aberto um concurso para escolher quem irá reconstruir o 
monumento. O mesmo processo seria adotado para a elaboração da réplica dos painéis de Graciano. Além de Elder, 
membros do próprio grupo que formulou o relatório têm reservas quanto à pertinência de se levantar outra vez o 
monumento, tal qual ele era. Houve votos em separado na aprovação do documento, que fazem contrapontos à 
iniciativa. 
Para Lana Jubé, a construção de réplicas de monumentos desaparecidos vai na contramão do que o urbanismo e a 
preservação do patrimônio em todo o mundo recomendam. “O aconselhável é que se tenha outro tipo de 
manifestação para lembrar o que foi destruído”, observa. “Mesmo quanto à restauração, não é aconselhável fazer a 
reforma se não houver, pelo menos, 70% da estrutura ainda em pé”, prossegue. Ela admite que a componente 
histórica tem sua força no caso específico do Monumento ao Trabalhador. “Porém, a própria história pode ser 
recontada de muitas outras maneiras”, argumenta. O prefeito Pedro Wilson determinou que seja inserido no projeto 
a montagem de uma sala, dentro da Estação Cultura, que explique todo a trajetória do caso. 
Patrimônio
O documento produzido sobre o Monumento ao Trabalhador também assegura que no local onde a estrutura ficava 
há a permissão para uma nova obra. A dúvida sobre um possível impedimento nesse sentido foi suscitada em 
virtude de a área da Praça do Trabalhador fazer parte do Conjunto Art Déco de Goiânia, tombada pelo Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por lei, áreas tombadas pelo patrimônio histórico não podem sofrer 
intervenção sem o devido acompanhamento do instituto, sob pena de perder o título. De acordo com o relatório, o 
tombamento ainda não foi realizado, considerando assim que o monumento não desfiguraria a praça. No entanto, o 
Iphan informa que a homologação do tombamento foi feita na semana passada. 
Salma Saddi, superintendente do Iphan em Goiás, explica que o espaço destinado ao Monumento ao Trabalhador 
pode sofrer algumas modificações, desde que acatem especificações estabelecidas pelo Instituto. “Isso já 
aconteceu, por exemplo, com a reforma da Avenida Goiás”, cita. Ela revela que o órgão só poderá se pronunciar 
sobre a possível reconstrução do monumento depois que receber o projeto completo da obra. Além de pertencer ao 
patrimônio nacional, a Estação Ferroviária também é resguardada pelo patrimônio histórico estadual. O relatório 
garante que este também não é um entrave. De acordo com as investigações do grupo, o tombamento foi 
promulgado no dia 18 de outubro de 1982. Nessa época, os painéis já tinham sido destruídos, mas os cavaletes e os 
muros que os sustentavam ainda estavam de pé. Portanto, o monumento também teria sido protegido pela lei. 
Dinheiro
O preço da obra é outro obstáculo para a concretização da proposta. No relatório apresentado ao prefeito, há 
orçamentos que variam de acordo com o material a ser utilizado na reconstrução. Reerguer o monumento, por esses 
cálculos, oscilaria entre R$ 107 mil e R$ 200 mil. Há ainda a sugestão de fazer algumas adaptações na própria 
Praça do Trabalhador para receber a nova atração. Nesse caso, os custos totais girariam entre R$ 204 mil e R$ 320 
50
mil. “Para que tenhamos uma réplica exata, o valor é o maior”, previne Lana Jubé. “As pastilhas italianas são 
cotadas em dólar”, complementa. 
A verba não está prevista na proposta orçamentária da Prefeitura para 2004, que está sendo discutida na Câmara 
Municipal. “Não está e não deveria estar”, adverte Lana Jubé. Ela afirma que o compromisso firmado pelo prefeito 
Pedro Wilson estabelece que o dinheiro para a construção do novo monumento deve ser angariado junto ao 
Ministério da Cultura, dentro do programa Monumenta. “O projeto ainda não está finalizado. Já estamos 
conversando com a Secretaria Municipal de Cultura para que, quando a proposta estiver pronta, ela seja adequada 
para poder conseguir os recursos”, conta a arquiteta. Um dos pontos que ainda precisam ser definidos é o que será 
feito das palmeiras imperiais que hoje ocupam o espaço onde ficava o monumento. Um estudo sobre o assunto já foi 
pedido ao Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura de Goiânia.
HISTÓRIA DO MONUMENTO
O Monumento ao Trabalhador foi erigido entre os anos de 1958 e 1960, a mando do então governador do Estado, 
José Feliciano Ferreira, e do prefeito de Goiânia na época, o jornalista Jaime Câmara. A construção era formada por 
dois grandes murais de concreto, com 12 metros de comprimento cada, dispostos em semicírculo, em que foram 
montados painéis, em pastilhas italianas, que reproduziam cenas ligadas à luta operária. Entre as ilustrações estava 
o episódio dos Enforcados de Chicago, chacina de trabalhadores que originou as comemorações do 1º de maio. 
Os murais eram sustentados por grandes cavaletes de concreto de linhas sinuosas, projetados por Elder Rocha 
Lima, referente à arquitetura Moderna, que dá os traços da maioria dos prédios de Brasília. A estrutura logo se 
tornou um ponto turístico da cidade, onde os visitantes poderiam ver os trabalhos do artista plástico Clóvis Graciano, 
considerado um dos melhores muralistas do país. Como retratava cenas de opressão à classe trabalhadora, a obra 
desagradou o regime militar instaurado no país em 1964. No início de 1969, os painéis amanheceram recobertos de 
piche. Em seguida, as pastilhas que compunham o mural foram arrancadas, ficando apenas a base de concreto. Na 
construção da Av. Goiás Norte, em 1985, a estrutura foi totalmente demolida.
Detalhe da obra de Clóvis Graciano: crítica social
51
TCU cobra mais proteção a prédios históricos 
Após incêndio em Ouro Preto, governo deve enviar ao tribunal propostas de preservação 
SANDRA SATO e EDUARDO KATTAH 
O Tribunal de Contas da União, em Brasília, vai 
cobrar providências do governo federal para 
proteger os patrimônios histórico e cultural do 
País, para evitar tragédias como o incêndio que 
destruiu um casarão e atingiu parcialmente outro 
na segunda-feira, em Ouro Preto. Em 30 dias, o 
governo deverá enviar ao tribunal uma série de 
informações. Entre elas, por exemplo, se o Plano 
Plurianual, com as diretrizes para gastos do 
Orçamento da União, conterá propostas de 
preservação dos patrimônios históricos. 
O ministro do TCU, Marcos Vinícios Vilaça, ficou 
assustado com a verba disponível no orçamento 
deste ano para o Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional (Iphan) preservar monumentos e cidades históricas. 
"Descontados os recursos destinados ao custeio, como pagamento de servidores 
ativos e inativos, o Iphan dispõe de ridículos R$ 17 milhões para aplicação na área 
fim." 
A assessoria do ministro apurou que existem 15 bens inscritos como Patrimônio 
Mundial no Brasil. "O Poder Público tem responsabilidades pela proteção, conservação 
e manutenção do patrimônio histórico e artístico, pertencente à sociedade brasileira", 
cobrou Vilaça. 
Em Ouro Preto, a presidente do Iphan, Maria Elisa Costa, cobrou ontem um melhor 
aparelhamento do órgão e disse que o incêndio serve como um "alerta" para a 
necessidade de se fortalecer o processo de fiscalização e preservação dos bens 
tombados do País. 
Segundo ela, que esteve ontem na cidade histórica, o instituto foi "muito maltratado" 
nos últimos anos. Entre as principais deficiências, ela aponta a falta de recursos 
humanos e materiais. Em Minas, por exemplo, sãoapenas seis arquitetos 
responsáveis para cuidar do patrimônio das cidades históricas do Estado. Ela solicitou 
a abertura de concursos para a contratação de pessoal para o órgão. Segundo ela, as 
últimas contratações foram feitas em 1987. 
A Superintendência do Iphan em Minas possui ao todo 50 servidores no Estado, que 
atuam na sede, em Belo Horizonte, e em outras quatro sub-regionais - Ouro Preto, 
Diamantina, Serro e Sabará - além de museus e escritórios em São João Del Rey, 
Tiradentes e Caeté. 
Maria Elisa disse que o orçamento do Iphan ainda não foi definido e não soube 
informar a quantidade de recursos que foram destinados ao órgão no ano passado. Em 
2002, a Superintendência de Minas recebeu R$ 100 mil. 
Reconstrução - Técnicos do instituto estão avaliando a possibilidade de reconstrução 
do casarão destruído e o nível de comprometimento do outro imóvel atingido. Maria 
Elisa disse que a idéia é tentar reconstruir pelo menos a "caixa", o "invólucro" do 
prédio. 
Ela sugeriu que o trecho em frente à construção incendiada e a rua lateral, onde está 
localizado o outro casarão atingido, sejam isolados durante as comemorações do dia 
21 de abril. 
 
Auremar de Castro/Estado de Minas/AE 
Ruínas de prédio no centro histórico de Ouro 
Preto: para MPE, há hipótese de incêndio 
criminoso 
 
52
REVITALIZAÇÃO DO CENTRO:
O OLHAR DA CULTURA NOS 70 ANOS
A cidade nasceu para a autonomia e a diversidade. É o lugar de tudo e de todos. 
Junto à sua invenção nascem os conceitos de cidadão como aquele que detém direitos civis e políticos.
A diversidade obriga a convivência com os diferentes. Para isto se fez necessárias a civilidade e a 
urbanidade.
Mas cidadão é também aquele que tem sentimentos, idéias e costumes que denotam o estado de civilização. O 
cidadão é culto, instruído, polido, cortês, e afável.
A cidade é o espaço da cidadania.
 Goiânia foi construída com esta visão civilizatória. 
Entendiam os seus idealizadores e construtores que o contato com o objeto civilizatório, civiliza. Por isso mesmo, 
diversos equipamentos culturais foram construídos antes de sua “inauguração”, que foi chamada inclusive de batismo 
cultural.
Considerando esta deliberada origem cultural da cidade, um estilo arquitetônico - que simboliza a racionalidade 
matemática ligada às nossas origens latino-americanas - foi adotado em todos os edifícios públicos: o Art Déco. Estado 
construtor quis sinalizar com isto a importância das ações culturais para a consolidação das qualidades de uma cidade.
Passados 70 anos vemos que o centro histórico de Goiânia foi abandonado. 
Os equipamentos culturais originais esquecidos. 
O centro não é mais um lugar para se morar.
Diversos problemas surgiram em razão deste fenômeno, que não é só goiano, mas mundial. Contribuiram para 
isso os conceitos de renovação urbana que predominaram até os anos 70. Desenvolvimento seria então substituir ou 
abandonar o histórico pelo novo. E nesse afã de modernidade confundiram padrão de vida com qualidade de vida e 
optaram pelo primeiro.
 Novos bairros surgiram e foram também abandonados. 
Hoje, o "moderno" são os condomínios fechados, que de novo nada tem pois só estamos retornando ao que de 
pior existia antes da invenção da própria cidade, as paliçadas que caracterizaram as primeiras "ocupações urbanas” no 
Brasil do século XVII. Modernos guetos. A mesmice. O fim da cidade de tudo e para todos.
Os poderes públicos tiveram (e têm) uma responsabilidade muito grande pela deteriorização do centro. Pode até 
não ser esta responsabilidade o determinante, mas foi ele o primeiro a “detonar” o nosso patrimônio histórico (o velho) 
para construir o moderno (o novo). Deu o mau exemplo.
Citamos todas as desastradas alterações da Praça Cívica, desde a mudança do nome Praça Cívica - na ânsia do 
culto à personalidade -, passando pelas demolições do Correio, do Obelisco Principal (onde ele está?), das construções 
do Centro Administrativo, do Palácio das Campinas, dos anexos absurdos aos Tribunais e outras repartições públicas.
Mau exemplo continuado com a destruição da Estrada de Ferro, até a pior de todas as intervenções urbanas que 
53
foi a destruição da Avenida Anhanguera, por uma solução atrasada e não sustentável para o transporte urbano.
Seguindo este rastro de destruição da história e da sustentabilidade econômica do centro, não se cuidou em ter 
um Plano Diretor que evitasse a demolição sem reposição imediata das edificações, o que fez do centro um cemitério de 
lotes vagos e subutilizados socialmente para estacionamentos de carros. Não se construiu nada para abrigar os carros 
salvo coberturas de amianto e cimentados que, além de impermeabilizarem deteriorando o sistema de coleta de águas 
pluviais. E o maior malifício, provocam um esvaziamento do centro no período noturno. 
O privilegiamento que se deu ao automóvel fez com que os pedestres fossem jogados no meio da rua e os 
passeios convertidos em rampas impossíveis de se andar. 
A invasão dos espaços públicos pelo mal educado automóvel e seu motorista e o comércio irregular fez com que 
árvores fossem arrancadas, passeios rebaixados com rampas e desníveis, tornando um verdadeiro inferno andar pelo 
centro.
A falta de uma política urbana voltada para a função social da propriedade e de uma legislação urbana 
desarticulada e defasada permitiu o uso predatório da propriedade privada e a existência de prédios abandonados em 
diversas fases de construção e imóveis vazios que chegam a quase uma dezena de milhares.
Todas estas ações públicas e privadas trouxeram a desvalorização imobiliária, a transformação negativa do perfil 
econômico, o esvaziamento residencial, a degradação ambiental.
 Destroí-se para colocar nada no lugar.
O complexo formado pelos passeios danificados, ausência de árvores, abusos dos donos de automóveis, um 
transporte coletivo caótico, soluções urbanísticas desastradas e mais a questão da violência urbana e das novas 
modalidades de comercio advinda dela e da competição desenfreada, fez do centro um hostil. 
Tudo isto sem nem pensar em consultar os cidadãos. 
Daí, ninguém mais quer morar no centro. 
Nada disso existia quando Goiânia foi construída. Havia no seu desenho original a ordem geométrica e uma 
harmonia entre o meio ambiente, o pedestre e os automóveis emergentes.
Mas felizmente nos anos oitenta junto com a evolução do pensamento ecológico e do conceito de 
desenvolvimento sustentado, no seu amplo sentido, surgiram os RE e a cidade “velha” passou a ser vista com os olhos 
do valor histórico, ligado ao desenvolvimento econômico sustentado. 
Daí se começou a Restaurar, Recuperar, Revitalizar e Requalificar os centros das cidades. 
Nos países do dito primeiro mundo este processo já está bastante desenvolvido, revertendo o esvaziamento dos 
centros históricos e dando a eles novamente um valor econômico, social e cultural.
O centro de Goiânia é um lugar com todas as qualidades e serviços urbanos essenciais. Tem toda infra-estrutura 
urbana. Tem todo tipo de equipamentos, o que torna sua reocupação mais barata do que a construção de novos bairros.
Para revitalizar o centro precisamos, antes de tudo, mostrar para as pessoas e empresários que a Revitalização é 
um PROCESSO, composto de muitos projetos e ações, tanto do poder público quanto da comunidade. 
Ações simples tais como a normatização de uso de letreiros, o tratamento das fachadas, a recuperação dos 
passeios em benefício dos pedestres, um novo mobiliário urbano, uma iluminação diferencial, novas redes de energia 
telefonia que não entrem em conflito com a arborização, o tratamento de praças e ruas, um plano de transporte público e 
privado sustentável , um plano de negócios para o centro, tratando-o como um cluster (um shopping a céu aberto) 
54
propiciando sinergia entre os empreendimentos e que leve a um crescimento econômico e ao desenvolvimento 
sustentável e a preservação e controle da destruição dos aspectos arquitetônicos.
Todas elas são ações desejáveisneste momento.
A prefeitura já vem fazendo sua parte ao construir o Mercado Aberto, ao restaurar e revitalizar a praça Cel. 
Joaquim Lúcio e seu Coreto, a Biblioteca Marieta Teles, o Museu de Artes de Goiânia, a Praça dos Artistas no Setor Sul, 
ao promover o tombamento de imóveis significativos, ao projetar a recuperação da Avenida Goiás, a restauração do 
Mercado Popular da Rua 74, da Estação Ferroviária. Do Centro Livre de Artes e outras obras significativas e simbólicas 
da vontade política de revitalizar o Centro.
Agora entra em cena a Secretaria Municipal de Cultura, por entender que equipamentos culturais, sejam cinemas, 
teatros, centros culturais, escolas, seja a própria recuperação da arquitetura Art déco, fará com que o goianiense volte a 
descobrir o centro. Aliás, também, descobrir o centro no sentido de mostrar as fachadas Art déco dos prédios particulares 
e que não foram tombados junto com o traçado urbano de Goiânia. Tombamento este que é a principal ação de 
revitalização promovida em conjunto pelas três esferas de poder e que dá a Goiânia a sua cara cultural, através desses 
monumentos arquitetônicos característicos de nossa cidade. 
Goiânia é a capital da Art déco. 
Somos únicos.
A SeCult pensa assim pois os equipamentos e atividades culturais têm o poder de manter o “fluxo vital” da cidade 
nas diversas horas do dia. 
Neste conceito, por exemplo, está em elaboração a revitalização da Rua 8 , que se pretende em conjunto com os 
empresários e entidades que circundam este espaço urbano tão rico em tudo: tem hotéis, cinemas, bancos, livrarias, 
museus, serviços públicos, bares, restaurantes, teatro, etc. Todos estes empreendimentos tradicionais e que se 
operassem como um complexo urbano comercial e cultural poderão transformar a região em uma Rua 24 horas, 
dinamizando este setor central de nossa cidade.
No sentido de criar um dinamismo e uma sinergia em pontos vitais da cidade, a Secretaria de Cultura vem 
desenvolvendo dois tipos de ações integradas e integradoras de equipamentos culturais existentes e a serem 
projetados. 
Partimos as nossas ações dos dois eixos estruturantes de nossa cidade, em especial de nossa cidade histórica, 
que são os eixos formados pelas Av. Anhanguera, que corta e integra a cidade de leste a oeste e o eixo da aV. Goiás, no 
sentido mais amplo de sua configuração que corta e integra a cidade de Sul a Norte. 
Nestes dois eixos estão instalados diversos complexos culturais que se ativados darão à cidade a coluna 
vertebral cultural necessária ao seu soerguimento. 
Já citamos Complexo Cultural do Centro composto pela Rua 8 e seus arredores, que deve ser estendido até o 
cruzamento da Tocantins com o Teatro Goiânia, até a Araguaia agregando o Mercado Central, até a Parnaíba com o 
Mercado Aberto e Praça Cívica e os principais edifícios da Art déco, bem como os equipamentos culturais mais 
importantes . Agregam-se a ele o Complexo Cultural Bairro Popular que contém elementos diversos e importantes como, 
Mercado Popular da Rua 74, Cefet, Mercado Aberto, Mutirama,e Bosque Botafogo, etc. O Complexo Cultural Estação 
Ferroviária. O Complexo Cultural Chafariz-Praça Universitário. O Complexo Cultural Bosque dos Buritis. O Complexo 
Cultural Lago das Rosa e por fim o importante Complexo Cultural de Campinas. 
55
Outros Complexos Culturais poderão ser constituídos e/ou construídos nestes dois eixos.
Pois é a partir destes dois Eixos e destes Complexos que a Cultura vai dar sua contribuição, , ao processo de 
recuperação, restauração requalificação e por fim de revitalização do centro de Goiânia. Na comemoração dos 70 anos é 
neles que acontecerão nossos eventos e projetos indo do Jardim Botânico ao Pic-Textil. Da Praça universitária a Praça 
Coronel Joaquim Lúcio.
Desta forma, ao amarmos nossa cidade, valorizá-la, diferenciá-la, outros assim também a verão e atrairemos 
mais civilização, mais desenvolvimento, mais qualidade de vida.
Goiânia não foi a primeira cidade construída através de um projeto com objetivo civilizatório e de ocupação 
territorial do Centro-Oeste.
Outras cidades vieram e virão, pois a cidade é uma invenção que consolidou a qualidade humana da 
sociabilidade. 
E Goiânia é a nossa cidade.
No momento único de comemorarmos os 70 anos de Goiânia, na criação dos Ministério das Cidades devemos 
promover esta ação política emblemática que venha mostrar como se deve tratar a cidade que residimos e que 
escolhemos para conviver com outros humanos civilizados. Revitalizando-a .
Aguinaldo Pacheco
Secretaria Municipal de Cultura
Goiânia, 06 de fevereiro de 2003.
56

Continue navegando