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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA. DIRETORIA DE ENSINO DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL A DOMÓTICA COMO INSTRUMENTO PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. Victor Zago Gomes Ferreira João Pessoa, PB. 2010 II Victor Zago Gomes Ferreira. A DOMÓTICA COMO INSTRUMENTO PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. Trabalho de conclusão de curso submetido à Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica da Paraíba, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Tecnólogo em Automação Industrial. Orientador: Prof. Antônio S. de Oliveira Jr, Dr. João Pessoa, PB. 2010 III A DOMÓTICA COMO INSTRUMENTO PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Victor Zago Gomes Ferreira Trabalho aprovado em: 22 de Dezembro de 2010. Banca Examinadora: __________________________________________ Prof. Antônio Soares De Oliveira Júnior, Dr., IFPB. Professor Orientador __________________________________________ Prof. Otávio Seixas Gadelha, IFPB Membro __________________________________________ Prof. Robério Paredes Moreira Filho, IFPB Membro João Pessoa, PB. 2010 IV Dedicatória À minha mãe, que acreditou em mim quando nem mesmo eu acreditei, dispensando tempo precioso de seu descanso para me ajudar no desenvolvimento deste trabalho. V Agradecimentos À Deus, por tudo; Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológia da Paraíba; Ao orientador Prof. Dr. Antônio Soares De Oliveira Júnior pelo acompanhamento pontual e competente; Aos membros da banca pela orientação sincera e objetiva; Aos demais professores e colaboradores do Curso de Tecnologia em Automação Industrial do IFPB; A todos que de uma maneira ou outra contribuíram para a realização deste trabalho. VI RESUMO Com o objetivo de propor a aplicação da domótica como instrumento de facilitação da vida cotidiana de pessoas portadoras de paraplegia, o presente trabalho idealiza e descreve um sistema simplificado de automatização de uma residência adaptada às necessidades especiais do público alvo. Utilizando-se da integração e uso simultâneo da eletricidade, eletrônica, informática e telecomunicações, o sistema prevê o emprego de um Controle Universal, que por intermédio de um protocolo de comunicação é capaz de operar a iluminação, persianas, circuito interno de televisão, som, vídeo, controle de vazamento de agua e gás e controle de acesso da residência, por meio de comandos remotos disponíveis em uma Tela Home, sem a necessidade de locomoção do operador. Palavras chaves: Domótica, Paraplegia, Controle Universal. VII ABSTRACT Aiming to propose the use of home automation as a tool for facilitating the daily life of people with paraplegic, this paper describes an idealized and simplified system for automating a residence adapted to the special needs of the target audience. Using integration and concurrent use of electricity, electronics, computers and telecommunications, the system contemplates the use of a Universal Control, which through a communication protocol is able to operate lighting, shutters, CCTV, sound, video, and leakage control and access water and gas control of the residence, through remote commands available in a Home Screen, without the need for travel operator. Keywords: Domotic, Paraplegic, Universal Control LISTA DE FIGURAS Figura 1- Áreas da domótica ...................................................................................................... 5 Figura 2 - Planta Original ........................................................................................................... 8 Figura 3 - Planta com Espaços Revisados. ................................................................................. 9 Figura 4 - Detalhe do banheiro - Cotas em acordo com NBR 9050. .......................................... 9 Figura 5 - Detalhamento do automatização .............................................................................. 10 Figura 6 - Representação da lógica de controle adotada .......................................................... 10 Figura 7 - Regiões Mais Adotados ........................................................................................... 15 Figura 8 - X-10 Princípio de Funcionamento ........................................................................... 16 Figura 9 - Sequenciamento de uma palavra X-10 .................................................................... 17 Figura 10 - X-10 Passos do Sequenciamento de Código e Função .......................................... 17 Figura 11 - CEBus - Comunicação entre Mídias ...................................................................... 18 Figura 12 - Esquema Demonstrativo da Conexão .................................................................... 20 Figura 13 - L5 Remote ............................................................................................................. 22 Figura 14 - Controle Touch-Screen .......................................................................................... 23 Figura 15- Tela Home .............................................................................................................. 24 Figura 16 – Tela de Controle de Luz ........................................................................................ 24 Figura 17 - Tela Controle de Persianas .................................................................................... 25 Figura 18 - Tela Controle de CFTV ......................................................................................... 25 LISTA DE ABREVEAÇÕES E SIMBOLOS AC Alternate Current (Corrente Alternada) BACNET Building Automation and Control NETworks bps Bits por segundo CEBUS Protocolo de Comunicação baseado em infra vermelho CFTV Circuito Interno de Televisão DC Direct Current (Corrente Continua) EIB European Installation Bus ETHERNET Tecnologia de interconexão para redes locais FIREWIRE Interface serial para computadores pessoais Hz Hertz IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica IRDA Infrared Data Association LCD Personal digital assistants kbps Kilobits Por segundo kHz Kilohertz PROFIBUS Process Field Bus RDSI Rede Digital Integrada de Serviços TCP/IP Conjunto de protocolos de comunicação entre computadores TOKEN RING Protocolo de redes que opera na camada física da rede UPnP Universal Plug and Play V Volts X-10 Protocolo de Comunicação SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 1 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO ............................................. 1 1.2 – OBJETIVOS .................................................................................................... 2 1.2.1 - Objetivo Geral ........................................................................................................ 3 1.2.2 - Objetivos Específicos ............................................................................................. 3 1.3 - JUSTIFICATIVA ...............................................................................................3 CAPÍTULO 2 - DESENVOLVIMENTO ........................................................................ 5 2.1 – ENTENDENDO A DOMÓTICA ....................................................................... 5 2.1.1 - Princípios da Domótica ......................................................................................... 5 2.1.2 - História da Domótica ............................................................................................. 6 CAPÍTULO 3 – APLICAÇÃO ....................................................................................... 8 3.1 – AMBIENTE RESIDENCIAL ADAPTADO ........................................................ 8 3.2 – DETALHAMENTO DO SISTEMA .................................................................. 11 3.2.1 – Controle de Iluminação ...................................................................................... 11 3.2.2 – Controle das Persianas ...................................................................................... 12 3.2.3 – Controle de Circuito Interno de Televisão ........................................................ 12 3.2.4 – Controle de Som e video .................................................................................... 13 3.2.5 – Controle e Monitoramento de Vazamentos ...................................................... 14 3.2.6 – Controle do Acesso Residência........................................................................... 14 3.3 – PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO ........................................................... 15 3.3.1 - Sistema X-10 ......................................................................................................... 16 3.3.2 – CEBUS ................................................................................................................. 18 3.3.3 - UPnP - Universal Plug and Play ......................................................................... 18 3.3.4 - EIB - European Instalation Bus ......................................................................... 20 3.3.5 - SMART House - Casa Inteligente ...................................................................... 21 3.4 – CONTROLE UNIVERSAL ............................................................................. 21 CAPÍTULO 4 – OPERACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO ...................... 24 4.1- INTERFACES DO CONTROLE ...................................................................... 24 4.2 - CONTROLE DE LUZES ................................................................................ 24 4.3 - CONTROLE DE PERSIANAS ........................................................................ 25 4.4 - CONTROLE DE CIRCUITO INTERNO DE TELEVISÃO ............................... 25 4.5 - CONTROLE DE SOM E VIDEO .................................................................... 26 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES ................................................................................. 27 REFERENCIAS BILIOGRÁFICAS ............................................................................ 28 1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO A utilização de automação industrial permitiu a uniformidade, a padronização e a flexibilização da produção. Atualmente, a automação está sendo usada dentro do ambiente domestico para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os recursos tecnológicos disponíveis, ou em fase de desenvolvimento, abrem espaço para uma nova vertente de estudos e aplicações da automação para o nível dos edifícios e residências, apresentando-se desde as suas versões mais simplificadas como a automação residencial ou edifício inteligente, até as mais complexas como a domótica1. O conceito de domótica, introduzido na França nos anos 1980, refere-se à integração de diversas tecnologias no ambiente doméstico mediante o uso simultâneo de eletricidade, eletrônica, informática e telecomunicações, buscando como resultado melhorar aspectos como segurança, conforto, flexibilidade de uso dos espaços, e, consequentemente, a qualidade de vida de seus moradores. Fechar a porta, acender a luz, abrir as persianas da sala, ligar e desligar o micro-ondas, o condicionador de ar, o DVD ou o aparelho de som, são apenas algumas facilidades que podem ser conseguidas com um simples toque de um botão que, programado, agrupa várias tarefas a serem realizadas em um mesmo ambiente automatizado. Chamusca (2006) explica que no mercado imobiliário, a domótica constitui-se num campo promissor e tem duas vertentes fundamentais: a do ponto de vista do cliente final – que procura soluções urgentes para seus problemas e necessidades em casa, e a do ponto de vista das empresas imobiliárias que recorrem aos serviços da domótica para agregarem valor ao imóvel através de alguns recursos suficientes para atender às expectativas do cliente. Se a domótica tem representado a comodidade para as pessoas sem limitações motoras, fica fácil predizer a sua grande importância se for colocada a serviço da superação das possíveis limitações que um problema de ordem física pode ocasionar ao seu portador. 1 A automação residencial resume-se em resolver problemas de cunho meramente funcional, como abrir e fechar janelas e portas, controlar intensidade de luzes e utilizar sensores de presença para acionar dispositivos, limitando-se ao funcionamento e ao desenvolvimento da tecnologia, e sem uma maior análise do seu real impacto no espaço doméstico. Por edifício inteligente entende-se aquele que incorpora dispositivos de controle automático aos seus sistemas técnicos e administrativos e conjuga, de forma racional e econômica, os recursos técnicos e tecnológicos disponíveis de forma a proporcionar um meio ideal ao desenvolvimento da atividade humana. (REQUENA E PINHO, 2010). 2 A perspectiva das “múltiplas inteligências e habilidades” (GARDNER e HATCB, 1989), bem como o aumento do nível de consciência de que uma pessoa portadora de alguma deficiência pode ser eficiente no local de trabalho, nos estudos e no lazer, tem levado esses portadores a participarem cada vez mais de atividades antes consideradas inalcançáveis e a buscarem a sua autonomia, dignidade e respeito. Em países como a França, Suíça e Alemanha, dentre outros, é comum que pessoas que apresentem alguma limitação de ordem física, visual ou por idade, optem por levar uma vida autônoma e independente. Esta intenção é facilitada nesses países, pois as estruturas públicas como: calçadas, trens, ônibus, etc., já são devidamente projetadas para permitir a acessibilidade2 desses cidadãos. Abrir uma porta, entrar em casa ou tomar um banho são simples atividades cotidianas para a maior parte das pessoas. Para a parcela da população portadora de necessidades físicas especiais, entretanto, elas podem se transformar em tormentos diários, caso não haja as condições ideais. Até há pouco tempo, a concepção de condição ideal poderia ser entendida como a acessibilidade por equipamentos pontuais de apoio como: rampas, barras, adaptações nos espaços físicos. Entretanto, conhecedores das evoluções tecnológicas da automação podem vislumbrar a enorme contribuição que a domótica pode oferecer a esse público específico, que de acordo com o IBGE (2000), no Brasil, somente os tetraplégicos e paraplégicos representam 14,5% da população, ou seja, 24 milhões de pessoas. Pelo exposto, considerando a carência de estudos que se voltem para esse tema e delimitando como clientela alvo os portadores de paraplegia3, o presente estudo procurou responder ao seguinte questionamento central: como pode ser composto um sistema domótico que facilite a vida cotidiana de pessoas portadoras de paraplegia e que lhes possibilite melhor autonomia? Para responder a esse questionamento o presente trabalho procurou atender aos seguintes objetivos:1.2 – OBJETIVOS 2 Entende-se por acessibilidade como: “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (associação Brasileira de normas técnicas – ABNT – NBR 9050). 3 Luz (2005) explica que o paraplégico, em termos simplórios, é o deficiente que perdeu a coordenação motora e sensibilidade das pernas, porém mantém o controle do tronco e movimento e força dos braços e mãos. 3 1.2.1 - Objetivo Geral Propor a aplicação da domótica, através de um sistema simplificado, como instrumento de facilitação da vida cotidiana de pessoas portadoras de paraplegia. 1.2.2 - Objetivos Específicos • Identificar os instrumentos de domótica disponíveis no mercado, suas utilizações e complexidades. • Refletir sobre a aplicação dos mesmos, como mecanismo de facilitação e apoio para a vida do público alvo. • Elaborar um projeto que represente um ambiente domóticado voltado para os portadores de paraplegia. • Descrever etapas e processos relacionados ao funcionamento, a função e aplicação do sistema domótico, através de um controle universal. 1.3 - JUSTIFICATIVA A utilização de mecanismos de automação no ambiente residencial parece ser uma tendência inexorável e cada vez mais ampliada. Mesmo que alguns ainda não consigam assimilar essas novas tecnologias, ou ainda as vislumbrem como um luxo desnecessário, percebe-se um crescimento no mercado de sua utilização, principalmente por sua proposta de modernização, facilitação das tarefas domésticas, aumento de segurança, bem estar e, mesmo que pareça um paradoxo, a diminuição dos custos4. Hoje, as pessoas procuram cada vez mais personalizar seus espaços e interagir com o mesmo. Sendo assim, o mercado tem aumentado gradativamente o lançamento e uso de novos dispositivos de automação nas residências, como uma das ferramentas que, além de personalizarem o ambiente, torna-os mais atrativos e confortáveis. “Em meio à correria é muito bom contar com a ajuda dos recursos tecnológicos e ainda poder ter uma casa mais bonita e valorizada” (MEDRADO, 2008) Apesar de ser reconhecido como um campo promissor, a bibliografia sobre o assunto é ainda escassa, e estudos sobre a aplicação específica da domótica para a facilitação da vida 4 Medrado (2008), em entrevista com Dannilo Camargo, arquiteto e diretor de estilo da THE HOUSE, concluiu que, mais do que seguir uma tendência, a automação reduz de forma significativa as despesas com energia elétrica, já que é possível utilizá-la de forma mais racional e muitas preocupações podem ser evitadas se programadas com antecedência. 4 dos portadores de deficiências são desconhecidos, deixando clara a necessidade da reflexão sobre uma nova configuração espacial da habitação para os portadores de paraplegia, que responda mais qualitativamente a seus modos de viver. Assim, o desenvolvimento de estudos nessa área pode ser caracterizado como essenciais, não só pela sua contribuição acadêmica, como também pela sua contribuição social, uma vez que a domótica poderá ser considerada uma grande ferramenta de inclusão social, pelo apoio tecnológico da autonomia de deficientes físicos e idosos, possibilitando melhoria da acessibilidade e prerrogativas antes não alcançadas. 5 CAPÍTULO 2 - DESENVOLVIMENTO 2.1 – ENTENDENDO A DOMÓTICA 2.1.1 - Princípios da Domótica O termo domótica é um neologismo da junção do radical latim domus que significa residência e robótica (CHAMUSCA, 2006), como já foi dito é a junção de sistemas informáticos, mecânicos, arquitetônicos, eletrônicos e de telecomunicações, aplicados a melhorias da segurança, comunicações, gestão energética e conforto. Por vezes, costuma-se confundir automação residencial, automação predial e domótica. Apesar da semelhança a diferença entre elas situa-se no foco e sistematização, ou seja, a automação residencial é aplicada a uma só residência e automação predial aplicada a espaços comuns como condomínios e prédios. A automação residencial e predial constitui-se por um ou mais dispositivos atuando singularmente sem qualquer comunicação entre os mesmos, já a domótica descreve a integração entre todos os dispositivos fazendo com que eles atuem em conjunto para uma determinada função especificada no projeto. Estes sistemas domóticos abrangem segurança, comunicações, gestão energética e conforto para melhor suprir as necessidades de seus usuários, como é representado na Figura 1 e descrito a seguir. Figura 1- Áreas da domótica 6 Segurança Podendo abranger desde um alarme de intrusão simples, passando por alarmes de incêndio, de fuga de gás, de inundação até grandes sistemas de monitorados por computadores e circuito interno de TV. Comunicações São consideradas as comunicações internas com o exterior e visse- versa, com o objetivo de fazer uma integração entre dispositivos internos e externos de forma mais eficiente e rápida, podendo ter acionamento remoto ou apenas avisos de crise, por comunicação com dispositivos móveis como celulares e PDA’s (Personal digital assistants), com internet ou bluetooth. Gestão Energética Controle e racionamento energético, para o maior aproveitamento da mesma, melhor utilização de recursos climáticos, utilização de outras fontes de energia. Conforto Automação de funções domésticas de rotina, controle de iluminação, regulação automática de temperatura, descentralização de equipamentos e centralização de controle, áudio e vídeo, e controle a distância. 2.1.2 - História da Domótica Segundo Camargo (2002) o termo automação pode se referir à utilização de equipamentos e sistemas automáticos, particularmente os sistemas de fabricação ou sistemas de processamento de dados, que exigem pouca ou nenhuma intervenção humana em suas operações normais. Nesse sentido o termo automação teria sido utilizado pela primeira vez em 1946, mas a origem desse conceito pode remontar aos anos 1880, segundo a mesma fonte. Atribui-se, talvez erroneamente, o surgimento da domótica aos anos setenta, quando surgiram os primeiros projetos de interligação de diversos sistemas residenciais, porém a história começa à cerca de um século atrás. No ano de 1887, William Penn Powers, um construtor nascido na fronteira de Wisconsin no ano de 1842, irritado com o barulho dos amortecedores do sistema de aquecimento, teve a idéia revolucionária de criar um dispositivo que controlaria a temperatura do ambiente através de regulador constituído por uma membrana cheia de liquido que responderia às mudanças de temperaturas controlando assim o fornecimento de energia elétrica para os aquecedores. Powers foi constantemente melhorando sua descoberta e dentro de algum tempo estava vendendo localmente seu dispositivo. Em 1891, seu negócio tinha prosperado tanto 7 que se mudou para Chicago e fundou a Power Regulator Company que se tornaria a empresa mundialmente famosa Siemens Building Technology. Com o nascimento da Indústria de reguladores, o mundo teve um vislumbre das futuras evoluções na área de automação predial e residencial. Nas primeiras décadas do século XX foram projetados prédios como o Empire State Building com o intuito de aplicar os melhores e mais tecnológicos dispositivos da época. Apenas 50 anos após, um grupo de engenheiros produziu o primeiro dispositivo prático para controlar vários edifícios, chamado de System 320. Esse dispositivo já usava o LCD (tela de cristal liquido) pela qual todos recebiam informações em tempo real. Por sua vez, em 1966, o engenheiro colaborador da Westinghouse Corporation, Jim Sutherland criou o primeiro dispositivo dedicado à automação domestica o ElectronicComputing Home Operator ou ECHO IV. Esse dispositivo multifuncional implementava o controle de temperatura interna de cada quarto, fazia gestão da lista de compras, gestão do inventário de cada família, o controle de ciclo de energia e tempo e tinha funções de fazer anotações em um display. Em 1970, um grupo de engenheiros escoceses criou a empresa nomeada Pico Electronics, onde nasceria futuramente o protocolo X10, um dos padrões mais usados na domótica atual. Os dispositivos foram evoluindo com os anos e descobertas surgiram em todas as áreas do conhecimento. Porém, atualmente a evolução e aplicação da domótica ainda se encontram em um estágio embrionário, graças ao alto custo e a pouca disseminação dos benéficos que ela pode trazer. 8 CAPÍTULO 3 – APLICAÇÃO 3.1 – AMBIENTE RESIDENCIAL ADAPTADO Partindo de uma planta arquitetônica de um flat, composto de um quarto, uma cozinha, um banheiro e uma sacada (Figura 2), foram feitas algumas modificações organizacionais no programa Google Sketchup®, observando os espaços hábeis à locomoção de um portador de paraplegia, conforme prevê norma NBR 90505 que podem ser observadas na figura 3 e no detalhe do banheiro mostrado na figura 4 e implementados alguns dispositivos como demonstrado na figura 5 Figura 2 - Planta Original Fonte: Retirada de http://www.princessheights.com/ 5 De acordo com a norma ABNT NBR 9050, o espaço necessário para manobrar uma cadeira de rodas é um circulo de um metro e cinqüenta centímetros de diâmetro. 9 Figura 3 - Planta com Espaços Revisados. Figura 4 - Detalhe do banheiro - Cotas em acordo com NBR 9050. 10 Figura 5 - Detalhamento do automatização Sabe-se que a de locomoção é a maior dificuldade encontrada pelos portadores de paraplegia, principalmente após o mesmo ter se deitado para o repouso, pois levantar-se novamente para acender ou apagar uma lâmpada, regular a luminosidade natural do quarto ou monitorar a porta de entrada, pode constituir-se em uma tarefa incômoda e lenta. Assim, essas atividades foram eleitas neste estudo como essenciais para enfrentar as dificuldades diárias do público alvo, propondo um sistema domótico que utilize aplicações de circuito interno de televisão (CFTV), persianas automatizadas, sistemas de alarme de vazamento, controle de luzes, som e vídeo, todos comandados por um controle universal, conforme é representado na Figura 6, cujo detalhamento é exposto a seguir. Controle Universa Luz Persianas CFTV Hifi Cozinha Banheir Sacada Quart Rotaciona Subi Rotacionar DVD TV SOMDescer Figura 6 - Representação da lógica de controle adotada 11 3.2 – DETALHAMENTO DO SISTEMA 3.2.1 – Controle de Iluminação “A forma mais simples de se controlar a iluminação é, logicamente, o toque no interruptor, acendendo as lâmpadas que se deseja”. (BANZATO, 2002). Porém essa ação nem sempre é a mais fácil a todos. Até o ano de 1961 essa era a única forma de acendê-las, mas com a invenção do dimmer esse fato começa a ser mudado, através de um controle um pouco mais sofisticado regulando a quantidade de potência que chega à lâmpada. No início eram constituídos de grandes reostatos de pouca eficiência ligados em série com as lâmpadas, esses reostatos esquentavam muito podendo causar incêndios. Hoje com a evolução da tecnologia usam-se semicondutores que são bem menores, mais eficientes e confiáveis, podendo também ser ligados com módulos de controle dando- lhes novas funções como: temporização, programação e integração com outros dispositivos. Num nível de maior sofisticação, os sistemas de iluminação podem ressaltar detalhes arquitetônicos de uma sala ou criar um clima especial para os presentes com os chamados cenários. Esses sistemas inteligentes também dão apoio à integração com sistema de som e vídeo, propiciando a iluminação correta para cada uso tais como assistir programas no telão, ouvir música, por exemplo. Ligando e desligando automaticamente, podem proteger uma casa de intrusos, fazendo-a parecer ocupada na ausência de seus proprietários. Essa programação pode ser feita de acordo com a estação do ano, as horas, a luminosidade mínima, o tipo de ambiente, a previsão de horas de ocupação, etc. No presente trabalho, entretanto, a utilização do controle de iluminação visa primeiramente facilitar o acionamento remoto das lâmpadas pelo usuário, sem a necessidade de deslocamento até os interruptores e não menos importante o controle da luminosidade prevendo o conforto com formação de cenas personalizadas obtido com a domótica. Como uma das vantagens cita-se a economia de eletricidade, pois a intensidade de luz é regulada conforme a necessidade e as lâmpadas não precisam ficar totalmente acesas como acontece normalmente, sendo que essa integração da iluminação em um sistema supervisório pode-se reduzir o consumo de energia de 30% a 50% (BOLZANI, 2004). Os sistemas mais simples de controle de iluminação são baseados em tecnologia X-10 e utilizam a própria rede elétrica já existente sem a necessidade de novo cabeamento. Os mais recentes não utilizam fio, os interruptores se comunicam com as lâmpadas por rádio 12 frequência ou pela internet e podem ser instalados e expandidos com mais facilidade (BANZATO, 2002). Diante disso, para o presente projeto, elegeu-se uma forma híbrida de controle de acionamento que será detalhado posteriormente. 3.2.2 – Controle das Persianas Uma das formas de aumentar a independência funcional de um portador de paraplegia é a automatização de cortinas ou persianas. A tecnologia utilizada nessas persianas pode variar de soluções extremamente simples, empregando apenas um motor controlado, a sistemas muito complexos, compostos por timer e sensores para pré-programação, esses recursos para automatização de janelas, esquadrias, cortinas e persianas são facilmente empregáveis. O dimensionamento desses motores varia de acordo com o projeto e a utilidade que está sendo visada para o mesmo, podendo variar no tamanho, força, potência, velocidade, corrente, carga máxima, dentre outros fatores. O controle destas persianas podem ser integradas ao controle universal. Existe também a possibilidade de implantação de sensores de chuva, luminosidade e outros tipos de autocontroles pré-programáveis. Neste estudo, a utilização da motorização das persianas está aplicada tanto com sensores para automatização, como com o controle direto pelo controle universal. 3.2.3 – Controle de Circuito Interno de Televisão O monitoramento da porta é um elemento essencial de segurança e facilmente utilizado por pessoas com suas capacidades físicas resguardadas, porém para os cadeirantes, condição comum dos paraplégicos, essa ação não é tão simples, o que reforça a necessidade de um mecanismo que lhes possibilite e facilite essa função. Para tanto, os sistemas CFTV, parecem ser os mais indicados. Os componentes básicos de um sistema de CFTV são as câmeras e monitores podendo integrar também motores para rotação para maior abrangência do campo de visão. Os modelos de câmeras podem variar muito, assim como seus preços, dependendo de suas aplicações. Vão desde dispositivos pequenos, para não serem percebidos, até os grandes equipamentos, de uso profissional. Salvo raras exceções, funcionam com baixa voltagem, normalmente 12 V DC, podendo ou não fazer gravação de sons. 13 Um tipo de câmera muito prática para uso externo é aquela dotada de um detector de movimento. Elas podem, inclusive, acionar a gravação de uma fita ou de um arquivo de computador quando alguém se aproximar. Este meio pode ser utilizado também para monitoramento interno de doentes, idosos e crianças. Outra função para o circuito interno de televisão é a substituiçãodo “olho mágico”. Quanto aos monitores, existem vários tipos dedicados a essa função que suprem bem sua finalidade, no entanto, é cada vez mais recomendável fazer uma integração entre o CFTV e o sistema de vídeo de TV a cabo, satélite ou antena, possibilitando aos moradores ter a imagem gerada pelo CFTV em qualquer um dos televisores da casa, num canal designado para este fim. Para isso basta o uso correto de moduladores de sinal. Com o uso de modens e softwares adequados existe também a possibilidade de visualizar as imagens remotamente com velocidade próxima a cinco quadros por segundo (AURESIDE, 2000). Cabos coaxiais tipo RG6 são os mais usados para transmissão de imagem, bem como, deve-se providenciar cabos com alimentação de baixa voltagem para suprir corrente às câmeras. Pode-se usar também um sistema de transmissão sem fio. No presente trabalho, a utilização do CFTV está aplicada com a função de substituição do “olho mágico”, comunicando-se com o controle universal. 3.2.4 – Controle de Som e video No mercado atual tem se usado o termo hi-fi como sinônimo de alta tecnologia, como redes sem fio, porém essa não é a forma mais correta de se usar o termo citado. A palavra hi-fi, não é nova. Ela remonta a década de 60, provinda dos Estados Unidos, que quer dizer alta fidelidade em inglês - high fidelity. Segundo o site HIFI CLUB, com o aprimoramento das mídias essa qualidade tem melhorado, todavia nem todo reprodutor de som e vídeo é hi-fi, sendo somente aqueles com a qualidade digitalmente aprimorada. Nos últimos anos tem se discutido muito sobre alta fidelidade com a evolução de televisores com tecnologia HD (High Definition) o home theaters personalizados a ambientes. Na domótica o termo som e video indica a união de sistemas de vídeo e áudio de alta qualidade. A sua integração no sistema pode além de torna-lo mais acessível, dispensndo numerosos controles remotos. Neste trabalho é proposto a integração de dispositivos de televisor HD, aparelhos de DVD e sistema de home theater para o som. 14 3.2.5 – Controle e Monitoramento de Vazamentos São dispositivos de segurança indispensáveis para convivência no mundo atual, pois eles alertam e automaticamente resolvem os problemas de vazamento de gás, água, detectando fumaça e prevenindo incêndios, fechando as devidas válvulas. Para os portadores de deficiências que residem sozinhos, passam a ser essenciais, uma vez que, pela sua própria dificuldade de locomoção, a prevenção ou detecção precoce de ocorrência de vazamentos pode configurar-se em um fator de preservação da vida. O funcionamento desses sistemas se dá através de sensores dos mais diversos tipos e aplicações que detectam condições anormais em seu ambiente de atuação, emitindo alertas sonoros, luminosos e/ou de texto para um dispositivo móvel previamente configurado. Logo que o problema é detectado pelo sensor, automaticamente inicia-se uma rotina de resolução do problema, para que o mesmo cause o mínimo de danos possível. Para este projeto, a utilização deste mecanismo prevê, além do fechamento automático do vazamento, a emissão de um alerta através de alarme sonoro e mensagem de alerta no controle universal ou celular do usuário. Nesta proposta, a interface deste dispositivo com o controle universal, resume-se apenas ao seu uso como instrumento de informação de alarme. 3.2.6 – Controle do Acesso Residência Em um sistema automatizado o morador da casa possui sua chave eletrônica que pode abrir todas as portas da residência sem a necessidade de carregar várias chaves comuns. Essas “chaves” não necessariamente são objetos físicos, podendo ser um reconhecimento de voz, facial ou de impressão digital, sendo assim, impossíveis de serem copiadas e extremamente seguras. Se integrada a outros serviços, a chave eletrônica pode ainda servir para desarmar o sistema de alarme e acionar uma cena pessoal de iluminação, acendendo parcialmente as luzes da sala, ligando a TV e/ou reproduzindo uma saudação por voz personalizada. Se alguém tentar desligá-lo ou danificá-lo, todo o sistema de alarmes pode ser acionado avisando o usuário ou empresa de segurança contratada. Todos os eventos são registrados e armazenados na central de controle de acessos e na central de segurança para melhor monitoramento. Devem ser previstos também alarmes associados a eventos como portas deixadas abertas inadvertidamente facilitando a intrusão de terceiros. 15 Esta proposta inclui tanto o controle de acesso pelo controle universal ou dispositivo móvel (celular) como a sistema de segurança citado acima. 3.3 – PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO Para que todos os dispositivos se comuniquem, sem perder dados ou haver desentendimento de informações, faz se necessário algumas regras de comunicação. Essas regras são chamadas de protocolos de comunicação sendo de suma importância para o bom estudo da domótica. Para que a escolha do protocolo correto seja feita deve-se analisar o projeto criteriosamente. Esses protocolos contemplam desde a transmissão de dados com baixo volume de informações (BUS de Campo ProfiBus, BACNet) ou com alto volume de informações (LAN EtherNet e Token Ring, RDSI). Baseado no estudo de Santoni (2005) e Teza (2002), alguns barramentos e protocolos utilizados em automação industrial como: Hart, BitBus, ProfiBus e FIP, em muito contribuíram para o embasamento e desenvolvimento dos protocolos de domótica; porém, não fazem parte do escopo deste trabalho devido às limitações no controle, segurança e taxas de transmissão disponíveis. Santoni (2005) classifica os principais protocolos em domótica, que são X-10, Protocolo CEBUS, UPnP, EIB (Siemens Instabus), SMART House, como indicado na figura 7, que demonstra as regiões onde são mais adotados. Figura 7 - Regiões Mais Adotados Fonte: (SANTONI, 2005, pg. 18) Para um melhor entendimento, descrevemos em seguida, de forma sintética, esses protocolos. 16 3.3.1 - Sistema X-10 De acordo com Banzato (2002) este sistema foi desenvolvido nos anos 70 pela Pico Eletronics, na Escócia, o sistema X-10 começou a ser comercializado em 1979. Em 1997, a patente expirou, possibilitando que vários fabricantes passassem a fabricar e desenvolver novos produtos baseados em X-10. Também chamado de powerline, o X-10 utiliza a própria rede elétrica existente para acionar os pontos de iluminação. Estes módulos têm duas formas básicas: uma tomada especial que substitui as convencionais ou um módulo externo que é plugado às tomadas, ex: abajures. (BOLZANI, 2004). Sua comunicação se dá através de transmissores que emitem dados binários através da corrente elétrica usando um pulso de sinal na frequência de 60hz AC com um código especifico (de baixa voltagem), que é sobreposto à rede elétrica. Para reduzir erros, são usados dois cruzamentos no ponto zero. O 1 (um) binário é representado por um pulso de 120kHz no primeiro cruzamento e uma ausência de pulso no segundo; um zero binário é representado por uma ausência de pulso no primeiro e um pulso de 120kHz no segundo. Como é representado na Figura 8. Figura 8 - X-10 Princípio de Funcionamento Fonte: (TEZA, 2002, pg. 69) Os receptores captam o sinal e respondem de acordo com o indicado pelo código. Os códigos são de 13 bits, os quarto primeiros são códigos de partida (Start Code), os quatro 17 seguintes os da casa (House Code) e os cinco6 finais são funções (Key Code) como demonstra a Figura 9. Figura 9 - Sequenciamento de uma palavra X-10 Fonte: (TEZA, 2002, pg. 70) Para acionar um equipamento X-10 são necessários dois conjuntos de 13 bits, um para transmitir o endereço e outro para transmitir o comando em si. Todas as instruções são transmitidas duas vezes, no entanto, os receptores X-10 só precisam recebê-las uma vez para operar, e a cada duplatransmissão o sistema deverá ficar inoperante por 3 ciclos (Aceso e Apagado são as exceções a esta regra e devem ser transmitidas continuamente com nenhuma abertura entre códigos). O comando em duplicata ajuda a assegurar que o comando foi recebido mesmo com a presença de ruído na transmissão. Desta forma teríamos uma velocidade de transmissão de 11 + 11 ciclos para o comando e mais 3 ciclos inoperantes, totalizando 25 ciclos, resultando no máximo em 2.4 operações por segundo (Figura 10), sendo suficiente para sistema domótico proposto neste trabalho. Figura 10 - X-10 Passos do Sequenciamento de Código e Função Fonte: (TEZA, 2002, pg. 69) 6 Destes cinco bits, os quatro representam um código de função ou unidade e este último bit indica se os 4 anteriores devem ser interpretados como função ou como unidade. 18 3.3.2 – CEBUS “O Protocolo CEBus (Consumer Electronic Bus) criado pela EIA (Associação de Indústrias Eletrônicas) em 1984 e transformado em padrão internacional em 1995, tem como objetivo a padronização da utilização e industrialização de produtos de comunicação infravermelhos usados em controle remotos.” (TEZA, 2002, pg. 64) Segundo o autor (op. cit.), no CEBus, o endereçamento do dispositivo é feito por hardware no momento da fabricação. O padrão também oferece uma linguagem definida, orientada para controle de objetos que inclui comandos, tais como: aumentar volume, avançar rápido, voltar, pausar, pular e elevar ou abaixar temperatura, entre outras. Todas as mídias de comunicação transportam um sinal de controle do CEBus e transmitem dados na mesma taxa de transferência (aproximadamente 7500 bps). A comunicação entre as diversas mídias é realizada através de um equipamento Roteador (este dispositivo também poderá estar contido dentro do equipamento). A Figura 11 mostra uma rede típica CEBus com 3 diferentes mídias interconectadas, utilizando Router, Sensores, Controladores e Aplicações Finais (luzes, áudio, vídeo). Onde as letras “A” representam aparelhos, a letra ”S” sensores e as letas “C” controles computacionais. Figura 11 - CEBus - Comunicação entre Mídias Fonte: (TEZA, 2002, pg. 68) 3.3.3 - UPnP - Universal Plug and Play 19 Criado em 1999 pelo Forum UPnP este protocolo de comunicação é formado atualmente por mais de 380 fabricantes e profissionais ligados à automação residencial, computação, eletrodomésticos, redes, segurança e dispositivos móveis para definição e controle dos padrões UPnP. Foi desenvolvido a partir da tecnologia PnP - Plug and Play - da Microsoft Corp e foi concebido para suportar configurações automaticamente e já está embutido no sistema operacional Microsoft Windows ME e XP. Além da Microsoft, segundo Teza (2002) e Santoni (2005), outras empresas de informática e eletroeletrônicos já possuem produtos para esta tecnologia. Dentre elas podemos citar a Intel, LG, Sony, Matsushita, Panasonic, Toshiba e GE. Para Teza (2002), o UPnP baseia-se em padrões existentes de Internet para possibilitar que PCs e dispositivos inteligentes em rede domésticas sejam conectados automaticamente entre si, sem maiores complicações. O autor (op. cit.), explica que o UPnP pode funcionar por rede com fio ou sem fio, utilizando um conjunto padrão do protocolo IP para trabalhar no meio físico da rede. Assim, dispositivos UPnP podem ser conectados à rede incluindo Rádio Freqüência - RF e Wireless, linha telefônica, rede elétrica, Infravermelho - IrDA, Ethernet e FireWire - IEEE 1394. A maior dádiva deste protocolo é a utilização das diversas mídias acima mencionadas e a utilização de protocolos padrão e abertos como o TCP/IP, HTTP e XML. Outras tecnologias podem ser usadas como: HAVi, CEBus, LonWorks, EIB e X-10, que podem fazer parte da rede UPnP através da utilização de pontes (bridges) ou conversores (proxys). Este protocolo nos impõe facilidade no uso e gerenciamento, de forma que imediatamente após a conexão de qualquer dispositivo UPnP, este equipamento é descoberto pelos gerenciadores ou ele mesmo procura pelos gerenciadores. Este protocolo possui inúmeras vantagens e agrega a utilização da conveniência para cada tipo de aplicação. Como por exemplo: - Milhares de pessoas conhecem o protocolo TCP/IP e desenvolvem produtos em XML e HTTP, tornando-se fácil a implementação de soluções para automação residencial; - Utilização dos conhecimentos e tecnologias pré-existentes em rede de computadores para aplicação em automação residencial, tornando-a mais barata e eficaz; - Homogeneização e simplificação dos sistemas computacionais e residenciais; 20 - Este protocolo possibilita uma instalação fácil e segura, apenas conectando o equipamento (que deve dispor de suporte ao UPnP) a qualquer mídia de comunicação (incluindo os cabos de corrente elétrica); - Por empregar tecnologia computacional clássica, é de mais fácil utilização pelos internautas, no momento de instalar e configurar um sistema de automação residencial baseado em UPnP. Neste trabalho este protocolo é utilizado com o fim de conciliar o CEBus e o X10 para uma conexão perfeita e sem erros, uma vez que a linguagem dos mesmos são diferentes. Assim, será utilizado o X10 como executor de tarefas e o CEBus como comandante, como pode ser visualizado na figura 12. Figura 11 – Esquema Desmonstrativo da Conexão 3.3.4 - EIB - European Instalation Bus É um sistema voltado à automação predial e residencial que permite que as funções dos dispositivos sejam modificadas. Desta forma, um interruptor que por sua vez tem uma função poderá receber outra quando aplicado a outro dispositivo. Caracteriza-se por utilizar como meio físico o Par Trançado ou o Cabo Telefônico para a transmissão de sinais e para alimentação de dispositivos em 24V DC. A velocidade de transmissão é de até 9600 bps com até 64 dispositivos. Apesar de muito utilizado mundialmente, esse protocolo foi dispensado no presente trabalho, uma vez que o este trabalho privilegiará o controle universal, evitando a utilização de interruptores. CONTROLE UPnP X10 Figura 12 - Esquema Demonstrativo da Conexão CEBus 21 3.3.5 - SMART House - Casa Inteligente É um sistema desenvolvido pelo consórcio Smart House Limited Partnership que compreende cinco subsistemas: controle/comunicação, telecomunicações, energia elétrica, rede coaxial e gás. O núcleo do Smart House é o subsistema de controle/comunicação, que transmite sinais a 50 kbps e inclui o controlador do sistema e fonte de 12 V. O controlador gerencia a comunicação e fornece energia para até 30 pontos da rede, que por sua vez, podem controlar até 30 nós. Este gerenciador é responsável pelo protocolo de comunicação que executa a lógica do sistema e gerencia o banco de dados com informações do sistema. O problema na utilização do padrão Smart House tem sido o seu custo, a necessidade de cabos especiais com poucos fornecedores (apenas três no mercado americano) e o fato de ser voltado para casas em fase de construção (devido ao fato da necessidade de cabeamento especial para a distribuição e controle dos dispositivos). Face ao exposto, este protocolo também não será utilizado neste trabalho. Pelo exposto, para o objetivo deste estudo, optamos pelo protocolo X-10, pois além de se mostrar suficiente e adequado para os seus propósitos, também pode ser uma boa solução nos casos de residências já construídas, onde quer se evitar transtornos com reformas custosas. Levando-se em conta estas restrições, pode-se obter excelente relação custo/benefício, além de sua facilidade de instalação e operação. Associado a ele, como já foi dito, idealizamos um sistema híbrido que prevê a utilização também do protocolo UPnP, com o fim de conciliar a comunicação entre o CEBus e o X-10para uma conexão perfeita e sem erros, uma vez que a linguagem dos mesmos são diferentes. Assim, será utilizado o X-10 como executor de tarefas e o CEBus como comandante, como exemplificado anteriormente. 3.4 – CONTROLE UNIVERSAL O conceito de domótica já pressupõe uma comunicação entres os dispositivos de uma residência. Uma forma dessa comunicação se dá através de um controle central, através de um controle universal. Este dispositivo centraliza todos os comandos possíveis em um só aparelho, podendo controlar ao mesmo tempo a iluminação, o ventilador, o condicionador de ar, as persianas, o som, o vídeo, os alarmes, o fechamento de portas e janelas, o controle de acesso e muitos outros. 22 Atualmente com os avanços tecnológicos existem vários modelos e tipos de controle, desde os mais simples, que se assemelham a controles de televisão comuns, a alguns modelos mais incomuns, como iphones (utilizando o modulo L5 remote demonstrado na figura13) e videogames, como citado por Eisenhauer (2005). Figura 13 - L5 Remote Fonte: http://www.iphoneincanada.ca/tips-tricks/l5-remote-for-iphone-coming-soon/ Estes controles remotos universais "copiam" as funções dos controles remotos comuns, substituindo-os. É um modelo compacto e ergonômico que dispõe de um display de toque com botões virtuais configuráveis de acordo com a necessidade do cliente. Desta maneira ele é fácil de operar mesmo nos mais sofisticados sistemas. Estes dispositivos eliminam a necessidade de múltiplos controles, pois os códigos de IR (infravermelho) abrangem virtualmente qualquer marca de equipamento que podem ser transferidos com rapidez, além de vir pré-programado de fábrica para operar com um número bastante elevado de equipamentos. Normalmente estes controles universais incluem características avançadas como teclas macro que podem ser programadas para modificar de um controle mais geral a outro mais especifico, num único toque em seu teclado virtual. No presente trabalho foi escolhido o modelo touch screen(figura14) pois segundo Teza (2002), o mesmo apresenta grande flexibilidade de controle, desenho ergonômico, painel 23 de LCD iluminado com botões virtuais para maior independência funcional para os portadores de paraplegia e até de tetraplegia. Além disso, dispõe de grande capacidade de memória, software próprio com possibilidade de download pela Internet, programação avançada de macros, dentre outras vantagens. Como já dito anteriormente, como protocolo de comunicação foi utilizado protocolo CEBus para comunicar o controle a um dispositivo de interface, que por sua vez utiliza o protocolo UPnP para fazer a ponte lógica do controle e o acionamento propriamente dito todo idealizado no protocolo X10. Figura 14 - Controle Touch-Screen Fonte: http://domokyo.com/control4-lanza-nuevon-panel-tactil-de-control-centralizado/ 24 CAPÍTULO 4 – OPERACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO 4.1- INTERFACES DO CONTROLE Buscando a interface mais amigável possível, o programa do controle universal tem funções de memória e personalização podendo colocar fotos de família ao fundo de tela ou a imagem que se preferir, no exemplo apresentado na figura 15 foi colocado uma foto tirada pelo utilizador como forma de demonstração nesse sistema. Figura 15- Tela Home 4.2 - CONTROLE DE LUZES O controle de luzes se dá clicando no ícone da luminária do menu principal (figura 11). Em seguida o programa muda a tela para um detalhamento das quatro luzes da casa, sendo duas apenas para ligar e desligar (cozinha e banheiro) e duas com funções mais complexas como controlar iluminação, e gravar cenários (Figura 16). Para voltar ao menu inicial é só clicar no ícone de home (ícone localizado no canto inferior direito). Figura 16 – Tela de Controle de Luz 25 4.3 - CONTROLE DE PERSIANAS Para controlar as persianas basta clicar no ícone da persiana do menu principal (figura 15). Em seguida o programa mudará a tela para um menu com quatro botões em forma de setas, para baixo - para descer as persianas, para cima - para recolhê-las, para o lado direito e esquerdo - para rotacioná-las (Figura 17). Para voltar ao menu inicial é só clicar no ícone de home. Figura 17 - Tela Controle de Persianas 4.4 - CONTROLE DE CIRCUITO INTERNO DE TELEVISÃO Para controlar o CFTV, basta clicar no ícone da câmera do menu principal (figura 15). Logo após o programa mudará a tela cuminando em uma tela com a imagem atual da câmera, dois botões em forma de seta para rotacionar a câmera e um terceiro, em forma de cadeado, para abrir a porta da residência (Figura 18). Para voltar ao menu inicial é só clicar no ícone de home. Figura 18 - Tela Controle de CFTV 26 4.5 - CONTROLE DE SOM E VIDEO Para controlar o Som e video, basta clicar no ícone do Som e video no menu principal(figura 15). Logo após o programa mudará a tela para uma tela com três botões, cada um cominará em um novo menu para controlar um dispositivo (Figura 19), esses menus serão configurados pelo próprio usuário com o comandos que ele mais utiliza ou quer sempre tê-los a mão. Assim como os anteriores para voltar ao menu inicial é só clicar no ícone de home. Figura 19 - Tela Controle de Som e video 27 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES Ao final deste trabalho, considera-se que o presente estudo responde à sua questão central de como pode ser composto um sistema domótico que facilite a vida cotidiana de pessoas portadoras de paraplegia e que lhes possibilite melhor autonomia, ao mesmo tempo em que cumpre os seus objetivos geral e específico. O sistema proposto mostra-se viável por ser simplificado e aplicável a residências já construídas, sem a necessidade de reformas. Além da contribuição social da presente proposta, visto que vislumbra a possibilidade de propiciar maior autonomia e facilitar a vida dos portadores de paraplegia, o presente estudo contribui academicamente para trabalhos voltados para a área que apresenta grande escassez de bibliografia, sendo esta, uma das principais dificuldades encontradas em estudos sobre a domótica. 28 REFERENCIAS BILIOGRÁFICAS ALIEVI, C. A. 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