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FACULDADE EDUCAMAIS GRUPO UNIMAIS PROJETO DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Alex Böger São José dos Pinhais, PR, Brasil 2021 PROJETO DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO Alex Böger Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Grupo Unimais da Faculdade Educamais como requisito para a obtenção de Pós Graduação em Engenheira de Prevenção Contra Incêndios e Controle de Pânico. São José dos Pinhais PR, Brasil 2021 RESUMO Trabalho de conclusão de curso PROJETO DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO AUTOR: Alex Böger DATA E LOCAL DA DEFESA: São José dos Pinhais, 19 de fevereiro de 2021. O presente TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) trata sobre a prevenção e combate a incêndios em edificações em geral. Apresenta as novas leis e as normas que regulamentam os projetos de prevenção a incêndio no Estado do Rio Grande do Sul, especificamente na cidade de Santa Maria, e que servirão como base principal deste trabalho. Destaca as características do fogo e formas de extingui-lo. Descreve como se dá o desenvolvimento do incêndio, suas fases e suas classes. Lista os principais equipamentos de combate e técnicas de prevenção a incêndios, suas peculiaridades de instalação e elaboração. Apresenta também a situação atual da área de segurança contra incêndios e os desafios que ainda precisam ser superados para uma prevenção mais eficaz. Palavras-chave: Projeto. Segurança. Incêndio. ABSTRACT Completion of Course Work PROJECT OF PREVENTION AND FIRE FIGHTING AUTHOR: Alex Böger Date and place of defense: Santa Maria, February 19, 20121 This Conclusion Course Work deals with the prevention and control of fires in buildings in general. Presents the new laws and regulations governing fire prevention projects in the state of Rio Grande do Sul, specifically in the city of Santa Maria, which will serve as the primary basis of this work. Highlights the characteristics of fire and how to extinguish it. Describes how is the development of the fire, its phases and its classes. List the principal fighting equipment and fire-prevention techniques, your installation quirks and project design. It also presents the current situation of the fire safety area and the challenges that still need to be overcome to more effective prevention. Keywords: Project. Security. Fire. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Natureza de incêndios no Estado de São Paulo no ano de 2006 ................. 31 Tabela 2 - Classificação das edificações quanto à sua ocupação .................................. 33 Tabela 3 - Classificação das edificações quanto à altura ............................................... 35 Tabela 4 - Classificação das edificações quanto às suas dimensões em planta ............. 35 Tabela 5 - Classificação das edificações quanto às suas características construtivas .... 36 Tabela 6 – Classificação quanto à ocupação ................................................................... 37 Tabela 7 – Alteração na Tabela 1 da Lei 14.376/2013 ................................................... 38 Tabela 8 – Classificação quanto à altura ........................................................................ 38 Tabela 9 – Classificação quanto à carga de incêndio ..................................................... 39 Tabela 10 – Carga de incêndio relativa à altura de armazenamento .............................. 40 Tabela 11 – Classificação quanto ao risco ...................................................................... 41 Tabela 12 – Medidas segurança ocupação residencial .................................................... 42 Tabela 13 – Tabela 6J.1 .................................................................................................. 43 Tabela 14 – Tabela 6G.2 ................................................................................................. 44 Tabela 15 – Dados para o dimensionamento das saídas .................................................. 45 Tabela 16 - Tipo de Sistemas ......................................................................................... 49 Tabela 17 - Componentes para cada hidrante simples ou mangotinho .......................... 50 Tabela 18 - Classificação das edificações e aplicabilidade dos sistemas ...................... 51 Tabela 19 - Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de RTI mínima (m³) ......... 53 Tabela 20 - Tipos de sistemas de proteção por hidrante ou mangotinho ....................... 54 Tabela 21 - Componentes para cada hidrante ou mangotinho ....................................... 54 Tabela 22 – Temperatura de rompimento dos sprinklers segundo a cor ........................ 59 Tabela 23 – Recomendações para cada unidade extintora .............................................. 60 Tabela 24 - Número de saídas e tipos de escadas ........................................................... 63 Tabela 25 - Distâncias máximas a serem percorridas ..................................................... 64 Tabela 26 – Exigência de alarme .................................................................................... 70 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Triângulo do Fogo .................................................................................... 16 Figura 2 – Quadrado do Fogo .................................................................................... 17 Figura 3 – Incêndio no Edifício Joelma, em 1º de Fevereiro de 1974 ....................... 25 Figura 4 - Cálculo Carga de Incêndio ........................................................................ 41 Figura 5- Dispositivo de recalque no passeio ............................................................. 48 Figura 6 – Sistema tipo 1 - Mangotinho com tomada de água para mangueira de 40 mm ......................................................................................................................... 50 Figura 7 – Sistema tipo 2 - Hidrante duplo com mangueira semi-rígida acoplada .... 51 Figura 8 – Rede de tubulações ..................................................................................... 58 Figura 9 – Distribuição de extintores em edificação de risco médio ........................... 60 Figura 10 – Rota de fuga edificação tipo Y ................................................................ 64 Figura 11 – Iluminação de emergência ....................................................................... 67 Figura 12 – Exemplos de sinalização ........................................................................... 71 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Curva de evolução do incêndio celulósico ................................................... 21 LISTA DE ANEXOS ANEXO A – SOLICITAÇÃO DE ANÁLISE .......................................................... 81 ANEXO B – MEMORIAL DESCRITIVO DO PRÉDIO ....................................... 82 ANEXO C – MEMORIAL DESCRITIVO DOS EXTINTORES DE INCÊNDIO ................................................................................................................ 84 ANEXO D – MEMORIAL DESCRITIVO DO SISTEMA AUTOMÁTICO DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO ..................................................................................... 86 ANEXO E – MEMORIAL DESCRITIVO DA INSTALAÇÃO HIDRÁULICA DE HIDRANTES E MANGOTINHOS .................................................................... 87 ANEXO F – MEMORIAL DESCRITIVO DA ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ............................................................................................................ 88 ANEXO G – MEMORIAL DESCRITIVO DO ALARME DE INCÊNDIO .......... 89 ANEXO H – MEMORIAL DESCRITIVO DAS SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ... 90 ANEXO I – EXEMPLO DE PLANTA INCLUÍDA NO PPCI COM AS SIMBOLOGIAS DOS SISTEMAS DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO DE INCÊNDIO .................................................................................................................... 92 SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 Justificativa ........................................................................................................... 14 1.2 Objetivos ................................................................................................................ 14 1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 14 1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 14 1.3 Metodologia ............................................................................................................ 15 1.4 Estrutura de apresentação do trabalho ............................................................... 15 2 CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................................... 16 2. 1 Conceito de fogo .................................................................................................... 16 2.2 Formas de transmissão do calor ............................................................................ 18 2.3 Métodos de extinção do fogo ................................................................................. 18 2.4 Conceito de incêndio ............................................................................................... 19 2.4.1 Principais causas de incêndio ................................................................................ 20 2.4.2 Fatores que influenciam o incêndio ....................................................................... 20 2.5. Classes de incêndios ............................................................................................... 22 3 LEGISLAÇÃO ........................................................................................................... 24 3.1 Breve histórico da segurança contra incêndio no Brasil ...................................... 24 3.2 Normas, leis e decretos ............................................................................................ 27 3.3 Código de obras ....................................................................................................... 28 4 PPCI ............................................................................................................................. 29 4.1 Projeto arquitetônico .............................................................................................. 31 4.2 Classificação da classe de ocupação e classes de risco ......................................... 32 4.2.1 Classificação segundo a NBR 9077 ....................................................................... 33 4.2.2 Classificação segundo a Lei Complementar nº 14.376 atualizada ......................... 36 4.3 Determinação das medidas de segurança contra incêndio .................................. 41 4.4 Cálculo da população ............................................................................................. 45 4.5 Sistema de hidrantes e mangotinho ....................................................................... 46 4.5.1 Partes do sistema .................................................................................................... 46 4.5.2 NBR 13714/2000 versus IT 22/2011 ..................................................................... 49 4.5.2.1 Dimensionamento pela NBR 13714 ................................................................... 49 4.5.2.1 Dimensionamento pela IT 22 .............................................................................. 52 4.5.3 Hidrantes versus mangotinhos ................................................................................ 54 4.5.4 Cálculo hidráulico ................................................................................................... 56 4.6 Sistema de chuveiro automático ............................................................................. 56 4.6.1 Partes do sistema ..................................................................................................... 57 4.7 Extintores .................................................................................................................. 59 4.7.1 Número de extintores e sua distribuição ................................................................. 59 4.7.2 Recomendações gerais ............................................................................................ 61 4.8 Saídas de emergência ............................................................................................... 61 4.8.1 Número de saídas e tipo de escadas ....................................................................... 62 4.8.2 Distâncias máximas a serem percorridas ................................................................ 63 4.8.3 Largura das saídas de emergência .......................................................................... 64 4.9 Sistema de iluminação de emergência .................................................................... 65 4.9.1 Características do sistema ........................................................................................ 65 4.9.2 Distribuição das luminárias ...................................................................................... 67 4.10 Sistema de detecção e alarme de incêndio ............................................................ 67 4.10.1 Sistema acionado manualmente ............................................................................. 68 4.10.2 Sistema acionado por detectores automáticos ....................................................... 68 4.10.3 Exigência de alarme ............................................................................................... 69 4.11 Sinalização de emergência ..................................................................................... 70 4.12 Brigada de incêndio e SPDA ................................................................................. 71 4.13 Laudos Técnicos ..................................................................................................... 72 4.13.1 Laudo de segurança estrutural ............................................................................... 72 4.13.2 Laudo de materiais de acabamento ....................................................................... 73 5 DESAFIOS DA ÁREA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (SCI) ............ 74 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 77 ANEXOS .......................................................................................................................... 80 1 INTRODUÇÃO A Prevenção e Combate a Incêndios surgiu já na pré-história, quando o homem começou a utilizar o fogo para as mais variadas atividades: aquecimento, preparo de alimentos, têmpera de metais, etc. Durante sua evolução, constatou-se que os seres humanos sempre tentaram dominar as forças da natureza. Porém, a exemplo de tantas outras, o fogo, que tantos préstimos faz ao homem, quando fora de controle possui uma capacidade imensa de destruição, através dos denominados incêndios (sinistros). Seus efeitos são destruidores, na forma de perdas patrimoniais e também humanas. Com o intuito de proteger-se, uma série de medidas de combate ao fogo foram sendo adotadas, bem como o desenvolvimento de novos equipamentos, novas técnicas e o mais importante, novas legislações e constantes atualizações das mesmas. Infelizmente, foram necessárias muitas mortes para que legislações de prevenção contra incêndio fossem criadas e, depois de criadas, muitas outras ainda foram necessárias para que tais normas fossem cumpridas. Pode-se ter comoexemplo o recente incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, que deixou como legado uma maior exigência dos órgãos fiscalizadores, duas novas Leis Complementares do Estado do Rio Grande do Sul, a de nº 14.376 de 26 de dezembro de 2013, e a nº 14.555 de 02 de Julho de 2014, e um crescimento da importância a essa prevenção em todo o país. Tem-se atualmente uma enorme quantidade e variedade de normas e leis que devem ser cumpridas, tanto em nível federal como estadual e mesmo municipal, sobre os mais variados tipos de edificações, que detalham todos os equipamentos necessários, condutas no momento do incêndio, manutenção, bem como cuidados especiais já na elaboração de projetos e construção. E é nesse momento que entra a nossa contribuição para a sociedade como profissionais, quando se assume a responsabilidade de organizar todo o Projeto de Prevenção e Combate à Incêndio (PPCI), com toda a sua abrangência, buscando ao máximo prevenir qualquer incidente e, no caso do mesmo ocorrer, minimizar as perdas materiais e evitar as humanas. No entanto, vale salientar que a consciência da importância da prevenção de incêndios não deve ser apenas dos profissionais ligados à área, como arquitetos, engenheiros, bombeiros e profissionais da saúde, mas ser inerente a todos, sendo vitais campanhas com ênfase em conhecimentos básicos (os riscos do fogo, os perigos de brincadeiras com fogos de artifícios e balões, riscos elétricos, riscos dos produtos químicos domésticos, entre outros) e treinamento 14 básico (uso correto de extintores, mangotinhos, formas de propagação do fogo, procedimento de emergência, rotas de fuga, etc.). “O incêndio existe onde a prevenção falha” (FERIGOLO, 1977, p. 7). 1.1 Justificativa Analisar quais critérios das Normas, Leis e Decretos deve-se observar e/ou respeitar na elaboração de um Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio de qualquer edificação, seja ela comercial, residencial ou industrial, bem como a documentação necessária no encaminhamento aos órgãos fiscalizadores. Também serão apontadas algumas dificuldades que surgem na elaboração do mesmo, devido às mais variáveis causas. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral O objetivo desse trabalho consiste em definir, em nível de projeto das edificações, os aspectos de dimensionamento, equipamentos, treinamento e documentação de prevenção de incêndios exigidos pela Legislação vigente no Estado do Rio Grande do Sul, bem como outras que também são recomendadas tecnicamente, como instruções técnicas do Corpo de Bombeiros de São Paulo, normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Código de Obras da cidade de Santa Maria. Também serão comparados os níveis de segurança e rigidez de cada uma delas e as dificuldades na definição de um plano final para elaboração de um PPCI correto e efetivo. 1.2.2 Objetivos específicos • Revisar a diferença entre fogo e incêndio, conceito de fogo, métodos de transmissão do calor, métodos de extinção do fogo e classes de incêndio. • Abordar os maiores incêndios no Brasil e suas consequências na legislação. • Iniciando o PPCI: analisar cada aspecto e suas respectivas normas. • Enfatizar as dificuldades encontradas. 15 1.3 Metodologia O trabalho proposto consiste em uma revisão bibliográfica acerca do tema “Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio”, e foi elaborado com base em artigos, livros e resenhas de diversos autores, bem como consultas a normas, leis e decretos. 1.4 Estrutura de apresentação do trabalho Primeiramente, este trabalho se propõe a realizar uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos de fogo e incêndio. Após, aborda-se a questão da legislação nacional, estadual e municipal, com um breve histórico de grandes incêndios no Brasil. Em seguida, serão desenvolvidos detalhadamente os principais sistemas de proteção e combate a incêndio que podem ser exigidos para a segurança de uma edificação, bem como um resumo das normas e leis a que se deve ter atenção no seu dimensionamento. Para encerrar, faz-se uma análise crítica acerca das dificuldades dos profissionais nessa área, que possui uma grande demanda no momento e é objeto de muitos estudos. 2 CONCEITOS BÁSICOS 2. 1 Conceito de fogo Segundo Ferigolo (1977, p. 11) “para fazermos uma prevenção de incêndio adequada é necessário primeiro colocarmos o fogo sob todos os seus aspectos: sua constituição, suas causas, seus efeitos e, principalmente, como dominá-lo”. O fogo é o resultado de uma reação química, denominada combustão, que se caracteriza pelo desprendimento de luz e calor. Essa reação de combustão só acontece se houver a presença simultânea de três elementos essenciais, em suas devidas proporções: combustível, calor e um comburente (oxigênio do ar). Esses elementos formam a clássica figura do Triângulo do Fogo (Figura 1). Figura 1 – Triângulo do Fogo Fonte: Manual de Prevenção Contra Incêndios (1986). - Combustível: é o elemento que, ao mesmo tempo em que alimenta o fogo, serve de campo de propagação para o mesmo. São todas e quaisquer substâncias sólidas, líquidas ou gasosas que, após atingir uma temperatura de ignição, combinem quimicamente com outra, gerando uma reação exotérmica, liberando calor e luminosidade. Os materiais orgânicos são todos combustíveis. Já os inorgânicos apenas alguns. A combustibilidade de um corpo depende de sua maior ou menor facilidade de combinação com o oxigênio, sob ação do calor. - Comburente: trata-se do oxigênio existente no ar atmosférico. É o elemento ativador do fogo, que dá vida às chamas e intensifica a combustão, tanto que em ambientes 17 pobres em oxigênio o fogo não tem chamas e em ambientes ricos em oxigênio as chamas são intensas, brilhantes e de altas temperaturas. Normalmente, o oxigênio está presente no ar a uma concentração de 21%. Quando esta concentração é inferior a 15%, não haverá combustão (UMINSKI, 2003, p. 2). - Calor: é o elemento que serve para dar início ao fogo, para mantê-lo e incentivar sua propagação. Pode ser resultado da ação da luz solar, queda de meteoros, raios, curto-circuitos em redes elétricas ou mesmo de descuidos humanos, como pontas de cigarros, aparelhos aquecedores, velas acesas, fósforos, etc. Os combustíveis, em geral, precisam ser transformados em gases para queimar e o calor necessário para vaporizá-los varia muito de corpo para corpo. A gasolina, por exemplo, vaporiza a uma temperatura bem baixa, enquanto que a madeira ou mesmo o carvão exigem mais calor. Aumentando o calor, pode-se vaporizar quase todos os combustíveis. Vale ressaltar que, após vaporizar, é necessário ainda mais calor para que a queima do material aconteça. Exemplo disto é a gasolina, que vaporiza a cerca de 40ºC, mas só queima a uma temperatura de 275ºC (FERIGOLO, 1977, p. 12). Essa representação mais famosa do fogo pelo triângulo nada mais é do que uma representação didática. Na realidade, existe ainda um quarto elemento, sem o qual o fogo não se mantém: a reação química em cadeia. Portanto, uma representação mais adequada é a do Quadrado do Fogo (Figura 2). Figura 2 – Quadrado do Fogo Fonte: Ferigolo (1977, p. 14). 18 A reação química em cadeia nada mais é do que a transferência de energia de uma molécula em combustão para outra intacta. Os combustíveis, após entrarem na fase de combustão, geram mais calor. Esse calor vai gerar o desprendimento de mais gases combustíveis que, novamente, combinados com o oxigênio do ar, darão continuidade à reação de combustão. Deste modo, tem-se uma reação em cadeia, com uma transformação gerando outra transformação (UMINSKI, 2003, p. 3). 2.2 Formas de transmissão do calor Segundo Ferigolo (1977) é vital, tanto no estudo de prevenção quanto de extinção do fogo, conhecer como o calor pode ser transmitido. Essa transmissão de energia se processa através do ar atmosférico ou da própria estrutura do corpo combustível e dos líquidose gases nas suas proximidades. O calor se propaga sempre dos pontos mais quentes para os mais frios de três maneiras diferentes e, muitas vezes, associadas: - Condução: a transferência de calor se faz por contato direto entre um corpo e outro, de molécula em molécula, ou através de um meio intermediário, sólido, liquido ou gasoso que seja condutor de calor. Não há transferência de calor por condução através do vácuo e os sólidos são melhores condutores que os gases. (Ex.: barra de ferro levada ao fogo). - Convecção: a transferência de calor se faz através de movimentos de massas de gases ou líquidos. Uma massa de ar, ao ser aquecida, se torna mais leve, menos densa, e tende a subir para as partes mais altas do ambiente. Muitas vezes, essas massas de ar podem levar calor suficiente para que, ao ascenderem e se deslocarem horizontalmente em um ambiente fechado, iniciar o fogo em materiais combustíveis com os quais entrem em contato. - Irradiação: a transferência de calor se faz por meio de ondas caloríficas que se deslocam através do espaço vazio. (Ex.: calor que recebemos do sol). 2.3 Métodos de extinção do fogo Como citado anteriormente, a condição imprescindível para ocorrer o surgimento do fogo é a união dos elementos combustível, oxigênio e calor. A extinção se dá quando se elimina um desses elementos ou se interrompe o processo de reação química em cadeia, impedindo que o fogo continue. Têm-se quatro métodos básicos de extinção: 19 - Resfriamento: consiste em retirar ou diminuir o calor do material incendiado, até o ponto em que não libere mais vapores que reajam com o oxigênio, impedindo o avanço do fogo. É o processo mais usado. Exemplo: uso de água. - Abafamento: consiste em impedir ou diminuir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo concentração suficiente de comburente no ar para reagir (concentração de O2< 15%) não haverá fogo. Exemplos: cobertura total do corpo em chamas, fechamento hermético do local, emprego de areia, terra, etc. Como exceções, existem materiais que possuem oxigênio em sua composição, como os peróxidos orgânicos e a pólvora. - Isolamento: consiste na retirada, diminuição ou interrupção do material (combustível) não atingido pelo fogo, com suficiente margem de segurança, para fora do campo de propagação do fogo. Exemplos: interrupção de vazamento de um liquido combustível, realização de aceiro em incêndios florestais, retirada manual do material, fechamento de válvula de gás, etc. - Interrupção da reação química em cadeia: consiste em utilizar determinadas substâncias que têm a propriedade de reagir com algum dos produtos intermediários da reação de combustão, evitando que esta se complete totalmente. Pode-se impedir que materiais combustíveis e comburentes se combinem colocando-se materiais mais reativos e menos exotérmicos na queima. Exemplos: bicarbonato de sódio (extintor de PQS), bicarbonato de potássio, etc. 2.4 Conceito de incêndio O livro Segurança Contra Incêndio no Brasil (2008), escrito sob a coordenação de Alexandre Seito, fornece algumas definições. Pela própria NBR 13860, tem-se que: “incêndio é o fogo fora de controle”. Pela Internacional ISO 8421-1, tem-se que: “incêndio é a combustão rápida disseminando-se de forma descontrolada no tempo e espaço”. Sabe-se que sempre será um dever dos profissionais da engenharia prevenir e lutar contra aquilo que ameaça bens materiais e vidas. Como resultado da queima de combustíveis, o incêndio produz: - gases; - chamas; - calor; - fumaça. 20 Todas estas substâncias são altamente prejudiciais e ameaçadoras da saúde humana, podendo provocar queimaduras, irritação nos olhos e lesões ao aparelho respiratório decorrente dos gases liberados (monóxido de carbono, amoníaco, etc.). 2.4.1 Principais causas de incêndio As causas de um incêndio podem ser classificadas em três grupos (FERIGOLO, 1977, p. 20): - Causas naturais: não dependem da vontade do homem. Ex.: raios, vulcões, terremotos, calor solar, combustão espontânea, etc. - Causas acidentais: muito variáveis. Ex.: chamas expostas, eletricidade, balões, ratos, etc. - Causas criminosas: fraudes para receber seguros, queima de arquivo, inveja, crimes passionais, piromania, etc. 2.4.2 Fatores que influenciam o incêndio Segundo Seito et al. (2008, p. 43), não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que concorrem para seu início e desenvolvimento, podendo-se citar: • forma geométrica e dimensões da sala ou local; • superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos; • distribuição dos materiais combustíveis no local; • quantidade de material combustível incorporado ou temporário; • características de queima dos materiais envolvidos; • local do início do incêndio no ambiente; • condições climáticas (temperatura e umidade relativa); • aberturas de ventilação do ambiente; • aberturas entre ambientes para a propagação do incêndio; • projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício; • medidas de prevenção de incêndio existentes; • medidas de proteção contra incêndio instaladas. 21 O incêndio inicia-se bem pequeno e seu crescimento dependerá dos materiais disponíveis e sua distribuição no ambiente. Há certo padrão de evolução que pode ser identificado, como citado no Gráfico 1. Gráfico 1 - Curva de evolução do incêndio celulósico Fonte: Seito et al. (2008, p. 44) Três fases distintas podem ser identificadas no gráfico: a primeira fase é o incêndio incipiente, tendo-se um crescimento lento, em geral de duração entre cinco a vinte minutos até a ignição, em que inicia a segunda fase, caracterizada pelas chamas que começam a crescer aquecendo o ambiente. O sistema de detecção de fumaça e alarme deve operar na primeira fase e o combate a incêndio e consequente extinção tem grande probabilidade de sucesso. Quando a temperatura do ambiente atinge em torno de 600ºC (a esta temperatura, estruturas de aço comumente usadas na construção civil começam a perder sua resistência, tendo início os riscos de desabamento), o que ocorre rapidamente, todo o ambiente é tomado por gases, vapores combustíveis e fumaça desenvolvidos na pirólise dos combustíveis sólidos. Havendo líquidos combustíveis, eles irão contribuir com seus vapores e ocorrerá a inflamação generalizada (flashover) e o ambiente será tomado por grandes labaredas. Caso o incêndio seja combatido antes dessa fase (por chuveiros automáticos, hidrantes e mangotinhos) haverá grande probabilidade de sucesso na sua extinção. A terceira fase é caracterizada pela diminuição gradual da temperatura do ambiente e das chamas, o que ocorre por exaurir o material combustível (SEITO et al., 2008, p.44). 22 2.5 Classes de incêndios Essa Classificação foi elaborada pela NFPA - Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA, e adotada pelas seguintes instituições: IFSTA - Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA; ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas/BR; e Corpos de Bombeiros/BR. Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a situação em que se encontram. Essa classificação determina a necessidade do agente extintor adequado. - Classe “A”: fogo em combustíveis sólidos como, por exemplo, madeiras, papel, tecido, borracha, etc. É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixa como resíduos, sendo que a queima acontece na superfície e em profundidade. O melhor método de extinção é o resfriamento, sendo os agentes extintores que podem ser usados são a água e PQS ABC. - Classe “B”: fogo em líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis, como, por exemplo, gasolina, óleo, querosene, GLP, etc. É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta. O melhor método de extinção é por abafamento, sendo os agentes extintores que podem ser usados são a espuma, o PQS BC e PQS ABC. Não se deve usar a água. - Classe“C”: fogo em materiais e equipamentos energizados, como, por exemplo, motores, transformadores, geradores, etc. É caracterizado pelo risco de vida que oferece, sendo importante nunca usar extintor de água. O melhor método de extinção é por interrupção da reação em cadeia ou por abafamento, com o uso de extintores de PQS BC, PQS ABC e CO2. O extintor de CO2 é o mais indicado por não deixar resíduos que danifiquem os equipamentos. - Classe “D”: fogo em metais combustíveis, como, por exemplo, magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio e zircônio, etc. É caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns, principalmente se contem água. O melhor método de extinção é por abafamento, com o uso de extintores de pó químico seco especial (PQSE). Existem algumas classes especiais adotadas por normas internacionais e pouco conhecidas ainda no Brasil: - Classe “K”: fogo envolvendo óleo vegetal e gordura animal, tanto no estado sólido ou liquido, tendo como exemplo de ambientes as cozinhas comerciais ou industriais. Essa 23 classe é ainda pouco conhecida no Brasil. O melhor método de extinção é por abafamento e também nunca se deve usar água. Esta classe possui agente extintor especial para sua classe, com alto custo. - Classe “E”: fogo envolvendo material radioativo e químico em grandes proporções, sendo necessário equipamentos e equipes altamente treinadas. 3 LEGISLAÇÃO 3.1 Breve histórico da segurança contra incêndio no Brasil O livro Segurança Contra Incêndio no Brasil (2008) fornece um resumo objetivo da evolução das normas, leis e técnicas de prevenção e combate a incêndios no Brasil, destacando claramente que esses avanços foram resultado direto da reação da sociedade aos maiores incêndios ocorridos na história do País, que deixaram prejuízos materiais e ceifaram muitas vidas humanas. Infelizmente, foram necessárias muitas perdas para que legislações fossem criadas, melhoradas e, principalmente, cumpridas. No Brasil, pela ausência de grandes incêndios e grande número de vítimas, até a década de 1970 o problema “incêndio” ficou restrito apenas à atuação do Corpo de Bombeiros. A regulamentação era escassa, sem absorver conhecimentos internacionais e exclusiva aos Códigos de Obras de cada município, assim como a ABNT se envolvia apenas na fiscalização da produção de extintores. Não haviam normas sobre saídas de emergência, iluminação, sinalização, rotas de fuga e escadas protegidas. Por fim, ao longo dos anos, houve mudanças em todo esse quadro descrito acima até se chegar à legislação atual, após uma sequência de tragédias. O maior incêndio em perda de vidas, até hoje, aconteceu em 1961, na cidade de Niterói (RJ), quando por causas criminosas o toldo do Gran Circo Norte-Americano pegou fogo e caiu sobre os espectadores. Não havia sinalização ou saídas suficientes e nenhum pessoal treinado. O resultado foi 250 mortos e 400 feridos. Ainda assim, tanto as seguradoras quanto o poder público ainda não tinham sido impactados para gerar mudanças. Mais uma vez o início da revolução nessa área da construção civil só veio depois de mais dois grandes incêndios. O primeiro foi no ano de 1972, no Edifício Andraus, de 31 andares, construído em concreto armado e com fachada em vidro, no centro da cidade de São Paulo. O incêndio deixou 16 mortos e 336 feridos. Os números só não foram piores porque as pessoas se refugiaram no heliponto do edifício e ficaram protegidas pela laje de cobertura, sendo resgatadas por helicópteros. Depois do ocorrido, a Prefeitura de São Paulo criou grupos de trabalho para estudar reformulações nas legislações e Código de Obra da cidade, mas as sugestões terminaram engavetadas, sem qualquer efeito prático. 25 Dois anos depois, em 1974, acontece o grande incêndio no Edifício Joelma, de 23 andares, em concreto armado, também localizado na cidade de São Paulo. O saldo é assustador, com 179 mortos e 320 feridos, gerando grande comoção devido às imagens fortes de pessoas se projetando do prédio. Figura 3 – Incêndio no Edifício Joelma, em 1º de Fevereiro de 1974 Fonte: Seito et al. (2008, p. 24). Devido à proximidade, tanto espacial quanto temporal, do incêndio no Edifício Andraus, o impacto na opinião pública foi gigantesco. Percebeu-se a inaptidão dos poderes tanto municipal quanto estadual para lidar com situações de risco, tanto pelo despreparo do Corpo de Bombeiros quanto pelas consequências de grandes falhas nas legislações. É nesse momento que se tem o início da criação de Comissões, Decretos, Normas e aperfeiçoamento de todos os sistemas existentes atualmente, unificando toda a linguagem de incêndio para todas as regiões do País, sendo o Estado de São Paulo sempre um pioneiro nessa área. Pode-se ainda, com base no livro Instalações Hidráulicas de Combate a Incêndios nas Edificações (2011), de autoria do Professor e Engenheiro Civil Telmo Brentano, citar uma lista de grandes incêndios nacionais: - Conjunto Nacional (São Paulo, 1978); - Edifício Grande Avenida (São Paulo, 1981); - Torres da CESP (São Paulo, 1987); - Lojas Americanas (Porto Alegre, 1973); - Lojas Renner (Porto Alegre, 1976); 26 - Edifício Andorinhas (Rio de Janeiro, 1986). E como não se destacar o mais recente deles, a maior tragédia da história do Estado do Rio Grande do Sul e uma das motivações do desenvolvimento dessa monografia, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de Janeiro de 2013, deixando 242 mortos e 680 feridos. Como é usual, esse acontecimento colocou novamente em pauta a segurança contra incêndio nas edificações do país, levando a novas pesquisas, criação de duas novas Leis Complementares no Estado do RS, que tornaram mais rígidas a concessão de alvarás, fornecendo novos detalhamentos de procedimentos e equipamentos de emergência, bem como maior segurança para espaços com aglomeração de pessoas, como casas de shows e eventos públicos. Ao mesmo tempo, a mídia associou o incêndio em Santa Maria com outro ocorrido em 30 de dezembro de 2004, em Buenos Aires, no Boliche República Cromagnon, que deixou 175 mortos e 714 feridos. Indica-se como causa do incêndio o uso de fogo de artifício no interior da edificação, o qual teria inflamado o material de acabamento do teto. Houve problemas com as rotas de fuga - quatro, das seis portas de saída, apresentavam alguma forma de bloqueio, para evitar acesso gratuito de pessoas. A maioria das vítimas teve problemas por inalação de fumaça e gases aquecidos, com queimaduras nas vias aéreas. Não por acaso há muitas semelhanças. A partir de todos esses dados, pode-se concordar com Alexandre Seito: Entendemos que para os locais de reunião de público ainda não temos um controle efetivo das lotações, não fornecemos adequada informação a seus frequentadores para que eles possam sair em segurança e denunciar abusos, nem cuidamos adequadamente dos materiais de acabamento. Esses incêndios apontam para uma medida de proteção contra incêndio essencial para essa ocupação, que falhou em ambos: o gerenciamento. Apenas resta aos profissionais da área de elaboração e fiscalização de PPCIs, finalmente, aprender com os fatos ocorridos e colocar em prática seus conhecimentos para evitar que a história se repita. 27 3.2 Normas, leis e decretos 1 Pela própria definição usada pela ABNT, “norma técnica é um documento, estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para um uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto.” Esse organismo reconhecido é a própria ABNT e nessas normas técnicas entram as NBRs, que podem ser meras recomendações feitas pela ABNT com base em estudos e testes em laboratórios, bem como o conhecimento acumulado ao longodo tempo pelos profissionais em cada área, porém, quando são mencionadas pelo poder público em Decretos, Leis ou Portarias, torna-se obrigatório o seu cumprimento. Há um infinito número de NBRs, principalmente na área da Engenharia Civil, sendo vital sua consulta, especialmente na área de Prevenção e Combate a Incêndio, devido às constantes atualizações nas mesmas. As leis são criadas pelo Estado para estabelecer as regras que devem ser seguidas, constituindo um ordenamento, cuja máxima é a própria Constituição Federal. A totalidade das leis que governam uma sociedade é chamada legislação. No caso de PPCIs, existem duas novas leis muito importantes no Estado do Rio Grande do Sul, aprovadas pela Assembleia Legislativa Estadual, a Lei Complementar nº 14.376, de 26 de Dezembro de 2013, e a seguinte Lei Complementar nº 14.555, de 02 de Julho de 2014, ambas aprovadas por pressão, tanto popular quanto dos órgãos fiscalizadores e de Engenharia, após o incidente na Boate Kiss. Também cabe citar a Lei Estadual nº 10.987, de 11 de agosto de 1997, que estabelece normas sobre sistemas de prevenção e proteção contra incêndios, dispõe sobre a destinação da taxa de serviços especiais não emergenciais do Corpo de Bombeiros e dá outras providências. Já um decreto é usualmente utilizado pelo chefe do poder executivo para fazer a regulamentação de leis; ou seja, o decreto detalha a Lei, não podendo ir contra ela ou além dela. No Estado do Rio Grande do Sul, o decreto mais importante na área de incêndio é o Decreto Estadual nº 37.380, de 28 de abril de 1997, que institui as Normas Técnicas de Prevenção de Incêndios e determina outras providências, com subsequentes alterações feitas pelo Decreto Estadual nº 38.273, de 09 de Março de 1998. Este constituiu um marco na segurança contra incêndio no Estado, pois obrigou todas as edificações residenciais coletivas, 1 Todas as Leis, Decretos e demais Portarias e Instruções Técnicas podem ser consultadas no site oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) no endereço <http://www.bombeiros- bm.rs.gov.br>. Uma lista das NBRs vigentes na área de Incêndios pode ser consultada em: <http://www.abntcatalogo.com.br/normagrid.aspx>. http://www.bombeiros-bm.rs.gov.br/ http://www.bombeiros-bm.rs.gov.br/ 28 comerciais, industriais e de localização temporária, como circos, espetáculos musicais, etc., a terem um PPCI. Existem ainda as Portarias e Instruções Técnicas (ITs), emitidas pelo Corpo de Bombeiros da Brigada Militar, destinadas à padronização de procedimentos e definição de questões em que a Legislação é vaga. O Corpo de Bombeiros é o órgão que planeja, estuda, analisa, aprova, vistoria e fiscaliza instalações e equipamentos de prevenção e proteção contra incêndio em todo território do Estado. A fim de facilitar a compreensão no estudo de PPCI, pode-se observar uma hierarquia, que ao mesmo tempo representa o crescente grau de detalhamento e especificidade das regras de dimensionamento dos vários sistemas componentes dos PPCIs (EUZEBIO, 2011, p. 19): - 1º Constituição Federal; - 2º Constituição Estadual; - 3º Lei Estadual; - 4º Decretos Estaduais; - 5º Normas citadas pelo Decreto; - 6º Leis e Decretos Municipais; - 7º Portarias, Instruções Técnicas e Pareceres do Corpo de Bombeiros. 3.3 Código de obras Código de Obras é o conjunto de leis municipais que controla o uso do solo urbano. Como o próprio Código de Obras da Cidade de Santa Maria explica em seu Art. 2º: “este Código dispõe e é aplicado sobre o projeto arquitetônico, a execução, a reforma, a modificação, a utilização, o licenciamento e a fiscalização das edificações, construções e obras, no Município de Santa Maria”. Dentro do Código de Obras, estão inclusos artigos detalhando procedimentos e normas a serem seguidos para elaboração de Projetos de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCIs), destacando, muitas vezes, a NBR 9077 e também o cumprimento das leis municipais e estaduais para aprovação dos mesmos. 4 PPCI O PPCI é o Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio e pode ser elaborado apenas por profissionais habilitados (Engenheiros Civis e Arquitetos), fiscalizado e aprovado pelo Corpo de Bombeiros, mediante vistorias e concessão de alvarás, sendo exigido por órgãos públicos para qualquer imóvel, a fim de proporcionar maior segurança às pessoas. É obrigatório para todas as edificações existentes, mesmo aquelas que se encontram em situação de construção ou reforma (naquelas que possuírem ampliação de área superior a 10% da sua área total). Segundo Brentano (2011), os principais objetivos do Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio devem ser a proteção da vida humana, a proteção do patrimônio e, por último, a continuidade do processo produtivo. A elaboração do PPCI de uma edificação deve ser focada em duas premissas básicas: - evitar o início do fogo; - havendo a ocorrência de foco de fogo, devem ser previstos meios apropriados para confinar o fogo no seu local de origem, permitir a desocupação da edificação com segurança e rapidez e facilitar o acesso e o combate ao fogo de forma rápida e eficaz. Ainda segundo Brentano (2011), as medidas de proteção da edificação ao fogo podem ser classificadas em passivas e ativas. As medidas de proteção passiva são aquelas tomadas durante a fase de elaboração do projeto arquitetônico e de seus complementares, com o objetivo de evitar ao máximo a ocorrência de um foco de fogo, e, caso aconteça, reduzir as condições propícias para o seu crescimento e alastramento para o resto da edificação e para as edificações vizinhas. Podem- se citar como exemplos: • afastamento entre edificações; • segurança estrutural das edificações; • compartimentações horizontais e verticais; • controle da fumaça de incêndio; • controle dos materiais de revestimento e acabamento; • controle das possíveis fontes de incêndio; • saídas de emergência; • sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA); • brigada de incêndio; 30 • acesso das viaturas do corpo de bombeiros junto à edificação. As medidas de proteção ativa, também chamadas de medidas de combate, são aquelas tomadas quando o fogo já está ocorrendo. São sistemas e equipamentos que devem ser acionados e operados, de forma manual ou automática, para combater o foco de fogo, com o objetivo de extingui-lo ou, em último caso, mantê-lo sob controle até sua auto-extinção, e também auxiliar na saída dos ocupantes da edificação com segurança e rapidez. Podem-se citar como exemplos: • sistema de detecção e alarme de incêndio; • sistema de sinalização de emergência; • sistema de iluminação de emergência; • sistema de extintores de incêndio; • sistema de hidrantes ou mangotinhos; • sistema de chuveiros automáticos (“sprinklers”); • sistema de espuma mecânica, em alguns tipos de risco; • sistema de gases limpos ou CO2, também em alguns tipos de risco. O PPCI deve ser entregue ao Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) para análise e aprovação. Este consiste em memoriais, laudos com suas respectivas ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) e plantas com os detalhamentos dos sistemas citados, usando simbologia padrão. Deixando de analisar a importância da segurança contra incêndio pelo ponto de vista mais vital, que é o da proteção de vidas humanas, pode-se concluir facilmente que a elaboração de um PPCI correto, seguro e dentro da legislação também possui alta vantagem econômica, tanto para o setor público quanto para o setor privado. No caso do setor privado, um incêndio gera o prejuízo decorrente da destruição total ou parcial da estrutura, lucros cessantes, perda de estoques, demolição e limpeza da área, gastos com indenizações, publicidade negativa, entre outros. No caso do poder público, tem- se gastos com equipamento, recursos e pessoal de Corpo de Bombeiros, de hospitais, perda de população economicamente ativae também o pagamento de benefícios sociais, como aposentadoria por invalidez, entre outros. Em ambos os casos, o custo de um incêndio supera e muito o custo da elaboração, instalação e fiscalização do PPCI de uma edificação e, felizmente, a sociedade vem se dando conta disso, como relata o Engenheiro Civil Mário César Borges, em entrevista publicada em 23 de Fevereiro de 2014, no jornal Correio do Estado: 31 O empresário entende que uma edificação de elevado valor pode ser totalmente destruída em função da inexistência de um equipamento preventivo que significa de 3 a 5% do valor total do imóvel. Deve-se ter em mente também que a aprovação de um projeto de segurança contra incêndio, a instalação de equipamentos preventivos e a obtenção do Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros, além de garantir a segurança, acarreta a redução do valor do seguro. O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), diferentemente do corpo de bombeiros de outros estados brasileiros, não disponibiliza dados estatísticos em seu sítio na Internet. Por outro lado, edita, anualmente, seu “Anuário Estatístico de Ocorrências”, detalhando, de modo bastante minucioso, dados sobre os vários atendimentos que realiza. Com base nesses dados, pode-se perceber a importância da proteção contra incêndios nas edificações (SEITO et al., 2008, p. 359). Tabela 1 - Natureza de incêndios no Estado de São Paulo no ano de 2006 Fonte: Seito et al. (2008, p. 359) 4.1 Projeto arquitetônico Projeto Arquitetônico é o primeiro a ser iniciado, e deve ser o último a ser concluído (Eng. Civil Telmo Brentano) Nada mais fácil, importante e eficiente do que planejar a Prevenção de Incêndio no momento em que a edificação está sendo projetada (FERIGOLO, 1977, p. 160). Em entrevista, a Professora da USP Rosaria Ono (REVISTA TÉCHNE, 2013, p. 26), especialista em arquitetura preventiva afirma: “a segurança contra incêndio nas edificações 32 começa com um bom projeto arquitetônico. A concepção das áreas de circulação, a especificação adequada dos materiais de acabamento e revestimento e o posicionamento de portas e janelas podem facilitar - ou impedir - o fogo de começar e se propagar.”. Também destaca: Hoje, por exemplo, fala-se somente em “aprovar o projeto no Corpo de Bombeiros”, que é simplesmente uma aprovação no final do processo, depois de ele já estar todo desenvolvido. Nessa fase, grande parte da concepção já está pronta e, às vezes, é tardio querer atender a algumas questões tardiamente (REVISTA TÉCHNE, 2013, p. 26). Como será visto ao longo deste estudo, o dimensionamento de muitas partes de uma edificação vai depender também das normas de incêndio. Desta forma, vãos e orientações de paredes, portas, corredores, número de saídas, instalações hidráulicas, elétricas, tipo de laje, material de pisos, tetos, entre outros, terão que absorver determinadas condições de segurança. Mesmo no caso de edificações existentes, é dever do profissional da engenharia e/ou arquitetura fazer levantamento do imóvel e, se necessário, fazer as modificações. 4.2 Classificação da classe de ocupação e classes de risco Para a classificação de qualquer edificação, primeiramente devem ser consideradas as atividades que estarão sendo realizadas naquele espaço, bem como o tipo de material da estrutura e o material de acabamento de obras já existentes ou definidos em projeto. Também deve ser feita toda a descrição do proprietário e a localização do imóvel no “Memorial”, contido no Anexo A deste trabalho, que é fornecido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, em seu site oficial, seguindo a Instrução Normativa 001.1/2014, que fornece instruções normativas de prevenção e proteção contra incêndio provisórias para aplicação da Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013. No mesmo memorial, também devem ser fornecidos os dados do Responsável Técnico (Engenheiro Civil ou Arquiteto), juntamente com seu número de registro no respectivo órgão de representação de classe. É necessário também informar a área construída da edificação (em m²) e sua altura (em m). A altura pode ser medida de duas maneiras (NBR 9077/2001): Altura descendente: medida em metros entre o ponto que caracteriza a saída ao nível de descarga, sob a projeção do paramento externo da parede do prédio, ao ponto mais alto do piso do último pavimento, não considerando pavimentos superiores destinados exclusivamente a casas de máquinas, caixas d’água e outros. 33 Altura ascendente: medida em metros entre o ponto que caracteriza a saída ao nível da descarga, sob a projeção do paramento externo da parede da edificação, ao ponto mais baixo do nível do piso do pavimento mais baixo da edificação (subsolo). 4.2.1 Classificação segundo a NBR 9077 A NBR 9077/2001 é a uma norma que trata de “Saídas de Emergência em Edifícios”, sendo a principal e mais importante NBR da área de prevenção de incêndios. É a base tanto para as Leis Complementares citadas anteriormente quanto para todas as Legislações de Prevenção de Incêndio pelo país. Suas recomendações devem ser seguidas, sendo ela mencionada tanto por Decretos Estaduais quanto pelo Código de Obras de Santa Maria. Para a classificação da “Classe de Ocupação”, temos as classes A (1 a 3), B (1 e 2), C (1 a 3), D (1 a 3), E (1 a 6), F (1 a 8), G (1 a 5), H (1 a 5), I (1 a 3) e finalmente J. Cada uma delas representando um tipo de ocupação, conforme a Tabela 2. Pela grande extensão das tabelas de classificação em função de “Classe de Ocupação” apenas partes das mesmas serão colocadas neste trabalho. 34 Tabela 2 - Classificação das edificações quanto à sua ocupação Fonte: NBR 9077/2001, Anexo, Tabela 1, p.25 A norma também apresenta tabelas de classificação em função de altura (Tabela 3) e das dimensões em planta (Tabela 4). 35 Tabela 3 - Classificação das edificações quanto à altura Fonte: NBR 9077/2001, Anexo, Tabela 2, p.27 Tabela 4 - Classificação das edificações quanto às suas dimensões em planta Fonte: NBR 9077/2001, Anexo, Tabela 3, p.28 Porém, uma das tabelas mais importantes da norma é a classificação de acordo com as características construtivas (Tabela 5), que é resultado de uma análise tanto da segurança estrutural da edificação quanto dos materiais de acabamento utilizados. Essa classificação é utilizada para preencher o item “Características Construtivas (NBR 9077 - tipo):” no “Memorial”, contido no anexo B deste trabalho. 36 Tabela 5 - Classificação das edificações quanto às suas características construtivas Fonte: NBR 9077/2001, Anexo, Tabela 4, p.28 4.2.2 Classificação segundo a Lei Complementar nº 14.376 atualizada A Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013, estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Utiliza-se o termo “atualizada”, pois ela sofreu algumas alterações pela Lei Complementar n.º 14.555, de 02 de julho de 2014. Ambas foram aprovadas após o incidente na Boate Kiss. A Lei utiliza como critérios de classificação: • altura; • área total construída; • ocupação e uso; • capacidade de lotação; • carga de incêndio (novidade na Legislação Estadual). Carga de incêndio consiste na soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis contidos num ambiente, pavimento ou edificação, inclusive o revestimento das paredes, divisórias, pisos e tetos (Lei 14.376/2013, p.3). Essa carga será importante para classificar a “Classe de Risco” da edificação e também para dimensionamento de sistemas de combate a incêndio. Pode-se observar que a tabela de classificação da “Classe de Ocupação” da Lei 14.376 atualizada (Tabela 6) é muito semelhante a da NBR 9077/2001 (Tabela 2), o que é 37compreensível, uma vez que a Lei se utilizou da norma técnica. Porém, existem diferenças. A tabela fornecida pela Lei é muito mais detalhada, incluindo novas classificações: F-9, F-10, F- 11, F-12, G-6, H-6, dividindo a classe J (1 a 4) e criando as classes L (1 a 3) e M (1 a 7). Tabela 6 – Classificação quanto à ocupação Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 1, p.21 Percebe-se também uma cobrança por maior segurança em locais públicos ou com grande aglomeração de pessoas, pelas alterações da nova Lei 14.555, simbolizada pela Tabela 7 abaixo. 38 Tabela 7 – Alteração na Tabela 1 da Lei 14.376/2013 Fonte: Lei 14.555/2014, p. 6 Tem-se a classificação em função da altura (Tabela 8). Tabela 8 – Classificação quanto à altura Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 2, p.25 Um dos pontos críticos para aprovação das Leis Complementares é a “Classe de Risco” da edificação (a ser preenchida no “Memorial”, no anexo B) em função também da carga de incêndio. Essa carga de incêndio pode ser definida levando em conta o tipo de ocupação (Tabela 9), pela altura de armazenamento no caso de depósitos (Tabela 10), ou mesmo calculada (Figura 4). 39 Tabela 9 – Classificação quanto à carga de incêndio Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 3.1, p. 26 40 Tabela 10 – Carga de incêndio relativa à altura de armazenamento Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 3.2, p.32 41 Figura 4 - Cálculo Carga de Incêndio Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 3.3, p.34 Tabela 11 – Classificação quanto ao risco Fonte: Lei 14.376/2013, anexo A, Tabela 3, p.25 4.3 Determinação das medidas de segurança contra incêndio A Lei 14.376 atualizada também define quais as medidas de segurança necessárias, quais os sistemas de proteção e combate a incêndio que precisam ser dimensionados e presentes em cada tipo de edificação. Para cada edificação, analisando área ou altura da construção e a classe de ocupação, têm-se tabelas (Exemplo: Tabela 12) determinando essas medidas a serem cumpridas. 42 Tabela 12 – Medidas segurança ocupação residencial Fonte: Lei 14.376/2013, anexo B, Tabela 6A, p.38 Com o uso destas tabelas é possível preencher o restante do “Memorial” contido no anexo B. É importante destacar que, na hipótese da edificação possuir mais de uma função ou atividade, deve-se sempre utilizar os parâmetros da “pior” situação, ou seja, aquela com maiores exigências, conforme mencionado na Lei 14.376 atualizada: “§ 4.º Nas ocupações mistas, para determinação das medidas de segurança, proteção e prevenção contra incêndio a serem implantadas, adotar-se-á o conjunto das exigências de maior nível de segurança para a edificação, avaliando-se os respectivos usos, as áreas, as alturas e a carga de incêndio”. 43 Podem-se utilizar também critérios de isolamento de risco para dividir as edificações e os sistemas de classificação. Exemplo Teórico: em uma mesma edificação de 1000 m², altura de 5m, tem-se um depósito de metais (Classe J-1) e uma oficina (Classe G-4) funcionando. Não se consegue isolar nenhuma das duas áreas e deve-se analisar a necessidade ou não se instalação de sistema de hidrantes e mangotinhos: Pela parte da edificação J-1, ao consultar-se a Tabela 6J.1 da Lei 14.376, constata-se que o sistema não é exigido. Tabela 13 – Tabela 6J.1 Fonte: Lei 14.376 44 Porém, pela parte da edificação G-4, ao consultar-se a Tabela 6G.2 da Lei 14.376, constata-se que o sistema é exigido nesse caso. Tabela 14 – Tabela 6G.2 Fonte: Lei 14.376 Portanto, toda a área da edificação deverá ser protegida por um sistema de hidrante e mangotinhos. A mesma interpretação vale para qualquer medida de segurança ou mesmo no dimensionamento de saídas de emergência, rotas de fuga, cálculo de população, número de extintores, entre outros. 45 4.4 Cálculo da população O cálculo da população é feito utilizando a NBR 9077/2001, conforme a tabela de dimensionamento das saídas. A população será a razão entre a área da edificação e o dado de “pessoas por área” fornecido pela tabela (Tabela 15) para cada classe de ocupação. Tabela 15 – Dados para o dimensionamento das saídas Fonte: NBR 9077/2001, Tabela 5, p. 29 Nota-se que muitas das classes mencionadas pela Lei 14.376 não constam nessa tabela e a mesma Lei não faz nenhuma menção ao cálculo da população ou às unidades de passagem para dimensionamento das saídas de emergência. 46 4.5 Sistema de hidrantes e mangotinho O sistema de combate a incêndios sob comando através de hidrantes e mangotinhos é um conjunto de equipamentos e instalações que permitem acumular, transportar e lançar a água (agente extintor) sobre os materiais incendiados. O sistema é composto basicamente por reserva de incêndio, bombas de recalque, rede de tubulação, hidrantes e mangotinhos, abrigo para mangueira e acessórios e registro de recalque. É fundamental, que ao utilizar o sistema, a chave principal de energia da edificação ou setor seja desligada, a fim de evitar acidentes (UMINSKI, 2003, p.28). O objetivo do sistema é dar condições de combater, com recursos próprios, focos de incêndio em todos os pontos da edificação, bem como oferecer uma opção de auxílio, no caso de necessidade, para o Corpo de Bombeiros. A principal norma utilizada para dimensionamento do sistema é a NBR 13714/2000. Conforme o Decreto Estadual nº 37.380/97, em seu Artigo 9º do Anexo Único, as edificações deverão ser dotadas de instalações hidráulicas de combate a incêndio quando: • possuírem altura superior a 12m; • não sendo residenciais, tiverem área total construída superior a 750m²; • forem destinadas a postos de serviços ou garagens com abastecimento de combustíveis, independente da área construída; • forem destinadas à residência, possuírem área de pavimento superior a 750m²; • servirem como depósito de GLP, de acordo com Portaria nº 27/96 do DNC; • servirem de depósitos de líquidos inflamáveis e combustíveis, de acordo com a PNB nº 216/71 de extinto CNP e PNB 98 da ABNT. 4.5.1 Partes do sistema Reserva de incêndio: compartimento destinado a armazenar uma quantidade de água que, efetivamente, deverá ser fornecida para o uso em combate a incêndio. Poderão ser elevadas, no nível do solo, semienterradas ou subterrâneas, e devem obedecer a especificações de construção no Anexo A da NBR 13714/2000 (UMINSKI, 2003, p.28). Seu volume será calculado em função da vazão necessária na ponta dos esguichos e do tempo de funcionamento simultâneo dos dois esguichos mais desfavoráveis, exigido pela norma, que é de 60 minutos para sistemas dos tipos 1 e 2, e de 30 min para sistema do tipo 3. 47 Bomba de recalque: tem a finalidade de efetuar a alimentação forçada de água no interior das tubulações e entra em funcionamento mediante acionamento manual ou automático. Sua especificação decorre do dimensionamento do sistema e utiliza conhecimentos da engenharia hidráulica, obedecendo às condições contidas na NBR 13714/2000. Tubulação: conjunto de tubos, conexões e acessórios destinados a conduzir a água, desde a reserva de incêndio até os hidrantes. Devem ser feitos de material resistente ao calor. Os materiais termoplásticos devem ser usados somente enterrados e fora da edificação. As tubulações mais usadas são as de aço e cobre. A tubulação do sistema não deve ter diâmetro nominal inferior a DN65 (2 ½”). Toda a tubulação deve ser pintada da cor vermelha e os acessórios de cor amarela (registros e válvulas) (UMINSKI,2003, p.29). Hidrante: é o ponto de tomada de água no qual há uma (simples) ou duas (duplo) saídas, contendo válvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões, mangueiras de incêndio e demais acessórios. Os hidrantes poderão ser externos ou internos, de coluna ou de parede (interior do abrigo). Deverão ter conexões deengate rápido, com diâmetros iguais aos adotados pelo Corpo de Bombeiros. As válvulas dos hidrantes devem ser do tipo globo angulares de diâmetro DN65 (2 ½”), Poderá ser utilizada, para os hidrantes, válvula angular com diâmetro DN40 (1½") para sistemas que utilizem mangueiras de 40 mm, desde que comprovado seu desempenho para esta aplicação, enquanto que as válvulas para mangotinhos devem ser do tipo abertura rápida, de passagem plena e diâmetro mínimo DN25 (1”). Todos os pontos de hidrantes devem receber sinalizações que permitam sua rápida localização e não podem, de maneira alguma, ficar obstruídos ou comprometer a fuga dos ocupantes. Devem ser localizados nas proximidades das portas externas e/ou acessos à área a ser protegida, a não mais de 5 m, em posições centrais nas áreas protegidas, fora das escadas ou antecâmaras de fumaça e de 1,0 m a 1,5 m do piso. No caso dos hidrantes externos, quando afastados de, no mínimo, 15 m ou 1,5 vezes a altura da parede externa da edificação a ser protegida, poderão ser utilizados até 60 m de mangueira (preferencialmente em lances de 15 m), desde que devidamente dimensionados hidraulicamente. Recomenda-se que sejam utilizadas mangueiras de 65 mm de diâmetro para redução da perda de carga do sistema e o último lance de 40 mm para facilitar seu manuseio (NBR 13714/2000). A sinalização do solo só será obrigatória nos locais destinados à fabricação, depósito e movimentação de mercadorias. 48 Abrigo de mangueira: compartimento (cor vermelha) embutido ou aparente, dotado de porta, destinado a armazenar mangueiras, esguichos e outros equipamentos, capaz de proteger contra as intempéries e danos diversos. Esguicho: é o dispositivo adaptado na extremidade da mangueira, destinado a dar forma, direção e controle ao jato de água. Atualmente, permite-se apenas a utilização de esguichos do tipo reguláveis. O alcance do jato compacto produzido por qualquer sistema não deve ser inferior a 8 m, medido da saída do esguicho ao ponto de queda do jato. Mangueira: equipamento constituído essencialmente de um duto flexível dotada de uniões tipo engate rápido. As mangueiras mais utilizadas possuem comprimento de 15, 20 ou 30m. Elas sempre devem ser guardadas nos abrigos na forma aduchada ou em zig-zag, nunca enroladas. Isto é muito importante no tempo de reação ao incêndio (UMINSKI, 2003, p.31). Registro de recalque: o sistema deve ser dotado de um registro de recalque (também chamado de hidrante de recalque), que consiste no prolongamento da tubulação, com diâmetro mínimo de 63mm até a entrada principal da edificação. Quando estiver no passeio, deve estar enterrado em caixa de alvenaria, com tampa articulada e requadro em ferro fundido, pintada em vermelho, com a palavra “Incêndio” gravada, nas dimensões de 0,40x0,60m, afastada 0,50m da guia do passeio. É recomendável que no interior a caixa haja em dreno para escoamento da água. (Figura 5). Também pode ser instalado na fachada da edificação ou em muro de divisa. O importante é garantir a aproximação de viatura do Corpo de Bombeiros para que eles realizem o recalque da água sem problemas (UMINSKI, 2003, p. 33). Figura 5- Dispositivo de recalque no passeio Fonte: NBR 13714/2000, Figura 1, p.5 49 4.5.2 NBR 13714/2000 versus IT 22/2011 Conforme afirmado anteriormente, o Estado de São Paulo sempre foi um pioneiro da área de segurança contra incêndio, sendo um exemplo a ser seguido, e esse fato ainda persiste. São Paulo tem, na opinião do Engº. Profº. Telmo Brentano (2011), assim como na de muitos outros profissionais da área, a melhor Legislação de Segurança Contra Incêndio do Brasil. A Lei Estadual é atualizada a cada 10 anos, em média, e as Instruções Técnicas do CBPMESP são revisadas e novas são criadas a cada 5 anos, em média. Por essa razão, novas leis de vários Estados do Brasil já seguiram, com adaptações, a Legislação do Estado de São Paulo. Atualmente, no Estado do Rio Grande do Sul, essas Instruções Técnicas estão sendo utilizadas como referência pelos profissionais na elaboração do PPCI. No caso particular do dimensionamento dos sistemas de hidrantes e mangotinho, a IT 22/2011 do CBPMESP apresenta parâmetros mais reais de dimensionamento, uma compreensão mais fácil e simples na sua leitura e maior detalhamento dos sistemas. 4.5.2.1 Dimensionamento pela NBR 13714 Pelo dimensionamento através da NBR 13714/2000 há apenas 3 tipos de sistemas (Tabela 16). Tabela 16 - Tipo de Sistemas Fonte: NBR 13714/2000, Tabela 1, p. 6. 50 Tabela 17 - Componentes para cada hidrante simples ou mangotinho Fonte: NBR 13714/2000, Tabela 2, p. 6. Sendo Tipo 1 o sistema de mangotinho (Figura 6) e o Tipo 2 (Figura 7) e Tipo 3 o sistema de hidrante duplo com mangotinho. Figura 6 – Sistema tipo 1 - Mangotinho com tomada de água para mangueira de 40 mm Fonte: NBR 13714/2000, Figura D.1, p.24. 51 Figura 7 – Sistema tipo 2 - Hidrante duplo com mangueira semi-rígida acoplada Fonte: NBR 13714/2000, Figura D.2, p.25. A escolha do sistema depende mais uma vez da “Classe de Ocupação” da edificação (Tabela 18). Como observado anteriormente, seguindo o exemplo da NBR 9077/2001, a NBR 13714/2000 também não contempla várias classes contidas na Lei 14.376. Tabela 18 - Classificação das edificações e aplicabilidade dos sistemas Fonte: NBR 13714/2000, Anexo D, Tabela D.1, p.23. Outra questão a ser analisada é a de RTI (Reserva Técnica de Incêndio). A NBR 13714/2000 determina que o volume de reserva de incêndio seja calculado considerando que 52 as vazões mencionadas na Tabela 16 sejam mantidas por um tempo mínimo de 60 minutos. No cálculo, deverão ser feitas algumas considerações. Essas vazões não precisam ser mantidas somente na ponta do esguicho mais desfavorável hidraulicamente, mas considerando o funcionamento simultâneo de: • dois hidrantes, quando instalados dois, três ou quatro hidrantes; • três hidrantes, quando instalados cinco ou seis hidrantes; • quatro hidrantes, quando instalados mais de seis hidrantes. O resultado desse cálculo, na maioria das vezes, para a maioria das edificações, é um volume de reserva muito grande, fora da realidade de custo-benefício e mesmo de espaço das construções brasileiras. 4.5.2.1 Dimensionamento pela IT 22 No dimensionamento através da IT 22/2011 do CBPMESP tem-se 5 tipos de sistemas. Para determinação do sistema a ser instalado na edificação são utilizados os critérios de área construída, classe de risco e classe de ocupação, sendo já fornecidos diretamente os valores de RTI (Tabela 19). Pode-se observar também uma maior variedade de classes de ocupação classificados, se comparado com a NBR 13714/2000. Percebe-se também um maior cuidado, maior exigência e maior clareza ao definir as pressões mínimas para cada sistema (Tabela 20). 53 Tabela 19 - Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de RTI mínima (m³) Fonte: IT 22/2011, Tabela 3, p.499. 54 Tabela 20 - Tipos de sistemas de proteção por hidrante ou mangotinho Fonte: IT 22/2011, Tabela 2, p.499. Tabela 21 - Componentes para cada hidrante ou mangotinho Fonte: IT 22/2011, Tabela 4, p.500. 4.5.3 Hidrantes versus mangotinhos Em artigo publicado pelo Professor da PUC-RS Telmo Brentano, intitulado “Sistema de mangotinhos x Sistema de hidrantes”, o mesmo se pergunta: “de que adianta ter uma instalação hidráulica bem projetada e executada, com grande vazão, se ela não é adequada ao perfil dos ocupantes da edificação, que certamente não saberão utilizá-la, principalmente numa situação de pânico?”. Esse questionamento é trazido em função do fato de que a maioria das edificações construídas atualmente são as de risco mais baixos, principalmente as edificações residenciais coletivas. Este tipo de edificação constitui a grande parte das edificações das cidadesde 55 médio a grande porte. Seguindo a NBR 13714/2000, prédios residenciais coletivos são obrigados a ter instalação hidráulica de proteção contra incêndio Tipo 1. Porém, a própria norma abre um precedente, sendo que há duas opções: sistemas de hidrantes com vazão mínima de 130 l/min ou sistema de mangotinhos com vazão mínima de 80 l/min. Apesar de apresentar maior custo de instalação do que o de hidrante, Beltrano apresenta razões pelas quais o sistema de mangotinhos é mais adequado para as edificações residenciais e demais ocupações de risco leve, baseado principalmente no fator tempo, vital no combate a um incêndio: • sua operação é mais simples, rápida e fácil que a do sistema de hidrantes; • permite o combate imediato porque o mangotinho e seu esguicho estão permanentemente acoplados, sempre prontos para serem operados; • pode ser operado por somente uma pessoa sem maiores dificuldades, desde que tenha recebido um mínimo de treinamento (igual a de uma mangueira de jardim, somente que de maior porte); • com esguicho regulável, sua ação sobre o foco do incêndio é mais eficaz, consumindo menos água; • pode ser usado sem estar todo desenrolado; • apresenta menores problemas de manutenção e tem durabilidade maior; • requer menor reserva de água, menores diâmetros das canalizações e menor ocupação do espaço físico. Para utilizar o sistema de hidrante, são necessárias, de preferência, duas pessoas, uma vez que há vazões maiores e a mangueira é mais pesada, seguindo uma sequência de operação (UMINSKI, 2003, p.34): 1. retirar a mangueira do interior do abrigo; 2. acoplar as adaptações da mangueira no esguicho e no registro do hidrante; 3. abrir o registro do hidrante; 4. ligar a bomba de recalque, se necessário; 5. iniciar o combate. Ainda assim, o sistema de hidrante ainda é o mais usado no Brasil, mesmo em edificações em que a opção de uso de mangotinho é permitida. 56 4.5.4 Cálculo hidráulico Definindo a rede de distribuição, posicionamento de hidrantes e reservatórios, pode-se dimensionar todo o sistema (diâmetro da tubulação, tipo de bomba, entre outros) para atender as vazões e pressões necessárias. Devem ser apresentados no PPCI as plantas com os esquemas da rede, bem como a planilha de cálculo, além de preenchimento do “Memorial”, presente no Anexo E. Esses cálculos não serão abordados neste trabalho pela sua complexidade. Para maiores informações, uma boa base de consulta, contendo exemplos práticos de dimensionamento, tanto de sistemas de hidrantes quanto de sistema de chuveiro automático, é recomendado o livro “Instalações Hidráulicas de Combate a Incêndios nas Edificações” (BRENTANO, 2011). Também existem no mercado softwares que auxiliam na elaboração e cálculo da rede. 4.6 Sistema de chuveiro automático O sistema de chuveiros automáticos (“Sprinklers”) é uma instalação hidráulica de combate a incêndio, que funciona sem a interferência humana, detectando e extinguindo um princípio de incêndio. É um sistema constituído por um reservatório de água ligado a uma rede de tubulações fixas nas quais são instalados os chuveiros automáticos convenientemente espaçados, de forma que, em caso de incêndio, o sistema entre em operação automaticamente, lançando água sobre o local afetado e, ao mesmo tempo, acionando o seu dispositivo de alarme (UMINSKI, 2003, p.35). Seu objetivo consiste extinguir um incêndio no seu início, rápida e automaticamente, evitando sua propagação. Sua principal vantagem é a de evitar danos em locais não atingidos pelo fogo, pois só entrarão em funcionamento os chuveiros próximos ao mesmo. A principal norma utilizada para dimensionamento do sistema é a NBR 10897/2014, mas tem-se ainda a IT 23/2011 do CBPMESP, que pode ser consultada. No caso especial de depósitos e áreas de armazenamento, utiliza-se a NBR 13792/1997 ou a IT 24/2011 do CBPMESP. De acordo com Decreto Estadual nº 38.273/98, em seu Art. 8º do Anexo Único, as edificações deverão ser dotadas de sistemas automáticos de extinção de incêndios conforme a seguinte classificação: • prédios classificados como de risco grande, que possuam área construída acima de 1.500 m²; 57 • prédios classificados como área de risco médio que possuam área construída acima de 3.000 m² ou mais de 20m de altura; • prédios classificados como de risco pequeno que possuam área construída acima de 5.000 m² ou 30 m de altura, exceto os residenciais; • prédios classificados como de risco grande ou médio, quando estiverem abaixo do nível da soleira de entrada e com área superior a 500 m². Apesar do altíssimo custo de projeto, instalação e manutenção de que todos os projetistas fogem, e frisa-se mais uma vez que esse custo é irrisório comparado ao valor total da construção, este é o sistema mais eficaz de combate a incêndio. Em artigo “Chuveiros automáticos – sprinklers”, o Engº. Jorge Roder apresenta os dados de uma pesquisa realizada ao longo da década de 80 nos EUA (SOLOMON, 1996), que apresentou os seguintes resultados: • 8% dos focos de incêndio foram extintos ou controlados por apenas 1 sprinkler; • 48% dos focos de incêndio foram extintos ou controlados por apenas 2 sprinkler; • 89% dos focos de incêndio foram extintos ou controlados por até 15 sprinkler. Os critérios de dimensionamento não serão abordados nessa monografia, devido a sua alta complexidade, o que exige um estudo mais aprofundado e abrangente. Assim como no dimensionamento de hidrantes, também devem ser apresentados no PPCI esquemas em planta, planilha de cálculo e preenchimento do “Memorial”, apresentado no Anexo D. 4.6.1 Partes do sistema Abastecimento de água: todo sistema de chuveiros deve possuir pelo menos um abastecimento de água exclusivo e de operação automática. Sistema de bombeamento: conjunto de tubulações, equipamentos e dispositivos destinados a levar a água de uma cota mais baixa para uma mais alta. As bombas de recalque devem ser exclusivas do sistema, não podendo ser usadas para outros fins. Também devem ser providas de dispositivo de partida automática, com acionamento provocado pela queda de pressão hidráulica na rede do sistema de chuveiros, quando um chuveiro é acionado. Podem ser elétricas ou de motor a explosão. No caso de ser elétricas, devem dispor de ligação independente da rede elétrica da edificação. Ensaios de funcionamento devem ser efetuados anualmente (UMINSKI, 2003, p.36). Conjunto de tubulações: as tubulações básicas (Figura 8) que formam uma instalação de chuveiros automáticos possuem as seguintes denominações e funções: 58 • ramais: são as ramificações onde os chuveiros automáticos são instalados diretamente ou utilizando-se braços horizontais de tubo com comprimento máximo de 60 cm; • tubulações subgerais: são as que alimentam os ramais; • tubulações gerais: são as que alimentam as subgerais; • tubulações de subidas ou descidas: são as tubulações verticais, de subidas ou descidas, conforme o sentido de circulação da água. Estas tubulações fazem as ligações entre as redes de chuveiros dos diversos níveis ou pavimentos, as ligações das subgerais com os ramais ou ainda as dos chuveiros individuais com os ramais, quando a subida ou descida excede 30 cm de comprimento; • subida principal: é a tubulação que liga a rede de suprimento dos abastecimentos de água com as tubulações gerais e onde é instalada a válvula de alarme ou chave detectora de fluxo d’água que controla e indica a operação do sistema. Figura 8 – Rede de tubulações Fonte: Uminski (2003, p.36) Chuveiros automáticos - sprinklers: são aparelhos instalados em vários pontos da tubulação e equipados com um elemento que, ao ser submetido a uma temperatura anteriormente fixada, funde-se ou rompe-se, permitindo a passagem livre da água da rede de distribuição. Está
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