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AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA COMO REVESTIMENTO PRIMÁRIO DE ESTRADAS NÃO- PAVIMENTADAS Luciano P. Specht Professor / Pesquisador do Curso de Engenharia Civil - UNIJUÍ e-mail: specht@unijui.tche.br Juliano R. Wallau Aluno do Curso de Engenharia Civil - UNIJUÍ e-mail: wallau@comnet.com.br Resumo: Atualmente um dos grandes problemas no Brasil é a falta de recurso para a construção e a manutenção da malha rodoviária. Com ênfase neste problema propõem-se um estudo de laboratório que estuda a possibilidade de utilização da técnica de estabilização granulométrica como revestimento primário em estradas não-pavimentadas, utilizando matéria- prima local e visando a redução dos custos de transporte e aumento da qualidade de rolamento das estradas não-pavimentadas. Para tanto foram realizados ensaios de compactação, ISC e o ensaio de determinação do coeficiente de condutividade hidráulica. A matéria prima utilizada na elaboração do estudo, foi o solo da cidade de Ijuí, a brita e o pó-de-pedra extraídos de uma jazida localizada na cidade de Coronel Barros, materiais estes representativos na região do estudo. Basicamente, o trabalho apresenta cinco diferentes misturas granulométricas, onde se buscou chegar a uma dosagem considerada atrativa para utilização na prática de engenharia, que atenda todos os requisitos básicos para utilização em campo, tais como boa resistência e baixa permeabilidade. Conclui-se que as misturas contendo entre 50% e 60% de agregado são as que apresentam as melhores características médias para a utilização como revestimento primário de estradas não- pavimentadas. Palavras-chave: Estradas não-pavimentadas, estabilização granulométrica de solos, mistura solo-agregado. 1. INTRODUÇÃO Levando-se em consideração que o solo é o material mais barato que existe e é encontrado em abundância no substrato da maioria das obras de engenharia, é natural adaptá-lo às condições peculiares de cada aplicação. Dentre as diversas técnicas de melhoria estão o tratamento químico, o tratamento mecânico, a estabilização granulométrica e a drenagem (Inglês e Metcalf, 1972; Kezdi, 1979). Na construção de estradas não é diferente, pois o solo é a principal matéria prima para sua construção. No caso da região de Ijuí (Planalto Riograndense) o solo argiloso proveniente da decomposição de basalto não tem capacidade de suporte suficiente para ser utilizado como tratamento primário tendendo a deformar-se. Como nesta região o clima é tropical, os períodos de chuva são bastante agressivos às estradas, principalmente àquelas não-pavimentadas, dificultando, assim, a locomoção de veículos e aumentando o custo dos transportes. Augusto Junior (1988) e Baesso e Gonçalves (2003) em suas obras tratam de técnicas de manutenção de estradas de terra. Os efeitos combinados do carregamento causado pela passagem de veículos e das precipitações levam a problemas muito freqüentes, encontrados no dia-a-dia, como buracos, afundamento em trilhas de rodas, adensamento, atoleiros, escorregamentos de taludes, erosões e muitos outros. Segundo Oliveira (2001) a justificativa para a preocupação com a conservação das estradas não- pavimentadas é o alto custo do transporte para os usuários destas vias, e o alto custo de manutenção e a impossibilidade de pavimentação de todas as estradas. . A atual configuração da malha rodoviária no estado do Rio Grande do Sul, onde de um total de 153.358km que constituem a malha rodoviária, apenas 11.830km encontram-se pavimentados, ou seja, uma extensão correspondente a 7,71% do total. 2. ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS Van Impe (1989) classifica os processos de estabilização como temporários, permanentes e permanentes com adição de novos materiais. Consiste em estabilização temporária os processos limitados a um curto espaço de tempo, geralmente o tempo de execução de uma certa fase da obra. O autor cita o congelamento de solos, o rebaixamento do nível freático por drenos ou eletro-osmose como exemplos. A estabilização permanente, sem adição, consiste, basicamente, em processos de compactação e de tratamento térmico; são citados como exemplos a compactação superficial, a compactação profunda e a compactação com o uso de explosivos. A estabilização permanente de solos com adição de novos materiais, normalmente, combina a compactação com adição de um novo material. São citados: estabilização com cal e cimento, injeções de materiais estabilizantes, colunas de brita ou areia, pré-carregamento e uso de drenos verticais, reforços com tiras metálicas ou geossintéticos. Vargas (1977) define, como estabilização de solos, o processo pelo qual se confere ao solo uma maior resistência as cargas ou à erosão, por meio de compactação, da correção da granulometria e da sua plasticidade ou da adição de substâncias que lhe confiram uma coesão proveniente da cimentação ou aglutinação de suas partículas. 2.1. Estabilização Mecânica Segundo Hilf (1975), compactação é o processo pelo qual uma massa de solo, constituída de partículas sólidas, ar e água, é reduzida em volume pela aplicação de carga, tal como rolamento, socamento e vibração. A compactação envolve expulsão de ar do sistema sem significativa mudança na quantidade de água da massa de solo. Conseqüentemente, o teor de umidade do solo é normalmente o mesmo para um solo no estado fofo e, após a compactação, no estado denso. A compactação de um solo visa o melhoramento de suas características, não só quanto à resistência, mas, também, em relação à permeabilidade, compressibilidade, absorção d’água e, principalmente estabilidade. 2.2 Estabilização Granulométrica Vargas (1977) explica que muitas vezes não é possível a utilização do solo local, mas dispõe-se de solos em que predominam pedregulhos, areias ou siltes e argilas. Então se vê necessário a composição artificial de solo estabilizado, usando a proporção adequada de cada um deles e sua mistura, a fim de obter granulometria final desejada. Um solo é considerado estabilizado naturalmente quando a sua granulometria obedecer à curva correspondente aos solos bem graduados, isto é, quando ele for um solo dos grupos GW e SW de Casagrande, bem compactados. Segundo Vargas (1977) quando a plasticidade da fração que passa pela peneira nº 40 for elevada, necessita-se retirar por lavagem ou peneiramento, a parte fina, proporcionando uma redução no índice de plasticidade (IP) a valores inferiores aos indicados anteriormente, ou então substituí-la por uma argila inativa, em proporções tais que se mantenha a forma bem graduada da curva. O método utilizado para se determinar a dosagem das frações de pedregulho, areia, silte e argila, a fim de se obter uma curva bem graduada e uma plasticidade adequada deve-se ao processo análogo ao que se utiliza em qualquer proporção de material granular, a partir de suas respectivas curvas granulométricas. Destacan-se os métodos de Rothfuchs, Gráfico e das Tentativas. Primeiramente são pesquisadas as jazidas de agregado grosso (pedregulho ou pedra britada), médio (areia) e fino (silte e argila). Mais do que três tipos de materiais a serem misturados resultariam em condições pouco econômicas. O ideal é que se atinja a granulometria desejada utilizando apenas dois tipos de materiais. Estas misturas podem ser feitas em usinas, o que seria um processo ideal, porém com um custo elevado, ou com arados misturadores, na própria pista, já com a umidade ótima de compactação. É a operação que se chama comumente de estabilização mecânica ou granulométrica. Há casos em que há dificuldade de se adquirir plasticidade adequada, recomenda-se então para correção deste problema adicionar ao solo um sal estabilizador, como o cloreto de cálcio. Esse sal retém a umidade do solo, diminuindo os efeitos de retração ou expansão devidos às variações. climáticas. Porém há estudos que confirmem, que a adição deste sal no solo na construção de estradas não-pavimentadas, trazem problemas de impacto ambiental, devido ao escoando deste sal através das águas das chuvas para os leitos dos rios. 2.2 Estabilização Química Esta técnica esta sendo muito utilizada para pavimentação, controle de erosão, estabilização de encostas e reforço de camadas superficiais de solo. As estabilizações químicas são geralmente obtidas através de misturas de solo com alguns componentes químicos, entre eles está a cal e o cimento. Vários autores distinguem os termos solo estabilizado e solo melhorado em função do grau de alteração nas propriedades do material. Núñez (1991) utilizou os termos solo estabilizado e solo melhorado, respectivamente, para designar: (1) misturas de solo e aditivo com características de durabilidade e resistência que permitam seu emprego como base de pavimento rodoviário, e (2) misturas que, embora experimentem alteração em suas propriedades mecânicas, não apresentam, devido ao baixo teor de aditivo, características suficientes para uso como base. Pitta (1984) caracteriza solo-cimento como aqueles materiais terrosos estabilizados com teores de cimento entre 5 e 10% em massa (110 – 200 kg/m3), e com padrões rígidos de qualidade (durabilidade e resistência à compressão simples). Já o solo melhorado com cimento tem características físicas e mecânicas normalmente inferiores ao do solo-cimento tradicional, a começar pela faixa típica de conteúdo de cimento com teores entre 2 e 5% em massa (50 – 100 kg/m3). Os conceitos apresentados pelo DNER (1996) são concordantes com o deste autor. O que se busca nos solos melhorados com cimento é, na prática, pela adição de cimento, aumentar o valor de Índice de Suporte Califórnia, reduzir a plasticidade e a variação volumétrica, de modo a possibilitar o emprego de materiais normalmente não enquadráveis nas especificações comuns de pavimentação. Serafini et. al (2003) sintetizam estudos realizados no norte do estado do RS com solo-cal e indicam a importância de considerar o tempo e a temperatura de cura no projeto de camadas com tal material. Specht (2000) e Bonafé e Specht (2005) estudaram a inclusão de fibras poliméricas em matrizes cimentadas artificialmente (com cimento e cal, respectivamente) e comprovaram a viabilidade técnica de tal inserção. 3. METODOLOGIA 3.1 Planejamento do Experimento O experimento consiste na realização de ensaios laboratoriais de Compactação, Índice de Suporte Califórnia e Determinação do Coeficiente de Condutividade Hidráulica, com cinco misturas utilizando diferentes proporções de agregado misturado ao solo natural. Os teores de agregados variaram de 50 a 90% em relação à massa de solo seco. A Figura 1 apresenta as curvas granulométricas das misturas estudadas. Figura 1: Distribuição granulométrica das misturas 3.2 Materiais Utilizados O solo utilizado nos ensaios foi extraído de um talude localizado nos fundos do prédio do Curso de Engenharia Civil, no Campus da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Unijuí. As propriedades físicas médias do solo, segundo Viecili (2003), estão apresentadas no Quadro 1. A Figura 2 apresenta a distribuição granulométrica, obtida para o solo residual utilizado. Verifica-se que o material é composto por 85,0% de argila (<0,005mm), 10,0% de silte (0,005 - 0,074mm), 4,12% de areia fina (0,074 - 0,42mm), 0,72% de areia média (0,42 – 2,0mm) e 0,16% de areia grossa (2,0 – 4,8mm) e não possui fração de pedregulho. O solo é classificado, segunda a classificação unificada (Unified Classification System ou ASTM) como uma argila de alta plasticidade (CH) e segundo a classificação do HRB (Highway Research Board ou AASHTO) como A-7-5. Observando o índice de consistência e de atividades 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,1 1 10 100 Po rc en ta ge m R et id a 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Diâmetro dos Grãos (mm) Po rc en ta ge m P as sa nd o Solo 10S/90A 20S/80A 40S/60A 50S/50A Agregado . calculados, este solo se enquadra como uma argila dura e inativa. Quadro 1: Propriedades físicas médias do solo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Po rc en ta ge m R et id a (% ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Diâmetro dos Grãos (mm) Po rc en ta ge m P as sa nd o (% ) areia areia P eneiras Núm ero 200 100 60 10 4 argila silte areia f ina méd ia g rossa p edreg ulh o Figura 2: Distribuição granulométrica do solo O agregado utilizado é um mistura de 30% de pó-de-pedra e 70% de brita ¾´´ provenientes de britagem de rocha de origem basáltica, extraído de uma pedreira da região localizada na cidade de Coronel Barros – RS. Na Figura 3 estão apresentadas as curvas de distribuição granulométrica dos agregados utilizados. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,1 1 10 100 Diâ m e tro dos Grã os (m m ) Po rc en ta ge m P as sa nt e 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Po rc en ta ge m R et id a Mis tura 30/70 PÓ-DE-PEDRA BRITA 3/4'' 200 100 50 8 4Peneiras 3/4"3/8" 1/2"30 Figura 3: Distribuição granulométrica do agregado A água utilizada é considerada potável e é a disponível na rede do Laboratório de Engenharia Civil da UNIJUÍ. 3.3 Procedimentos de Ensaios O ensaio de compactação, realizado com energia modificada, foi realizado seguindo as técnicas já consagradas de laboratório bem como as prescrições da norma da ABNT. O ensaio de ISC (Índice de Suporte Califórnia) foi realizado aproveitando-se as mesmas amostras do ensaio de compactação, que após a moldagem foram imersos por 96 horas, durante este período é medida a expansão da amostra e posterior ruptura. Para o ensaio de determinação do coeficiente de condutividade hidráulica foram usadas cinco amostras, todas elas moldadas na umidade ótima e densidade aparente seca máxima conhecida através do Ensaio de Proctor. Foi determinado também o k do solo como parâmetro de comparação. As amostras eram preparadas eram imersas por 96 horas e submetidas a vácuo para saturação e após colocadas em permeâmetro de carga variável para medição do coeficiente k. Maiores detalhes dos ensaios são apresentados por Wallau (2004). 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Compactação A Figura 4 apresenta as curvas de compactação das misturas testadas. Nota-se que, como era de se esperar, a inclusão de agregado ao solo eleva o valor da massa específica aparente seca máxima (γdmáx.) devido à substituição de um material com menor massa específica real dos grãos por um maior (o agregado possui massa específica real dos grãos igual a 28,52 kN/m3). Com relação à umidade ótima observa-se que o aumento do teor de agregado na mistura reduz o valor de umidade ótima; tal fato está relacionado à redução da superfície especifica (relação entre área superfícial por umidade de volume) das misturas, o que demanda menor quantidade de água para lubrificar a superfície do agregado sem interferir na saída de ar dos vazios do solo. Propriedades Valores Médios Limite de liquidez (LL) 59,00 % Limite de plasticidade (LP) 47,03 % Índice de plasticidade (IP) 11,97 % Massa específica real dos grãos 28,52 kN/m3 Índice de Atividade (Ia) 0,14 Índice de Consistência (IC) 2,04 . Figura 4: Curvas de compactação das amostras estudadas As Figuras 5 e 6 apresentam as relações entre teor de agregado e massa específica aparente seca máxima e teor de agregado e umidade ótima. Nota- se que, apesar da simplicidade do ensaio de compactação e da possível heterogeneidade das misturas, os modelos lineares gerados apresentam bons valores de correlação R2. Na Figura 7 está apresentada a distribuição dos grãos de agregado graúdo em solo (amostra com 30% de solo e70% de agregado). Figura 5: Relação entre teor de agregado e massa específica aparente seca máxima Figura 6: Relação entre teor de agregado e umidade ótima Figura 7: Distribuição de agregado no corpo-de- prova 4.2 Índice de Suporte Califórnia A Figura 8 apresenta a relação entre umidade e CBR para as misturas estudadas. Nota-se, inicialmente, uma dispersão bastante alta dos resultados; tal fato está ligado a natureza do ensaio e a distribuição irregular de agregados graúdos no interior da amostra. Analisando os ápices das parábolas ajustadas pode-se notar que estas se encontram com umidade de moldagem correspondente aos ramos seco das curvas de compactação. 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 Umidade (%) De ns id ad e Ap ar en te S ec a (k N/ m ³) 10%solo / 90%agregado 50%solo / 50%agregado 40%solo / 60%agregado 30%solo / 70%agregado 20%solo / 80%agregado 100%solo 10%solo / 90%agregado ∪dmáx =15,41 + 0,0839x(%Agregado) R2 = 0,95 19 20 20 21 21 22 22 23 23 24 40 50 60 70 80 90 100 Teor de Agregado (%) De ns id ad e A pa re nt e Se ca (k N /m ³) h ót = 21, 59 - 0, 14 7x(%A greg ad o) R2 = 0 ,9 8 8 9 10 11 12 13 14 15 4 0 50 60 7 0 80 90 100 Te or de Agre ga do (%) U m id ad e Ó ti m a (% . Figura 8: Relação entre umidade e Índice de Suporte Califórnia A Figura 9 apresenta a relação entre o teor de agregado utilizado nas misturas e o ISC correspondente à umidade ótima. Todos os valores encontram-se entre 15 e 25% com exceção da mistura com 90% de agregado que apresentou ISC de 45%. Para o solo sem agregado o ISC é aproximadamente 15%. Ressalta-se que o valor de ISC não deve ser tomado como único parâmetro de determinação do teor de agregado de projeto no caso de utilização deste material como revestimento primário de estradas visto que misturas com poucos finos são muito permeáveis e suscetíveis a processos erosivos além de permitir a passagem de água para as camadas subjacentes. Figura 9: Relação entre teor de agregado e Índice de Suporte Califórnia 4.3 Coeficiente de Condutividade Hidráulica Uma das funções dos revestimentos é ser impermeável; nas estradas não pavimentadas não é diferente, a impossibilidade de entrada de águas pluviais nas camadas de base do pavimento são fundamentais para que seja mantida a capacidade de suporte da via. A Figura 10 traz os resultados dos ensaios de condutividade hidráulica e sua relação com o teor de agregado presente na mistura. O valor de k determinado para o solo compactado foi de 1,08.10-9m/s. Figura 10: Relação entre teor de agregado e coeficiente de condutividade hidráulica Pode ser observado que, como era de se esperar, o aumento da quantidade de material granular na mistura aumenta o valor de k e, este aumento é mais expressivo quando o teor de agregado passa de 80 para 90%. A análise conjunta das Figuras 9 e 10 permite concluir que a passagem de 80 para 90% no teor de agregado da mistura traz importantes modificações nos valores de ISC e k. Caso a mistura fosse destinada à utilização como base ou sub-base de rodovias pode-se afirmar que a mistura com 90% de agregado seria a mais interessante do ponto de vista técnico, uma vez que alia o maior valor de ISC com uma capacidade drenante. Para o caso de utilização como revestimento primário de estradas de terra a faixa de teores de agregado entre 50 e 80% possuem características técnicas bastante semelhantes de ISC e k mas 0 10 20 30 40 50 60 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Umidade (%) 10/90 20 / 80 50 / 50 40/ 60 30/ 70 ISC = 0,0015x(%A)3 - 0,2807x(% A)2 + 17,03x(%A) - 319,52 R 2 = 0,98 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 40 50 60 70 80 90 100 Teor de Agregado (%) Ín di ce d e S up or te C al ifó rn ia (% ) 1,E-08 1,E-07 1,E-06 1,E-05 40 50 60 70 80 90 100 Teor de Agregado (%) C oe fic ie nt e de C on du tiv id ad e H id rá ul ic a (m /s ) . certamente possuem impacto econômico bastante diferenciado. 5. CONCLUSÕES O trabalho apresentou uma pesquisa laboratorial onde se avaliou a técnica de estabilização granulométrica como revestimento primário de estradas não-pavimentadas utilizando-se materiais encontrados na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. As curvas de compactação indicaram valores de umidade ótima inversamente proporcionais ao teor de agregado adicionado, sendo que a os valores variaram de 14,30 para 50% de agregado até 8,5% para 90%. A taxa de variação encontrada é de aproximadamente -1,5% a cada 10% de agregado adicionado. Os valores de massa específica aparente seca máxima variaram entre 19,8 kN/m3 e 23,0 kN/m3 com taxa de 0,839 kN/m3 para cada 10% de agregado adicionado. As curvas de ISC indicaram os máximos valores ligeiramente abaixo do valor da umidade ótima; para a umidade ótima os valores estão entre 15 e 25% com exceção da mistura com 90% de agregado que apresentou ISC de 45%. Os valores de k sofrem a maior variação, assim como o ISC, quando se altera o teor de agregado entre 80 e 90%. Baseando-se nos resultados da pesquisa e considerando aspectos técnicos e econômicos, os teores de 50 ou 60% de agregado seriam os mais indicados para utilização do material como revestimento primário de estradas não- pavimentadas. REFERÊNCIAS AUGUSTO JÚNIOR, F. Estradas Vicinais de Terra. 2.ed. São Paulo: IPT, 1988. BEASSO, D. P.; GONÇALVES, F. L. R. Estradas Rurais, Técnicas Adequadas de Manutenção. 1.ed. Florianópolis. 2003. BONAFÉ, L.; SPECHT, L. P. Avaliação da técnica de estabilização mecânica, química e do microreforço na resistência ao cisalhamento de um solo residual. In: 36a Reunião anual de pavimentação. Curitiba. Anais… 2005. HILF J.W. Compacted fill. In: H. F. WINTERKORN; H. FANG. Fundation Enguneering Handbook. New York: Var Nostrand Reinhold, 1975. p. 244-311. INGLES, O. G. and METCALF J. B. Soil Stabilizations. Principles and Practice: Sydney-Melbourne-Brisbane, 1972. KÉZDI, A. Stabilized Earth Roads. Elsevier Scientific Publishing Company.Amsterdam, 1979. 327p. 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