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POLÍTICAS-DE-COMÉRCIO-EXTERIOR

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................................. 4 
2.1 O que é Comércio Exterior? ................................................................. 4 
2.2 História do Comércio Exterior ............................................................... 5 
3 CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS........................................................ 6 
4 CONDIÇÕES LEGAIS E OPERACIONAIS PARA IMPORTAÇÃO ........... 10 
4.1 Controle aduaneiro e tratamento administrativo na importação ......... 10 
5 DESPACHO DE IMPORTAÇÃO ............................................................... 15 
6 PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR ......................................... 23 
7 FINANCIAMENTO PARA IMPORTAÇÕES .............................................. 26 
7.1 Linhas de crédito internacionais ......................................................... 26 
7.2 Instituições nacionais de financiamento à importação........................ 29 
7.3 Principais tipos de financiamentos ..................................................... 29 
8 OPERAÇÕES LEGAIS PARA EXPORTAR .............................................. 33 
8.1 Tratamento administrativo na exportação .......................................... 33 
8.2 O controle aduaneiro na atividade de exportação .............................. 37 
8.3 Rotinas do despacho de exportação .................................................. 38 
9 FINANCIAMENTO PARA EXPORTAÇÃO ................................................ 40 
9.1 Linhas de financiamento ..................................................................... 42 
9.2 Como escolher a melhor linha de crédito ........................................... 47 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O grupo educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. 
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão 
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 COMÉRCIO EXTERIOR 
2.1 O que é Comércio Exterior? 
 
Fonte:tmbusiness.co.mz 
Mesmo para quem não atue na área, é importante que tenha conhecimento 
sobre o que é o Comércio Exterior, pois ele é o responsável por incentivar o 
desenvolvimento do país por vários motivos. Tal necessidade se dá pelo ciclo virtuoso 
que ele gera, ao trocar produtos e tecnologias, há também a geração de novos 
empregos, conhecimento entre outros, com isso, contribui para um país mais rico, em 
vários aspectos. 
Com a globalização, o mundo está mais conectado e, por esse motivo, as 
pessoas e as mercadorias circulam com maior facilidade e agilidade entre as fronteiras 
de países e de continentes. É justamente disso que se refere ao Comércio Exterior, 
como o próprio nome já diz, cita à troca de produtos e serviços entre países, seja na 
compra, o que chamamos de importação ou na venda, que são as exportações, 
englobando todos os procedimentos necessários para sua realização. 
Aplicando o conceito podemos citar um exemplo prático: suponhamos que 
determinada empresa brasileira realize uma importação de meias fabricadas na 
China. Todas as atividades que envolvam o processo da chegada das meias até o 
Brasil, incluindo: logística, trâmites de pagamento e de conversão das moedas, a 
 
 
 
 
5 
 
regularização de toda a documentação necessária e a garantia do cumprimento das 
leis são “Ofícios” do Comércio Exterior. 
O Comércio Exterior também é muito importante para o PIB (Produto Interno 
Bruto) que sua variação influencia diretamente na Balança Comercial do país em 
questão. 
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais de um país, em valores 
monetários, num determinado período. Possui como objetivo principal, avaliar a 
atividade econômica de determinada região e seu nível de riqueza, nele são 
considerados apenas os bens e produtos finalizados, serviços, investimentos e gastos 
do governo, desconsiderando assim os bens intermediários, serviços não 
remunerados, bens já existentes e atividades informais/ilegais. No Brasil, o PIB é 
avaliado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 
Já a Balança Comercial representa as transações comerciais com o exterior. 
Ela é calculada de acordo com a diferença entre as exportações e importações. Sendo 
assim, quando as exportações são maiores que as importações, dizemos que a 
Balança está positiva, gerando um superávit. Tal condição é muito boa para o país, 
uma vez que esta representa que o produto nacional está sendo bem vendido lá fora. 
Nas situações em que as importações forem maiores que as exportações, a Balança 
se torna negativa e gera um déficit na Economia, pois significa que o país está 
comprando mais do que está vendendo. 
2.2 História do Comércio Exterior 
Há indícios de que o Comércio Exterior exista desde milênios atrás. No oitavo 
milênio a.C., os chineses já faziam rotas visando países asiáticos para o comércio de 
seda. Os egípcios e outros povos da antiguidade também comercializavam seus 
produtos agrícolas através do Rio Nilo, mas, somente nos séculos mais recentes, o 
Comércio Exterior começou a adquirir uma forma mais parecida com a atual. Tudo 
isso em função do desenvolvimento industrial, dos meios de transportes, e as formas 
de comunicação, comprovando que o avanço tecnológico e criação da Internet foram 
essenciais para tornar ágil o processo da comercialização entre as fronteiras. 
 
 
 
 
 
6 
 
Resultante dos avanços tecnológicos, podemos citar como exemplo o 
SISCOMEX - Sistema Integrado do Comércio Exterior que é um dos principais 
instrumentos atuais da área. Por meio dele é possível registrar, acompanhar e 
controlar operações dentro do Comércio Exterior de maneira mais simplificada, além 
de ter acesso à legislação e atuação governamental. Há ainda o SISCOSERV, que é 
um sistema criado para registrar transações internacionais de domiciliados no Brasil 
com domiciliados no exterior (exceto de mercadorias, que é onde entra o SISCOMEX), 
entre outros sistemas. 
3 CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
Fonte: saopauloopencentre.com.br 
A complexidade do mercado internacional impõe uma série de desafios às 
empresas que pretendem se internacionalizar. A busca por oportunidades de 
negociação com empresas situadas em outros países apresenta uma série de 
percalços, que devem ser superados na busca pelo sucesso comercial. 
Uma das formas encontradas pelas empresas para destacarem seus produtos 
diante do concorrido mercado internacional é estabelecerem uma imagem de 
qualidade diante de seus concorrentes. Para isso, buscam certificações 
 
 
 
 
7 
 
internacionalmente aceitas, que possam referenciar a qualidade de seus produtos e 
processos. 
As certificações internacionais podem ser utilizadas por empresas nabusca por 
clientes internacionais. 
Ao atuar no mercado internacional, as empresas precisam analisar “[...] os 
principais aspectos legais que envolvem as compras internacionais, incluindo órgãos 
do país responsáveis por autorizações e certificações de diferentes tipos” DIAS; 
RODRIGUES, 2012, p. 317 apud CASADO, 2019). Assim, as certificações 
internacionais fazem parte do âmbito político-legal desse ambiente de negócios. 
As certificações consistem basicamente em documentos ou selos que as 
empresas utilizam para atestar que seus produtos, serviços ou processos estão de 
acordo com um conjunto de normas e regras de padrão nacional ou internacional. 
Existem basicamente dois tipos de certificações: 
• Certificação compulsória: um regulamento determina expressamente que um 
produto ou serviço só pode ser comercializado se possuir tal certificação. Como 
exemplo, considere a produção de capacetes para motociclistas. Esse tipo de 
produto necessita seguir padrões internacionais de durabilidade, resistência e 
qualidade. Portanto, caso uma empresa deseje produzir e comercializar 
capacetes para motociclistas, ela deve possuir uma certificação específica. 
• Certificação voluntária: esse tipo de certificação não é uma necessidade legal, 
mas assim mesmo é demandada pelas empresas. Nesse caso, as empresas 
buscam voluntariamente o processo de certificação. Antes 
disso, elas devem analisar o conjunto de processos em desenvolvimento, 
bem como se é conveniente buscar tal certificação. 
Ao buscar certificações, as empresas devem obter informações junto a 
entidades que realizam o processo de validação. Entre as principais entidades, estão: 
• Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); 
• Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); 
• Organização Internacional de Normalização (International Organization for 
Standardization — ISO). 
O Inmetro é uma autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de 
Produtividade, Emprego e Competitividade, do Ministério da Economia. Essa entidade 
foi criada em 1973 “[...] com a finalidade de formular e executar a política nacional de 
 
 
 
 
8 
 
metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade de produtos industriais” 
(BRASIL, 1973, documento on-line apud CASADO, 2019). 
Costumeiramente, o Inmetro é associado a testes de qualidade de nível 
nacional, porém a instituição possui diversos acordos internacionais de 
reconhecimento mútuo. Assim, as empresas exportadoras podem validar as 
certificações emitidas pelo Inmetro em uma série de países. 
O Inmetro firmou um acordo de reconhecimento mútuo com o Comitê 
Internacional de Pesos e Medidas (CIPM). Esse acordo possibilita que os certificados 
emitidos por meio do Inmetro tenham validade internacional em todos os países 
signatários do acordo. 
A ABNT é a principal entidade brasileira certificadora de processos, produtos e 
serviços de empresas que desejam se internacionalizar. A entidade foi fundada em 
1940, sendo a responsável pela elaboração e pela divulgação das normas brasileiras 
(ABNT NBR), que são desenvolvidas pelos Comitês Brasileiros (CB), pelos 
Organismos de Normalização Setorial (ONS) e pelas Comissões de Estudo Especiais 
(CEE) (ABNT, 2014). Entre os objetivos da ABNT (2018), destacam-se: 
• Coordenar e supervisionar o processo de elaboração das normas técnicas 
brasileiras; 
• Tornar públicas todas as normas técnicas brasileiras e demais documentos 
técnicos; 
• Promover a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento e na 
elaboração das normas técnicas nacionais; 
• Credenciar empresas e organismos para realizar o processo de normalização 
setorial; 
• Intermediar, por meio do poder público e de organizações privadas, fóruns e 
debates a respeito da normalização técnica. 
A ABNT também é responsável por avaliar a conformidade de produtos e 
serviços, bem como possui programas de certificação com foco ambiental. 
A entidade foi uma das fundadoras da ISO, que é a responsável internacional 
por emitir as normas e procedimentos aceitos. 
A ISO é uma organização de nível internacional que emite uma série de normas 
internacionalmente aceitas. Tais normas definem padrões de qualidade e de gestão 
de qualidade. A organização é responsável por publicar diversos padrões de 
 
 
 
 
9 
 
qualidade “[...] sob o nome ISO 9000. Incorporando diversos subconjuntos (ISO 9001, 
9002 etc.), esses padrões apresentam as definições básicas para a garantia da 
qualidade e a gestão da qualidade” (BOWERSOX et al., 2014, p. 107 apud 
CASADO,2019). 
As normas ISO têm como função principal estabelecer padrões de 
conformidade nas empresas certificadas. Assim, seria possível criar um plano para 
evitar que inconformidades surgissem ou se repetissem (TURBAN, VOLONINO; 2013 
apud CASADO,2019). Há diversas certificações ISO internacionalmente aceitas. 
As principais são: 
• ISO 9000: estabelece e mantém um padrão de qualidade na prestação de 
serviços de empresas que realizam atendimento a clientes. Refere-se à 
qualidade dos processos da organização, e não dos produtos ou serviços. 
• ISO 14000: estabelece diretrizes para as empresas em relação à sua gestão 
ambiental. 
• ISO 50001: estabelece diretrizes para as empresas em relação à economia de 
energia. 
Há ainda certificações ISO que são de setores específicos. Entre elas, inclui-se 
o ISO 22000, utilizado em toda a cadeia de produção de alimentos, sendo aplicado 
desde a colheita até o produto que é consumido. O objetivo principal desse ISO é 
garantir a segurança alimentar, proporcionando maior confiabilidade em relação aos 
fornecedores e desenvolvendo padrões de qualidade internacionalmente aceitos. 
Uma última norma muito utilizada pelas empresas que atuam no comércio 
internacional é a OHSAS 18001. Essa norma foi desenvolvida por meio da ISSO 9001, 
portanto é muito semelhante a ela. O objetivo da OHSAS 18001 é garantir maior 
segurança ocupacional aos trabalhadores das empresas certificadas. 
Logo, as empresas que usam essa certificação possuem riscos minimizados 
para seus trabalhadores. 
As empresas que fazem uso das certificações internacionais possuem 
inúmeras vantagens. Naturalmente, na hora de escolher entre duas empresas, uma 
com e outra sem certificação, o consumidor tende a optar pelos produtos da primeira. 
A garantia de qualidade atestada pelas certificações dá às empresas a prioridade nos 
processos de compras de seus clientes, de modo que elas se diferenciam de 
empresas não certificadas. 
 
 
 
 
10 
 
4 CONDIÇÕES LEGAIS E OPERACIONAIS PARA IMPORTAÇÃO 
 
Fonte: comexdobrasil.com 
É muito importante que o profissional de comércio exterior conheça o 
Regulamento Aduaneiro (RA) (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020). Além disso, esse 
profissional deve estar a par das instruções normativas da Receita Federal do Brasil 
(RFB), que é o órgão interveniente da atividade de comércio exterior no País. Por meio 
dessas normativas, o órgão responsável pelo controle da entrada e da saída de cargas 
regula essas atividades e comunica às empresas como elas devem proceder em 
relação à regularização da entrada de suas mercadorias no território nacional. 
4.1 Controle aduaneiro e tratamento administrativo na importação 
No Brasil, o controle de entradas e saídas de mercadorias do País é 
responsabilidade do governo federal e ocorre por meio de órgãos públicos, dividindo-
se em controle administrativo e controle aduaneiro. O controle administrativo diz 
respeito à autorização das importações, que ocorre por meio da emissão de 
licenciamentos. Já o controle aduaneiro é todo controle realizado após a chegada da 
mercadoria ao território nacional; ele ocorre, portanto, no momento do despacho da 
carga. 
 
 
 
 
11 
 
Conforme o art. 550 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a importação 
de mercadorias está sujeita a licenciamento, realizado por meio do Sistema Integrado 
de ComércioExterior (Siscomex), sistema adotado no Brasil. O controle administrativo 
na importação tem início na emissão do licenciamento por meio do registro eletrônico 
do Siscomex. Esse registro deve incluir informações específicas relativas às 
mercadorias, aos importadores e exportadores brasileiros, bem como aos 
importadores e exportadores internacionais. Além disso, deve conter informações 
específicas sobre cada negociação relacionada à prática do comércio exterior. Assim, 
no Brasil, todo o acompanhamento da atividade de comércio exterior ocorre por meio 
desse sistema, que foi criado na década de 1990 e passou por diferentes atualizações 
desde então. 
Para regulamentar as importações brasileiras, foi criada a Portaria nº 23/2011, 
a fim de administrar as tramitações das licenças. No capítulo II dessa portaria, consta 
a classificação adotada junto ao setor. Tal classificação divide as importações em: 
importações dispensadas de licenciamento, importações sujeitas a licenciamento 
automático e importações sujeitas a licenciamento não automático (BRASIL, 2011 
apud PEREIRA, 2020). 
De acordo com essa portaria (BRASIL, 2011, art. 13 apud PEREIRA, 2020), em 
regra, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os 
importadores tão somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) 
no Siscomex com o objetivo de dar início aos procedimentos de despacho aduaneiro 
junto à unidade local da Secretaria da RFB (SRF). A seguir, veja a lista de 
modalidades isentas de licenciamento. 
I - Sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, inclusive sob 
controle aduaneiro informatizado; 
II - Sob o regime de admissão temporária, inclusive de bens amparados pelo 
Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados 
às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás 
Natural (Repetro); 
III - Sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca, 
depósito afiançado, depósito franco e depósito especial; 
IV - Com redução da alíquota de imposto de importação decorrente da 
aplicação de “ex-tarifário”; 
V - Mercadorias industrializadas, destinadas a consumo no recinto de 
congressos, feiras e exposições internacionais e eventos assemelhados, 
observado o contido no art. 70 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; 
VI - Peças e acessórios abrangidos por contrato de garantia; 
VII - Doações, exceto de bens usados; 
VIII - Retorno de material remetido ao exterior para fins de testes, exames e/ 
ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica; 
 
 
 
 
12 
 
IX - Arrendamento mercantil financeiro (leasing), arrendamento mercantil 
operacional, arrendamento simples, aluguel ou afretamento; 
X - Sob o regime de admissão temporária ou reimportação, quando usados, 
reutilizáveis e não destinados à comercialização, de recipientes, embalagens, 
envoltórios, carretéis, separadores, racks, clip locks, termógrafos e outros 
bens retornáveis com finalidade semelhante destes, destinados ao 
transporte, acondicionamento, preservação, manuseio ou registro de 
variações de temperatura de mercadoria importada, exportada, a importar ou 
a exportar; 
XI – nacionalização de máquinas e equipamentos que tenham ingressado no 
País ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária para 
utilização econômica, aprovado pela RFB, na condição de novas; e 
XII – importações de empresa autorizada a operar em ZPE, com exceção de 
exigência de licenciamento em virtude de controles de ordem sanitária, de 
interesse da segurança nacional e de proteção do meio ambiente (BRASIL, 
2011, documento on-line). 
Portanto, tanto as importações sujeitas a licenciamento automático quanto as 
sujeitas a licenciamento não automático necessitam da autorização de entrada por um 
órgão anuente responsável. os principais órgãos anuentes na atividade de comércio 
exterior brasileiro são: 
• Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) 
• Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
• Agência Nacional do Cinema (Ancine) 
• Comando do Exército (Comexe) 
• Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) 
• Departamento de Polícia Federal (DPF) 
• Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) 
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (Ibama) 
• Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 
• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
• (CNPq) 
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBC) 
• Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial 
• (Inmetro) 
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 
• Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) 
• Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) 
 
 
 
 
 
13 
 
Na atividade de comércio exterior, existem os intervenientes e os anuentes. Os 
intervenientes incluem: o importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro 
ou de procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o 
transportador, o agente de carga, o Operador de Transporte Multimodal (OTM), o 
operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o perito, o 
assistente técnico, o recinto alfandegado ou qualquer outra pessoa jurídica que tenha 
relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. Por sua vez, os 
órgãos anuentes são órgãos governamentais que têm a função legal de anuir, 
concordar ou discordar com a entrada ou saída de bens, veículos ou pessoas do País. 
Segundo o art. 16 da Portaria nº 23/2011, o licenciamento automático pode ser 
efetuado após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho 
aduaneiro de importação. Segundo o art. 14, estão sujeitas a licenciamento 
automático as seguintes importações: 
I - De produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex; 
também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), para simples 
consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; e 
II - As efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback 
(BRASIL, 2011, documento on-line). 
No entanto, mesmo no caso de licenciamento automático, é preciso analisar, 
até o momento do desembaraço da mercadoria, os casos sujeitos a procedimentos 
especiais, verificando as exigências sanitárias ou zoosanitárias e o número de registro 
das empresas (para importação de amianto, defensivos agrícolas, produtos 
farmacêuticos, perfumaria e correlatos), entre outros aspectos. A não apresentação 
dos documentos exigidos inibe o despacho aduaneiro da mercadoria importada. 
Em relação a prazos, segundo o art. 22 da portaria, o licenciamento automático 
será efetivado no prazo máximo de 10 dias úteis, contados a partir da data do registro 
do licenciamento no Siscomex. É necessário, no entanto, que os pedidos de licença 
tenham sido apresentados de forma adequada e completa pelo importador ou seu 
representante legal (BRASIL, 2011 apud PEREIRA, 2020). 
As cotas tarifárias são aquelas importações que entram no País com uma 
alíquota menor, até o limite da cota autorizada pelo governo brasileiro. Ultrapassada 
a quantidade autorizada na cota, os órgãos do governo continuam aprovando a 
entrada da mercadoria, mas com uma alíquota maior do imposto de importação. Em 
 
 
 
 
14 
 
relação às cotas não tarifárias, depois de a cota autorizada pelo governo entrar no 
País, não é mais autorizada a entrada do produto no território nacional. As cotas são 
controladas e estipuladas, pelo período de um ano, pelo Decex. 
O exame de similaridade, também realizado pelo Decex, se dá quando o 
importador brasileiro quer ser beneficiado com isenção ou redução de tributos na 
importação de determinados produtos. Para que o importador possa receber esse 
benefício, não deve haver produção nacional do produto em questão. Portanto, oexame busca averiguar a existência de produto igual ou similar ao estrangeiro. Se 
comprovada a existência de produção similar, o importado não será beneficiado com 
a redução ou a isenção do imposto de importação pretendida, ou seja, perderá o 
benefício fiscal. 
Em relação a prazos, segundo o art. 23 da Portaria nº 23/2011, no 
licenciamento não automático, os pedidos terão tramitação de no máximo 60 dias, 
contados a partir da data de registro do licenciamento no Siscomex. A portaria prevê, 
no entanto, a possibilidade de esse prazo ser ultrapassado quando não for possível o 
seu cumprimento por razões que escapem ao controle do órgão anuente responsável. 
De acordo com o art. 24 da mesma portaria, tanto o licenciamento automático 
quanto o não automático possuem prazo de validade de 90 dias. Além disso, todo o 
procedimento relacionado a licenciamentos deve ser feito no site do Siscomex, com o 
login do importador, que já deve possuir sua habilitação no Sistema Radar, de 
responsabilidade da própria RFB (BRASIL, 2020 apud PEREIRA, 2020). 
Normalmente, a exigência de licenciamento se dá de duas formas: pela 
natureza da operação de importação (regimes aduaneiros), ou pelo produto que será 
importado (licença de importação). A seguir, veja as principais características do 
licenciamento (BRASIL, 2020 apud PEREIRA, 2020): 
1. Para a emissão do licenciamento, é necessário que o importador cadastre 
todos os dados financeiros, comerciais, cambiais e fiscais do processo no Siscomex. 
2. O licenciamento pode ser emitido somente para uma Nomenclatura Comum 
do Mercosul (NCM) (isso mudará com a implantação da Declaração Única de 
Importação — Duimp). 
3. O licenciamento é necessário somente para algumas operações e 
mercadorias. 
 
 
 
 
15 
 
4. O licenciamento é analisado por diversos órgãos do governo federal, às 
vezes por mais de um. 
5. O licenciamento tem validade de 90 dias, mas pode ser prolongado, com 
uma emissão de licenciamento substituta, para a finalidade de embarque. 
6. Se o licenciamento da mercadoria pretendida for necessário, o primeiro 
registro administrativo no Siscomex é a emissão de licenciamento, mesmo que o 
despacho aduaneiro seja considerado somente depois da emissão da DI. 
7. O órgão responsável pelos dados eletrônicos é o Serviço Federal de 
Processamento de Dados (Serpro); é por intermédio dele que o importador se conecta 
ao Siscomex para gerar a emissão de licenciamento automático e não automático e a 
DI. 
8. A DI é o registro básico de toda importação, e a emissão de licenciamento 
serve para o controle administrativo dos órgãos públicos. 
5 DESPACHO DE IMPORTAÇÃO 
No setor de importação, o veículo transportador é controlado desde o momento 
em que entra no País até o momento em que sai dele. Esse controle abrange todos 
os bens existentes a bordo. Assim, de acordo com o art. 31 do RA (BRASIL, 2009 
apud PEREIRA, 2020), o transportador deve fornecer à SRF, na forma e no prazo por 
ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a 
chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado (BRASIL, 1966, art. 37, 
caput, 2003, art. 77 apud PEREIRA, 2020). Somente após o fornecimento dessas 
informações e a chegada do veículo no território nacional é que será emitido o termo 
de entrada, na forma estabelecida pela SRF. 
O art. 41 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020) ainda determina que 
toda mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer via, deve ser 
registrada em manifesto de carga ou em outras declarações de efeito equivalente 
(BRASIL, art. 39, caput apud PEREIRA, 2020). O art. 42 (BRASIL, 2009 apud 
PEREIRA, 2020) complementa que o responsável pelo veículo deve apresentar à 
autoridade aduaneira, na forma e no momento estabelecidos em ato normativo da 
SRF, o manifesto de carga, com cópia dos conhecimentos correspondentes, e a lista 
 
 
 
 
16 
 
de sobressalentes e provisões de bordo (BRASIL, 1966, art. 39, caput apud PEREIRA, 
2020). 
O controle aduaneiro, portanto, tem início na entrada do veículo em Zona 
Primária (ZP) e termina quando o transportador entrega a carga ao depositário, no 
recinto alfandegado de destino, para o início do despacho aduaneiro. Desse modo, 
conforme o art. 53 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a mercadoria que foi 
declarada pelo transportador será submetida à conferência final para a apuração da 
responsabilidade por eventuais diferenças quanto a extravio ou acréscimo de 
mercadoria (BRASIL, 1966, art. 39, § 1º apud PEREIRA, 2020), com a participação de 
dois importantes atores: o transportador e o depositário. 
O procedimento do despacho aduaneiro de importação ocorre após a chegada 
da mercadoria ao País, sendo constituído por etapas diferentes. Cumpridas as etapas, 
acontece o desembaraço da mercadoria, em que a RFB certifica a legitimidade da 
importação. Para esse procedimento, a RFB se baseia no RA, que compila e 
regulamenta a legislação aduaneira brasileira, tratando de assuntos como controle e 
fiscalização aduaneiros e tributação de operações de comércio exterior. 
No art. 542 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), o despacho de 
importação é descrito como o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão 
dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos 
documentos apresentados e à legislação específica. Já o art. 543 do RA afirma que 
toda importação, importada a título definitivo ou não, deve passar por um 
procedimento de despacho aduaneiro. 
Dessa forma, após o importador estar ciente da chegada de sua carga em um 
recinto alfandegado (sob controle aduaneiro dos fiscais da RFB), o despacho de sua 
carga deve ocorrer, segundo o art. 546 do RA, dentro dos seguintes prazos (BRASIL, 
2009, documento on-line apud PEREIRA, 2020): 
I - Até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto 
alfandegado de zona primária; 
II - Até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da 
mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e 
III - Até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da 
remessa postal. 
A inobservância dos prazos fixados para o início do despacho de importação 
será considerada danos ao erário por abandono, resultando na aplicação da pena de 
 
 
 
 
17 
 
perdimento das mercadorias. Tal situação gera graves implicações de ordem cambial 
caso o importador já tenha tomado providências quanto ao pagamento do bem 
importado, inclusive no que diz respeito a operações garantidas com carta de crédito. 
Na mesma situação de abandono, e com as mesmas implicações, ficam mercadorias 
importadas cujo despacho aduaneiro seja interrompido por mais de 60 dias, seja por 
ação ou omissão do importador ou seu representante, seja pela não apresentação de 
documentos exigidos pelo órgão aduaneiro. 
De acordo com o art. 3º do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a 
jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro e 
abrange as ZPs e as Zonas Secundárias (ZSs) (BRASIL, 1966, art. 33, caput apud 
PEREIRA, 2020). O art. 8º do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020) esclarece 
que as ZPs são os portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. Tal artigo 
também determina que somente na ZP podem ser efetuadas a entrada e a saída de 
mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas (BRASIL, 1966, art. 34, II, III 
apud PEREIRA, 2020). 
De acordo com o art. 13 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), compete 
à SRF definir os requisitos técnicos e operacionais para o alfandegamento dos locais 
e recintos onde ocorrem, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e 
despacho de: mercadorias precedentes do exterior ou a ele destinadas (inclusive sob 
regime aduaneiro especial), bagagens de viajantes precedentes do exterior ou a ele 
destinadas e remessas postais internacionais (BRASIL, 2010, art. 34, caput apud 
PEREIRA, 2020). 
Segundo aInstrução Normativa SRF nº 680/2006, o despacho aduaneiro de 
importação compreende despacho para consumo e despacho para admissão em 
regime aduaneiro especial. 
O despacho para consumo é aquele que ocorre quando as mercadorias que 
entram no País são destinadas ao consumo imediato dos seus importadores, tais 
como insumos, matérias-primas, bens de produção e produtos intermediários. 
Assim, pode-se considerar que o despacho para consumo ocorre quando as 
mercadorias importadas estão destinadas ao uso pelo aparelho produtivo nacional, 
para consumo ou revenda. Dessa forma, o despacho para consumo ou despacho a 
título definitivo tem o propósito de nacionalizar a mercadoria importada. 
 
 
 
 
18 
 
Por sua vez, o despacho a título não definitivo ocorre quando a mercadoria 
importada continua na propriedade da empresa estrangeira, vendedora; assim, não 
ingressa na massa de riquezas do País, entrando no Brasil a título suspensivo. 
Nessa modalidade, os importadores devem ter autorização para usar os 
regimes aduaneiros especiais, tais como o regime especial de entreposto aduaneiro 
e o regime especial de admissão temporário. 
O despacho para admissão em regimes aduaneiros especiais objetiva 
oportunizar a entrada de mercadorias e/ou produtos para consumo próprio e/ou 
revenda. Tais produtos podem permanecer em algum regime especial por 
determinado prazo que será autorizado pelo devido órgão competente, considerando 
a finalidade da importação, sem sofrerem a incidência imediata de tributação. Assim, 
na modalidade de regimes especiais, os tributos ficam suspensos até a extinção do 
regime, e automaticamente ocorre a mudança de regime especial para regime 
comum. Então, se dá a incidência dos tributos devidos ao Estado e a mercadoria é 
nacionalizada (entregue ao importador a título definitivo). 
O regime de admissão temporário é aplicado, por exemplo, às mercadorias em 
trânsito aduaneiro, ou seja, quando o importador tem interesse em realizar o despacho 
em um recinto alfandegado de ZS. Assim, no trânsito de um recinto alfandegado de 
ZP (zona de entrada de mercadorias estrangeiras) até um recinto alfandegado de 
despacho, a mercadoria é autorizada pelo órgão competente a circular sem 
recolhimento dos tributos devidos ao Estado. Há também o despacho em áreas 
especiais. 
Segundo o RA (BRASIL,2009 apud PEREIRA, 2020), essas são áreas de livre 
comércio de importação e de exportação sob regime fiscal especial. Elas são 
estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento de áreas fronteiriças 
específicas da Região Norte do País e de incrementar as relações bilaterais com os 
países vizinhos, segundo a política de integração latino-americana. Nesse contexto, 
as mercadorias são despachadas com isenções dos tributos devidos ao Estado, mas, 
se forem transferidas para outros pontos do território nacional, ficarão sujeitas ao 
tratamento fiscal e administrativo dado às importações comuns. 
As remessas postais internacionais podem ser submetidas a um dos dois 
regimes: de tributação simplificada ou de importação comum. Somente ocorre 
despacho para consumo quando o regime aplicado é o de importação comum. 
 
 
 
 
19 
 
Em relação ao regime de tributação simplificado, a legislação não dá nome ao 
despacho, que ficou conhecido como “despacho de remessa postal internacional”. 
O despacho de mercadorias trazidas por viajantes pode receber um de quatro 
tratamentos: isenção, regime de tributação especial, regime de importação comum ou 
perdimento. Somente no caso do regime de importação comum o despacho é para 
consumo. No caso de isenção ou regime de tributação especial, o despacho não 
recebe um nome e é conhecido simplesmente como “despacho de bagagem”. No caso 
de perdimento, não há despacho, visto que a mercadoria é apreendida pelo fiscal do 
recinto alfandegado de despacho. 
Assim, em todas as modalidades previstas, o despacho aduaneiro tem início 
quando ocorre o registro no Siscomex pelo importador ou representante legal. Como 
determina o art. 21 Instrução Normativa SRF nº 680, após o registro da DI, ela será 
submetida à análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de 
parametrização ou conferência aduaneira (BRASIL, 2006, documento on-line apud 
PEREIRA, 2020). 
De forma geral, o despacho aduaneiro de importação é processado com base 
em uma declaração a ser apresentada à unidade aduaneira responsável pelo controle 
da mercadoria. Tal declaração deve conter, entre outras informações, a identificação 
do importador e do adquirente ou encomendante, caso não sejam a mesma pessoa, 
além da identificação, da classificação, do valor aduaneiro e da origem da mercadoria. 
A importação por conta e ordem de terceiros ocorre quando uma pessoa 
jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria 
adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado. 
Esse contrato pode compreender ainda a prestação de outros serviços 
relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a 
intermediação comercial. 
O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que 
opera por conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução 
Normativa RFB nº 1.861, de 27 de dezembro de 2018. Dessa forma, o registro da DI 
pelo contratado está condicionado à sua prévia habilitação no Siscomex para atuar 
como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. 
A operação de importação por encomenda ocorre quando uma pessoa jurídica 
promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias por ela 
 
 
 
 
20 
 
adquiridas no exterior para revenda a empresa encomendante predeterminada, em 
razão de contrato firmado entre elas. Nessa operação, a importação não pode ser 
realizada com recursos financeiros do encomendante, não sendo considerada 
importação por encomenda a operação realizada com tais recursos, mesmo que 
parciais. O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que 
opera por encomenda é exercido conforme a Instrução Normativa RFB nº 1.861/2018. 
O registro da DI fica condicionado à prévia habilitação no Siscomex, tanto do 
encomendante quanto do importador por encomenda, e à prévia vinculação entre eles 
realizada nesse sistema. 
Segundo a Instrução Normativa SRF nº 680/2006, art. 11, o pagamento dos 
tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem como 
dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, 
compensatórios ou de salvaguarda, deve ser efetuado no ato do registro da respectiva 
DI ou da sua retificação, se efetuada no curso do despacho aduaneiro. Tal pagamento 
se dá por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) 
eletrônico, mediante débito automático em conta corrente bancária, em agência 
habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais. 
Os documentos de instrução da DI devem ser entregues à fiscalização da SRF 
sempre que solicitados. Por essa razão, o importador deve mantê-los pelo prazo 
previsto na legislação, que pode variar conforme o caso, mas nunca é inferior a cinco 
anos. Os documentos necessários para o despacho aduaneiro são os listados a 
seguir: 
• Conhecimento de carga (via original): documento emitido pelo exportador par 
identificar o contrato do frete. Nele, constam o valor cobrado pelo frete, que 
entra na base de cálculo do imposto de importação, e o nome do importador, 
que comprova quem é o possuidor da mercadoria. Esse documento é um título 
de crédito que pode ser endossado, o que quer dizer que pode ser transferido 
de proprietário. Se o beneficiário do endosso tiver seu nome lançado no título, 
ele é chamado de “endosso em preto”. Se não há nomeação do endossatário 
é chamado de “endosso branco”; assim, torna-se possuidor da mercadoria 
quem tiver o documento. 
• Faturacomercial (via original) assinada pelo exportador: nela constam três 
dados mais importantes, que são o valor da mercadoria, a espécie e a 
 
 
 
 
21 
 
quantidade. A fatura só é obrigatória no caso de o romaneio não mencionar 
essas informações, de acordo com o art. 560 do RA (BRASIL, 2009 apud 
PEREIRA, 2020). 
• Romaneio de carga (packing list), quando aplicável: esse é o documento em 
que se lista e discrimina as mercadorias por volume, para conferência da 
aduana. Assim, a carga pode ser averiguada por amostragem, além de 
processo ser viabilizado para o importador no momento do recebimento. 
Existem outros documentos exigidos pelo controle aduaneiro, mas eles 
dependem do tipo de mercadoria importada. Entre eles, estão: o atestado sanitário, 
que é exigido pelo Mapa no caso de animais vivos, e o certificado de origem, que deve 
ser apresentado para a redução ou isenção tarifária em casos de acordos bilaterais 
com o Brasil. O certificado de origem comprova que a mercadoria foi produzida em 
determinado país. 
O art. 19 da Instrução Normativa SRF nº 680/2006 menciona que os 
documentos instrutivos do despacho devem ser postados eletronicamente no Portal 
Único de Comércio Exterior e autenticados via certificado digital. 
O registro da DI no Siscomex é a primeira etapa do despacho, porém tal registro 
nem sempre será o primeiro a ser realizado pelo importador no sistema. Afinal, 
havendo necessidade de licença para a importação, esse será o primeiro registro por 
parte do importador no Siscomex. Após o registro da DI, o importador recebe um 
número de identificação do fiscal da SRF. 
Em relação à regularidade cadastral do importador, no registro, é verificado o 
Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) para se averiguar se o importador 
está ativo. Além disso, verifica-se se a pessoa física que registrou a DI está 
credenciada para registrá-la. 
O controle administrativo sempre antecede o controle aduaneiro. Portanto, sem 
a licença de importação deferida pelo órgão anuente competente, não haverá 
deferimento do registro da DI. A Siscomex também verifica, antes do registro da DI, o 
cumprimento de acordos cambiais relativos à operação, se houver. 
Nessa etapa, a mercadoria deve ter chegado ao Brasil e estar armazenada aos 
cuidados do depositário em ZP ou ZS. Assim, após o aviso do depositário, a carga 
será checada. O Siscomex Mantra ou o Siscarga verificará se carga está armazenada 
ou não pelo registro do seu número de conhecimento. 
 
 
 
 
22 
 
Em relação ao pagamento dos tributos devidos, o importador deve informar o 
recolhimento no registro da DI, e o Siscomex enviará ao setor financeiro (banco do 
importador) o pedido de transferência para a conta da União, chamado DARF 
eletrônico. Somente após esse procedimento o importador poderá (ou não) registrar 
a DI. Também é recolhida pelo mesmo processo de transferência a taxa de utilização 
do Siscomex, que varia de acordo com o número de adições da DI. Assim, segundo o 
art. 72 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), o fato gerador do imposto de 
importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (BRASIL, 
1966, art. 1º, caput, apud PEREIRA, 2020). 
Sobre a etapa de conferência da DI, de acordo com o art. 21 da Instrução 
Normativa SRF nº 680/2006, a análise fiscal ocorre para averiguação das informações 
prestadas. Entre tais informações, incluem-se: a regularidade fiscal do importador; a 
habitualidade do importador; a natureza, o volume e o valor da importação; o valor 
dos impostos incidentes; a origem, a procedência e a destinação da mercadoria; o 
tratamento tributário; as características da mercadoria; a capacidade operacional e 
financeira do importador; e o histórico do importador. 
A escolha do Auditor Fiscal da RFB (AFRFB) para averiguação pode ser 
deliberada ou aleatória (por meio do sistema do Siscomex). De acordo com o art. 24 
da mesma instrução normativa, a conferência aduaneira será iniciada após o 
recebimento do extrato da declaração selecionada e dos documentos que a instruem 
(BRASIL, 2006 apud PEREIRA, 2020). 
Dessa forma, o exame documental consiste no procedimento fiscal destinado, 
segundo o art. 25 da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, a verificar: 
I - A integridade dos documentos apresentados; 
II – A exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração 
em relação àquelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive no 
que se refere à origem e ao valor aduaneiro da mercadoria; 
III- O cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar 
correspondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados; 
IV - O mérito de benefício fiscal pleiteado; e 
V – A descrição da mercadoria na declaração, com vistas a verificar se estão 
presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta 
classificação fiscal (BRASIL, 2006, documento on-line). 
Segundo o art. 564 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a etapa de 
conferência tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a 
correção das informações relativas às suas naturezas, classificação fiscal, 
 
 
 
 
23 
 
quantificação e valor, além de confirmar o cumprimento de todas as obrigações 
(fiscais e outras exigíveis em razão da importação). Portanto, nessa etapa do 
despacho, são adotados canais de seleção (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020). 
Na grande maioria das vezes, o despacho aduaneiro cai no canal verde, de 
modo que não ocorre a conferência da mercadoria. Por essa razão, a parametrização 
é realizada pelo próprio sistema, ou seja, o fiscal somente assina a DI. Assim, é 
comum mencionar que quem efetuou o despacho foi o próprio Siscomex. 
Caso seja constatada alguma ocorrência que impeça o prosseguimento do 
despacho, ele será interrompido. Em seguida, o AFRFB será solicitado a realizar a 
devida exigência de correção. Segundo o art. 570 do RA, caracterizam a interrupção 
do despacho (BRASIL, 2009, documento on-line apud PEREIRA, 2020): 
I - A não apresentação de documentos exigidos pela autoridade aduaneira, 
desde que indispensáveis ao prosseguimento do despacho; e 
II - O não comparecimento do importador para assistir à verificação da 
mercadoria, quando sua presença for obrigatória. 
O desembaraço aduaneiro, segundo o art. 571 do RA (BRASIL, 2009 apud 
PEREIRA, 2020), representa o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência 
aduaneira, de modo que a mercadoria é liberada para o transportador interno do 
importador. 
Essa é a última etapa do despacho e ocorre logo após o pagamento de valores 
acumulados enquanto a mercadoria estava em recinto alfandegado, tais como 
Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), despesas de 
remoção da carga, etc. Assim, após o desembaraço aduaneiro de uma mercadoria 
cuja declaração tenha sido registrada no Siscomex, será emitido eletronicamente o 
documento comprobatório da importação. 
6 PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR 
Iniciativa do governo federal para a desburocratização e a simplificação do 
comércio exterior brasileiro, o Portal Único de Comércio Exterior vem sendo 
construído de forma gradual e progressiva. O novo processo de exportação já está 
disponível e sendo utilizado pelos operadores privados. Conforme as diferentes 
 
 
 
 
24 
 
etapas do novo processo são entregues, mais exportadores podem usufruir dos 
benefícios. 
Uma das novidades previstas para o novo processo de importação é a criação 
da Duimp, que substituirá as atuais DI e Declaração Simplificada de Importação (DSI). 
A Duimp poderá ser registrada antes mesmo da chegada da mercadoria ao País e, 
via de regra, de forma paralela à obtenção das licenças de importação (BRASIL, 2017 
apud PEREIRA, 2020). 
Se as informações forem fornecidas antecipadamente, procedimentos como o 
de gerenciamento de riscos poderão ser adiantados, garantindo maior agilidade ao 
fluxo de trâmite da carga. Para que o novo processo ocorrasem erros, a Duimp será 
integrada com outros sistemas públicos e privados, não sendo mais necessário que o 
importador acesse diversos sistemas. 
O novo processo também trará benefícios para os importadores que realizam 
operações sujeitas a licenciamento. Será possível, por exemplo, o emprego de uma 
única licença para mais de uma operação de importação, o que não ocorre 
atualmente. A seguir, veja os principais benefícios que o novo processo oferece aos 
importadores. 
• Centralização num único local da solicitação e obtenção de licença de 
importação, sem a necessidade de o operador acessar outros sistemas ou 
preencher formulários em papel; 
• Validação automática entre a operação autorizada (no módulo de licenciamento 
de importação) e os dados declarados na Duimp; 
• Redução de tempo e burocracia nas importações com anuência; 
• Flexibilização da concessão de licenças de importação em relação ao número 
de operações abrangidas; 
• Diminuição do tempo de permanência das mercadorias em Zona Primária, com 
a consequente redução de custos das importações; 
• Harmonização de procedimentos adotados pelos diversos órgãos da 
Administração Pública responsáveis pelo controle das importações 
(BRASIL,2017, documento on-line apud PEREIRA, 2020). 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Síntese do novo processo de importação 
 
 
Fonte: Brasil, 2017 adaptada por PEREIRA, 2020 
Nota-se que atualmente o registro da DUIMP está limitado alguns tipos de 
processos e a específicos tipos de importadores. Assim na fase piloto seu registro 
está restrito às seguintes situações: 
• Importação destinada à consumo (equivalente a DI Tipo 01); 
• Apenas empresas certificadas no programa Operador Econômico Autorizado – 
OEA, tipo C2; 
• Modal aquaviário; 
• Recolhimento integral de tributos; 
• Mercadorias e operações não sujeitas à licenciamento de importação; 
• Preenchimento apenas por tela (sem uso de serviço/XML); 
• Permite importação por conta e ordem (OEA C2); 
• Uso obrigatório do Módulo Catálogo de Produtos. (PEREIRA, 2020) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
7 FINANCIAMENTO PARA IMPORTAÇÕES 
Não é sempre que as empresas têm o capital necessário para realizar a 
importação de determinada mercadoria. Por esse motivo, muitas delas recorrem a 
linhas de financiamento para conduzir o seu negócio. 
7.1 Linhas de crédito internacionais 
As linhas de crédito não servem apenas para os grandes negócios. Para cada 
tipo de negócio, as instituições financeiras disponibilizam opções de crédito a fim de 
que as operações de comércio internacional sejam efetuadas com sucesso. Isso serve 
tanto para importadores quanto para exportadores. Em linhas gerais, as principais 
linhas de crédito disponíveis no Brasil são: Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio 
(ACC), Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACE), Programa de Financiamento 
às Exportações (Proex) e Financiamento à Importação (Finimp). 
O ACC é um financiamento aplicado na fase de produção ou pré-embarque. 
Para utilizá-lo, o exportador deve procurar um banco comercial autorizado a operar 
em câmbio. O ACE é similar ao ACC, porém ele é contratado na fase de 
comercialização ou pós-embarque (BRASIL, 2020 apud SILVA, 2020). 
O Proex, por sua vez, trata-se de um instrumento do governo federal voltado 
para o financiamento às exportações brasileiras de bens e serviços, apoiando 
especificamente as exportações de micro e pequenas empresas (SEBRAE, 2020 
apud SILVA, 2020). 
Já o Finimp, ao contrário do Proex, é voltado para a importação de mercadorias 
e serviços, tendo como objetivo os atrativos do mercado externo. 
Para que os créditos sejam disponibilizados, são necessários meios que os 
disponibilizem, isto é, instituições, sejam elas os governos ou as agências bancárias. 
No Quadro, a seguir, você pode ver os produtos e serviços que fornecem 
crédito para as operações de importação. O principal objetivo desses produtos e 
serviços é agilizar as transações no processo de compras no mercado externo, a fim 
de que as mercadorias estejam disponíveis quando os importadores precisarem delas. 
 
 
 
 
27 
 
 
Fonte: Banco do Brasil, 2020 - Adaptado SILVA, 2020 
Também há produtos e serviços disponíveis para as operações de exportação, 
ou seja, para empresas brasileiras que vendem mercadorias para outros países. No 
Quadro a seguir, você pode ver os produtos e serviços disponíveis para as operações 
de exportação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
Fonte: Banco do Brasil, 2020 - Adaptado SILVA, 2020 
Com base em ambos os quadros, pode perceber que existe uma grande 
variedade de produtos e serviços destinados às exportações e importações. 
Para escolher um deles, é imprescindível buscar instituições nacionais que os 
ofereçam e que apresentem a melhor solução para o seu negócio. 
 
 
 
 
29 
 
7.2 Instituições nacionais de financiamento à importação 
As instituições governos ou agências bancárias exercem um papel importante 
no financiamento às importações, visto que intermedeiam grande parte das 
operações. Quando os importadores pretendem fazer um financiamento para as 
operações de importação, eles podem contatar instituições nacionais que oferecem 
financiamento à importação ou se relacionar diretamente com banqueiros 
internacionais. No Brasil, o financiamento à importação é exercido por diversas 
agências bancárias, entre as quais se destacam: Banco do Brasil, Sicredi, Santander, 
Bradesco, etc. 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
também realiza financiamentos. Ele financia, por exemplo, a aquisição de 
máquinas e equipamentos, a exemplo de equipamentos móveis destinados à 
movimentação de cargas. (PEREIRA, 2020) 
Os recursos destinados às operações de financiamento à importação provêm 
de linhas de crédito concedidas por bancos estrangeiros e organismos internacionais 
para financiar a aquisição de produtos no exterior. Nesse sentido, para a realização 
de negócios e operações, os bancos comerciais contam com importantes 
instrumentos de captação de recursos, os acordos de financiamento ou linhas 
externas. 
Tais instrumentos viabilizam a disponibilização de recursos que os bancos 
possuem no exterior junto a bancos estrangeiros que têm interesse em financiar as 
importações brasileiras. Geralmente, o financiamento é concedido em moeda 
estrangeira ao importador brasileiro pelo banco para a aquisição de produtos, bens ou 
serviços. Isso ocorre mediante repasse de recursos captados no exterior ou por meio 
de linhas de crédito firmadas com outras instituições financeiras estrangeiras. 
(PEREIRA, 2020) 
7.3 Principais tipos de financiamentos 
Além de receberem incentivos e benefícios fiscais, os importadores também 
podem contar com alguns financiamentos para importação. No entanto, é 
preciso entender quando e como a busca por um financiamento se faz necessária. 
 
 
 
 
30 
 
Para Brito (2020 apud PEREIRA, 2020), o objetivo principal de um 
financiamento à importação é a aquisição de bens e serviços do exterior, sendo que 
os agentes que se comunicam nesse processo são o cliente, o Banco Central do 
Brasil, a instituição financeira e o fornecedor do bem ou serviço. 
Segundo Brito (2020 apud PEREIRA, 2020), o importador pode tanto realizar a 
operação diretamente com seu fornecedor quanto se valer da intermediação direta de 
uma instituição financeira. Ao utilizar a intermediação direta de uma instituição 
financeira, o cliente (importador) solicita um financiamento para a aquisição de bens 
ou serviços do fornecedor. Após o Banco Central do Brasil normatiza essas 
transações, exigindo ampla documentação para sua aprovação. Além disso, o Banco 
Central impõe multas por atraso relativo à data definida para a remessa dos recursos 
ao exterior. Deve-se fechar o câmbio para converter os reais em moeda estrangeira. 
A liquidação pode ser pronta ou futura. Além disso, há necessidade de controle rígido 
para secontratar e liquidar o câmbio. 
Segundo Maluf (2000), as linhas de financiamento à importação variam em 
função de produto, valor, país e prazo. O autor menciona as linhas de crédito listadas 
a seguir. 
• Buyer’s credit: o financiamento ocorre diretamente com o importador. 
• Supplier’s credit: o exportador estrangeiro recebe o pagamento a prazo. 
• Leasing internacional (arrendamento mercantil): o arrendatário tem a 
posse e o usufruto do bem durante a vigência do contrato. 
• Financiamento do importador pelo país vendedor: o pagamento final é à 
vista. 
• Registro de Operações Financeiras (ROF): utilizado para registros de 
capitais estrangeiros. 
 
De maneira mais específica, pode-se destacar o Finimp e o crowdfunding 
(financiamento coletivo). Segundo Fontes (2017 apud PEREIRA, 2020), o Finimp ocorre 
quando o banco estrangeiro concede uma linha de crédito ao banco nacional por meio 
da captação de recursos da instituição financeira que realiza o pagamento diretamente 
para o fornecedor. A vantagem de utilizar o Finimp é que os juros variam de 6 a 9%, 
uma vez que são juros internacionais. Além disso, ao contrário do que ocorre nos 
demais financiamentos, o pagamento é feito integralmente ao final do contrato. 
 
 
 
 
31 
 
Os empréstimos e financiamentos no comércio internacional geralmente 
utilizam a taxa interbancária do mercado de Londres (London Interbank 
Offered Rate — Libor). Essa taxa é definida como uma taxa de referência nas 
transações internacionais entre as instituições ao redor do mundo. PEREIRA, 
2020. 
Principais modalidades de financiamento à importação. 
• Financiamento de curto prazo: pagamento em até 360 dias. 
• Financiamento de longo prazo: prazos de pagamento superiores a 360 dias. 
 
Também é preciso destacar o desconto a forfait. Segundo o Sebrae (2020 apud 
PEREIRA, 2020), essa é uma operação de comércio exterior em que o exportador 
concede, por intermédio do Banco do Brasil, prazos e condições de financiamento a 
seus compradores internacionais. As principais vantagens são: 
• Operação simples e ágil, sem emissão de contratos; 
• Venda da mercadoria a prazo para o importador brasileiro e recebimento à 
vista, em uma das agências do Banco do Brasil no exterior; 
• Melhoria do fluxo de caixa (possibilidade de realizar importações sem 
esforço de caixa imediato); 
• Possibilidade de realizar compras a prazo com taxas de financiamento 
mais atrativas; 
• Financiamento de até 100% do valor da importação; 
• Possibilidade de benefícios fiscais; 
• Isenção de imposto de renda quando da remessa de recursos para o 
exterior para a liquidação da operação, uma vez que não há pagamento 
de juros. 
 
Brito (2020 apud PEREIRA, 2020) enfatiza ainda que nos financiamentos à 
importação há riscos financeiros e operacionais. A seguir: 
• Risco de crédito: representa o risco de o cliente não pagar o principal e os juros 
atualizados referentes ao financiamento concedido. 
• Risco de mercado: representa o risco de prazo, podendo haver 
descasamentos entre o prazo de pagamento da linha para financiamento e o 
prazo de recebimento do financiamento. 
 
 
 
 
32 
 
• Risco operacional: refere-se à falta de comunicação entre a instituição 
financeira e o cliente, como no caso de não ocorrer o embarque da 
mercadoria ou a formalização da transação. 
 
Ao lidar com o comércio exterior, é necessário atentar a algumas garantias. 
Tais garantias auxiliam na mitigação de riscos das transações internacionais. Veja 
algumas das principais garantias existentes. 
 
 
Fonte: Adaptado de China Construction Bank apud PEREIRA, 2020 
Por último, podemos ressaltar o refinanciamento de importação que, como o 
próprio termo deixa claro, refere-se a financiar novamente. Nesse caso, amplia-se o 
prazo de pagamento de financiamentos mediante a utilização de linhas de crédito de 
agências externas. Ademais, há dilação do prazo para o pagamento da dívida. Em 
outras palavras, pode-se dizer que o Refinanciamento à Importação (Refinimp) é 
decorrente de uma situação em que o importador não consegue honrar seu 
compromisso. Assim, ele opta pelo Refinimp pelo prazo de 360 dias a fim de que 
possa quitar a sua dívida. (PEREIRA, 2020) 
 
 
 
 
33 
 
8 OPERAÇÕES LEGAIS PARA EXPORTAR 
A exportação não se trata de um processo simples, visto que precisa de um 
estudo minucioso sobre a mercadoria a ser exportada e sobre a legislação aduaneira 
vigente. O empresário que pretende expandir seu mercado de atuação deve estar 
atento a todos os aspectos que regem o comércio internacional e, principalmente, ao 
novo processo de exportação. Isso pode ser feito por meio do conhecimento sobre 
controle e despacho aduaneiro, bem como sobre o tratamento administrativo na 
exportação. 
8.1 Tratamento administrativo na exportação 
 
Fonte: dclogisticsbrasil.com 
O processo de exportação requer que o empresário conheça todos os 
procedimentos legais, administrativos e operacionais. Afinal, a legislação aduaneira 
possui aspectos que devem ser considerados no tratamento administrativo das 
exportações. O tratamento administrativo na exportação trata-se do conjunto de 
normas e procedimentos aplicados às operações de exportação, tendo por base a 
legislação dos órgãos anuentes (SISCOMEX EXPORTAÇÃO, 2019 apud SILVA, 
 
 
 
 
34 
 
2020). Ou seja, é o tratamento dado às mercadorias que necessitam de cuidados 
especiais, seja em relação à sua quantidade ou à sua qualidade. 
O tratamento administrativo nas atividades de exportação é regido pela Portaria 
Secex nº 23, de 14 de julho de 2011, a qual disciplina todos os procedimentos 
administrativos aplicáveis à importação e à exportação de produtos. Em seu art.187, 
§ 6º, tal portaria dispõe sobre os produtos sujeitos a procedimentos especiais, a 
normas específicas de padronização e classificação e a imposto de exportação 
(BRASIL, 2011 apud SILVA, 2020). Tal artigo também dispõe sobre produtos que 
tenham a exportação contingenciada ou suspensa em virtude da legislação ou em 
decorrência de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, a exemplo de 
carnes de animais da espécie bovina, frescas ou refrigeradas, desossadas. Dessa 
forma, é preciso conhecer a legislação de regência referente a cada produto ou grupo. 
No Quadro a seguir, veja os enquadramentos possíveis para as operações de 
exportação. 
 
 
 
 
35 
 
 
Fonte: Brasil (2011). Adaptado por SILVA, 2020. 
Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de exportação ainda 
são pouco utilizados no Brasil. Tratam-se de associações de empresas, juridicamente 
constituídas, que conjugam esforços com vistas à redução de custos, ao aumento da 
oferta de produtos destinados ao mercado externo e à ampliação das exportações. 
Os consórcios podem ser: consórcio de promoção de exportações, consórcio de 
vendas, consórcio de área ou país (PORTOGENTE, 2016 apud SILVA, 2020). 
Por vezes, segundo Caparroz (2018 apud SILVA, 2020), é mais vantajoso 
delegar os procedimentos de exportação a terceiros e se concentrar exclusivamente 
no produto, de modo a torná-lo competitivo em termos de preço e qualidade. Segundo 
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) (apud 
 
 
 
 
36 
 
CAPARROZ, 2018, p. 1266), as operações realizadas por trading companies incluem 
as seguintes vantagens: 
• Exportação de produtos de diferentes fornecedores de forma 
consolidada; 
• Necessidade de menor capital de giro devido às operações casadas; 
• Melhor atendimento aos clientes, por oferecer variada gama de 
produtos; 
• Redução dos custos operacionais; 
• Estoques que permitam regularidade de fornecimento; 
• Atuação em diversos mercados. 
Nesse sentido, é importante ressaltar os incentivos fiscais às exportações e 
apontar alguns impostos que não incidem na prática de exportação. Além do ICMS e 
do IPI, que você já viu, as exportações estão isentas da Contribuição para o 
Financiamentoda Seguridade Social (COFINS) e do Imposto sobre Operações 
Financeiras (IOF). Os incentivos fiscais são viabilizados pelo governo para que as 
empresas aumentem as atividades de exportação, fomentando o desenvolvimento do 
País. 
Ademais, segundo Silva (2017 apud SILVA, 2020), há o regime aduaneiro 
especial drawback, um incentivo à exportação que permite a importação ou compra 
de insumos no mercado interno com suspensão ou isenção de impostos (desde que 
os insumos adquiridos sejam utilizados na produção de bens destinados à 
exportação). 
Tal incentivo resulta na redução da carga tributária, na redução dos custos 
financeiros e na melhora do fluxo de caixa do exportador. Assim, o exportador deve 
atentar aos vários mecanismos existentes a fim de obter um tratamento administrativo 
da operação eficaz. Tais mecanismos incluem desde o Siscomex até sites 
especializados e páginas das entidades fiscalizadoras e anuentes. Segundo Gato 
(2019 apud SILVA, 2020), o tratamento administrativo dos processos de exportação 
pode ser objeto de anuências de produtos ou mercadorias específicas, as quais 
podem ser realizadas por órgãos governamentais com competências exclusivas. 
 
 
 
 
37 
 
8.2 O controle aduaneiro na atividade de exportação 
Conforme a Receita Federal do Brasil (RFB), o controle aduaneiro diz respeito: 
ao controle e à fiscalização da entrada e da saída de mercadorias de origem 
estrangeira no Brasil, ao acompanhamento do despacho aduaneiro, à verificação da 
correta informação da base de cálculo de incidência dos tributos devidos na operação, 
assim como ao controle da aplicação de medidas de defesa comercial (BRASIL, 2016 
apud SILVA, 2020). Atualmente, é a RFB que detém o poder de realizar tal controle. 
A seguir, veja as ações do controle aduaneiro (BRASIL, 2016 apud SILVA, 
2020): 
• Controlar Processos De Importação E Exportação; 
• Realizar Auditorias De Conformidade Aduaneira E Fiscal; 
• Controlar Processos Aduaneiros Diferenciados; 
• Gerenciar Riscos Operacionais Aduaneiros; 
• Autorizar Intervenientes; 
• Controlar Regimes Aduaneiros. 
 
Segundo Morini et al. (2015 apud SILVA, 2020), a administração aduaneira (ou 
aduana) é um dos setores que impactam diretamente o fortalecimento do comércio 
exterior e a competitividade das empresas. No Brasil, essa organização pública é o 
principal agente de mediação no trânsito internacional de mercadorias pelas fronteiras 
do País. 
Nesse sentido, a aduana desempenha funções a fim de defender os interesses 
do Estado (segurança contra ameaças, contrabandos, trânsito ilegal de armas e 
drogas, arrecadação), bem como de facilitar e agilizar as operações de importação e 
exportação, as quais são fundamentais para fomentar o desenvolvimento do País, 
assim como verificar se determinada mercadoria recebeu as devidas anuências, a fim 
de oferecer condições de sanidade e segurança para o consumidor (BRASIL, 2015 
apud SILVA, 2020). 
 
 
 
 
 
38 
 
8.3 Rotinas do despacho de exportação 
O despacho de exportação é o procedimento mediante o qual é verificada a 
exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação à mercadoria, aos 
documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço 
aduaneiro e à sua saída para o exterior. Assim, toda mercadoria destinada ao exterior, 
inclusive a reexportada, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções 
estabelecidas na legislação específica (BRASIL, 2014 apud SILVA, 2020). 
O controle durante o desembaraço aduaneiro é necessário pois podem ser 
cometidos crimes como descaminho (não pagamento de impostos no todo ou em 
parte) e contrabando (entrada e saída de mercadoria proibida). Na Figura a seguir, 
veja como ocorre o despacho aduaneiro de exportação. 
 
 
Fonte: SILVA, 2020 
 
 
 
 
39 
 
Segundo a Receita Federal (BRASIL, 2015 apud SILVA, 2020), o despacho 
aduaneiro de exportação é processado no Siscomex em diversas etapas executadas 
pelo exportador, pelo depositário, pela fiscalização aduaneira e pelo transportador. 
Em linhas gerais, os procedimentos para a exportação abrangem as fases listadas a 
seguir. 
1) A DU-E correspondente a uma ou mais notas fiscais é registrada. 
2) A recepção da carga correspondente à DU-E é registrada pelo depositário no 
Controle de Carga e Trânsito (CCT), com base na ou nas notas fiscais que 
ampararam seu transporte até o local de despacho. 
3) Quando toda a carga estiver recepcionada, automaticamente ela é apresentada 
para despacho e o canal de conferência é determinado. 
4) Após o desembaraço da carga, o depositário registra no CCT sua entrega ao 
transportador internacional, com base em contêiner ou, se a carga for solta, 
com base no número da DU-E e na quantidade de volumes por tipo de 
embalagem, ou, se for o caso, na quantidade de veículos ou de granel (por 
tipo). 
5) O transportador internacional registra a manifestação dos dados de 
embarque. 
6) Quando todos os contêineres ou todos os volumes, por tipo de embalagem, 
forem manifestados, a carga estará completamente exportada e, não havendo 
qualquer pendência na DU-E, ela será averbada. 
Atualmente, a DU-E está substituindo os Registros de Exportação. Segundo 
Gato (2019), a elaboração da DU-E permite o registro da operação que caracteriza o 
início do despacho aduaneiro, desde que não haja impeditivos para tal, como 
irregularidade cadastral do exportador. O autor ainda pontua que, após o registro da 
DU-E, a operação será submetida à análise de risco aduaneiro e selecionada para um 
dos canais de conferência. Anteriormente, você viu quais são as etapas do despacho 
aduaneiro de exportação. A seguir, veja o passo a passo de uma exportação. 
• Avaliar a capacidade exportadora: é necessário verificar as condições 
de mercado internacional da mercadoria e a capacidade de produção para 
atender à demanda externa, além de conhecer os obstáculos à exportação. 
• Classificar a mercadoria: é preciso determinar a correlação entre a 
mercadoria e o código na nomenclatura, a fim de definir os direitos 
 
 
 
 
40 
 
aduaneiros, por exemplo. 
• Formar preço de exportação: implica determinar o preço com base 
em alguns elementos, como o valor presumido de um produto ou o 
líder do mercado-alvo. 
• Identificar o mercado para onde exportar: significa identificar o produto 
no mercado internacional, assim como obter informações sobre ele. 
• Promover o produto a ser exportado: trata-se da adoção de políticas 
de promoção comercial, dentro dos padrões estabelecidos. 
• Negociar com o importador: fase que abrange desde os primeiros contatos 
até o total fechamento do negócio entre exportador e importador. 
• Operacionalizar a exportação: significa realizar a exportação na 
prática, tendo por base as observações feitas pelo Siscomex. 
 
Siscomex 
O Siscomex é um instrumento administrativo que integra as atividades de 
registro, acompanhamento e controle das operações relacionadas ao comércio 
exterior. Ele é o modelo pioneiro no mundo, visto que o Brasil foi o primeiro país a 
controlar todas as operações de comércio exterior por meio de um sistema 
informatizado (CAPARROZ, 2018 apud SILVA, 2020). 
Até a década de 1990, os exportadores tinham de se cadastrar em diversos 
lugares, o que fazia com que a atividade de exportação se tornasse morosa. 
Segundo Caparroz (2018 apud SILVA, 2020), o atual modelo do Siscomex foi 
instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992. Tal decreto buscou 
consolidar os controles do comércio exterior substituindo declarações em papel por 
um sistema eletrônico. 
9 FINANCIAMENTO PARA EXPORTAÇÃO 
Atualmente, devido à globalização e à facilidade de se conectar com o mundo 
todo, muitas empresas têm decidido exportar. No entanto, no caso do Brasil, a tarefa 
não é tão simples, em especial do ponto de vista dos custos das mercadorias 
nacionais. De acordo com Lima e Rezende (2019 apud JUNIOR, 2020), o País possui41 
 
uma das maiores cargas tributárias do mundo, que atinge quase 40% do Produto 
Interno Bruto (PIB) e eleva o custo dos produtos e serviços nacionais. Assim, competir 
com empresas de fora pode ser complicado se não houver um planejamento bem 
feito. Nesse contexto, existem algumas alternativas para amenizar o impacto causado 
por tributos elevados e por logísticas complicadas que dependem geralmente do 
modal rodoviário, entre outros fatores. 
O surgimento do comércio internacional não pode ser datado com precisão, 
pois desde as épocas nômades havia trocas entre os diferentes povos. Porém, o 
estudo desse tipo de comercialização começou a ser feito a partir da segunda metade 
do século XVIII. Segundo Coutinho et al. (2005 apud JUNIOR, 2020), até aquela época, 
o conhecimento sobre o comércio exterior derivava apenas do que as escolas 
mercantilistas ensinavam. Assim, a única preocupação era relativa à obtenção do 
superávit máximo nas trocas comerciais. 
Atualmente, falar de comércio exterior implica considerar as teorias que o 
cercam, a visão que apoia o neoliberalismo e a que se mostra contraria a esse 
pensamento. O pensamento liberalista surgiu por meio do trabalho do filósofo e 
economista britânico Adam Smith, autor de A Riqueza das Nações, de 1776. Os 
defensores desse tipo de comercialização propõem políticas de liberalização 
econômica extensas, como privatizações, livre comércio, austeridade fiscal, etc. Já os 
pensadores contrários defendem que o Estado deve ter sua participação na regulação 
do mercado. 
Para Moreira (2012 apud JUNIOR, 2020), a atuação do governo depende do 
comércio. No caso da tecnologia, as políticas de inovações e comércio exterior são 
de suma importância. Portanto, independentemente de pensamentos prós ou contras, 
o autor conclui que as intervenções do Estado na economia do desenvolvimento 
tecnológico e das inovações constituem um dos aspectos mais importantes na 
estrutura de qualquer país, principalmente quando se observa sua relevância para 
propiciar melhor inserção no comércio internacional. 
A globalização como fenômeno econômico mudou, trazendo novas nuances 
para a relação entre produção e comércio internacional e diminuindo as fronteiras de 
comércio (MARCATO; ULTREMARE, 2018 apud JUNIOR, 2020). Devido ao 
crescimento do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), ao grande 
 
 
 
 
42 
 
número de pessoas conectadas à internet no mundo e à alta do dólar, a exportação 
tem se tornado atrativa para muitas indústrias brasileiras. 
Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (BRASIL, 2019 apud 
JUNIOR, 2020), em 2019, as exportações alcançaram o maior valor desde 2014, 
somando um total de US$ 239,5 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 
181,2 bilhões. Desse valor total de exportação, a China (que representou 66%) foi o 
país que mais teve alta, 32% em relação ao ano anterior, seguida por União Europeia 
e Estados Unidos. Isso faz com que cada vez mais os empresários brasileiros 
busquem conhecimento para realizar tal operação. 
No entanto, com o crescente aumento da digitalização, a competição das 
empresas tem se tornado cada vez mais acirrada. Para que a situação não seja 
extremamente desigual, algumas organizações públicas e privadas criaram órgãos 
para realizar financiamentos para exportação. De acordo com Augustowski e Mourad 
(2013 apud JUNIOR, 2020), há anos os governos vêm buscando criar mecanismos que 
diminuam os efeitos da crise. Tais mecanismos incluem redução de taxa de juros, 
controle de câmbio e controle de compulsório, além de mecanismos de apoio direto 
às indústrias, como empréstimos para setores específicos. Na maioria dos casos, os 
empresários optam por obter auxílios por meio do governo, pois os juros são menores. 
Dessa forma, as empresas podem ter maiores chances de competir com o 
preço dos produtos no mercado externo. Nesse contexto, existem agências e 
ferramentas de fomento que buscam impulsionar o comércio exterior: 
• Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC); 
• Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE); 
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Exim; 
• Programa de Financiamento às Exportações (Proex); 
• Proger Exportação; 
• Seguro de Crédito à Exportação (SCE); 
• Agências de crédito à exportação (Export Credit Agencies — ECAs). 
9.1 Linhas de financiamento 
Como você viu, existem órgãos que auxiliam os empresários que desejam 
realizar exportações. A seguir, você vai conhecê-los melhor. 
 
 
 
 
43 
 
ACC 
Esse modelo é uma antecipação de recursos em moeda nacional (real) ao 
exportador por conta de uma exportação futura. O ACC ocorre na fase pré-embarque 
e serve para financiar a produção. Ele se destina a empresas exportadoras ou 
produtores rurais com negócios no exterior que necessitam de capital de giro e/ou 
recursos para financiar a fase de produção. Não há valor mínimo, e o percentual do 
adiantamento é de até 100% do valor do contrato de câmbio. Para o ACC, só existe 
contrato de câmbio como lastro da operação, sendo desnecessária a apresentação 
de quaisquer outros documentos por parte do exportador. 
A contratação do financiamento pode ser feita até 360 dias antes do embarque, 
e o valor é estabelecido de acordo com o prazo da operação e a análise de crédito do 
cliente. A forma de pagamento é mediante a entrega dos documentos de embarque 
ou ingresso de divisas, e as garantias são definidas de acordo com a análise de crédito 
do cliente. (JUNIOR, 2020) 
ACE 
O ACE difere do ACC por ser realizado após o embarque da mercadoria para 
o exterior, mediante a transferência ao banco escolhido dos direitos sobre a venda a 
prazo. Ele se destina a empresas exportadoras ou produtores rurais com negócios no 
exterior que necessitam de capital de giro e/ou recursos para financiar a fase de 
comercialização. Como no caso do ACC, não há valor mínimo; o percentual do 
adiantamento é de até 100% do valor do contrato de câmbio; a forma de pagamento 
é mediante o ingresso de divisas (moeda estrangeira); e as garantias para a 
contratação são definidas de acordo com a análise de crédito do cliente. 
O ACE é concedido a partir da saída da mercadoria para o exterior, quando já 
se tem os documentos representativos da venda (por exemplo, letra de câmbio ou 
saque). O prazo de fechamento pode ser de até 360 dias mais o último dia do mês 
posterior ao embarque da mercadoria ao exterior. O custo é estabelecido de acordo 
com o prazo da operação e a análise de crédito do cliente. (JUNIOR, 2020) 
Proex 
O Proex é um programa do governo federal de apoio às exportações brasileiras 
de bens e serviços. Ele viabiliza o financiamento em condições equivalentes às 
praticadas no mercado internacional. O Proex oferece duas modalidades de apoio à 
exportação, como você pode ver a seguir. 
 
 
 
 
44 
 
• Proex financiamento: é um financiamento oferecido diretamente ao exportador 
brasileiro ou ao importador com recursos do Tesouro Nacional. Essa 
modalidade apoia exportações brasileiras de empresas com faturamento bruto 
anual de até R$ 600 milhões. Os prazos para a quitação da dívida variam entre 
60 dias e 10 anos, definidos de acordo com o conteúdo tecnológico da 
mercadoria exportada ou com a complexidade do serviço prestado. Para os 
financiamentos com prazo de até dois anos, o percentual financiado pode 
chegar a 100% do valor da exportação. Nas operações com prazo inferior, a 
parcela financiada fica limitada a 85% do valor das exportações. 
• Proex equalização: a exportação é financiada por instituições financeiras no 
País e no exterior, e o Proex assume parte dos encargos financeiros, tornando-
os equivalentes àqueles praticados no mercado internacional. Essa 
modalidade pode ser contratada por empresas brasileiras de qualquer porte. A 
equalização da taxa de juros pode ser concedida nos financiamentos ao 
importador, para pagamento à vista

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