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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................................. 4 2.1 O que é Comércio Exterior? ................................................................. 4 2.2 História do Comércio Exterior ............................................................... 5 3 CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS........................................................ 6 4 CONDIÇÕES LEGAIS E OPERACIONAIS PARA IMPORTAÇÃO ........... 10 4.1 Controle aduaneiro e tratamento administrativo na importação ......... 10 5 DESPACHO DE IMPORTAÇÃO ............................................................... 15 6 PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR ......................................... 23 7 FINANCIAMENTO PARA IMPORTAÇÕES .............................................. 26 7.1 Linhas de crédito internacionais ......................................................... 26 7.2 Instituições nacionais de financiamento à importação........................ 29 7.3 Principais tipos de financiamentos ..................................................... 29 8 OPERAÇÕES LEGAIS PARA EXPORTAR .............................................. 33 8.1 Tratamento administrativo na exportação .......................................... 33 8.2 O controle aduaneiro na atividade de exportação .............................. 37 8.3 Rotinas do despacho de exportação .................................................. 38 9 FINANCIAMENTO PARA EXPORTAÇÃO ................................................ 40 9.1 Linhas de financiamento ..................................................................... 42 9.2 Como escolher a melhor linha de crédito ........................................... 47 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 49 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O grupo educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 COMÉRCIO EXTERIOR 2.1 O que é Comércio Exterior? Fonte:tmbusiness.co.mz Mesmo para quem não atue na área, é importante que tenha conhecimento sobre o que é o Comércio Exterior, pois ele é o responsável por incentivar o desenvolvimento do país por vários motivos. Tal necessidade se dá pelo ciclo virtuoso que ele gera, ao trocar produtos e tecnologias, há também a geração de novos empregos, conhecimento entre outros, com isso, contribui para um país mais rico, em vários aspectos. Com a globalização, o mundo está mais conectado e, por esse motivo, as pessoas e as mercadorias circulam com maior facilidade e agilidade entre as fronteiras de países e de continentes. É justamente disso que se refere ao Comércio Exterior, como o próprio nome já diz, cita à troca de produtos e serviços entre países, seja na compra, o que chamamos de importação ou na venda, que são as exportações, englobando todos os procedimentos necessários para sua realização. Aplicando o conceito podemos citar um exemplo prático: suponhamos que determinada empresa brasileira realize uma importação de meias fabricadas na China. Todas as atividades que envolvam o processo da chegada das meias até o Brasil, incluindo: logística, trâmites de pagamento e de conversão das moedas, a 5 regularização de toda a documentação necessária e a garantia do cumprimento das leis são “Ofícios” do Comércio Exterior. O Comércio Exterior também é muito importante para o PIB (Produto Interno Bruto) que sua variação influencia diretamente na Balança Comercial do país em questão. O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais de um país, em valores monetários, num determinado período. Possui como objetivo principal, avaliar a atividade econômica de determinada região e seu nível de riqueza, nele são considerados apenas os bens e produtos finalizados, serviços, investimentos e gastos do governo, desconsiderando assim os bens intermediários, serviços não remunerados, bens já existentes e atividades informais/ilegais. No Brasil, o PIB é avaliado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a Balança Comercial representa as transações comerciais com o exterior. Ela é calculada de acordo com a diferença entre as exportações e importações. Sendo assim, quando as exportações são maiores que as importações, dizemos que a Balança está positiva, gerando um superávit. Tal condição é muito boa para o país, uma vez que esta representa que o produto nacional está sendo bem vendido lá fora. Nas situações em que as importações forem maiores que as exportações, a Balança se torna negativa e gera um déficit na Economia, pois significa que o país está comprando mais do que está vendendo. 2.2 História do Comércio Exterior Há indícios de que o Comércio Exterior exista desde milênios atrás. No oitavo milênio a.C., os chineses já faziam rotas visando países asiáticos para o comércio de seda. Os egípcios e outros povos da antiguidade também comercializavam seus produtos agrícolas através do Rio Nilo, mas, somente nos séculos mais recentes, o Comércio Exterior começou a adquirir uma forma mais parecida com a atual. Tudo isso em função do desenvolvimento industrial, dos meios de transportes, e as formas de comunicação, comprovando que o avanço tecnológico e criação da Internet foram essenciais para tornar ágil o processo da comercialização entre as fronteiras. 6 Resultante dos avanços tecnológicos, podemos citar como exemplo o SISCOMEX - Sistema Integrado do Comércio Exterior que é um dos principais instrumentos atuais da área. Por meio dele é possível registrar, acompanhar e controlar operações dentro do Comércio Exterior de maneira mais simplificada, além de ter acesso à legislação e atuação governamental. Há ainda o SISCOSERV, que é um sistema criado para registrar transações internacionais de domiciliados no Brasil com domiciliados no exterior (exceto de mercadorias, que é onde entra o SISCOMEX), entre outros sistemas. 3 CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS Fonte: saopauloopencentre.com.br A complexidade do mercado internacional impõe uma série de desafios às empresas que pretendem se internacionalizar. A busca por oportunidades de negociação com empresas situadas em outros países apresenta uma série de percalços, que devem ser superados na busca pelo sucesso comercial. Uma das formas encontradas pelas empresas para destacarem seus produtos diante do concorrido mercado internacional é estabelecerem uma imagem de qualidade diante de seus concorrentes. Para isso, buscam certificações 7 internacionalmente aceitas, que possam referenciar a qualidade de seus produtos e processos. As certificações internacionais podem ser utilizadas por empresas nabusca por clientes internacionais. Ao atuar no mercado internacional, as empresas precisam analisar “[...] os principais aspectos legais que envolvem as compras internacionais, incluindo órgãos do país responsáveis por autorizações e certificações de diferentes tipos” DIAS; RODRIGUES, 2012, p. 317 apud CASADO, 2019). Assim, as certificações internacionais fazem parte do âmbito político-legal desse ambiente de negócios. As certificações consistem basicamente em documentos ou selos que as empresas utilizam para atestar que seus produtos, serviços ou processos estão de acordo com um conjunto de normas e regras de padrão nacional ou internacional. Existem basicamente dois tipos de certificações: • Certificação compulsória: um regulamento determina expressamente que um produto ou serviço só pode ser comercializado se possuir tal certificação. Como exemplo, considere a produção de capacetes para motociclistas. Esse tipo de produto necessita seguir padrões internacionais de durabilidade, resistência e qualidade. Portanto, caso uma empresa deseje produzir e comercializar capacetes para motociclistas, ela deve possuir uma certificação específica. • Certificação voluntária: esse tipo de certificação não é uma necessidade legal, mas assim mesmo é demandada pelas empresas. Nesse caso, as empresas buscam voluntariamente o processo de certificação. Antes disso, elas devem analisar o conjunto de processos em desenvolvimento, bem como se é conveniente buscar tal certificação. Ao buscar certificações, as empresas devem obter informações junto a entidades que realizam o processo de validação. Entre as principais entidades, estão: • Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); • Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); • Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization — ISO). O Inmetro é uma autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, do Ministério da Economia. Essa entidade foi criada em 1973 “[...] com a finalidade de formular e executar a política nacional de 8 metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade de produtos industriais” (BRASIL, 1973, documento on-line apud CASADO, 2019). Costumeiramente, o Inmetro é associado a testes de qualidade de nível nacional, porém a instituição possui diversos acordos internacionais de reconhecimento mútuo. Assim, as empresas exportadoras podem validar as certificações emitidas pelo Inmetro em uma série de países. O Inmetro firmou um acordo de reconhecimento mútuo com o Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM). Esse acordo possibilita que os certificados emitidos por meio do Inmetro tenham validade internacional em todos os países signatários do acordo. A ABNT é a principal entidade brasileira certificadora de processos, produtos e serviços de empresas que desejam se internacionalizar. A entidade foi fundada em 1940, sendo a responsável pela elaboração e pela divulgação das normas brasileiras (ABNT NBR), que são desenvolvidas pelos Comitês Brasileiros (CB), pelos Organismos de Normalização Setorial (ONS) e pelas Comissões de Estudo Especiais (CEE) (ABNT, 2014). Entre os objetivos da ABNT (2018), destacam-se: • Coordenar e supervisionar o processo de elaboração das normas técnicas brasileiras; • Tornar públicas todas as normas técnicas brasileiras e demais documentos técnicos; • Promover a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento e na elaboração das normas técnicas nacionais; • Credenciar empresas e organismos para realizar o processo de normalização setorial; • Intermediar, por meio do poder público e de organizações privadas, fóruns e debates a respeito da normalização técnica. A ABNT também é responsável por avaliar a conformidade de produtos e serviços, bem como possui programas de certificação com foco ambiental. A entidade foi uma das fundadoras da ISO, que é a responsável internacional por emitir as normas e procedimentos aceitos. A ISO é uma organização de nível internacional que emite uma série de normas internacionalmente aceitas. Tais normas definem padrões de qualidade e de gestão de qualidade. A organização é responsável por publicar diversos padrões de 9 qualidade “[...] sob o nome ISO 9000. Incorporando diversos subconjuntos (ISO 9001, 9002 etc.), esses padrões apresentam as definições básicas para a garantia da qualidade e a gestão da qualidade” (BOWERSOX et al., 2014, p. 107 apud CASADO,2019). As normas ISO têm como função principal estabelecer padrões de conformidade nas empresas certificadas. Assim, seria possível criar um plano para evitar que inconformidades surgissem ou se repetissem (TURBAN, VOLONINO; 2013 apud CASADO,2019). Há diversas certificações ISO internacionalmente aceitas. As principais são: • ISO 9000: estabelece e mantém um padrão de qualidade na prestação de serviços de empresas que realizam atendimento a clientes. Refere-se à qualidade dos processos da organização, e não dos produtos ou serviços. • ISO 14000: estabelece diretrizes para as empresas em relação à sua gestão ambiental. • ISO 50001: estabelece diretrizes para as empresas em relação à economia de energia. Há ainda certificações ISO que são de setores específicos. Entre elas, inclui-se o ISO 22000, utilizado em toda a cadeia de produção de alimentos, sendo aplicado desde a colheita até o produto que é consumido. O objetivo principal desse ISO é garantir a segurança alimentar, proporcionando maior confiabilidade em relação aos fornecedores e desenvolvendo padrões de qualidade internacionalmente aceitos. Uma última norma muito utilizada pelas empresas que atuam no comércio internacional é a OHSAS 18001. Essa norma foi desenvolvida por meio da ISSO 9001, portanto é muito semelhante a ela. O objetivo da OHSAS 18001 é garantir maior segurança ocupacional aos trabalhadores das empresas certificadas. Logo, as empresas que usam essa certificação possuem riscos minimizados para seus trabalhadores. As empresas que fazem uso das certificações internacionais possuem inúmeras vantagens. Naturalmente, na hora de escolher entre duas empresas, uma com e outra sem certificação, o consumidor tende a optar pelos produtos da primeira. A garantia de qualidade atestada pelas certificações dá às empresas a prioridade nos processos de compras de seus clientes, de modo que elas se diferenciam de empresas não certificadas. 10 4 CONDIÇÕES LEGAIS E OPERACIONAIS PARA IMPORTAÇÃO Fonte: comexdobrasil.com É muito importante que o profissional de comércio exterior conheça o Regulamento Aduaneiro (RA) (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020). Além disso, esse profissional deve estar a par das instruções normativas da Receita Federal do Brasil (RFB), que é o órgão interveniente da atividade de comércio exterior no País. Por meio dessas normativas, o órgão responsável pelo controle da entrada e da saída de cargas regula essas atividades e comunica às empresas como elas devem proceder em relação à regularização da entrada de suas mercadorias no território nacional. 4.1 Controle aduaneiro e tratamento administrativo na importação No Brasil, o controle de entradas e saídas de mercadorias do País é responsabilidade do governo federal e ocorre por meio de órgãos públicos, dividindo- se em controle administrativo e controle aduaneiro. O controle administrativo diz respeito à autorização das importações, que ocorre por meio da emissão de licenciamentos. Já o controle aduaneiro é todo controle realizado após a chegada da mercadoria ao território nacional; ele ocorre, portanto, no momento do despacho da carga. 11 Conforme o art. 550 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a importação de mercadorias está sujeita a licenciamento, realizado por meio do Sistema Integrado de ComércioExterior (Siscomex), sistema adotado no Brasil. O controle administrativo na importação tem início na emissão do licenciamento por meio do registro eletrônico do Siscomex. Esse registro deve incluir informações específicas relativas às mercadorias, aos importadores e exportadores brasileiros, bem como aos importadores e exportadores internacionais. Além disso, deve conter informações específicas sobre cada negociação relacionada à prática do comércio exterior. Assim, no Brasil, todo o acompanhamento da atividade de comércio exterior ocorre por meio desse sistema, que foi criado na década de 1990 e passou por diferentes atualizações desde então. Para regulamentar as importações brasileiras, foi criada a Portaria nº 23/2011, a fim de administrar as tramitações das licenças. No capítulo II dessa portaria, consta a classificação adotada junto ao setor. Tal classificação divide as importações em: importações dispensadas de licenciamento, importações sujeitas a licenciamento automático e importações sujeitas a licenciamento não automático (BRASIL, 2011 apud PEREIRA, 2020). De acordo com essa portaria (BRASIL, 2011, art. 13 apud PEREIRA, 2020), em regra, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex com o objetivo de dar início aos procedimentos de despacho aduaneiro junto à unidade local da Secretaria da RFB (SRF). A seguir, veja a lista de modalidades isentas de licenciamento. I - Sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, inclusive sob controle aduaneiro informatizado; II - Sob o regime de admissão temporária, inclusive de bens amparados pelo Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural (Repetro); III - Sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca, depósito afiançado, depósito franco e depósito especial; IV - Com redução da alíquota de imposto de importação decorrente da aplicação de “ex-tarifário”; V - Mercadorias industrializadas, destinadas a consumo no recinto de congressos, feiras e exposições internacionais e eventos assemelhados, observado o contido no art. 70 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; VI - Peças e acessórios abrangidos por contrato de garantia; VII - Doações, exceto de bens usados; VIII - Retorno de material remetido ao exterior para fins de testes, exames e/ ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica; 12 IX - Arrendamento mercantil financeiro (leasing), arrendamento mercantil operacional, arrendamento simples, aluguel ou afretamento; X - Sob o regime de admissão temporária ou reimportação, quando usados, reutilizáveis e não destinados à comercialização, de recipientes, embalagens, envoltórios, carretéis, separadores, racks, clip locks, termógrafos e outros bens retornáveis com finalidade semelhante destes, destinados ao transporte, acondicionamento, preservação, manuseio ou registro de variações de temperatura de mercadoria importada, exportada, a importar ou a exportar; XI – nacionalização de máquinas e equipamentos que tenham ingressado no País ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária para utilização econômica, aprovado pela RFB, na condição de novas; e XII – importações de empresa autorizada a operar em ZPE, com exceção de exigência de licenciamento em virtude de controles de ordem sanitária, de interesse da segurança nacional e de proteção do meio ambiente (BRASIL, 2011, documento on-line). Portanto, tanto as importações sujeitas a licenciamento automático quanto as sujeitas a licenciamento não automático necessitam da autorização de entrada por um órgão anuente responsável. os principais órgãos anuentes na atividade de comércio exterior brasileiro são: • Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) • Agência Nacional do Cinema (Ancine) • Comando do Exército (Comexe) • Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) • Departamento de Polícia Federal (DPF) • Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) • Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico • (CNPq) • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBC) • Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial • (Inmetro) • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) • Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) • Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) 13 Na atividade de comércio exterior, existem os intervenientes e os anuentes. Os intervenientes incluem: o importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador, o agente de carga, o Operador de Transporte Multimodal (OTM), o operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o perito, o assistente técnico, o recinto alfandegado ou qualquer outra pessoa jurídica que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. Por sua vez, os órgãos anuentes são órgãos governamentais que têm a função legal de anuir, concordar ou discordar com a entrada ou saída de bens, veículos ou pessoas do País. Segundo o art. 16 da Portaria nº 23/2011, o licenciamento automático pode ser efetuado após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro de importação. Segundo o art. 14, estão sujeitas a licenciamento automático as seguintes importações: I - De produtos relacionados no Tratamento Administrativo do Siscomex; também disponíveis no endereço eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), para simples consulta, prevalecendo o constante do aludido Tratamento Administrativo; e II - As efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback (BRASIL, 2011, documento on-line). No entanto, mesmo no caso de licenciamento automático, é preciso analisar, até o momento do desembaraço da mercadoria, os casos sujeitos a procedimentos especiais, verificando as exigências sanitárias ou zoosanitárias e o número de registro das empresas (para importação de amianto, defensivos agrícolas, produtos farmacêuticos, perfumaria e correlatos), entre outros aspectos. A não apresentação dos documentos exigidos inibe o despacho aduaneiro da mercadoria importada. Em relação a prazos, segundo o art. 22 da portaria, o licenciamento automático será efetivado no prazo máximo de 10 dias úteis, contados a partir da data do registro do licenciamento no Siscomex. É necessário, no entanto, que os pedidos de licença tenham sido apresentados de forma adequada e completa pelo importador ou seu representante legal (BRASIL, 2011 apud PEREIRA, 2020). As cotas tarifárias são aquelas importações que entram no País com uma alíquota menor, até o limite da cota autorizada pelo governo brasileiro. Ultrapassada a quantidade autorizada na cota, os órgãos do governo continuam aprovando a entrada da mercadoria, mas com uma alíquota maior do imposto de importação. Em 14 relação às cotas não tarifárias, depois de a cota autorizada pelo governo entrar no País, não é mais autorizada a entrada do produto no território nacional. As cotas são controladas e estipuladas, pelo período de um ano, pelo Decex. O exame de similaridade, também realizado pelo Decex, se dá quando o importador brasileiro quer ser beneficiado com isenção ou redução de tributos na importação de determinados produtos. Para que o importador possa receber esse benefício, não deve haver produção nacional do produto em questão. Portanto, oexame busca averiguar a existência de produto igual ou similar ao estrangeiro. Se comprovada a existência de produção similar, o importado não será beneficiado com a redução ou a isenção do imposto de importação pretendida, ou seja, perderá o benefício fiscal. Em relação a prazos, segundo o art. 23 da Portaria nº 23/2011, no licenciamento não automático, os pedidos terão tramitação de no máximo 60 dias, contados a partir da data de registro do licenciamento no Siscomex. A portaria prevê, no entanto, a possibilidade de esse prazo ser ultrapassado quando não for possível o seu cumprimento por razões que escapem ao controle do órgão anuente responsável. De acordo com o art. 24 da mesma portaria, tanto o licenciamento automático quanto o não automático possuem prazo de validade de 90 dias. Além disso, todo o procedimento relacionado a licenciamentos deve ser feito no site do Siscomex, com o login do importador, que já deve possuir sua habilitação no Sistema Radar, de responsabilidade da própria RFB (BRASIL, 2020 apud PEREIRA, 2020). Normalmente, a exigência de licenciamento se dá de duas formas: pela natureza da operação de importação (regimes aduaneiros), ou pelo produto que será importado (licença de importação). A seguir, veja as principais características do licenciamento (BRASIL, 2020 apud PEREIRA, 2020): 1. Para a emissão do licenciamento, é necessário que o importador cadastre todos os dados financeiros, comerciais, cambiais e fiscais do processo no Siscomex. 2. O licenciamento pode ser emitido somente para uma Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) (isso mudará com a implantação da Declaração Única de Importação — Duimp). 3. O licenciamento é necessário somente para algumas operações e mercadorias. 15 4. O licenciamento é analisado por diversos órgãos do governo federal, às vezes por mais de um. 5. O licenciamento tem validade de 90 dias, mas pode ser prolongado, com uma emissão de licenciamento substituta, para a finalidade de embarque. 6. Se o licenciamento da mercadoria pretendida for necessário, o primeiro registro administrativo no Siscomex é a emissão de licenciamento, mesmo que o despacho aduaneiro seja considerado somente depois da emissão da DI. 7. O órgão responsável pelos dados eletrônicos é o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); é por intermédio dele que o importador se conecta ao Siscomex para gerar a emissão de licenciamento automático e não automático e a DI. 8. A DI é o registro básico de toda importação, e a emissão de licenciamento serve para o controle administrativo dos órgãos públicos. 5 DESPACHO DE IMPORTAÇÃO No setor de importação, o veículo transportador é controlado desde o momento em que entra no País até o momento em que sai dele. Esse controle abrange todos os bens existentes a bordo. Assim, de acordo com o art. 31 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), o transportador deve fornecer à SRF, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado (BRASIL, 1966, art. 37, caput, 2003, art. 77 apud PEREIRA, 2020). Somente após o fornecimento dessas informações e a chegada do veículo no território nacional é que será emitido o termo de entrada, na forma estabelecida pela SRF. O art. 41 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020) ainda determina que toda mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer via, deve ser registrada em manifesto de carga ou em outras declarações de efeito equivalente (BRASIL, art. 39, caput apud PEREIRA, 2020). O art. 42 (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020) complementa que o responsável pelo veículo deve apresentar à autoridade aduaneira, na forma e no momento estabelecidos em ato normativo da SRF, o manifesto de carga, com cópia dos conhecimentos correspondentes, e a lista 16 de sobressalentes e provisões de bordo (BRASIL, 1966, art. 39, caput apud PEREIRA, 2020). O controle aduaneiro, portanto, tem início na entrada do veículo em Zona Primária (ZP) e termina quando o transportador entrega a carga ao depositário, no recinto alfandegado de destino, para o início do despacho aduaneiro. Desse modo, conforme o art. 53 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a mercadoria que foi declarada pelo transportador será submetida à conferência final para a apuração da responsabilidade por eventuais diferenças quanto a extravio ou acréscimo de mercadoria (BRASIL, 1966, art. 39, § 1º apud PEREIRA, 2020), com a participação de dois importantes atores: o transportador e o depositário. O procedimento do despacho aduaneiro de importação ocorre após a chegada da mercadoria ao País, sendo constituído por etapas diferentes. Cumpridas as etapas, acontece o desembaraço da mercadoria, em que a RFB certifica a legitimidade da importação. Para esse procedimento, a RFB se baseia no RA, que compila e regulamenta a legislação aduaneira brasileira, tratando de assuntos como controle e fiscalização aduaneiros e tributação de operações de comércio exterior. No art. 542 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), o despacho de importação é descrito como o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. Já o art. 543 do RA afirma que toda importação, importada a título definitivo ou não, deve passar por um procedimento de despacho aduaneiro. Dessa forma, após o importador estar ciente da chegada de sua carga em um recinto alfandegado (sob controle aduaneiro dos fiscais da RFB), o despacho de sua carga deve ocorrer, segundo o art. 546 do RA, dentro dos seguintes prazos (BRASIL, 2009, documento on-line apud PEREIRA, 2020): I - Até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado de zona primária; II - Até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e III - Até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da remessa postal. A inobservância dos prazos fixados para o início do despacho de importação será considerada danos ao erário por abandono, resultando na aplicação da pena de 17 perdimento das mercadorias. Tal situação gera graves implicações de ordem cambial caso o importador já tenha tomado providências quanto ao pagamento do bem importado, inclusive no que diz respeito a operações garantidas com carta de crédito. Na mesma situação de abandono, e com as mesmas implicações, ficam mercadorias importadas cujo despacho aduaneiro seja interrompido por mais de 60 dias, seja por ação ou omissão do importador ou seu representante, seja pela não apresentação de documentos exigidos pelo órgão aduaneiro. De acordo com o art. 3º do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro e abrange as ZPs e as Zonas Secundárias (ZSs) (BRASIL, 1966, art. 33, caput apud PEREIRA, 2020). O art. 8º do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020) esclarece que as ZPs são os portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. Tal artigo também determina que somente na ZP podem ser efetuadas a entrada e a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas (BRASIL, 1966, art. 34, II, III apud PEREIRA, 2020). De acordo com o art. 13 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), compete à SRF definir os requisitos técnicos e operacionais para o alfandegamento dos locais e recintos onde ocorrem, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho de: mercadorias precedentes do exterior ou a ele destinadas (inclusive sob regime aduaneiro especial), bagagens de viajantes precedentes do exterior ou a ele destinadas e remessas postais internacionais (BRASIL, 2010, art. 34, caput apud PEREIRA, 2020). Segundo aInstrução Normativa SRF nº 680/2006, o despacho aduaneiro de importação compreende despacho para consumo e despacho para admissão em regime aduaneiro especial. O despacho para consumo é aquele que ocorre quando as mercadorias que entram no País são destinadas ao consumo imediato dos seus importadores, tais como insumos, matérias-primas, bens de produção e produtos intermediários. Assim, pode-se considerar que o despacho para consumo ocorre quando as mercadorias importadas estão destinadas ao uso pelo aparelho produtivo nacional, para consumo ou revenda. Dessa forma, o despacho para consumo ou despacho a título definitivo tem o propósito de nacionalizar a mercadoria importada. 18 Por sua vez, o despacho a título não definitivo ocorre quando a mercadoria importada continua na propriedade da empresa estrangeira, vendedora; assim, não ingressa na massa de riquezas do País, entrando no Brasil a título suspensivo. Nessa modalidade, os importadores devem ter autorização para usar os regimes aduaneiros especiais, tais como o regime especial de entreposto aduaneiro e o regime especial de admissão temporário. O despacho para admissão em regimes aduaneiros especiais objetiva oportunizar a entrada de mercadorias e/ou produtos para consumo próprio e/ou revenda. Tais produtos podem permanecer em algum regime especial por determinado prazo que será autorizado pelo devido órgão competente, considerando a finalidade da importação, sem sofrerem a incidência imediata de tributação. Assim, na modalidade de regimes especiais, os tributos ficam suspensos até a extinção do regime, e automaticamente ocorre a mudança de regime especial para regime comum. Então, se dá a incidência dos tributos devidos ao Estado e a mercadoria é nacionalizada (entregue ao importador a título definitivo). O regime de admissão temporário é aplicado, por exemplo, às mercadorias em trânsito aduaneiro, ou seja, quando o importador tem interesse em realizar o despacho em um recinto alfandegado de ZS. Assim, no trânsito de um recinto alfandegado de ZP (zona de entrada de mercadorias estrangeiras) até um recinto alfandegado de despacho, a mercadoria é autorizada pelo órgão competente a circular sem recolhimento dos tributos devidos ao Estado. Há também o despacho em áreas especiais. Segundo o RA (BRASIL,2009 apud PEREIRA, 2020), essas são áreas de livre comércio de importação e de exportação sob regime fiscal especial. Elas são estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento de áreas fronteiriças específicas da Região Norte do País e de incrementar as relações bilaterais com os países vizinhos, segundo a política de integração latino-americana. Nesse contexto, as mercadorias são despachadas com isenções dos tributos devidos ao Estado, mas, se forem transferidas para outros pontos do território nacional, ficarão sujeitas ao tratamento fiscal e administrativo dado às importações comuns. As remessas postais internacionais podem ser submetidas a um dos dois regimes: de tributação simplificada ou de importação comum. Somente ocorre despacho para consumo quando o regime aplicado é o de importação comum. 19 Em relação ao regime de tributação simplificado, a legislação não dá nome ao despacho, que ficou conhecido como “despacho de remessa postal internacional”. O despacho de mercadorias trazidas por viajantes pode receber um de quatro tratamentos: isenção, regime de tributação especial, regime de importação comum ou perdimento. Somente no caso do regime de importação comum o despacho é para consumo. No caso de isenção ou regime de tributação especial, o despacho não recebe um nome e é conhecido simplesmente como “despacho de bagagem”. No caso de perdimento, não há despacho, visto que a mercadoria é apreendida pelo fiscal do recinto alfandegado de despacho. Assim, em todas as modalidades previstas, o despacho aduaneiro tem início quando ocorre o registro no Siscomex pelo importador ou representante legal. Como determina o art. 21 Instrução Normativa SRF nº 680, após o registro da DI, ela será submetida à análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de parametrização ou conferência aduaneira (BRASIL, 2006, documento on-line apud PEREIRA, 2020). De forma geral, o despacho aduaneiro de importação é processado com base em uma declaração a ser apresentada à unidade aduaneira responsável pelo controle da mercadoria. Tal declaração deve conter, entre outras informações, a identificação do importador e do adquirente ou encomendante, caso não sejam a mesma pessoa, além da identificação, da classificação, do valor aduaneiro e da origem da mercadoria. A importação por conta e ordem de terceiros ocorre quando uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado. Esse contrato pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opera por conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 1.861, de 27 de dezembro de 2018. Dessa forma, o registro da DI pelo contratado está condicionado à sua prévia habilitação no Siscomex para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. A operação de importação por encomenda ocorre quando uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias por ela 20 adquiridas no exterior para revenda a empresa encomendante predeterminada, em razão de contrato firmado entre elas. Nessa operação, a importação não pode ser realizada com recursos financeiros do encomendante, não sendo considerada importação por encomenda a operação realizada com tais recursos, mesmo que parciais. O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opera por encomenda é exercido conforme a Instrução Normativa RFB nº 1.861/2018. O registro da DI fica condicionado à prévia habilitação no Siscomex, tanto do encomendante quanto do importador por encomenda, e à prévia vinculação entre eles realizada nesse sistema. Segundo a Instrução Normativa SRF nº 680/2006, art. 11, o pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem como dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de salvaguarda, deve ser efetuado no ato do registro da respectiva DI ou da sua retificação, se efetuada no curso do despacho aduaneiro. Tal pagamento se dá por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) eletrônico, mediante débito automático em conta corrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais. Os documentos de instrução da DI devem ser entregues à fiscalização da SRF sempre que solicitados. Por essa razão, o importador deve mantê-los pelo prazo previsto na legislação, que pode variar conforme o caso, mas nunca é inferior a cinco anos. Os documentos necessários para o despacho aduaneiro são os listados a seguir: • Conhecimento de carga (via original): documento emitido pelo exportador par identificar o contrato do frete. Nele, constam o valor cobrado pelo frete, que entra na base de cálculo do imposto de importação, e o nome do importador, que comprova quem é o possuidor da mercadoria. Esse documento é um título de crédito que pode ser endossado, o que quer dizer que pode ser transferido de proprietário. Se o beneficiário do endosso tiver seu nome lançado no título, ele é chamado de “endosso em preto”. Se não há nomeação do endossatário é chamado de “endosso branco”; assim, torna-se possuidor da mercadoria quem tiver o documento. • Faturacomercial (via original) assinada pelo exportador: nela constam três dados mais importantes, que são o valor da mercadoria, a espécie e a 21 quantidade. A fatura só é obrigatória no caso de o romaneio não mencionar essas informações, de acordo com o art. 560 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020). • Romaneio de carga (packing list), quando aplicável: esse é o documento em que se lista e discrimina as mercadorias por volume, para conferência da aduana. Assim, a carga pode ser averiguada por amostragem, além de processo ser viabilizado para o importador no momento do recebimento. Existem outros documentos exigidos pelo controle aduaneiro, mas eles dependem do tipo de mercadoria importada. Entre eles, estão: o atestado sanitário, que é exigido pelo Mapa no caso de animais vivos, e o certificado de origem, que deve ser apresentado para a redução ou isenção tarifária em casos de acordos bilaterais com o Brasil. O certificado de origem comprova que a mercadoria foi produzida em determinado país. O art. 19 da Instrução Normativa SRF nº 680/2006 menciona que os documentos instrutivos do despacho devem ser postados eletronicamente no Portal Único de Comércio Exterior e autenticados via certificado digital. O registro da DI no Siscomex é a primeira etapa do despacho, porém tal registro nem sempre será o primeiro a ser realizado pelo importador no sistema. Afinal, havendo necessidade de licença para a importação, esse será o primeiro registro por parte do importador no Siscomex. Após o registro da DI, o importador recebe um número de identificação do fiscal da SRF. Em relação à regularidade cadastral do importador, no registro, é verificado o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) para se averiguar se o importador está ativo. Além disso, verifica-se se a pessoa física que registrou a DI está credenciada para registrá-la. O controle administrativo sempre antecede o controle aduaneiro. Portanto, sem a licença de importação deferida pelo órgão anuente competente, não haverá deferimento do registro da DI. A Siscomex também verifica, antes do registro da DI, o cumprimento de acordos cambiais relativos à operação, se houver. Nessa etapa, a mercadoria deve ter chegado ao Brasil e estar armazenada aos cuidados do depositário em ZP ou ZS. Assim, após o aviso do depositário, a carga será checada. O Siscomex Mantra ou o Siscarga verificará se carga está armazenada ou não pelo registro do seu número de conhecimento. 22 Em relação ao pagamento dos tributos devidos, o importador deve informar o recolhimento no registro da DI, e o Siscomex enviará ao setor financeiro (banco do importador) o pedido de transferência para a conta da União, chamado DARF eletrônico. Somente após esse procedimento o importador poderá (ou não) registrar a DI. Também é recolhida pelo mesmo processo de transferência a taxa de utilização do Siscomex, que varia de acordo com o número de adições da DI. Assim, segundo o art. 72 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), o fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (BRASIL, 1966, art. 1º, caput, apud PEREIRA, 2020). Sobre a etapa de conferência da DI, de acordo com o art. 21 da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, a análise fiscal ocorre para averiguação das informações prestadas. Entre tais informações, incluem-se: a regularidade fiscal do importador; a habitualidade do importador; a natureza, o volume e o valor da importação; o valor dos impostos incidentes; a origem, a procedência e a destinação da mercadoria; o tratamento tributário; as características da mercadoria; a capacidade operacional e financeira do importador; e o histórico do importador. A escolha do Auditor Fiscal da RFB (AFRFB) para averiguação pode ser deliberada ou aleatória (por meio do sistema do Siscomex). De acordo com o art. 24 da mesma instrução normativa, a conferência aduaneira será iniciada após o recebimento do extrato da declaração selecionada e dos documentos que a instruem (BRASIL, 2006 apud PEREIRA, 2020). Dessa forma, o exame documental consiste no procedimento fiscal destinado, segundo o art. 25 da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, a verificar: I - A integridade dos documentos apresentados; II – A exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive no que se refere à origem e ao valor aduaneiro da mercadoria; III- O cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar correspondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados; IV - O mérito de benefício fiscal pleiteado; e V – A descrição da mercadoria na declaração, com vistas a verificar se estão presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação fiscal (BRASIL, 2006, documento on-line). Segundo o art. 564 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), a etapa de conferência tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas às suas naturezas, classificação fiscal, 23 quantificação e valor, além de confirmar o cumprimento de todas as obrigações (fiscais e outras exigíveis em razão da importação). Portanto, nessa etapa do despacho, são adotados canais de seleção (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020). Na grande maioria das vezes, o despacho aduaneiro cai no canal verde, de modo que não ocorre a conferência da mercadoria. Por essa razão, a parametrização é realizada pelo próprio sistema, ou seja, o fiscal somente assina a DI. Assim, é comum mencionar que quem efetuou o despacho foi o próprio Siscomex. Caso seja constatada alguma ocorrência que impeça o prosseguimento do despacho, ele será interrompido. Em seguida, o AFRFB será solicitado a realizar a devida exigência de correção. Segundo o art. 570 do RA, caracterizam a interrupção do despacho (BRASIL, 2009, documento on-line apud PEREIRA, 2020): I - A não apresentação de documentos exigidos pela autoridade aduaneira, desde que indispensáveis ao prosseguimento do despacho; e II - O não comparecimento do importador para assistir à verificação da mercadoria, quando sua presença for obrigatória. O desembaraço aduaneiro, segundo o art. 571 do RA (BRASIL, 2009 apud PEREIRA, 2020), representa o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira, de modo que a mercadoria é liberada para o transportador interno do importador. Essa é a última etapa do despacho e ocorre logo após o pagamento de valores acumulados enquanto a mercadoria estava em recinto alfandegado, tais como Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), despesas de remoção da carga, etc. Assim, após o desembaraço aduaneiro de uma mercadoria cuja declaração tenha sido registrada no Siscomex, será emitido eletronicamente o documento comprobatório da importação. 6 PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR Iniciativa do governo federal para a desburocratização e a simplificação do comércio exterior brasileiro, o Portal Único de Comércio Exterior vem sendo construído de forma gradual e progressiva. O novo processo de exportação já está disponível e sendo utilizado pelos operadores privados. Conforme as diferentes 24 etapas do novo processo são entregues, mais exportadores podem usufruir dos benefícios. Uma das novidades previstas para o novo processo de importação é a criação da Duimp, que substituirá as atuais DI e Declaração Simplificada de Importação (DSI). A Duimp poderá ser registrada antes mesmo da chegada da mercadoria ao País e, via de regra, de forma paralela à obtenção das licenças de importação (BRASIL, 2017 apud PEREIRA, 2020). Se as informações forem fornecidas antecipadamente, procedimentos como o de gerenciamento de riscos poderão ser adiantados, garantindo maior agilidade ao fluxo de trâmite da carga. Para que o novo processo ocorrasem erros, a Duimp será integrada com outros sistemas públicos e privados, não sendo mais necessário que o importador acesse diversos sistemas. O novo processo também trará benefícios para os importadores que realizam operações sujeitas a licenciamento. Será possível, por exemplo, o emprego de uma única licença para mais de uma operação de importação, o que não ocorre atualmente. A seguir, veja os principais benefícios que o novo processo oferece aos importadores. • Centralização num único local da solicitação e obtenção de licença de importação, sem a necessidade de o operador acessar outros sistemas ou preencher formulários em papel; • Validação automática entre a operação autorizada (no módulo de licenciamento de importação) e os dados declarados na Duimp; • Redução de tempo e burocracia nas importações com anuência; • Flexibilização da concessão de licenças de importação em relação ao número de operações abrangidas; • Diminuição do tempo de permanência das mercadorias em Zona Primária, com a consequente redução de custos das importações; • Harmonização de procedimentos adotados pelos diversos órgãos da Administração Pública responsáveis pelo controle das importações (BRASIL,2017, documento on-line apud PEREIRA, 2020). 25 Síntese do novo processo de importação Fonte: Brasil, 2017 adaptada por PEREIRA, 2020 Nota-se que atualmente o registro da DUIMP está limitado alguns tipos de processos e a específicos tipos de importadores. Assim na fase piloto seu registro está restrito às seguintes situações: • Importação destinada à consumo (equivalente a DI Tipo 01); • Apenas empresas certificadas no programa Operador Econômico Autorizado – OEA, tipo C2; • Modal aquaviário; • Recolhimento integral de tributos; • Mercadorias e operações não sujeitas à licenciamento de importação; • Preenchimento apenas por tela (sem uso de serviço/XML); • Permite importação por conta e ordem (OEA C2); • Uso obrigatório do Módulo Catálogo de Produtos. (PEREIRA, 2020) 26 7 FINANCIAMENTO PARA IMPORTAÇÕES Não é sempre que as empresas têm o capital necessário para realizar a importação de determinada mercadoria. Por esse motivo, muitas delas recorrem a linhas de financiamento para conduzir o seu negócio. 7.1 Linhas de crédito internacionais As linhas de crédito não servem apenas para os grandes negócios. Para cada tipo de negócio, as instituições financeiras disponibilizam opções de crédito a fim de que as operações de comércio internacional sejam efetuadas com sucesso. Isso serve tanto para importadores quanto para exportadores. Em linhas gerais, as principais linhas de crédito disponíveis no Brasil são: Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC), Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACE), Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e Financiamento à Importação (Finimp). O ACC é um financiamento aplicado na fase de produção ou pré-embarque. Para utilizá-lo, o exportador deve procurar um banco comercial autorizado a operar em câmbio. O ACE é similar ao ACC, porém ele é contratado na fase de comercialização ou pós-embarque (BRASIL, 2020 apud SILVA, 2020). O Proex, por sua vez, trata-se de um instrumento do governo federal voltado para o financiamento às exportações brasileiras de bens e serviços, apoiando especificamente as exportações de micro e pequenas empresas (SEBRAE, 2020 apud SILVA, 2020). Já o Finimp, ao contrário do Proex, é voltado para a importação de mercadorias e serviços, tendo como objetivo os atrativos do mercado externo. Para que os créditos sejam disponibilizados, são necessários meios que os disponibilizem, isto é, instituições, sejam elas os governos ou as agências bancárias. No Quadro, a seguir, você pode ver os produtos e serviços que fornecem crédito para as operações de importação. O principal objetivo desses produtos e serviços é agilizar as transações no processo de compras no mercado externo, a fim de que as mercadorias estejam disponíveis quando os importadores precisarem delas. 27 Fonte: Banco do Brasil, 2020 - Adaptado SILVA, 2020 Também há produtos e serviços disponíveis para as operações de exportação, ou seja, para empresas brasileiras que vendem mercadorias para outros países. No Quadro a seguir, você pode ver os produtos e serviços disponíveis para as operações de exportação. 28 Fonte: Banco do Brasil, 2020 - Adaptado SILVA, 2020 Com base em ambos os quadros, pode perceber que existe uma grande variedade de produtos e serviços destinados às exportações e importações. Para escolher um deles, é imprescindível buscar instituições nacionais que os ofereçam e que apresentem a melhor solução para o seu negócio. 29 7.2 Instituições nacionais de financiamento à importação As instituições governos ou agências bancárias exercem um papel importante no financiamento às importações, visto que intermedeiam grande parte das operações. Quando os importadores pretendem fazer um financiamento para as operações de importação, eles podem contatar instituições nacionais que oferecem financiamento à importação ou se relacionar diretamente com banqueiros internacionais. No Brasil, o financiamento à importação é exercido por diversas agências bancárias, entre as quais se destacam: Banco do Brasil, Sicredi, Santander, Bradesco, etc. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também realiza financiamentos. Ele financia, por exemplo, a aquisição de máquinas e equipamentos, a exemplo de equipamentos móveis destinados à movimentação de cargas. (PEREIRA, 2020) Os recursos destinados às operações de financiamento à importação provêm de linhas de crédito concedidas por bancos estrangeiros e organismos internacionais para financiar a aquisição de produtos no exterior. Nesse sentido, para a realização de negócios e operações, os bancos comerciais contam com importantes instrumentos de captação de recursos, os acordos de financiamento ou linhas externas. Tais instrumentos viabilizam a disponibilização de recursos que os bancos possuem no exterior junto a bancos estrangeiros que têm interesse em financiar as importações brasileiras. Geralmente, o financiamento é concedido em moeda estrangeira ao importador brasileiro pelo banco para a aquisição de produtos, bens ou serviços. Isso ocorre mediante repasse de recursos captados no exterior ou por meio de linhas de crédito firmadas com outras instituições financeiras estrangeiras. (PEREIRA, 2020) 7.3 Principais tipos de financiamentos Além de receberem incentivos e benefícios fiscais, os importadores também podem contar com alguns financiamentos para importação. No entanto, é preciso entender quando e como a busca por um financiamento se faz necessária. 30 Para Brito (2020 apud PEREIRA, 2020), o objetivo principal de um financiamento à importação é a aquisição de bens e serviços do exterior, sendo que os agentes que se comunicam nesse processo são o cliente, o Banco Central do Brasil, a instituição financeira e o fornecedor do bem ou serviço. Segundo Brito (2020 apud PEREIRA, 2020), o importador pode tanto realizar a operação diretamente com seu fornecedor quanto se valer da intermediação direta de uma instituição financeira. Ao utilizar a intermediação direta de uma instituição financeira, o cliente (importador) solicita um financiamento para a aquisição de bens ou serviços do fornecedor. Após o Banco Central do Brasil normatiza essas transações, exigindo ampla documentação para sua aprovação. Além disso, o Banco Central impõe multas por atraso relativo à data definida para a remessa dos recursos ao exterior. Deve-se fechar o câmbio para converter os reais em moeda estrangeira. A liquidação pode ser pronta ou futura. Além disso, há necessidade de controle rígido para secontratar e liquidar o câmbio. Segundo Maluf (2000), as linhas de financiamento à importação variam em função de produto, valor, país e prazo. O autor menciona as linhas de crédito listadas a seguir. • Buyer’s credit: o financiamento ocorre diretamente com o importador. • Supplier’s credit: o exportador estrangeiro recebe o pagamento a prazo. • Leasing internacional (arrendamento mercantil): o arrendatário tem a posse e o usufruto do bem durante a vigência do contrato. • Financiamento do importador pelo país vendedor: o pagamento final é à vista. • Registro de Operações Financeiras (ROF): utilizado para registros de capitais estrangeiros. De maneira mais específica, pode-se destacar o Finimp e o crowdfunding (financiamento coletivo). Segundo Fontes (2017 apud PEREIRA, 2020), o Finimp ocorre quando o banco estrangeiro concede uma linha de crédito ao banco nacional por meio da captação de recursos da instituição financeira que realiza o pagamento diretamente para o fornecedor. A vantagem de utilizar o Finimp é que os juros variam de 6 a 9%, uma vez que são juros internacionais. Além disso, ao contrário do que ocorre nos demais financiamentos, o pagamento é feito integralmente ao final do contrato. 31 Os empréstimos e financiamentos no comércio internacional geralmente utilizam a taxa interbancária do mercado de Londres (London Interbank Offered Rate — Libor). Essa taxa é definida como uma taxa de referência nas transações internacionais entre as instituições ao redor do mundo. PEREIRA, 2020. Principais modalidades de financiamento à importação. • Financiamento de curto prazo: pagamento em até 360 dias. • Financiamento de longo prazo: prazos de pagamento superiores a 360 dias. Também é preciso destacar o desconto a forfait. Segundo o Sebrae (2020 apud PEREIRA, 2020), essa é uma operação de comércio exterior em que o exportador concede, por intermédio do Banco do Brasil, prazos e condições de financiamento a seus compradores internacionais. As principais vantagens são: • Operação simples e ágil, sem emissão de contratos; • Venda da mercadoria a prazo para o importador brasileiro e recebimento à vista, em uma das agências do Banco do Brasil no exterior; • Melhoria do fluxo de caixa (possibilidade de realizar importações sem esforço de caixa imediato); • Possibilidade de realizar compras a prazo com taxas de financiamento mais atrativas; • Financiamento de até 100% do valor da importação; • Possibilidade de benefícios fiscais; • Isenção de imposto de renda quando da remessa de recursos para o exterior para a liquidação da operação, uma vez que não há pagamento de juros. Brito (2020 apud PEREIRA, 2020) enfatiza ainda que nos financiamentos à importação há riscos financeiros e operacionais. A seguir: • Risco de crédito: representa o risco de o cliente não pagar o principal e os juros atualizados referentes ao financiamento concedido. • Risco de mercado: representa o risco de prazo, podendo haver descasamentos entre o prazo de pagamento da linha para financiamento e o prazo de recebimento do financiamento. 32 • Risco operacional: refere-se à falta de comunicação entre a instituição financeira e o cliente, como no caso de não ocorrer o embarque da mercadoria ou a formalização da transação. Ao lidar com o comércio exterior, é necessário atentar a algumas garantias. Tais garantias auxiliam na mitigação de riscos das transações internacionais. Veja algumas das principais garantias existentes. Fonte: Adaptado de China Construction Bank apud PEREIRA, 2020 Por último, podemos ressaltar o refinanciamento de importação que, como o próprio termo deixa claro, refere-se a financiar novamente. Nesse caso, amplia-se o prazo de pagamento de financiamentos mediante a utilização de linhas de crédito de agências externas. Ademais, há dilação do prazo para o pagamento da dívida. Em outras palavras, pode-se dizer que o Refinanciamento à Importação (Refinimp) é decorrente de uma situação em que o importador não consegue honrar seu compromisso. Assim, ele opta pelo Refinimp pelo prazo de 360 dias a fim de que possa quitar a sua dívida. (PEREIRA, 2020) 33 8 OPERAÇÕES LEGAIS PARA EXPORTAR A exportação não se trata de um processo simples, visto que precisa de um estudo minucioso sobre a mercadoria a ser exportada e sobre a legislação aduaneira vigente. O empresário que pretende expandir seu mercado de atuação deve estar atento a todos os aspectos que regem o comércio internacional e, principalmente, ao novo processo de exportação. Isso pode ser feito por meio do conhecimento sobre controle e despacho aduaneiro, bem como sobre o tratamento administrativo na exportação. 8.1 Tratamento administrativo na exportação Fonte: dclogisticsbrasil.com O processo de exportação requer que o empresário conheça todos os procedimentos legais, administrativos e operacionais. Afinal, a legislação aduaneira possui aspectos que devem ser considerados no tratamento administrativo das exportações. O tratamento administrativo na exportação trata-se do conjunto de normas e procedimentos aplicados às operações de exportação, tendo por base a legislação dos órgãos anuentes (SISCOMEX EXPORTAÇÃO, 2019 apud SILVA, 34 2020). Ou seja, é o tratamento dado às mercadorias que necessitam de cuidados especiais, seja em relação à sua quantidade ou à sua qualidade. O tratamento administrativo nas atividades de exportação é regido pela Portaria Secex nº 23, de 14 de julho de 2011, a qual disciplina todos os procedimentos administrativos aplicáveis à importação e à exportação de produtos. Em seu art.187, § 6º, tal portaria dispõe sobre os produtos sujeitos a procedimentos especiais, a normas específicas de padronização e classificação e a imposto de exportação (BRASIL, 2011 apud SILVA, 2020). Tal artigo também dispõe sobre produtos que tenham a exportação contingenciada ou suspensa em virtude da legislação ou em decorrência de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, a exemplo de carnes de animais da espécie bovina, frescas ou refrigeradas, desossadas. Dessa forma, é preciso conhecer a legislação de regência referente a cada produto ou grupo. No Quadro a seguir, veja os enquadramentos possíveis para as operações de exportação. 35 Fonte: Brasil (2011). Adaptado por SILVA, 2020. Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de exportação ainda são pouco utilizados no Brasil. Tratam-se de associações de empresas, juridicamente constituídas, que conjugam esforços com vistas à redução de custos, ao aumento da oferta de produtos destinados ao mercado externo e à ampliação das exportações. Os consórcios podem ser: consórcio de promoção de exportações, consórcio de vendas, consórcio de área ou país (PORTOGENTE, 2016 apud SILVA, 2020). Por vezes, segundo Caparroz (2018 apud SILVA, 2020), é mais vantajoso delegar os procedimentos de exportação a terceiros e se concentrar exclusivamente no produto, de modo a torná-lo competitivo em termos de preço e qualidade. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) (apud 36 CAPARROZ, 2018, p. 1266), as operações realizadas por trading companies incluem as seguintes vantagens: • Exportação de produtos de diferentes fornecedores de forma consolidada; • Necessidade de menor capital de giro devido às operações casadas; • Melhor atendimento aos clientes, por oferecer variada gama de produtos; • Redução dos custos operacionais; • Estoques que permitam regularidade de fornecimento; • Atuação em diversos mercados. Nesse sentido, é importante ressaltar os incentivos fiscais às exportações e apontar alguns impostos que não incidem na prática de exportação. Além do ICMS e do IPI, que você já viu, as exportações estão isentas da Contribuição para o Financiamentoda Seguridade Social (COFINS) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Os incentivos fiscais são viabilizados pelo governo para que as empresas aumentem as atividades de exportação, fomentando o desenvolvimento do País. Ademais, segundo Silva (2017 apud SILVA, 2020), há o regime aduaneiro especial drawback, um incentivo à exportação que permite a importação ou compra de insumos no mercado interno com suspensão ou isenção de impostos (desde que os insumos adquiridos sejam utilizados na produção de bens destinados à exportação). Tal incentivo resulta na redução da carga tributária, na redução dos custos financeiros e na melhora do fluxo de caixa do exportador. Assim, o exportador deve atentar aos vários mecanismos existentes a fim de obter um tratamento administrativo da operação eficaz. Tais mecanismos incluem desde o Siscomex até sites especializados e páginas das entidades fiscalizadoras e anuentes. Segundo Gato (2019 apud SILVA, 2020), o tratamento administrativo dos processos de exportação pode ser objeto de anuências de produtos ou mercadorias específicas, as quais podem ser realizadas por órgãos governamentais com competências exclusivas. 37 8.2 O controle aduaneiro na atividade de exportação Conforme a Receita Federal do Brasil (RFB), o controle aduaneiro diz respeito: ao controle e à fiscalização da entrada e da saída de mercadorias de origem estrangeira no Brasil, ao acompanhamento do despacho aduaneiro, à verificação da correta informação da base de cálculo de incidência dos tributos devidos na operação, assim como ao controle da aplicação de medidas de defesa comercial (BRASIL, 2016 apud SILVA, 2020). Atualmente, é a RFB que detém o poder de realizar tal controle. A seguir, veja as ações do controle aduaneiro (BRASIL, 2016 apud SILVA, 2020): • Controlar Processos De Importação E Exportação; • Realizar Auditorias De Conformidade Aduaneira E Fiscal; • Controlar Processos Aduaneiros Diferenciados; • Gerenciar Riscos Operacionais Aduaneiros; • Autorizar Intervenientes; • Controlar Regimes Aduaneiros. Segundo Morini et al. (2015 apud SILVA, 2020), a administração aduaneira (ou aduana) é um dos setores que impactam diretamente o fortalecimento do comércio exterior e a competitividade das empresas. No Brasil, essa organização pública é o principal agente de mediação no trânsito internacional de mercadorias pelas fronteiras do País. Nesse sentido, a aduana desempenha funções a fim de defender os interesses do Estado (segurança contra ameaças, contrabandos, trânsito ilegal de armas e drogas, arrecadação), bem como de facilitar e agilizar as operações de importação e exportação, as quais são fundamentais para fomentar o desenvolvimento do País, assim como verificar se determinada mercadoria recebeu as devidas anuências, a fim de oferecer condições de sanidade e segurança para o consumidor (BRASIL, 2015 apud SILVA, 2020). 38 8.3 Rotinas do despacho de exportação O despacho de exportação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro e à sua saída para o exterior. Assim, toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a reexportada, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções estabelecidas na legislação específica (BRASIL, 2014 apud SILVA, 2020). O controle durante o desembaraço aduaneiro é necessário pois podem ser cometidos crimes como descaminho (não pagamento de impostos no todo ou em parte) e contrabando (entrada e saída de mercadoria proibida). Na Figura a seguir, veja como ocorre o despacho aduaneiro de exportação. Fonte: SILVA, 2020 39 Segundo a Receita Federal (BRASIL, 2015 apud SILVA, 2020), o despacho aduaneiro de exportação é processado no Siscomex em diversas etapas executadas pelo exportador, pelo depositário, pela fiscalização aduaneira e pelo transportador. Em linhas gerais, os procedimentos para a exportação abrangem as fases listadas a seguir. 1) A DU-E correspondente a uma ou mais notas fiscais é registrada. 2) A recepção da carga correspondente à DU-E é registrada pelo depositário no Controle de Carga e Trânsito (CCT), com base na ou nas notas fiscais que ampararam seu transporte até o local de despacho. 3) Quando toda a carga estiver recepcionada, automaticamente ela é apresentada para despacho e o canal de conferência é determinado. 4) Após o desembaraço da carga, o depositário registra no CCT sua entrega ao transportador internacional, com base em contêiner ou, se a carga for solta, com base no número da DU-E e na quantidade de volumes por tipo de embalagem, ou, se for o caso, na quantidade de veículos ou de granel (por tipo). 5) O transportador internacional registra a manifestação dos dados de embarque. 6) Quando todos os contêineres ou todos os volumes, por tipo de embalagem, forem manifestados, a carga estará completamente exportada e, não havendo qualquer pendência na DU-E, ela será averbada. Atualmente, a DU-E está substituindo os Registros de Exportação. Segundo Gato (2019), a elaboração da DU-E permite o registro da operação que caracteriza o início do despacho aduaneiro, desde que não haja impeditivos para tal, como irregularidade cadastral do exportador. O autor ainda pontua que, após o registro da DU-E, a operação será submetida à análise de risco aduaneiro e selecionada para um dos canais de conferência. Anteriormente, você viu quais são as etapas do despacho aduaneiro de exportação. A seguir, veja o passo a passo de uma exportação. • Avaliar a capacidade exportadora: é necessário verificar as condições de mercado internacional da mercadoria e a capacidade de produção para atender à demanda externa, além de conhecer os obstáculos à exportação. • Classificar a mercadoria: é preciso determinar a correlação entre a mercadoria e o código na nomenclatura, a fim de definir os direitos 40 aduaneiros, por exemplo. • Formar preço de exportação: implica determinar o preço com base em alguns elementos, como o valor presumido de um produto ou o líder do mercado-alvo. • Identificar o mercado para onde exportar: significa identificar o produto no mercado internacional, assim como obter informações sobre ele. • Promover o produto a ser exportado: trata-se da adoção de políticas de promoção comercial, dentro dos padrões estabelecidos. • Negociar com o importador: fase que abrange desde os primeiros contatos até o total fechamento do negócio entre exportador e importador. • Operacionalizar a exportação: significa realizar a exportação na prática, tendo por base as observações feitas pelo Siscomex. Siscomex O Siscomex é um instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações relacionadas ao comércio exterior. Ele é o modelo pioneiro no mundo, visto que o Brasil foi o primeiro país a controlar todas as operações de comércio exterior por meio de um sistema informatizado (CAPARROZ, 2018 apud SILVA, 2020). Até a década de 1990, os exportadores tinham de se cadastrar em diversos lugares, o que fazia com que a atividade de exportação se tornasse morosa. Segundo Caparroz (2018 apud SILVA, 2020), o atual modelo do Siscomex foi instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992. Tal decreto buscou consolidar os controles do comércio exterior substituindo declarações em papel por um sistema eletrônico. 9 FINANCIAMENTO PARA EXPORTAÇÃO Atualmente, devido à globalização e à facilidade de se conectar com o mundo todo, muitas empresas têm decidido exportar. No entanto, no caso do Brasil, a tarefa não é tão simples, em especial do ponto de vista dos custos das mercadorias nacionais. De acordo com Lima e Rezende (2019 apud JUNIOR, 2020), o País possui41 uma das maiores cargas tributárias do mundo, que atinge quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) e eleva o custo dos produtos e serviços nacionais. Assim, competir com empresas de fora pode ser complicado se não houver um planejamento bem feito. Nesse contexto, existem algumas alternativas para amenizar o impacto causado por tributos elevados e por logísticas complicadas que dependem geralmente do modal rodoviário, entre outros fatores. O surgimento do comércio internacional não pode ser datado com precisão, pois desde as épocas nômades havia trocas entre os diferentes povos. Porém, o estudo desse tipo de comercialização começou a ser feito a partir da segunda metade do século XVIII. Segundo Coutinho et al. (2005 apud JUNIOR, 2020), até aquela época, o conhecimento sobre o comércio exterior derivava apenas do que as escolas mercantilistas ensinavam. Assim, a única preocupação era relativa à obtenção do superávit máximo nas trocas comerciais. Atualmente, falar de comércio exterior implica considerar as teorias que o cercam, a visão que apoia o neoliberalismo e a que se mostra contraria a esse pensamento. O pensamento liberalista surgiu por meio do trabalho do filósofo e economista britânico Adam Smith, autor de A Riqueza das Nações, de 1776. Os defensores desse tipo de comercialização propõem políticas de liberalização econômica extensas, como privatizações, livre comércio, austeridade fiscal, etc. Já os pensadores contrários defendem que o Estado deve ter sua participação na regulação do mercado. Para Moreira (2012 apud JUNIOR, 2020), a atuação do governo depende do comércio. No caso da tecnologia, as políticas de inovações e comércio exterior são de suma importância. Portanto, independentemente de pensamentos prós ou contras, o autor conclui que as intervenções do Estado na economia do desenvolvimento tecnológico e das inovações constituem um dos aspectos mais importantes na estrutura de qualquer país, principalmente quando se observa sua relevância para propiciar melhor inserção no comércio internacional. A globalização como fenômeno econômico mudou, trazendo novas nuances para a relação entre produção e comércio internacional e diminuindo as fronteiras de comércio (MARCATO; ULTREMARE, 2018 apud JUNIOR, 2020). Devido ao crescimento do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), ao grande 42 número de pessoas conectadas à internet no mundo e à alta do dólar, a exportação tem se tornado atrativa para muitas indústrias brasileiras. Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (BRASIL, 2019 apud JUNIOR, 2020), em 2019, as exportações alcançaram o maior valor desde 2014, somando um total de US$ 239,5 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 181,2 bilhões. Desse valor total de exportação, a China (que representou 66%) foi o país que mais teve alta, 32% em relação ao ano anterior, seguida por União Europeia e Estados Unidos. Isso faz com que cada vez mais os empresários brasileiros busquem conhecimento para realizar tal operação. No entanto, com o crescente aumento da digitalização, a competição das empresas tem se tornado cada vez mais acirrada. Para que a situação não seja extremamente desigual, algumas organizações públicas e privadas criaram órgãos para realizar financiamentos para exportação. De acordo com Augustowski e Mourad (2013 apud JUNIOR, 2020), há anos os governos vêm buscando criar mecanismos que diminuam os efeitos da crise. Tais mecanismos incluem redução de taxa de juros, controle de câmbio e controle de compulsório, além de mecanismos de apoio direto às indústrias, como empréstimos para setores específicos. Na maioria dos casos, os empresários optam por obter auxílios por meio do governo, pois os juros são menores. Dessa forma, as empresas podem ter maiores chances de competir com o preço dos produtos no mercado externo. Nesse contexto, existem agências e ferramentas de fomento que buscam impulsionar o comércio exterior: • Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC); • Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE); • Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Exim; • Programa de Financiamento às Exportações (Proex); • Proger Exportação; • Seguro de Crédito à Exportação (SCE); • Agências de crédito à exportação (Export Credit Agencies — ECAs). 9.1 Linhas de financiamento Como você viu, existem órgãos que auxiliam os empresários que desejam realizar exportações. A seguir, você vai conhecê-los melhor. 43 ACC Esse modelo é uma antecipação de recursos em moeda nacional (real) ao exportador por conta de uma exportação futura. O ACC ocorre na fase pré-embarque e serve para financiar a produção. Ele se destina a empresas exportadoras ou produtores rurais com negócios no exterior que necessitam de capital de giro e/ou recursos para financiar a fase de produção. Não há valor mínimo, e o percentual do adiantamento é de até 100% do valor do contrato de câmbio. Para o ACC, só existe contrato de câmbio como lastro da operação, sendo desnecessária a apresentação de quaisquer outros documentos por parte do exportador. A contratação do financiamento pode ser feita até 360 dias antes do embarque, e o valor é estabelecido de acordo com o prazo da operação e a análise de crédito do cliente. A forma de pagamento é mediante a entrega dos documentos de embarque ou ingresso de divisas, e as garantias são definidas de acordo com a análise de crédito do cliente. (JUNIOR, 2020) ACE O ACE difere do ACC por ser realizado após o embarque da mercadoria para o exterior, mediante a transferência ao banco escolhido dos direitos sobre a venda a prazo. Ele se destina a empresas exportadoras ou produtores rurais com negócios no exterior que necessitam de capital de giro e/ou recursos para financiar a fase de comercialização. Como no caso do ACC, não há valor mínimo; o percentual do adiantamento é de até 100% do valor do contrato de câmbio; a forma de pagamento é mediante o ingresso de divisas (moeda estrangeira); e as garantias para a contratação são definidas de acordo com a análise de crédito do cliente. O ACE é concedido a partir da saída da mercadoria para o exterior, quando já se tem os documentos representativos da venda (por exemplo, letra de câmbio ou saque). O prazo de fechamento pode ser de até 360 dias mais o último dia do mês posterior ao embarque da mercadoria ao exterior. O custo é estabelecido de acordo com o prazo da operação e a análise de crédito do cliente. (JUNIOR, 2020) Proex O Proex é um programa do governo federal de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços. Ele viabiliza o financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado internacional. O Proex oferece duas modalidades de apoio à exportação, como você pode ver a seguir. 44 • Proex financiamento: é um financiamento oferecido diretamente ao exportador brasileiro ou ao importador com recursos do Tesouro Nacional. Essa modalidade apoia exportações brasileiras de empresas com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões. Os prazos para a quitação da dívida variam entre 60 dias e 10 anos, definidos de acordo com o conteúdo tecnológico da mercadoria exportada ou com a complexidade do serviço prestado. Para os financiamentos com prazo de até dois anos, o percentual financiado pode chegar a 100% do valor da exportação. Nas operações com prazo inferior, a parcela financiada fica limitada a 85% do valor das exportações. • Proex equalização: a exportação é financiada por instituições financeiras no País e no exterior, e o Proex assume parte dos encargos financeiros, tornando- os equivalentes àqueles praticados no mercado internacional. Essa modalidade pode ser contratada por empresas brasileiras de qualquer porte. A equalização da taxa de juros pode ser concedida nos financiamentos ao importador, para pagamento à vista
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