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Mentalidade Inovadora

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MENTALIDADE INOVADORA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dra. Leila Urioste Rosso Pires
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
S247c
 Sarro, Ed Marcos
 Comunicação empresarial, cerimonial e eventos. / Ed Marcos 
Sarro. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 148 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-145-8
 ISBN Digital 978-65-5646-146-5
1. Comunicação empresarial. – Brasil. 2. Comunicação. – Brasil.
3. Eventos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 658.45
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA ........7
CAPÍTULO 2
O MERCADO INOVADOR .............................................................51
CAPÍTULO 3
INOVAÇÃO E GESTÃO ESTRATÉGICA .....................................101
APRESENTAÇÃO
Olá, Acadêmico! Você se considera uma pessoa com mentalidade inovadora? 
E a sua organização? Será que podemos considerá-la como um novo modelo de 
negócio e gestão? Se não, quais seriam as estratégias para que ela possa estar 
condizente com as expectativas do mercado?
Talvez você não tenha, ainda, a confiança para responder todas essas 
questões. Então, seja bem-vindo à disciplina Mentalidade Inovadora! O propósito 
aqui é auxiliar você a compreender os conceitos de criatividade e inovação e 
como eles podem ser aplicados, focando na construção de uma mentalidade 
inovadora (para pessoas e organizações). Além disso, serão apresentadas 
algumas estratégias voltadas para a criação de novos produtos e serviços, tanto 
a partir do investimento em tecnologia como da valorização de ideias e pessoas. 
Para isso, este Livro Didático está dividido em três capítulos para que os assuntos 
sejam tratados de forma equilibrada. 
No Capítulo 1, iniciaremos com a apresentação dos conceitos de criatividade 
e inovação, bem como suas respectivas aplicações no contexto organizacional. 
Você terá a possibilidade, inclusive, de realizar alguns exercícios que podem 
ajudar no desenvolvimento de sua criatividade. Posteriormente, você conhecerá 
as características da mentalidade inovadora, mas antes passaremos pelo 
empreendedorismo e suas relações com o desenvolvimento da mentalidade 
inovadora.
Já o Capítulo 2 está dedicado ao mercado inovador. Iniciamos com algumas 
palavras sobre o processo criativo, que é importante para o surgimento de novos 
produtos, serviços e até novos modelos de negócios. Em seguida, trataremos 
a respeito das novas tecnologias de comunicação, juntamente ao processo 
de reestruturação produtiva rumo à transformação prática da inovação nas 
organizações.
Por sua vez, o Capítulo 3 firmará os laços entre a inovação e a gestão 
estratégica por meio da construção de um ambiente propício à organização 
e aplicação da inteligência competitiva organizacional. Por fim, você terá a 
oportunidade de conhecer um pouco sobre o conceito e características dos novos 
modelos de negócios e o que eles diferem dos modelos tradicionais de gestão.
Logo, ao longo de todo este Livro Didático, você terá contato com autores 
clássicos e contemporâneos, dessa forma, esperamos que o conhecimento 
originado pelos conceitos aqui tratados contribua para o desenvolvimento e o 
despertar de sua mentalidade inovadora, sendo que, uma vez desperta, você 
possa aplicá-la plenamente em sua vida. Sucesso e boa leitura!
CAPÍTULO 1
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE 
INOVADORA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender os conceitos de criatividade e inovação.
• Conhecer as características de uma mentalidade inovadora.
• Apresentar técnicas que possibilitem o desenvolvimento da mentalidade 
inovadora.
• Exercitar a aplicação da mentalidade inovadora.
8
 MENTALiDADE iNoVADorA
9
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Durante a sua vida, quantas vezes você se deparou com a seguinte situação: 
grandes ideias, muita criatividade e projetos inéditos que se realizaram, somente, 
em sua imaginação, ou seja, não foram transformadas em realidade? Lembra 
daquela ideia magnífi ca que você teve há uns 5 anos e que, hoje, outra pessoa 
a colocou em prática? Você deve ter pensado: “ele roubou a minha ideia! Essa 
ideia era minha!”. Bom, a menos que você a tenha registrado ou transformado em 
realidade, ideias não pertencem a ninguém, ou melhor, ideias são de todo mundo.
O que aconteceu com você é o que chamamos de muita criatividade para 
pouca inovação. Então, inicia-se aqui a diferenciação conceitual e prática entre 
criatividade e inovação. Muitos autores que conheceremos aqui entendem que a 
criatividade é ter uma ideia original a partir da combinação de elementos diferentes 
e de maneira que jamais alguém imaginou. Por sua vez, inovação é gerar valor, de 
qualquer tipo, a partir da criatividade ou a partir da aplicação de ideias originais. 
Um exemplo cultural: o povo brasileiro é considerado como sendo muito 
criativo, mas pouco inovador, pois não consegue resolver problemas sociais de 
base, como o analfabetismo. Percebe-se, então, que: criatividade, por si só, não 
resolve nada. Entretanto, existem nações as quais não possuem reputação de 
criativas e são ricas, tendo a sua população uma melhor qualidade de vida. 
Ainda que haja inúmeras tentativas de diferenciar a criatividade da inovação, 
tais conceitos ainda geram debates em diversas abordagens. Estabelecendo 
comparações, a criatividade é apresentada como sendo um processo que auxilia 
na geração de ideias originais. Assim, a criatividade é ilimitada e não se restringe 
a uma determinada área do conhecimento, ou carece de técnicas específi cas, pois 
sua função é, justamente, gerar ideias para qualquer atividade. Está relacionada, 
portanto, com o pensar, com a imaginação.
Na busca por apresentar conceitos de criatividade e inovação, você as verá, 
no decorrer deste capítulo, devido à complexidade de tais apreciações aparecem, 
muitas vezes, associadas, apesar de serem diferentes entre si. Por isso, é normal 
que quando estivermos falando sobre criatividade, começamos a falar sobre 
inovação e vice-versa, pois o ideal é que ambas estejam relacionadas.
10
 MENTALiDADE iNoVADorA
2 CONCEITO E CONTEXTO DA 
MENTALIDADE INOVADORA
A partir deste capítulo, você conhecerá alguns conceitos sobre criatividade, 
inovação, seus respectivos contextos e aplicações, por meio das atividades que 
serão propostas no seu decorrer.
2.1 SOBRE CRIATIVIDADE (E 
INOVAÇÃO)
Primeiramente, vamos conversar um pouco a respeito da criatividade: seus 
conceitos e abordagens que ajudarão você a compreender o papel importante 
que ela exerce para que haja inovação. 
A criatividade não se ensina nem se aprende nos livros, pois ela é fruto da 
prática diária e da refl exão sobre todas as formas de expressão, unidas a uma 
imaginação transformadora e transgressora, que converte o ser humano num 
crítico, transformador do seu contexto.
 Comece pensando no surgimento do ser humano da Terra e quais 
caminhos nossos ancestrais tiveram que percorrer para manterem-se vivos. 
Desde estabelecer relacionamentos com seu meio e seus semelhantes e 
dar signifi cado ao que ocorria a sua volta,essa capacidade de compreender, 
estabelecer relações e de confi gurar é o princípio da criação. Foi a partir desse 
processo de adaptação e busca de soluções que foi possível a continuidade de 
nossa existência.
 Atualmente, essa capacidade de adaptação continua nos mantendo vivos, 
contudo, se antes as mudanças e adaptações estavam mais voltadas à natureza, 
hoje, a adaptação que precisamos fazer abrange mais a política, a economia e a 
tecnologia. 
O anseio de criar é um dos desejos básicos e primitivos dos seres humanos, 
contudo, está sendo sufocado pelo padrão da modernidade, o qual acredita 
que a motivação das pessoas para o trabalho é, preferencialmente, econômica, 
fundamentada na supervalorização dos produtos, especialização das tarefas, 
divisão das atribuições e sincronização do tempo.
O conceito de criatividade, embora não seja consensual, é considerado 
um fenômeno complexo, abrangendo vários fatores e aspetos, como também 
11
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
envolvendo sempre algo novo. Trata-se de um conceito muito dependente do 
momento histórico que se vive, ou seja, dos valores e interesses presentes, assim 
como da área científi ca em que se enquadra. 
Segundo Giglio, Wechsler e Bragotto (2012), historicamente, a criatividade 
sempre esteve relacionada ao campo artístico. Contudo, no século XX, passou 
a ter importância crescente, não apenas como capacidade individual, mas 
como riqueza capaz de trazer benefícios coletivos. Assim também ocorre com a 
inovação, cuja importância avança diante de um mundo em movimento rápido e 
constante. Para os autores, é por esse motivo que a inovação se torna cada vez 
mais necessária, visto que o inédito passa a ser trivial, em um espaço de tempo 
cada vez mais curto. Inclusive, a inovação torna-se necessária e desejável em 
países que precisam investir em crescimento, aliado a melhorias relacionadas à 
qualidade de vida.
 Não estaria aí o princípio para um maior engajamento rumo à criatividade 
como alternativa para os desafi os propostos pela sociedade moderna? Acredita-
se que a criatividade agrega valor ao conhecimento e o torna progressivamente 
mais útil, por isso a importância para se resgatar a criatividade, uma vez que 
estamos na era do conhecimento.
 As relações entre os agentes políticos, sociais e econômicos são 
complexas, instáveis e imprevisíveis, logo, a manutenção de condições que 
promovam a prática da criatividade é condição básica para a sobrevivência de 
pessoas e organizações no mercado como um todo. Por isso, empresas baseadas 
em modelos centralizadores, previsíveis e “estáveis” passaram a não mais atender 
às expectativas da sociedade atual.
Atualmente, entender a criatividade como algo atribuído somente a gênios e 
artistas não faz sentido, uma vez que contempla também as pessoas comuns no 
seu cotidiano, assumindo a forma de abordagem nova de dilemas e problemas já 
conhecidos. 
Damanpour, Szabat e Evan (1989) situam a inovação como adoção de algo 
que foi gerado internamente, salientando o valor da comunicação adicionada à 
criatividade. Portanto, a inovação diz respeito aos domínios da prática, produção, 
difusão, adoção ou comercialização de criações, fundamentados, sobretudo, em 
processos de poder e de comunicação organizacional.
Assim, no domínio da psicologia, assume-se particular importância:
• a personalidade; 
• os aspetos cognitivos;
• os emocionais;
12
 MENTALiDADE iNoVADorA
• os relativos ao contexto social, salientados por diversos autores, ao 
longo de décadas, a partir da segunda metade do século XX.
Temos, então, a equação proposta por Noller (1979 apud ISAKSEN; 
DORVALL; TREFFINGER, 2003) que considera que a criatividade é função:
• do conhecimento;
• da imaginação; 
• da experiência.
Resulta, portanto, na fórmula: [C = f (C, I, E)], que traduz um comportamento 
interpessoal, cujo objetivo é fazer um uso positivo e benéfi co da mesma. Os 
trabalhos de Guilford (1986) sobre o pensamento divergente se tornaram referência 
nomeadamente como medida da criatividade. Runco (2004), ao caracterizar a 
pessoa criativa, salienta entre as características individuais a personalidade e a 
motivação intrínseca. 
Chegamos, então, no pensamento de Amabile (1997), que considera a 
infl uência combinada dos seguintes aspetos sobre as fases do processo criativo:
• identifi cação do problema;
• preparação;
• geração de respostas;
• validação das respostas;
• comunicação.
Amabile (1997) chamou a atenção para a importância da existência contexto 
sociocultural que ampare e premeie a criatividade. 
Dando continuidade nessa linha do tempo, Csikszentmihalyi (1999) entende 
a criatividade como o processo resultante da interação dinâmica entre o indivíduo 
criativo, a área do conhecimento, ou domínio, e os responsáveis por essa área do 
conhecimento, que estabelecem as normas e validam o produto criativo. Enquanto 
Gardner (1999) apresenta que o indivíduo criativo resolve problemas e apresenta 
produtos em dado domínio que será reconhecido pelos outros.
Segundo May (1996), a criatividade está tanto no trabalho do cientista como 
no do artista; do pensador e do esteta; sem esquecer os capitães da tecnologia 
moderna, e o relacionamento normal entre mãe e fi lho. A criatividade, portanto, 
é, basicamente, o processo de fazer. Para o autor, nada contribui mais para a 
alienação do senso de criatividade do que a ideia de que ela é algo para ser 
feito nos fi nais de semana, uma vez que a criatividade é um ato e precisa estar 
presente em todas as nossas ações.
13
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Por sua vez, Masi (2000a), a partir de seus estudos sobre o ócio criativo, 
entende que existe um ócio que nos é alienante e que nos faz sentir vazios e 
inúteis. No entanto, há também um outro ócio que nos faz sentir livres e que é 
necessário para a produção de ideias, assim como as ideias são necessárias ao 
desenvolvimento da sociedade. Segundo esse sociólogo italiano, da sociedade 
pós-industrial é realmente este ócio criativo que deve assumir o papel de 
protagonista no trabalho e no tempo livre. Com trabalho, estudo e diversão, que 
será construída a nossa identidade, e não mais pelo o que a pessoa tem, mas por 
meio do que ela sabe (MASI, 2000a).
 No entanto, o que é ócio criativo? Por ócio criativo entende-se três coisas: 
fazer contemporaneamente trabalho, estudo e lazer. O trabalho para criar riqueza, 
o estudo para criar saber, e o lazer para criar alegria e bem-estar. Portanto, para 
Mais (2000b), ócio criativo está aplicado à atividade do artista, à atividade do 
professor e à atividade dos profi ssionais. Ou seja, é a atividade que cada um 
exerce, porém com alegria e criatividade. 
Masi (2000b) entende que é necessário aprender que o trabalho não é 
tudo na vida e que existem outros grandes valores importantes para nos manter 
criativos: o estudo para produzir saber; a diversão para produzir alegria; o sexo 
para produzir prazer; a família para produzir solidariedade etc.
Perceba que a criatividade se revela a partir de associações e combinações 
inovadoras de planos, modelos, sentimentos, experiências e fatos. O que 
realmente funciona é propiciar oportunidades e incentivar os indivíduos a buscar 
novas experiências, testar hipóteses e, principalmente, a estabelecer novas 
formas de diálogos, sobretudo, com pessoas de outras formações, tipos de 
experiências e cultura.
A criatividade apresenta-se como a obtenção de novos arranjos de ideias e 
conceitos já existentes, formando novas táticas ou estruturas que resolvam um 
problema de forma incomum, ou obtenham resultados de valor para um indivíduo 
ou uma sociedade. Pode, também, fazer aparecer resultados de valor estético 
ou perceptual que tenham como característica principal uma distinção forte com 
relação às ideias convencionais.
Contudo, Oech (1995), autor do clássico Um Toc na Cuca, comenta que a 
base da criatividade é o conhecimento,mesmo que seja aleatório: matemática, 
história antiga ou arranjos fl orais, pois nunca saberemos quando as informações, 
ao se juntarem, formarão uma nova ideia. Nessa concepção, podemos destacar 
mais uma relação entre criatividade e inovação: o conhecimento.
14
 MENTALiDADE iNoVADorA
1 - Além da curiosidade necessária, existe alguma forma de exercitar 
a criatividade? Qual?
R.:____________________________________________________
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2 - Como será a cozinha do futuro?
R.: ___________________________________________________
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3 - O que uma companhia que cresceu 5.000% nos últimos cinco 
anos deve fazer para manter um ambiente de trabalho divertido 
e inovador?
R.: ___________________________________________________
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4 - Transforme os dezesseis quadros a seguir em fi guras diferentes.
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CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Como você já deve ter percebido, a criatividade é a base da inovação. Sem 
criatividade, não há inovação e, por sua vez, sem inovação, a criatividade não 
passa de ideias diferenciadas, mas que sequer chegaram a ser desenvolvidas. Se 
ainda existem dúvidas sobre a importância e a aplicabilidade do ser criativo, veja, 
a seguir, o porquê de sermos criativos:
• A mudança constante: o que funcionava antes pode não funcionar mais 
agora.
• É prazeroso gerar novas ideias.
A criatividade não são ideias soltas, sem nexo. Para que as ideias surjam, 
é necessário ter um pensamento criativo. Segundo Oech (1995), além do 
conhecimento ser a matéria-prima para novas ideias, o pensamento criativo supõe 
uma atitude, uma perspectiva que leva a procurar novos conceitos, manipular 
conhecimento e experiência. De acordo com o autor, o descobrir consiste em 
olhar para o que todo mundo está vendo e pensar em algo diferente. Observe 
algumas questões sugeridas por Oech (1995):
• Por que não pensamos em coisas diferentes com mais frequência?
• Por que não precisamos ser criativos para fazer a maior parte do que 
fazemos?
Para Oech (1995), essa postura que bloqueia o pensamento, levando-nos 
a pensar de forma padronizada, são os chamados bloqueios mentais. Esses 
bloqueios mentais são:
• A resposta certa.
o Oech (1995) explica que o nosso sistema educacional, ao preocupar-
se em nos ensinar a buscar a resposta certa, pode fazer com que 
muita gente pare de procurar por respostas alternativas após 
encontrar a primeira. Dessa forma, para o autor, o jeito de manter 
a criatividade é sempre buscar a segunda ou a terceira resposta 
correta para uma determinada questão, pois, normalmente, é a que 
fará resolver o problema de maneira inovadora.
• Isso não tem lógica.
o Segundo o autor, a lógica é instrumento importante de criação e a 
sua utilização é muito importante na fase prática do processo criativo. 
Contudo, o excesso de raciocínio lógico pode inibir o processo de 
criação, uma vez que a fase inicial de criação de ideias utiliza-se de 
um tipo diferente de lógica, como a metafórica, a fantasiosa, a difusa 
e a ambígua.
• Siga as normas.
o Durante o processo criativo, muitas vezes, é necessário quebrar 
16
 MENTALiDADE iNoVADorA
um padrão para descobrir outro. Ser receptivo à mudança e fl exível 
diante das normas não leva, necessariamente, a ideias criativas, mas 
pode ser um caminho. Isso porque muitas regras duram mais do que 
a fi nalidade para a qual foram criadas.
• Seja prático.
o Para Oech (1995), já que o mundo é feito por gente prática, que sabe 
como entrar em estado germinativo, por que não cultivar a própria 
imaginação e incentivar outras pessoas à prática de se perguntar “e 
se?”. Com essa pergunta simples, muitas possibilidades de solução 
podem ser criadas, por exemplo: “E se a gente só fosse para o 
escritório três vezes por semana e fi zesse o resto do trabalho em 
casa?”.
• Evite ambiguidades.
o Evitar ambiguidades é uma constante em nossas vidas, pois nós 
sabemos os problemas de comunicação que podem ser gerados. 
Contudo, em situações que as ideias são criadas, o excesso de 
especifi cidade pode sufocar a imaginação. Para o autor, há um lugar 
para a ambiguidade, principalmente quando você estiver procurando 
por ideias.
• É proibido errar.
o É certo que existem situações em que não se pode errar, mas a fase 
germinativa do processo de criação não é uma delas. Então, se não 
erramos de vez em quando, principalmente na criação de ideias, é 
sinal de que não estamos sendo muito inovadores.
• Brincar é falta de seriedade.
o Oech (1995) utiliza de uma analogia para explicar esse bloqueio. 
Segundo o autor: “Se a necessidade é a mãe da invenção, o 
divertimento é o pai” (OECH, p. 114, 1995). Assim, o último tem o 
papel de tornar a nossa mente fértil em pensamentos. Ao apresentar 
as dicas para superar esse bloqueio, Oech (1995) sugere, dentre 
outras coisas, fazer do local de trabalho um espaço divertido.
• Isso não é da minha área.
o O autor entende que, para funcionar o mundo, é necessário 
restringir o foco e limitar o campo de visão. No entanto, quando se 
está procurando gerar novas ideias, essa maneira de trabalhar a 
informação pode ser limitativa.
• Não seja bobo.
o O autor defende que a ironia e a tolice devem ser um artifício contra o 
conformismo e o pensamento grupal. Tais elementos são importantes 
no combate de ideias inquestionáveis que impedem o surgimento de 
outras melhores aplicáveis.
• Eu não sou criativo.
o Nesse último bloqueio, o autor sugere que devemos dar uma 
17
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
oportunidade ao pensamento criativo, pois acredita-se que todos 
somos capazes de desenvolver a criatividade. “Dê um ‘toc’ em 
si mesmo para tentar coisas novas e construir a partir das suas 
descobertas, principalmente das pequenas ideias” (OECH, p. 136, 
1995). 
Tais bloqueios são adquiridos conforme a experiência, o ambiente e as 
pessoas com quem convivemos, ou seja, atitudes que criam bloqueios foram 
aprendidas. Logo, nós mesmos somos capazes de criar tais bloqueios por 
pensarmos que já conhecemos tudo sobre determinado assunto ou situação. É 
necessário ter a capacidade de desaprender temporariamente o que se sabe para 
poder formular perguntas que saem do caminho usual para novas direções.
Apesar do pensamento criativo e o foco na resolução de problemas ser 
valorizado neste tipo de organizações, podem surgir bloqueios psicológicos em 
cada fase do processo criativo. Por exemplo, para que um colaborador consiga 
maximizar o seu potencial criativo deve tentar perceber quais são esses bloqueios 
e qual a melhor forma de os superar. 
Infelizmente, muitas vezes, esses bloqueios têm origem fora da nossa 
consciência. Resultam da incerteza que temos sobre nós próprios, em particular, 
se nos sentimos, em algum grau, inseguros, incompetentes e/ou desinteressantes. 
Essas incertezas, geralmente, distorcem a nossa capacidade criativa e intelectual, 
pois levam-nos a tentar evitar a exposição e, em caso de falha, as nossas ideias 
serem ignoradas, rejeitadas e humilhadas.
Emboraesses sentimentos possam, num primeiro momento, parecerem 
alheios ao processo criativo de fato, entendê-los e superá-los é a chave para 
podermos expandir e enriquecer a criatividade. Otimizar a utilização da nossa 
criatividade exige libertação e que não façamos julgamentos negativos de nós 
próprios. Reconhecer esses sentimentos é o primeiro passo para remover os 
bloqueios à criatividade e, em última análise, para nos sentirmos melhor.
A partir do rompimento dos bloqueios mentais, passamos a pensar de forma 
inovadora, pois passamos a ter abertura para pensar em situações de forma 
diferenciada. Alguns exemplos de situações que são capazes de quebrar os 
bloqueios mentais, seguindo Oech (1995), são:
• Uma demissão ou o não recebimento de um aumento por merecimento.
• Quando você quebra a perna e percebe o quanto é importante poder 
andar.
Pode vir, também com perguntas do tipo:
18
 MENTALiDADE iNoVADorA
• Se os camelos são chamados de navios do deserto, por que os 
rebocadores não são chamados de camelos do mar?
• Se a gente chama as laranjas de “laranjas”, por que não chamar as 
bananas de “amarelas” e as maçãs de “vermelhas”?
A partir dos questionamentos propostos pelo autor, é importante que nós 
busquemos refl etir sobre nossas responsabilidade e atitudes em geral. Ou seja, 
pensar sobre o contexto em que estamos inseridos de formas diferentes, ou seja, 
refl etir sobre diversas possibilidades e não se prender a denotações ou regras já 
preestabelecidas.
Logo, aqui está um convite para questionar e propor novas formas de 
denominar, solucionar, ver o mundo. Portanto, as questões apresentadas por Oech 
(1995) têm o objetivo de propor uma refl exão, não somente com relação a essas 
perguntas expostas, mas na forma de ver o mundo exercitando a criatividade e 
rompendo os ditos bloqueios mentais. Dessa forma, o rompimento dos bloqueios 
mentais pode:
• Ajudar a perceber um problema potencial.
• Detectar uma oportunidade.
• Auxiliar na criação de coisas novas.
Portanto, é preciso haver a presença da não criatividade para que a 
criatividade seja percebida ou pensada. Em outras palavras, criatividade implica, 
obrigatoriamente, na existência de limites.
Einstein e Picasso, por exemplo, só se tornaram as pessoas que foram 
porque lidaram com limites absurdos! Tais limites eram muito piores que prazos 
ou dinheiro. Lutaram contra a guerra e a história pregressa da ciência e da arte. E 
foi justamente essa difi culdade que fez com que eles fossem tão geniais.
É certo que a criatividade não é um fator isolado que ocorre em alguma parte 
de nosso cérebro. Alguns autores entendem que a criatividade é composta por 
diversas partes, podendo ser: as pessoas, os processos, o ambiente e o produto, 
por exemplo. Alencar (1998) prefere relacionar a criatividade apenas com três 
fatores, ou eixos, apesar da similaridade:
• Pessoa: características pessoais, favoráveis ou desfavoráveis à 
expressão criativa.
• Cultura: fatores do contexto social que afetam tanto a produtividade 
criativa quanto a própria consciência dos indivíduos a respeito de suas 
potencialidades criadoras. São os valores, as tradições, os sistemas de 
incentivo e as punições. 
19
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
• Ambiente: infl uência das características do ambiente de trabalho, 
mostrando como o contexto no qual o indivíduo desenvolve atividade 
profi ssional se apresenta como estímulo ou bloqueio à criatividade. 
Nesse eixo, a autora defende o desenvolvimento da criatividade nas 
organizações, como resultado de mudanças no ambiente organizacional, 
que venha facilitar a expressão da criatividade. 
Conheça, então, algumas técnicas de criatividade selecionadas por sua 
simplicidade de utilização e potencial criativo demonstrado na sua aplicação 
prática. São elas: o brainstorming, o SCAMPER, a reversal e o whiteboard.
As técnicas de criatividade têm como objetivo ajudar a alterar o estado mental 
das pessoas e estimular a sua criatividade, ajudar na reformulação de problemas, 
despoletar a geração de grandes quantidades de ideias novas ou induzir novas 
perspectivas sobre os problemas. Todas as técnicas de criatividade têm pontos 
fortes e pontos fracos, e são mais ou menos úteis, conforme o problema concreto 
em que estejam a ser aplicadas.
Brainstorming: proposto, inicialmente, por Osborn (1993), tornou-se um 
termo comumente usado no idioma inglês como sendo termo genérico para o 
pensamento criativo. Contudo trata-se apenas de uma técnica para a geração de 
ideias. 
Segundo o autor, um Brainstorming é uma reunião destinada a incentivar 
a total libertação da atividade mental, sem restrições. Embora se possam fazer 
Brainstormings individuais, o resultado é, normalmente, mais fraco, visto que um 
indivíduo sozinho facilmente se autolimita. 
As ideias dos outros são, por vezes, pontos de partida para as nossas 
melhores ideias. Após dar início à sessão, os objetivos devem ser comunicados 
aos participantes. Por exemplo, devem ser escritos num quadro ou num outro 
sistema que todos possam ver. 
Quanto melhor defi nido e mais claramente indicado for o problema, melhor 
tende a ser a sessão. Após a defi nição dos objetivos, o líder relembra as regras 
básicas do Brainstorming e a importância de estas serem respeitadas. 
Durante o decorrer da sessão, o líder deverá tentar garantir o cumprimento 
das regras. O tema/problema é lançado e as ideias deverão começar a surgir. 
Caso não aconteça, o líder deverá introduzir ideias ou novas questões de modo a 
incentivar os participantes. O secretário deverá ir anotando as ideias que forem, 
entretanto, ocorrendo. No fi nal, deve clarifi car e concluir a sessão. 
20
 MENTALiDADE iNoVADorA
As ideias são organizadas e categorizadas: as ideias similares são eliminadas 
e é encorajado um debate. Poderão, eventualmente, surgir novas ideias durante o 
debate. No fi nal, o líder apresenta os resultados.
Por sua vez, a técnica SCAMPER utiliza um conjunto de instruções para 
estímulo das ideias sobre algo que já existe, como o objetivo de melhorar ou 
até transcender a realidade atual. A aplicação do SCAMPER, técnica criada por 
Eberle (1996), é efetuada recorrendo a uma checklist, tal como se apresenta no 
quadro a seguir.
QUADRO 1 − SUPORTE À APLICAÇÃO DA TÉCNICA SCAMPER
FONTE: Adaptado de Santos (2012)
ONDE POSSO CRIAR 
SINERGIA COM OUT-
RAS ÁREAS/PRODU-
TOS/PROCESSOS? Onde posso criar sinergia com 
outras áreas/produtos/processos?
21
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Na sua essência, O SCAMPER é uma técnica de uso geral, poderosa na 
medida em que recorre a um conjunto estruturado e completo de questões que 
visam estimular o nascimento de novas soluções, fácil de usar e que recorre a 
uma checklist de questões para estimular aparecimento de ideias.
Reversal (reversão): tem origem nas transformações geradoras de ideia 
incluídas no checklist de Osborn (1993). Em alguns casos, é melhor pensar 
primeiro pela negativa e depois reverter as negativas.
Inversão dupla: inicialmente a reversão identifi ca as formas de piorar a 
situação percebendo o que pode agravar o problema, em vez de a melhorar. Em 
seguida, volta-se a fazer uma inversão identifi cando as formas que podem levar a 
situação a melhorar.
Whiteboard: segundo Clegg e Birch (1999), essa técnica, muito simples, tem 
por base um processo de associação de palavras, num determinado contexto, 
para a geração de questões que conduzam a novas ideias.
A forma de aplicar esse processo incide em reunir um grupo de pessoas as 
quais conhecem o contexto e solicitar a elas que escrevam palavras em pequenos 
papéis (tipo post-it) que afi xam num quadro, todos ao mesmo tempo. Depois 
que todos terminarem, o quadro conterá uma grande quantidade de palavras 
relacionadas ao contexto. 
Essas podem depois ser agrupadas, formando frases com duas ou mais 
palavras, até que algumas possuam algum sentido, sendo, potencialmente,ideias novas ou questões que despoletem novas ideias. A aplicação da técnica é 
desenvolvida em três passos: 
• Passo 1: escolher várias palavras de forma aleatória.
• Passo 2: forçar relações entre as palavras obtidas.
• Passo 3: listar as ideias obtidas e analisá-las.
Veja a seguir uma fi gura proposta por Santos (2012) que demonstra o 
processo de aplicação da técnica Whiteboard:
22
 MENTALiDADE iNoVADorA
FIGURA 1 − TÉCNICA WHITEBOARD
FONTE: Adaptado de Santos (2012)
Em algumas situações surgem barreiras à criatividade que podem limitar 
ou impedir a libertação do potencial criativo. Estar ciente da existência dessas 
diferentes barreiras pode ajudar a ultrapassá-las. Entre essas barreiras, podemos 
citar:
1. Aprendizagem e hábitos, que levam a formas estereotipadas de 
pensamento e ação.
2. Regras e tradições, que possam restringir, inibir ou proibir a iniciativa 
pessoal (incluindo barreiras organizacionais características das 
estruturas burocráticas).
3. Barreiras de percepção (difi culdade de percepção, rigidez funcional).
4. Barreiras culturais, que são manifestações culturais específi cas dos 
outros tipos de barreiras.
5. Barreiras emocionais (raiva, ansiedade, medo, ódio e até mesmo o 
amor).
6. Barreiras relacionadas com recursos (falta de pessoas, dinheiro, tempo, 
informação etc.).
Seleção
Combinações
Palavras-chave
23
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Inclusive, tais barreiras relacionam-se diretamente com os bloqueios mentais 
propostos por Oech (1995), abordados anteriormente. Por tanto, são formas 
complementares de compreender diante de quais aspectos a nossa criatividade 
pode ser bloqueada. 
Como vimos, a criatividade não é uma virtude que faz o indivíduo ter ideias 
sem fundamento, mas uma virtude que faz o indivíduo apostar em coisas até 
então “inúteis” (resposta para um problema que ainda não existe ou ainda não foi 
formulado).
2.2 SOBRE INOVAÇÃO (E 
CRIATIVIDADE)
É possível compreender, até aqui, que a criatividade é a principal responsável 
pela criação de ideias que, para serem consideradas como inovação, é necessário 
que elas sejam transformadas em projetos, produtos ou serviços a partir da 
aplicação de conhecimento e técnicas específi cas, dependendo de sua área de 
atuação.
Com o objetivo de, ao mesmo tempo, falar sobre inovação e relacioná-la com 
a criatividade, vamos rever um conceito sobre criatividade como forma de rever 
algumas das ideias já abordadas até aqui. Segundo Yuan e Woodman (2010), 
o conceito de criatividade em si é distinto da ideia de capacidade de inovação. 
O comportamento criativo é sufi ciente para gerar novas ideias, enquanto o 
comportamento inovador inclui, além da novidade da ideia, a sua implementação 
por meio de ações concretas.
Mas e a inovação? Pode ser considerada como a principal característica do 
sucesso de pessoas e empresas, uma vez que está baseada na originalidade, 
ou, como já dissemos, que inovação é a criatividade com utilidade. Damanpour, 
Szabat e Evan (1989) entendem que a inovação é defi nida como a aplicação de 
uma ideia ou comportamento, seja um sistema, política, programa, processo, 
produto ou serviço, que é novo para a organização.
O tema inovação e empreendedorismo apresenta uma crescente importância 
e popularidade. Entretanto, não há inovação sem que existam novas ideias e, por 
isso, a criatividade e o estudo dos processos criativos têm assumido um papel 
decisivo nos processos de inovação.
24
 MENTALiDADE iNoVADorA
A inovação passou a ser fator determinante de desenvolvimento e sucesso, 
tanto para empresas como para países. O entendimento que envolve essa questão 
preconiza que não basta produzir de modo efi ciente, oferecendo qualidade 
e uma gama maior de produtos, é preciso que sejam oferecidas novidades, 
aperfeiçoamentos ou, então, características totalmente novas comparativamente 
aos produtos já existentes. 
Adotar inovações representa gerar, desenvolver e implantar ideias ou 
procedimentos novos. Esses podem ser novos produtos ou serviços, novas 
tecnologias para procedimentos produtivos, novas estruturas ou sistemas 
administrativos, isto é, ter componentes novos no sentido de inovar. 
Assim, a inovação é uma alternativa para promover modifi cações na 
organização, seja com o objetivo de responder às mudanças nos ambientes, 
internos ou externos, ou ainda como uma ação antecipada aos concorrentes, com 
o intuito de infl uenciar o ambiente. 
Giglio, Wechsler e Bragotto (2012) entendem que tanto a criatividade quanto 
a inovação são fenômenos complexos, os quais necessitam de olhares múltiplos 
para que possam ser conhecidos e compreendidos nos diferentes campos do 
conhecimento.
A inovação deve ser um processo gerenciado. A gestão da inovação tem 
início na criatividade propriamente dita e segue depois um processo estruturado, 
de defi nição de estratégias, de estabelecimento de prioridades, de avaliação de 
ideias, de gestão de projetos e de monitoramento de resultado. Nesse aspecto, se 
aproxima de outros conceitos já consolidados no meio empresarial, como:
• a gestão da qualidade;
• as políticas de recursos humanos; 
• o planejamento estratégico.
A inovação nem sempre é a criação de algo inédito, por outro lado, pode se 
confi gurar como a organização diferenciada de elementos já existentes, gerando 
algo novo. Por exemplo, quero jogar com a televisão e invento o vídeo game 
combinando a própria TV com o computador. A inovação pode ser considerada 
também a partir da melhoria de algo, como transformar os telefones celulares em 
smartphones ou agregando a internet aos serviços bancários, permitindo que um 
cliente consiga fazer suas operações fi nanceiras de qualquer lugar, inclusive sem 
sair de casa.
Porter (1985), há décadas, considerou que inovação é um conjunto de 
melhorias na tecnologia e nos métodos ou maneiras de fazer as coisas. As 
25
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
principais causas de inovação são as novas tecnologias, as novas necessidades 
do comprador, o aparecimento de um novo segmento de indústria, custos ou 
oportunidades oscilantes de insumo ou ainda mudanças nos regulamentos 
governamentais.
O conceito pode ser entendido também como um processo pelo qual as 
empresas incorporam conhecimentos na produção de bens e serviços que 
lhes são novos, independentemente de serem novos ou não para os seus 
competidores domésticos ou estrangeiros. Portanto, conceito de inovação não se 
limita ao produto e processo, pois uma empresa pode ser altamente inovadora 
sem vender um produto tecnologicamente superior a de seus concorrentes, pois 
ela pode inovar na forma como ela se relaciona com o mercado, bem como a 
forma dela gerir seus recursos.
Além do seu entendimento teórico, a inovação é um processo, por isso, é 
importante compreendê-la dentro de um cenário dinâmico. Muitas organizações 
passaram a mapear o nível de inovação aplicada a seus produtos e serviços, 
como uma forma de compreender como a empresa se comporta diante das 
mudanças do mercado.
Volpato e Cimbalista (2002) entendem que o processo da inovação se refere 
tanto às evoluções (e aplicações) tecnológicas, como, também, às transformações 
organizacionais em si. Entretanto, nem toda literatura concorda com esse ponto 
de vista. Há estudiosos que consideram a inovação somente sob o ponto de 
vista tecnológico, outros a compreendem sob a ótica da economia etc. Veja as 
considerações de Volpato e Cimbalista (2002, p. 82):
O processo de inovação é [...] essencialmente econômico, 
pois compreende a apropriação comercial de conhecimento 
técnico-científi co para a introdução de aperfeiçoamento de 
bens e serviços utilizados pela sociedade [...] compreende a 
introdução de produtos ou serviços novos ou modifi cados no 
mercado ou a apropriação comercial pioneira de invenções, 
conhecimentos, práticas organizacionais, técnicas e processos 
de produção. 
A relação entre criatividadee inovação demonstra que uma boa ideia 
(criatividade) terá sucesso ou não, dependendo do modelo de gestão (inovação) 
que usaremos para colocá-la em prática. Logo, a inovação está para valor, 
enquanto a criatividade está para imaginação.
 Existem algumas etapas do processo de criação e inovação. Algumas 
delas foram apresentadas anteriormente quando falávamos sobre a criatividade, 
mas não são diferentes quando tratamos a respeito da inovação:
26
 MENTALiDADE iNoVADorA
• Percepção do problema: sempre é iniciado dessa forma.
• Defi nição dos objetivos: para que o problema seja tratado de maneira 
efi ciente.
• Considerar possíveis soluções (ideias): aqui, são utilizadas algumas 
técnicas já abordadas:
o Brainstorm.
o Selecionar.
o Desenvolver.
o Produzir a solução.
Baseado em todas as defi nições, chegamos à conclusão de que gestão 
da inovação é um processo estruturado e contínuo que possibilita que uma 
organização vislumbre novas formas de criar valor e de antever demandas e 
tendências sociais e tecnológicas.
Inovar supõe a tentativa e a busca por algo diferente, o que pode causar 
insegurança em pessoas e organizações. Apesar do nosso cérebro gostar 
de conhecer coisas novas, ele tem alguma difi culdade para serem aceitas as 
mudanças que a inovação exige, devido à necessidade de novas conexões e 
ajustes.
Kelley (2005) aborda o valor do pensamento criativo e a diversidade 
necessária para inovação. Para o autor, inovação é o resultado de um trabalho 
em equipe e signifi ca ser receptivo à cultura e tendências de mercado, aplicando 
conhecimento de maneira a pensar o futuro e gerar produtos e serviços realmente 
diferenciados.
 Perceba que a criatividade e a inovação são competências essenciais 
para pessoas e organizações. O grande desafi o é entender como pode ser 
desenvolvida uma mente inovadora. No decorrer de sua leitura, será possível 
compreender que quanto mais as organizações promoverem o desenvolvimento 
da inovação em cada indivíduo, mais inovadora ela será.
Descrevemos as principais diferenças entre inovação e criatividade, assim 
como entre gestão da criatividade e da inovação, pois ainda muitos autores e 
gestores confundem esses dois fenômenos e processos semelhantes, porém 
distintos. Então, como a criatividade e a inovação são aplicadas nas organizações?
27
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
2.3 APLICAÇÃO DA CRIATIVIDADE 
E INOVAÇÃO NO CONTEXTO 
ORGANIZACIONAL
Diante dos conceitos já apresentados, segue um desafi o: refl ita sobre o 
sistema de gestão da inovação da sua empresa.
Na perspectiva organizacional, existe também a inovação aberta que 
é um modelo de gestão da inovação a qual prevê o uso de ideias, soluções e 
procedimentos desenvolvidos tanto interna como externamente à empresa. Para 
que a empresa aplique a inovação aberta, é necessária uma cultura inovadora, a 
partir das pessoas e dos líderes da organização capazes de aplicar a criatividade 
de maneira holística e focada na criação de valor.
Logo, a cultura inovadora está diretamente relacionada com o sucesso da 
aplicação da criatividade e inovação no ambiente organizacional. Para tanto, são 
necessários: o alinhamento das estratégias da empresa com seus membros; 
o empoderamento dos colaboradores para a criação e tomada de decisão; e o 
envolvimento de todos com os processos de desenvolvimento daquela cultura.
Para a aplicação da criatividade e inovação, a partir da cultura inovadora, é 
necessário desafi ar os padrões preestabelecidos pela organização, em que são 
encontrados alguns obstáculos, como: excesso de controle, segmentação grupal 
e informacional, incerteza negativa, entre outros.
Caulkins (2001) defende que a criatividade nas questões empresariais está 
relacionada a novas formas de solução de problemas, envolvendo a combinação 
de ideias de diferentes áreas de conhecimento, com probabilidade de saltos de 
intuição. Para o autor, a criatividade está relacionada à agregação de valor às 
ideias, à invenção de produtos, à inovação etc. O autor afi rma que a adequação 
dessas ideias aos objetivos propostos é que diferencia a criatividade da divagação 
− tão temida no meio empresarial quando se fala em intuição e imaginação.
Outra dúvida quanto ao processo de aplicação da criatividade para gerar 
inovação está baseada no momento em que se deve inovar. A seguir apresentamos 
uma fi gura que mostra quando inovar:
28
 MENTALiDADE iNoVADorA
FIGURA 2 – QUANDO INOVAR?
FONTE: Adaptado de Handy (2012)
1 - Explique a aplicação da inovação nas organizações a partir do 
gráfi co que acabamos de apresentar.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Isso é possível acontecer, não só com organizações, como, também, com 
profi ssionais que resolvem inovar em sua própria atuação. Como exemplo, pense 
em um profi ssional que enxergou uma oportunidade de negócio diferenciado 
e deixa o seu emprego “estável” para aplicar sua ideia, transformando-a 
em inovação. Antes que ele seja bem-sucedido em seu novo trabalho como 
empreendedor e sua inovação seja reconhecida, pode ser que seu padrão e 
qualidade de vida caiam, até que ele consiga colher os frutos e conquiste um 
patamar maior do que se continuasse como antes.
Em geral, as organizações têm difi culdade para sustentar a inovação, uma 
vez que elas propõem soluções muito diferentes daquelas convencionais, e tudo 
o que é muito diferente propõe uma revolução nos procedimentos. No entanto, 
29
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
as organizações inovadoras costumam investir mais na formação de seus 
trabalhadores, o que sugere o desenvolvimento de conhecimentos e competências 
imprescindíveis à inovação. 
A aplicação da criatividade e da inovação nas organizações não segue 
uma regra preestabelecida, contudo, é indiscutível a participação de ambas no 
processo de criação de soluções e análise de resultados em qualquer área.
Em consequência, mesmo que, às vezes, se confundem, a gestão da 
inovação e da criatividade não são o mesmo processo. A gestão da criatividade 
refere-se mais aos aspetos subjetivos envolvidos na inovação, tais como:
• o processo de criação da ideia pelos talentos da organização;
• gerenciamento do clima da equipe ou organização;
• inteligência emocional; 
• estilos de liderança criativa;
• valores assumidos pelos participantes do processo, entre outros 
elementos. 
Enquanto a gestão da inovação refere-se mais aos aspectos de resultados 
que se esperam da equipe e da organização. Ambos processos, gestão da 
criatividade e da inovação, devem andar em paralelo e total integração. Isso, 
infelizmente, não ocorre sempre, pois, dependendo da formação de base dos 
gestores, existe a tendência de priorizar um processo ou outro e pela pressão 
cotidiana a tendência predominante é a de priorizar a gestão da inovação.
Por outro lado, para promover a criatividade de seus trabalhadores, muitas 
organizações investem em treinamentos baseados em jogos, com o objetivo de 
resgatar a inocência, o espírito de aventura e, principalmente, a criatividade, a 
partir do resgate das experiências divertidas da infância. Por sua vez, a inovação 
é um processo defi nido que exige conhecimento e técnicas específi cas, pois 
transformará a ideia em um produto ou serviço concreto. 
West (1990), que tem dedicado atenção especial à inovação nos grupos, 
identifi ca alguns aspetos psicossociais que, em interação, facilitam a criatividade 
e a inovação. São eles:
• a visão e a clarifi cação dos objetivos;
• a segurança participativa que fomenta e valoriza a discussão e refl exão 
coletivas; 
• o clima focadona qualidade do trabalho e as normas favoráveis à 
inovação. 
30
 MENTALiDADE iNoVADorA
 Para tanto, várias organizações buscam ideias junto a seus clientes antes 
de criarem seus produtos e serviços, com o objetivo de aprimorá-las e transformá-
las em inovação. No entanto, antes de colocar essas ideias em prática, tais 
empresas desenvolvem pesquisas com questões para públicos específi cos e 
análise da qualidade das respostas.
No contexto organizacional, analisar somente a pessoa criativa e as 
condições que favorecem a emergência da ideia do indivíduo não basta. Importa, 
sim, analisar o sistema que permite pôr essa ideia em prática, ou seja, o ato social 
que permitirá dar a conhecer, difundir, produzir e vender a ideia ou o produto dela 
resultante, o que pressupõe um trabalho de equipe.
Também, ao nível organizacional, tem sido salientada a importância da 
estrutura, que se preconiza mais orgânica e fl uida, assente na responsabilização 
das pessoas e em uma liderança participativa, ou tida como mais infl uente e 
transformacional, entendida como o conjunto de comportamentos que infl uenciam 
as atitudes e crenças dos colaboradores no sentido de conseguir o seu 
compromisso para com a organização. 
A relação entre a inovação e a liderança tem sido constantemente 
referenciada. Embora algumas correntes salientem que se trata de uma premissa 
dos pesquisadores que não têm merecido a confi rmação empírica desejável e 
notam que a liderança − e, por sua vez, a identifi cação dos estilos de liderança 
− acaba por ser uma variável resultante da percepção dos envolvidos, sendo a 
inovação um processo muito mais complexo, resultante de variáveis múltiplas.
Portanto, quando uma organização consegue aplicar a inovação como uma 
estratégia, ela passa a explorar o futuro para compreender as transformações dos 
desejos das pessoas (não somente clientes) e identifi car novas oportunidades de 
negócio.
A criatividade e inovação formam um par que deve ser estimulado por 
qualquer empresa que procura ser bem-sucedida na feroz, acelerada e 
competitiva economia moderna global. Apesar de nem todos os esforços criativos 
empresariais levarem a um sucesso retumbante, a aposta sustentada e constante 
na criatividade pode resultar em soluções igualmente criativas para uma 
infi nidade de problemas. Por esta razão, as organizações de sucesso procuram, 
proativamente, eliminar quaisquer barreiras à criatividade e tentam incentivar os 
seus colaboradores a contribuir com novas ideias.
Segundo Adams (2006), a maioria dos autores concorda que a capacidade 
inovadora, ou inovação organizacional, constitui um terceiro e importante tipo 
de inovação, que representa o potencial da força de trabalho para promover 
mudanças que benefi ciem a organização. 
31
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Da mesma forma que a inovação ocorre pela adoção ou desenvolvimento 
de um produto ou serviço existentes, por meio de investimentos ou aquisição de 
tecnologia, apenas por meio da criação e sustentação de uma força de trabalho 
criativa, a organização poderá desenvolver um potencial capaz de ultrapassar 
problemas e situações difíceis, que não podem ser resolvidos através de 
investimentos apenas. 
Se é fato que a utilização do potencial inovador da força de trabalho não se 
refl ete, em geral, em inovações radicais, convém perceber que é em pequenas 
inovações incrementais que reside o principal potencial inovador, pois ocupa, 
hoje, mais de 80% de toda a inovação produzida.
Esta, diretamente ligada a formas de colaboração, encontra-se cada vez 
mais na base da inovação. Ao nível das equipes de trabalho, pode tornar-se difícil 
separar a criatividade inovação organizacionais, permitindo que, ao nível grupal 
e organizacional, eles possam ser utilizados como sinônimos para designar um 
sistema destinado a desenvolver e canalizar a criatividade individual, através de 
equipes, para inovações rentáveis para a empresa. 
A inovação tem que fazer parte da mentalidade dos funcionários em todos os 
níveis. Por essa razão, falamos da necessidade de se implantar, junto à gestão da 
inovação, a gestão da criatividade que foca os aspetos psicológicos e sociológicos 
da inovação. A forma mais efi ciente de implantar uma mudança na empresa se dá 
quando o exemplo vem de cima. 
Se não estamos convencidos da importância da inovação, os dirigentes 
sempre encontrarão formas de derrubar as ideias mais arriscadas. No entanto, 
se as lideranças tomam a iniciativa, a nova cultura é absorvida com muito mais 
facilidade pela organização. No entanto, esses profi ssionais não podem ser os 
únicos ou principais geradores de ideias inovadoras e, sim, os comandantes 
precisam de aliados. 
É previsível que aconteça uma perda inicial de produtividade quando a 
empresa decide readaptar sua cultura, porque sempre existe um período de 
absorção das inovações. Receosos diante do novo, os funcionários costumam 
ver a inovação como uma mudança radical que vai tirá-los da zona de conforto 
e tentam antever os malefícios que o processo pode-lhes causar (SIMANTOB; 
LIPPI, 2003).
Nesses casos, a reação vai depender do apoio das lideranças da empresa, 
elas serão responsáveis por ajudar os funcionários a incorporar o espírito 
de ousar e encarar o erro como aprendizado. Implementar novos processos 
exige dos gestores habilidades que vão além daquelas usadas no cotidiano. A 
32
 MENTALiDADE iNoVADorA
implementação de qualquer mudança, seja no processo, procedimentos ou no uso 
de determinadas ferramentas, gera impacto direto sobre as pessoas envolvidas.
O ambiente de trabalho, em si, também é importante para a manutenção da 
criatividade, como explica Amabile (1997). Segundo o autor, fatores individuais e 
ambientais interagem entre si gerando impacto na criatividade e inovação:
• os fatores individuais integram o knowhow (conhecimento num dado 
domínio), o pensamento criativo (modo de combinar variáveis para 
encontrar uma solução) e a motivação intrínseca (da própria pessoa, 
sem depender de recompensas externas); 
• os fatores ambientais, a existência de recursos que possibilitem a 
inovação; as práticas de gestão, como o suporte de colegas/chefi as, 
ou desafi o no trabalho; e a motivação organizacional para apoiar a 
criatividade e inovação são destacadas. 
O autor ainda destaca que as características do ambiente de trabalho têm 
impacto na criatividade individual do colaborador/grupo.
Kelley (2005) apresenta, inclusive, a complexidade do processo gerador de 
inovação que, mesmo não ampliando as dimensões externas da organização, 
requer o envolvimento, conhecimento e conexões pessoais, estratégicas e 
tecnológicas, como pode ser observado a seguir, por meio da interseção de 
conjuntos:
FIGURA 3 − INTERSEÇÃO DE CONJUNTOS
FONTE: Adaptado de Kelley (2005).
33
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Ao contextualizar a prática da inovação, por meio da interseção dos 
conjuntos, proposto por Kelley (2005), é possível perceber que, havendo 
integração da inovação com a realidade das pessoas, dos negócios e das 
tecnologias envolvidas, possibilitará a experiência inovadora. Tal experiência será 
imprescindível para a construção das características da mentalidade inovadora, 
que veremos no próximo item.
Dessa forma, será a partir dos grupos criativos e da fomentação da cultura 
de inovação que a organização possibilitará a aplicação das táticas de inovação 
a seguir:
1. Apresentar as ideias sob o ponto de vista do usuário: fundamental para a 
compreensão do diferente.
2. Simplicidade: a complexidade deve aparecer gradualmente.
3. Mensagem clara e encaixe compatível: a partir da utilização de uma 
linguagem acessível ao usuário.
4. Credibilidade do mensageiro e desempenho confi ável: a informação 
precisa ser transmitida por alguém que realmente entenda do projeto.
5. Ser de fácil execução.
A partir dos conceitos e exemplos práticos apresentados,foi possível você 
compreender os conceitos de criatividade e inovação. Para encerrar essa primeira 
parte do capítulo, é importante saber que o processo criativo e inovador deve ser 
um fi m em si mesmo. Ninguém que se compromete em alguma atividade inovadora 
pode fi car pensando no fi m, na recompensa, porque isso, automaticamente, mata 
o processo.
Durante o verdadeiro processo de criação ou inovação, a pessoa esquece 
de si mesma, é apaixonada. É por isso que uma pessoa envolvida em uma tarefa 
que ama, esquece dos horários, esquece do cansaço, esquece que está com 
fome, pois está totalmente envolvida no processo. Não há noção de passado e de 
futuro. A pessoa e o processo criativo e inovador passam a ser um só.
Fatores pós-venda como: o de oferecer o adequado feedback tanto sobre 
todos os processos como sobre os resultados obtidos para as equipes envolvidas 
nos projetos criativos é essencial para perpetuar a gestão da inovação e que 
ela não vire apenas um modismo que se realiza de vez em quando. Também, 
o reinvestimento em capacitação e técnicas de gestão de pessoas, talentos e 
equipes criativas, tais como liderança inovadora e métodos de criatividade etc.
Esses foram alguns cenários e implicações a respeito da presença e 
importância da criatividade e inovação nas organizações. Conceitos foram 
discutidos a partir de autores e ferramentas apresentadas, contudo, é possível 
34
 MENTALiDADE iNoVADorA
identifi carmos ou até desenvolvermos a mentalidade inovadora? Quais são suas 
principais características? É o que falaremos na próxima seção deste capítulo.
3 CARACTERÍSTICAS DA 
MENTALIDADE INOVADORA
Pense em uma pessoa que desafi a a lógica, a tradição, a autoridade, a 
praticidade e não tem medo de errar. Além disso, tem-se a impressão, até, que 
essa pessoa perdeu um pouco o “senso do ridículo”. 
Uma das características que podem ser observadas em pessoas com mente 
inovadora é a persistência e a coragem. Isso ocorre, pois, quando uma inovação 
é apresentada, por ser diferente, a rejeição muitas vezes é imediata: como 
confi ar em algo que nunca vi e não conheço? É nesse momento que a atenção 
aos detalhes surge como uma outra característica da mentalidade inovadora e 
apresenta-se como um diferencial.
Lembra daquele projeto maravilhoso que realizou, somente, em sua cabeça e 
que outra pessoa aplicou? Então, além das outras características já apresentadas, 
deve-se ter rapidez em desenvolver e colocar em prática aquele projeto, porque, 
junto a você, milhares de outras pessoas têm a mesma ideia.
Segundo Amabile (1997), todas as pessoas podem, de alguma forma, ser 
criativas, mas para que isso ocorra é importante a existência de um meio que 
sustente a criatividade. O desenvolvimento de uma mentalidade inovadora 
está relacionado com a transformação de conceitos, com a sofi sticação de 
conhecimentos aplicados à modernização, otimização de ações rumo à solução. 
Assim, o talento para inovar está relacionado com o quanto a pessoa consegue 
ser visionária, observadora, possui capacidade para aprender e ama seu trabalho.
Gardner (1999), estudioso das inteligências múltiplas, a partir de sua teoria, 
esclarece como podemos aprimorar nossa criatividade e aplicá-las melhor 
(inovação) a partir do uso adequado do perfi l de nossa inteligência. Ou seja, 
se trabalhamos em algo em que nossas habilidades se voltam naturalmente, 
certamente seremos mais criativos e inovadores. 
Tal desenvolvimento está diretamente relacionado ao empreendedorismo, 
abordado de maneira breve no início deste capítulo. Uma pessoa empreendedora 
irá apresentar uma mentalidade inovadora. Dada, então, a importância de 
compreender o empreendedorismo, acompanhe a sua contextualização, para que 
você possa compreender e aplicar os conceitos sobre a mentalidade inovadora. 
35
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Então, antes de falarmos diretamente sobre a mentalidade inovadora, vamos 
entender − ou relembrar − algumas ideias acerca do empreendedorismo.
3.1 EMPREENDEDORISMO
Será apresentado nesta seção uma contextualização geral a respeito 
do cenário empreendedor no Brasil, e algumas características da pessoa 
empreendedora. Não é o objetivo apresentar discussões aprofundadas sobre o 
tema, mas, “preparar o terreno” para, posteriormente, compreendermos um pouco 
sobre as características da mentalidade inovadora.
A cultura empreendedora surge por meio de pilares complexos que 
constituíram a sociedade, como economia, questões sociodemográfi cas, pessoais 
e principalmente no que diz respeito à vontade de mudar. Essa cultura se instaura 
ao decorrer do contato com o ambiente social no qual se está inserido, que 
infl uencia, oportunizando o afl orar do espírito empreendedor.
Em uma sociedade que se encontra em um nível alto de instabilidade e de 
competição no mercado de trabalho, se exige inovação e diferenciação, há uma 
necessidade de se criar, é onde o empreendedor pode iniciar algo novo, enxergar 
oportunidade onde outros não veem e prosperar.
Segundo Timmons e Spinelli (1994), empreendedorismo é compreendido 
como uma revolução silenciosa, que será, para o século XXI, mais do que a 
Revolução Industrial foi para o século XX, pois envolve alocação de recursos, 
otimização de processos, criação de novos negócios e indivíduos diferenciados.
Para os autores, o empreendedorismo também é considerado como um 
fator de desenvolvimento econômico de um país, no qual pode ser defi nido como 
um comportamento, ao invés de um atributo de personalidade. É confundindo 
com abertura de negócios, contudo, nem toda pessoa que abre um negócio é 
empreendedora e nem sempre um empreendedor possui um negócio aberto.
Entretanto, há relação direta do empreendedorismo com a identifi cação de 
novas oportunidades de negócios (ou trabalho), independentemente dos recursos 
que se apresentam disponíveis ao empreendedor. Perceba, então, que o principal 
no empreendedorismo é a habilidade para encontrar novas oportunidades, assim, 
uma pessoa com perfi l empreendedor, difi cilmente fi cará sem trabalho.
Além do conceito anterior, veja mais algumas defi nições sobre 
empreendedorismo. Posteriormente, você poderá fazer analogias e relacioná-lo 
com os conceitos e aplicações da mentalidade inovadora.
36
 MENTALiDADE iNoVADorA
Empreendedorismo é uma maneira holística de pensar e agir, sempre com 
obsessão por oportunidades e balanceada por uma liderança. Dessa forma, o 
ato de empreender exige identifi cação (das oportunidades), análise (do mercado, 
inclusive), implementação (aí entra a inovação, ou seja, transformar ideias em 
algo concreto) e foco.
Para tanto, segundo Dornelas (2012), o empreendedor passa a ser aquele 
que faz acontecer, antecipa-se aos fatos e tem uma visão futura da organização. 
Para que consiga êxito, ele precisa de iniciativa para criar − inovar −, utilizando 
de maneira racional os recursos disponíveis e assumindo riscos de maneira 
calculada.
Vários mitos circulam na mente das pessoas acerca do perfi l empreendedor, 
os principais podem ser observados no quadro a seguir:
QUADRO 2 − PERFIL EMPREENDEDOR: MITOS E VERDADES
Mito Verdade
Empreendedores são natos e nascem para o 
sucesso.
Empreendedorismo é uma competência cons-
truída a partir do conhecimento adquirido e das 
experiências da pessoa.
Empreendedores são jogadores que assumem 
riscos altíssimos.
Correr altos riscos não é ter atitude empreende-
dora, mas irresponsável. O empreendedor de 
verdade corre risco calculado.
Empreendedores são “lobos solitários” e não 
conseguem trabalhar em equipe.
Empreendedores precisam saber se relacionar 
e estabelecer uma network adequado para 
conquista de suas metas.
FONTE: A autora
1 - A partir dos conceitos expostos até aqui, descreva o que você 
entende por empreendedorismo.
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37
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
Dessa maneira, o empreendedor é aquele que vive no futuro, é o visionário, a 
variante criativa, o sonhador, a energia que move e tira do comodismo, o incentivo 
da mudança, é aquele que estimula o próprio futuro. Para Dornelas, (2012), o 
empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, 
levam a transformação de ideias em oportunidades.
Dessa forma, percebe-se o empreendedorismo como um processo, cujo 
seu potencial, partindo das suas mais variadas formas, é de trazer inovação e 
transformação nas mais variadas áreas de uma sociedade. Mas para que seja 
alcançado o resultado do empreendedorismo é necessário que as pessoas 
estejam preparadas para empreender.
Assim, para Dornelas (2012), a criação de empresas por si só não leva ao 
desenvolvimento econômico, é necessária a motivação de empreendedorismo de 
oportunidade, pois daí é que saem as empresas que focam na oportunidade do 
mercado. Sabendo disso, é importante pautar a situação do empreendedorismo 
em nosso país. Um dos fatores preocupantes no caso brasileiro é o fato de 
grande parte dos negócios gerados no país ser baseado no empreendedorismo 
de necessidade.
Segundo o senso do Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2017), esse 
fato deve-se em grande parte pela mudança no cenário da economia brasileira, 
que começou no ano de 2014 e se intensifi cou ao longo de 2015 e 2016, que 
basicamente foi um período recessivo que começou com a crise nos mercados 
internacionais, e se agravou com a queda nos preços das commodities.
Esse cenário se mostrou menos favorável à criação de novos 
empreendimentos motivados pelas oportunidades e culminou num crescimento 
no empreendedorismo por necessidade, o que acaba afetando negativamente 
a geração de novas riquezas e no mercado de trabalho, uma vez que o 
frenesi de abrir a empresa acaba excluindo características importantes do 
empreendedorismo, como a inovação.
Devido ao fato apresentado, demanda-se um auxílio governamental no que 
diz respeito a pontos como táticas de incentivo e estímulo, além de uma visão 
econômica mais ampla. Os empreendedores carecem de suporte, a questão 
governamental é mais do que importante para o despontar de uma realidade 
empreendedora, oferecendo o apoio fundamental para essa transformação. 
Refl etindo sobre isso, quais seriam os meios efi cientes para o apoio 
governamental?
Analisando toda a questão do empreendedorismo no Brasil, a resposta para a 
problemática do cenário atual, e também ampliação do desenvolvimento inovador 
38
 MENTALiDADE iNoVADorA
e gerador de riquezas, solicita mais esforços governamentais na capacitação e 
educação de brasileiros diante do empreendedorismo, preparando as pessoas 
para atuar no mercado, sendo isso crucial para uma nação que passa por uma 
recessão econômica.
As estratégias que o governo pode empregar para uma nova direção 
da motivação do empreendedorismo são fundamentais para a modifi cação 
do panorama atual, implantando e revitalizando os princípios do espírito 
empreendedor.
O empreendedorismo de oportunidade ocorre quando o empreendedor 
enxerga necessidades do mercado e cria uma empresa com planejamento prévio, 
dando mais chances de longevidade a ela. Esse é o tipo de empreendedorismo 
que, segundo Dornelas (2012), gera riquezas, lucros e empregos.
Nota-se que quanto mais empreendedorismo de oportunidade estiver em 
um país, maior será seu desenvolvimento econômico, o que, por conseguinte, 
permitirá a esse país a criação de mecanismos que estimulem as iniciativas 
empreendedoras. Ou seja, trata-se de um processo cíclico que só tem a alimentar 
ainda mais a busca de inovação (DORNELAS, 2008).
Como apresentado pelo GEM (2017), no Brasil, o ano de 2016 apresentou 
uma melhora sutil se comparado a 2015 (56,5%), com o valor de 57,4%. Portanto, 
a cada 100 empreendedores, 57 empreendem por oportunidade. 
Frente à situação atual brasileira, muitos são os empreendedores de 
oportunidade que estão vislumbrando a chance de construção de projetos de 
impactos sociais acrescido de geração de lucro, os chamados empreendedores 
sociais, uma concepção que agrega responsabilidade social, ambiental e renda, 
que vem crescendo a cada ano.
Outra defi nição de empreendedor diz respeito:
[...] àquele que se incumbe da concepção e do desenvolvimento 
de um novo negócio, fazendo tudo aquilo que é necessário para 
que o empreendimento avance e assumindo responsabilidade 
última por todos os aspectos de seu desenvolvimento, do 
fi nanciamento à distribuição e que assume maior risco e pode 
esperar uma maior parcela de lucros (BROWNSTONE, 1980, 
p. 101 apud COUGER et al., 1995, p. 374). 
Para Kuratko (2003, p. 22), empreendedorismo “é o novo e diz respeito 
à inovação contínua e à criatividade”. Em uma discussão sobre as tendências 
e desafi os da educação empreendedora no século XXI, o autor afi rma que as 
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CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
palavras de ordem deste contexto são: “Sonhe! Crie!, Explore!, Invente!, Seja 
pioneiro! e Imagine!” (KURATKO, 2003, p. 22). Em sua análise, conceitua 
empreendedorismo de forma ampliada como “um processo dinâmico de visão, 
mudança e criação [que] requer a aplicação de energia e paixão e implementação 
de novas ideias e soluções criativas” (KURATKO, 2003, p. 2). Para esse autor, 
empreendedorismo “é mais que a mera criação de negócios”, pois a perspectiva 
empreendedora pode se apresentar dentro e fora de organizações, em empresas 
que visam lucro ou não, em atividades de negócios ou não, pois o que é essencial 
na referida perspectiva é o propósito de trazer à tona ideias criativas (KURATKO, 
2003, p. 2). Assim, “empreendedorismo é um conceito integrado que permeia 
um negócio individual de maneira inovativa” (KURATKO, 2003, p. 2). Em função 
desse conceito e baseado nas propostas de educação empreendedora das 
melhores instituições mundiais, esse autor entende que o desenvolvimento de 
competências empreendedoras deve abranger o chamado “ciclo de negócios”, 
a saber: criatividade, reconhecimento de oportunidade, invenção ou descoberta 
de um produto ou serviço, avaliação da oportunidade de negócio, construção do 
mercado e do sistema de entrega, crescimento e renovação.
3.2 A MENTALIDADE INOVADORA: 
DESENVOLVIMENTO E 
CARACTERÍSTICAS
Pessoas inovativas demandam autonomia, portanto, não precisam de 
uma estrutura. Não são brilhantes em equipe, bem como não gostam de ser 
gerenciados, sequer de gerenciar. O empreendedor precisa aprender sempre 
em busca de maior conhecimento do seu ramo de atividade e dominá-lo. A partir 
desse perfi l, algumas perguntas refl exivas: você apresenta essas características? 
Você tem uma pessoa com esse perfi l em sua equipe (chefe, subordinado ou par)? 
Como lidar? Como extrair o (seu) melhor? Algumas características de ambientes 
inovadores: são informais, brincalhões, sorridentes, irreverentes e inquietos. 
Como é o ambiente de sua organização?
Diante de tantas características dentro do perfi l da mentalidade inovadora, ao 
supor que você não tenha se identifi cado e considerando que seu desenvolvimento 
é fundamental para a sua sobrevivência no mercado, o que fazer? É certo que 
não existe uma “receita do bolo”, contudo, podemos dizer que, se você chegou 
até aqui, é porque busca pelo desenvolvimento de sua mentalidade inovadora. 
Contudo, há outras práticas as quais promovem o desenvolvimento da inovação, 
tais como: recuperar a inocência, o espírito de aventura e ouvir o próprio coração. 
40
 MENTALiDADE iNoVADorA
Alguns autores que falam a respeito da criatividade e sua respectiva 
implantação abordam a importância do lazer, da arte e da sensibilidade no 
desenvolvimento de habilidades que vão além das técnicas.Além dessas 
características, como são as pessoas com mentalidade inovadora? Como vimos, 
a inovação é quando se coloca em prática ideias, transformando-as em projetos 
concretos. E se compararmos as características de pessoas empreendedoras 
com pessoas que apresentam mentalidade inovadora? Temos, então, algumas 
características:
QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR 
E DA MENTALIDADE INOVADORA
Características do Empreendedor Características da Mentalidade Inovadora
Iniciativa Sentido de urgência
Perseverança
Dedicam todo o tempo possível e necessário 
para fi nalizarem sua tarefa
Coragem para correr riscos calculados Fixa prazos desafi adores para si
Efi ciência e qualidade Tem paixão pelo que faz
Rede de contatos (networking) Pensamento livre e fl exível
Liderança Desejo de colocar ideias em prática
FONTE: Adaptado de Dornelas (2012).
1 - A partir do quadro comparativo apresentado, relacione o perfi l do 
empreendedor com as características da mentalidade inovadora. 
Quais as semelhanças e diferenças?
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O desenvolvimento da mentalidade inovadora se faz importante para pessoas 
e organizações. Nessas últimas, é possível desenvolver a mentalidade inovadora 
por meio do aprendizado com os grupos criativos que precisam apresentar as 
seguintes características:
• Interdisciplinaridade: lidar com áreas diferentes aumenta a diversidade 
41
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
do conhecimento da equipe.
• Dedicação e organização: irão gerar a disciplina necessária para a 
inovação.
• Trabalho coletivo, liderança e respeito: todos precisam conhecer o 
seu papel e necessitam de uma liderança que promova, sobretudo, o 
respeito, afi nal, irão lidar com ideias bem diversifi cadas.
• Pausas, descanso: junto ao conhecimento, é fundamental para geração 
de novas ideias.
• Praticar atividades diversifi cadas (repertório): relaciona-se, diretamente, 
com a interdisciplinaridade.
Até agora, você conheceu várias características as quais possibilitam 
a diferenciação de uma mentalidade inovadora, seja ela individual ou 
organizacional. Nessa concepção, começamos a nos questionar sobre a 
possibilidade de desenvolver tais características e de como fazemos isso. Como 
podemos perceber, a partir dos conceitos apresentados pelos autores, a inovação 
em si pode ser apresentada como uma mudança de mentalidade, ou uma 
transformação no modo de pensar a relação das empresas com seus clientes e 
com a sociedade que implique a introdução de novos valores e de novos sistemas 
de referência. Mas em que momento de nossas vidas nos foi permitido exercitar 
nossa capacidade de imaginação – fundamental para o desenvolvimento de uma 
mentalidade inovadora?
A mentalidade inovadora permite a implementação de ações que 
acompanhem o desenvolvimento da organização diante do mercado competitivo. 
Para que isso seja possível, é importante que a organização esteja alinhada com 
o ambiente no qual está inserida. 
O desenvolvimento de uma mentalidade inovadora é iniciado pela soma entre 
pensamentos, valores e crenças de um indivíduo. O resultado desse somatório é 
chamado de mindset, ou seja, a lente pela qual as pessoas enxergam e interpretam 
o mundo a sua volta. Pessoas consideradas inovadoras apresentam um mindset
diferenciado, se comparado com as demais pessoas. Para o desenvolvimento 
da mentalidade inovadora, também é necessária a transformação de nossos 
conhecimentos, experiências, talentos e visão de mundo e que guardamos 
dentro de nós mesmos, em uma realidade diferente e valiosa para o meio em que 
estamos inseridos.
As mentes inovadoras possuem a capacidade de combinar e aplicar todos 
os elementos existentes com o objetivo de gerar soluções para o nosso cotidiano. 
É possível, até, nos comportarmos de maneira mais inovadora em casa ou no 
trabalho, pois, apesar de sermos únicos, as nossas relações são diferentes, os 
ambientes são diferentes, portanto, nosso comportamento também será. 
42
 MENTALiDADE iNoVADorA
Como a mente inovadora é o resultado da combinação de vários 
fatores (internos e externos), podemos considerar, sim, que é possível o seu 
desenvolvimento. E quais são esses fatores? Siqueira (2007) considera os 
seguintes:
• As características individuais: personalidade (relacionada à adaptação 
e disposição para correr riscos), temperamento (relacionado às reações 
diante de uma crítica e incompreensão), motivação (relacionada ao nível 
de interesse e persistência para buscar os resultados, independentemente 
da aceitação externa) e habilidades mentais (relacionadas à inteligência, 
talentos e habilidades específi cas).
• Harmonia entre seu trabalho e habilidades intelectuais: atuação em uma 
área na qual permite a utilização de talentos e inclinações naturais.
• Competência profi ssional: é o quanto dominamos a área na qual atuamos, 
a partir da aplicação de nossos conhecimentos, nossas habilidades e 
nossa disposição em “querer fazer”.
• Ambiente de trabalho: o ambiente é capaz de estimular, valorizar (ou 
não) as ideias diferenciadas, as sugestões de melhoria. Inclusive, são 
capazes, também, de gerar vários bloqueios da criatividade.
• Conhecimento do processo criativo: é a capacidade de saber identifi car 
quais os eventos, ambientes, pessoas, elementos em geral que causam 
bloqueio da nossa criatividade. Assim como os outros, cada pessoa tem 
algo particular que a faz “bloquear”.
É importante conhecer quais são nossas características pessoais 
(personalidade, temperamento, motivações etc.). Além disso, quantos de nós 
não temos o privilégio de trabalhar com aquilo que vai ao encontro de nossas 
habilidades intelectuais? Mesmo porque talvez nem sabemos ao certo que 
habilidades são essas. E o conhecimento de nosso processo criativo? Será que 
somos capazes de identifi car aquilo que é capaz de bloquear a criatividade?
Perceba também que, dentre os cinco fatores propostos, apenas um é 
totalmente externo, os demais estão todos dentro de nós mesmos e exigem um 
processo longo e árduo do “Conhecer a ti mesmo”. 
Logo, ao comentarmos a respeito do contexto da inovação, vimos que ela 
se caracteriza como um processo externo. Contudo, ao utilizar o termo “mente 
inovadora”, estamos falando de uma confi guração interna, a qual dependerá de 
toda uma organização individual para que seja possível a sua prática.
Mais recentemente, Barlach (2009) citou pesquisas que apresentam 
características, tais como arrogância, manipulação, dramaticidade, excentricidade 
43
CONCEITO E CONTEXTO DA MENTALIDADE INOVADORA Capítulo 1 
e a dimensão “indispor-se contra pessoas”, esses são traços de personalidade 
disfuncionais que podem ter efeito positivo no processo de inovação. Para chegar 
a essa conclusão, o autor utilizou em sua pesquisa o inventário denominado 
Innovation Potential Indicator (IPI), que avalia quatro fatores, a saber:
• Motivação para mudança: motivação intrínseca para mudança, 
caracterizada por persistência e ambição. Positivamente relacionada à 
inovação. 
• Comportamento desafi ador: tendência pessoal a desafi ar o ponto de vista 
de outros. Inclui comportamento tomador de risco e não conformidade. 
Positivamente relacionada à inovação. 
• Adaptação, defi nida como atacar problemas de maneira evolucionária e 
não revolucionária: foco em trabalhar dentro das fronteiras existentes, 
mais que em novidades. Negativamente relacionada à inovação. 
• Consistência de estilos de trabalho: associada à abordagem metódica 
e sistemática do trabalho e à conformidade às normas organizacionais. 
Negativamente relacionada à inovação.
Analisando os resultados obtidos, os autores identifi cam uma relação

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