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PALADAR E MECANISMO DA DEGLUTIÇÃO - FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL

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TUTORIAL 03 – MASTIGA E ENGOLE KAMILA MARAGNO PERUCH
HORMONIOS TIREOIDEANOS:
Metabolismo de Carboidratos: o hormônio tireoidiano estimula quase todos os aspectos do metabolismo de carboidratos, como a captação rápida de glicose pelas células, o aumento da glicólise, da gliconeogênese, da absorção pelo TGI e da secreção de insulina. Esses efeitos resultam do aumento geral das enzimas metabólicas celulares. 
Metabolismo das Gorduras: quase todos os aspectos do metabolismo de lipídios são estimulados pelo hormônio tireoidiano. Os lipídios são rapidamente mobilizados a partir do tecido adiposo, o que reduz os acúmulos de gordura no organismo de modo mais acentuado que os de outro elemento. Isso aumenta a concentração de ácidos graxos livres no plasma e acelera sua oxidação.
Necessidade Aumentada de Vitaminas: como o hormônio tireoidiano aumenta a quantidade de enzimas e como as vitaminas formam partes essenciais de algumas dessas, ele aumenta a necessidade de vitaminas. Podendo ocorrer deficiência de vitaminas quando o hormônio tireoidiano é secretado em excesso. 
Aumento da Taxa de Metabolismo Basal: como o hormônio tireoidiano aumenta o metabolismo em quase todas as células corporais, seu excesso pode aumentar o metabolismo basal de 60% a 100%. Quando sua produção cessa, o metabolismo basal quase cai à metade. 
Redução do Peso Corporal: uma quantidade muito alta de hormônio tireoidiano quase sempre reduz o peso corporal, e a quantidade muito reduzida, o aumenta; porém, esses efeitos não ocorrem sempre, porque o hormônio tireoidiano também aumenta o apetite, o que compensa a variação do metabolismo.
PALADAR: 
Substancias químicas denominadas moléculas de sabor são detectadas e transduzidas por quimiorreceptores localizados nos botões gustativos. Os sabores são misturas de cinco qualidades: salgado, doce, ácido, amargo e umami (levemente salgado).
Botões Gustativos e Receptores: organizados em papilas especializadas, estão presentes na língua, no palato, na faringe e laringe. Na língua, são encontrados nas papilas gustativas. Os botões gustativos são compostos por três tipos celulares: 
 - As células de sustentação, que têm função desconhecida; 
- As células basais, que atuam como precursoras das células receptoras gustativas, passando por substituição contínua. Novas células geradas migram em direção ao centro do botão gustativo e se diferenciam em células receptoras, que são necessárias à substituição das que descamam. 
 As células receptoras: revestem os botões gustativos. São células epiteliais especializadas que funcionam como quimiorreceptores, transduzindo os estímulos químicos em sinais elétricos. Fibras aferentes inervam as células receptoras gustativas e transmitem essa informação ao SNC. 
As extremidades externas das células gustatórias estão dispostas em torno do poro gustatório. Do ápice de cada célula gustatória, muitas microvilosidades projetam-se para fora, através do poro, aproximando-se da cavidade da boca. Essas microvilosidades proveem a superfície receptora para o gosto.
- Em torno das células gustatórias, há uma rede de ramificações dos terminais das fibras nervosas gustatórias, estimuladas pelas células receptoras. São encontradas muitas vesículas abaixo da membrana plasmática próxima das fibras, essas vesículas contem a substância neurotransmissora, que é liberada pela membrana plasmática, excitando as terminações das fibras nervosas em resposta ao estímulo gustatório.
Papilas: Circunvaladas: de maior tamanho e menos numerosas. Dispostas em fileiras, na base da língua. 
 Foliáceas: localizadas nas bordas laterais da língua. 
 Fungiformes: dispersas pela superfície dorsal da língua, mais numerosas na extremidade anterior. Possuem grande suprimento sanguíneo, o que faz com que tenham aparência avermelhada sobre a superfície da língua.
SABOR: Os sinais químicos das cinco qualidades do sabor são transduzidos por mecanismos. Na maioria dos casos, a transdução leva à despolarização da membrana do receptor gustativo, que gera potenciais de ação em nervos aferentes que suprem determinada porção da língua. 
- Umami é o gosto predominante dos alimentos que contêm l-glutamato, como caldos de carne e queijo amadurecido. O receptor gustatório para o l-glutamato pode estar relacionado a um dos receptores sinápticos para o glutamato que também são expressos nas sinapses neuronais do cérebro.
- O gosto salgado é causado por sais ionizantes. Para a sensação salgada, o íon Na+ entra no receptor gustativo por canais específicos, provocando despolarização.
· O limiar para a estimulação do gosto pelo cloreto de sódio é de 0,01 M
- O gosto amargo é induzido por substancias orgânicas, geralmente alcaloides ou compostos de cadeia longa que contem nitrogênio. Para a sensação amarga, as moléculas de sabor se ligam a receptores acoplados à proteína G da membrana do receptor gustativo, e ocorre abertura dos canais de potenciais receptores transientes (TRP) e sua consequente despolarização, pelo mecanismo do mediador 1,4,5-trifosfato de inositol.
· O limiar para o gosto amargo pela quinina é de 0,000008 M
· é muito maior do que para todos os outros gostos, o que era esperado, pois essa sensação tem função protetora importante contra muitas toxinas perigosas presentes nos alimentos
- O gosto doce é induzido por substancias orgânicas como açucares, aldeídos, glicóis... Para as sensações de doce e umami, as moléculas se ligam à classe de receptores acoplados à proteína G e, usando IP3/Ca2+, abrem canais TRP, despolarizando.
· O limiar para o gosto doce pela sacarose é de 0,01 M
· Algumas substâncias que inicialmente têm gosto doce induzem no final um gosto amargo, isso porque pequenas alterações na estrutura química, tais como a adição de radical simples, podem frequentemente mudar a substância de doce para amarga. Essa característica ocorre com a sacarina.
- Para sensação azedo/ácida, o H+ entra no receptor gustativo por meio de canais epiteliais de Na+, conduzindo à despolarização. 
· O limiar para a estimulação do gosto azedo pelo HCl é de 0,0009 M
VIAS DO PALADAR: o paladar é iniciado pela transdução de sinais químicos, nas células receptoras gustativas, que produz despolarização e inicia potenciais de ação nos neurônios aferentes primários que inervam regiões específicas da língua. 
- Impulsos oriundos dos 2/3 anteriores da língua percorrem: nervo lingual nervo facial (NC VII) trato solitário, no tronco cerebral. 
- Impulsos oriundos da parte posterior da língua, e de regiões posteriores da boca e garganta, são transmitidas pelo nervo glossofaríngeo (NC IX) para o trato solitário. 
- Os sinais gustatórios transmitidos da base da língua e de outras partes da região faríngea pelo nervo vago (NC X) para o trato solitário.
Esses nervos entram no tronco encefálico, ascendem pelo trato solitário e terminam em neurônios de 2 ordem no núcleo solitário do bulbo, que se projetam, ipsilateralmente, para o núcleo posteromedial ventral do tálamo. Os neurônios de terceira ordem deixam o tálamo e terminam no córtex gustativo. 
SALIVA: A secreção diária tem valor médio de 1.000ml. A saliva contém a secreção serosa contendo ptialina (uma α-amilase), que é uma enzima para a digestão de amido; e a secreção mucosa, contendo mucina, para lubrificar e proteger as superfícies. 
As glândulas parótidas produzem quase toda a secreção de tipo seroso, enquanto as glândulas submandibulares e sublinguais produzem secreção serosa e mucosa. As glândulas bucais só secretam muco. A saliva tem pH entre 6,0 e 7,0, uma faixa favorável à ação digestiva da ptialina, e contém bastante íons potássio e bicarbonato, e poucos íons sódio e cloreto. 
Cada glândula salivar parece um cacho de uvas, e uma uva é um ácino, que é o fundo cego dos ductos ramificados e é revestido por células acinares. As células acinares produzem uma saliva inicial, composta por água, íons, enzima e muco, que passa por um segmento, o ducto intercalado,e ducto estriado, revestidos por células ductais. As células ductais modificam a saliva inicial para produzir a saliva final pela alteração das concentrações de eletrólitos. As células mioepiteliais se contraem para ejetar a saliva.
As células salivares acinares e ductais recebem tanto inervação parassimpática quanto simpática. 
As glândulas salivares recebem elevado fluxo sanguíneo, que aumenta quando a produção da saliva é estimulada.
A secreção de saliva tem 2 estágios: o primeiro envolve os ácinos e o segundo envolve os ductos salivares. 
Os ácinos produzem secreção primária contendo ptialina e mucina em solução de íons. À medida que a secreção primária flui: 
· Íons sódio são reabsorvidos ativamente nos ductos salivares, e potássio são secretados por troca do sódio a concentração de sódio da saliva diminui, e a de potássio fica maior. Entretanto, a reabsorção de sódio excede a secreção de potássio, o que cria negatividade de −70mv nos ductos salivares; e faz com que íons cloreto sejam reabsorvidos. Por conseguinte, a concentração de cloreto na saliva cai muito. 
· Depois, íons bicarbonato são secretados pelo epitélio dos ductos. Essa secreção é causada pela troca de bicarbonato por íons cloreto, e do processo secretório ativo. O resultado é que, em repouso, as concentrações de íons sódio e cloreto na saliva são de apenas 15 mEq/L, cerca de 1/7 de suas concentrações no plasma. Por outro lado, a concentração de íons potássio é aproximadamente 30 mEq/L, 7x maior que a concentração no plasma; e a concentração de íons bicarbonato é de 50 a 70 mEq/L, cerca de 3x a do plasma. 
Quando a secreção salivar atinge sua intensidade máx., a velocidade de formação de saliva primária pelos ácinos aumenta até 20x, e a modificação salivar no ducto fica muito reduzida. Assim, quando grande quantidade de saliva é produzida, a concentração de cloreto de sódio fica em torno da metade ou 2/3 a concentração do plasma, e a concentração de potássio aumenta apenas 4x.
HIGIENE: A boca hospeda bactérias que podem destruir os tecidos e causar cáries. A saliva ajuda a evitar a deterioração. 
1. O fluxo de saliva ajuda a lavar a boca das bactérias patogênicas e das partículas de alimentos 
2. Os íons tiocianato e enzimas como a lisozima presentes, atacam as bactérias e digerem partículas de alimentos
3. Contém anticorpos proteicos, que podem destruir as bactérias orais. Na ausência de salivação, os tecidos orais, com frequência, ficam ulcerados e até infectados, e as cáries dentárias podem ser comuns.
REGULAÇÃO NERVOSA DA SALIVAÇÃO: 
As glândulas salivares são controladas por sinais parassimpáticos originados nos núcleos salivatórios superior e inferior, no tronco cerebral, localizados na junção entre o bulbo e a ponte, e são excitados por estímulos gustativos e táteis.
Estímulos gustativos como o sabor azedo (causado por ácidos), provocam secreção 8 a 20x maior. Estímulos táteis, como objetos de superfície lisa na boca, causam salivação acentuada, enquanto objetos ásperos causam menor salivação. 
Também é estimulada e inibida por sinais nervosos provenientes dos centros superiores do SNC, como quando a pessoa sente o cheiro ou come os alimentos preferidos, a salivação é maior. A área do apetite do cérebro funciona em resposta aos sinais das áreas do paladar e olfato do córtex cerebral e amígdala. 
Ocorre em resposta aos reflexos que se originam no estômago e intestino delgado, quando alimentos irritativos são ingeridos ou a pessoa está nauseada por alteração gastrointestinal. A saliva engolida ajuda a remover o fator irritativo do TGI ao diluir ou neutralizar as substâncias. 
Outro fator que afeta a secreção é o suprimento de sangue para as glândulas. Os sinais nervosos parassimpáticos que induzem salivação abundante também dilatam moderadamente os vasos sanguíneos. Além disso, a própria salivação dilata os vasos sanguíneos, proporcionando maior nutrição das glândulas, necessária às células secretoras. Parte desse efeito é causado pela calicreína, secretada pelas células salivares, que age como enzima e cliva a alfa2-globulina, para formar bradicinina (vasodilatador).
ANATOMIA: 
BOCA: A digestão inicia-se na boca com a mastigação (realizada pelos dentes com o auxílio da língua) e com a insalivação. A mastigação tritura, rasga e esmaga o alimento, facilitando sua deglutição e a ação dos sucos digestórios.
A saliva umidifica o alimento e contém a enzima ptialina ou amilase salivar, que digere amido e glicogênio, a maltase e a catalase.
A boca pode ser subdividida no vestíbulo, externo aos dentes, e cavidade própria da boca, interna aos dentes. O palato forma o céu-da-boca e separa as cavidades oral e nasal. O assoalho da boca é formado pelos músculos milo-hióideos e é ocupado principalmente pela língua. As paredes laterais da boca são definidas pelas bochechas e regiões retromolares. 
Língua: órgão muscular móvel, situada na cavidade oral e parcialmente na parte oral da faringe. Dividida em raiz, corpo, ápice e superfície inferior. 
Possui os músculos extrínsecos, que modificam a sua posição, sendo eles: M. Genioglosso, M. Hioglosso, M. Estiloglosso e M. Palatoglosso; e os músculos intrínsecos, que modificam seu formato, sendo eles: M. Transverso, M. Vertical e Mm. Longitudinal superior e inferior.
Dentes: são 4 incisivos, 2 caninos, 4 pré-molares e 6 molares (parte superior apenas)
Glândulas Salivares: Parótida, sublingual e submandibular, e menores como as labiais, da bochecha, palatinas e linguais
Nervos: facial, glossofaríngeo e hipoglosso.
FARINGE: é o canal comum de passagem do alimento e do ar, também conhecido como garganta. No fim da faringe há a entrada do esôfago e da laringe. Para impedir que o alimento entre no sistema respiratório, a epiglote, na entrada da laringe, fecha essa entrada e o alimento é empurrado para o esôfago. 
ESOFAGO: Tubo muscular de aproximadamente 25cm, dividido em porção cervical, torácica e abdominal, que conduz o alimento da faringe ao estômago. É contínuo com a faringe na junção faringoesofágica, e termina na junção esôfago gástrica.
É um tubo colabado no sentido ântero-posterior, e distende-se pela passagem do alimento.
Possui 3 constrições Cricofaríngea a 15 cm; coincide com o esfíncter superior
 		 Bronco Aórtica a 22 cm e 27 cm
 		 Diafragmática, no hiato esofágico, a 40 cm
Inervação: Nervo vago D e E que formam o plexo periesofágico (esôfago torácico) organizando-se em dois troncos vagais; e a cadeia simpática: plexo submucoso (Meissner) e miontérico (de Auerbach)
SECREÇÃO ESOFÁGICA: o corpo principal do esôfago é revestido com muitas glândulas mucosas simples, para a lubrificação para a deglutição. Na terminação gástrica e na porção inicial do esôfago, existem glândulas mucosas compostas. 
O muco produzido pelas glândulas compostas no esôfago superior evita a escoriação causada pela nova entrada de alimento, enquanto as glândulas compostas, localizadas próximas à junção esofagogástrica, protegem a parede esofágica da digestão por sucos gástricos ácidos que refluem do estômago para o esôfago inferior. A despeito dessa proteção, ainda assim pode-se, às vezes, desenvolver úlcera péptica na terminação gástrica do esôfago.
INGESTÃO DE ALIMENTOS:
A quantidade de alimento que a pessoa ingere é determinada, em grande parte, pelo desejo por alimento chamado fome; já o tipo de alimento que a pessoa prefere é determinado pelo apetite. Esses mecanismos são sistemas reguladores automáticos. 
MASTIGAÇÃO:
Os dentes são adaptados para a mastigação. Os anteriores (incisivos) cortam, os caninos rasgam e os posteriores (molares), trituram. Os músculos da mandíbula conseguem aproximar os dentes com força de 2 kg nos incisivos e 91kg nos molares, são eles:
· Masseter - elevação e protrusão da mandíbula
· Temporal - elevação e retrusão da mandíbula
· Pterigoide medial - elevação, protrusão e excursão lateral da mandíbula
· Pterigoide lateral - depressão e protrusão da mandíbula
- A maioria desses músculos é inervada pelo ramo motor do quinto nervo craniano, e o processo é controladopor núcleos no tronco encefálico. A estimulação de áreas reticulares específicas, nos centros do paladar do tronco cerebral, causa movimentos de mastigação rítmicos, assim como a estimulação de áreas no hipotálamo, na amígdala e no córtex cerebral.
- Grande parte da mastigação é ocasionada pelo reflexo desta. A presença de bolo alimentar na boca desencadeia a inibição dos músculos da mastigação, permitindo que a mandíbula se abaixe. Isso inicia o estiramento dos músculos mandibulares que leva à contração reflexa, causando elevação da mandíbula, o cerramento dos dentes, e a compressão do bolo contra as paredes da cavidade bucal, o que inibe mais uma vez os músculos mandibulares, permitindo que a mandíbula desça e suba mais uma vez. 
- A mastigação é muito importante: para as frutas e vegetais crus, com membranas de celulose indigeríveis ao redor das porções nutrientes, que precisam ser rompidas para que o alimento possa ser digerido.
· Aumenta a área de superfície dos alimentos, pois as enzimas digestivas só agem nas superfícies das partículas.
· A trituração previne escoriação do trato gastrointestinal e facilita o transporte do alimento
DEGLUTIÇÃO:
Dura 2s. É dividida em um estágio voluntário, que inicia o processo; um estágio faríngeo, involuntário e corresponde à passagem do alimento pela faringe ao esôfago; e um estágio esofágico, fase involuntária que transporta o alimento da faringe ao estômago. 
Estágio Voluntário: quando o alimento está prestes a ser deglutido, ele é “voluntariamente” comprimido e empurrado para trás, em direção à faringe, pela pressão da língua para cima e para trás contra o palato.
- A partir dai a deglutição passa a ser um processo quase todo involuntário, que não pode ser interrompido.
Estágio Faringeo Involuntário: O bolo de alimento atinge a parte posterior da cavidade bucal e a faringe, e estimula as áreas de receptores epiteliais da deglutição ao redor da abertura da faringe, especialmente nos pilares tonsilares, e seus impulsos passam para o tronco encefálico, iniciando contrações faríngeas automáticas
1. O palato mole é empurrado para cima, fechando a parte posterior da cavidade nasal, evitando o refluxo do alimento. 
2. As pregas palatofaríngeas são empurradas medialmente para se aproximarem, formando a fenda sagital, por onde o alimento passa para a parte posterior da faringe, que desempenha ação seletiva, permitindo que apenas o alimento suficientemente mastigado passe com facilidade. Esse estágio dura menos de 1s.
3. As cordas vocais da laringe se aproximam, e a laringe é puxada para cima e para frente, pelos músculos do pescoço. Essas ações, combinadas com os ligamentos que impedem o movimento para cima da epiglote, fazem com que esta se mova para trás, impedindo a passagem do alimento para o nariz e traqueia. 
- A destruição das cordas vocais ou dos músculos que as aproximam pode causar engasgo. 
4. O movimento para cima da laringe puxa e dilata a abertura do esôfago. Ao mesmo tempo, 3 a 4 cm superiores da parede muscular esofágica (esfíncter faringoesofágico) se relaxam e o alimento se move da faringe posterior para o esôfago superior. 
- Entre as deglutições, esse esfíncter permanece fortemente contraído, evitando a entrada de ar no esôfago durante a respiração. O movimento para cima da laringe também eleva a glote afastando-a do fluxo principal de alimento, para que este passe nos lados da epiglote em vez de em sua superfície; 
5. Quando a laringe é elevada e o esfíncter faringoesofágico relaxado, a parede muscular da faringe se contrai, iniciando na parte superior e progredindo para baixo nas áreas medial e inferior, impulsionando o alimento por peristaltismo para o esôfago.
INICIAÇÃO NERVOSA:
As áreas táteis da parte posterior da boca e da faringe, mais sensíveis para a iniciação do estágio faríngeo da deglutição, ficam em um anel ao redor da abertura da faringe, com a maior sensibilidade nos pilares tonsilares. 
- Os impulsos são transmitidos dessas áreas pelas porções sensoriais dos nervos trigêmeo e glossofaríngeo para o bulbo, pelo trato solitário ou nervos associados a ele, que recebe todos os impulsos sensoriais da boca. Os estágios sucessivos do processo de deglutição são, então, automaticamente desencadeados em sequência ordenada por áreas neuronais da substância reticular do bulbo e das porções inferiores da ponte. 
- As áreas no bulbo e na ponte inferior que controlam a deglutição são chamadas de centro da deglutição. Os impulsos motores desse centro para a faringe e para a parte superior do esôfago são transmitidos pelo quinto, nono, décimo e décimo segundo nervos cranianos e por alguns dos nervos cervicais superiores. 
- O estágio faríngeo da deglutição é essencialmente ato reflexo, quase sempre iniciado pelo movimento voluntário do alimento para a parte posterior da boca, que excita os receptores sensoriais faríngeos para iniciar a parte involuntária.
A DEGLUTIÇÃO E A RESPIRAÇÃO: Todo o estágio faríngeo da deglutição ocorre em menos de 6s, interrompendo a respiração por apenas fração do ciclo respiratório. 
- O centro da deglutição inibe o centro respiratório do bulbo durante esse tempo, interrompendo a respiração em qualquer ponto do ciclo. Quando a pessoa está falando, a deglutição interrompe a respiração por tempo tão curto que mal se percebe. 
TIPOS DE PERISTALTISMO NO ESTÁGIO ESOFÁGICO: A função primária do esôfago é a de conduzir rapidamente o alimento da faringe para o estômago, e seus movimentos são organizados para essa função. 
Peristaltismo Primário: é a continuação da onda peristáltica começada na faringe e se prolonga para o esôfago, durante o estágio faríngeo. Essa onda faz o percurso desde a faringe até o estômago em cerca de 8 a 10s. 
O alimento engolido por pessoa na posição ereta é levado para a porção inferior do esôfago até mais rápido do que a própria onda peristáltica, em cerca de 5 a 8s, devido a gravidade que força o alimento para baixo. 
Peristaltismo Secundário: Se a onda peristáltica primária não consegue mover para o estômago todo o alimento que entrou no esôfago, ondas peristálticas secundárias resultam da distensão do próprio esôfago pelo alimento retido; essas ondas continuam até o completo esvaziamento do esôfago. 
As ondas são deflagradas por circuitos neurais intrínsecos do sistema nervoso mioentérico e por reflexos iniciados na faringe e transmitidos por fibras vagais para o bulbo retornando ao esôfago por nervos vagais e glossofaríngeos.
- A musculatura da parede faríngea e do 1/3 superior do esôfago é composta por músculo estriado. As ondas peristálticas nessas regiões são controladas por impulsos em fibras nervosas motoras de músculos esqueléticos dos nervos glossofaríngeo e vago. 
- Nos 2/3 inferiores do esôfago, a musculatura é composta por músculo liso e essa porção é controlada pelos nervos vagos, que atuam por meio de conexões com o sistema nervoso mioentérico esofágico. 
Quando os ramos do nervo vago para o esôfago são cortados, o plexo nervoso mioentérico do esôfago fica excitável o suficiente para causar, após vários dias, ondas peristálticas secundárias fortes, mesmo sem o suporte dos reflexos vagais. Portanto, inclusive após a paralisia do reflexo da deglutição no tronco encefálico, alimento introduzido por sonda no esôfago, ainda passa rapidamente para o estômago.
Relaxamento Receptivo do Estômago: Quando a onda peristáltica esofágica se aproxima do estômago, a onda de relaxamento, transmitida por neurônios inibidores mioentéricos, precede o peristaltismo. Todo o estômago e até o duodeno relaxam quando a onda peristáltica atinge a porção inferior do esôfago e assim se preparam com antecedência para receber o alimento.
ENFINCTER GASTROESOFÁGICO:
Cerca de 3cm acima da junção do esofago com o estômago, o músculo circular esofágico funciona como um largo esfíncter esofágico inferior. Esse esfíncter, nas condições normais, permanece tonicamente contraído, gerando pressão intraluminal no esôfago de 30 mmHg, em contraste com a porção medial do esôfago que normalmente permanece relaxada. Quandoa onda peristáltica da deglutição desce pelo esôfago, ocorre o “relaxamento receptivo” do esfíncter esofágico inferior à frente da onda peristáltica, permitindo a propulsão do alimento deglutido para o estômago. 
	A junção esofago gástrica é designada como linha Z linha irregular em que há mudança abruta de mucosa esofágica para gástrica. 
- Raramente, o esfíncter não se relaxa de forma satisfatória, resultando na acalasia. As secreções gástricas são muito ácidas, contendo enzimas proteolíticas. A mucosa esofágica, exceto nas porções bem inferiores do esôfago, não é capaz de resistir por muito tempo à ação digestiva das secreções gástricas. Felizmente, a constrição tônica do esfíncter esofágico inferior evita significativo refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago, exceto em circunstâncias anormais.
Prevenção Adicional do Refluxo Esofágico: o mecanismo semelhante à válvula de curta porção do esôfago, que se estende por pouco até o estômago. O aumento da pressão intra-abdominal projeta nesse ponto o esôfago para o estômago. Assim, esse fechamento do esôfago, como se fosse uma válvula, contribui para evitar que a elevação da pressão intra-abdominal force os conteúdos gástricos de volta ao esôfago.
DOR ESOFÁGICA: 
Refluxo Esofágico: conhecida como azia, é o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, cuja mucosa não está preparada para receber substâncias ácidas e irritantes, e que também pode alcançar a boca, provocando alterações dentárias, ou atingir a laringe e os pulmões.
Esofagite: inflamação do esôfago, uma complicação da doença do refluxo gastroesofágico. Esta inflamação aumenta o risco de provocar o esôfago de Barrett, que surge quando as células inflamadas passam por uma transformação, a metaplasia, para suportar a exposição frequente à acidez, e que tem risco aumentado de provocar câncer de esôfago.
Acalásia: doença provocada pela lesão ou perda dos neurônios responsáveis pela inervação dos músculos do esôfago. Desta forma, o esôfago perde a sua capacidade de relaxar durante a deglutição e de realizar a peristalse. Assim, ocorre uma dilatação e deformidade gradual do esôfago, que podem piorar como tempo.
Divertículos: alterações na estrutura do esôfago que, geralmente, são pequenos, mas podem crescer e se tornarem capazes de reter saliva e alimentos.
MANOBRA DE HEIMLICH:
O engasgo acontece quando a epiglote se abre, permitindo que o alimento ou líquido ingerido siga o caminho da respiração e não o da deglutição. Assim, o alimento ou o líquido vai para a laringe e não para o esôfago.
- Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-se), caso ela esteja consciente. 
- Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do estômago” (região epigástrica). A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro e para cima (como uma letra "J"), até que a vítima elimine o corpo estranho.
Em bebes: Coloque o bebê de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas). Vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno. 
Tente visualizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente.
REFLEXO DA TOSSE:
Os brônquios, a traqueia e principalmente a laringe e a carina, são muito sensíveis, de modo que quantidades mínimas de material estranho ou qualquer irritação iniciam o reflexo. 
Impulsos neurais aferentes passam das vias respiratórias, principalmente pelo nervo vago, até o bulbo. Então: 
1- Até 2,5L de ar são rapidamente inspirados. 
2- A epiglote se fecha e as cordas vocais são fechadas com firmeza para aprisionar o ar no interior dos pulmões. 
3- Os músculos abdominais e os intercostais internos se contraem com força, empurrando o diafragma.
4- A pressão nos pulmões aumenta rapidamente, e a forte compressão dos pulmões colapsa os brônquios e a traqueia, ao fazer com que as partes não cartilaginosas se invaginem, de modo que o ar explosivo passe pelas fendas brônquica e traqueal. 
5- O ar que se move rapidamente, carrega consigo qualquer material estranho que esteja presente nos brônquios e traqueia.

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