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FR707 - Quimioterápicos 17/06/2021 O câncer é uma doença em que ocorre a proliferação descontrolada de células, devido a uma falta de regulação da replicação celular. Podem advir de carcinógenos do ambiente assim como podem ser de herança genética. Existem duas classes de genes que vão tentar suprimir alterações que podem gerar o câncer. Uma classe são os genes supressores tumorais, que fazem com que a célula entre em apoptose toda vez que notar algum tipo de “comportamento estranho”, como por exemplo o Fas/CD95. A outra classe são os proto-oncogenes, que são genes que participam no processo de multiplicação celular. Esses genes quando sofrem algum tipo de alteração, eles fazem divisão e multiplicação de células de forma ininterrupta. Os quimioterápicos são divididos em 6 classes principais, sendo elas, a de fármacos que atuam nos ácidos nucleicos (consistindo em agentes intercalantes, inibidores não intercalantes da enzima topoisomerase e agentes alquilantes, cisplatina e análogos) a de antimetabólitos, terapias baseadas em hormônios, inibidores da (des)polimerização de tubulina, inibidores das proteínas cinases e a de inibidores da angiogênese. Os agentes intercalantes possuem anéis aromáticos e heteroaromáticos, que vão atuar ao interagir com a fenda maior ou menor do DNA, distorcendo assim a sua estrutura ou então bloqueando o acesso de enzimas relacionadas tanto à replicação do material genético assim como a transcrição proteica. A dactinomicina tem um sistema tricíclico planar que vai se ligar à fenda menor do DNA e então vai impedir a transcrição de RNA, e assim ela vai ficar sem nutrientes e consequentemente vai entrar em apoptose. Esse fármaco é utilizado em tumores sólidos e sarcomas. As antraciclinas são fármacos, cujo seu sistema tricíclico vai se ligar na fenda maior do DNA, e então vai interferir no processo de duplicação do DNA. A molécula possui uma carbonila que vai interagir com a topoisomerase II, que vai fazer com que exista uma estabilidade na interação entre a enzima e o DNA, ao impedir que a enzima se desligue do DNA. Além disso, a molécula também possui um grupo amino positivamente carregado que vai fazer uma interação iônica com o fosfato presente nos nucleotídeos do DNA. A diferença entre os fármacos dessa classe, geralmente são apenas as posições de alguns grupos, como por exemplo uma hidroxila. O principal efeito adverso desses fármacos é a cardiotoxicidade devido à presença de uma quinona que será reduzida à hidroquinona. Ao aumentar o grupo em C13, vai fazer com que a velocidade da formação de rubicinol (que produz cardiomiopatia crônica) seja menor, e assim vai diminuir a sua toxicidade. A mitoxantrona é outro agente intercalante, que vai se ligar na fenda menor do DNA, e tem uma estrutura mais simplificada das antraciclinas, apesar de ter o mesmo padrão de farmacóforo, para interagir no complexo DNA-topoisomerase II. Ela não possui cardiotoxicidade (não possui o açúcar) e é usada para o tratamento de leucemias e linfomas. A ansacrina também tem o mesmo alvo da mitoxantrona, de interagir na ligação DNA-topoisomerase II, e seu principal uso é em casos de LMA. As mostardas nitrogenadas são agentes alquilantes que têm como princípio a presença de uma amina ligada a uma cadeia alquílica e um grupo abandonador na ponta. A metila vai aumentar a densidade eletrônica, que vai atacar o CH2 vizinho ao Cl, este irá sair da molécula formando um ciclo muito tensionado, que irá sofrer um ataque do N da guanina do nosso DNA. Essa ligação irá impedir tanto o processo de transcrição como de replicação celular. As modificações são feitas nos grupos substituintes do N, sendo que grupos aromáticos ou carbonílicos diminuem a reatividade do fármaco para o uso via oral. A ciclofosfamida é um pró-fármaco muito utilizado, geralmente em associação, sendo usado em leucemias, linfomas, sarcomas de tecidos moles e tumores sólidos. Outra classe de FR707 - Quimioterápicos 17/06/2021 agentes alquilantes são as nitrosuréias, utilizadas para tratamento de tumores cerebrais, onde geralmente são implantadas em “wafers” com liberação constante nos tumores, pois a sua penetração na BHE é baixa. O bussulfan tem um mecanismo parecido com o da mostarda nitrogenada, só que no lugar do Cl tem um MeSO3- e é utilizado para LMC. Outros agentes são a cisplatina e análogos (cujas modificações são principalmente para reduzir seus efeitos adversos e atingir células resistentes à cisplatina), a procarbazina e a dacarbazina, e a mitomicina C. Os antimetabólitos são fármacos que vão atrapalhar a síntese de metabólitos essenciais para a célula, impedindo assim que ela consiga se multiplicar. Em alguns casos temos a inibição da enzima (THF) que vai produzir a dTMP. Para a formação de THF, ocorre a transferência de um hidreto do NADPH, para um carbono do 7,8-dihidrofolato, pela protonação do N5. No caso do metotrexato, ele possui uma amina no lugar da carbonila, que vai fazer com que N1 fique protonado no lugar de N5, impedindo assim a formação do THF. O 5-fluoruracil, no entanto, vai inibir a metilação de dUMP para gerar o dTMP. Os inibidores da DNA polimerase vão agir inibindo a DNA polimerase, que é a enzima responsável pela síntese de novas fitas de DNA. Isso vai acontecer quando a molécula é convertida na sua forma trifosfato. Algumas vezes, a célula pode até se reconstruir, reparando a ligação feita pelo fármaco, no entanto isso vai atrasar muito o processo de replicação, fazendo com que a célula entre em apoptose. Para as terapias baseadas em hormônios, os fármacos vão possuir os mesmos requisitos farmacofóricos, que vão ser importantes para o reconhecimento do receptor, e grupos hidrofóbicos na mesma distância, mimetizando assim a molécula do hormônio. Assim, esse fármaco vai fazer com que o cérebro mande sinal para o resto do corpo de que não é necessário produzir testosterona. Os inibidores da polimerização e despolimerização de tubulina, vão atuar nas tubulinas presentes dentro da célula, responsáveis por parte do processo de divisão celular, impedindo assim, que as células se multipliquem. As proteínas cinases são proteínas responsáveis pela multiplicação celular, sendo assim os inibidores dessas proteínas. O imatinibe vai se ligar à proteína produzida pelo gene BCR-ABL, impedindo assim a entrada de ATP que vai possibilitar a produção descontrolada de novas células. Por fim, os inibidores da angiogênese, vão atuar ao se ligar covalentemente a uma cisteína do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR).
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