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Saúde ocupacional e medicina do trabalho U N O PA R SA Ú D E O C U PA C IO N A L E M ED IC IN A D O TRA B A LH O Saúde ocupacional e medicina do trabalho SAUDE.indb 1 24/06/14 17:06 SAUDE.indb 2 24/06/14 17:06 Alfredo Ribeiro Almeida Dickson Luis Novello Seleide Aparecida Monteiro Eugênio Tathyane Lucas Simão Fernanda Caroline Jaques Ingalisa Sandri Pazzini Saúde ocupacional e medicina do trabalho SAUDE.indb 3 24/06/14 17:06 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Simão, Tathyane Lucas S614s Saúde ocupacional e medicina do trabalho / Tathyane Lucas Simão, Alfredo Ribeiro Almeida, Fernanda Caroline Jaques, Dickson Luis Novello, Seleide Aparecida Monteiro Eugênio, Ingalisa Sandri Pazzini. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. 168 p. ISBN 978-85-68075-47-0 1. Medicina. 2. PCMSO. I. Almeida, Alfredo Ribeiro. II. Jaques, Fernanda Caroline. III. Novello, Dickson Luis. IV. Eugênio, Seleide Aparecida Monteiro. V. Pazzini, Ingalisa Sandri. VI. Título. CDD 658.38 © 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer Gerente de produção editorial: Kelly Tavares Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento Editor: Casa de Ideias Editor assistente: Marcos Guimarães Revisão: Renata Sangeon Capa: José Leite Bueno e Giovana Paolini Diagramação: Casa de Ideias SAUDE.indb 4 24/06/14 17:06 Unidade 1 — Saúde ocupacional e medicina do trabalho ..............................................1 Seção 1 História e conceitos ..............................................................3 1.1 História e desenvolvimento da medicina do trabalho à saúde ocupacional ...............................................................................4 1.2 Conceitos inerentes à medicina do trabalho e saúde ocupacional ......13 Seção 2 Organização e programas relativos à saúde do trabalho ....18 2.1 Organização da saúde e segurança no mundo do trabalho ................18 2.2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional — PCMSO .....24 2.3 Programa de Conservação Auditiva — PCA ........................................35 2.4 Programa de Proteção Respiratória — PPR .........................................37 Seção 3 Exames complementares .....................................................40 3.1 Exames complementares ....................................................................40 Unidade 2 — Risco ocupacional ..................................47 Seção 1 Definição de risco ocupacional e tipos de risco..................48 1.1 Riscos químicos .................................................................................49 1.2 Riscos biológicos ...............................................................................50 1.3 Riscos ergonômicos ...........................................................................50 1.4 Classificação dos riscos ambientais ....................................................54 Seção 2 Noções sobre os principais aspectos epidemiológicos das doenças do trabalho, doenças e fatores de risco e doenças relacionadas ao NTEP .........................................................59 2.1 Doenças e fatores de risco e doenças relacionadas ao NTEP ..............59 2.2 Principais doenças pulmonares ocupacionais ....................................67 Sumário SAUDE.indb 5 24/06/14 17:06 vi S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O Unidade 3 — Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional — PCMSO ........................83 Seção 1 Histórico, conceitos e princípios e controle do programa ..85 1.1 Exames específicos e complementares — qual a finalidade? ..............85 Seção 2 Elaboração do PCMSO, ferramentas necessárias para sua elaboração e ASO ...............................................................92 2.1 Processo de elaboração do PCMSO ...................................................92 Seção 3 Exames específicos e complementares, responsáveis pela implantação e controle e relatório anual ..........................107 3.1 Relatório anual, elaboração e controle .............................................107 Unidade 4 — Doenças ocupacionais e doenças do trabalho ..........................................115 Seção 1 Introdução e conceito de saúde, doenças ocupacionais e doenças do trabalho .........................................................117 1.1 Conceito de saúde ...........................................................................118 1.2 O que diz a legislação? ....................................................................119 1.3 Doenças agudas e crônicas ..............................................................120 1.4 Principais doenças relacionadas ao trabalho ....................................121 1.5 O papel do médico do trabalho mediante a identificação da doença ................................................................125 Seção 2 Perícia ...............................................................................130 2.1 Insalubridade ...................................................................................130 2.2 Periculosidade .................................................................................132 2.3 Perícia trabalhista .............................................................................133 2.4 Perito médico (ótica ocupacional) ....................................................136 2.5 Perícia médica ................................................................................137 2.6 Processo e análise pela junta médica ...............................................140 Seção 3 Tecnólogo em segurança do trabalho e o PCMSO ............143 3.1 Responsabilidades gerais dentro do PCMSO ...................................143 3.2 Onde entra o tecnólogo em segurança do trabalho no PCMSO? ......145 3.3 Interação com a saúde no trabalho através do DDS .........................147 SAUDE.indb 6 24/06/14 17:06 O presente estudo busca apresentar a história e conceitos da Medicina Ocupacional, o surgimento da preocupação com a saúde dos trabalhadores, o que não era dado importância até o momento de identificar que as perdas, ou seja, as mortes de colaboradores eram oriundas de situações e condições do ambiente de trabalho. Abordando também questões relacionadas a doen- ças do trabalho, periculosidade, enfim, questões direcionadas à segurança e saúde dos colaboradores. O presente livro tem a finalidade de proporcionar conhecimentos sobre condições e análise de ambientes de risco, assim, identificando-os e con- ceituando-os baseado nos parâmetros das Normas Regulamentadoras, com- preendendo os limites de tolerância à exposição a eles, dessa forma podendo compreender melhor a ligação entre nexo causal e os acidentes de trabalho. Abordaremos os conceitos relacionados às condições de risco, relacio- nando com as questões necessárias para a elaboração do PPRA — Programa de Prevenção a Riscos Ambientais, classificando-os de forma coerente e compreendendo as medidas necessárias para amenizar os riscos identificados ou, ao menos, neutralizá-los. Após compreender de forma clara e objetiva os Riscos Ambientais e a ela- boração do PPRA, iremos compreender o PCMSO — Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, abordando todo seu histórico e conceitos a fim de conhecer a função do médico coordenador do programa e médico examinados, entendendo a diferença entre ambos, compreendendo também as questões relacionadas à anamnese ocupacional, examesocupacionais e ASO — Atestado de Saúde Ocupacional. O presente estudo mostra as propriedades relacionadas às rotinas de trabalho de um Tecnólogo em Segurança do Trabalho, rotinas às quais o profissional necessita ter conhecimento para manter um trabalho com ética e profissionalismo com foco na segurança do trabalhador. Apresentação SAUDE.indb 7 24/06/14 17:06 SAUDE.indb 8 24/06/14 17:06 Objetivos de aprendizagem: Localizar, no tempo, o surgimento da medicina do trabalho. Compreender o que trata e qual a importância da medicina do trabalho. Entender como ampliou-se, no Brasil e no mundo. Fixar conceitos gerais. Conhecer a organização da saúde e segurança do trabalho. Aprofundar o conhecimento dos programas de prevenção à saúde do trabalhador. Dickson Luis Novello Seleide Aparecida Monteiro Eugênio Tathyane Lucas Simão Saúde ocupacional e medicina do trabalho Unidade 1 Seção 1: História e conceitos Nesta seção você irá conhecer a história, o desen- volvimento da medicina do trabalho à saúde ocu- pacional e os conceitos inerentes à medicina do trabalho e saúde ocupacional. Você irá compreender a importância desta área na sua atuação profissional. Seção 2: Organização e programas relativos à saúde do trabalho Nesta seção você irá conhecer a organização da saúde e segurança no mundo do trabalho, com- preender a importância do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional — PCMSO e conhecer SAUDE.indb 1 24/06/14 17:06 um pouco sobre outros programas para a promoção da saúde e segurança do trabalho, tais como: PCA — Programa de Conservação Auditiva e PPR — Pro- grama de Proteção Respiratória. Seção 3: Exames complementares Nesta seção você irá compreender um pouco mais sobre os exames complementares, sua importância e quando eles devem ser aplicados. Você irá en- tender que, dependendo dos riscos ambientais aos quais o trabalhador está exposto, é de suma impor- tância o monitoramento da saúde do trabalhador. SAUDE.indb 2 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 3 Introdução ao estudo As mudanças nos ambientes de trabalho advindas das inovações tecnoló- gicas e organizacionais têm incrementado significativamente a produção nas empresas. Essa relação estabelecida entre o homem e a tecnologia ocasionou novos riscos para a saúde dos trabalhadores nos aspectos físico, mental ou so- cial. Com isso, as organizações, por meio da obrigatoriedade da implantação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), e algumas com cultura prevencionista, deixam de elaborar os programas somente como cumprimento da lei, mas sim para desenvolver uma nova cultura prevencionista que garanta a saúde da coletividade, sendo um diferencial de mercado e um recurso competitivo nas relações comerciais. Nesta unidade será abordada a evolução da saúde do trabalhador nos di- versos períodos da história da humanidade até os dias atuais, observando seus conceitos. Você irá conhecer detalhadamente a Norma Regulamentadora nº 7, que criou um programa para elevar os níveis de saúde dos trabalhadores, o PCMSO. Ainda nesta unidade você vai conhecer alguns dos programas a serem desenvolvidos pela área de segurança do trabalho e pelos componentes do SESMT para auxiliar na promoção da saúde do trabalhador e na prevenção. Seção 1 História e conceitos A segurança no trabalho busca a proteção do trabalhador em seu local de atuação profissional, abrangendo aspectos relacionados à segurança e saúde. Seu objetivo básico envolve a prevenção de riscos e de acidentes nas atividades, com o objetivo de defender a integridade da pessoa humana. Nesta seção abordaremos acontecimentos históricos, que nos farão en- tender como surgiu e se desenvolveu a saúde ocupacional e a medicina do trabalho. Para nós, prevencionistas, os fatos históricos na área da segurança do trabalhador nos levam à reflexão de momentos vividos por uma mão de obra que, por séculos ou décadas, não tinha acesso a recursos que poderiam garantir sua sobrevivência em ambientes extremamente insalubres. É de suma importância também o conhecimento de todos os conceitos abordados nas atividades desenvolvidas pela medicina ocupacional para compreendermos esta área de conhecimento. SAUDE.indb 3 24/06/14 17:06 4 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O 1.1 História e desenvolvimento da medicina do trabalho à saúde ocupacional Até o início da Revolução Industrial, existem poucos relatos sobre acidentes e doenças provenientes do trabalho, tendo em vista que nesse período predo- minava o trabalho escravo e manual. Com o advento da máquina a vapor, a produtividade aumentou e o trabalhador passou a viver em um ambiente de trabalho agressivo, ocasionado por diversos fatores, dentre eles, a força motriz, a divisão de tarefas e a concentração de várias pessoas em um mesmo esta- belecimento. Nesse contexto, os riscos de acidentes e doenças originadas do trabalho começaram a surgir rapidamente (SALIBA, 2004). A relação saúde-trabalho surgiu entre o final do século XVIII e início do século XIX, no momento em que os trabalhadores eram submetidos a um pro- cesso acelerado e desumano de produção, exigindo assim uma intervenção sobre a saúde das populações urbanas trabalhadoras de fábricas, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo. Nesse período acreditava-se que era função do Estado moderno a proteção e promoção da saúde e o bem-estar dos cidadãos ligada a uma série de considerações políticas, econômicas, sociais e éticas. Na Revista Saúde Pública, em artigo elaborado por Mendes e Dias (1991), encontra-se uma interessante descrição de como se desenrolou a história da medicina do trabalho: Dr. Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têx- til, preocupado com o fato de que seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico, pedindo que indicasse qual a maneira pela qual ele, como empresário, poderia re- solver tal situação, Baker respondeu-lhe: “Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas SAUDE.indb 4 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 5 dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado” (MENDES; DIAS, 1991, p. 341). Logo, a atitude do empregador foi a contratação do Dr. Robert Baker para trabalhar na sua fábrica. Assim, no ano de 1830, surgiu o primeiro registro da medicina do trabalho. Despontou na iniciativa do patrão o primeiro serviço médico de empresa. Se isso ocorreu há tanto tempo, por que atualmente ainda é difícil conscientizar alguns empresários da importância desse trabalho? Questões para reflexão A história da medicina do trabalho vem se desenvolvendo ao longo do tempo. Vejamos algumas datas marcantes no cenário mundial: Século I: Plínio incentiva os escravos a “utilizar panos” para minimizar a exposição à poeira. 1700: Bernardino Ramazzini publica seu livro sobre as doenças dos trabalhadores. 1788: Percival reconhece a fuligem como causadora de câncer escrotal. 1833: O Parlamento britânico regulamenta o trabalho infantil. 1851: William Farr considera insalubre o ofício de “fabricante de cerâmica”.1869: A Alemanha responsabiliza empregadores. 1878: Implantação de parâmetros para exaustão. 1919: Criação da OIT. 1948: Criação da OMS. 1960: Início da criação dos movimentos sindicais. As siglas OIT e OMS significam, respectivamente, Organização Internacional do Trabalho e Organização Mundial da Saúde. Pesquise sobre sua fundação e abrangência. Amplie seus conhecimentos! Para saber mais SAUDE.indb 5 24/06/14 17:06 6 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O O livro As doenças dos trabalhadores, escrito por Bernardino Ramazzini, foi editado pela primeira vez no ano de 1700, na Itália. Ele analisa as enfermidades dos trabalhadores daquela época, com isso é possível traçar um paralelo entre as doenças da época e as atuais, já que o autor abordou problemas advindos de matérias-primas minerais e vegetais, esforços de visão, de postura e até da voz. Vale a pena lembrar que muitas profissões são antiquíssimas, como a dos militares, cantores e amoladores de objetos cortantes. Nota-se que algumas doenças eram atribuídas à etnia, como a dos judeus, por exemplo. Sabe-se que essas doenças eram atreladas às atividades que estes desenvolviam e às condições do ambiente a que estavam sujeitos, não à etnia em si. Os judeus eram mestres da costura e trabalhavam dia e noite com uma luminosidade precária, em porões úmidos, expostos a temperaturas gélidas. Conheça algumas das doenças das profissões estudadas por Ramazzini: doen ça dos mineiros; doenças dos químicos; doenças dos estanhadores; doenças dos curtidores; doenças dos coveiros; doenças dos peneiradores e medidores de cereais; doenças das lavadeiras; doenças dos judeus; doenças dos corredores; doenças dos joalheiros; doenças dos pedreiros; doenças dos amoladores; doenças dos saboeiros etc. A saúde ocupacional é uma ciência voltada à prevenção dos riscos à saúde do trabalhador oriundos do ambiente geral e principalmente do ambiente ou atividade profissional. Necessita, para atingir seu objetivo, da participação de várias outras ciências, o que foi observado desde o início da medicina do trabalho, quando os médicos pioneiros nesse campo iniciaram estudos que estabeleciam as primeiras relações entre trabalho e doença. Desde aquela época até os dias atuais, pensando-se do ponto de vista exclusivamente médico, verifica-se que uma exposição profissional a um dado agente pode levar ao aparecimento de uma doença. O paciente pode, todavia, ter sua doença considerada profissional ou não. Contudo, mesmo que o trabalhador receba atenção médica adequada com diagnóstico e tra- tamento perfeitos, o seu retorno à condição de saúde normal significa, por outro lado, o seu retorno às atividades laborativas e, consequentemente, o retorno à exposição ao agente causador, originando um ciclo fechado que pode levá-lo a graves desvios de saúde. Mendes e Dias (1991) colocam bem a preocupação por prover serviços médicos aos trabalhadores, que começou a se refletir no cenário internacional SAUDE.indb 6 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 7 também na agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919. Assim, em 1953, com a apresentação da Recomendação 97 sobre a “Pro- teção da Saúde dos Trabalhadores”, a Conferência Internacional do Trabalho pedia aos Estados-membro da OIT que estimulassem a qualificação de médicos do trabalho e o estudo da organização de Serviços de Medicina do Trabalho. A OIT convocou, no ano seguinte, um grupo de especialistas para estudar as diretrizes gerais dos Serviços Médicos do Trabalho, que posteriormente passaria a se chamar Serviços de Medicina do Trabalho. Em 1959, a experiência dos países industrializados acerca dos Serviços de Medicina do Trabalho originou a Recomendação 112, aprovada pela Conferên- cia Internacional do Trabalho. Foi o primeiro instrumento normativo de abran- gência internacional, e considerado uma referência para o estabelecimento de diplomas legais nacionais. Trata de aspectos que incluem a sua definição, os métodos de aplicação da Recomendação 112, a organização dos Serviços, suas funções, pessoal e instalações, e meios de ação. Características dos Serviços de Medicina do Trabalho: Assegurar a proteção dos trabalhadores contra todos os riscos que prejudiquem a sua saúde, resultantes de seu trabalho ou das condições em que são efetuados. Contribuir para a adaptação física e mental dos trabalhadores às atividades que serão desempenhadas. Adequar o trabalho às aptidões dos trabalhadores. Estabelecer e manter o nível mais elevado possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores. Para saber mais Dentro do mesmo raciocínio, podemos acompanhar a evolução da medicina do trabalho para a saúde ocupacional: O preço pago pelos trabalhadores em permanecer nas indústrias durante os anos da II Guerra Mundial, em condições extremamente adversas e em intensidade de trabalho extenuante, foi — em algumas categorias — tão pesado e doloroso quanto o da própria guerra. Sobretudo porque, terminado o conflito bélico, o gigantesco esforço industrial do pós-guerra estava recém iniciando. SAUDE.indb 7 24/06/14 17:06 8 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O Num contexto econômico e político como o da guerra e o do pós-guerra, o custo provocado pela perda de vi- das — abruptamente por acidentes do trabalho, ou mais insidiosamente por doenças do trabalho — começou a ser também sentido tanto pelos empregadores quanto pelas companhias de seguro, às voltas com o pagamento de pesadas indenizações por incapacidade provocada pelo trabalho. A tecnologia industrial evoluíra de forma acelerada, traduzida pelo desenvolvimento de novos processos in- dustriais, novos equipamentos, e pela síntese de novos produtos químicos, simultaneamente ao rearranjo de uma nova divisão internacional do trabalho. Entre muitos outros desdobramentos deste processo, desvela-se a relativa impotência da medicina do traba- lho para intervir sobre os problemas de saúde causados pelos processos de produção. Crescem a insatisfação e o questionamento dos trabalhadores — ainda que apenas “objeto” das ações — e dos empregadores, onerados pelos custos diretos e indiretos dos agravos à saúde de seus empregados. A resposta, racional, “científica” e aparentemente in- questionável traduz-se na ampliação da atuação médica direcionada ao trabalhador, pela intervenção sobre o ambiente, com o instrumental oferecido por outras dis- ciplinas e outras profissões. A “Saúde Ocupacional” surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com o traço da multi e interdisciplina- ridade, com a organização de equipes progressivamente multiprofissionais, e a ênfase na higiene “industrial”, re- fletindo a origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países “industrializados”... [...] A racionalidade “científica” da atuação multiprofis- sional e a estratégia de intervir nos locais de trabalho, com a finalidade de controlar os riscos ambientais, refle- tem a influência das escolas de saúde pública, onde as questões de saúde e trabalho já vinham sendo estudadas há algum tempo. Na metade deste século intensificam-se o ensino e a pesquisa dos problemas de saúde ocupacio- nal nas escolas de saúde pública — principalmente nos Estados Unidos (Harvard, Johns Hopkins, Michigan, e Pittsburgh) — com forte matiz ambiental. Assim, de um lado a saúde ocupacional passa a ser considerada como um ramo da saúde ambiental (como, aliás aconteceu também na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); de outro, desenvolvem-se SAUDE.indb 8 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 9 fortes unidades de higiene “’industrial”, por meio de “grants” e contratos de serviços com grandes empresas. No estabelecimento da higiene ocupacional nestes cen- tros acadêmicose em instituições governamentais de projeção, os nomes de Theodore Hatch, Phillip Drinker, Herbert Stokinger e John Bloomfield, entre outros, passam a constituir referência obrigatória. Contudo, o desenvolvimento da saúde ambiental/saúde ocupacional nas escolas de saúde pública dos Estados Unidos, centrado na higiene ocupacional, deu-se, não de forma complementar, mas acompanhado de uma relativa desqualificação do enfoque médico e epide- miológico da relação trabalho-saúde (MENDES; DIAS, 1991, p. 343-344). No caso brasileiro, a adoção e o desenvolvimento da saúde ocupacional ocorreram tardiamente. Ainda que em 1891 já houvesse relatos de observações no ambiente de trabalho, estas observações tratavam do trabalho de crianças no Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, conforme Decreto 1313. Foi no início do século XX, com a organização do processo de trabalho, que ocorre- ram profundas transformações na relação saúde-trabalho vindas por parte da medicina social e dos movimentos organizados pelos operários. A partir do século XX, houve um estímulo na área da saúde ocupacional no sentido de regulamentar a saúde e segurança do trabalhador e o ambiente de trabalho. Conforme Jacinto (2014): [...] em 15 de janeiro de 1919, surgiu a primeira lei so- bre o assunto (Lei nº 3724/19) versando sobre acidente de trabalho, já com o conceito do risco profissional, e, em 1921, foi criada a Inspeção do Trabalho, com sede no Rio de Janeiro. Posteriormente em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) e em 1931 o Departamento Nacional do Trabalho, cuja função era de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada, férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores, evoluindo, um ano depois, para a descentralização em inspetorias regionais nos estados da federação, posteriormente transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho. Cresce a atenção do Estado para as questões de segurança no trabalho e, em 1934, tornou-se obrigatória a comuni- cação de acidentes dessa natureza à autoridade policial e, com o crescimento das indústrias e consequente aumento do número de trabalhadores urbanos, surge no país, em SAUDE.indb 9 24/06/14 17:06 10 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as primeiras referências à higiene e segurança no tra- balho. Ainda na década de 1940, emergem as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), organizadas pelas empresas e em 1953, estruturada pela Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, é promulgada a Portaria 155, que regulamenta e organiza as CIPAs esta- belecendo normas para seu funcionamento. Considerada uma das medidas mais efetivas no contexto das ações para prevenção dos acidentes do trabalho, as CIPAs trouxeram grandes contribuições e incentivaram a realização de congressos sobre prevenção de acidentes, donde surgiram as aspirações para a criação de mais dispositivos legais, como a Portaria 319 de 30.12.60 re- gulamentando o uso dos EPIs, ao mesmo tempo que os médicos e demais profissionais da área da saúde passa- ram a dar mais atenção e a se dedicar mais às doenças específicas dos trabalhadores, proliferando os serviços médicos nas empresas. No final dos anos 1960 o MTIC foi desmembrado, pas- sando a ser o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) (posteriormente renomeado para Ministério do Trabalho — MTb em 1974 e MTPS novamente em 1991), o Brasil já possuía uma legislação específica sobre o tema e também instituições voltadas ao estudo e capa- citação na área, como a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, hoje Funda- ção Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho — Fundacentro fundada em 1966. Na década de 1970 o país vivia a fase de obras faraônicas, tais como a Transamazônica, estádios de futebol, hidrelétricas etc., ocasionando a morte de centenas de operários todos os dias devido ao ritmo acelerado de tais obras, intensifi- cando as ações do governo para segurança e saúde do tra- balhador, como a imposição às empresas de constituírem os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho — SESMTs dimensionados de acordo com o grau de risco e o número de trabalhadores, bem como ampliou e modificou o capítulo V da CLT, que versa sobre medicina e segurança do trabalho, ao criar as Normas Regulamentadoras, (Portaria 3.214/78). Com o surgimento do Movimento Sindical, oriundo das greves no final da década de 1970, e sua posterior reor- ganização, a questão da saúde foi introduzida nas pautas de reivindicações e tiveram um papel importante nas questões sociais voltadas a saúde do trabalho, fazendo SAUDE.indb 10 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 11 emergir modelos de instrumentos como os Programas de Saúde do Trabalhador e discussões públicas como a I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, em 1986, culminando com a reforma constitucional de 1988, definindo como direitos de cidadania saúde e trabalho. Já em 1990 foi promulgada a Lei Orgânica de Saúde, (Lei 8.080/90), que além de definir os princípios e objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS), contempla decisiva- mente a questão saúde do trabalhador. Durante toda essa década surgiram vários marcos na área de SST como o I Seminário Nacional de Saúde do Trabalhador em 1991, a constituição da Comissão Interministerial de Saúde do Trabalhador, cujo relatório de novembro de 1993 continha princípios de atuação conjunta de órgãos do Governo em prol da saúde do trabalhador, a mudança do então Ministério do Trabalho e da Administração Federal (1992) para Ministério do Trabalho e Emprego, que é sua atual denominação, entre outros, que foram responsá- veis pela evolução das ações voltadas para a defesa da saúde do trabalhador, como a modificação das Normas Regulamentadoras que vinham intactas dede a Portaria 3.214 de 1978 sendo objeto de aperfeiçoamento até os dias de hoje. Desde então, a saúde e segurança no trabalho vêm sofrendo constante evolução e aperfeiçoamento, não so- mente no aspecto prevencionista, mas, sobretudo, por tendências voltadas para a dignificação do trabalho, bem estar físico e mental, adaptação do trabalho ao homem em questões ergonômicas, direito a informação e partici- pação dos trabalhadores, dentre outros vislumbrados não somente em legislação, mas também em certificações de qualidade na área de saúde e segurança ocupacional (JA- CINTO, 2014, p. 1). Para ter acesso a mais informações sobre Legislações, consulte o site: <http://www.anamt.org.br/site/pagina_geral.aspx?psmid=3&sumid=4>. Para saber mais No campo acadêmico, Mendes e Dias (1991) destacam a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo que, dentro do Departamento de Saúde Ambiental, criou uma área de Saúde Ocupacional e estendeu sua influência como centro de referência nessa área por meio de cursos de SAUDE.indb 11 24/06/14 17:06 12 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O especialização e, principalmente, por meio da pós-graduação (mestrado e doutorado). Com efeito, esse modelo influenciou outras instituições de ensino e pesquisa, especialmente em nível de alguns departamentos de medicina preventiva e social de escolas médicas. No campo institucional, o ponto mais importante foi a criação da Fundacen- tro, baseado nos “Institutos” de Saúde Ocupacional desenvolvidos no exterior, a partir da década de 1950, destacando-se, os de Helsinque, Estocolmo, Praga, Budapeste, Zagreb, Madrid, o NIOSH em Cincinnati, Lima e Santiago do Chile. Conforme descrito em seu endereço eletrônico, a Fundacentro foi [...] criada oficialmente em 1966, e teve os primeiros passos de sua história dados no início da década, quando a preocupação com os altos índices de acidentes e doen- ças do trabalhocrescia no governo e entre a sociedade. A ideia de criar uma instituição voltada para o estudo e pesquisa das condições dos ambientes de trabalho, com a participação de todos os agentes sociais envolvidos na questão, começou a ganhar corpo. [...] Em 1965, após a visita ao país de especialistas da OIT, e de novos estudos sobre as condições necessárias para a implantação da iniciativa, o Governo Federal decidiu pela criação de um cen- tro especializado, tendo a cidade de São Paulo como sede da nova instituição, em função do porte de seu parque industrial. (FUNDAMENTOS, [s.d.]) Na mesma linha, Mendes e Costa (1991, p. 344) citam que: Na legislação, expressou-se na regulamentação do Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), reformada na década de 70, principalmente nas normas relativas à obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos locais de trabalho (atual Norma Regulamentadora 4 da Portaria nº 3214/ 78); na avaliação quantitativa de riscos ambientais e adoção de “limites de tolerância” (Normas Regulamentadoras 7 e 15), entre outras. Apesar das mudan- ças estabelecidas na legislação trabalhista, foram mantidas na legislação previdenciária/acidentária as características básicas de uma prática medicalizada, de cunho individual, e voltado exclusivamente para os trabalhadores engajados no setor formal de trabalho. A medicina do trabalho ainda tem um longo caminho a percorrer, mas quando observamos todas as iniciativas que foram tomadas e implantadas, percebemos que este não é um campo de atuação estático. Pelo contrário, é uma ciência que SAUDE.indb 12 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 13 está em constante atualização e aprimoramento. Devemos admirar seus precur- sores, que tiveram a coragem de “vestir a camisa” daqueles que, em sua labuta diária, muitas vezes se arriscam para que a vida não pare, dando continuidade à existência da humanidade. “A história é como um facho de luz que se projeta do passado para iluminar os caminhos do futuro” (Arnold Toynbee). Precisamos entender que o foco principal da medicina do trabalho não é a cura do trabalhador doente. É trabalhar para que ele não adoeça, monitorando e priorizando ações de prevenção. Quando as pessoas são expostas a agentes nocivos, sem proteção ou medidas de neutralização, constata-se que, mesmo que em longo prazo, todos saem perdendo, empregadores, empregados e a sociedade como um todo. Fatores como absenteísmo, uso descontrolado dos benefícios da previdência, marketing negativo para as empresas, consequente desorganização, os processos produtivos e diminuição da qualidade de vida devem ser considerados. 1.2 Conceitos inerentes à medicina do trabalho e saúde ocupacional Nossa proposta é levá-lo a refletir sobre a saúde do trabalhador e a aplicação da medicina do trabalho nas empresas por meio dos conceitos aplicados em saúde ocupacional e medicina do trabalho. 1.2.1 Saúde O conceito de saúde é dinâmico. Na atualidade, é difícil conservar os mesmos níveis de saúde ao longo dos dias. A cada momento, em função de tudo que vivemos durante o dia a dia, nossa saúde e bem-estar sem dúvidas são afetados. O estresse pode nos levar a fadiga, cansaço e baixa imunidade. O conceito adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) de 1948 define: “Saúde é o estado de completo bem-estar e não apenas a ausência de doença”. Baseado nesse conceito, o papel da medicina do trabalho é observar o trabalhador de uma maneira integral, com ações de promoção e proteção das condições físicas e socioambientais no ambiente de trabalho, garantindo sua integridade física e mental. 1.2.2 Meio ambiente de trabalho Fiorillo (2003 apud RIZZATTO, 2009, p. 1) define o ambiente de trabalho de uma forma abrangente, incluindo também as atividades não remuneradas: SAUDE.indb 13 24/06/14 17:06 14 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O O meio ambiente do trabalho é o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autôno- mos etc.). 1.2.3 Saúde ocupacional A saúde ocupacional tem seu enfoque principal na preservação e desen- volvimento das pessoas durante o trabalho na empresa, bem como sua ex- tensão de saúde social. A saúde ocupacional precisa ter uma visão integrada, considerando o trabalhador como um todo, e tem como objetivo proteger os trabalhadores, sem os expor a riscos que possam interferir em sua saúde e que possam ser adquiridos no trabalho, lembrando que saúde inclui também a saúde mental do trabalhador. 1.2.4 Medicina ocupacional Como vimos anteriormente no histórico da saúde do trabalhador, a medi- cina ocupacional é uma especialidade médica que direciona todas as ações na promoção e preservação da saúde do trabalhador. Ela direciona o médico do trabalho a avaliar a capacidade do candidato a determinado trabalho e realizar avaliações periódicas de sua saúde, enfatizando os riscos ocupacionais aos quais o trabalhador estaria exposto. Desde que foi implantada conforme determinação legal, a medicina ocu- pacional garante à empresa a adoção de uma política de segurança e saúde no trabalho que seja composta por medidas básicas de prevenção e controle de riscos, capacitação e treinamentos, responsabilidade, comprometimento, controle de emergências, registro e análises de acidentes, principais leis dos direitos trabalhistas e normas específicas do ramo adotadas. A medicina ocupacional visa à proteção da comunidade e do meio ambiente juntamente com a participação de forma apropriada na identificação, na ava- liação e na orientação sobre prevenção dos riscos ambientais decorrentes dos processos de trabalho ou das operações realizadas na empresa. SAUDE.indb 14 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 15 1.2.5 Anamnese ocupacional Ao iniciar uma atividade na empresa, o trabalhador realiza sua consulta com o médico do trabalho, e também é entrevistado por este profissional para que sejam registrados todos os fatos relacionados com a condição dele e sua futura aptidão. O médico do trabalho segue um método, porém deve-se observar a particu- laridade de cada empresa. A palavra anamnese vem do grego ana, que significa trazer de novo ou trazer de volta, e mnesis, que significa memória. A anamnese ocupacional, em muitas empresas, é acompanhada de um questionário em que o trabalhador responde a questões relativas à sua saúde. A ficha ocupacional usada na entrevista do médico deve conter também campos para que o trabalhador possa fornecer informações sobre sua saúde de próprio punho. 1.2.6 Exames ocupacionais Os exames ocupacionais são o conjunto de procedimentos médicos realiza- dos para avaliar as condições de saúde do empregado. De acordo com Norma Regulamentadora n. 7 do Ministério do Trabalho, são obrigatórios os exames admissional, periódico, mudança de função, retorno ao trabalho e demissional. 1.2.7 Exames complementares Os exames complementares auxiliam o médico na elaboração de um diag- nóstico. São de suma importância para que o médico possa atestar a aptidão do trabalhador para a atividade que irá exercer. 1.2.8 Atestado de Saúde Ocupacional — ASO O que se entende por estar apto ou não para o trabalho? O ASO, ou Atestado de Saúde Ocupacional, define se o funcionário está apto ou não para realizar suas funções dentro da empresa. Para cada exame realizado, o médico emitirá em duas vias o ASO. Uma via será arquivada no local de trabalho, inclusive na frente de trabalho ou canteiro de obra, à disposição da fiscalização do trabalho. A outra via será obrigatoriamente entregue ao trabalhadormediante recibo na primeira via (BRASIL, 1994). Os dados que devem constar no ASO são a identi- ficação completa do trabalhador: o número de identidade, a função exercida, os riscos que existem na execução de suas tarefas, procedimentos médicos a que SAUDE.indb 15 24/06/14 17:06 16 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O foi submetido, ou seja, informações completas sobre a saúde do funcionário, deixando ele e a empresa cientes de sua atual condição (DESIGN..., 2013). 1.2.9 Monitoração da avaliação ocupacional A monitoração ocupacional consiste em verificar se a concentração dos agentes (químicos) ou de seus metabólitos orgânicos estão dentro dos níveis estabelecidos por órgãos governamentais ou pela comunidade científica. Al- guns parâmetros estão definidos no Quadro III da Norma Regulamentadora nº 7 (Alterado pela Portaria SIT no 223, de 6 de maio de 2011) (BRASIL, 2011). 1.2.10 IBMP — Índice Biológico Máximo Permitido É o valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe que a maioria das pessoas expostas de maneira ocupacional não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem deste valor significa exposição excessiva. 1.2.11 Doenças ocupacionais ou profissionais São doenças causadas, de acordo com Ramazzini (1999), especificamente pela “nocividade da matéria manipulada” no trabalho, como a silicose, doença pulmonar que ataca principalmente mineiros. 1.2.12 Doença do trabalho São doenças causadas por condições especiais em que o trabalho é rea- lizado, como posições forçadas e inadequadas, ou doenças que podem ser agravadas pelo trabalho. Dores nas costas podem surgir por esforço, ou a pessoa pode possuir previamente alguma alteração na coluna e o esforço no trabalho agrava a condição. É importante lembrar que não são consideradas doenças do trabalho: a) doenças degenerativas (diabetes, hipertensão arterial etc.); b) inerentes a grupo etário; c) que não produzem incapacidade laborativa; d) doença endêmica em região onde ela se desenvolva, salvo se compro- vado que resultou de exposição ou contato direto determinados pela natureza do trabalho (COSTSA..., 2013). SAUDE.indb 16 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 17 Para entender um pouco mais sobre o universo da medicina do trabalho, leia as Diretrizes gerais para o exercício da medicina do trabalho, acessando o link: <http://www.cremerj. com.br/publicacoes/download/102;jsessionid=IFDY6QZllHpbTTvNy6FipwDG.undefined>. Para saber mais 1. Qual o foco da segurança no trabalho? ( ) A saúde no trabalho. ( ) A emissão da CAT. ( ) As doenças do trabalho e doenças profissionais. ( ) A proteção da saúde e integridade física do trabalhador em seu local de trabalho. 2. O que não se refere à saúde do trabalhador: ( ) Manutenção da produtividade das máquinas. ( ) Vigilância epidemiológica e vigilância sanitária. ( ) Promoção e proteção da saúde dos trabalhadores. ( ) Uso de EPIs. 3. Qual a frase incorreta? ( ) A segurança no trabalho é o conjunto de medidas que buscam minimizar os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. ( ) A segurança no trabalho atua na prevenção dos acidentes do trabalho. ( ) A segurança no trabalho destina-se às empresas privadas e pú- blicas, excluindo-se os trabalhadores rurais. ( ) O risco bruto é o risco associado às atividades da organização na ausência da função segurança. Atividades de aprendizagem SAUDE.indb 17 24/06/14 17:06 18 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O Seção 2 Organização e programas relativos à saúde do trabalho Nesta seção vamos aprofundar o estudo da medicina do trabalho. Vamos versar sobre o programa médico que todas as empresas são obrigadas a fazer, que rege todas as atividades relacionadas à saúde na empresa. Mas também veremos que o papel do médico do trabalho não deve limitar-se à elaboração e execução do programa, e sim pensar no trabalhador de uma forma mais ampla, entendendo suas necessidades laborais e pessoais. 2.1 Organização da saúde e segurança no mundo do trabalho Muitas vezes existe a necessidade de se tomar decisões rápidas para a efi- cácia de um procedimento, o serviço de segurança e saúde do trabalho deve estar preparado para situações que envolvam ações de emergência. Por esse motivo, o serviço deve estar diretamente ligado ao setor capaz de executar as medidas recomendadas sem a necessidade de avaliações prévias. O serviço de medicina do trabalho é parte integrante do SESMT, que deve ser chefiado pelo médico do trabalho, ao passo que o engenheiro de segurança chefiará o serviço de engenharia de segurança do trabalho. 2.1.1 Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) está pautado na Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4) e tem como objetivo promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no ambiente de trabalho. O SESMT deverá ser composto pelos seguintes profis- sionais: médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro, técnico de segurança no trabalho e auxiliar de enfermagem. Sua dimensão está ligada diretamente com a atividade da empresa e o número de funcionários. Esses profissionais têm a função de promover a segurança dos trabalhadores por meio do ambiente de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos, re- duzir os riscos à saúde do trabalhador, verificar o uso dos EPIs, orientar para que os mesmos cumpram a NR, fazendo com que neutralizem ou diminuam os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais. SAUDE.indb 18 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 19 2.1.2 Atribuições do serviço de medicina do trabalho Como o objetivo principal desse serviço é proteger a saúde dos trabalhado- res. Seja com medidas corretivas ou preventivas, cabe a ele a aplicação dos vá- rios instrumentos e/ou mecanismos para o objetivo seja atingido com eficiência. Segundo a OMS, a saúde é definida como um estado perfeito de bem-estar físico, psíquico e social. O trabalhador pode estar exposto a condições que o prejudiquem, podendo ocasionar uma diminuição na sua capacidade de tra- balho e, a longo prazo, podendo levar à redução da qualidade de vida. Logo, é fundamental que as atividades desenvolvidas pelo serviço de medicina do trabalho também sejam baseadas nos Códigos de Ética Médica e na Conduta do Médico do Trabalho. As atividades do serviço de medicina do trabalho ficam restritas à atuação relacionada a atendimentos de acidentes e consultas médicas do trabalho. Porém, os profissionais desse serviço devem ir além destas atividades, atuando também na prevenção e manutenção da saúde do trabalhador. Vamos citar algumas das atribuições delegadas ao serviço de medicina do trabalho: exames médicos admissionais, demissionais, periódicos e especiais; produção da educação sanitária; informações, divulgações e educação; programas de nutrição; programas de vacinação; estatísticas epidemiológicas; controle de absenteísmo por entidades nosológicas; controle estatístico dos acidentes de trabalho; participação em reuniões da CIPA; organização de cursos de primeiros socorros básicos de emergência; exames e controles biométricos; programas de controles especiais relacionados à conservação auditiva, es- tresse, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis, drogas, entre outras; visitas e inspeções periódicas; auditorias e assessorias; programas de reabilitação, adaptação e serviços compatíveis. SAUDE.indb 19 24/06/14 17:06 20 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O Devido à extensa lista de atividades que o médico do trabalho pode executar dentro da empresa, é de suma importância a sua interação com todos os setores da empresa, e, dependendo do tamanho e número de fun- cionários, será necessárioque o serviço de medicina trace prioridades de atendimento. 2.1.3 Organização do serviço de medicina do trabalho É necessária a elaboração de normas de procedimentos destinadas aos pro- fissionais do serviço de medicina do trabalho, com o objetivo de uniformizar os procedimentos. Recomenda-se a criação de um banco de dados que seja de fácil acesso para introdução de dados, controle e manutenção de dados estatísticos pelo setor. Nesses arquivos deverão ser mantidos os prontuários médicos dos trabalhadores, bem como todos os exames e formulários dos pacientes. Há previsão de um efetivo médico e paramédico para o setor de medicina do trabalho, descrita na Norma Regulamentadora nº 4 — Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho. 2.1.4 Gestão da segurança e saúde ocupacional Nos últimos anos, tem crescido a implantação de sistema de gestão de saúde e segurança. Esse sistema é mais amplo que os anteriores, pois integra também os programas de qualidade e meio ambiente. As orientações básicas do sistema de gestão de saúde e segurança estão contidas na norma britânica (British Standard) BS 8800 e Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS) 18001. A norma britânica BS 8800 foi uma das primeiras tentativas consistentes de estabelecer uma referência normativa para a implementação de um sis- tema de gestão de segurança e saúde ocupacional. Essa norma vinha sendo utilizada na implementação de um sistema de gestão de segurança e saúde, visando à melhoria contínua das condições do ambiente de trabalho. Os princípios dessa norma estão alinhados aos conceitos e diretrizes das normas da série ISO 9000 (Sistema da Qualidade) e ISO 14000 (Gestão Ambiental). SAUDE.indb 20 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 21 Já a norma OHSAS 18001 apresenta requisitos para a implementação de um sistema de gerenciamento para capacitar a organização para im- plementar o programa de melhoria contínua das condições e redução dos riscos no ambiente de trabalho. Uma exigência detalhada de desempenho, quantificada sempre que viável e pertinente à organização, é oriunda dos objetivos de saúde e segurança e precisa ser cumprida para que estes sejam atingidos. De acordo com Araújo (2008), o princípio básico de um sistema de gestão baseado em aspectos normativos envolve a necessidade de determinar parâme- tros de avaliação que incorporem não só os aspectos operacionais, mas também a política, o gerenciamento e o comprometimento da alta administração com o processo de mudança e melhoria contínua das condições de segurança, saúde e das condições de trabalho. Esse princípio é de fundamental importância, pois na maioria das vezes, as melhorias exigem, além do comprometimento, investimentos que necessitam de planejamento a curto, médio e longo prazo para a sua execução. Observa-se, então, que todos os profissionais dentro do processo produtivo são responsáveis no mesmo nível de importância, princi- palmente os gerentes e os supervisores. Ainda segundo Araújo (2008), um dos aspectos importantes em um sis- tema de gestão é o monitoramento e acompanhamento do desempenho das ações estabelecidas pelo programa de segurança. Para isso, é necessária a definição dos indicadores e da forma de acompanhar a evolução de cada um deles e divulgar os resultados objetivos para toda empresa. Assim, o foco das organizações aponta que se deve dar a importância para as questões de qualidade, segurança, saúde ocupacional e meio ambiente, pois são elas que irão garantir o aumento da produtividade para os empresários, redução dos custos sociais para o governo e melhoria da qualidade de vida para os trabalhadores, trazendo benefícios para a sociedade de uma forma geral. Os elementos que compõem o sistema de gestão dependem da natureza da atividade, tamanho da organização, perigos e condições nas quais opera. A BS 8800 fornece os elementos do sistema de gestão, saúde e segurança ocu- pacional bem-sucedido, conforme ilustrado na Figura 1.1. SAUDE.indb 21 24/06/14 17:06 22 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O Figura 1.1 Elementos do sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional Fonte: Saliba (2004). Analisando a Figura 1.1, estes elementos constituem a referência para implan- tação dos sistemas. De forma simplificada, os objetivos de cada elemento são: Levantamento inicial É a etapa inicial da implantação do sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. Seu objetivo é diagnosticar a situação prevencionista em que a em- presa se encontra e com esses dados estabelecer a base do programa. A BS 8800, em seus anexos, fornece informações orientativas do levantamento inicial. Política de saúde e segurança ocupacional O Programa de Saúde e Segurança Ocupacional só será bem-sucedido se a alta direção da empresa estiver comprometida com a política prevencionista. Segundo a BS 8800, aqueles que têm poder na organização devem definir, SAUDE.indb 22 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 23 documentar e endossar a sua política de segurança e saúde ocupacional, assegurando que a política inclui os compromissos de: Reconhecer a segurança e saúde ocupacional como parte integral do seu desempenho negocial. Obter elevado nível de desempenho de segurança e saúde ocupacional, com o atendimento aos requisitos legais mínimos, e ao contínuo aper- feiçoamento, com economicidade, do desempenho. Proporcionar recursos adequados e apropriados ao implemento da política. Estabelecer e publicar os objetivos de segurança e saúde ocupacional, ainda que apenas por meio de boletins internos. Colocar o gerenciamento de segurança e saúde ocupacional como uma responsabilidade primordial da gerência de linha, do dirigente hierarqui- camente mais alto ao nível de supervisão. Assegurar a sua compreensão, implementação e manutenção em todos os níveis na organização. Promover o envolvimento e interesse dos empregados, visando obter compromissos com a política e sua implementação. Revisar periodicamente a política, o sistema de gerenciamento e auditoria do cumprimento daquela. Assegurar que os empregados, em todos os níveis, recebam treina- mento apropriado e sejam competentes para executar suas tarefas e responsabilidades. Organização Responsabilidades: a responsabilidade quanto ao sistema de segurança e saúde repousa especialmente na alta gerência, sendo recomendável atribuir a uma pessoa da alta administração a responsabilidade de garan- tir a implantação e fundamento do programa. Assim, todos os níveis da organização também devem estar comprometidos com o programa. Dispositivos organizacionais: as normas definem a importância da integra- ção do sistema de saúde e segurança ocupacional em todas as atividades da empresa. Documentação: é o elemento-chave para o sucesso de qualquer programa de segurança e saúde ocupacional. Conforme orientações contidas em to- dos os programas PPRA, PCMSO, entre outros, os registros, documentação SAUDE.indb 23 24/06/14 17:06 24 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O de dados de avaliação e exames são fundamentais, devendo, inclusive, ser mantidos por no mínimo 20 (vinte) anos. Planejamento e implantação O planejamento da atividade do Programa de Saúde e Segurança Ocu- pacional, com estabelecimento claro de desempenho, define o que deve ser feito, quando deve ser feito, quem é o responsável e o desfecho desejado, é primordial para o êxito do programa, assim como a avaliação de risco, incluindo identificações de perigos, os requisitos legais e outros aplicáveis ao sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. A empresa deverá estabelecer procedimentos de identificação e análise de risco e controle. A BS 8800 fornece metodologia a critério de interpretação de análise do risco, devendo, portanto, ser consultada pelos leitores.Medição do desempenho A medição do desempenho é uma forma importante de comprovar a eficácia do sistema de gerenciamento de saúde e segurança ocupacional. A empresa deverá estabelecer procedimentos adequados na medição de desempenho do programa, conforme as orientações contidas nas normas citadas. Auditoria As auditorias periódicas possibilitam a avaliação mais profunda e crítica de todos os elementos do sistema de gerenciamento de saúde e segurança ocupacional. Devem ser conduzidas por pessoas competentes e independentes, podendo, no entanto, ser designadas pessoas da própria empresa. As audito- rias precisam ser rigorosas. No entanto, sua abordagem deve ser adaptada ao tamanho da empresa e à natureza de seus perigos. Quando da implantação do sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional, recomenda-se a consulta das normas pertinentes, especialmente a BS 880 e a OSHAS 18001. 2.2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional — PCMSO No link a seguir, você verá a Norma Regulamentadora no 7 na íntegra, que deverá ser usada sempre que dúvidas surgirem: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E21660130E0819FC102ED/nr_07.pdf>. Para saber mais SAUDE.indb 24 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 25 2.2.1 Fundamentação legal do PCMSO Vamos iniciar apresentando o embasamento legal que destaca, na CLT datada de 1o de maio de 1943, a obrigatoriedade da realização dos exames. O artigo 168 da CLT regulamenta a obrigatoriedade do exame médico do empregado, por conta do empregador. §1o Por ocasião da admissão, o exame médico obrigatório compreenderá investigação clínica e nas localidades em que houver abreugrafia. Mentário: O termo abreugrafia se refere ao raio X de pulmão. §2o Em decorrência da investigação clínica ou da abreu- grafia, outros exames complementares poderão ser exi- gidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. §3o O exame médico será renovado, de seis em seis me- ses, nas atividades e operações insalubres, e anualmente nos demais casos. A abreugrafia será repetida a cada dois anos. §4o O mesmo exame médico de que trata o Par.1o será obrigatório por ocasião da cessão do contrato de trabalho, nas atividades, a serem discriminadas pelo Ministério do Trabalho, desde que o último exame tenha sido realizado há mais de 90 (noventa dias). §5o Todo estabelecimento deve estar equipado com mate- rial necessário à prestação de primeiros socorros médicos. Art. 169 Será obrigatória a notificação das doenças pro- fissionais e das produzidas em virtude de condições es- peciais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Mi- nistério do trabalho (BRASIL, 1943). A publicação do PCMSO foi por meio da Portaria GM no 3.214, de 8 de junho de 1978, tendo suas alterações e atualizações por meio da Portaria SSMT no 12, de 6 de junho de 1983 (14/06/83), Portaria MTPS no 3.720, de 31 de outubro de 1990 (1/11/90), Portaria SSST no 24, de 29 de dezembro de 1994 (30/12/90), Portaria SSST no 8, de 8 de maio de 1996 (Rep. 9/05/96), Portaria SSST no 19, de 9 de abril de 1998 (22/04/98), Portaria SIT no 223, de 6 de maio de 2011 (10/05/11), Portaria SIT no 236, de 10 de junho de 2011 (13/06/11), todas aprovadas e constantes no Diário Oficial da União (DOU). SAUDE.indb 25 24/06/14 17:06 26 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O 2.2.2 Obrigatoriedade de implantação do PCMSO O PCMSO é obrigatório para toda empresa que tenha empregados pelo regime CLT; independentemente da quantidade e grau de risco, ela é obrigada a elaborar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o PCMSO. O grau de riscos (GR) das empresas é determinado conforme a Norma Re- gulamentadora no 4 no Quadro 1.1. Quadro 1.1 Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) — Códigos, Denominação e GR Código Denominação GR 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 17.1 Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel 17.10‑9 Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel 3 17.32‑0 Fabricação de embalagens de cartolina e papel-cartão 2 18 Impressão e reprodução de gravações 18.11‑3 Impressão de jornais, livros, revistas e outras publicações periódicas 3 Fonte: Adaptado de Brasil (2008). O PCMSO estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais que devem ser observadas durante sua execução. Podem ser incluídos também e obser- vados novos pontos de segurança e saúde por meio de convenção coletiva de trabalho de cada categoria. No que diz respeito à empresa contratante de mão de obra, esta é obrigada a informar à empresa contratada (no caso, a presta- dora de serviços) a quais riscos os trabalhadores estarão expostos durante a execução do serviço. Se o PCMSO da prestadora de serviço não contemplar o exame de audiometria e esta vai prestar serviço em uma área ruidosa, seu PCMSO deverá ser reformulado, ou seja, deverá ser incluída a realização da audiometria ocupacional. 2.2.3 Diretrizes no PCMSO Quando falamos nas articulações com as demais normas regulamentadoras, podemos perceber que o PCMSO e os profissionais que compõem o SESMT devem ter a mesma linguagem com posicionamento lógico para que o traba- lhador, nas diversas atividades econômicas, possa desempenhar suas atividades de maneira que garanta a sua saúde física e mental. SAUDE.indb 26 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 27 O médico do trabalho deve conhecer o local de trabalho a partir de vi- sitas para conhecer os riscos mencionados nos programas PPRA e outros, e fazer uma análise das atividades do trabalhador. Somente assim ele poderá definir o conjunto de exames clínicos e complementares específicos para a prevenção ou detecção precoce dos agravos à saúde dos trabalhadores. O profissional também deverá seguir critérios para interpretação dos resultados dos exames e que condutas devem ser tomadas, no caso de este profissional encontrar alterações. O médico do trabalho pode não detectar algum tipo de risco ocupacional, sendo assim, o exame ocupacional deve ser resumido a uma avaliação clínica para todos os exames exigidos, ou seja, exame admissional, periódico, de re- torno ao trabalho e demissional. Por meio de dados adquiridos pela boa prática da medicina do trabalho são gerados dados clínico-epidemiológicos que podem auxiliar o profissional a tratar a coletividade e não só o indivíduo. Por meio da abordagem de grupos homogêneos, pode-se adotar como instrumento o cálculo de taxas ou coe- ficientes para verificar se há locais de trabalho, setores, atividades, funções, horários ou grupos de trabalhadores com mais agravos à saúde do que outros. Com isso, podem ser feitas investigações específicas e detectar a causa para planejar a prevenção. Sempre que o médico do trabalho detectar alguma alteração no ambiente ou até mesmo nas normas que implique em agravo à saúde, o programa pode ser alterado a qualquer momento. Lembramos também que o documento do PCMSO não precisa ser ho- mologado ou registrado no Ministério do Trabalho ou na Delegacia Regional do Trabalho. Ele deverá ser arquivado no estabelecimento à disposição da fiscalização, exceto nos casos em que a empresa é notificada a apresentar os documentos a estes órgãos. 2.2.4 Responsabilidades dentro do PCMSO As responsabilidades dentro do PCMSO são do empregador e do médico coordenador, cuja norma é bem clara na definição dos papéis de ambas as partes. A empresa, no papel do empregador, deverá zelar para que o programa seja desenvolvido, garantindo sua elaboração e efetiva implementação, ou seja, que funcione de fato, não sendo apenas um documento de gaveta. SAUDE.indb 27 24/06/14 17:06 28 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B AL H O Os custos provenientes da implantação do PCMSO, em que são incluídas as avaliações médicas e os exames complementares que se fizerem necessários, deverão ser assumidos totalmente pelo empregador, que podem ser cobrados por meio da fiscalização e comprovados em documentos fiscais previstos na legislação. Para saber se a empresa é obrigada a manter um médico do trabalho em seu quadro de fun- cionários é necessário observar a NR-4. Acessando o Portal do Ministério do Trabalho e Emprego você encontrará todas as Normas Regulamentadoras vigentes. Para saber mais O médico coordenador do PCMSO deverá ser indicado dentre os profissio- nais do SESMT da empresa caso haja mais de um médico do trabalho. Se não houver exigência do dimensionamento do SESMT, o coordenador do PCMSO poderá ser profissional autônomo ou filiado a qualquer entidade como o SESI, cooperativas médicas, empresas prestadoras de serviço em medicina ocupa- cional, sindicatos ou associações. É importante lembrar que o PCMSO estará sob a responsabilidade técnica do médico, e não da entidade. Não há exigência de registrar o médico coordena- dor do PCMSO ou empresa prestadora de serviço nas Delegacias Regionais do Trabalho. Se em alguma região do Brasil não houver a especialidade de Médico do Trabalho, a empresa poderá contratar médicos de outra especialidade para coordenar o PCMSO. Lembrando que podem ocorrer algumas situações em que, por meio de negociações coletivas ou pareceres técnicos da delegacia Regional do Tra- balho, esse número de funcionários pode ser alterado e assim desobrigar a indicação de médico coordenador. Há casos também em que poderá haver a obrigatoriedade de médico coordenador, quando suas condições representa- rem potencial de risco grave à saúde dos trabalhadores. O papel do médico coordenador do PCMSO é realizar os exames médicos previstos na norma ou delegar a um profissional médico familiarizado com os princípios da patolo- gia ocupacional, desde que seja um profissional de confiança orientado pelo coordenador do PCMSO e que possa realizar os exames satisfatoriamente. Os exames complementares deverão ser realizados em clínicas capacitadas, equipadas e qualificadas. SAUDE.indb 28 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 29 2.2.5 Desenvolvimento do PCMSO 2.2.5.1 Exames médicos ocupacionais O PCMSO deverá realizar obrigatoriamente os exames médicos admissio- nais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. Esses exames compreendem avaliação clínica com o médico, exame físico e mental e anamnese ocupacional. Já os exames complementares devem ser realizados de acordo com os termos especificados na NR-7. Os exames complementares que não constam na NR-7: [...] para trabalhadores expostos a agentes químicos, ou- tros indicadores biológicos poderão ser monitorizados, dependendo de estudo prévio dos aspectos de validade toxicológica, analítica e de interpretação desses indica- dores (BRASIL, 1978). O médico coordenador, se julgar necessário, poderá indicar outros exames complementares com o objetivo de avaliar o funcionamento de órgãos e siste- mas orgânicos do trabalhador. Exame admissional Conforme determina o item 7.4.3.1 da NR-7 “[...] no exame médico admis- sional, deverá ser realizada antes que o trabalhador assuma suas atividades” (BRASIL, 1994). A respeito do exame admissional, Galafassi (1998) destaca que, ao con- trário do que se pratica em algumas empresas, o exame admissional não deve consistir na inclusão do candidato sadio e na exclusão do menos saudável, mas no conhecimento prévio da atividade que irá exercer sem prejuízo à sua saúde e à dos demais colegas de trabalho. Wachowicz (2007) destaca que podem ser considerados objetivos básicos do exame admissional: avaliar se o candidato pode trabalhar sem colocar em risco a própria saúde e a de seus colegas de trabalho; verificar a presença de qualquer anormalidade e indicar o tipo de serviço mais adequado; determinar as condições psicossomáticas dos trabalhadores para selecio- nar aqueles em melhores condições para determinado tipo de serviço; permitir que os trabalhadores sejam inseridos em serviços adequados as suas condições físicas e psíquicas; SAUDE.indb 29 24/06/14 17:06 30 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O informar aos funcionários o estado real de sua saúde, orientando-os quanto à possível solução de problemas médicos eventualmente encontrados; salvaguardar a saúde e segurança da comunidade trabalhadora, não permitindo a admissão de pessoas que possam oferecer algum risco; cumprir as disposições legais que tornam esse exame obrigatório; permitir uma educação sanitária do candidato; obedecer a dispositivos legais. Com a realização desse exame, o empregador poderá, a partir dos dados e do diagnóstico do trabalhador, definir em quais funções será possÍvel adequar o trabalhador ou se ele alcança as qualidades buscadas para a realização de determinada função. Portanto, pode-se dizer que o principal objetivo do exame admissional consiste na perfeita adequação da pessoa à sua função e ao seu ambiente de trabalho. Para saber mais Exame periódico O item 7.4.3.2 da NR-7 relaciona a periodicidade desses exames médicos com a atividade desenvolvida e com o risco ocupacional a que os funcionários estão sub- metidos e determina em quais períodos deverão ser efetuados, da seguinte forma: a) para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem o desencadeamento ou agrava- mento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos: a. 1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho; a. 2) de acordo com a periodicidade especificada no Anexo 6 da NR-15, para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas. b) para os demais trabalhadores: b. 1) anual, quando menores de dezoito e maiores de quarenta e cinco anos de idade; b) 2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre dezoito e quarenta e cinco anos de idade (BRASIL, 1994). A finalidade do exame médico periódico é investigar se ocorreu alguma alteração na saúde dos trabalhadores, antes mesmo do aparecimento das SAUDE.indb 30 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 31 manifestações clínicas, possibilitando um tratamento adequado a estas pato- logias que, até então, poderiam ser desconhecidas ou passar despercebidas pelo próprio trabalhador. Essa investigação é uma ação preventiva, em que a eterna vigilância é o fator preponderante para uma boa qualidade da saúde do trabalhador. Assim, caso alguma alteração na saúde do trabalhador seja diagnosticada, deverão ser investigadas as causas de sua ocorrência. Se a enfermidade não decorrer do ambiente laboral, deverá o médico providenciar as condutas médicas cabíveis. Caso seja decorrente do ambiente laboral, o médico, além das condutas com vistas ao tratamento da enfermidade, deverá tomar as providências cabí- veis com a finalidade de corrigir o fator laboral que causou a doença (SALIBA, 2004, p. 431). Assim, os exames admissionais e periódicos devem ser feitos como forma de controle da saúde geral dos trabalhadores, detecção de fatores predisponentes a doenças profissionais, assim como para avaliação da efetividade dos médicos de controle empregados. Para saber mais Exame de retorno ao trabalho Segundo determinação do item 7.4.3.3 da NR-7 o exame médico de retorno ao trabalho deverá ser realizado obrigatoriamente no primeiro dia de trabalho de trabalhador ausente, por período igual ou superior a 30 dias, por motivo de doença, acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto. Galafassi (1998) explica que a finalidade do exame de retornoao trabalho é verificar se o funcionário está apto para voltar a exercer suas antigas funções após o afastamento por determinado período. Isso ocorre com frequência, principalmente no retorno do empregado afastado por motivo de doença ou acidente de trabalho. Esse exame permite ao médico verificar se o empregado possui as mesmas condições de trabalho anteriores ao afastamento, ou se será necessário mudar sua função dentro da empresa. Exame de mudança de função Segundo a redação do item 7.4.3.4 da NR-7, o “[...] exame médico de mu- dança de função, será obrigatoriamente realizado antes da data da mudança”. Já no item 7.4.3.4.1 da NR-7 traz a definição de mudança de função, que significa “[...] toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de SAUDE.indb 31 24/06/14 17:06 32 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O setor que implique a exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança” (BRASIL, 1994). Para Galafassi (1998), o exame médico para mudança de função tem como objetivos básicos: Avaliar se as condições físicas atuais do funcionário lhe permitem uma altera- ção em sua atividade, sendo que o mesmo será exposto a um risco diferente daquele em que estava até aquele momento. Avaliar se adquiriu alguma doença ocupacional enquanto desempenhava sua função. A NR-7 possui em seu texto legal a obrigatoriedade desses dois exames, sendo um em função de retorno ao trabalho e outro, de mudança de função. O realizado em decorrência do retorno ao trabalho faz-se necessário para ve- rificar se o trabalhador adquiriu ou possui doença em decorrência do trabalho ou de fato estranho a este. Quanto ao realizado para mudança de função, o diagnóstico da saúde do trabalhador é importante para poder determinar se sua nova função não irá prejudicar ou agravar seu estado de saúde. Tomemos como exemplo um trabalhador que é ajudante geral na monta- gem de uma fábrica de componentes para cortinas. Não há ruído. Não há risco ocupacional. Esse trabalhador foi transferido para o setor de corte de perfis de alumínio, onde o ruído ultrapassa o limite de tolerância de 85 decibéis. Ele deverá realizar o exame de mudança de função, pois deixou uma con- dição sem riscos para desenvolver outra atividade com risco, neste caso, em ambiente com ruído. Sendo assim, ele deverá realizar o exame audiométrico. Exame demissional Dispõe o item 7.4.3.5 da NR-7 que: No exame médico demissional, será obrigatoriamente reali- zado até a data da homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de: 135 (cento e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro I da NR-4; 90 (noventa) dias para empresas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR-4 [Redação dada ao item pela Portaria SSST nº 8, de 5 de maio de 1996] (BRASIL, 1994). Ainda em relação ao período mínimo de realização de outro exame ocu- pacional, anterior à demissão, traz a NR-7 alguns casos em que se poderá ampliar esse período: SAUDE.indb 32 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 33 7.4.3.5.1 As empresas enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro I da NR-4, poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demissional em até mais 135 dias, em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional indicado de comum acordo entre as partes ou por profissional do órgão regional compe- tente em segurança e saúde no trabalho. 7.4.3.5.2 As empresas enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro I da NR-4, poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demissional em até mais 90 dias, em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional indicado de comum acordo entre as partes ou por profissional do órgão regional compe- tente em segurança e saúde no trabalho (BRASIL, 1994). Há casos em que o exame demissional não poderá ser dispensado, inde- pendente da existência ou não de outro exame ocupacional recente. 2.2.6 Atestado de Saúde Ocupacional — ASO O Atestado de Saúde Ocupacional é o documento que define se o traba- lhador está apto ou inapto para desenvolver suas atividades dentro de uma determinada empresa. Não existe um modelo específico. A NR-7 determina os dados mínimos que devem constar neste documento: a) Nome completo do trabalhador, número do documento de identificação, ou seja, número da identidade, e a função que irá exercer. b) Devem estar discriminados os riscos aos quais o trabalhador estará ex- posto ou a ausência deles. c) Indicar no documento quais os procedimentos médicos a que este tra- balhador foi submetido, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados. d) Nome do médico coordenador, quando houver, e o número do seu respectivo registro, neste caso, o número do CRM. e) Definição de apto ou inapto. f) Nome do médico encarregado do exame, contendo endereço ou forma de contato. g) Data e assinatura do médico, contendo o número de registro no CRM. SAUDE.indb 33 24/06/14 17:06 34 S A Ú D E O C U P A C I O N A L E M E D I C I N A D O T R A B A L H O O ASO deverá ser emitido em 2 vias, sendo a segunda via entregue ao trabalhador, e a primeira via à empresa, devendo esta arquivar e manter à disposição da fiscalização. 2.2.7 Ações de saúde no PCMSO As ações de saúde a serem desenvolvidas na empresa pelo PCMSO devem estar de acordo com o perfil da empresa, ou seja, qual a população destes trabalhadores (se são homens ou mulheres), qual a faixa etária desses trabalha- dores, riscos ocupacionais a que estão expostos, e, além desses parâmetros, há as ações que devem ser tratadas juntamente com a CIPA — Comissão Interna de Prevenção de Acidentes —, como tabagismo, alcoolismo, doenças sexual- mente transmissíveis e Aids. Nesse âmbito de ações podem ser incluídas também ações preventivas para doenças não ocupacionais, como campanhas de vacinação, hipertensão arte- rial, diabetes, prevenção do câncer de colo de útero e de mama, entre outros. 2.2.8 Relatório anual do PCMSO O relatório anual do PCMSO é o documento exigido na norma que deverá ser emitido após o primeiro ano de implantação na empresa. Como foi mencionado anteriormente, a NR-7 deve estar articulada com as demais NRs. O relatório anual do PCMSO deve ser discutido com a CIPA da empresa, quando houver, e ser anexada aos documentos dessa comissão. O relatório anual poderá ser armazenado em forma de arquivo eletrô- nico, desde que haja fiscalização e o relatório possa ser acessado imedia- tamente pelo agente de inspeção do trabalho. As empresas desobrigadas de indicarem médico coordenador ficam também dispensadas de elaborar o relatório anual. 2.2.9 Condutas do médico do trabalho em caso de ocorrência ou agravamento de doenças profissionais Se o médico do trabalho verificar, a partir dos exames, alterações que reve- lem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, observando o item 7.4.2.3 da NR-7, mesmo que o trabalhador não apresente sintoma algum, o médico deverá: Solicitar à empresa a emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). SAUDE.indb 34 24/06/14 17:06 S a ú d e o c u p a c i o n a l e m e d i c i n a d o t r a b a l h o 35 Indicar, quando necessário, o tempo de afastamento do trabalhador do ambiente com o risco. Encaminhar o trabalhador à previdência (INSS). Orientar a empresa a tomar medidas de prevenção de controle dos riscos no ambiente de trabalho. 2.2.10 Estrutura do PCMSO O PCMSO não apresenta um modelo a ser adotado, mas recomenda alguns aspectos mínimos a serem contemplados na estrutura do documento. a) Deve conter dados com a identificação da empresa, CNPJ, razão social, endereço, grau de risco, número de trabalhadores, distribuição por sexo. b) Definição dos exames médicos por setor e função, bem como a sua periodicidade. c) Responsabilidade
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