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Perfil Do Profissional contabil

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O PERFIL DO PROFISSIONAL CONTABIL: DO GUARDA LIVROS AO SPED 
 
DANIELE DE LIMA 
 
RESUMO 
 
A evolução da informática, com o advento da Internet introduziram no campo 
empresarial, bem mais que meras melhorias operacionais, permitiram que não só 
que evoluíssem os modelos gerenciais, mas influenciaram o trabalho do profissional 
contábil. A Tecnologia da Informação aliada a Contabilidade permitiu que fossem 
dadas características peculiares às transações e a análise econômica e financeira, 
com a introdução de modelos gerencias mais sofisticados. Acompanhando o novo 
ritmo dos negócios, é cobrado do profissional contábil, cada vez mais que este 
procure capacitar-se. Por outro lado, o fluxo de operações mais abrangentes e a 
disponibilização de certos serviços através dos meios eletrônicos, trouxe bem mais 
que simples reflexos na utilização das informações contábeis, transformou a forma 
de atuação do profissional contábil e a postura assumida perante o processo 
decisório, atuando agora como o gerenciador de informações. Considerando o fim 
da escrituração tradicional em função dos meios eletrônicos, a evolução tecnológica 
vem gerando um impacto para o profissional Contábil. O Sistema Público de 
Escrituração Digital – SPED é cada vez mais presente na rotina de diversos 
segmentos empresariais. A precisão das informações em tempo real trouxe maior 
responsabilidade ao contador, o qual necessita adequar-se aos novos hábitos, na 
mesma velocidade em que a tecnologia da informação revoluciona os meios de 
comunicação entre as Empresas e Fisco. 
 
Palavras - chave: Tecnologia da Informação. Perfil do Contador. SPED. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A profissão contábil vem passando por processos de melhoria e 
aprimoramento durante séculos. Houveram mudanças significativas tanto nas 
normas e padrões que norteiam a Contabilidade, quanto nos procedimentos 
contábeis. Com a informatização e o advento da Internet, as velhas rotinas 
operacionais cedem espaço para a modernização sistemática dentro das 
organizações, livros, registros, fichários e formulários contínuos cedem espaço a 
disquetes, amplos arquivos engavetados são armazenados em arquivos nos 
microcomputadores e viram planilhas de informações com acesso livre a diversos 
usuários. Por outro lado, a velha figura do guarda-livros, antes direcionada ao 
profissional contábil, cede espaço para os sistemas contábeis, sendo a principal 
fonte de informações dentro das empresas. 
O mercado de trabalho globalizado cria novas oportunidades de fundamental 
importância para o contador do novo milênio, como fornecedor das veracidades das 
informações contábeis e financeiras de uma empresa, esse profissional se torna 
importante comunicador das informações indispensáveis para a tomada de 
decisões. 
O profissional contábil deverá mostrar que sua função não deixou de ser 
importante nos aspectos econômicos e sociais, apesar da informática substituir o 
homem em alguns aspectos, a capacidade para interpretar os números e tomar 
decisões continua sendo requerida pela sociedade humana pelo cientista do 
patrimônio, com conhecimentos científicos, de ordem superior, oferecendo modelos 
de comportamento de riqueza, o que será requerido por um profissional competente 
e gabaritado. 
 
 
 
 
 
 
2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 
 
 
Antigamente, no Brasil, o profissional da área contábil era chamado de 
"guarda-livros". Segundo Watanabe (1996, p. 22). 
[...] esse profissional era considerado um agente auxiliar do 
comércio e estava sujeito às leis comerciais, ditadas pelo Código Comercial 
Brasileiro, que, por sua vez, foi instituído pela Lei n° 556, de 25 de junho de 
1850, sancionada pelo Imperador Dom Pedro II. 
Naquela época, não havia "guarda-livros" diplomado, visto que a maioria era 
constituída por indivíduos que tinham conhecimento do ofício. Todavia, no início da 
Velha República, já existiam cursos de Contabilidade nas escolas de comércio. 
Nesse contexto, as primeiras escolas de Contabilidade surgiram em 1902, dentre 
elas, a Academia de Comércio do Rio de Janeiro e a Escola de Comércio Álvares 
Penteado (Fecap) SP. 
Em 22 de setembro de 1945, o Decreto-lei n° 7.988 elevou os cursos de 
Contabilidade ao nível universitário. No entanto, somente em 27 de maio de 1946, 
com a assinatura do Decreto-lei 9.295 pelo então Presidente da República 
Federativa do Brasil Eurico Gaspar Dutra, ocorreu a regulamentação da profissão 
contábil no pais, além da criação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e dos 
Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs), 
Assim, Sá (1997, p. 15) resume a Contabilidade quando afirma que: 
” [...] essa ciência nasceu com a civilização e jamais deixará de 
existir em decorrência dela; talvez, por isso, seus progressos quase sempre 
tenham coincidido com aqueles que caracterizaram os da própria evolução 
do ser humano. Dessa forma, a evolução da Contabilidade acompanha os 
acontecimentos históricos e a conseqüente evolução dos povos e das 
demais ciências”. 
No tocante à Contabilidade nos dias atuais, Iudícibus (2000, p. 36) comenta 
que: 
“Uma característica atual do estágio de desenvolvimento da 
Contabilidade no Brasil é paradoxal: a qualidade das normas contábeis à 
disposição ou editadas por órgãos governamentais (devido à inoperância), 
até um passado recente, de nossas associações de contadores, o Governo 
teve de tomar a iniciativa é claramente superior principalmente agora com a 
Lei das Sociedades por Ações e a Correção Integral à qualidade média 
atual dos profissionais que têm de inserir estas normas”. 
 
2.1 A CONTABILIDADE NA ERA DA INFORMAÇÃO 
 
 
Com a progressiva evolução da tecnologia, os computadores tem-se tornado 
cada vez mais imprescindíveis no mundo dos negócios, e consequentemente o 
campo contábil tem sido impactado por estes aspectos. Sobre isto, assim descreve 
Cornachione Jr. (2000,p.105): 
 “hoje não é mais possível aceitar o eficaz desempenho profissional 
em um amplo leque de atividades econômicas, científicas e educacionais e 
mesmos esportivas, sem o apoio da informática a contabilidade não foge a 
regra”. 
 Diante desse contexto, a globalização pode ser considera como um aspecto 
resultante da evolução tecnológica, pois atualmente, podemos receber e enviar 
informações on line, manter uma conversação em tempo real, e até fechar um 
negócio em poucos minutos, sem que se necessite o deslocamento ou viagem para 
outros locais. Com o advento da informática, mudaram-se os processos 
organizacionais, o volume de dados antes desperdiçado no processo mecanizado 
que era insuficiente, passa a ter um tratamento específico, o fluxo de informação 
transforma-se na mola propulsora da tomada de decisões das empresas e é 
empregado em seus sistemas nos seus diversos níveis, para os mais variados 
usuários. 
Breda (1999, p.38), afirma que: 
 
[...] a Contabilidade desenvolveu-se em resposta a mudanças no 
ambiente, novas descobertas e progressos tecnológicos. Não há motivo 
para crer que a Contabilidade não continue a evoluir em resposta a 
mudanças que estamos observando em nossos tempos (Breda, 1999,p.38). 
 
Com as constantes mudanças no contexto econômico, social e político, e na 
estrutura organizacional das empresas, como é o caso das empresas virtuais, a 
Contabilidade passa a assumir novos desafios, traduzidos pelo volume e pela 
complexidade das transações que envolvem as operações das empresas em geral. 
 Padoveze (2000), um dos reflexos do desenvolvimento tecnológico na 
Contabilidade, pode ser verificado no aumento do grau de automação. Tarefas 
anteriormente realizadas por processos manuais são desenvolvidas dentro de 
softwares específicos, diminuindo o fluxo de papéis e documentos na empresa, um 
exemplo disso, são as rotinas mais frequentes que passaram a ser realizadas dentro 
dos sistemas, como é o caso de: lançamentos de débito e créditos, escrituração de 
livros fiscais, balancetes mensais, BalançoPatrimonial , Demonstração do Resultado 
do Exercício, entre outros. 
Porém, esses sistemas somente serão eficazes, se puderem através 
dos dados condensados fornecer as informações que se esperam da realidade 
patrimonial. Nesse contexto, é o Contador, responsável em dar relevância aos dados 
que servirão de base para as informações. 
 
 
3 A MUDANÇA NO PERFIL DO PROFISSIONAL 
 
 
As mudanças no cenário mundial, com a globalização, os avanços da 
tecnologia, influenciaram sobremaneira o mundo dos negócios, essas mudanças 
não só afetaram o perfil das relações empresariais, como vieram acarretar 
mudanças no perfil do profissional contábil, cujo trabalho não só se diferenciou no 
uso das informações, como também na relevância de suas atividades. 
As diversas funções realizada pela Contabilidade, como escrituração, elaboração 
divulgação, análise e controle dos dados contábeis, foram afetadas profundamente 
em suas metodologias. Os procedimentos atuais utilizados na Contabilidade para 
alcançar os seus objetivos evoluíram sobremaneira. A introdução das redes, tornou 
possível a comunicação virtual dos Contadores com os órgãos públicos, ao passo 
em que se verifica mudanças na composição e estrutura das organizações. 
A tecnologia de informação foi acrescida ao universo contábil como forma de 
resposta às novas exigências do mercado, traduzindo mudanças no perfil do 
profissional. 
Os avanços tecnológicos, a informática e os sistemas avançados de 
comunicação contábil, acabaram por destituir aquela velha figura do guarda-livros 
dada ao profissional contábil por muitos anos. Os programas já realizam as quatro 
operações, assimilam as informações e elaboram os demonstrativos contábeis, 
adequando-os conforme a realidade escolhida. E também elaboram análise 
estatísticas. Cabendo portanto, ao Contador, a explicação e interpretação dos 
fenômenos patrimoniais, sendo necessário para isso cada vez mais a 
intelectualidade no conhecimento contábil. 
Nota-se, portanto, que o trabalho do contador não está perdendo espaço e 
nem tampouco tende a desaparecer. Este pensamento pode surgir de profissionais 
não capacitados, que se limitam a técnica de “debitar e creditar”, esquecendo do 
aspecto científico que a contabilidade possui. 
 Verifica-se que o perfil do Contador moderno é o de um homem de valor que 
precisa acumular muitos conhecimentos, mas que tem um mercado de trabalho 
garantido. É um elemento importantíssimo na agregação de valor a empresa, 
fazendo parte imprescindível do processo de tomada de decisões, pois aos seus 
conhecimentos está a responsabilidade pela “triagem” das informações colhidas das 
empresas e pela alocação destas ao desempenho operacional. Essas novas 
características fizeram surgir e ascender a Contabilidade denominada Contabilidade 
Gerencial, como ferramenta na gestão de negócios e a evolução do segmento de 
Consultoria na área contábil. 
 
 
4 SPED – MUDANÇA DE PARADIGMAS 
 
 
 Mediante a intensa evolução tecnológica, percebe-se que a tecnologia da 
informação é algo presente em todas as áreas do conhecimento científico. Na 
Contabilidade, por sua vez, podemos compreender o avanço dessa tecnologia 
através da implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). 
 Instituído pelo Decreto nº. 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o SPED 
compreende parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e 
Aduaneira (PMATA) que consiste na implantação de novos processos apoiados por 
sistemas de informação integrados, tecnologia da informação e infra-estrutura 
logística adequados. 
 Consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das 
obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias 
e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de 
assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos 
mesmos apenas na sua forma digital. 
De iniciativa do Governo Federal, o SPED visa agilizar, simplificar e 
padronizar as relações entre as Administrações Fazendárias e o Contribuinte. 
Segundo o artigo 2º do Decreto nº. 6.022, o SPED “é instrumento que unifica 
as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e 
documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das 
sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações”. 
Esse sistema abrange três subprojetos. 
 Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), que é emitida e armazenada eletronicamente 
com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de circulação de 
mercadorias ou prestação de serviços; a Escrituração Fiscal Digital (EFD) instituída 
pela Instrução Normativa nº 787, de 19 de novembro de 2007, compreende um 
arquivo digital composto por um conjunto de escrituração de documentos fiscais e de 
outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria 
da Receita Federal do Brasil, bem como de registros e apurações de impostos 
referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte, a Escrituração 
Contábil Digital (ECD), substitui a emissão de livros de escrituração contábeis em 
papel pelos seus equivalentes digitais. 
 Por se tratar de uma temática recente e de grande importância para diversas 
partes da sociedade, ela precisa ser indagada em relação aos seus impactos legais, 
operacionais e profissionais. 
 Objetivando analisar os principais aspectos relacionados à ECD, relataremos 
o seu processo de desenvolvimento, descrevendo a sua forma de escrituração, as 
tecnologias necessárias para sua implantação, os seus possíveis benefícios para os 
seus usuários, e quais serão as novas capacitações requeridas do profissional 
contábil. 
Em termos gerais, apesar de todos os benefícios demagogicamente 
propagados aos sete ventos pelo Fisco, sabe-se que o principal objetivo da 
implantação do SPED é puramente diminuir as chances de sonegação e, 
conseqüentemente, aumentar a arrecadação. É benéfica e extremamente válida a 
iniciativa do governo em tentar diminuir a sonegação, mas isso nos levanta a certeza 
de que se os nossos governantes utilizassem na prestação de serviços públicos 
metade do empenho e boa vontade que empregam em formas de aumentar a 
arrecadação, o Brasil teria condições de vida de fazer inveja a muitos países 
desenvolvidos! 
De qualquer forma, o SPED de fato trás vantagens para empresários e 
contabilistas, especialmente no tangente à praticidade e redução do montante de 
papel para ser armazenado. É, no final de tudo, mais um passo da contabilidade ao 
lado da evolução tecnológica, da contabilidade digital. 
 
 
5 CONCLUSÃO 
 
 
Se por um lado, a informática possibilitou o fluxo de dados através de 
diversos sistemas, por outro, as empresas passaram a necessitar mais das 
habilidades do profissional. Tornando-o um consultor dentro das organizações, cujo 
papel é imprescindível para o desenvolvimento da empresa, uma vez que ao 
assumir responsabilidade, principalmente ligadas a gestão de informação, ele terá 
como meta a obtenção, o tratamento e difusão de informações relevantes para a 
organização dentro de um espaço de tempo hábil. 
Vale ressaltar que não é a quantidade de informações que importa e sim a qualidade 
destas informações. 
Com o fisco de olho em cada operação realizada, empresas não podem se 
dar ao luxo de enviar arquivos do SPED contendo operações fraudulentas. O 
remédio para se prevenir contra fraudes chama-se auditoria. 
Nenhum empresário ou gestor que se preze irá esperar a autoridade fiscal 
enviar a sua conta “no escuro”. Por isto, surge uma enorme necessidade de 
simulações e construções de cenários para que a empresa tenha um planejamento 
tributário adequado ao seu negócio. 
Com a contabilização de todas as operações empresariais para saciar a fome 
das entidades fiscais, não há motivos para não aproveitar a riquezade informações 
gerenciais que podem ser extraídas dos registros contábeis. Em um mundo 
competitivo nada pode ser desperdiçado, principalmente informações. Assim, abre-
se um enorme campo para o trabalho da contabilidade gerencial. 
Surge assim um novo perfil de profissional de contabilidade onde as 
habilidades de análise, síntese, comunicação interpessoal e habilidades 
relacionadas com a tecnologia da informação são imprescindíveis para o seu 
sucesso. Contadores: bem vindos ao Admirável Mundo Novo, bem vindos à Era do 
Conhecimento. 
 
 
6 REFERÊNCIAS 
 
 
BREDA, M.Teoria da Contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
 
CORNACHIONE Jr., Edgar B. Informática aplicada às áreas de contabilidade, 
administração e economia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
 
 
IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 
OLIVEIRA, A. Métodos e técnicas de pesquisa em Contabilidade, São Paulo, 
Saraiva 2003. 
 
 
PADOVEZE, C. Sistemas de informações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 
2000. 
 
 
SÁ, A. História geral e das doutrinas da Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 
1997. 
 
 
WATANABE, I. Cinqüentenário da criação do CFC e CRCs. Revista Brasileira de 
Contabilidade. Brasília. n.99.p.20-29, maio/jun.1196. 
 
 
BRASIL. Decreto nº 6022, de 22 de janeiro de 2007. 
 
 
BRASIL. Instrução normativa nº 787, de 19 de novembro de 2007.

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