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Asfixia e Encefalopatia hipóxico-isquêmica Caracterizada por: - diminuição da oferta de oxigênio (hipoxemia); -prejuízo da remoção de gás carbônico (hipercarbia) dos tecidos; - desenvolvimento de acidose metabólica DEFINIÇÃODEFINIÇÃODEFINIÇÃO > 1 a 1,5% dos nascidos vivos; >5-10 a cada 1000 nascidos vivos em países em desenvolvimento > Os fatores associados a um maior risco de asfixia são: - filhos de mães diabéticas - filhos de mães com doença hipertensiva específica da gravidez - crescimento intrauterino restrito - apresentação pélvica - pós-maturidade. A asfixia perinatal deve ser compreendida como um agravo de repercussão multissistêmica, que afeta basicamente todos os órgãos da economia neonatal >> Ocorre no período que antecede o parto ou durante o seu transcurso. Valor de pH < 7,0 na artéria umbilical define a asfixia perinatal SNC Encefalopatia Hipóxico Infarto Hemorragia Cardiovascular Isquemia miocárdica Deficit de contratilidade Insuficiência tricúspide Hipotensão Pulmonar Hipertensão pulmonar Hemorragia pulmonar Renal Necrose Tubular Aguda Adrenal Hemorragia adrenal Gastrointestinal Perfuração Úlcera com hemorragia Enterocolite necrosante Elevação das enzimas hepáticas Metabólico SIADH Hiponatremia Hipoglicemia Hipocalcemia Hematológico Coagulação Intravascular Disseminada INCIDÊNCIAINCIDÊNCIAINCIDÊNCIA 72%72% 42%42% 29%29% 25%25% 29%29% 1) Antes do parto: 1) Hemorragia placentária 2) Instabilidade hemodinâmica materna 2) Durante o parto: 1) Rotura uterina 2) Compressão / interrupção de fluxo no cordão umbilical 3) Período expulsivo prolongado 3) Após o nascimento: 1) Complicações hemodinâmicas 2) Complicações ventilatórias Fatores Placentários: infarto, fibrose, descolamento prematuro; Fatores Uterinos: ruptura uterina; Fatores Relacionados ao Cordão Umbilical: prolapso, nó, compressão; Fatores Fetais: anemia, infecção, cardiopatia, hidropsia, pós- datismo, CIUR; Fatores Neonatais: cardiopatia congênita cianótica, hipertensão pulmonar persistente,choque séptico. Diminuição do aporte de oxigênio Adaptações fisiológicas Vasoconstrição generalizada e redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos vitais Aumento da resistência vascular periférica Eleva-se a pressão arterial enquanto o miocárdio for capaz de suportar Continuidade do processo asfíxico, entretanto, há piora da hipoxemia e da acidose O miocárdio acaba entrando em falência (bradicardia), levando à redução do débito cardíaco e da pressão arterial sistêmica. O padrão respiratório torna-se progressivamente irregular, seguindo-se a cessação da respiração ETIOLOGIAETIOLOGIAETIOLOGIA Nos bebês a termo, 90% dos casos de asfixia se desenvolvem no momento ante ou intraparto, e apenas um pequeno percentual ocorre secunda riamente após o nascimento, provocado por doença pulmonar, cardiovascular ou neurológica. As principais condições implicadas na gênese: Fatores Maternos: pré-eclâmpsia/eclâmpsia; infecção; diabetes materno, hipotensão; doença vascular materna; doença crônica materna (pneumopatia, cardiopatia, doença neurológica); uso de drogas; hipoxemia materna pela anestesia; A asfixia leva à persistência da circulação fetal, com manutenção do shunt direita-esquerda através do forame oval e do canal arterial, caracterizando uma das formas de hipertensão pulmonar persistente. FISIOPATOLOGIAFISIOPATOLOGIAFISIOPATOLOGIA 11 22 33 44 55 66 77 88 INSULTO HIPÓXICO-ISQUÊMICO FASE LATENTE LESÃO NEUROLÓGICA (APOPTOSE E NECROSE CELULAR) 1ª. Fase: Falha Energética Primária ↑ Aminoácidos Excitatórios Perda de balanço iônico ↑ Cálcio intracelular ↑ Lipases, proteases ↑ Radicais Livres 2ª. Fase: Falha Energética Secundária Ativação de Microglia Apoptose ↓ Fatores de crescimento ↓ Síntese de proteínas Lesão oxidativa ↑ aminoácidos excitatórioss Afecção neurológica mais comumno período neonatal Quanto menor a IG, maior aresistência do SNC à hipóxia e àisquemia. Aproximadamente 20-30% dosneonatos vítimas de EHI progridempara o óbito ainda no períodoneonatal e até 50% sobrevivem comsequelas permanentes no futuro (ex.:paralisia cerebral e deficiênciaintelectual). EncefalopatiaEncefalopatia Hipóxico-IsquêmicaHipóxico-Isquêmica NeonatalNeonatal Isquemia intestinal >> enterocolite necrosante. No rim >> necrose tubular aguda. Hipotensão associada à coagulopatia >> trombose da veia renal e no leito capilar glomerular. Como resultado do processo adaptativo durante a asfixia, ocorre a perda da autorregulação do fluxo cerebral, com diminuição da perfusão e necrose. O quadro clínico é bastante variável, dependendo da magnitude do comprometimento cerebral e do período transcorrido entre a asfixia e o exame. + a vasoconstrição pulmonar, decorrente da hipoxemia e hipercapnia, produz lesão celular e redução do surfactante, contribuindo para a gênese do desconforto respiratório nesses RN DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO Os RN sob risco de asfixia podem ser identificados através de uma história gestacional detalhada, visando extrair dados maternos que os coloquem sob risco: hipertensão, diabetes, doenças crônicas maternas Condições inerentes ao feto que possam predispô-lo a complicações hipóxicas prematuridade, GIG, cardiopatias, CIUR Um escore APGAR baixo ≤ 5 no 5º minuto, torna o quadro de asfixia bastante provável a acidose em vários estudos mostrou correlação com a gravidade da encefalopatia hipóxico-isquêmica, principalmente quando o pH foi = 7.0 e o Base Excess = 16 mmol/L MANIFESTAÇÕES CLÍNICASMANIFESTAÇÕES CLÍNICASMANIFESTAÇÕES CLÍNICAS é caracterizada por um exame neurológico já presente no primeiro dia de vida O espectro clínico das manifestações da EHI pode ser dividido em leve, moderada e grave, como sugere a classificação de Sarnat e Sarnat A EHI deve ser suspeitada sempre que houver sinais/sintomas compatíveis adicionados de evidências como: 1) Apgar = 3 no 5º minuto; 2) FR fetal < 60 bpm; 3) Acidose neonatal > 1 hora após o nascimento; 4) Convulsões nas primeiras 24-48 horas de vida; 5) EEG com padrão de surto-supressão; 6) Necessidade de ventilação com pressão positiva por mais de um minuto ou primeiro choro atrasado por mais de cinco minutos. As crises convulsivas neonatais são frequentes no estágio 2 de Sarnat, eventuais no estágio 1 e geralmente se iniciam nas primeiras 24-48 horas de vida quando estão associadas à asfixia. São do tipo tônico (contração muscular sustentada de um ou mais membros) ou clônicas (contrações breves, semelhantes a abalos). Raramente, veem-se crises tonico clônicas generalizadas no período neonatal em função da pobre mielinização cerebral. O rim é o órgão mais comumente acometido na asfixia. Há desenvolvimento de necrose tubular aguda, levando a manifestações como oligúria e retenção de escórias. - Troponina I (0-0,2 µ/L) e T(0-0,09 µ/L) -CK-MB (> 5-10% indica lesão isquêmica) - ECG Avaliação Cardiovascular Na asfixia ocorre uma isquemia cardíaca, com disfunção de ventrículo direito nas asfixias mais graves. Há hipertensão pulmonar, e insuficiência tricúspide. Os exames bioquímicos revelam elevação da CK-MB e troponina; o ECG mostra depressão do segmento ST e inversão de onda T. AVALIAÇÃO LABORATORIALAVALIAÇÃO LABORATORIALAVALIAÇÃO LABORATORIAL Avaliação Renal - Creatinina (> 0,8 mg/dl) - Beta2-microglobulina Alterações Neurológicas em: • Nível de Consciência • Atividade espontânea • Postura • Tonus • Replexos primitivos • Função autonômica • Crises Convulsivas • Alterações eletrográficas em EEG Demais alterações clínicas frequentes: • Alterações hemodinâmicas / choque • Alterações ventilatórias • Insuficiência Renal • Anemia (em casos de perda volêmica) - CK-BB - Cerebral � Proteína S-100 (> 8,5 µ/L) - USG Transfontanela: avaliação de edema, hemorragia - TCC - RNM: o melhor exame para avaliação da EHI. Avaliação Cerebral O tratamento fundamental da asfixia perinatal consiste na intervenção precoce na salade parto através de uma reanimação neonatal adequada, maneira única de diminuir a intensidade das repercussões da acidose, hipóxia e hipercapnia sobre os tecidos. Quando o quadro clínico da asfixia já está instalado, algumas medidas terapêuticas devem ser empreendidas na tentativa de prevenir os danos maiores: TRATAMENTOTRATAMENTOTRATAMENTO Grupos de Maior Risco A encefalopatia moderada está associada a 10% de risco de morte e 30% de risco de lesão neurológica permanente importante A encefalopatia grave está associada a 60% de risco de morte e a maioria dos sobreviventes apresentarão lesão neurológica permanente importante E encefalopatia leve??? • População alvo de muito estudo e grande discussão na atualidade morbidade (sequelas a longo prazo) em neonatos a termo ou próximo ao termo, pois diminui a apoptose e suprime a produção de mediadores inflamatórios (glutamato, lactato, radicais livres e óxido nítrico) que são neurotóxicos. A temperatura corporal é reduzida a 33,5ºC e mantida até 72 horas, após as quais eleva-se 0,5ºC de temperatura corporal a cada hora até 36,5ºC. A SBP recomenda a hipotermia de corpo inteiro para neonatos de 35 semanas ou mais de idade gestacional e que apresentem os seguintes critérios (1 e 2): Evidência de asfixia perinatal: a. pH < 7 ou BE < -16 (sangue de cordão ou da 1ª hora de vida) OU b. história de evento agudo perinatal (descolamento prematuro de placenta ou prolapso de cordão) OU c. Apgar ≤ 5 no 10º minuto de vida OU d. Necessidade de ventilação além do 10º minuto de vida 11 Os principais efeitos colaterais da hipotermia são a trombocitopenia, bradicardia, e necrose gordurosa subcutânea. Evidência de encefalopatia hipóxico- isquêmica antes de seis horas de vida: alteração no nível de consciência alteração na movimentação espontânea alteração do tono postura de decerebração crises convuslivas alterações autonômicas 22 Ventilação: a pCO2 deverá ser mantida em níveis normais, pois a sua elevação está associada a vasodilatação, edema e acidose cerebral, ao passo que a hipocapnia excessiva (pCO2 < 25 mmHg) está associada a vasoconstrição e piora da isquemia. Em ambos os extremos, pode-se aumentar a injúria celular e dano neuronal nas zonas de transição ou “penumbra” aos locais de infarto cerebral. Oxigenação: a pO2 deverá também ser mantida em níveis normais, pois a hiperóxia aumenta o número de radicais livres de oxigênio e sua ação deletéria sobre as células. Temperatura: o ideal é a manutenção de uma temperatura normal, dentro da faixa termoneutra. Pressão arterial: a manutenção de uma PA dentro dos níveis normais é fundamental para garantir uma perfusão cerebral adequada. Tratar a hipocalcemia e hipoglicemia. Evitar a hiper-hidratação pois a SIADH (excesso de ADH) pode levar à retenção de fluidos e hiponatremia, que se desenvolvem no 3º-4º dia de vida. Além disso, a necrose tubular aguda pode produzir oligúria, dificultando ainda mais a excreção de excesso de fluidos. Anticonvulsivantes: fenobarbital (ataque de 20-40 mg/kg/dose; manutenção de 5 mg/ kg/dia), fenitoína (ataque: 20 mg/kg/dose) e benzodiazepínicos (lorazepan). Aminas: dopamina, dobutamina e adrenalina Hipotermia Terapêutica* Evitar Hipóxia e Hiperóxia Evitar hipocapnia e hipercapnia Tratar crises epilépticas (clínicas e subclínicas) Evitar hipertermia Evitar uso de bicarbonato Manejo de dor e estresse Acompanhamento Multidisciplinar{ Pacientes com asfixia perinatal e pacientes submetidos a resfriamento corpóreo muito frequentemente apresentam dor e estresse elevados durante os primeiros dias de vida. A dor não tratada pode ter um efeito adverso sobre o desenvolvimento do sistema nervoso central da criança, cicatrização de lesões, função imune, circulação e crescimento. Estudos em animais mostraram que a sedação adequada é essencial para uma neuroproteção ideal após insulto hipóxico-isquêmico e redução do estresse. Portanto, a aplicação de escalas e avaliação precisa da dor e estresse é passo fundamental no tratamento do recémnascido com asfixia perinatal. MANEJO DA DOR E DO ESTRESSE Novos Tratamentos ainda EMESTUDO: • Eritropoetina em altas doses • Células Tronco • Xenon AVALIAÇÃO PROGNÓSTICAAVALIAÇÃO PROGNÓSTICAAVALIAÇÃO PROGNÓSTICA Exame físico Neurológico Achados de Eletroencefalograma / Eletroencefalograma de Amplitude Integrada Ressonância Magnética de Crânio ACOMPANHAMENTO PÓS ALTAACOMPANHAMENTO PÓS ALTAACOMPANHAMENTO PÓS ALTA Acompanhamento pós alta hospitalar junto com equipe multidiciplinar também é passo essencial do tratamento do paciente com asfixia perinatal, preconizando o estímulo precoce e avaliação longitudinal do desenvolvimento neuropsicomotor de todos os pacientes acometidos. Diversas anormalidades no desenvolvimento neurológico podem ser pesquisadas nos pacientes de alto risco como exemplificado abaixo: perda motora ou sensorial severa (primeiro ano de vida); baixo quociente de desenvolvimento (segundo ano); disfunção motora fina e grosseira (dois a quatro anos); anormalidades na função cognitiva (quatro a sete anos); dificuldades de aprendizagem (sete a nove anos)
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