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DESIGN DE MOBILIÁRIO PROFESSORES Esp. Ivã Vinagre de Lima Esp. Thiara L. S. Stivari Socolovithc DESIGN DE MOBILIÁRIO 2 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LIMA, Ivã Vinagre de; SOCOLOVITHC, Thiara L. S. Stivari. Design de Mobiliário. Ivã Vinagre de Lima; Thiara L. S. Stivari Socolovithc. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. Reimpressão 2020 234 p. “Graduação em Design - EaD”. 1. Design . 2. Mobiliário . 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1139-5 CDD - 22ª Ed. 745.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Arthur Cantareli Silva, Designer Educacional Agnaldo Ventura, Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti e Cíntia Prezoto Ferreira, Ilustração Marta Kakitani, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD boas-vindas Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Esp. Ivã Vinagre de Lima Especialista em Arte-Educação pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX/2007). Graduado em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2015). Tecnólogo em Construção Civil (Modalidade - Edifícios) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2014). Licenciado em Artes Plásticas pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR/2007). Tecnólogo em Design de Móveis pela UTFPR (2007). Tecnólogo em Design de interiores pelo Centro Universitário Campos de Andrade(Uniandrade/2006). Tecnólogo em Móveis (Modalidade - Projeto de Móveis) pela UTFPR (2006). Atualmente é professor de ensino técnico e tecnológico do Instituto Federal de Edu- cação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) no campus Umuarama-PR. Tem experiência nas áreas de Arte-Educação, Construção Civil, Desenho Industrial, Design de Móveis e Design de Interiores. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo disponível no seguinte endereço: <http://lattes.cnpq.br/0694192193036096>. Esp. Thiara L. S. Stivari Socolovithc Mestranda em Comunicação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2017) com pesquisa na área de imagens e linguagens: o design da cidade. Especialista em História da Arte pelo Centro Universitário Claretiano (CEUCLAR/2016). Graduada em Tecnologia em Design de Interiores pelo Unicesumar (2015). Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propagan- da (2005). Atualmente é professora de Conforto Ambiental e Computação Gráfica no Unicesumar (2018). Professora do curso de aperfeiçoamento em Light Design na Unifamma (2016 e 2018). Atua como designer de móveis desde 2006 e como designer de interiores desde 2013. Foi presidente do Grupo de Ensinos Avançados em Design GEAD (2013-2014). Professora de História da Arte e do Mobiliário para o curso de Design de Interiores EAD do Unicesumar (2016). Palestrante em diversos eventos sobre projeto de Mobiliário. Ganhadora do prêmio profissional do futuro da Mostra Casa. com (2013). Desenvolve pesquisas em design, semiótica da cultura e antropologia do consumo. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo disponível no seguinte endereço: <http://lattes.cnpq.br/1339772020198604>. apresentação do material DESIGN DE MOBILIÁRIO Ivã Vinagre de Lima e Thiara L. S. Stivari Socolovithc. Olá, futuro(a) designer. Seja bem-vindo(a) ao livro da disciplina Design de Mobili- ário. Neste livro, você terá contato com informações importantes para a elaboração de projetos de mobiliários. O design de móveis envolve criatividade, conhecimento técnico e planejamento para a execução de um produto coerente e inovador. Em um mercado em constante mudança, as espacialidades e as funções dos ambientes vêm se transformando, exigindo que os objetos que dão vida a esses espaços tornem-se mais funcionais, simbólicos e eficientes. O usuário deve ser o foco do projeto de móveis e, para isto, além do conhecimento das especificidades técnicas, tendo como prerrogativa básica o conforto e a ergo- nomia das peças, propõe-se também o estudo de aspectos subjetivos relativos ao consumidor. Estas análises auxiliam a compreender o contexto histórico, cultural e econômico em que os produtos serão inseridos, ou seja, quais são as necessida- des e os valores compartilhados por uma sociedade em um momento específico. Além destas relações, é importante que o designer atente-se à sustentabilidade, um processo que envolve toda a cadeia produtiva e de consumo dos produtos, compreendendo que o profissional é parte integrante desta comunidade e que deve buscar soluções ecologicamente adequadas. Desta maneira, este livro busca dar ferramentas para a compreensão sobre as características dos produtos existentes no mercado moveleiro atual, os seus pro- cessos produtivos e componentes, conferindo as maneiras de expressão projetual e a metodologia para o desenvolvimento criativo de um mobiliário. Para inseri-lo(a) nesse tema, na Unidade I, você conhecerá a diferença entre os tipos de mobiliários, as suas características e especificidades, as classificações em relação aos tipos de sistema de produção e a sua relação com a composição dos ambientes. Na Unidade II, analisaremos as diferenças entre função, técnica e sentido do design móveis, compreenderemos como funciona a estrutura de uma indústria e os processos gerenciais que auxiliam na otimização da produção moveleira. E, por fim, conhe- ceremos a composição base dos móveis, seus principais componentes e conjuntos. Na Unidade III, discutiremos diversos processos produtivos para que você possa compreender as dinâmicas que envolvem qualquer projeto de mobiliário. Obser- vando que, como designers de produto, é fundamental entender de que maneira são processados os materiais na indústria (ou na fabricação de pequeno e médio porte) para que se chegue a um design com capacidade para ser produzido comercialmente. Na Unidade IV, estudaremos a composição dos mobiliários, as características dos elementos de base, suas estruturas, materiais, peças de montagem e componentes acessórios, compreendendo como estas escolhas podem alterar a função da peça, sua aparência e seus significados. Na Unidade V, observaremos os modelos de representações gráficas e de repre- sentações físicas, as suas especificidades, vantagens e limitações, para que você possa escolher a melhor opção que, por sua vez, ilustre determinado parâmetro do projeto de design, elucidando quaisquer dúvidas e evitando problemas de execução. Como material extra, disponibilizamos o desenvolvimento da metodologia de design aplicada a projetos de móveis, conferindo, primeiramente, um panorama de possíveis demandas, as etapas criativas e as técnicas para a entrega de um projeto completo para a fabricação. Desejamos que, ao final do livro e de toda a disciplina, você sinta-se preparado(a) para atuar com projetos de móveis, reconhecendo, neste conteúdo, uma introdu- ção à prática profissional e compreendendo ainda mais como o conhecimento acadêmico pode incrementar a sua atuação em design de produto. Ótimos estudos! sumário UNIDADE VI MATERIAL EXTRA 192 Uma Demanda Inicial 195 Fase de Preparação: Análise do Problema 204 Fase de Geração de Ideias: Alternativas do Problema 207 Fase de Seleção de Ideias: Avaliação das Alternativas de Design 212 Fase de Realização: Proposta Definida da Solução de Design 223 Documentação do Projeto de Design 231 Referências 232 Gabarito 234 Conclusão Geral UNIDADE I CLASSIFICAÇÕES DO MOBILIÁRIO 14 Classificações do Mobiliário 16 Classificação do Mobiliário Quanto aos Modelos de Configurações. 22 Classificações do Mobiliário Quanto aos Sistemas de Produção 35 Classificações do Mobiliário Quanto aos Sistemas de Montagens 47 Referências 48 Gabarito UNIDADE II ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E DO MOBILIÁRIO 54 O Designer e a Indústria 56 Função, Técnica e Sentido 60 Fabricação Artesanal, Fabricação Sob Medida e Fabricação Seriada 63 Estrutura e Gestão Industrial 67 Composição Geral do Mobiliário 81 Referências 82 Gabarito UNIDADE III PROCESSOS PRODUTIVOS 88 Produzindo com Madeira Natural 98 Produzindo com Painéis de Madeira 103 Produzindo com Metal na Movelaria 106 Produzindo com Materiais Sintéticos 116 Referências 116 Gabarito UNIDADE IV COMPOSIÇÃO DO MOBILIÁRIO 122 Componentes de Base 133 Componentes de Montagem 142 Componentes de Acessórios 153 Referências 153 Gabarito UNIDADE V MODELOS DE REPRESENTAÇÃO EM PROJETOS DE MOBILIÁRIO 158 Modelos de Representações em Projetos de Mobiliários 161 Representações Gráficas em Projetos de Mobiliários 169 Representações Físicas em Projetos de Mo- biliários 176 Gerações de Alternativas em Projetos de Mobiliários 185 Referências 186 Gabarito Professor Esp. Ivã Vinagre de Lima Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Classificações do mobiliário • Classificações do mobiliário quanto aos modelos de configurações • Classificações do mobiliário quanto aos sistemas de produção • Classificações do mobiliário quanto aos sistemas de montagens Objetivos de Aprendizagem • Conhecer as diferenças entre os tipos de mobiliários. • Entender as características do mobiliário. • Classificação do mobiliário quanto aos modelos de sistemas de produção. • Apresentar a relação do mobiliário com projetos de interiores e projeto de produto. CLASSIFICAÇÕESDO MOBILIÁRIO unidade I INTRODUÇÃO O lá caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira Unidade do nosso livro Design de Mobiliário. Após você ter estudado os componentes das disciplinas dos módulos um, dois, três e quatro, os conhecimentos desses componentes curriculares ajudarão no decorrer do processo de desenvolvimento das criações e do planejamento em relação à concepção dos projetos de mobiliários. Estudaremos, nesta unidade, as classificações do mobiliário e as suas respectivas diferenças, apresentando conceitos e modelos ilustrados para a melhor compreensão dos elementos que serão importantes para os pro- jetos de mobiliário, abordados em uma sequência de quatro tópicos. No primeiro tópico, conheceremos as classificações dos modelos de configurações do mobiliário, em que veremos informações importantes sobre mobiliários unitários, mobiliários de conjuntos, mobiliários com- poníveis, mobiliários modulados e conceituais, encontrados comercial- mente no segmento do mercado moveleiro. Serão apresentados conceitos básicos, citações e algumas curiosida- des que servirão como apoio para as próximas unidades desse livro. No segundo tópico, estudaremos a classificação dos modelos de sistemas de produção moveleira. Serão apresentados mobiliários de produção sob medida, mobiliários de produção artesanal, mobiliários de produção se- riada, mobiliários de produção de desvio de função e os de produção di- gital, apresentando alguns exemplos de modelos de representação gráfica que são utilizados por alguns profissionais da área de design de produto. No terceiro tópico, veremos a classificação dos modelos de sistemas de montagens de mobiliários, que serão: mobiliário montado e mobili- ário desmontável. Assim, apresentando algumas dicas relacionadas ao volume do mobiliário e que devem ser levadas em consideração na hora de projetá-lo. DESIGN DE MOBILIÁRIO 14 Classificações do Mobiliário O mobiliário é um artefato muito importante em projetos de interiores e exteriores, especialmente no planejamento preliminar da distribuição e da circu- lação do espaço residencial, comercial, institucional ou urbano, e após a definição do layout no ambiente. Para Gomes (2015, p. 120), móveis ou mobiliá- rio são definidos como um conjunto de objetos que servem para facilitar os usos e as atividades em uma casa, em um escritório ou em outros ambientes. Um dos atributos principais do design de mo- biliário é atender às necessidades do espaço e dos variados usuários que terão acesso aos produtos, aliando a estética com a função do produto, le- vando em consideração os diferenciados estilos de vida de diversos públicos que esses produtos po- derão atender, atingir e atuar dentro dos diversos segmentos econômicos e mercadológicos. No design de mobiliário, as pesquisas de mercado e de comportamento dos públicos que serão atendi- dos ajudam no conhecimento e no entendimento dos desejos dos usuários e, com isto, é possível transfor- mar as necessidades observadas em uma nova opor- tunidade para o desenvolvimento de novos produtos. Para Gurgel (2004), a importância do design na atualidade torna-se evidente quando percebemos que o design aplicado a qualquer elemento afeta não so- DESIGN 15 isto, o espaço residencial precisa readequar-se a essa nova realidade. Dentro deste contexto, inovar é um dos quesitos mais importantes no segmento de produção move- leira, destacando-se a necessidade de voltar todos os processos de desenvolvimento e de produção para a sustentabilidade, preocupando-se com a vida útil do produto e com o planejamento do pós-consumo, pois esse entendimento poderá agregar resultados positivos para o usuário. Nesta unidade, vamos apresentar as classifica- ções do mobiliário com os seus modelos, as suas respectivas definições, características e exemplos por meio de imagens e conceitos para melhor en- tendimento e compreensão. A classificação pode ser dividida da seguinte forma. • Modelos de configurações. • Modelos de sistemas de produção. • Modelos de sistemas de montagens. mente os objetos que interagem com ele e as pessoas que o utilizam, mas afeta também o meio ambiente. As exigências em relação a produtos de quali- dade, com um bom design e custo merecido, são desejos não apenas do consumidor final, e sim de empresas fornecedoras, do comércio varejista e, até mesmo, de empresas do exterior que desejam ad- quirir os nossos produtos. Porém, muitas vezes, há diversas empresas concorrentes que estão preocupa- das apenas em produzir mais, esquecendo a quali- dade final do produto, e também não se preocupan- do com os consumidores finais. O entendimento dos possíveis espaços que os mo- biliários serão organizados, juntamente com a ergono- mia e as suas respectivas especificidades, são critérios importantes para o desenvolvimento de projetos de mobiliários, pois não há como projetar um espaço sem conhecer o mobiliário, e nem projetar um mobiliário sem conhecer as reais necessidades do espaço, pois ambos (espaço x mobiliário) dependem um do outro. Neste sentido, Rangel (2007, p. 5) afirma: “as cidades se agigantam, os preços dos terrenos tam- bém e, como consequência, os imó- veis diminuem”. Com DESIGN DE MOBILIÁRIO 16 Classificação do Mobiliário Quanto aos Modelos de Configurações Neste tópico, conheceremos os conceitos e exemplos relacionados aos diferentes modelos de configurações para o segmento moveleiro, pois, para o designer de produto, eles facilitam bastante o projeto de diversos tipos de artefatos para esse nicho de mercado, sendo que é por meio desse conhecimento que se determina o direcionamento do foco do produto a ser projetado. Na etapa projetual de móveis, os profissionais de design devem ficar atentos em relação aos possíveis usuários dos produtos, aos possíveis espaços aos quais serão destinados os mobiliários, assim como aos possíveis clientes diretos e indiretos, e também devem manter-se atentos às estratégias de vendas dos produtos, incluindo as suas respectivas opções de direcionamento, que determinadas empresas, por sua vez, desejam atingir. No processo projetual de produtos moveleiros, os designers precisam acompanhar as tendências de design, os desejos ou as necessidades dos usuá- rios ou dos possíveis clientes. Estes serão os novos DESIGN 17 peças de mobiliários. Por exemplo, para determina- das mesas de centro, cadeiras de escritório, roupei- ros, poltronas e sofás-camas, não é possível o usu- ário comprar mais de uma peça e colocá-las lado a lado ou uma sobre a outra, e configurar em uma composição com aparência de um único móvel. Geralmente, o mobiliário unitário não possui mais de uma opção em catálogos, como acontece na confi- guração de mobiliário de conjunto, e sim, apenas a peça unitária faz parte dessa configuração de mobiliário, po- dendo atender aos diferentes estilos e necessidades. consumidores dos mobiliários que poderão, de maneiras satisfatórias, serem atendidos dentro do segmento destinado ao setor moveleiro e, assim, os produtos podem ser projetados com design atraen- te, inovador, de forte apelo estético e funcionalidade, e que atendam aos requisitos específicos para as suas destinações de diferentes formas de usos. Os modelos de configurações para o mobiliário podem ser divididos da seguinte maneira: • mobiliário unitário; • mobiliário de conjunto; • mobiliário componível; • mobiliário modulado; • mobiliário conceitual. Os móveis de casa ou dos ambientes de tra- balho materializaram a maneira de viver, as condições sociais e, inclusive, os hábitos de uma determinada época. (Ricardo Dal Piva) REFLITA MOBILIÁRIO UNITÁRIO Também conhecido como mobiliário avulso, é um mo- delo de mobiliário que apresenta uma configuração es- trutural e formal única, sem possibilidades de amplia- ções do produto com outros. Diferente do que acontece com os mobiliários componíveis ou modulados. Geralmente, são comercializadoscomo peças avulsas, com opções de tamanhos e cores diferentes. Quando colocados no ambiente, junto a outras pe- ças, podem fazer uma composição positiva e criativa. Essa classificação de mobiliário é muito comum em móveis estofados (sofás), em camas box e outras Figura 1 - Mon Chaise Fonte: acervo pessoal - Sérgio Gomes (2015). MOBILIÁRIO DE CONJUNTO É um modelo mobiliário que apresenta uma con- figuração estrutural e formal com mais de uma opção de peças e tamanhos, podendo ser com- pradas em conjunto e, em alguns casos, adqui- ridas como peças separadas para compor um ambiente juntamente com outras, parecendo um mobiliário unitário. DESIGN DE MOBILIÁRIO 18 Popularmente, em folhetos e propagandas co- merciais, são chamados de “móveis de jogo” ou “mo- biliário de linha”, por exemplo: jogo de sala, jogo ou conjunto de sofá, jogo de cozinha, jogo de jantar, jogo ou conjunto de quarto etc. É também comum a possibilidade de modelos de móveis nessa configuração, para dormitórios ou para outros ambientes, unirem-se com peças avul- sas e, assim, remeterem à aparência de mobiliário componível (tema do tópico a seguir). Por exemplo: comprar um roupeiro de duas portas, e outro de três portas, e que, juntos, compõem um roupeiro com aparência de cinco portas, conferindo breve seme- lhança com um mobiliário de sistema componível. Outra opção para esse modelo de configuração, muito comum no ramo moveleiro de mobiliários residenciais, urbanos, corporativos (escritórios) e institucionais (mobiliários escolares e médico-hos- pitalares etc.) são os mobiliários com maior opção de produtos na mesma linha ou coleção. Neste último caso, em seus catálogos de produtos, é oferecida uma sequência de opções em forma de coleção com variados tipos de produtos e com uma determinada quantidade de peças que podem ser ad- quiridas separadamente (avulsas), conforme a neces- sidade do cliente e com possibilidades de usos que podem ser variadas para diferentes tipos de espaços. No caso do mobiliário de conjunto para uso resi- dencial, é comum ter opções, no mercado movelei- ro, de uma coleção de móveis com o mesmo concei- to estético e formal, com opções para salas, copas, quartos etc., seguindo a mesma identidade na apa- rência dos desenhos de seus produtos. O mobiliário para interiores residenciais deve servir para um ampla variedade de atividades: desde as interações sociais dos hóspedes, mais exuberantes, até a inércia de um indiví- duo que está dormindo, sempre respeitando as preferências de cada cliente. (Sam Booth e Drew Plunkett). REFLITA DESIGN 19 MOBILIÁRIO COMPONÍVEL Esta classificação de mobiliário é relativamente mais simplificada, possui um número menor de módulos, além de peças com dimensões padronizadas para ampliar a composição do mobiliário no ambiente desejado e a ampliação do sistema. É um sistema cuja principal finalidade é usar, da melhor manei- ra possível e conforme a necessidade de utilização, cada metragem do cômodo que está sendo mobilia- do e ocupado pelo espaço. São concebidos por meio de peças pré-dimen- sionadas, pré-configuradas e pré-fabricadas, algu- mas com opções de aquisições futuras para a am- pliação do sistema, oferecendo ao espaço diversas possibilidades de composição. O mercado moveleiro oferece, em catálogo de produtos individualizados, opções alternativas com aparência de mobiliário de configuração unitária e com medidas únicas. Porém, com possibilidades pré-determinadas de união com peças que, mesmo iguais, podem ser postas lado a lado ou empilhadas, formando um único móvel. Este modelo de configuração é muito comum em móveis estofados, roupeiros, armários de cozinha, móveis corporativos etc., ou seja, em móveis em que há opções de peças avulsas e que podem ser adquiri- das de maneira que seja unida uma peça com a ou- tra, dando a aparência de um único mobiliário. Também há outra alternativa, com diferentes opções de medidas e peças: posicionar os móveis juntando os módulos lado a lado ou empilhados, formando um único móvel. A união de ambos não oferece a possibilidade de fechamento de vãos livres (superio- res, inferiores e laterais), como acontece no sistema modulado, que veremos a seguir. O mobiliário componível não necessita de ven- dedores e montadores treinados para a realização das vendas, pois muitas das opções desses produtos, muito encontrados em lojas do segmento moveleiro (lojas físicas e virtuais), podem ser montadas e ins- taladas pelo próprio comprador. Algumas empresas dispõem de softwares que apresentam todas as peças com as suas respectivas medidas para realizarem si- mulações de vendas junto ao cliente. DESIGN DE MOBILIÁRIO 20 MOBILIÁRIO MODULADO Essa configuração de mobiliário é chamada comer- cialmente de mobiliário planejado. Possui um núme- ro maior de módulos e peças com dimensões padro- nizadas para ampliar a composição do mobiliário e a ampliação do sistema no espaço desejado. Por ser um sistema de produção seriado, costuma-se realizar, no detalhamento técnico, o desenho peça por peça. Existem possibilidades pré-determinadas de união com peças iguais ou diferentes, lado a lado ou empilhadas, permitindo grandes possibilidades de montagem para a ampliação do sistema modulado, formando um único móvel. São mais sofisticadas no acabamento final em relação ao mobiliário componível, otimizam os espaços com módulos adequados às dimensões apropriadas de cada cômodo e permitem o me- lhor aproveitamento necessário para os ambientes de casas e apartamentos. O mobiliário modulado permite o fechamento total das sobras de espaço entre o mobiliário e os vãos (superiores, inferiores e laterais) com peças de acabamento (vistas de complementação ou réguas de acabamento), que dão uma aparência de mobiliá- rio embutido, como acontece na maioria dos proje- tos de móveis sob medida. É um sistema cuja principal finalidade é usar, da melhor maneira possível e conforme a necessidade de uso do cliente, cada metragem disponível do cô- modo que está sendo mobiliado e ocupado pelo es- paço. Para Vesterlon (2007, p. 113): [...] a redução do tamanho das residências obri- gou o mercado a oferecer produtos que possam se ajustar aos novos espaços disponíveis, espe- cialmente nos apartamentos. Os modulados surgiram apresentando uma diversidade de composições que se adaptam a cada espaço da casa e à necessidade de cada consumidor. Os mobiliários modulados são concebidos por meio de módulos pré-dimensionados, pré-configurados e pré-fabricados, que se encaixam entre si, alguns com opções de aquisições futuras para a ampliação do sistema, como também acontece no sistema de mobiliário componível. São comercializados em lo- jas especializadas que necessitam de projetistas, ven- dedores e montadores treinados e qualificados. Por ser um sistema complexo, necessita, para as gerações de alternativas e de desenvolvimento do projeto, a utilização de softwares específicos para a execução do projeto do sistema no ambiente e para a apresentação final ao cliente, como uma boa estra- tégia de negociação do produto. Antes de iniciar o projeto para venda, o projetista deve tirar as medidas dos ambientes, não esque- cendo os elementos principais, como: pontos elé- tricos e hidráulicos, pé direito, aberturas de por- tas ou janelas, vigas, pilares e outros detalhes que possam interferir no bom resultado do projeto na organização espacial do ambiente. DESIGN 21 MOBILIÁRIO CONCEITUAL O mobiliário de design conceitual é uma configura- ção de mobiliário concebida, na maioria das vezes, de forma crítica e radical. Geralmente, tem a função de expressar questionamentos, discussões polêmicas e, até mesmo, gerar tendências para a criação e a ins- piração de novos produtos. Este tipo de mobiliário, em algumas situações, tem uma função mais decorativa do que utilitária, pois muitos produtos tornam-se peças artísticas. Os princípios de ergonomia são desprezados naconcepção da ideia e acabam não se tornando cri- tério para o processo de criação e de materializa- ção de alguns produtos. Existem, também, produtos com essa configura- ção que seguem critérios de ergonomia no desenvol- vimento de suas peças. A forma é o requisito princi- pal para esse tipo de mobiliário. A proposta do design conceitual é muito utiliza- da no ramo do vestuário, principalmente em desfiles de moda e nas artes visuais, gerando várias discus- sões e interpretações sobre as propostas apresenta- das. Muitos produtos conceituais são expostos em mostras e concursos, podendo ser produzidos e co- mercializados por empresas do ramo de design. Franzatto (2011, p. 15) apresenta a seguinte defi- nição para design conceitual: [...] no design conceitual, os designers exploram as potencialidades reflexivas e dialéticas do pro- cesso de criação de design, abrindo espaço para pensar e discutir os assuntos mais diversos. Os designers que escolhem tal abordagem se ex- pressam por meio de maquetes, artefatos úni- cos, pequenas produções ou auto-produções, ou seja, formas que ficam longe da produção em série e não cabem em lógicas comerciais. Trata- -se de profissionais que usam suas competências para tratar de questões que transpõem os limi- tes disciplinares, para formular testes a respeito e expô-las publicamente. Figura 2 - A cadeira de plástico bolha dos Irmãos Campana Fonte: Lojas Rhel (2011, on-line)1. DESIGN DE MOBILIÁRIO 22 Classificações do Mobiliário Quanto aos Sistemas de Produção Neste tópico, conheceremos os conceitos e exemplos dos modelos de sistemas de produção moveleira im- portantes para esse segmento, abordando os seguintes tipos de mobiliários relacionados às suas formas de execução do produto final. Os modelos de sistemas de produção podem ser divididos da seguinte forma: • mobiliário de produção sob medida; • mobiliário de produção artesanal; • mobiliário de produção seriada; • mobiliário de produção com desvio de função; • mobiliário de produção digital. MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO SOB MEDIDA Móvel desenvolvido e executado para determinado cliente, que deseja um móvel com foco em uma ne- cessidade desejada ou em alguma outra especificida- de. O marceneiro é um dos profissionais principais DESIGN 23 em todas as etapas de produção, entrega e monta- gem do mobiliário no espaço do cliente atendido. As marcenarias que fazem esse tipo de mobili- ário produzem, na maioria das vezes, móveis retilí- neos (lisos e com linhas retas), sendo a matéria-pri- ma principal as chapas de MDF (Medium Density Fiberboard), MDP (Medium Density Particleboard) e o compensado. Dal Piva (2006, p. 15) apresenta a seguinte definição para mobiliário sob medida: [...] produto projetado e fabricado para um cliente específico, pois esse tipo de fabricação exige mui- ta atenção do projetista ou marceneiro durante a tomada de medidas na casa do cliente, pois qual- quer erro de dimensões compromete a margem de lucro prevista agregada ao produto executado. dida, inicia-se com todas as informações levantadas junto ao cliente em forma de entrevista, incluindo as suas exigências, para, assim, estabelecer-se as necessi- dades dos usuários e do espaço que será ocupado pelo mobiliário. Lembrando que o resultado do produto final a ser desenvolvido deverá atender a todas as ne- cessidades específicas de uso e estilo de um cliente. Para dar início ao projeto de mobiliário sob me- dida, é necessário o primeiro contato com o cliente (entrevista) e uma visita no espaço onde será exe- cutado o mobiliário para ser realizado o levanta- mento de todos os dados e, desta forma, ter como base principal as medidas exatas dos ambientes no imóvel que será ocupado pelos mobiliários e os seus respectivos artefatos. Depois de todas as informações, inicia-se as ano- tações de todas as medidas da planta baixa observadas no espaço, como: altura do pé direito, distância entre as paredes e a posição de elementos que estão fixos (portas, janelas, ventilação, pontos elétricos e hidráuli- cos, ponto de gás, ângulos especiais e outros elementos importantes para não atrapalhar o projeto das peças). Assim, dá-se início aos primeiros croquis como forma de geração de alternativas que mais se encai- xam e enquadram-se para uma boa organização es- pacial no ambiente que será utilizado pelo cliente. Nessa etapa de geração de ideias, a aplicação dos conhecimentos de ergonomia é um elemento de ex- trema importância para um bom resultado do projeto. Muitas marcenarias também investem em pro- fissionais projetistas, encarregados de fazer os proje- tos com softwares específicos de desenhos 2D e 3D. O objetivo é vender o projeto aos clientes e apresen- tar as primeiras gerações de alternativas para obter a aprovação e, em seguida, fazer as negociações para as vendas dos projetos. A metodologia para o desenvolvimento do mobili- ário sob medida muito se assemelha ao processo de ferramentas e de ações adotado para a elaboração de projeto de interiores, diferenciando-se um pouco do processo realizado em um projeto de produto seriado. No caso do desenvolvimento do mobiliário sob me- DESIGN DE MOBILIÁRIO 24 Devido à grande concorrência das empresas, um boa estratégia usada por muitas marcenarias para buscar novos clientes é a contratação de projetistas vende- dores. Eles vão até as obras de edificações oferecer os seus serviços em projetos de móveis sob medida. Essa estratégia favorece bastante as marcenarias, pois se o cliente demonstrar interesse pelos serviços, os projetos podem prever alguns detalhes durante a construção que facilitarão a instalação do mobiliário no ambiente, evitando algumas incomodações futu- ras para a instalação dos móveis. O registro fotográfico das obras também facilita a instalação dos móveis, prevendo perfurações nas paredes em pontos que passam tubos hidráulicos e conduítes elétricos. No detalhamento de móveis sob medida, não se exige o desenho individual de todas as partes (componentes ou peças), com os detalhes técnicos de furações e junções dos dispositivos de montagem ou fixação que formam o mobiliário, como aconte- ce nos projetos de mobiliários de produção seriada. Somente é feito um projeto do conjunto com execu- ção e montagem realizadas por um marceneiro que produz o mobiliário. Figura 3 - Ambientação da cozinha para apresentação ao cliente Fonte: acervo pessoal - Jean Covaleski (2017). Figura 4 - Indicação de pontos elétricos e hidráulicos na obra antes e após a instalação e a montagem dos mobiliários Fonte: o autor. DESIGN 25 Figura 5 - Ambientação em 3D com as cotas das medidas que serão utilizadas para a produção na marcenaria Fonte: Acervo Pessoal - Clélio Zeithammer (2016). DESIGN DE MOBILIÁRIO 26 Os desenhos do mobiliário sob medida geral- mente são apresentados depois da aprovação do cliente e mostram as vistas do mobiliário, com ele- vação, cotas necessárias para um bom entendimento do marceneiro, especificação dos materiais, ferra- gens e componentes necessários para a produção, desenho da projeção do móvel em planta baixa, de- senhos com detalhes de construção em corte parcial, desenhos da perspectiva do móvel individual e da perspectiva do móvel no ambiente. Após as gerações de ideias, apresenta-se ao cliente amostras digitais com a ambientação em 3D para melhor entendimento de como ficará o espaço com o mobiliário, indicando algumas pos- sibilidades para verificar a aceitação e, com isto, a finalização do orçamento. Figura 6 - Gerações de alternativas com três opções de uma cozinha para apresentação ao cliente Fonte: Acervo Pessoal - Arno Hoffmann Junior (2017). Para o projeto de mobiliário sob medida, a unidade métrica utilizada comercialmente nos desenhos é cen- tímetro (cm) ou metros (m), diferente do mobiliário seriado, cuja unidade utilizada é o milímetro (mm). As unidades de medida centímetro (cm) ou me- tro (m) são muito utilizadas para melhor entendi- mento dos marceneirose vendedores. Entretanto, a unidade indicada é o milímetro (mm), pois as cha- pas de madeira, os dispositivos de montagem e ou- tros componentes apresentam, em seus manuais de instruções e de uso, as unidades em milímetro (mm). Para o projeto definitivo, aconselha-se fazer as vistas (elevações) superior, frontal e lateral com uma perspectiva do mobiliário no ambiente para melhor entendimento e compreensão da alternati- va escolhida pelo cliente. DESIGN 27 Para detalhamentos das vistas, aconselha-se men- cionar todas as cotas importantes, as linhas de cha- madas para alguns detalhes e as especificações de materiais que serão utilizados no projeto. Figura 7- Vista (elevação) superior, lateral e frontal da cozinha com as medidas mensuradas no ambiente e am- bientação em 3D da cozinha após a aceitação do cliente Fonte: o autor. DESIGN DE MOBILIÁRIO 28 Mesmo a produção desse tipo de mobiliário sendo quase artesanal, pois a construção das peças são foca- das em encomendas/clientes específicos, a qualidade do resultado final do produto parece-se um pouco com os mobiliários de produção em série. A entrega, a execução e a montagem geralmente são realizadas pelo marceneiro ou pela equipe da marcenaria. MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO ARTESANAL Este tipo de mobiliário é uma possibilidade distinta de inserção dos produtos no mercado moveleiro. A sua produção difere-se um pouco dos produtos produzi- dos em fábricas de móveis, sob larga escala de produ- ção. São mobiliários desenvolvidos em processos ar- tesanais e com diversos materiais, tais como: madeira, bambu, tecidos, fibras naturais e sintéticas etc. Produto que, muitas vezes, acaba adquirindo maior valor agregado dentro do segmento movelei- ro, sendo um bom instrumento de estratégia de de- senvolvimento de artefatos que, por sua vez, podem destacar-se com a produção de peças exclusivas e de design autoral. O profissional que atua nesse segmen- to é um artesão, pois produz itens de variadas formas e modelos com caráter funcional ou decorativo. O sistema exige, para cada móvel sob me- dida, uma negociação inicial, uma visita na casa do cliente para dimensionar o móvel, a elaboração do projeto, a apresentação e o acompanhamento da produção até a entrega final do produto. Fonte: Dal Piva (2006). SAIBA MAIS DESIGN 29 Alguns desses mobiliários de produção artesanal são desenvolvidos propositalmente com uma aparência rústica, e outros são produzidos com a característica de um mobiliário de bom acabamento, sendo diferen- tes daqueles de produção em série. Alguns deles são produzidos em uma determinada quantidade para as vendas em lojas nas próprias marcenarias e, em outras vezes, são produzidos sob encomenda, como acontece com mobiliários de madeira de demolição. Existem produtos que são de produção exclusi- va, com entalhes e torneamento de peças em madei- ra que exigem a atenção e a presença de um marce- neiro com perfil de artesão, cuja maior preocupação seja os detalhes exclusivos para cada peça. O artesanato apresenta-se como um valioso pro- cesso de produção de móveis com fibras naturais e sintéticas, uma opção a mais para o mobiliário de produção artesanal, oferecendo, em seus processos, variadas padronagens de trançados e amarrações, que são produzidos por meio de vários tipos de fi- bras, exigindo habilidades com um bom resultado nos acabamentos, sendo estes os que revestem os mobiliários para áreas internas e externas, destina- dos para diversos tipos de ambientes. É importante destacar que, neste processo, ocor- rem situações em que determinada linha de um pro- duto de produção em série possui uma parte de sua fabricação em um setor de produção industrial da Na produção artesanal, há marcenarias ou ateliês que atuam exclusivamente com trabalhos que envol- vem a restauração de mobiliários. Neste contexto, os trabalhos de restauração de mobiliário também são uma das alternativas dentro do segmento movelei- ro e que, por sua vez, exigem uma atenção especial dentro da produção artesanal, pois, em algumas si- tuações, é necessária a confecção de uma nova peça ou de componentes para a substituição de outras peças danificadas ou deterioradas por insetos (peças perfuradas por cupins). fábrica, e outra parte, que envolve acabamentos arte- sanais, é desenvolvida em um setor anexo à fábrica. Nesta mesma empresa, são contratados profissio- nais artesãos para a realização de outra etapa de pro- dução artesanal, seguindo um padrão de produção e de qualidade na finalização. Tendo, com isto, um pro- duto de produção mista, em que uma parte é seriada, e a outra com um detalhe ou acabamento artesanais. Alguns mobiliários exigem detalhes em seus processos de acabamentos, como no caso do revesti- mento de um móvel fabricado em série, com estru- DESIGN DE MOBILIÁRIO 30 tura em metal, madeira, materiais mistos ou não, e com revestimento em toda a parte ou apenas em algum detalhe importante, que é revestido com tecidos, fibras naturais ou sintéticas, madeira, bambu ou outros materiais que necessitam de um processo artesanal para a finalização do produto. Esse processo pode ser feito por meio de encomen- das de terceirização de servi- ços, ou seja, que não seja feito na própria fábrica e que pode ser realizado em residências de ar- tesãos, em cooperativas e em em- presas de pequeno e médio portes. Há, também, produtos produzi- dos em áreas de regiões rurais, indíge- nas, litorâneas, entre outras, podendo ser de uma produção independente para vendas diretas ou indiretas. Na fabricação de móveis estofa- dos, é comum que as estruturas dos móveis sejam feitas de maneira seria- da, e que a parte da costura dos teci- dos necessite de costureiros para fazer a parte dos tecidos e dos demais reves- timentos dos móveis (base, assento, braço, encosto e parte traseira). Eles também podem ser terceirizados ou feitos em um setor à parte da fábrica. DESIGN 31 MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO SERIADA Mobiliário com produção em série e em volume in- dustrial, normalmente não é concedido ou produ- zido para um cliente específico, como acontece no mobiliário sob medida ou em alguns mobiliários de produção artesanal. Por isto, em projetos de mobiliários seriados, aconselha-se a utilização de um bom processo me- todológico e uma boa pesquisa de mercado para o projeto do produto. Esse tipo de produção deve atin- gir uma grande quantidade de usuários, diferente- mente do mobiliário sob medida, que atinge apenas um cliente específico. A produção é realizada em pe- ças isoladas, com a preocupação da racionalização dessas peças, para se ter o melhor aproveitamento dos materiais na fabricação. Geralmente, a produção é realizada em fábricas de pequeno, médio e grande porte. A escolha e a configuração da embalagem têm muita importância na qualidade e na valorização do produto, pois ela o protege de estragos ou danos e facilita o armaze- namento, o transporte e o recebimento do produto na residência do cliente. O desenho do manual de montagem não deve ser esquecido: ele deve conter ilustrações e especificações para a montagem e a desmontagem do móvel. Nos detalhamentos técnicos, a unidade de medi- da usual é o milímetro (mm). É feito o desenho do conjunto e de peça por peça de cada parte do mo- biliário projetado, com todas as cotas das furações e marcações necessárias. Este detalhamento serve como uma documentação técnica do produto, faci- litando o processo de fabricação e as possíveis re- gulagens dos maquinários, assim como o fluxo de produção na indústria moveleira. Figura 8 - Desenhos das peças da estrutura do assento e encosto do sofá Fonte: acervo pessoal - Jean Covaleski (2017). DESIGN DE MOBILIÁRIO 32 MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO DE DESVIO DE FUNÇÃO Consiste na produção e criação de artefatos com foco na ressignificação dos objetos, podendo ser de produ- ção simplesmente artesanal. Geralmente, consiste em agregar funções secundárias aos artefatos que pos-suem empregos primários preestabelecidos, não se limitando apenas ao desenvolvimento de mobiliário, mas sim expandindo para as outras ideias de produtos. Existem situações em que esses produtos são con- cebidos simplesmente como um improviso devido a uma necessidade emergencial ou, então, são pro- jetados e produzidos intencionalmente como um produto alternativo. A concepção do mobiliário de desvio de função pode dar-se pelo simples fato de misturar materiais e por um improviso da junção deles para materia- lizar o produto, ou pela idealização de um projeto detalhado, seguindo uma metodologia com uma se- quência de processos criativos que, por sua vez, são utilizados no design de produtos. De acordo com Burdek (2006), os objetos e produtos são utilizados em novas situações de vida com novos significados de forma tão evidente que os designers não poderiam supor que isso fosse possível. Isto é, a não intenção domina a intenção. O reuso previne que materiais existentes se- jam descartados em aterros e poupa energia e água incorporadas que teriam sido necessá- rias para produzir materiais de substituição. Na prática, a reutilização é, em geral, inerente à redução, já que utilizar materiais existentes pode reduzir a necessidade de novos materiais. Fonte: Moxon (2012, p. 95). SAIBA MAIS Apesar de, no princípio, o design de produto ser uma atividade ligada à produção industrial, existem cada vez mais exemplos de produtos projetados por designers, os quais melhor ca- racterizam um artefato improvisado. Trata-se de uma iniciativa construtiva, pois muitos designers estão se preocupando com questões de desenvolvimento sustentável, e não apenas se adequando aos novos padrões do mercado. Estes designers estão propondo verdadeiras atitudes neste sentido. Fonte: Boufleur (2006, p. 105). SAIBA MAIS Figura 9 - Poltrona com pallet descartado Fonte: o autor. DESIGN 33 MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO DIGITAL Mobiliário que faz parte do movimento maker, com design aberto e democrático, pois apresenta sistema diferenciado de fabricação com impressão 3D, corte a laser e CNC. A máquina de CNC facilita bastante a viabilidade, a agilidade e a qualidade de variados projetos que exigem alta precisão nos detalhes que requerem e nos cortes que exigem encaixes. O aca- bamento feito na CNC diferencia-se bastante em relação à perfeição dos resultados, se estes forem comparados com os produtos feitos com máquinas e ferramentas padrão de várias marcenarias. DESIGN DE MOBILIÁRIO 34 Os projetos de diversos produtos apresentam arqui- vos disponíveis para download gratuito e que podem ser baixados livremente pelo sistema opensource ou pelo acesso ao site Britânico OpenDesk. Esses arqui- vos, muitas vezes, podem ser baixados, acessados e replicados por vários países. Visualize o projeto e os detalhes da montagem da cadeira Valoví (STUDIO DLUX, [2018], on-li- ne)2, composta por 20 peças de madeira que se encaixam sem nenhum tipo de prego, parafuso ou cola. Para saber mais, acesse: <http://www. studiodlux.com.br/portfolio/valovi/>. Fonte: o autor. SAIBA MAIS Umas das grandes desvantagens é a falta de con- trole em relação à apropriação comercial dos pro- jetos de variados produtos e, com isto, a tendência de produção digital faz com que os designs aber- tos de artefatos possam ser usados livremente, compartilhados, copiados e, até mesmo, modifica- dos em alguns detalhes. Alguns projetos apresentam informações, espe- cificações, recomendações e instruções importantes para a concepção e configuração dos artefatos. Me- gido (2016, p. 131) apresenta a seguinte definição para o movimento maker. O movimento maker é uma extensão tecnoló- gica da cultura do “Faça você” (Do It Yourself - DIY, no original em inglês), que estimula as pessoas comuns a construírem, a modificarem os próprios objetos com as próprias mãos. Isso gera uma mudança na forma de pensar de mui- ta gente, trazendo os processos industriais para bem próximo de meros mortais como você e eu. Práticas de impressão 3D e 4D, cortadores a laser, robótica, arduino (prototipagem ele- trônica livre), entre outras, incentivam uma abordagem criativa, interativa e proativa de aprendizagem em jovens e crianças, gerando um modelo mental de resolução de problemas do cotidiano. É o famoso “pôr a mão na mas- sa”. Algumas escolas particulares de São Paulo já estão montando laboratórios equipados com essa tecnologia, e a prefeitura da cidade tam- bém disponibiliza, de forma gratuita, o acesso a FabLabs espalhados pela cidade para que qual- quer pessoa possa prototipar seu projeto e sair de lá com a peça na mão. http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ DESIGN 35 Classificações do Mobiliário Quanto aos Sistemas de Montagens Neste tópico, estudaremos os padrões de modelos de montagens de mobiliário mais usuais no mercado moveleiro e veremos os seguintes modelos de mon- tagem de mobiliário: • mobiliário montado; • mobiliário desmontável. MOBILIÁRIO MONTADO Mobiliário de pequena ou média dimensão, que é montado nas próprias indústrias. É entregue mon- tado para o consumidor ou para os locais de comer- cialização. Na maioria das vezes, não necessita de DESIGN DE MOBILIÁRIO 36 um manual de montagem, e sim de um manual de instruções de usos e advertências. No momento de incluir esses mobiliários no pro- jeto, é muito importante avaliar e prever o volume e a massa para não haver dificuldades na logística do produto e na entrada e saída em aberturas (portas e janelas) em situações de entregas do produto na residência e, também, no caso de mudanças. Há produtos montados que apresentam dificul- dades no transporte e na entrega do produto em determinados ambientes. Este tipo de transtorno é muito comum em mobiliários estofados (sofás) que apresentam dimensões incompatíveis com as aber- turas de portas e janelas, dificultando a entrada do produto no ambiente que, em algumas situações, é situado em prédios. Uma das alternativas que gera transtornos e custos é o içamento do mobiliário por meio de cordas e cabos. A maioria dos móveis estofados de dois, três ou mais lugares, e que são muito encontrados no mer- cado, possuem muitas dificuldades de entrada nas residências, principalmente em apartamentos. A difi- culdade já começa nas entradas das escadas ou eleva- dores. O mesmo caso ocorre com algumas camas box. Figura 10 - Mobiliário sendo içado do alto de um prédio residencial Fonte: Portal Click Negócios([2018], on-line)3. Na concepção do produto, o designer deve levar em conta as características ergonômicas como verdadeira ferramenta de projeto. (Rafael Vesterlon) REFLITA DESIGN 37 MOBILIÁRIO DESMONTÁVEL Mobiliário concebido com suas partes, peças ou componentes para serem montados após a aquisi- ção e, desta forma, para a utilização no ambiente em que será acomodado. Na maioria das vezes, há a necessidade de um montador com experiência na montagem e instalação do móvel no espaço deseja- do. Geralmente, esse mobiliário possui dispositivos de junções e de ferragens para facilitar as montagens e desmontagens dos componentes e do conjunto como um todo. O mobiliário desmontável deve ser acompanhado sempre de um bom manual de montagens que apre- senta, primeiramente, um desenho esquemático mos- trando, passo a passo, todas as etapas desse processo. A embalagemtambém é um dos elementos im- portantes para o mobiliário desmontável. Ela facilita na logística do produto, pois tem a função de orga- nizar as peças que compõem o mobiliário e os seus respectivos dispositivos de montagens e junções caso seja necessário, e deve ser sempre acompanha- do com um manual de montagem e com um manual de instruções de uso do produto. Figura 11- Desenho de embalagem Fonte: acervo pessoal - Jean Covaleski (2017). Para o projeto da embalagem do produto, é neces- sário ter todas as dimensões do volume de todos os elementos que fazem parte do produto e, em segui- da, aconselha-se fazer uma simulação do layout des- tes para se ter ideia de qual será o volume da emba- lagem. Tendo todos esses dados, inicia-se o desenho da embalagem planificada. Alguns mobiliários são desmontáveis com sistemas mistos de montagens, possuindo encaixes entre algu- mas peças, mas, ao mesmo tempo, necessitam de dis- positivo de montagens para a junção dos componentes, pois a sua montagem dá-se apenas por encaixes e por alguns mecanismos de junções. Outros são desmontá- DESIGN DE MOBILIÁRIO 38 veis e não necessitam de nenhum dispositivo de alinha- mento, pois a sua montagem dá-se apenas por encaixes. Outro modelo muito conhecido de mobiliário desmontável é aquele com o sistema Do it yourself (Faça você mesmo), idealizado para que o cliente/ usuário seja o próprio montador. Esse sistema apre- senta pouca complexidade na montagem graças aos seus processos simplificados, não necessitando de ferramentas profissionais. Na maioria dos produtos com este conceito, os fa- bricantes entregam junto com o produto um manual de instruções de fácil entendimento, um kit de dispo- sitivos de montagens e ferragens, além de ferramen- tas básicas para montagens de baixa complexidade. Figura 12 - Arara Sagui Fonte: Passaretti e Bisterzo (MONO DESIGN, [2018], on-line)4. DESIGN 39 Tal mobiliário apresenta muita facilidade nas eta- pas de montagem para os clientes que compram os produtos na própria loja ou pela Internet. Assim, o cliente é o próprio montador do produto. Esse tipo de produto deve ser idealizado de manei- ra que o sistema seja de fácil entendimento para a sua respectiva montagem, podendo ser inteiro desmonta- do e, em seguida, a sua montagem pode ser feita sim- plesmente por encaixes ou por dispositivos que juntam componentes, sem mecanismos de fixação. Ambos os modelos devem ser de fácil montagem, entendimento e compreensão dos passos e das sequências. Figura 13 - Parte do manual de montagem de um móvel aparador Fonte: acervo pessoal - Elias Soares (2014). 40 considerações finais Caro(a) aluno(a), nesta unidade aprendemos conceitos importantes relacionados ao design de mobiliário, e percebemos que conhecer os tipos dos variados modelos de classificações facilita muito para o designer de produto no momento de adquirir um bom repertório e dar início às etapas importantes para o desenvolvimento de todo o processo que envolve o projeto de produto moveleiro. Verificamos, também, que o conhecimento sobre as especificidades do produto facilita bastante para chegar a um objetivo no processo projetual, juntamente com boa metodologia de projeto dentro de um processo criativo e produtivo, facilitando, assim, o desenvolvimento da geração de ideias, oferecendo variadas alternativas para a concepção de um projeto de mobiliário bem elaborado. Neste sentido, um móvel projetado para ser inserido em um ambiente pode ser a solução para um determinado problema, desejo ou necessidade de variados tipos de usuários, levando em consideração alguns parâmetros de adequação de uso e as compatibilidades com as medidas necessárias dos espaços e que, por sua vez, serão estabelecidas para o uso e a aquisição. A pesquisa, no entanto, é uma ferramenta muito importante para a compreensão do designer de produto sobre a sua área, pois sempre é necessário que o profissional esteja atualizado sobre as novidades que envolvem o segmento moveleiro e também sobre as novas tendências, as normas vigentes, os novos materiais e processos da fabricação, assim como as variadas opções de dispositivos de montagem, os tipos de acabamentos, os mecanismos e acessórios. E, o mais importante, atualizado em relação às novas necessidades de diversos tipos de usuários. Com isto, percebemos a grande relação dessa unidade com o design de produto, assim como a relação destes com as variadas interfaces em que o mobiliário está presente, pois não há como projetarmos um mobiliário sem conhecermos o contexto em que ele será inserido, pensando em uma boa conformidade espacial e em bene- fícios para os usuários. considerações finais 41 atividades de estudo 1. Os mobiliários apresentam classificações que conceituam algumas especifi- cidades individuais que, por sua vez, diferenciam um do outro. Quanto aos modelos de configuração, assinale a alternativa correta que indica os mobi- liários pertencentes a esse modelo. a. Mobiliário montado, mobiliário desmontável, mobiliário de desvio de função, mobiliado seriado e Do it yourself. b. Mobiliário sob medida, mobiliário seriado e Do it yourself. c. Mobiliário unitário, mobiliário seriado e mobiliário sob medida. d. Mobiliário componível, mobiliário sob medida, mobiliário unitário e mobiliário seriado. e. Mobiliário unitário, mobiliário de conjunto, mobiliário componível, mobiliário modulado e mobiliário conceitual. 2. O mobiliário de produção em série é destinado a atender às necessidades de usuários, por isto ele difere-se no processo de detalhamento técnico das peças e no processo projetual. Para o mobiliário seriado, como é o processo que envolve a sua produção? Explique. 3. O projeto de mobiliário sob medida, ou sob encomenda, apresenta uma dife- rença em relação aos demais móveis de produção seriada, pois é projetado para as necessidades de uma cliente específico. Diante disto, como se inicia o projeto do mobiliário sob medida? Explique. 4. O mobiliário modulado é muito confundido com os mobiliários componíveis, principalmente em algumas propagandas relacionadas ao segmento movelei- ro. Com isto, os itens que podem caracterizar-se e relacionar-se com o mobi- liário modulado são: I. Por ser um mobiliário de produção seriada, é necessário, no detalhamento técnico do produto, o desenho de peça por peça. II. Comercialmente, nas lojas especializadas em vendas desse modelo de confi- guração, ele é chamado de mobiliário unitário. III. Em lojas especializadas, não se necessita de vendedores e montadores treina- dos para apresentar as alternativas aos clientes. 42 atividades de estudo IV. Na montagem do móvel no ambiente, são oferecidas réguas de acabamento, que permitem o fechamento total de sobras de espaços entre o mobiliário e os vãos. Podemos afirmar que: a. Somente as afirmativas I e III estão corretas. b. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. c. Somente as afirmativas II e III estão corretas. d. Somente as afirmativas II e IV estão corretas. e. Somente as afirmativas I e IV estão corretas. 5. Dentro dos diferentes modelos de classificações do mobiliário, analise as se- guintes definições que têm relação com as respectivas classificações: I - Mobiliário desmontável: o modelo de mobiliário que é conhecido por seu sistema de montagem prático, denominado Do it yourself, apresenta pou- ca complexidade no sistema de montagem graças aos seus processos simplificados, não necessitando de ferramentas profissionais. II - Mobiliário unitário: apresenta uma configuração estrutural e formal única, sem possibilidades de ampliações do produto com outros mobiliários, e pode ser combinado e misturado no ambiente com outros mobiliários. III - Mobiliário de conjunto: popularmente, em folhetos e comerciais de vários estabelecimentos que vendem tais mobiliários, estes são chamados de “móveis de jogo”. IV - Mobiliário componível: consiste na produção e na criação de artefatos com foco na ressignificaçãodos objetos, podendo ser, simplesmente, de produção artesanal. Podemos afirmar que: a. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. b. Somente as afirmativas II e III estão corretas. c. Somente as afirmativas III e IV estão corretas. d. Somente a afirmativa III está correta. e. Todas as afirmativas estão corretas. 43 LEITURA COMPLEMENTAR Já ouviu falar de design aberto? Studio dLux: da garagem de casa para o mundo Novas alianças entre designers, produtores e usuários devem ser criadas. A tecnolo- gia fornecerá ferramentas ilimitadas para que essa participação deixe de ser um mito. Essas ideias sintetizam o pensamento do designer austro-americano Victor Papanek, autor de Design para um mundo real: Ecologia Humana e Mudança Social (1971) e Móveis Nômades (1973). Suas obras anteciparam conceitos como open design, participação, ino- vação aberta, incubação, entre outros termos que hoje são uma realidade. Um exemplo disso tudo colocado em prática como modelo de negócio está em operação há dois anos: é o Studio dLux, fundado pelo jovem arquiteto paulistano Denis Fuzii, de 26 anos. Formado na faculdade de Belas Artes, ele, assim como muitos profissionais de sua área, bebeu muito desta fonte. Da inspiração, criou um escritório de arquitetura e design que elabora e executa projetos digitalmente, e disponibiliza gratuitamente parte de suas criações para download em uma plataforma open source. Tudo isto da garagem de casa, onde hoje divide o espaço com mais dois arquitetos e duas estagiárias. Quando o insight vem do cotidiano de trabalho Tudo começou com uma encomenda bastante específica. Uma cliente o havia contrata- do para criar a iluminação de um salão de festas e, além disso, pediu ao arquiteto “uma cadeira desmontável e de fácil armazenamento”. Denis, que se diz um apaixonado por mobiliário, foi além da simples entrega. Afinal, cadeiras assim já existem. Mas ele co- locou a mão na massa e pesquisou incontáveis formas de produzir a tal cadeira, que acabou batizada de Kuka. Neste processo de concepção, criação e desenvolvimento de produto, ele descobriu o mundo novo da fabricação digital, possível graças a uma máquina chamada CNC, uma fresadora que corta chapas a partir de um arquivo digital. Com a cliente satisfeita e o projeto entregue, Denis começou a divulgar a cadeira nas mídias sociais, o que chamou a atenção de uma amiga de faculdade, Beatriz Guedes, 26 anos, hoje uma das parceiras do Studio. Bia encantou-se com a cadeira e queria ter http://www.studiodlux.com.br/ 44 LEITURA COMPLEMENTAR uma Kuka pra chamar de sua, mas havia um detalhe: ela estava em Barcelona, na Espa- nha, onde cursava uma especialização. Foi neste momento que Denis teve um insight: por que não (re)produzir a cadeira em outros lugares do mundo? Tratou de encontrar um produtor local que tivesse uma CNC, e o pedido da amiga tornou-se realidade. Este episódio foi o divisor de águas para Denis, que decidiu enviar o arquivo do seu pro- jeto para a FabLabs (laboratórios de inovação para a criação de protótipos) do mundo todo. Sua cadeira, a primeira de uma série que viria posteriormente, chamou a aten- ção de Nikolas Ierodiaconou, ganhador do Ted City Prize pelo projeto WikiHouse, de fabricação open source. Nick é também um dos fundadores da OpenDesk, hoje a maior plataforma de mobiliários para produção local open source. Denis conta que apostou nesse caminho para divulgar o trabalho, um caminho que não requer investimento em marketing, mas que pressupõe uma visão avançada do que é propriedade. Nem todo mundo entendeu. “Meus amigos e minha família acharam que eu estava louco. Eles não conseguiam en- tender os motivos pelos quais eu liberaria gratuitamente um projeto ao qual me dedi- quei três meses para realizar”, declara Denis. Naquele momento, em outubro de 2013, a OpenDesk estava ainda em fase de incu- bação e Denis foi convidado a participar da elaboração da plataforma. A missão dele era encontrar uma forma de minimizar erros na hora de montar os móveis projetados pelos designers. Isto porque a espessura dos materiais pode variar de país para país, o que pode comprometer a entrega final. “Hoje, a plataforma oferece um descritivo para os makers (produtores locais) para que eles saibam como proceder caso a espessura da chapa seja diferente daquela descrita no projeto original”, diz ele. Em dois meses na plataforma, as duas cadeiras de sua autoria, Kuka e Valoví, tiveram 5 mil downloads e foram produzidas em mais de 100 países. Há seis meses, Denis tor- nou-se representante da OpenDesk no Brasil. Ele, afinal, estava certo: em pouco tempo, viu seu trabalho ganhar escala mundial. 45 LEITURA COMPLEMENTAR Uma dessas cadeiras, a Valoví, foi exposta no Salão de Milão de Móveis em maio deste ano. Ela é composta por 20 peças de madeira que se encaixam na montagem, feita sem nenhum tipo de prego, parafuso ou cola. No Salão, foi a única peça assinada por um designer estrangeiro a ser produzida localmente. “A nossa profissão ainda está muito atrasada no que se refere à cadeia de produção”, afirma Denis. Ele fala mais sobre a filosofia que abraçou. “Design aberto é transferência de conhecimento. É empoderar o outro ao liberar seu potencial criativo, permitindo que as pessoas possam usar e adaptar esse conhecimen- to da melhor forma às suas necessidades”. O arquiteto é um entusiasta do conceito e fez dele o seu modelo de negócio a partir da oportunidade que se abriu com a OpenDesk. Com o propósito de conectar designers, produtores locais e clientes, a plataforma elimina intermediários e os custos de expor- tação e importação, minimizando também os custos de logística e de distribuição, o que é bom para o bolso de todos os envolvidos e para o meio ambiente. Eis a equação: os arquivos da cadeira Valoví, por exemplo, estão disponíveis para download gratuito sob a licença Creative Commons. Mas ela é vendida no site e pode ser adquirida, montada ou desmontada por R$ 379,00. Do preço final, 12% vai para a OpenDesk, 8% para o designer, e o restante vai para o maker, um produtor selecionado pela plataforma. Fonte: Dalmolin (2015, on-line)5. 46 material complementar Como criar Uma Cadeira Design Museum Editora: Gutenberg Autentica Sinopse: Como Criar uma Cadeira traz informações sobre o tema, buscando fo- car os princípios e os processos da criação, desde as propriedades simbólicas e funcionais da cadeira até o domínio dos materiais e das técnicas de produção em massa. Em um estudo de caso, Konstantin Grcic faz um relato sobre a concepção e o desenvolvimento de uma de suas cadeiras e procura revelar o que é preciso para criar com sucesso. Indicação para Ler Objectified 2009 Sinopse: neste documentário, um grupo de designers industriais reflete sobre a relação entre a criatividade e os objetos ostensivamente comerciais que produ- zem. Gary Hustwit (Helvetica) dirige esta exploração fascinante da encruzilhada entre o design funcional e a arte. Indicação para Assistir A cooperativa Revale produz mobiliários sustentáveis com pallets, que, geralmente, são descartados, mas que ganham outros significados após serem transformados em variados tipos de mobiliários. Este vídeo contextualiza com exemplos o mobiliário de produção de desvio de função, assunto abordado nesta Uni- dade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kWH7tS65C1Q>. Acesso em: 8 mar. 2018. Indicação para Acessar 47 referências BOOTH, S.; PLUNKETT D. Trad. Alexandre Salvaterra. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. BOUFLEUR, R. N. A Questão da Gambiarra: formas alternativas de desenvolver artefatos e suas relações com o design de produtos. 2006. 153 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. BURDEK, B. E. História, Teoria e Prática do Design de Produtos. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.DAL PIVA, R. Processo de fabricação dos móveis sob medida. Porto Alegre: SENAI/RS, 2006. FRANZATTO, C. O Processo de criação no design conceitual. Explorando o potencial reflexivo e dialético do projeto. Tessituras & Criação, São Paulo, n. 1, maio 2011. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index. php/tessituras/article/view/5612/3967>. Acesso em: 8 mar. 2018. GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residenciais. São Paulo: Senac/ SP, 2004. GOMES, L. C. G. Fundamento de Design. Curitiba: Editora do Livro Técnico, 2015. MEGIDO, V. F. (org.). A Revolução do Design: Conexões para o Século XXI. São Paulo: Gente, 2016. MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Barcelona: Gustavo Gili, 2012. RANGEL, R. Pequenos espaços: truques para ampliar 22 apartamentos de 25 a 75 m². Casa & Jardim. Rio de Janeiro: Globo, n. 631, ago. 2007. VESTERLON, M. Desenho de Móveis. Bento Gonçalves: SENAI/CETEMO, 2007. Referências on-line 1 Em: <http://misturinhasdarhel.blogspot.com.br/2011/11/radarexposicao-anticorpos-fernando.html>. Acesso em: 8 mar. 2018. 2 Em: <http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/>. Acesso em: 8 mar. 2018. 3 Em: <https://www.portalclicknegocios.com.br/empresa/transvandinho>. Acesso em: 8 mar. 2018. 4 Em: <www.monodesign.com.br>. Acesso em: 8 mar. 2018. 5 Em: <http://projetodraft.com/ja-ouviu-falar-de-design-aberto-studio-dlux-da-garagem-de-casa-para-o-mun- do/>. Acesso em: 8 mar. 2018. referências http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/ 48 gabarito 1. E. 2. Mobiliário produzido em série com produção em volume industrial, normal- mente, não é concedido ou produzido para um cliente específico, como acon- tece no mobiliário sob medida. Por isto, em projetos de mobiliários seriados, aconselha-se a utilização de um bom processo metodológico e uma boa pesquisa de mercado, sendo que esse tipo de produção deve atingir a uma grande quantidade de usuários, diferen- temente do mobiliário sob medida, que atinge apenas um cliente específico. A produção é realizada em peças isoladas, com a preocupação da racionali- zação das peças, para se ter o melhor aproveitamento dos materiais na fabri- cação. Geralmente, a produção é realizada em fábricas de pequeno, médio e grande porte. A escolha e a configuração da embalagem têm muita importância na qualidade e na valorização do produto, pois ela o protege de avarias e facilita o armaze- namento, o transporte e o recebimento do produto na residência do cliente. Nos desenhos técnicos, a unidade de medida usual é o milímetro (mm). É feito o desenho do conjunto, como acontece nos projetos de móveis sob medida e, no detalhamento técnico, é feito o desenho peça por peça, com todas as cotas das furações e marcações. Este detalhamento serve como uma documentação técnica do produto e facilita bastante na fabricação e em possíveis regulagens de maquinários, assim como no fluxo de produção do “chão de fábrica”. 3. Para dar início ao projeto de mobiliário sob medida, é necessário o primeiro con- tato com o cliente e com o espaço para ser realizado o levantamento de todos os dados e, desta forma, ter como base principal as medidas exatas dos ambientes no imóvel que será ocupado pelos mobiliários e os seus respectivos artefatos. Depois de todas as informações, inicia-se as anotações de todas as medidas da planta baixa observadas no espaço, como: altura do pé direito, distância entre as paredes e a posição de elementos que estão fixos (portas, janelas, ventilação, pontos elétricos e hidráulicos, ponto de gás, ângulos especiais e outros elementos importantes para não atrapalhar o projeto das peças). 4. E. 5. A. gabarito UNIDADE II Professora Esp. Thiara L. S. Stivari Socolovithc ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E DO MOBILIÁRIO Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O designer e a indústria • Função, técnica e sentido • Fabricação artesanal, fabricação sob medida e fabricação seriada • Estrutura e gestão industrial • Composição geral do mobiliário Objetivos de Aprendizagem • Observar a ligação entre o designer e a indústria. • Analisar as diferenças entre função, técnica e sentidos do design. • Conhecer as diferenças entre os tipos de empresa de móveis. • Compreender a estrutura e as ferramentas de gestão de uma indústria. • Conhecer o modelo construtivo base dos mobiliários. INTRODUÇÃO N este capítulo, conheceremos as rotinas dentro de uma in- dústria de móveis, a sua organização e característica estru- tural. Bem como lembraremos da importância de um tra- balho em conjunto que una a técnica, a forma estética e as funções que o design projeta-se a desempenhar. Primeiramente, vamos estudar de que maneira o design estabelece- -se como profissão em vista da demanda industrial causada pela evolu- ção e pela autonomia dos processos da produção seriada. Compreenderemos a importância do designer como participante dos processos produtivos, atuando como um link entre a empresa e o seu cliente, por meio da criação de produtos que possam ser comercializados. Traremos uma nova ótica sobre a forma e a função dos objetos, des- tacando os valores da forma, além de focar na fabricabilidade, ou seja, na capacidade de fabricação como um dos preceitos a serem seguidos pelo designer. Conheceremos, então, as rotinas e a organização de uma empresa, as características de fabricação de cada tipo de empresa de móveis atual, e também aprender como elas estruturam-se. Observaremos as novas formas de gestão industrial, citando o mo- delo lean de produção enxuta, analisando as suas ferramentas e a sua metodologia como bons exemplos a serem aplicados. Ao final, para compreendermos qual é a característica básica dos pro- dutos que estamos desenvolvendo, faremos a introdução aos elementos constitutivos dos mobiliários em geral, em uma abordagem detalhada das estruturas, nomenclaturas e particularidades das peças de movelaria. Nos capítulos seguintes, conheceremos em detalhes os processos produtivos dos móveis, os seus materiais e componentes de montagem, finalizando com o estudo das representações gráficas e físicas que o de- signer deve dominar. 54 O Designer e a Indústria DESIGN 55 Compreender a dinâmica industrial é componente fundamental para um designer de produtos, tendo em vista que este profissional normalmente traba- lha dentro do departamento de pesquisa/desenvol- vimento de uma indústria, auxiliando na criação, na pesquisa e na descrição técnica dos produtos para aquela empresa, como também no âmbito do empreendedorismo, desenvolvendo o seu próprio design, com controle total ou parcial da produção (muitas vezes, até artesanal). Neste sentido, é fundamental que o profissio- nal conheça as estruturas de uma empresa, os seus processos produtivos, as suas possibilidades e limi- tações, além das rotinas de um chão de fábrica para compreender como uma peça pode ser fabricada. Para isto, vamos voltar um pouco na história do design e lembrar do termo “desenhista industrial”. Tal termo evoca a função primária do designer, voltada a atender às necessidades de detalhamento em relação ao desenho e à especificação técnica dos produtos da época. Ocorreu que, com as revoluções industriais, o processo de fabricação passou a ser seriado, ou seja, a peça começou a ser dividida em partes e produzida
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