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1 Origens das legislações ambientais do Brasil As primeiras legislações relacionadas aos recursos ambientais em território brasileiro tiveram início na época da colonização portuguesa. Por meio de regimentos reais criados com o intuito de conservar e controlar a retirada dos recursos naturais, que já eram explorados, como a madeira e os minerais, é que nasce o que podemos chamar de uma pré-elaboração da legislação que foi desenvolvida no período republicano anterior à Constituição de 1988, a partir da qual foram criadas diversas leis que seriam o alicerce para a composição das normas previstas pela constituição vigente. 1.1 Principais legislações relacionadas à temática ambiental dos períodos colonial e imperial, de 1500 a 1889 Em 1605, por meio de um regimento real, foi aplicada a primeira legislação em território brasileiro relacionada ao meio ambiente. Sua origem foi baseada no código legal europeu e visava proteger o primeiro recurso natural explorado pelos colonizadores: a madeira. O regimento do pau-brasil reconhecia que havia uma desordem na retirada do recurso e que era necessária a sua conservação, visto que essa madeira já estava em falta, sendo preciso um esforço maior para ter acesso a ela. Tal acontecimento era, dessa forma, uma consequência da exploração da árvore há mais de 100 anos pelos próprios colonizadores. Saiba que a punição pelo descumprimento era dada conforme a quantidade retirada; eram atribuídas multas que poderiam levar até mesmo ao confisco da fazenda do condenado, inclusive à pena de morte. O intuito de proteger o pau-brasil era de evitar o contrabando e limitar sua exploração para manter o preço da mercadoria em valores altos no mercado europeu. O responsável por controlar, conceder as licenças e os certificados para a exploração dessa madeira era o provedor- mor. Ele era um dos auxiliares do chamado Regimento do Governador Geral. Esse sistema de governo possuía uma estrutura composta pelo governador-geral, ouvidor-mor (um administrador da justiça que atuava em nome do rei), o provedor-mor (responsável pelas questões econômicas) e o capitão-mor (que atuava na defesa). Em 7 de março de 1609, na cidade de Salvador, foi inaugurado o primeiro tribunal brasileiro com jurisdição para a colônia inteira, que deliberou o Regimento da Relação e Casa do Brasil, no qual estava incluso o regimento do pau-brasil. FIQUE DE OLHO De acordo com Brasil (1824), foi outorgada a primeira Constituição do Brasil, em 1824, que combinava os Códigos Civil e Penal de 1830, confirmando a proteção à retirada de madeira, prevendo sanções penais e administrativas para a queimada e a derrubada de florestas por meio de multa e penas de prisão. E, segundo Brasil (1850), finalmente foi promulgada a Lei nº 601 ou Lei das Terras para impedir a posse das terras devolutas, no caso são as terras que pertencem ao governo imperial, que elas pudessem ser adquiridas de forma gratuita, também houve o registro de todas as terras ocupadas. Durante os períodos colonial e imperial, assim como na política internacional, as questões relacionadas ao meio ambiente estavam ainda em sua fase inicial. 1.2 Principais legislações relacionadas à temática ambiental do período republicano anteriores à Constituição de 1988 Durante o período republicano, devido às instabilidades no âmbito político, foram publicadas seis Constituições Federais, são elas: de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. A Constituição de 1981, primeira do período republicano, instruía que a União deveria formular legislações sobre as minas e as terras, no art. 34, inciso XXIX (BRASIL, 1891). Já a Constituição de 1934 tornou-se importante devido à ênfase na proteção do meio ambiente, pois, no art. 10, determinou como responsabilidade do poder público a competência em proteger o patrimônio de valor histórico e artístico, assim como as belezas naturais, de forma concorrente da União e dos estados, do qual pressupõe-se que o ente federativo era o principal a legislar sobre o assunto (BRASIL, 1934). Sendo assim, veja que cabia à União editar normas gerais sobre o tema e os Estados apenas sobre normas específicas peculiares a ele. Porém, em caso de ausência da legislação federal, cabia ao Estado editar normas gerais e específicas sobre o tema. Se, posteriormente, fosse decretada uma lei federal dispondo sobre o tema, a lei estadual seria suspensa. Saiba que essa Constituição previa a elaboração de legislações para regulamentar a exploração dos recursos naturais, que, posteriormente, deram origem a quatro códigos: das Águas, de Mineração e Florestal, todos de 1934, e da Pesca (1938). Esses códigos forneceram o embasamento para a formação dos Parques Naturais protegidos: do Itatiaia (1937), do Iguaçu (1939), da Serra dos Órgãos (1939), do Araguaia (1959), das Emas (1961), das Sete Quedas (1961) e também da Floresta Nacional de Araripe-Apodi (BRASIL, 1934). Segundo Brasil (1937), a Constituição de 1937, outorgada no decorrer da presidência Getúlio Vargas, no art. 18, determinava que, caso não houvesse lei federal estabelecida, os estados podem legislar, independentemente de autorização prévia, sobre diversos recursos naturais, como energia hidrelétrica, águas, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, florestas, caça e pesca e sua exploração. Além disso, foi considerada nacionalista, como você pode conferir por meio do art. 144, que regulamentava a nacionalização progressiva dos bens e dos serviços considerados como básicos para a defesa econômica ou militar do país, incluindo-se as quedas d'água ou outras fontes de energia, as minas, as jazidas minerais e, por fim, as indústrias. Na Constituição promulgada em 1946, destaca-se principalmente o art. 153, que estabelece a obrigatoriedade de autorização ou concessão federal, na forma da lei, para aproveitamento dos recursos minerais e de energia hidráulica, com exceção para a exploração da energia hidráulica de potência reduzida, que não depende de concessão prévia (BRASIL, 1946). No entanto, isso pode ser conferido apenas aos brasileiros ou às sociedades organizadas no Brasil, sendo resguardado ao proprietário do solo a prioridade para a exploração. Após serem seguidas as exigências da lei para a concessão de exploração assim como a comprovação de que os concedidos possuem os recursos necessários para realizar os serviços técnicos e administrativos, os Estados passarão a exercer em suas áreas a atribuição constante desse artigo. Saiba também que cabia à União auxiliar os Estados nos estudos referentes às águas termominerais de aplicação medicinal e no aparelhamento das estâncias destinadas ao uso delas. Conforme Brasil (1964), em 30 de novembro de 1964, foi publicado o Estatuto da Terra – Lei nº 4504, com o objetivo de regular os direitos e as obrigações aos bens imóveis rurais, além da promoção da política agrícola e da realização da reforma agrária. Segundo Brasil (1965), em 15 de setembro de 1965, foi editada a Lei nº 4.771, revogando o Código Florestal instituído em 1934, tornando-se a nova legislação sobre a preservação do meio ambiente. Já em 3 de janeiro de 1967, foi sancionada a Lei 5.197, que dispõe da proteção à fauna e dá outras providências, em que é proibida utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha dos animais de qualquer espécie que vivem fora das áreas de cativeiro, ou seja, aqueles que constituem a fauna silvestre (BRASIL, 1967). No mesmo ano, em 24 de janeiro, foi outorgada uma nova Constituição, da qual destaca-se o art. 8º, que compete à União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais, metalurgia, florestas, caça, pesca, águas, energia elétrica e telecomunicações (BRASIL, 1967). Outra importante atribuição está contida no art. 81, incisos III e V, referindo-se à competência privativa do presidente da república em sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expedir decretos e regulamentos para a sua execução, bem como disporsobre a estruturação, as atribuições e o funcionamento dos órgãos da administração federal. Essa incumbência permitiu a publicação do Decreto nº 73.030, em 30 de outubro de 1973, que instituiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais (BRASIL, 1973). As atribuições dessa Secretaria foram aprimoradas e substituídas por uma nova política organizada por meio da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981). 2 Lei Federal nº 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, seus instrumentos e suas finalidades A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) constituiu as bases das normas da legislação ambiental brasileira a partir dos instrumentos criados com o objetivo de defender, fiscalizar e evitar/minimizar os impactos ambientais para alcançar sua principal finalidade que é a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. Tenha em mente que sua estrutura principal é dirigida pelo conselho de governo (órgão superior), que tem como intuito auxiliar o presidente a estabelecer as diretrizes governamentais para o meio ambiente e os seus recursos bem como na elaboração dessa política brasileira (BRASIL, 1981). Para que a PNMA funcione como um sistema integrado, ela subdivide os papéis a serem exercidos por três grandes áreas que exercem funções governamentais distintas: o Ministério do Meio Ambiente (MMA), que planeja, coordena, supervisiona e controla a PNMA; o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que executa ou delibera outros órgãos para executarem as políticas e as diretrizes e também pode atuar junto a outras autoridades, como Polícia Federal, exército, Receita Federal e outros, que operam em conjunto, podendo realizar, por exemplo, ações de fiscalização (BRASIL, 1981). Por fim, conforme o MMA (2009), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é um órgão consultivo e deliberativo que determina as normas e os padrões dessa política por meio de publicações. 2.1 Instrumentos executados exclusivamente pelos órgãos governamentais Por meio do art. 9º, da Lei nº 6.938/81 – PNMA, foi definida a maioria dos mecanismos ou instrumentos para exercer as funções de controle, como fiscalização e preservação do meio ambiente, realizadas exclusivamente pelos entes do Governo, ou seja, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, logo, não podem ser realizadas por iniciativa privada (BRASIL, 1981). Confira, a seguir, quais são esses mecanismos: • Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental É composto pela gestão dos componentes do meio ambiente, que são a qualidade do ar, das águas e dos padrões de ruído. Geralmente, é realizado por meio de resoluções publicadas pela CONAMA. Por exemplo: Resolução CONAMA nº 5/1989 (criou o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar, que estabeleceu os limites de poluentes no ar atmosférico como instrumento básico da gestão ambiental para proteção da saúde e bem- estar das populações e melhoria da qualidade de vida; Resolução CONAMA nº 357/2005 (realizou a qualificação das águas, ou enquadramento, em 13 classes, sendo 5 doces, 4 salobras e 4 salinas, classificando-as de acordo com seus usos preponderantes atuais e futuros) (MMA, 2012). • Zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico econômico Estabelecido pelo Decreto nº 99.540, que tem objetivo de ordenar os usos e as formas de ocupação do solo, consistindo na repartição de um território. Um exemplo em nível municipal é a subdivisão da área do município em zonas de uso, como a classificação em zonas das áreas urbanas críticas de poluição, que seriam destinadas, prioritariamente, à instalação de indústrias. Elas são, ainda, subdivididas em zonas de uso estritamente industrial, uso predominantemente industrial e uso diversificado (BRASIL, 1980). • Criação de espaços territoriais especialmente protegidos Esses espaços, protegidos pelos poderes Público Federal, Estadual e Municipal, são áreas de proteção ambiental de relevante interesse ecológico e reservas. As Áreas de Proteção Ambiental (APA) são territórios de conservação dos processos naturais e da biodiversidade, orientando o desenvolvimento adequado das atividades humanas aos recursos ambientais da área. Já as zonas de conservação da vida silvestre (ZVS) foram instituídas para que sejam reguladas para uso moderado e autossustentado da biota, assegurando a manutenção dos ecossistemas naturais ou áreas em que a proteção é essencial para a sobrevivência das espécies da fauna, da flora e da biota regional, consideradas vulneráveis, e também para proteger ecossistemas parcialmente alterados em sua organização funcional primitiva (BRASIL, 1990). • Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente Tem como objetivo a publicidade das informações ambientais por meio da criação de um grande banco de dados centralizador para compartilhamento de informações pelas três esferas de governo (BRASIL, 1981). • Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Propõe a criação e a atualização constante de um banco de dados nacional de pessoas físicas e jurídicas que exerçam atividades potencialmente degradadoras ou que prestem serviços de estudos ambientais (BRASIL, 1981). • Relatório de Qualidade do Meio Ambiente Realiza um panorama anual sobre o meio ambiente no Brasil. A responsabilidade de criação e divulgação do material é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (BRASIL, 1981). • Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente Onde obriga-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes (BRASIL, 1981). • Instrumentos econômicos Como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (BRASIL, 1981). 2.2 Instrumentos que requerem ações conjuntas dos órgãos governamentais e das empresas Quanto aos instrumentos que promovem a relação entre os órgãos governamentais e as empresas, eles são principalmente de ação preventiva (SIRVINSKAS, 2020). Confira: Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) É um levantamento dos possíveis impactos ambientais bem como o potencia legitimação das medidas de proteção a serem propostas em caso de aprov processo de licença ambiental (SIRVINSKAS, 2020). Licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras Configura-se como o processo mais complexo requerido para o início de concessão da licença, devem ocorrer auditorias para revisar se as empresas por meio da fiscalização do uso dos recursos ambientais (SIRVINSKAS, 2020). Incentivar produção, Esses incentivos são voltados para a melhoria da qualidade ambiental. Logo, e acompanhar as leis e o uso de recursos ambientais e auxiliar as atividades instalação de equipamentos e criação ou absorção de tecnologia potencial degradador. Isso deve ser incentivado pelo Governo (BRASIL, 1981 Projeto PROCONVE, criado por meio da resolução CONAMA 018/86, que automóveis (MMA, 2012). Penalidades disciplinares ou compensatórias Aplicadas pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação o assim, em caso de degradação ambiental, é de responsabilidade das empre ocorra, elas podem ser penalizadas por meio da Lei (BRASIL, 1998). 3 Avaliação de Impactos Ambientais e as etapas para sua realização A AIA é um trabalho realizado por profissionais de diferentes áreas. Você pode considerá-la, portanto, como um estudo multidisciplinar que realiza o levantamento das alterações causadoras da instalação de empreendimento ou atividade (MMA, 2009). Ao estudar sobre esse assunto, é importante, primeiramente, você compreender a definição do termo impacto ambiental. Conforme o MMA (2012), a ResoluçãoCONAMA nº 001/86, no art. 1º, impacto ambiental é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias ambientais; a qualidade dos recursos ambientais.” A AIA não é instrumento de decisão, mas é essencial ao processo, pois fornece os subsídios para a tomada de decisão, sendo, portanto, o processo anterior ao licenciamento (SIRVINSKAS, 2018). Para a realização da AIA, são necessários alguns passos que você conhecerá a seguir. A etapa inicial é fundamental para constar qual o enquadramento da atividade, com o objetivo de verificar a natureza do empreendimento para realizar o requerimento ao apropriado órgão ambiental competente, seguindo as normas estabelecidas pela Lei Complementar nº 140/2011, de acordo com Brasil (2011). A partir dessa verificação, é emitido o Relatório Ambiental Preliminar (RAP) que instrumentaliza a decisão quanto à exigência ou à dispensa da realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Em caso de necessidade, a empresa deve elaborá-los. Em seguida, ocorre a fase de elaboração e análise técnica do EIA. Também são analisados as sugestões e os interesses da sociedade diretamente relacionados ao AIA por meio da participação pública. Posteriormente, resulta-se em uma decisão favorável ou não ao projeto. Sendo sugeridas condições para a aprovação do projeto pelo órgão ambiental (SIRVINSKAS, 2018). https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_1 https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_1 Logo então, busca-se garantir a realização efetiva das condições sugeridas pelo órgão ambiental, verificando se as exigências apontadas como requisitos para aceitação do projeto ou atividade foram colocadas em prática. Por último, são realizadas as verificações por meio de monitoramento e auditoria das modificações que foram acordadas entre o órgão governamental e a empresa (SIRVINSKAS, 2018). Para MMA (2012), o CONAMA 001/86, publicado em 23 de janeiro de 1986, apresentou a definição do conceito de impacto ambiental bem como exigiu e deliberou sobre a realização de EIA, junto ao RIMA. Ambos deverão ser submetidos e aprovados pelo órgão governamental de competência para o licenciamento do empreendimento. 3.1 Estudo de Impacto Ambiental O Estudo de Impacto Ambiental, conforme o CONAMA 001/86, é composto por vários estudos com dados técnicos detalhados, realizados por profissionais especializados nas áreas relacionadas ao meio ambiente (MMA, 2012). Segundo Sirvinskas (2018), o EIA se inicia pelo processo de diagnóstico ambiental caracterizado pelo levantamento das características gerais do ambiente em cada um dos seguintes meios: físico, biológico e os ecossistemas naturais, e socioeconômico. Em seguida, são analisados os possíveis impactos ambientais positivos e negativos causados pela implementação do empreendimento, e são propostas medidas para minimizar os impactos negativos e potencializar aqueles considerados positivos. Por fim, é realizada a criação de um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos ao meio ambiente. Você pode verificar os detalhes dessas quatro etapas por meio da leitura do art. 6º a seguir. I – Deve-se realizar o diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico: neste, temos o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e as aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas. b) o meio biológico e os ecossistemas naturais: que são a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. c) o meio socioeconômico: que se constitui a partir do uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_0 https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_0 discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. lV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento com os impactos positivos e negativos, indicando fatores e parâmetros a serem considerados (MMA, 2012). Como resultado a esse processo, veja que há o levantamento e a descrição dos impactos ambientais potenciais. No documento do EIA, são identificados e numerados cada um dos impactos classificados como positivos ou negativos, separados de acordo com o meio físico, meio biológico e os ecossistemas naturais, e meio socioeconômico. Em seguida, é apresentada a ação geradora, ou seja, a causadora do impacto, seguida da descrição e da análise (que descreve o processo de alteração do meio ambiente, com o que será modificado, considerando tanto as condições de hoje quanto aquelas após os resultados esperados no futuro, que acontecerá depois da interferência dos empreendimentos). Dando continuidade, é realizada a classificação dos impactos ambientais que leva em consideração seus aspectos a partir de sete características do impacto ambiental: • Categoria Negativos (quando trazem um resultado indesejável, pois resultam na quebra do equilíbrio ecológico. Exemplos: erosão dos solos, desmatamento etc.) e positivos (quando trazem um resultado desejável, ou seja, trazem melhoria ao meio ambiente. Exemplos: geração de novos empregos, recuperação de nascentes etc.). • Tipo de impacto Direto (as implicações do impacto têm relação de causa e consequência simples) e indireto (as implicações do impacto têm como fonte inicial outra relação de causa e consequência). • Área de abrangência Local (quando atinge áreas próximas) e regional (quando alcança áreas longínquas). • Duração Temporária (quando seu efeito possui uma duração limitada), permanente (quando seu efeito é definitivo), cíclica (quando o efeito possui uma duração temporária, mas que pode retornar em outro momento). • Reversibilidade Reversível (quando é possível reverter a tendência, levando em consideração a possível aplicabilidade de medidas de reparação do meio ambiente ou no caso de suspensão da atividade geradora) e irreversível (quando não é possível reverter os impactos ambientais). • Magnitude Forte (quando o impacto se manifesta fortemente), média (quando o impacto se manifesta de forma mediana), fraca (quando o impacto se manifesta de forma pequena) e variável (quando o impacto varia a magnitude e não é possível precisar sua intensidade). • Prazo Curto (quando o impacto se manifesta em um curto espaço de tempo),médio (quando o impacto se manifesta em um médio espaço de tempo), longo (quando o impacto se manifesta em longo prazo de tempo). Por fim, saiba que são sugeridas medidas mitigadoras ou potencializadoras das alterações ao meio ambiente: quanto aos impactos negativos (destinam-se a prevenir/mitigar ou reduzir sua magnitude) e quanto aos impactos positivos (devem ser potencializados a fim de aumentar as alterações ao meio ambiente). 3.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) Realizado após o EIA, o RIMA configura-se como o relatório conclusivo, que traz os termos técnicos para esclarecimento, avaliando os impactos ambientais. Esse documento pode ser escrito de maneira objetiva e de fácil compreensão, por isso, preferencialmente, as informações devem ser traduzidas ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos etc. de modo que fiquem claras as vantagens e as desvantagens do projeto (MMA, 2009). O relatório deve ser estruturado apresentando, primeiro, as informações gerais sobre o empreendimento (nome, endereço, telefone entre outras) e apresentar a identificação do responsável pela elaboração do EIA/RIMA e de sua equipe (MMA, 2009). É comum que as empresas contratem consultorias para realizar esse processo. Figura 1 - É obrigatória a presença de uma equipe multidisciplinar especializada em diversas áreas do conhecimento para realizar consultorias Fonte: Shutterstock, 2020. Conforme MMA (2009), em seguida, o relatório identifica, localiza e informa sobre o empreendimento que se pretende conseguir a licença. Portanto, são detalhadas as etapas desse processo que vão desde o planejamento, a implantação, a operação até a desativação da obra. Depois, apresenta-se a caracterização do empreendimento limitando a área geográfica, representada por um mapa em que são exibidas as áreas de influência bem como as interações e a descrição das inter-relações dos componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema, apresentando-os em forma de síntese (MMA, 2009). Os dados seguintes referem-se à descrição detalhada de cada um dos componentes do meio físico, como solo, clima, hidrografia, vegetação etc.; do meio biótico, como aves, insetos, mamíferos etc.; e do meio antrópico, como educação, atividades econômicas, infraestrutura etc. Posteriormente, é apresentado o diagnóstico ambiental com a identificação e a interpretação dos impactos ambientais das etapas previstas do projeto. E conclui-se com as medidas que estão previstas para minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos, especificando a natureza, a época, o prazo de duração, a responsabilidade pela sua implantação entre outros pontos (MMA, 2009). Saiba que existem algumas informações que, obrigatoriamente, devem constar no RIMA, elas estão especificadas no art 9º da Resolução CONAMA nº 001/86. Confira: I – Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e sua compatibilidade com as políticas setoriais, os planos e os programas governamentais; II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas, a mão de obra, as fontes de energia, os processos e a técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e da operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados e o grau de alteração esperado; VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável com as conclusões e os comentários de ordem geral (MMA, 2012). 4 Licenciamento ambiental e as etapas do processo Conforme a Resolução CONAMA nº 237/97, o licenciamento ambiental é o processo administrativo pelo qual o órgão ambiental competente pode conceder a licença às empresas, mas veja que isso é desde que elas estejam de acordo com as normas ambientais, diante da necessidade de funcionamento de empreendimentos nas circunstâncias de localização, instalação, ampliação, operação deles ou para atividades que usufruem dos recursos naturais (MMA, 2012). A Lei Federal nº 6.938/81 estabelece que, para implementação e planejamento de empreendimentos, potencial ou efetivamente poluidores, é necessário que a empresa possua a licença ambiental correspondente à etapa que será executada pelo empreendimento (BRASIL, 1981). Figura 2 - Para ser concedida a licença ambiental, o órgão competente estabelece condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem executados por parte do empreendedor Fonte: Shutterstock, 2020. Outro aspecto importante, é que o licenciamento pode ser concedido ou renovado, porém, leve em consideração que é obrigatória a publicação em jornal oficial, periódico regional ou local de grande circulação ou em algum meio eletrônico de responsabilidade do órgão ambiental competente. 4.1 Critérios para a seleção do órgão de competência para conceder licenças O primeiro passo para a concessão da licença é a determinação do órgão ambiental competente indicado pelo IBAMA e pelo ICMBio, conforme a jurisdição dos quais os impactos ambientais podem atingir (SIRVINSKAS, 2020). O art. 10, da Lei Federal nº 6.938/81, descreve que o licenciamento é um mecanismo que, primordialmente, é realizado pelo órgão estadual de meio ambiente, que varia conforme o estado (BRASIL, 1981). No estado de Minas Gerais, a responsabilidade do serviço é da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Já o órgão que realiza o licenciamento no estado do Ceará é a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE. FIQUE DE OLHO Conforme verificado, cada estado tem seus órgãos de licenciamento. Os critérios locacionais bem como os fatores de restrição ou vedação que acometem os empreendimentos/atividades solicitantes do licenciamento devem respeitar as legislações próprias do estado requerido. No estado do Ceará, elas são regidas pela Resolução COEMA nº 10/2015. Ao passo que, no estado de Minas Gerais, a deliberação normativa COPAM nº 217/2017 é quem regulamenta o licenciamento ambiental. Em algumas determinadas situações, em que os empreendimentos geram impactos em nível nacional, note que o licenciamento será exercido pelo IBAMA, como em situações em que as obras ultrapassam o nível regional e ainda podem ocorrer em caráter supletivo. As situações que demandam o licenciamento ambiental pela União foram definidas pelo art. 7º. Elas são, em geral, relacionadas à proteção daquilo que é determinado como bem da União pela Constituição de 1988. De acordo com Brasil (2011), uma das ações administrativas da União é promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades (Lei Complementar nº 140/2011, art. 7º, inciso XIV): a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe. b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva. c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas. d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental. e) localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados. f) decaráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999. g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento (BRASIL, 2011). Há também algumas situações em que o licenciamento ambiental é realizado pela esfera municipal, principalmente naquelas restritas a apenas um Município. Assim, uma das ações administrativas de licenciamento reservadas aos Municípios são aquelas que a) causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade (BRASIL, 2011). b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 9º). A concessão de licenças será realizada, principalmente, pelo órgão estadual de meio ambiente, pois a ele cabe promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, com exceção daqueles que foram atribuídos aos âmbitos nacionais ou municipais (determinados, respectivamente pelos arts. 7º e 9º) (BRASIL, 2011). As ações administrativas dos Estados com relação ao licenciamento são: XIV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º. XV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 8º, INCISOS XIV E XV). Sirvinskas (2020) destaca que o processo de licenciamento ambiental é complexo. Para que ele ocorra de maneira mais descomplicada, é necessário que a empresa já possua um sistema de gestão ambiental implantado, com uma equipe que possua bom desenvolvimento organizacional. 4.2 Etapas para a concessão do licenciamento ambiental A exigência do cumprimento das leis ambientais não é apenas requerida pelos órgãos ambientais, pois também refletem as exigências do mercado e dos próprios consumidores. Saiba que, em alguns casos, como o do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), a licença ambiental é solicitada para pedidos de empréstimos e investimentos, os quais somente são concedidos mediante a sua conferência. É relevante ressaltar que a PNMA, na Lei Federal nº 6.938/81, determinou a indispensabilidade do licenciamento em todas as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras dentro do território brasileiro. Porém, não são todos os empreendimentos que demandam de licenciamento ambiental. Nesses casos, é possível requerer a Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF), que possui validade de quatro anos, podendo ser submetida periodicamente a reavaliações, sendo concedida apenas àquelas atividades que não são consideradas de impacto ambiental significativo, portanto, dispensada do processo de licenciamento. Nos casos em que é comprovada a necessidade da Licença Ambiental, deve-se determinar, primeiramente, qual será o órgão governamental competente para realizar o processo e este deverá informar à empresa requerente as informações sobre qual a modalidade de licença que o empreendimento deverá realizar bem como solicitar a entrega dos documentos para iniciar o processo. Entenda que diversos setores se enquadram nessa obrigatoriedade, como: extração e tratamento de minerais, obras civis, serviços de utilidade, transporte, terminais e depósitos, turismo, atividades agropecuárias e uso de recursos naturais (SIRVINSKAS, 2020). Porém, como você pode notar, as indústrias são as que possuem maior quantidade de empreendimentos necessários à concessão de licença. As indústrias que possuem subtipos que necessitam de licenciamento são: produtos minerais não metálicos, metalúrgica, mecânica, de material elétrico, eletrônico e comunicações, de material de transporte, de madeira, de papel e celulose (indústria de borracha), de couros e peles, química de produtos de matéria plástica, têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos, de produtos alimentares e bebidas, de fumo e outras indústrias diversas. Porém, dentro de cada uma dessas áreas, são citadas algumas atividades, por exemplo, na área https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_3 https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_3 de atividades agropecuárias, há as subáreas: projeto agrícola, criação de animais e projetos de assentamentos e de colonização. FIQUE DEOLHO Várias atividades ou empreendimentos estão sujeitos ao licenciamento ambiental. Para conhecê-los, pesquise pela listagem do ANEXO I da Resolução CONAMA nº 237/97, que apresenta a relação dos setores econômicos/áreas, com todas as suas subáreas, e consulte-a. Saiba que há três tipos de licença, que variam conforme a etapa do empreendimento, podendo ser prévia, de instalação ou de operação. Essas foram definidas pela Resolução CONAMA nº 237/97, no art. 1º. De acordo com MMA (2012), para efeito dessa resolução, foram adotadas as seguintes definições: I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. A aplicação desses três tipos de licença depende da modalidade que será exigida a licença ambiental. O prazo máximo da licença prévia é de cinco anos, de instalação são 6 anos e de operação em, no máximo, 10 anos (MMA, 2012). De acordo com Bastos (2013), em situações que ocorrem conflitos, principalmente com relação à sociedade, esses processos podem demorar muitos anos para ocorrer, tal como o licenciamento da Usina de Belo Monte - PA. As etapas para concessão da licença dependerão do tipo de modalidade que a licença foi classificada pelo órgão ambiental responsável. Essa classificação pode ser feita em três tipos, veja: Licença Ambiental Simplificada (LAS) Em casos em que os empreendimentos ou as atividades são de pequeno porte e com baixo potencial poluidor/degradador, pode ser concedida a mais simples e rápida. Licenciamento Ambiental Trifásico (LAT) Serão analisadas a LP, LI e LO em fases sucessivas. Licenciamento Ambiental Concomitante (LAC) Podendo este ser monofásico (LAC 1 - quando a análise ocorre em uma única fase, das etapas de LP, LI e LO) ou bifásico (LAC 2 – em que ocorre uma análise mais aprofundada, pois ocorre em uma única fase, as etapas de LP e LI doempreendimento, com análise posterior da LO; ou análise da LP com posterior análise concomitante das etapas de LI e LO do empreendimento). Dessa forma, você pode compreender que, ainda que exista a Resolução CONAMA nº 237/97, que estabelece os principais processos da licença, há a necessidade de cada estado criar a sua própria legislação (MMA, 2012). 5 Constituição de 1988 e princípios do Direito Ambiental As legislações ambientais do Brasil estão agrupadas no chamado Direito Ambiental (SIRVINSKAS, 2020). Ele é considerado como um ramo do Direito cuja principal temática em destaque é o meio ambiente e surgiu a partir dos avanços na legislação ocorridos a partir da Constituição Federal de 1988. 5.1 Meio ambiente na Constituição de 1988 Há diversos trechos da mais recente Constituição que se referem ao meio ambiente. O primeiro deles está presente no título II, referente aos Direitos e Garantias Fundamentais, e no Capítulo I, sobre os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988). A partir do art 5º, tenha em mente que se torna clara a importância dos papéis exercidos pelos cidadãos no sentido de contribuir nos aspectos individuais e coletivos com o meio ambiente, visando diminuir seus impactos no planeta (BRASIL, 1988). No título III, referente à organização do Estado, são citados os bens da União. É importante lembrar-se de que, quando o licenciamento ambiental é referente a algum desses bens, é executado pelo IBAMA (BRASIL, 1988). Assim, a Constituição Federal recente estabelece, no seu art. 20º, que são bens da União: I – os que, atualmente, lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI – o mar territorial; VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII – os potenciais de energia hidráulica; IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo (BRASIL, 1988). Em seguida, são assinaladas as funções que cabem individualmente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios e as atribuições competentes a todos, sendo, posteriormente, instituídas pela Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011, conforme a seguir: Art. 23º: é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. Art. 24º: compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição. VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (BRASIL, 1988). Ainda, são assinaladas as funções institucionais do Ministério Público no art. 129: “III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. Veja que isso significa que, em casos que forem causados danos ambientais, cabe ao Ministério Público abrir inquérito bem como realizar investigação. Também é relevante apontar que, no Capítulo I: Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, no art. 70, na área que descreve as questões da ordem econômica, é levantado que é necessário assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, respeitando os princípios de defesa do meio ambiente. E a maior contribuição refere-se ao art. 225, dedicado exclusivamente ao meio ambiente, do qual se fundamentaram os princípios do Direito Ambiental. 5.2 Algumas legislações pertinentes após a Constituição de 1988 A Lei nº 9.605, de fevereiro de 1998, também chamada de Lei dos crimes ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências (BRASIL, 1998). Dessa forma, ela é um importante passo para a punição em casos de dano ao meio ambiente. Outra legislação impactante foi o novo Código Florestal, de 25 de abril de 2012, sendo publicado pela Lei nº 12.651/12, que delimitou as normas gerais sobre a proteção da vegetação, as áreas de preservação permanente e de reserva legal bem como a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e a prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos (BRASIL, 2012). Assim, o Código Florestal manteve a legislação do código anterior com relação às propriedades privadas urbanas e rurais, que, a partir dessa lei, estariam obrigadas a conservar dentro de suas propriedades (BRASIL, 1965): • Áreas de Preservação Permanente (APPs) – consideradas em zonas rurais ou urbanas Florestas e demais formas de vegetação natural situada ao longo dos rios ou de qualquer outro curso d'água, em faixa marginal; ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; nas nascentes ou "olhos d'água", seja qual for a sua situação topográfica; no topo de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres (BRASIL, 1965). As APPs possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, o fluxo gênico de fauna e flora, a paisagem, a biodiversidade, a estabilidade geológica além de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, podendo corresponder à área coberta ou não por vegetação nativa (BRASIL, 1965). • Reserva Legal (RL) É considerada como imprescindível para o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade, o abrigo e a proteção de fauna e flora nativas. O percentual varia conforme a localização da propriedade. Na Amazônia Legal, o valor é de 80% no imóvel situado em área de florestas; 35% no imóvel situado em área de cerrado; 20% no imóvel situado em área de campos gerais, ou nas demais regiões do país. Essa área deverá ser situada no interior de uma área rural e precisa ser distinta daquela determinada como de preservação permanente (BRASIL, 1965). Essa foi uma importante decisão em prol da preservação dos recursos ambientais, pois foi delegada aos proprietários a obrigação de manter, pelo menos, uma parcela de suas propriedades destinada à conservação do meio ambiente. Os proprietários que não cumprissem as normas de delimitação das APPs e da Reserva Legal precisariam recompor as áreas desmatadas (BRASIL, 1965). A legislação de Gestão de Florestas Públicasoriginou um novo mecanismo ambiental incluídos na Lei nº 6.938/81 da PNMA (BRASIL, 1981). Como instrumentos econômicos, refere-se a procedimentos como: Concessão florestal Permite à iniciativa privada a compra do direito de manejo florestal sustentável bem como a exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo. Servidão ambiental ou servidão de conservação É realizada a partir da renúncia voluntária ao direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais pelo proprietário rural na sua propriedade (BRASIL, 2006). Seguro ambiental São recursos financeiros para reparação ou recomposição de área degradada por danos ambientais (BRASIL, 2006). 1 Origens das legislações ambientais do Brasil 1.2 Principais legislações relacionadas à temática ambiental do período republicano anteriores à Constituição de 1988 2 Lei Federal nº 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, seus instrumentos e suas finalidades 2.1 Instrumentos executados exclusivamente pelos órgãos governamentais Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental Zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico econômico Criação de espaços territoriais especialmente protegidos Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Relatório de Qualidade do Meio Ambiente Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente Instrumentos econômicos 2.2 Instrumentos que requerem ações conjuntas dos órgãos governamentais e das empresas 3 Avaliação de Impactos Ambientais e as etapas para sua realização 3.1 Estudo de Impacto Ambiental Categoria Tipo de impacto Área de abrangência Duração Reversibilidade Magnitude Prazo 3.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 4 Licenciamento ambiental e as etapas do processo 4.1 Critérios para a seleção do órgão de competência para conceder licenças 4.2 Etapas para a concessão do licenciamento ambiental 5 Constituição de 1988 e princípios do Direito Ambiental 5.1 Meio ambiente na Constituição de 1988 5.2 Algumas legislações pertinentes após a Constituição de 1988 Áreas de Preservação Permanente (APPs) – consideradas em zonas rurais ou urbanas Reserva Legal (RL)
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