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APOSTILA MÓDULO 4 - Gestão de Recursos Ambientais - 20212 B - UNINABUCO

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1 Origens das legislações ambientais do Brasil 
As primeiras legislações relacionadas aos recursos ambientais em território brasileiro tiveram 
início na época da colonização portuguesa. Por meio de regimentos reais criados com o intuito 
de conservar e controlar a retirada dos recursos naturais, que já eram explorados, como a 
madeira e os minerais, é que nasce o que podemos chamar de uma pré-elaboração da legislação 
que foi desenvolvida no período republicano anterior à Constituição de 1988, a partir da qual 
foram criadas diversas leis que seriam o alicerce para a composição das normas previstas pela 
constituição vigente. 
 
1.1 Principais legislações relacionadas à temática ambiental 
dos períodos colonial e imperial, de 1500 a 1889 
Em 1605, por meio de um regimento real, foi aplicada a primeira legislação em território 
brasileiro relacionada ao meio ambiente. Sua origem foi baseada no código legal europeu e 
visava proteger o primeiro recurso natural explorado pelos colonizadores: a madeira. O 
regimento do pau-brasil reconhecia que havia uma desordem na retirada do recurso e que era 
necessária a sua conservação, visto que essa madeira já estava em falta, sendo preciso um 
esforço maior para ter acesso a ela. Tal acontecimento era, dessa forma, uma consequência da 
exploração da árvore há mais de 100 anos pelos próprios colonizadores. Saiba que a punição 
pelo descumprimento era dada conforme a quantidade retirada; eram atribuídas multas que 
poderiam levar até mesmo ao confisco da fazenda do condenado, inclusive à pena de morte. 
 
O intuito de proteger o pau-brasil era de evitar o contrabando e limitar sua exploração para 
manter o preço da mercadoria em valores altos no mercado europeu. O responsável por 
controlar, conceder as licenças e os certificados para a exploração dessa madeira era o provedor-
mor. Ele era um dos auxiliares do chamado Regimento do Governador Geral. Esse sistema de 
governo possuía uma estrutura composta pelo governador-geral, ouvidor-mor (um 
administrador da justiça que atuava em nome do rei), o provedor-mor (responsável pelas 
questões econômicas) e o capitão-mor (que atuava na defesa). 
 
Em 7 de março de 1609, na cidade de Salvador, foi inaugurado o primeiro tribunal brasileiro com 
jurisdição para a colônia inteira, que deliberou o Regimento da Relação e Casa do Brasil, no qual 
estava incluso o regimento do pau-brasil. 
 
FIQUE DE OLHO 
De acordo com Brasil (1824), foi outorgada a primeira Constituição do Brasil, em 1824, que 
combinava os Códigos Civil e Penal de 1830, confirmando a proteção à retirada de madeira, 
prevendo sanções penais e administrativas para a queimada e a derrubada de 
florestas por meio de multa e penas de prisão. E, segundo Brasil (1850), finalmente foi 
promulgada a Lei nº 601 ou Lei das Terras para impedir a posse das terras devolutas, no caso 
são as terras que pertencem ao governo imperial, que elas pudessem ser adquiridas de forma 
gratuita, também houve o registro de todas as terras ocupadas. 
Durante os períodos colonial e imperial, assim como na política internacional, as questões 
relacionadas ao meio ambiente estavam ainda em sua fase inicial. 
1.2 Principais legislações relacionadas à temática 
ambiental do período republicano anteriores à Constituição 
de 1988 
Durante o período republicano, devido às instabilidades no âmbito político, foram publicadas seis 
Constituições Federais, são elas: de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. A Constituição de 
1981, primeira do período republicano, instruía que a União deveria formular legislações sobre 
as minas e as terras, no art. 34, inciso XXIX (BRASIL, 1891). Já a Constituição de 1934 tornou-se 
importante devido à ênfase na proteção do meio ambiente, pois, no art. 10, determinou como 
responsabilidade do poder público a competência em proteger o patrimônio de valor histórico e 
artístico, assim como as belezas naturais, de forma concorrente da União e dos estados, do qual 
pressupõe-se que o ente federativo era o principal a legislar sobre o assunto (BRASIL, 1934). 
 
Sendo assim, veja que cabia à União editar normas gerais sobre o tema e os Estados apenas sobre 
normas específicas peculiares a ele. Porém, em caso de ausência da legislação federal, cabia ao 
Estado editar normas gerais e específicas sobre o tema. Se, posteriormente, fosse decretada uma 
lei federal dispondo sobre o tema, a lei estadual seria suspensa. 
Saiba que essa Constituição previa a elaboração de legislações para regulamentar a exploração 
dos recursos naturais, que, posteriormente, deram origem a quatro códigos: das Águas, de 
Mineração e Florestal, todos de 1934, e da Pesca (1938). 
 
Esses códigos forneceram o embasamento para a formação dos Parques Naturais protegidos: 
do Itatiaia (1937), do Iguaçu (1939), da Serra dos Órgãos (1939), do Araguaia (1959), das Emas 
(1961), das Sete Quedas (1961) e também da Floresta Nacional de Araripe-Apodi (BRASIL, 1934). 
 
 
Segundo Brasil (1937), a Constituição de 1937, outorgada no decorrer da presidência Getúlio 
Vargas, no art. 18, determinava que, caso não houvesse lei federal estabelecida, os estados 
podem legislar, independentemente de autorização prévia, sobre diversos recursos naturais, 
como energia hidrelétrica, águas, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, florestas, caça e 
pesca e sua exploração. Além disso, foi considerada nacionalista, como você pode conferir por 
meio do art. 144, que regulamentava a nacionalização progressiva dos bens e dos serviços 
considerados como básicos para a defesa econômica ou militar do país, incluindo-se as quedas 
d'água ou outras fontes de energia, as minas, as jazidas minerais e, por fim, as indústrias. 
 
Na Constituição promulgada em 1946, destaca-se principalmente o art. 153, que estabelece a 
obrigatoriedade de autorização ou concessão federal, na forma da lei, para aproveitamento dos 
recursos minerais e de energia hidráulica, com exceção para a exploração da energia hidráulica 
de potência reduzida, que não depende de concessão prévia (BRASIL, 1946). No entanto, isso 
pode ser conferido apenas aos brasileiros ou às sociedades organizadas no Brasil, sendo 
resguardado ao proprietário do solo a prioridade para a exploração. 
 
Após serem seguidas as exigências da lei para a concessão de exploração assim como a 
comprovação de que os concedidos possuem os recursos necessários para realizar os serviços 
técnicos e administrativos, os Estados passarão a exercer em suas áreas a atribuição constante 
desse artigo. Saiba também que cabia à União auxiliar os Estados nos estudos referentes às águas 
termominerais de aplicação medicinal e no aparelhamento das estâncias destinadas ao uso delas. 
 
Conforme Brasil (1964), em 30 de novembro de 1964, foi publicado o Estatuto da Terra – Lei nº 
4504, com o objetivo de regular os direitos e as obrigações aos bens imóveis rurais, além da 
promoção da política agrícola e da realização da reforma agrária. 
 
Segundo Brasil (1965), em 15 de setembro de 1965, foi editada a Lei nº 4.771, revogando o 
Código Florestal instituído em 1934, tornando-se a nova legislação sobre a preservação do meio 
ambiente. 
 
 
Já em 3 de janeiro de 1967, foi sancionada a Lei 5.197, que dispõe da proteção à fauna e dá outras 
providências, em que é proibida utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha dos animais 
de qualquer espécie que vivem fora das áreas de cativeiro, ou seja, aqueles que constituem a 
fauna silvestre (BRASIL, 1967). 
No mesmo ano, em 24 de janeiro, foi outorgada uma nova Constituição, da qual destaca-se o 
art. 8º, que compete à União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais, metalurgia, 
florestas, caça, pesca, águas, energia elétrica e telecomunicações (BRASIL, 1967). Outra 
importante atribuição está contida no art. 81, incisos III e V, referindo-se à competência privativa 
do presidente da república em sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expedir decretos e 
regulamentos para a sua execução, bem como disporsobre a estruturação, as atribuições e o 
funcionamento dos órgãos da administração federal. 
 
Essa incumbência permitiu a publicação do Decreto nº 73.030, em 30 de outubro de 1973, que 
instituiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) com o objetivo de promover a 
conservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais (BRASIL, 1973). As 
atribuições dessa Secretaria foram aprimoradas e substituídas por uma nova política organizada 
por meio da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 
(BRASIL, 1981). 
2 Lei Federal nº 6.938/81 – Política Nacional de 
Meio Ambiente, seus instrumentos e suas 
finalidades 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) constituiu as bases das normas da legislação 
ambiental brasileira a partir dos instrumentos criados com o objetivo de defender, fiscalizar e 
evitar/minimizar os impactos ambientais para alcançar sua principal finalidade que é a 
preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. Tenha em mente que sua 
estrutura principal é dirigida pelo conselho de governo (órgão superior), que tem como intuito 
auxiliar o presidente a estabelecer as diretrizes governamentais para o meio ambiente e os seus 
recursos bem como na elaboração dessa política brasileira (BRASIL, 1981). 
Para que a PNMA funcione como um sistema integrado, ela subdivide os papéis a serem 
exercidos por três grandes áreas que exercem funções governamentais distintas: o Ministério 
do Meio Ambiente (MMA), que planeja, coordena, supervisiona e controla a PNMA; o Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que executa ou delibera outros 
órgãos para executarem as políticas e as diretrizes e também pode atuar junto a outras 
autoridades, como Polícia Federal, exército, Receita Federal e outros, que operam em conjunto, 
podendo realizar, por exemplo, ações de fiscalização (BRASIL, 1981). Por fim, conforme o MMA 
(2009), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é um órgão consultivo e 
deliberativo que determina as normas e os padrões dessa política por meio de publicações. 
2.1 Instrumentos executados exclusivamente pelos órgãos 
governamentais 
Por meio do art. 9º, da Lei nº 6.938/81 – PNMA, foi definida a maioria dos mecanismos ou 
instrumentos para exercer as funções de controle, como fiscalização e preservação do meio 
ambiente, realizadas exclusivamente pelos entes do Governo, ou seja, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, logo, não podem ser realizadas por iniciativa privada (BRASIL, 
1981). Confira, a seguir, quais são esses mecanismos: 
• Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental 
É composto pela gestão dos componentes do meio ambiente, que são a qualidade do ar, 
das águas e dos padrões de ruído. Geralmente, é realizado por meio de resoluções 
publicadas pela CONAMA. Por exemplo: Resolução CONAMA nº 5/1989 (criou o Programa 
Nacional de Controle de Qualidade do Ar, que estabeleceu os limites de poluentes no ar 
atmosférico como instrumento básico da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-
estar das populações e melhoria da qualidade de vida; Resolução CONAMA nº 
357/2005 (realizou a qualificação das águas, ou enquadramento, em 13 classes, sendo 5 
doces, 4 salobras e 4 salinas, classificando-as de acordo com seus usos preponderantes 
atuais e futuros) (MMA, 2012). 
• Zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico econômico 
Estabelecido pelo Decreto nº 99.540, que tem objetivo de ordenar os usos e as formas de 
ocupação do solo, consistindo na repartição de um território. Um exemplo em nível 
municipal é a subdivisão da área do município em zonas de uso, como a classificação em 
zonas das áreas urbanas críticas de poluição, que seriam destinadas, prioritariamente, à 
instalação de indústrias. Elas são, ainda, subdivididas em zonas de uso estritamente 
industrial, uso predominantemente industrial e uso diversificado (BRASIL, 1980). 
• Criação de espaços territoriais especialmente protegidos 
Esses espaços, protegidos pelos poderes Público Federal, Estadual e Municipal, são áreas 
de proteção ambiental de relevante interesse ecológico e reservas. As Áreas de Proteção 
Ambiental (APA) são territórios de conservação dos processos naturais e da biodiversidade, 
orientando o desenvolvimento adequado das atividades humanas aos recursos ambientais 
da área. 
Já as zonas de conservação da vida silvestre (ZVS) foram instituídas para que sejam 
reguladas para uso moderado e autossustentado da biota, assegurando a manutenção dos 
ecossistemas naturais ou áreas em que a proteção é essencial para a sobrevivência das 
espécies da fauna, da flora e da biota regional, consideradas vulneráveis, e também para 
proteger ecossistemas parcialmente alterados em sua organização funcional primitiva 
(BRASIL, 1990). 
• Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente 
Tem como objetivo a publicidade das informações ambientais por meio da criação de um 
grande banco de dados centralizador para compartilhamento de informações pelas três 
esferas de governo (BRASIL, 1981). 
• Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de 
Defesa Ambiental 
Propõe a criação e a atualização constante de um banco de dados nacional de pessoas 
físicas e jurídicas que exerçam atividades potencialmente degradadoras ou que prestem 
serviços de estudos ambientais (BRASIL, 1981). 
• Relatório de Qualidade do Meio Ambiente 
Realiza um panorama anual sobre o meio ambiente no Brasil. A responsabilidade de 
criação e divulgação do material é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos 
Naturais Renováveis (BRASIL, 1981). 
• Garantia da prestação de informações relativas ao Meio 
Ambiente 
Onde obriga-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes (BRASIL, 1981). 
• Instrumentos econômicos 
Como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (BRASIL, 1981). 
2.2 Instrumentos que requerem ações conjuntas dos 
órgãos governamentais e das empresas 
Quanto aos instrumentos que promovem a relação entre os órgãos governamentais e as 
empresas, eles são principalmente de ação preventiva (SIRVINSKAS, 2020). Confira: 
Avaliação de 
Impactos 
Ambientais (AIA) 
É um levantamento dos possíveis impactos ambientais bem como o potencia 
legitimação das medidas de proteção a serem propostas em caso de aprov 
processo de licença ambiental (SIRVINSKAS, 2020). 
Licenciamento e 
revisão de 
atividades efetivas 
ou potencialmente 
poluidoras 
Configura-se como o processo mais complexo requerido para o início de 
concessão da licença, devem ocorrer auditorias para revisar se as empresas 
por meio da fiscalização do uso dos recursos ambientais (SIRVINSKAS, 2020). 
Incentivar 
produção, 
Esses incentivos são voltados para a melhoria da qualidade ambiental. Logo, e 
acompanhar as leis e o uso de recursos ambientais e auxiliar as atividades 
instalação de 
equipamentos e 
criação ou absorção 
de tecnologia 
potencial degradador. Isso deve ser incentivado pelo Governo (BRASIL, 1981 
Projeto PROCONVE, criado por meio da resolução CONAMA 018/86, que 
automóveis (MMA, 2012). 
Penalidades 
disciplinares ou 
compensatórias 
Aplicadas pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação o 
assim, em caso de degradação ambiental, é de responsabilidade das empre 
ocorra, elas podem ser penalizadas por meio da Lei (BRASIL, 1998). 
3 Avaliação de Impactos Ambientais e as 
etapas para sua realização 
A AIA é um trabalho realizado por profissionais de diferentes áreas. Você pode considerá-la, 
portanto, como um estudo multidisciplinar que realiza o levantamento das alterações 
causadoras da instalação de empreendimento ou atividade (MMA, 2009). Ao estudar sobre esse 
assunto, é importante, primeiramente, você compreender a definição do termo impacto 
ambiental. 
Conforme o MMA (2012), a ResoluçãoCONAMA nº 001/86, no art. 1º, impacto ambiental é 
 
“qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por 
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem 
diretamente ou indiretamente: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades 
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias ambientais; a qualidade dos 
recursos ambientais.” 
A AIA não é instrumento de decisão, mas é essencial ao processo, pois fornece os subsídios para 
a tomada de decisão, sendo, portanto, o processo anterior ao licenciamento (SIRVINSKAS, 2018). 
Para a realização da AIA, são necessários alguns passos que você conhecerá a seguir. 
 
A etapa inicial é fundamental para constar qual o enquadramento da atividade, com o objetivo 
de verificar a natureza do empreendimento para realizar o requerimento ao apropriado órgão 
ambiental competente, seguindo as normas estabelecidas pela Lei Complementar nº 140/2011, 
de acordo com Brasil (2011). 
A partir dessa verificação, é emitido o Relatório Ambiental Preliminar (RAP) que 
instrumentaliza a decisão quanto à exigência ou à dispensa da realização do Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Em caso de necessidade, a 
empresa deve elaborá-los. 
Em seguida, ocorre a fase de elaboração e análise técnica do EIA. Também são analisados as 
sugestões e os interesses da sociedade diretamente relacionados ao AIA por meio da 
participação pública. 
Posteriormente, resulta-se em uma decisão favorável ou não ao projeto. Sendo sugeridas 
condições para a aprovação do projeto pelo órgão ambiental (SIRVINSKAS, 2018). 
 
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Logo então, busca-se garantir a realização efetiva das condições sugeridas pelo órgão 
ambiental, verificando se as exigências apontadas como requisitos para aceitação do projeto 
ou atividade foram colocadas em prática. 
Por último, são realizadas as verificações por meio de monitoramento e auditoria das 
modificações que foram acordadas entre o órgão governamental e a empresa (SIRVINSKAS, 
2018). 
 
 
Para MMA (2012), o CONAMA 001/86, publicado em 23 de janeiro de 1986, apresentou a definição 
do conceito de impacto ambiental bem como exigiu e deliberou sobre a realização de EIA, junto 
ao RIMA. Ambos deverão ser submetidos e aprovados pelo órgão governamental de competência 
para o licenciamento do empreendimento. 
3.1 Estudo de Impacto Ambiental 
O Estudo de Impacto Ambiental, conforme o CONAMA 001/86, é composto por vários estudos 
com dados técnicos detalhados, realizados por profissionais especializados nas áreas 
relacionadas ao meio ambiente (MMA, 2012). 
 
Segundo Sirvinskas (2018), o EIA se inicia pelo processo de diagnóstico ambiental caracterizado 
pelo levantamento das características gerais do ambiente em cada um dos seguintes meios: 
físico, biológico e os ecossistemas naturais, e socioeconômico. Em seguida, são analisados os 
possíveis impactos ambientais positivos e negativos causados pela implementação do 
empreendimento, e são propostas medidas para minimizar os impactos negativos e potencializar 
aqueles considerados positivos. Por fim, é realizada a criação de um programa de 
acompanhamento e monitoramento dos impactos ao meio ambiente. Você pode verificar os 
detalhes dessas quatro etapas por meio da leitura do art. 6º a seguir. 
 
I – Deve-se realizar o diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição 
e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a 
situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: 
a) o meio físico: neste, temos o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos 
minerais, a topografia, os tipos e as aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as 
correntes marinhas, as correntes atmosféricas. 
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais: que são a fauna e a flora, destacando as 
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e 
ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. 
c) o meio socioeconômico: que se constitui a partir do uso e ocupação do solo, os usos da água 
e a socioeconomia destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da 
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a 
potencial utilização futura desses recursos. 
II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, 
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, 
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discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, 
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; 
suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. 
III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de 
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. 
lV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento com os impactos positivos 
e negativos, indicando fatores e parâmetros a serem considerados (MMA, 2012). 
 
Como resultado a esse processo, veja que há o levantamento e a descrição dos impactos 
ambientais potenciais. No documento do EIA, são identificados e numerados cada um 
dos impactos classificados como positivos ou negativos, separados de acordo com o meio físico, 
meio biológico e os ecossistemas naturais, e meio socioeconômico. Em seguida, é apresentada 
a ação geradora, ou seja, a causadora do impacto, seguida da descrição e da análise (que 
descreve o processo de alteração do meio ambiente, com o que será modificado, considerando 
tanto as condições de hoje quanto aquelas após os resultados esperados no futuro, que 
acontecerá depois da interferência dos empreendimentos). Dando continuidade, é realizada 
a classificação dos impactos ambientais que leva em consideração seus aspectos a partir de 
sete características do impacto ambiental: 
 
• Categoria 
Negativos (quando trazem um resultado indesejável, pois resultam na quebra do equilíbrio 
ecológico. Exemplos: erosão dos solos, desmatamento etc.) e positivos (quando trazem um 
resultado desejável, ou seja, trazem melhoria ao meio ambiente. Exemplos: geração de 
novos empregos, recuperação de nascentes etc.). 
• Tipo de impacto 
Direto (as implicações do impacto têm relação de causa e consequência simples) e indireto 
(as implicações do impacto têm como fonte inicial outra relação de causa e consequência). 
• Área de abrangência 
Local (quando atinge áreas próximas) e regional (quando alcança áreas longínquas). 
• Duração 
Temporária (quando seu efeito possui uma duração limitada), permanente (quando seu 
efeito é definitivo), cíclica (quando o efeito possui uma duração temporária, mas que pode 
retornar em outro momento). 
• Reversibilidade 
Reversível (quando é possível reverter a tendência, levando em consideração a possível 
aplicabilidade de medidas de reparação do meio ambiente ou no caso de suspensão da 
atividade geradora) e irreversível (quando não é possível reverter os impactos ambientais). 
 
 
 
 
• Magnitude 
Forte (quando o impacto se manifesta fortemente), média (quando o impacto se manifesta 
de forma mediana), fraca (quando o impacto se manifesta de forma pequena) e variável 
(quando o impacto varia a magnitude e não é possível precisar sua intensidade). 
• Prazo 
Curto (quando o impacto se manifesta em um curto espaço de tempo),médio (quando o 
impacto se manifesta em um médio espaço de tempo), longo (quando o impacto se 
manifesta em longo prazo de tempo). 
Por fim, saiba que são sugeridas medidas mitigadoras ou potencializadoras das alterações ao 
meio ambiente: quanto aos impactos negativos (destinam-se a prevenir/mitigar ou reduzir sua 
magnitude) e quanto aos impactos positivos (devem ser potencializados a fim de aumentar as 
alterações ao meio ambiente). 
3.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 
Realizado após o EIA, o RIMA configura-se como o relatório conclusivo, que traz os termos 
técnicos para esclarecimento, avaliando os impactos ambientais. Esse documento pode ser 
escrito de maneira objetiva e de fácil compreensão, por isso, preferencialmente, as informações 
devem ser traduzidas ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos etc. de modo que fiquem 
claras as vantagens e as desvantagens do projeto (MMA, 2009). 
 
O relatório deve ser estruturado apresentando, primeiro, as informações gerais sobre o 
empreendimento (nome, endereço, telefone entre outras) e apresentar a identificação do 
responsável pela elaboração do EIA/RIMA e de sua equipe (MMA, 2009). É comum que as 
empresas contratem consultorias para realizar esse processo. 
 
 
Figura 1 - É obrigatória a presença de uma equipe 
multidisciplinar especializada em diversas áreas do 
conhecimento para realizar consultorias 
 
Fonte: Shutterstock, 2020. 
 
 
 
 
Conforme MMA (2009), em seguida, o relatório identifica, localiza e informa sobre o 
empreendimento que se pretende conseguir a licença. Portanto, são detalhadas as etapas desse 
processo que vão desde o planejamento, a implantação, a operação até a desativação da obra. 
 
Depois, apresenta-se a caracterização do empreendimento limitando a área geográfica, 
representada por um mapa em que são exibidas as áreas de influência bem como as interações 
e a descrição das inter-relações dos componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema, 
apresentando-os em forma de síntese (MMA, 2009). 
Os dados seguintes referem-se à descrição detalhada de cada um dos componentes do meio 
físico, como solo, clima, hidrografia, vegetação etc.; do meio biótico, como aves, insetos, 
mamíferos etc.; e do meio antrópico, como educação, atividades econômicas, infraestrutura etc. 
Posteriormente, é apresentado o diagnóstico ambiental com a identificação e a interpretação 
dos impactos ambientais das etapas previstas do projeto. E conclui-se com as medidas que estão 
previstas para minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos, especificando a 
natureza, a época, o prazo de duração, a responsabilidade pela sua implantação entre outros 
pontos (MMA, 2009). 
 
Saiba que existem algumas informações que, obrigatoriamente, devem constar no RIMA, elas 
estão especificadas no art 9º da Resolução CONAMA nº 001/86. Confira: 
I – Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e sua compatibilidade com as políticas 
setoriais, os planos e os programas governamentais; 
II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para 
cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas, a 
mão de obra, as fontes de energia, os processos e a técnica operacionais, os prováveis 
efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; 
III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do 
projeto; 
IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e da operação da atividade, 
considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e 
indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e 
interpretação; 
V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as 
diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua 
não realização; 
VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos 
negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados e o grau de alteração esperado; 
VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável com as conclusões e os comentários 
de ordem geral (MMA, 2012). 
4 Licenciamento ambiental e as etapas do 
processo 
Conforme a Resolução CONAMA nº 237/97, o licenciamento ambiental é o processo 
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente pode conceder a licença às empresas, 
mas veja que isso é desde que elas estejam de acordo com as normas ambientais, diante da 
necessidade de funcionamento de empreendimentos nas circunstâncias de localização, 
instalação, ampliação, operação deles ou para atividades que usufruem dos recursos naturais 
(MMA, 2012). 
 
A Lei Federal nº 6.938/81 estabelece que, para implementação e planejamento de 
empreendimentos, potencial ou efetivamente poluidores, é necessário que a empresa possua a 
licença ambiental correspondente à etapa que será executada pelo empreendimento (BRASIL, 
1981). 
 
 
Figura 2 - Para ser concedida a licença ambiental, o 
órgão competente estabelece condições, restrições e 
medidas de controle ambiental a serem executados por 
parte do empreendedor 
 
Fonte: Shutterstock, 2020. 
 
 
 
Outro aspecto importante, é que o licenciamento pode ser concedido ou renovado, porém, leve 
em consideração que é obrigatória a publicação em jornal oficial, periódico regional ou local de 
grande circulação ou em algum meio eletrônico de responsabilidade do órgão ambiental 
competente. 
4.1 Critérios para a seleção do órgão de competência para 
conceder licenças 
O primeiro passo para a concessão da licença é a determinação do órgão ambiental competente 
indicado pelo IBAMA e pelo ICMBio, conforme a jurisdição dos quais os impactos ambientais 
podem atingir (SIRVINSKAS, 2020). 
 
O art. 10, da Lei Federal nº 6.938/81, descreve que o licenciamento é um mecanismo que, 
primordialmente, é realizado pelo órgão estadual de meio ambiente, que varia conforme o estado 
(BRASIL, 1981). No estado de Minas Gerais, a responsabilidade do serviço é da Secretaria de 
Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). Já o órgão que realiza o 
licenciamento no estado do Ceará é a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE. 
FIQUE DE OLHO 
Conforme verificado, cada estado tem seus órgãos de licenciamento. Os critérios locacionais 
bem como os fatores de restrição ou vedação que acometem os empreendimentos/atividades 
solicitantes do licenciamento devem respeitar as legislações próprias do estado requerido. No 
estado do Ceará, elas são regidas pela Resolução COEMA nº 10/2015. Ao passo que, no estado 
de Minas Gerais, a deliberação normativa COPAM nº 217/2017 é quem regulamenta o 
licenciamento ambiental. 
Em algumas determinadas situações, em que os empreendimentos geram impactos em nível 
nacional, note que o licenciamento será exercido pelo IBAMA, como em situações em que as 
obras ultrapassam o nível regional e ainda podem ocorrer em caráter supletivo. As situações que 
demandam o licenciamento ambiental pela União foram definidas pelo art. 7º. Elas são, em geral, 
relacionadas à proteção daquilo que é determinado como bem da União pela Constituição de 
1988. 
 
De acordo com Brasil (2011), uma das ações administrativas da União é promover o licenciamento 
ambiental de empreendimentos e atividades (Lei Complementar nº 140/2011, art. 7º, inciso XIV): 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe. 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona 
econômica exclusiva. 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas. 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em 
Áreas de Proteção Ambiental. 
e) localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados. 
f) decaráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder 
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na 
Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999. 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material 
radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e 
aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da 
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional 
do Meio Ambiente e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da 
atividade ou empreendimento (BRASIL, 2011). 
 
Há também algumas situações em que o licenciamento ambiental é realizado pela esfera 
municipal, principalmente naquelas restritas a apenas um Município. Assim, uma das ações 
administrativas de licenciamento reservadas aos Municípios são aquelas que 
a) causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida 
pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, 
potencial poluidor e natureza da atividade (BRASIL, 2011). 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 9º). 
 
A concessão de licenças será realizada, principalmente, pelo órgão estadual de meio ambiente, 
pois a ele cabe promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos 
utilizadores de recursos ambientais, com exceção daqueles que foram atribuídos aos âmbitos 
nacionais ou municipais (determinados, respectivamente pelos arts. 7º e 9º) (BRASIL, 2011). 
As ações administrativas dos Estados com relação ao licenciamento são: 
XIV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de 
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de 
causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º. 
XV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou 
desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (LEI COMPLEMENTAR Nº 140, ART. 8º, INCISOS XIV E XV). 
 
Sirvinskas (2020) destaca que o processo de licenciamento ambiental é complexo. Para que ele 
ocorra de maneira mais descomplicada, é necessário que a empresa já possua um sistema de 
gestão ambiental implantado, com uma equipe que possua bom desenvolvimento 
organizacional. 
4.2 Etapas para a concessão do licenciamento ambiental 
A exigência do cumprimento das leis ambientais não é apenas requerida pelos órgãos ambientais, 
pois também refletem as exigências do mercado e dos próprios consumidores. Saiba que, em 
alguns casos, como o do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), a licença ambiental é 
solicitada para pedidos de empréstimos e investimentos, os quais somente são concedidos 
mediante a sua conferência. 
É relevante ressaltar que a PNMA, na Lei Federal nº 6.938/81, determinou a indispensabilidade do 
licenciamento em todas as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras dentro do território 
brasileiro. Porém, não são todos os empreendimentos que demandam de licenciamento 
ambiental. Nesses casos, é possível requerer a Autorização Ambiental de Funcionamento 
(AAF), que possui validade de quatro anos, podendo ser submetida periodicamente a 
reavaliações, sendo concedida apenas àquelas atividades que não são consideradas de impacto 
ambiental significativo, portanto, dispensada do processo de licenciamento. 
 
Nos casos em que é comprovada a necessidade da Licença Ambiental, deve-se determinar, 
primeiramente, qual será o órgão governamental competente para realizar o processo e este 
deverá informar à empresa requerente as informações sobre qual a modalidade de licença que 
o empreendimento deverá realizar bem como solicitar a entrega dos documentos para iniciar o 
processo. 
Entenda que diversos setores se enquadram nessa obrigatoriedade, como: extração e tratamento 
de minerais, obras civis, serviços de utilidade, transporte, terminais e depósitos, turismo, 
atividades agropecuárias e uso de recursos naturais (SIRVINSKAS, 2020). Porém, como você pode 
notar, as indústrias são as que possuem maior quantidade de empreendimentos necessários à 
concessão de licença. As indústrias que possuem subtipos que necessitam de licenciamento são: 
produtos minerais não metálicos, metalúrgica, mecânica, de material elétrico, eletrônico e 
comunicações, de material de transporte, de madeira, de papel e celulose (indústria de 
borracha), de couros e peles, química de produtos de matéria plástica, têxtil, de vestuário, 
calçados e artefatos de tecidos, de produtos alimentares e bebidas, de fumo e outras indústrias 
diversas. 
 
Porém, dentro de cada uma dessas áreas, são citadas algumas atividades, por exemplo, na área 
https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4923.1190/content/_3880681_1/index.html#carousel_3
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de atividades agropecuárias, há as subáreas: projeto agrícola, criação de animais e projetos de 
assentamentos e de colonização. 
FIQUE DEOLHO 
Várias atividades ou empreendimentos estão sujeitos ao licenciamento ambiental. Para 
conhecê-los, pesquise pela listagem do ANEXO I da Resolução CONAMA nº 237/97, que 
apresenta a relação dos setores econômicos/áreas, com todas as suas subáreas, e consulte-a. 
Saiba que há três tipos de licença, que variam conforme a etapa do empreendimento, podendo 
ser prévia, de instalação ou de operação. Essas foram definidas pela Resolução CONAMA nº 
237/97, no art. 1º. 
De acordo com MMA (2012), para efeito dessa resolução, foram adotadas as seguintes definições: 
I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou 
atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e 
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de 
sua implementação. 
II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo 
com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as 
medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo 
determinante. 
III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento após a 
verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de 
controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. 
 
A aplicação desses três tipos de licença depende da modalidade que será exigida a licença 
ambiental. O prazo máximo da licença prévia é de cinco anos, de instalação são 6 anos e de 
operação em, no máximo, 10 anos (MMA, 2012). 
De acordo com Bastos (2013), em situações que ocorrem conflitos, principalmente com relação à 
sociedade, esses processos podem demorar muitos anos para ocorrer, tal como o licenciamento 
da Usina de Belo Monte - PA. 
As etapas para concessão da licença dependerão do tipo de modalidade que a licença foi 
classificada pelo órgão ambiental responsável. Essa classificação pode ser feita em três tipos, 
veja: 
Licença Ambiental Simplificada (LAS) 
Em casos em que os empreendimentos ou as atividades são de pequeno porte e com baixo potencial 
poluidor/degradador, pode ser concedida a mais simples e rápida. 
Licenciamento Ambiental Trifásico (LAT) 
Serão analisadas a LP, LI e LO em fases sucessivas. 
Licenciamento Ambiental Concomitante (LAC) 
Podendo este ser monofásico (LAC 1 - quando a análise ocorre em uma única fase, das etapas de LP, LI e 
LO) ou bifásico (LAC 2 – em que ocorre uma análise mais aprofundada, pois ocorre em uma única fase, 
as etapas de LP e LI doempreendimento, com análise posterior da LO; ou análise da LP com posterior 
análise concomitante das etapas de LI e LO do empreendimento). 
Dessa forma, você pode compreender que, ainda que exista a Resolução CONAMA nº 237/97, que 
estabelece os principais processos da licença, há a necessidade de cada estado criar a sua própria 
legislação (MMA, 2012). 
5 Constituição de 1988 e princípios do Direito 
Ambiental 
As legislações ambientais do Brasil estão agrupadas no chamado Direito 
Ambiental (SIRVINSKAS, 2020). Ele é considerado como um ramo do Direito cuja principal 
temática em destaque é o meio ambiente e surgiu a partir dos avanços na legislação ocorridos 
a partir da Constituição Federal de 1988. 
5.1 Meio ambiente na Constituição de 1988 
Há diversos trechos da mais recente Constituição que se referem ao meio ambiente. O 
primeiro deles está presente no título II, referente aos Direitos e Garantias Fundamentais, e no 
Capítulo I, sobre os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. 
 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas 
judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988). 
A partir do art 5º, tenha em mente que se torna clara a importância dos papéis exercidos pelos 
cidadãos no sentido de contribuir nos aspectos individuais e coletivos com o meio ambiente, 
visando diminuir seus impactos no planeta (BRASIL, 1988). 
 
No título III, referente à organização do Estado, são citados os bens da União. É importante 
lembrar-se de que, quando o licenciamento ambiental é referente a algum desses bens, é 
executado pelo IBAMA (BRASIL, 1988). 
Assim, a Constituição Federal recente estabelece, no seu art. 20º, que são bens da União: 
I – os que, atualmente, lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, 
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um 
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, 
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas 
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; V – os recursos naturais da 
plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI – o mar territorial; VII – os terrenos de marinha 
e seus acrescidos; VIII – os potenciais de energia hidráulica; IX – os recursos minerais, inclusive os do 
subsolo (BRASIL, 1988). 
Em seguida, são assinaladas as funções que cabem individualmente à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios e as atribuições competentes a todos, sendo, posteriormente, 
instituídas pela Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011, conforme a seguir: 
Art. 23º: é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. 
Art. 24º: compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, 
proteção do meio ambiente e controle da poluição. 
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico (BRASIL, 1988). 
 
Ainda, são assinaladas as funções institucionais do Ministério Público no art. 129: “III – promover 
o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. Veja que isso significa que, em casos que 
forem causados danos ambientais, cabe ao Ministério Público abrir inquérito bem como realizar 
investigação. Também é relevante apontar que, no Capítulo I: Dos Princípios Gerais da Atividade 
Econômica, no art. 70, na área que descreve as questões da ordem econômica, é levantado que 
é necessário assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
respeitando os princípios de defesa do meio ambiente. E a maior contribuição refere-se ao art. 
225, dedicado exclusivamente ao meio ambiente, do qual se fundamentaram os princípios do 
Direito Ambiental. 
5.2 Algumas legislações pertinentes após a Constituição 
de 1988 
A Lei nº 9.605, de fevereiro de 1998, também chamada de Lei dos crimes ambientais, dispõe 
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente e dá outras providências (BRASIL, 1998). Dessa forma, ela é um importante passo para 
a punição em casos de dano ao meio ambiente. 
 
Outra legislação impactante foi o novo Código Florestal, de 25 de abril de 2012, sendo publicado 
pela Lei nº 12.651/12, que delimitou as normas gerais sobre a proteção da vegetação, as áreas de 
preservação permanente e de reserva legal bem como a exploração florestal, o suprimento de 
matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e a prevenção 
dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus 
objetivos (BRASIL, 2012). 
 
 
Assim, o Código Florestal manteve a legislação do código anterior com relação às propriedades 
privadas urbanas e rurais, que, a partir dessa lei, estariam obrigadas a conservar dentro de suas 
propriedades (BRASIL, 1965): 
• Áreas de Preservação Permanente (APPs) – consideradas em 
zonas rurais ou urbanas 
Florestas e demais formas de vegetação natural situada ao longo dos rios ou de qualquer 
outro curso d'água, em faixa marginal; ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água 
naturais ou artificiais; nas nascentes ou "olhos d'água", seja qual for a sua situação 
topográfica; no topo de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas ou partes 
destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; nas 
restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; nas bordas dos 
tabuleiros ou chapadas; em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos 
naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres (BRASIL, 1965). 
As APPs possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, o fluxo gênico de 
fauna e flora, a paisagem, a biodiversidade, a estabilidade geológica além de proteger o 
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, podendo corresponder à área 
coberta ou não por vegetação nativa (BRASIL, 1965). 
• Reserva Legal (RL) 
É considerada como imprescindível para o uso sustentável dos recursos naturais, a 
conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade, o 
abrigo e a proteção de fauna e flora nativas. O percentual varia conforme a localização da 
propriedade. Na Amazônia Legal, o valor é de 80% no imóvel situado em área de florestas; 
35% no imóvel situado em área de cerrado; 20% no imóvel situado em área de campos 
gerais, ou nas demais regiões do país. Essa área deverá ser situada no interior de uma área 
rural e precisa ser distinta daquela determinada como de preservação permanente 
(BRASIL, 1965). 
Essa foi uma importante decisão em prol da preservação dos recursos ambientais, pois foi 
delegada aos proprietários a obrigação de manter, pelo menos, uma parcela de suas 
propriedades destinada à conservação do meio ambiente. Os proprietários que não cumprissem 
as normas de delimitação das APPs e da Reserva Legal precisariam recompor as áreas 
desmatadas (BRASIL, 1965). 
A legislação de Gestão de Florestas Públicasoriginou um novo mecanismo ambiental incluídos 
na Lei nº 6.938/81 da PNMA (BRASIL, 1981). Como instrumentos econômicos, refere-se a 
procedimentos como: 
Concessão florestal 
Permite à iniciativa privada a compra do direito de manejo florestal sustentável bem como a 
exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo. 
Servidão ambiental ou servidão de conservação 
É realizada a partir da renúncia voluntária ao direito de uso, exploração ou supressão de 
recursos naturais pelo proprietário rural na sua propriedade (BRASIL, 2006). 
Seguro ambiental 
São recursos financeiros para reparação ou recomposição de área degradada por danos 
ambientais (BRASIL, 2006). 
 
	1 Origens das legislações ambientais do Brasil
	1.2 Principais legislações relacionadas à temática ambiental do período republicano anteriores à Constituição de 1988
	2 Lei Federal nº 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, seus instrumentos e suas finalidades
	2.1 Instrumentos executados exclusivamente pelos órgãos governamentais
	 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental
	 Zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico econômico
	 Criação de espaços territoriais especialmente protegidos
	 Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente
	 Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental
	 Relatório de Qualidade do Meio Ambiente
	 Garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente
	 Instrumentos econômicos
	2.2 Instrumentos que requerem ações conjuntas dos órgãos governamentais e das empresas
	3 Avaliação de Impactos Ambientais e as etapas para sua realização
	3.1 Estudo de Impacto Ambiental
	 Categoria
	 Tipo de impacto
	 Área de abrangência
	 Duração
	 Reversibilidade
	 Magnitude
	 Prazo
	3.2 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
	4 Licenciamento ambiental e as etapas do processo
	4.1 Critérios para a seleção do órgão de competência para conceder licenças
	4.2 Etapas para a concessão do licenciamento ambiental
	5 Constituição de 1988 e princípios do Direito Ambiental
	5.1 Meio ambiente na Constituição de 1988
	5.2 Algumas legislações pertinentes após a Constituição de 1988
	 Áreas de Preservação Permanente (APPs) – consideradas em zonas rurais ou urbanas
	 Reserva Legal (RL)

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