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A VISÃO DOS PRÓS E CONTRAS A EUTANÁSIA

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A VISÃO DOS PRÓS E CONTRAS A EUTANÁSIA 
 
 
Muitos são os que creem na Eutanásia como uma alternativa de modo a 
evitar as dores e o sofrimento de indivíduos que se deparam sem a qualidade de vida 
desejada. Comumente são usados argumentos fortes e socialmente identificáveis 
para justificar a eutanásia. Ainda que a vida seja um direito indisponível, a escolha da 
morte não pode deixar-se desamparada de qualquer reflexão, haja vista que diversos 
aspectos biológicos, culturais, sociais e econômicos deverão ser meditados de forma 
a assegurar a verdadeira autonomia do ser humano. São esses entendimentos que 
participam da autonomia da vontade absoluta de cada individuo, na defesa do direito 
da autodeterminação, direito a escolha de sua vida e pelo momento da sua morte. 
Defesa que transborda os interesses individuais acima do da sociedade que visa à 
proteção da vida. 
Há de comentar-se que os defensores da Eutanásia, protegem a ideia de 
escolha da morte por parte de quem a tem como melhor e única opção. O ser humano 
por toda sua vida tem a necessidade de atender suas necessidades, porém, tornando-
se prisioneiro do seu corpo, há uma dependência nessa satisfação, o que o faz se 
revoltar e dizer “não” a essa condição que se encontra. Dessa forma, este temo ímpeto 
de clamar por direito de morrer com dignidade. Morte com dignidade entende-se por 
morrer amparado pelo conforto físico, emocional, psicológico e espiritual, 
desenvolvido por profissionais da saúde em conjunto com familiares. 
Dentre as razões que levam a pessoa a pedir a prática da eutanásia, o 
sofrimento, a dor e sintomas que são insuportáveis ao doente o levam ao desespero, 
focando sua atenção somente para tal sofrimento que só deseja morrer (PINTO, 
2004). 
Sabe-se que a ciência mesmo munida de avanços tecnológicos voltados 
para o estudo de medicamentos, ainda sim contém remédios que não são eficazes 
para retirar a dor e o sofrimento. 
Como diz Pinto (2004, p.36), “A dor, sofrimento e o esgotamento do projecto 
de vida, são situações que levam as pessoas a desistirem de viver”. Tal perspectiva 
foca-se na qualidade de vida que para algumas pessoas, o que não pode ser um lento 
e complicado processo de morrer. 
Ramon Sampedro afirma que “viver é um direito e não uma obrigação”, o 
que interessaria ao homem que tem uma vida quase-vegetativa, assumindo 
conotações desumanas pelo sofrimento, ou então pela lenta degradação da vida? 
Isso não se enquadra com ao principio da dignidade da pessoa humana. 
Tendo a dignidade significados como: “respeitabilidade, autoridade moral, honra, 
decência, honestidade” (FERREIRA, 2004). Todavia essas características não 
demonstram especificamente a dignidade humana, pois é de enorme complexidade 
dada a sua grandeza. 
Em nosso ordenamento jurídico, tal princípio tem guarida na nossa Carta 
Magna, no Art. 1º, inciso III. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III - a dignidade da pessoa humana 
(...) 
 
Tais princípios elencados nos incisos do artigo 1º da Constituição Federal, 
destacando-se principalmente, a dignidade da pessoa humana, nos leva respeitar 
todos os direitos fundamentais trazidos no corpo do artigo 5º da mesma Carta Magna. 
Alexandre de Moraes (2005, p. 21), preceitua: 
A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à 
pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e 
responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por 
parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que 
todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas 
excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos 
fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que 
merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. 
 
Observa-se que a dignidade da pessoa humana, esculpido em nossa 
Constituição Federal, dá ao ser humano a capacidade de decisão por si próprio, 
cabendo exclusivamente ao Estado, as limitações ao exercício dos direitos 
fundamentais, já que tais princípios são basilares para esses direitos, preservando 
sempre a pessoa enquanto ser humano. 
Já Nery Junior (2005, p. 84), doutrina que: “É o fundamento axiológico do 
Direito; é a razão de ser da proteção fundamental do valor da pessoa e, por 
conseguinte, da humanidade do ser e da responsabilidade que cada homem tem pelo 
outro.” 
Isso demonstra o quanto é importante tal princípio, estabelecendo rédeas 
aos indivíduos já que todo comportamento humano em relação ao outro de estar 
pautado dentro de padrões moralmente aceitos, condições necessárias da liberdade. 
Aliados à sociedade, os progressos da medicina tem se relevado eficazes, 
mas existem situações que, embora todo aparato tecnológico, podem comprometer a 
dignidade da pessoa. Como é a ocorrência dos procedimentos que tendem à 
manutenção e prolongamento da vida de forma artificial, sem quaisquer perspectivas 
de melhora. Delongar apenas à morte ao invés de obter-se a cura, seria isso mesmo 
o juramento de Hipócrates? Manter a pessoa viva a qualquer preço, mesmo que isso 
custe a sua dignidade o seu sofrimento? 
Baudouin (1993, p. 89), denomina "obstinação terapêutica" ou 
"encarniçamento terapêutico" como: 
[...] uma prática médica excessiva e abusiva decorrente diretamente das 
possibilidades oferecidas pela tecnociência e como o fruto de uma 
obstinação de estender os efeitos de forma desmedida, em respeito à 
condição da pessoa doente". 
 
Tal evidência demonstra que a ciência está cumprindo seu papel, mas não 
é de sua competência o tratamento jurídico ou como será essa repercussão na 
sociedade. O direito se torna capaz de regulamentar as consequências e os efeitos 
dessas novas situações trazidas para o convívio social. Se faz mister a análise nessa 
baia já que o direito deve ser cauteloso ao se deparar com a real necessidades dos 
indivíduos, perceber até que ponto estão sendo favorecidos ou prejudicados. 
Para os que são a favor, as atenções não se focalizam no método ou na 
tecnologia e sim na pessoa que convalesce. Tem-se em vista, salvaguardar a 
qualidade de vida das pessoas, mesmo na ocasião da sua morte, que com o 
prolongamento por meio de máquinas ou outros métodos, é retirada toda subjetividade 
e atenta contra sua dignidade. 
Nesse sentido, Meirelles e Teixeira (2002, p. 371), in verbis: 
[...] é possível entender que o acharnement subverte o direito à vida e, com 
certeza, fere o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, assim 
como o próprio direito à vida. Se a condenação do paciente é certa, se a morte 
é inevitável, está sendo protegida a vida? Não, o que há é postergação da 
morte com sofrimento e indignidade [...] Se vida e morte são indissociáveis, e 
sendo esta última um dos mais elevados momentos da vida, não caberá ao ser 
humano dispor sobre ela, assim como dispõe sobre a sua vida? 
 
Há individuos que optam por viver a qualquer custo e aqueles que desistem 
de viver, tendo em vista sua situação irreversível, motivada por abalos psicológicos 
acompanhados por algum sofrimento de ordem física. 
Ademais, vários são os posicionamentos da corrente a favor da eutanásia, 
dando ênfase no campo do direito, relacionado ao principio da dignidade da pessoa 
humana, autonomia no direito de morrer, com inclusão numa discussão econômica 
trazida a baia nas discussões da obrigatoriedade da escolha pela vida, onde os custos 
dessa obrigatoriedade se tornariam elevados, principalmente no Brasil onde é nítido 
que o acesso à saúde pública não é satisfatório. 
Para os contrários a tal prática, os argumentos são variados, desde os 
religiosos, éticos, políticos e sociais. 
A legalização causaria uma grande discussão acerca da conduta, de sua 
aplicação de forma abusiva e tendocomo resultado a morte sem consentimento das 
pessoas em causa. Tal obstáculo se mostra, muita das vezes em prever o tempo de 
vida que resta ao doente, bem como suas chances de cura com as terapias médica e 
as possibilidades de que o prognóstico médico esteja equivocado levando à pratica e 
mortes sem sentido, tornando a relação médico-paciente, de certa forma contrária. 
O Juramento de Hipócrates, médico grego (460 a.c.-377 a.c.), declaração 
que relaciona a ética da Medicina Tradicional, in verbis: 
 
Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por 
testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu 
poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a 
meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se 
necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios 
irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, 
sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, 
das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os 
discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a 
estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e 
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei 
por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. 
Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, 
mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos 
que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, 
mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução 
sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens 
livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da 
profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja 
preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este 
juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da 
minha profissão, honrado para sempre entre os homens se eu dele me 
afastar ou infringir, o contrário aconteça. 
 
Ressalta-se o Juramento de Hipócrates, aspecto importante da ética 
médica, segundo o qual considera a vida como uma graça divina, sobre qual o médico 
não poderá julgar pela vida ou pela morte do seu paciente. Cabe ao médico, prestar 
assistência ao paciente, fornecendo-lhe meios necessários para sua sobrevivência. 
Constata-se ainda que em muitos acontecimentos, onde pacientes foram 
desesperançados pela Medicina Tradicional e depois buscando alternativas alcançam 
a cura. 
Os contrários à prática da Eutanásia sustentam que “o poder público está 
obrigado a fomentar o bem-estar dos cidadãos e a evitar que sejam mortes ou 
colocados em situações de risco. Subordinando assim, eventuais direitos do paciente 
aos interesses do Estado, que por sua vez adota todas as medidas visando o 
prolongamento da vida do doente, até mesmo contra sua vontade” (CHAVES, 1999). 
Ademais, o entendimento religioso em relação ao tema traz, em sua maioria, 
opiniões contrárias a qualquer ato que atente contra a vida. Determinadas religiões, 
mesmo conhecendo a motivação do doente ao desejar a morte, defendem acima de 
tudo o modo divino da vida dada por Deus. 
Santo Agostinho in Epístola diz que “Nunca é lícito matar o outro: ainda que 
ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse (...) nem é lícito sequer quando o doente já 
não estivesse em condições de sobreviver" 
Não obstante, o Islamismo, que tem com lema a submisão a vontade de 
Deus, expressa em sua Declaração Islâmica dos Direitos Humanos (1981), “o direito 
à vida como caráter sagrado e inviolável, já que os direitos humanos provém de Deus”. 
Nesse sentido, o Judaismo afirma que o moribundo é pessoa viva, logo, deverá ser 
tratado como uma pessoa vivente (Talmud - Bíblia Judaica). 
No nosso ordenamento jurídico, mais sabido no nosso Código Penal 
Brasileiro,a Eutanásia passiva enquadra-se como crime tipificado no artigo 135, 
intitulado omissão de socorro, in verbis: 
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco, à 
criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparado ou em grave e eminente perigo; ou não pedir, nesses casos 
socorro da autoridade pública: 
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se da omissão resultar 
lesão corporal de natureza grave, e triplica, se resulta a morte. 
 
A ação, que tem por natureza, provocar a morte de um paciente, nem 
sequer para não vê-lo sofrer ou não fazê-lo sofrer, ainda que o peça expressamente 
não é tratada como licita inclusive; a omissão na prestação de cuidados vitais, sem os 
quais o paciente morreria, mesmo sofrendo de um mal incurável; assim como 
renunciar a cuidados ou tratamentos proporcionados e disponíveis, quando é sabido 
que estes são eficazes, mesmo que só parcialmente; e não se deve negar tratamento 
a paciente em estado de coma se houverem possibiidades de sua recuperação 
(ALVES, 1999. p.13) 
Nesse mesmo diapasão, no artigo 121, parágrafo 3º prevê punição a quem 
oportuniza a Eutanásia ativa: 
 
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos 
§ 3º - Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) ano 
 
Resta claro que caso um médico realize o procedimento da Eutanásia, o 
profissional poderá ser condenado pelo crime de homicídio na sua modalidade 
culposa, pena prevista de 12 a 30 anos, ou seja, o médico agindo ou omitindo-se, 
dessa ação ou omissão gera a morte do paciente. 
No âmbito dos profissionais, o Dr. Gramstrup se coloca contra a Eutanásia, 
e batiza essa corrente de pensamento como “teoria Hedonista”, já que os motivos 
influentes poderiam resumir-se em apenas um princípio - "a vida humana só mereceria 
consideração na medida em que fosse capaz de proporcionar prazeres e utilidades, 
para si e para comunidade. Isso significa olvidar o valor absoluto da vida, que 
persegue fins superiores a si, sendo, portanto indisponível" (PAGANELLI, 1998). 
Destarte, baseado em dados da Associação Hospitalar Norte-americana, 
70% das 6.000 morte que ocorrem nos hospitais americanos, são de alguma forma, 
‘negociadas entre os interessados, que visam a suspensão das terapias de 
prolongamento da vida, ou, até mesmo, na sua não aplicação inicial" (Fascículos de 
Ciências penais, v. 4, nº 4, p. 5). Ou como: "Que dizer dos casos em que profissionais 
atestassem um quadro dramático com intenções pérfilas, a soldo, por exemplo, dos 
herdeiros" (PAGANELLI, 1998, p. 1). 
Há ainda o posicionamento equivalente ao fato da vida ser um direto 
irrenunciável, um enfermo em estado terminal não teria as condições necessárias para 
manifestar seu desejo, já que comumente é negada eficácia fática e jurídica ao 
consentimento, por possuir desenvolvimento mental incompleto, obscuro, perturbado, 
Tem-se como luz, as descobertas ocorridas no mundo cientifico, sendo que 
o irreversível hoje, amanhã poderá não ser e qualquer atitude diante da eutanásia é 
fatal. 
Cabe ressaltar Código Brasileiro de Ética médica, aprovado pela Resolução 
CFM, (Conselho Federal de Medicina), nº 1.246/88 e divulgado pelo Diário Oficial da 
União de 26 de janeiro de 1988, pág. 1574 – Seção I, determina: 
 
Art. 6º - O médico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, 
atuando sempre em benefício do paciente. Jamais utilizará seus 
conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do 
ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra a dignidade e 
integridade. 
(...) 
É vedado ao médico: 
Art. 66 – Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do 
paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal. 
Verifica-se que a corrente de oposição a pratica da Eutanásia, entendeque 
dor e sofrimento, não é justificativa aceitável para por fim a vida de uma 
pessoa. E em qualquer classificação, é considerada tal prática, como ilícito 
penal e violação aos princípios éticos da medicina. 
 
Apesar de todos os argumentos, se faz necessário o enquadramento do 
comportamento do ser humano dentro da responsabilidade moral, liberdade e 
necessidade, pautadamente entrelaçados, no ato moral. 
 
O consentimento 
 
Para alguns penalistas, demonstrar o conceito de concordância entre os 
interessados ou de uniformidade de opinião, o consentimento do enfermo foi 
considerado como condão capaz de excluir a punibilidade do delito, com base na 
máxima de Ulpiano: volenti non fit injuria (Digesto, XLVII, 10.1, §5). Nesse sentido, 
afirmava Feuerbach (apud CARVALHO, 2001,.p.142-143): 
 
[...] dado que uma pessoa pode renunciar aos seus direitos através de um 
ato voluntário, o consentimento para a realização do fato, concedido pelo 
lesionado, exclui o conceito de delito: volenti non fit injuria. A ação adequada 
ao consentimento só deve dirigir-se contra o direito que se acha submetido 
à possível disposição do lesionado. Ao contrário, estando o titular privado do 
direito de livre arbítrio ou sendo este incapaz para livremente dispor de si 
mesmo ou do que é seu, o consentimento carecerá de eficácia jurídica. 
 
Essa conjectura baseava-se no consentimento como um negócio jurídico, 
fundamentado na concepção de que todas as ações aceitas que estivessem de 
acordo com o Direito Privado, “ainda que eivadas de antijuridicidade de acordo com a 
lei penal, estariam justificadas em face das disposições da gestão de negócios” 
(CARVALHO, 2001 apud PIERANGELI, p. 143). 
O real problema é a validade do consentimento prestado pelo enfermo 
terminal ou outorgado por terceiro, familiar ou representante legal do mesmo. 
No entanto é aplicado o princípio da autonomia, nos casos em que deve ser 
respeitado a decisão dos sujeitos sobre seu próprio interesse, não obstante afetação 
a interesses de terceiros. 
Isso demonstra o quanto esse princípio é importante, pois confirma o 
reconhecimento do Estado a todos os indivíduos, da sua capacidade de ter sobre si 
próprio o rumo de sua vida, mas de forma consciente e responsável. 
Tratando-se de pacientes, estes deverão estar conscientes e lúcidos quanto 
as suas faculdades mentais e devidamente informados da gravidade de sua escolha, 
pois, o resultado da Eutanásia é irreversível. 
Mister se faz que o paciente possa dar validade a um tratamento, ou 
recusar-se, para isso, necessitará estar presente o laudo adequado e veraz da 
informação dada por uma equipe médica por meio de um formulário escrito; 
compreensão da informação; consentimento voluntário e capacidade do doente para 
consentir. Esses são os quatro requisitos para se falar em consentimento informado 
(GLOGER, 2009). 
Observa-se o último requisito, porque a inconscientes ou incapazes 
(doentes mentais, crianças, pacientes com idade avançada, forçados pela falta de 
recursos financeiros ou em graus elevados de profunda depressão em razão da 
enfermidade), é negada a capacidade de exercício da autonomia, pois estão ausentes 
os requisitos que condicionam sua existência. A autonomia é aplicada pelo princípio 
da beneficência, que gera a atuação de terceiros (médicos ou familiares) apontando 
o melhor interesse do paciente, conforme seus próprios entendimentos. 
Nada dispõe em nosso Código Penal, sobre o consentimento, permitindo 
que a eutanásia seja realizada ainda que contra a vontade do paciente. 
O Anteprojeto de 1984 citava perfeitamente o consentimento da vítima, ou 
na sua falta, ascendente, descendente, cônjuge ou irmão, como condição imperativa 
para tal prática, nas formas ativa e passiva, fosse levado a cabo (art. 121, §3º). 
Vejamos: 
Homicídio 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - Reclusão, de seis a vinte anos. 
(...) 
Eutanásia 
§ 3º Se o autor do crime agiu por compaixão, a pedido da vítima, imputável 
e maior, para abreviar - lhe sofrimento físico insuportável, em razão de 
doença grave: 
Pena – Reclusão de três a seis anos. 
 
Quanto a ortotanásia (Art.121 §4º) continuaria a ser a necessidade de 
aceitação do paciente, ou em caso de impossibilidade por incapacidades e 
inconsciência, de algum ascendente, descendente, cônjuge, companheiro, ou irmão. 
(MARCÃO, 1999). 
Art.121(...) 
§ 4º Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, 
se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e 
inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou na sua 
impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou 
irmão. 
 
Vale lembrar que exigisse o consentimento da vítima imputável e maior de 
dezoito anos. 
Segundo crítica realizada por Carvalho (2001, p. 156): 
 
Ora, não procede a mudança, mormente em relação aos ascendentes e 
descendentes, já que o vínculo que os une ao enfermo é incontestavelmente 
mais estreito e duradouro do que a ligação conjugal, não sendo admissível 
que estes, com prevalência sobre todos os demais, decidam sobre a 
manutenção da vida do doente. 
 
Assim sendo, essa alteração a ordem dos familiares que podem prestar a 
aceitação para o desligamento das máquinas e aparelhos que mantém vivo o doente, 
dando prioridade ao cônjuge e ao companheiro em detrimento dos ascendentes, 
descendentes e irmão do enfermo, não procede, haja vista que o vínculo familiar 
prevalece sobre os demais, mas há ainda sim suas exceções. 
 
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Maio.1999. 
 
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Sagra, 1990. 
 
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CONSULEX Revista Jurídica. Eutanásia no Direito Comparado. Ano V. nº 114. 15 de 
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