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Subsistemas de RH e alinhamento estratégico ao negócio Marcilde Sabadin Telles Introdução Os subsistemas de Recursos Humanos nada mais são do que os processos desenvolvidos para as mais variadas funções pelas quais este setor é responsável numa organização. Quando há um alinhamento estratégico entre o RH e a organização, essas funções se desen- volvem de forma coerente com os objetivos globais e a estratégia, trazendo resultados mais significativos. Nesta aula você vai encontrar conceitos e outras informações sobre este assunto. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar os subsistemas de RH e suas funções; • entender a importância do alinhamento estratégico do RH ao negócio da organização. 1 Subsistemas da área de recursos humanos Os processos de RH, também chamados de subsistemas, possuem características e funções bem definidas. Na concepção de Tashizawa, Ferreira e Fortuna (2006), os subsistemas de RH devem: • criar, manter e desenvolver um contingente de recursos humanos com capacidade e motivação para realizar os objetivos da organização; • oferecer condições organizacionais propícias ao desenvolvimento e à plena satisfação dos recursos humanos; • alcançar níveis de produtividade compatíveis com os das melhores organizações de seu setor econômico de atuação. Portanto, a Administração de Recursos Humanos (ARH) procura atuar por meio dos subsis- temas de RH na busca dos objetivos organizacionais e individuais dos envolvidos nos negócios. FIQUE ATENTO! Ao implementar os cinco subsistemas de Recursos Humanos, a organização será mais competitiva. Os autores contemporâneos Marras e Chiavenato (2009) enumeram cinco subsistemas, os quais têm assuntos distintos e interligados para o alinhamento estratégico ao negócio. Eles são: provisão, aplicação, manutenção, desenvolvimento e monitoração. 1.1 Provisão Este subsistema contempla os processos de recrutamento, seleção e contratação, interna ou externa, dos empregados da organização. Detectar a pessoa com o perfil certo para o cargo certo, passa a ser foco deste subsistema. Marras (2009) infere que, se a atividade de recrutar e selecionar se expandir para toda a estru- tura organizacional, será preciso observar também se a pessoa selecionada conseguirá se adaptar à cultura da empresa ou se há traços semelhantes entre eles, para facilitar a adequação de ambos aos mesmos objetivos. EXEMPLO Surge uma vaga num determinado setor porque houve a promoção de um empre- gado para outra área ou porque ele foi transferido para outra filial. O subsistema de provisão de RH irá então aplicar internamente o processo seletivo, avaliando as habilidades, conhecimentos e atitudes a fim de encontrar o melhor candidato entre aqueles que já são empregados da organização. Figura 1 – Recrutamento e seleção de pessoas Fonte: SOMMAI/Shutterstock.com 1.2 Aplicação Envolve a integração de membros na empresa, desde a descrição com o desenho do novo cargo até a avaliação de seu desempenho. Neste processo a função de recursos humanos passou a desempenhar um papel de destaque, a partir das necessidades de mudanças percebidas pelas organizações. FIQUE ATENTO! Muitas organizações de pequeno e médio porte aplicam os subsistemas de RH e implementam de acordo com a sua realidade, adaptando a estratégia ao negócio. 1.3 Manutenção Este subsistema visa implementar ações com o objetivo de reter e motivar os empregados, por isso é considerado um dos mais importantes subsistemas. Diz respeito às relações de tra- balho e acordos sindicais, legislação trabalhista, saúde e segurança do trabalho, carreira e remu- neração, com foco “na negociação e entendimento entre a classe trabalhadora e as questões de higiene, medicina e segurança adotam uma postura preventiva de problemas e a qualidade de vida no trabalho” (Marras, 2009, p. 207). 1.4 Desenvolvimento Neste subsistema está o papel desempenhado no desenvolvimento de treinamentos que visam trazer melhores resultados com foco no conhecimento, para ampliar as capacidades dos empregados (CHIAVENATO, 2009). Atualmente visando a educação, é pode-se oferecer diversas modalidades de capacitação para melhor formação, aperfeiçoamento ou simplesmente de cunho informativo. E, assim, contribuir para a expansão das habilidades técnicas, comportamentais e emocionais das equipes de trabalho. Figura 2 – Treinamento e desenvolvimento Fonte: Golden Pixels LLC/Shutterstock.com 1.5 Monitoração A monitoração consiste em controlar e cuidar para que todos os demais subsistemas sejam aplicados com efetividade. Chiavenato (2009, p. 446) infere que é imprescindível o subsistema de monitoração de RH nas organizações, desde o processo de recrutamento até a entrevista de des- ligamento do empregado. Desta forma, as diversas unidades e componentes da empresa podem assumir adequadamente suas responsabilidades e garantir que as atividades sejam executadas conforme o planejado. O quadro a seguir apresenta resumidamente os subsistemas e seus respectivos processos. Quadro 1 – Processos dos subsistemas de RH SUBSISTEMAS DE RH PROCESSOS Provisão de Recursos Humanos Pesquisa de mercado de Recursos Humanos; Recrutamento de pessoal; Seleção de pessoal; Integração/Socialização de pessoal. Aplicação de Recursos Humanos Análise e descrição de cargos; Planejamento e alocação de recursos humanos; Plano de carreiras; Avaliação de desempenho. Manutenção de Recursos Humanos Administração de salários; Benefícios sociais; Higiene e segurança do trabalho; Relações trabalhistas. Desenvolvimento de Recursos Humanos Treinamento; Desenvolvimento de Recursos Humanos; Desenvolvimento organizacional; Monitoração de Recursos Humanos Banco de dados; Sistema de informação; Auditoria de Recursos Humanos. Fonte: adaptado de CHIAVENATO, 2009. Assim, conclui-se que, quanto mais organizado, coeso e efetivo for o RH, melhores serão os resultados dos empregados e consequentemente das organizações. SAIBA MAIS! Assista ao filme “O Homem que mudou o jogo (Moneyball)”. Este filme mostra uma história verídica do gerente geral do Oakland Athletics, uma equipe de beisebol que não estava apresentando seus melhores resultados, deixando de ser competitiva. O gerente precisa driblar uma situação financeira desfavorável para melhorar o desempenho do time e fazer uma boa temporada. Já viu um filme parecido na sua organização? Disponível em: <https://filmow.com/o-homem-que-mudou-o- jogo-t20617/>. 2 Alinhamento estratégico ao negócio Para que haja o alinhamento estratégico ao negócio, entende-se que é necessário direcionar ações da área de RH para as prioridades estratégicas da organização. Tashizawa, Ferreira e Fortuna (2006, p. 126-127) inferem a necessidade das organizações perceberem que “de nada valerão os seus esforços voltados para o mercado e as suas estratégias para ocupar espaços e obter bons resultados se não considerarem que tudo depende da boa exe- cução dos processos que compõem a sua cadeia produtiva”. Uma vez que houver coerência das práticas adotadas pela área em relação aos objetivos estratégicos da organização, será o mesmo que todos remarem um barco para o mesmo rumo. EXEMPLO Se os processos ou subsistemas não forem desenvolvidos com eficiência e efi- cácia das áreas, inclusive a Administração de Recursos Humanos, os esforços na elaboração e implementação da estratégia da organização para obter melhor pro- dutividade não chegará aos resultados esperados. Se a estratégia é ter mais empre- gados com escolaridade maior, por exemplo, consequentemente os treinamentos e capacitações, além de outras ações, trarão resultados melhores. Por último, as políticas e práticas de RH devem estar alinhadas às expectativas das pessoas, com a legitimidade necessária para sua efetividade. Conforme infere Dutra (2008), o conjunto de práticas e políticas de RH devem integrar todos os setores, de modo que os gestores saibam apli- cá-lase cumpram as normativas da organização. Figura 3 – Funções dos subsistemas de RH Fonte: APTX4869/Shutterstock.com Qual a importância do alinhamento estratégico do RH ao negócio da organização? Para Pas- chini (2009), se a organização conseguir desenvolver com coerência concomitantemente, esses três fatores - a estratégia do RH, a estratégia de negócios e a cultura organizacional - poderão impactar positivamente nos resultados almejados. Com a evolução da área de ARH, os subsistemas passaram por reformulações. De acordo com cada organização e com a relevância conferida à área, alguns subsistemas foram implemen- tados em partes ou na sua íntegra, conferindo melhores resultados. SAIBA MAIS! O artigo “Competências coletivas: considerações acerca de sua formação e de- senvolvimentos”, de Franciele Molon da Silva e Roberto Lima Ruas, oferece maior compreensão, por meio de pesquisas empíricas, sobre os subsistemas de RH com alinhamento estratégico ao negócio. Vale a leitura! Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?pid=S1413-23112016000100252&script=sci_abstract&tlng=pt >. Figura 4 – Importância do alinhamento estratégico Fonte: pedrosek/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Os Subsistemas de RH, alinhados estrategicamente ao negócio, garantem processos mais eficazes e eficientes, e as pessoas trabalham com melhor qualidade de vida. Fechamento Concluímos a aula relativa aos Subsistemas de RH e alinhamento estratégico ao negócio. Agora você já sabe como os processos organizacionais acontecem de modo eficiente e eficaz, utilizando os recursos disponíveis e seguindo os princípios fundamentais do planejamento, orga- nização, direção e controle. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os cinco subsistemas de RH: provisão, aplicação, manutenção, desenvolvi- mento e monitoração e suas respectivas funções. • entender que é fundamental adequar as políticas e práticas com os objetivos da orga- nização, sua missão, visão e valores.ao alinhamento estratégico do RH ao negócio da organização. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital intelectual das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. DUTRA, Joel Souza. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo, Atlas, 2008. HOMEM que mudou o jogo, O (Moneyball). Filme. Direção Bennett Miller. 133min. EUA. 2011. Dis- ponível em: <https://filmow.com/o-homem-que-mudou-o-jogo-t20617/>. Acesso em: 23 nov. 2017. MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao estratégico. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. PASCHINI, Selma. Estratégia: alinhando a cultura organizacional e a estratégia de negócio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. SILVA, Franciele Molon da; RUAS, Roberto Lima. Competências coletivas: considerações acerca de sua formação e desenvolvimento. REAd. Rev. Eletrôn. Adm. v. 22 n. 1. Porto Alegre, jan./abr., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413=23112016000100252-&script- sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 23 nov. .2017. Acesso em: 30 nov. 2017. TACHIZAWA, Takeshy; FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, Antônio Alfredo Mello. Ges- tão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-23112016000100252&script=sci_abstract&tlng=pt%3e.%20Acesso%20em%2023%20nov.%20.2017 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-23112016000100252&script=sci_abstract&tlng=pt%3e.%20Acesso%20em%2023%20nov.%20.2017