Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPITULO 8 8. VAZÃO A vazão pode ser considerada a terceira grandeza mais medida nos processos industriais, atrás apenas da pressão e da temperatura. A medição industrial de vazão requer normalmente um instrumento específico, conhecido como medidor de vazão. Normalmente, é complicado medir essa grandeza, uma vez que tanto características do fluido (densidade, viscosidade) quanto do meio (temperatura, pressão) e da tubulação (dimensões, rugosidade) influem na medição. A vazão é uma grandeza normalmente medida indiretamente, ou seja, uma outra grandeza associada à vazão é a grandeza realmente medida, e a vazão é calculada em função do valor obtido. Por isso, o medidor de vazão consiste de um elemento primário, um elemento secundário e um transmissor de vazão. O primeiro é responsável por gerar, através de algum processo físico, uma grandeza mensurável que seja proporcional à vazão que se deseja medir; o segundo é responsável por transformar essa segunda grandeza numa terceira que seja diretamente mensurável; o terceiro é responsável não apenas por transmitir esse sinal ao dispositivo que vai utilizar a informação (um controlador programável, por exemplo), mas também de executar as conversões necessárias. Por exemplo, nos medidores de vazão baseados em sensores geradores de pressão diferencial, o elemento primário produz uma diferença de pressão entre dois pontos; essa diferença de pressão é submetida ao elemento secundário, que pode ser um manômetro, por exemplo, gerando uma elevação no nível de um dos braços proporcional a ela; o transmissor deve gerar um sinal elétrico proporcional a essa elevação no nível, e ainda efetuar as diversas correções que se fazem necessárias devido a efeitos físicos colaterais, como a perda de carga devida à inserção do medidor no caminho do fluxo. A vazão de material em um processo ou sistema pode ser medida por uma variedade de métodos que dependem do material, volume, precisão necessária e controle exigido. Os principais métodos usados em aplicações industriais incluem medidores de vazão piezométricos, de área, eletromagnéticos, de massa, de deslocamento positivo e de canal aberto. A escolha correta de um determinado instrumento para medição de vazão depende de vários fatores. Dentre estes, pode-se destacar: • Exatidão desejada para a medição • Tipo de fluido: líquido ou gás, limpo ou sujo, número de fases, • Condutividade elétrica, transparência, etc. • Condições termodinâmicas: por exemplo, níveis de pressão e temperatura nos quais o medidor deve atuar • Espaço físico disponível • Custo, etc. 8.1 DEFINIÇÃO Vazão pode ser definida como sendo a quantidade volumétrica ou mássica de um fluido que escoa através de uma seção de uma tubulação ou canal por unidade de tempo. • Vazão Volumétrica – É definida como sendo a quantidade em volume que escoa através de certa secção em um intervalo de tempo considerado. As unidades volumétricas mais comuns são: m3/s, m3/h, l/h, l/min, GPM (galões por minuto), Nm3/h (normal metro cúbico por hora), SCFH (normal pé cúbico por hora), entre outras. , onde: V = volume, t = tempo, Q = vazão volumétrica. • Vazão mássica – É definida como sendo a quantidade em massa de um Fluido que escoa através de certa secção em um intervalo de tempo considerado. As unidades de vazão mássica mais utilizadas são: kg/s, kg/h, t/h, lb/h. , onde: m = massa, t = tempo, Qm = vazão mássica 8.2 CONCEITOS FÍSICOS PARA MEDIÇÃO DE VAZÃO Para medição de vazão se faz necessário rever alguns conceitos relativos a fluidos, pois os mesmos influenciam na vazão de modo geral. A seguir, os principais deles: Calor Específico Define-se calor específico como o quociente da quantidade infinitesimal de calor fornecido a uma unidade de massa de uma substância pela variação infinitesimal de temperatura resultante deste aquecimento. Na prática, temos: A quantidade de calor necessária para mudar a temperatura de 1 grama de uma substância em 1ºC. Viscosidade É definida como sendo a resistência ao escoamento de um fluido em um duto qualquer. Esta resistência provocará uma perda de carga adicional que deverá ser considerada na medição de vazão. Número de Reynolds Número adimensional utilizado para determinar se o escoamento se processa em regime laminar ou turbulento. Sua determinação é importante como parâmetro modificador do coeficiente de descarga Onde: v – velocidade (m/s) /D – diâmetro do duto (m) /ν - viscosidade cinemática (m2/s) Observação: Na prática, se Re > 2.320, o fluxo é turbulento, caso contrário é sempre laminar. Nas medições de vazão na indústria, o regime de escoamento é na maioria dos casos turbulento com Re > 5.000. Distribuição de Velocidade em um Duto Em regime de escoamento no interior de um duto, a velocidade não será a mesma em todos os pontos. Será máxima no ponto central do duto e mínima na parede do duto. Regime Laminar É caracterizado por um perfil de velocidade mais acentuado, onde as diferenças de velocidades são maiores Figura 8.1 Perfil de velocidade em regime laminar Regime Turbulento É caracterizado por um perfil de velocidade mais uniforme que o perfil laminar. Suas diferenças de velocidade são menores Figura8.2 Perfil de Velocidade em regime turbulento 8.3. TIPOS DE MEDIDORES DE VAZÃO Segundo Delmée, os medidores de vazão atualmente em uso na indústria podem ser divididos em quatro categorias, de acordo com o elemento primário utilizado: Geradores de pressão diferencial Elementos primários lineares Medidores de deslocamento positivo Medidores em canais abertos Por outro lado, segundo Cassiolato e Alves, os medidores de vazão podem ser divididos em três categorias, também de acordo com o elemento primário utilizado: Medidores indiretos do fluxo Medidores diretos do fluxo Medidores especiais Os medidores indiretos, por sua vez, seriam divididos em dois tipos: Medidores com perda de carga variável (área constante) Medidores com área variável (perda de carga constante) Os medidores diretos seriam divididos em dois tipos: Medidores de deslocamento positivo Medidores de impacto do fluido Adotaremos a divisão seguinte, baseada nos tipos de elemento primário, consolidando as ideias desses autores: Geradores de pressão diferencial Tubos de Pitot Medidores de área variável Medidores tipo turbina Medidores de deslocamento positivo (ou medidores volumétricos) Medidores magnéticos Medidores ultrassônicos Medidores térmicos Medidores de vórtices Medidores por efeito Coriolis Medidores em canais abertos Medidores ópticos Outros tipos de medidores O Esquema 1 a seguir mostra a classificação dos medidores de vazão Esquema 1. Classificação dos medidores de vazão 8.4 EQUAÇÕES PARA O CÁLCULO DA VAZÃO As equações para o cálculo da vazão podem ser obtidas genericamente para os três tipos de medidores apresentados. Aplica-se a Equação da Conservação da Massa, bem como a Equação da Conservação da Energia, sendo esta última na sua forma simplificada, que é a Equação de Bernoulli. Assim para o escoamento através de uma redução de área, considerando-o ideal e tomando uma linha de corrente entre os pontos 1 e 2, conforme a figura1. Figura 8.3 Escoamento com estrangulamento A equação de Bernoulli aplicada ao escoamento ideal, entre os pontos 1 e 2 da figura, resulta na equação seguinte: onde o primeiro termo representa a energia cinética, o segundo a energia de pressão, proveniente do trabalho de escoamento, enquanto o terceiro termo representa a energia potencial. Idênticas parcelas existem do lado direito, para o ponto 2. Esta igualdade significa que a soma das três parcelas é uma constante ao longo de uma linha de corrente, não havendo perdas por atrito. Para o escoamento na posiçãohorizontal, não há variação de energia potencial, sendo z1 = z2. Usando a equação da conservação da massa entre as seções 1 e 2, para o escoamento incompressível, tem-se que: Sendo A a área da seção transversal e β a razão entre os diâmetros do medidor e da tubulação, β = D2/D1 (ou d/D, conforme a notação), pode-se isolar uma das velocidades na equação (1), obtendo-se a equação seguinte: A vazão pode ser então obtida, multiplicando-se esta velocidade pela respectiva área, equação (4). A vazão no caso é uma vazão ideal, pois foi obtida através da equação de Bernoulli, para o escoamento ideal. Tomando-se o caso mais extremo, em que o ponto 2 está situado sobre a vena contracta, pode-se definir um coeficiente de contração da veia principal, que é a razão entre a área da vena contracta A2, e a área de passagem do medidor, Am. Assim: A vazão real pode ser obtida multiplicando-se a vazão ideal por um coeficiente de correção Cv. Este coeficiente inclui as correções relativas à perda de energia entre os pontos 1 e 2, entre os quais se obtém o diferencial de pressão. Parte deste diferencial é decorrente da aceleração do escoamento e parte provém da perda de carga. Esta última age sempre no sentido de aumentar o diferencial, razão pela qual o valor de Cv é sempre inferior à unidade. Assim, tendo em conta estas correções e a área do medidor Am, a equação para a vazão é dada por: O coeficiente Cc difere da unidade apenas na placa de orifício, quando as tomadas de pressão não são as de canto (corner taps). No caso deste tipo de tomada a vena contracta existe, mas a pressão está sendo lida junto à placa, de forma que a área A2 pode ser considerada como a área do orifício Am. Em função da dificuldade de se determinar todos os coeficientes da equação (6), prefere-se ignorar o próprio Cc e introduzir os coeficientes C e K, de modo que esta equação assuma as seguintes formas: 8.5 TIPOS DE MEDIDORES DE VAZÃO 8.5.1 MEDIDORES DE VAZÃO PIEZOMÉTRICOS Os medidores de vazão piezométricos são o tipo mais comum, utilizados para medir a vazão de gases, líquidos e pastas. Estes aparelhos medem uma diferença de pressão por meio de uma restrição do fluxo. A pressão, sendo a relação entre uma força e uma área, torna-se uma função da velocidade do fluxo e da densidade do meio. Todas as equações provêm do teorema de bernoulli, conforme mostrado acima. Tubo venturi. O tubo venturi é visto na Figura 8.4. Este tipo de redução de fluxo é necessário para pastas (que aqui são consideradas como fluido) que contêm sólidos em suspensão. Também pode ser usado para líquidos quando se necessita uma redução mínima, e quando se exige a melhor precisão. O tubo venturi é muito caro se comparado ao bocal de fluxo e às placas com orifício que serão discutidas mais tarde. O tubo venturi é um dispositivo de medição de vazão que normalmente é inserido em uma tubulação do mesmo modo que qualquer outra conexão. O venturi consiste de uma seção cilíndrica principal, cujo diâmetro é igual, ou muito próximo, ao diâmetro interno da tubulação ligada a ele. O cilindro principal conduz a um cone de convergência angular fixa que, por sua vez, liga-se a uma seção em garganta usinada com precisão. Esta tem um diâmetro interno menor que o cilindro, liga-se a um cone de saída que possui uma divergência angular fixa até se acoplar ao diâmetro interno da tubulação do sistema. Os cálculos de projeto que determinam os ângulos fixos de convergência. Figura 8.4 Tubo de Venturi típico em corte I. Bocal de fluxo. O bocal de fluxo é mais barato e semelhante ao tubo venturi de inserção, exceto que não possui o cone de recuperação. E visto na Figura 8.5. Possui uma maior perda de carga, entretanto, menor perda em relação às placas com orifício. Figura 8.5 Vista em corte de um bocal de fluxo II. Placas com orifícios. Ã placa com orifício é o dispositivo de medição de fluxo mais largamente utilizado, devido à sua simplicidade, baixo custo de fabricação e facilidade de instalação. Também produz a mais elevada perda de carga, mas na maioria das medições de vazão esta perda não tem muita importância. As placas com orifícios, quando bem fabricadas e instaladas adequadamente, fornecem leituras precisas e, se usadas com coeficientes de correção, podem ser precisas quanto a maioria dos medidores de vazão. As placas com orifícios convencionais são semelhantes à que se vê na figura 8.6. Esta é uma peça fina de metal com resistência final suficiente para impedir a flambagem sob as diferenças de pressão que deve suportar em funcionamento. Nas aplicações convencionais são usados materiais com espessura de 1,5 mm para canalizações de até 10 em, espessura de 3 mm para tubulações de até 40 em e espessura de 6 mm para tubos com diâmetro acima de 40 em, As placas com orifício excêntrico e segmentar, vistas na figura 7.6, são dois outros tipos de placas que são usadas quando o fluido a ser medido contém material suspenso que se acumula atrás da placa concêntrica. A tendência do material de se acumular do lado de montante leva a leituras falsas. Estas placas são geralmente instaladas de modo que o orifício esteja a 0,6 mm do fundo do tubo. Isto reduz o acúmulo a um mínimo. Os cálculos e fatores de fluxo dos orifícios concêntricos não se aplicam às placas excêntricas e segmentares. Figura 8.7 Placas típicas com orifício (a) Excêntrica. (b) Segmentar Uma instalação típica do placa com orifício concêntrico esta mostrado na figura 8.8. Qualquer fluxo quando atravessa uma abertura com borda quadrada e aguda, assume Figura 8.6 Escoamento com estrangulamento o contorno de fluxo como mostrado. O menor diâmetro do fluxo é conhecido como seção contraída, que é equivalente à garganta do tubo venturi ou do bocal de fluxo. Figura 8.8 Vista em corte de uma instalação típica de placa com orifício concêntrico e o diagrama de fluxo resultante Quando se deseja obter a pressão diferencial máxima, usa tomadas de seção contraída. A localização destas depende do diâmetro da tubulação e da razão entre o orifício e esse diâmetro. A distância varia em cada aplicação, assim a tomada de jusante tem que ser perfurada na seção contraída e a tomada de montante fica num ponto que forneça a pressão estática real na linha de fluxo conforme mostrado na figura 8.9. Estão disponíveis as tabelas fabricantes de placas com orifício que fornecem a melhor local: Figura 8.9 Vista em corte de tomadas em seção contraída Dimensionamento do orifício. A equação básica do medidor de vazão mostra que o orifício é um dispositivo de medida proporcional a uma raiz quadrada e uma equação usada para relacionar a vazão e a queda de pressão através de um orifício é: Onde W = vazão gravimétrica ou de peso em libras-força por segundo ou em gramas por segundo a = área da seção transversal do orifício em pés quadrados ou em centímetros quadrados K = coeficiente de fluxo Y = fator de expansão do gás Fo = fator de área de expansão térmica de um orifício gc = fator de conversão de unidade em pés por segundo Quadrado ou em centímetro por segundo quadrado ∆p = diferença de pressão medida em libras-força por polegada quadrada (psi) ou em gramas por centímetro quadrado p == massa específica do fluido em gramas por· centímetro cúbico (um programa de cálculo do ser acessado na página http://www.ssd.com.br/downloads/download.asp?5 III. Tubo pitot. Como já foi dito anteriormente, o tubo pitot tem pouca importância como sensor de vazão industrial. Entretanto, é uma ferramenta muito eficiente no laboratório e pode ser usado como ponto de verificação de fluxo. O tipo básico é visto na figura 8.10. http://www.ssd.com.br/downloads/download.asp?5 Figura 10 Vista em corte de um tubo de Pitot O medidor de pressão ou carga diferencial é o dispositivo mais frequentementeusado para medir a pressão diferencial criada por um tubo venturi, um bocal de fluxo, ou uma placa com orifício. Estes medidores podem variar desde um simples manômetro em U a dispositivos mais complexos, os que usam mercúrio, conversores diferenciais e métodos de pc indutiva, dependendo da aplicação. Todos estes aparelhos mede fluxo como uma função da raiz quadrada a partir da relação básica: Onde Q = vazão K = constante que depende das condições de cada instala H = queda de pressão ou diferencial de pressão 8.5.2 Medidores mecânicos de vazão. A figura 8.11 mostra o esquema de um medidor de vazões mecânico. Este medidor se utiliza de um corpo de manômetro em U, o qual consiste em urna grande câmara e um tubo de deslocamento ligado à base e cheio de mercúrio. Uma grande câmara de alta pressão contém urna bóia que detecta variação no nível de mercúrio. Com o aumento da pressão diferencial, o mercúrio é forçado do tubo maior ao menor e o nível sobe. Uma variação total na escala de pressão diferencial faz a bóia deslocar-se desde o topo até o fundo do tubo. Quando a bóia alcança o fundo não podem medir diferenças maiores devido às limitações impostas. Figura 8.11 Esquema de um medidor de vazão mecânico 8.5.3 Medidores de vazão elétricos. O aparelho de ponte indutiva, visto esquematicamente na figura 8.12, tem uma armação leve de ferro ligada a bóia do medidor com uma haste rígida que passa por um tubo de aço de liga não-magnética. Muitos destes medidores estão em uso, mas são caros e não são mais fabricados. Figura 8.12 Vista em corte de um medidor de vazão elétrico com deslocador (tipo boia) 8.6 Transdutores de pressão. Os transdutores de pressão usados para medir vazão são do tipo para pressão diferencial. São essencialmente do tipo diafragma (usando extensômetros), potenciométricos, ou métodos de leitura de indutância variável, dependendo da aplicação. Velocidade de resposta, temperatura, faixa de pressão diferencial, valores de pressão estática e equipamento auxiliar de condicionamento do sinal determinam se os transdutores podem ser usados como sensores e, se puderem, que tipos são aplicáveis. Por exemplo, um extensometro não será aconselhável se a faixa de temperaturas for maior que a temperatura que o material do instrumento for capaz de suportar, ou se a pressão estática for maior que a de projeto do alojamento onde o sensor e o diafragma estão encerrados. Um transdutor bem fabricado é uma peça cara, mas oferece a resposta mais rápida para controle de variáveis para evitar danos a corpos de prova ou produtos. As unidades transdutoras não possuem a grande massa inercial encontrada nos sistemas mecânicos. Pode-se medir pressões diferenciais e iniciar-se a ação de controle em menos de meio segundo. Embora este tempo seja relativamente longo se comparado a algumas ações de medição e controle da ordem de microssegundos, é relativamente curto quando se considera o tempo necessário para movimentar um dado volume de mercúrio e acionar um eixo ou ponteiro de modo a obter-se o mesmo tipo de medição de vazão. 8.7 MEDIDORES DE VAZÃO DE ÁREA VARIÁVEL O medidor de vazão de área variável na sua forma mais simples e elementar consiste em duas partes, como se vê na figura 8.13. As duas partes básicas são: (1) tubo cônico de vidro colocado verticalmente no fluido ou no sistema gasoso com sua extremidade maior no topo e (2) uma bóia de medição que se move livremente na vertical dentro do tubo cônico, O fluido circula pelo tubo do fundo até o topo. Quando não há fluido escoando, a boia permanece no fundo do tubo cônico e o seu diâmetro máximo é selecionado de forma a bloquear a pequena extremidade do tubo quase que totalmente. Quando se inicia um fluxo na tubulação e o fluido atinge a boia, o empuxo do fluido levanta a bóia. Geralmente a boia possui densidade maior que a do material que escoa para que o empuxo isoladamente não seja suficiente para erguê-la. A passagem da bóia permanece fechada até que a pressão do fluido, mais seu empuxo, excedam a pressão devido ao peso da boia. A boia então ergue-se e flutua dentro do meio fluido proporcionalmente à vazão e a uma dada pressão. Conforme a boia sobe para a extremidade maior do tubo cônico, abre-se uma passagem anular entre a parede interna do tubo de vidro e a periferia da bóia. Isto forma uma abertura concêntrica através da qual passa o material fluido. A bóia continua a subir até que a passagem anular seja suficientemente grande para deixar passar todo o material que vem da tubulação. A pressão, devido à velocidade do fluido, também cai, até que esta queda mais o empuxo igualem o peso da boia. A boia então permanece em equilíbrio dinâmico. Os medidores de área variável também podem ser acoplados a um sistema de registro conforme mostrado na figura 8.14. Figura 8.13 Vista em corte de um medidor de área variável (Rotâmetro) 8.8 MEDIDORES DE VAZÃO ELETROMAGNÉTICOS O medidor de vazões eletromagnético é estritamente um detector elétrico primário de vazão. Um esquema típico é visto na figura 8.15. O medidor de vazões magnético é especialmente útil na medição de metais líquidos, fluidos corrosivos e pastas. Não é afetado pela viscosidade, densidade ou turbulência. O transmissor pode ser instalado em qualquer posição, o sinal gerado varia linearmente com a vazão; há uma resposta instantânea às variações de vazão e as mudanças de escala são executadas facilmente. Somente fluxos de fluidos condutivos podem ser medidos com medidores de vazões eletromagnéticos. Também as unidades CA devem funcionar a pressões e temperaturas dentro dos limites do transmissor e a instalação deve ser feita de forma a minimizar ou eliminar a imantação devida aos 60 ciclos. A canalização deve ser mantida cheia de fluido e a ponta do eletrodo mantida limpa. A perda de carga num medidor de vazões eletromagnético é mesma que a de um tubo reto de mesmo diâmetro e comprimento, pode-se medir fluxos reversos, a precisão até 1% de toda escala. Figura 8.14 Esquema de um medidor de vazão eletrônico de área variável Figura 8.15 Esquema típico de um medidor de vazão eletromagnético 8.9 MEDIDORES DE VAZÕES DE MASSA Em algumas aplicações industriais é desejável e essencial medir a vazão instantânea de massa ou a vazão total de massa de um gás ou líquido. Em algumas aplicações, como nas indústrias de laticínio e outros tipos de processamento de alimentos, deve-se obedecer rigorosamente aos padrões sanitários impostos pelas leis estaduais e federais. Em outras aplicações o fluido pode ser corrosivo ou ainda pastoso. Medidores de vazões de volume fixo ou de massa, a serem discutidos mais adiante, podem ser usados em muitas aplicações, mas estas unidades possuem um tipo de pistão ou diafragma embutido e são expostas ao fluido. Em alguns casos isto será indesejável caso o fluido seja corrosivo ou contenha contaminação de qualquer espécie. Usa-se um tubo metálico liso que separa os elementos de medição do fluxo, como se vê na figura 8.16. Na posição c há um pequeno elemento aquecedor que introduz calor no transdutor; na posição existe um sensor de temperatura para montante e um na posição para jusante. Geralmente, um elemento do compensação de temperatura localiza-se na posição b. Os dois elementos sensores de temperatura estão isolados do tubo liso pelos isoladores térmicos e e f. A pesada parede externa se comporta como uma blindagem térmica e protege os elementos de medição. O tipo de sensor de temperatura depende da aplicação; podem ser usados termistores, termopares ou termômetros resistivos. O princípio de funcionamento é que o calor é injetado no fluido através das paredes do tubo e da camada-limite pela bobina aquecedora na posição c. O sensor de temperatura de montante em a mede a temperatura inicial do fluxo e o sensor de temperaturade jusante mede a temperatura final da superfície externa da camada-limite. Pequenas diferenças de temperatura através da camada-limite são suficientes para se ter um funcionamento satisfatório. Figura 8.16 Esquema de medidor de vazão eletrotérmico de massa tipo camada limite 8.10 Medidores de vazão a turbina. A figura 8.17 mostra as características de construção de um medidor volumétrico a turbina. O rotor da turbina é mantido entre dois cilindros concêntricos que serve para dirigir o fluxo e posicionar os rotores na tubulação, como demonstra a figura 8.18. Esta figura também dá uma ideia relativa quanto ao tamanho dos medidores de vazões a turbina que usaram o mesmo tipo de construção. Conforme o rotor gira, cada palheta gera um pulso e representa um volume unitário para a totalização da vazão. Estes medidores geram um sinal elétrico digital que é Figura 8.17 Medidor tipo turbina detectado por uma bobina de imantação de um medidor de vazões ou tacômetro, especificamente projetada para os medidores Barton série 7000 que são mostrados o número total de rotações do rotor, ou pulsos de saída, está relacionado com a vazão total ou com o volume de fluxo. A frequência dos pulsos gerados é diretamente proporcional à vazão do material monitorado ou medido. Os pulsos gerados na bobina são de forma senoidal e podem ser transmitidos eletricamente a grandes distâncias se necessário a uma grande variedade de dispositivos de saída (indicadores, registradores, etc) 8.11 MEDIDORES DE VAZÕES DE DESLOCAMENTO POSITIVO. Os medidores de vazões de deslocamento positivo basicamente captam e liberam um volume fixo de fluido por algum tipo de recalque. Esta ação pode ser desempenhada por um pistão, uma palheta rotativa, um diafragma ou bomba peristáltica. Estes medidores normalmente contam o número total de ciclos que ocorrem, e indicam ou registram um volume integrado de fluxo. Esses dispositivo de fluxo também podem ser considerados bombas volumétricas que recalcam um volume fixo por pistão, palheta, diafragma ou movimento peristáltico. Bombas a pistão. As bombas medidoras são empregadas para injetar-se uma quantidade exata de fluido numa linha de recalque ou recipiente coletor. A bomba a pistão é geralmente do tipo alternativa, o que significa que um pistão ou êmbolo injeta um volume fixo a cada curso Bombas rotativas. As bombas rotativas são capazes de fornecer fluxo uniforme, sem golpes de aríete, a pressões de até 100 bars. Este tipo de bomba também é útil com líquidos que apresentam grande viscosidade. Podem-se obter eficiências volumétricas até 90% mantendo-se próximas as tolerâncias entre as superfícies de junção. Obtém-se um Figura 8.18 Esquema de um medidor tipo turbina fluxo uniforme com mais de uma palheta, de modo que parte dele sempre seja mantido contínuo. Neste tipo de bomba o fluxo é controlado por meio de válvulas. Bomba de diafragma. As bombas de diafragma usam uma membrana que á ativada por algum meio externo haste de calcar ou por meio de pressão hidráulica ou pneumática. A figura 8.19 mostra um corte desta bomba. Para pressões de até 8,5 bars, usam-se membranas ou diafragmas flácidos de Teflon. Para pressões maiores, de até 170 bars, usam-se pequenos diafragmas metálicos. O material utilizado depende do tipo de fluido, da temperatura e da pressão. A membrana ou diafragma está em contato direto com o fluido e o mecanismo de acionamento. Figura 8.19 Vista em corte de um medidor tipo diafragma Bomba peristáltica. Quando é necessário recalcar fluidos que não podem fazer contato com a bomba ou com os componentes de medição, a bomba peristáltica se torna bastante útil. O fluido é geralmente recalcado por meio de um tubo plástico e não entra em contato físico com o mecanismo que movimenta o fluxo medido. O mecanismo de recalque pode ser roletes, palhetas acionadas por uma carne ou um roto r sobre um eixo excêntrico. Em cada caso o fluido é forçado através de um dado trecho da tubulação, capaz de suportar a pressão do sistema, por um movimento de compressão. Estas bombas são capazes de trabalhar com fluxos medidos desde uma fração de mililitros por minuto até 150 l/min A figura 8.20 mostra uma bomba peristáltica de rolete. O tubo flexível é usado para suportar a corrosão e para líquidos voláteis ou que requeiram um elevado grau de limpeza. É aplicado na área médica com o fim de bombear sangue durante testes analíticos. O controle de vazão na bomba peristáltica é feito variando-se a rotação do motor acionador. Em aplicações industriais o controle de vazão atinge a precisão de ± 1%. Figura 20 Medidor de vazão tipo peristáltico 8.12 MEDIDORES DE VAZÕES DE CANAL ABERTO Os medidores de canal aberto são capazes de trabalhar com vazões de 15 l/min a 3800 m3/min e são normalmente do tipo vertedouro ou calha Parshall. Este medidor é relativamente barato. É largamente usado na agricultura em irrigações e nos dejetos industriais. O vertedouro é visto na figura 7.26. Estes medidores empregam entalhes em forma de V, retangulares e trapezoidais. São utilizados entalhes em V tanto a 60° como a 90. Sua precisão é de aproximadamente 2%. A vazão é medida pela simples medição da carga de água acima do ponto mais baixo da abertura do vertedouro pelo qual a água flui. Esta altura é medida por meio de uma boia, instalada numa caixa, chamada reservatório laminar, que faz parte da estrutura. A boia está localizada de modo a não ser perturbada pela velocidade do fluxo ou por qualquer turbulência O entalhe em forma de V oferece a maior magnificação para um único tamanho visto que a pequena abertura do V é capaz de acomodar pequenas vazões e a parte superior grandes vazões. Oferece a maior perda de carga devido à sua forma. Figura 21 Medidor aberto (a) tipo vertedor. (b) Tipo calha Parshall
Compartilhar