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Estenose aórtica



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Letícia Santos - Medicina 
Estenose aórtica 
Conceito 
 
o A estenose aórtica é uma doença que acomete a válvula aórtica, caracterizada por um estreitamento da abertura 
da válvula que ocasiona a obstrução da passagem do fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para aorta. 
o O coração acometido por essa valvulopatia, necessitará que o ventrículo esquerdo trabalhe mais para manter o 
débito cardíaco ideal devido à obstrução do fluxo de sangue na válvula aórtica. 
o É uma importante valvulopatia e possui sua importância ainda mais evidenciada em relação à idade demográfica da 
população. Assim, a medida que a população idosa aumenta também aumenta o número de casos de estenose da 
aorta. 
o A causa mais comum em pessoas com menos de 70 anos é um defeito congênito que afeta a válvula. 
 
 
 
Etiologia 
 
o Doença reumática – no Brasil é uma causa importante da estenose aórtica. 
o Doença degenerativa – principal causa de estenose aórtica nos países desenvolvidos. 
o Doenças congênitas – associada a idade, principalmente relacionada à aterosclerose. 
 
Fisiopatologia 
 
o Calcificação dos folhetos valvares e redução progressiva do orifício valvar. 
o Sobrecarga do ventrículo esquerdo 
- Hipertrofia ventricular esquerda 
- Disfunção ventricular esquerda 
 
o Inicialmente ocorre a calcificação dos folhetos valvares, os quais terão sua mobilização afetada pois se tornarão mais 
rígidos. Além disso, haverá a redução progressiva do orifício por onde o sangue passa, acarretando, então, na 
obstrução que caracteriza a estenose aórtica. Ademais, como a válvula não fechará corretamente, haverá, então, 
um grau de insuficiência aórtica associada. 
 
Observação: A insuficiência aórtica é uma regurgitação que em condições normais não acontece, ou seja, há 
um retorno do sangue da aorta para o ventrículo esquerdo. Já na estenose aórtica onde os folhetos estarão 
enrijecidos e a válvula não se fecha de forma adequada, ocorrendo ainda uma obstrução da passagem do 
sangue, pode-se observar um refluxo de sangue variável, podendo acarretar um sopro sistólico e diastólico. 
 
Letícia Santos - Medicina 
o Diante disso, o ventrículo esquerdo irá sofrer uma sobrecarga para manter o débito cardíaco ideal devido à 
obstrução do fluxo sanguíneo na válvula aórtica. Nesse contexto, é notório uma alteração da função diastólica do 
ventrículo esquerdo. 
o Essa sobrecarga do ventrículo esquerdo vai promover como mecanismo compensatório a hipertrofia do ventrículo 
esquerdo e a disfunção ventricular esquerda. O ventrículo irá aumentar a espessura de suas paredes a fim de 
melhorar o seu trabalho e diminuir a tensão na sua parede. Ademais, a dilatação do VE está associada à insuficiência. 
o Logo, durante o período de adaptação o paciente pode ficar durante anos sem sintomas relacionados tanto a 
hipertrofia do coração quanto a estenose aórtica. No entanto, pode-se observar essas alterações durante a 
AUSCUTA. 
 
ATENÇÃO: 
Se o paciente tiver apenas a hipertrofia ventricular esquerda no primeiro momento, como estará o ictus cordis? 
- Desviado para baixo ou lateral ou normal com o comprimento normal. 
Se o paciente tiver insuficiência cardíaca no segundo momento, como estará o ictus nesse momento? 
- Vai estar com o comprimento aumentado e localização alterada. 
 
Quadro clinico 
 
o Assintomático: Por um período de tempo variável, podendo ser longo. 
o Sintomático: geralmente esse paciente já possuirá um grau de disfunção ventricular. 
• Dispneia: comumente chamada de falta de ar ou de dificuldade de respirar. Quando um paciente tem dispneia, 
sua respiração torna-se irregular ou dificultosa, sendo que ele pode respirar de forma acelerada. 
Uma das causas é a dificuldade do VE de manter o débito cardíaco devido à obstrução do seu fluxo e posterior 
dificuldade de ejeção. 
• Angina: dor no peito causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração, o que é chamado de isquemia. 
Se dar tanto pelo aumento da massa muscular do VE sem aumento de fluxo ofertado pelas coronárias, como 
pode acontecer por uma coronariopatia associada. 
Geralmente há associação de valvulopatia com coronariopatia. 
• Síncope: comumente denominada de desmaio, trata-se de uma perda temporária de consciência, também aliada 
a uma perda na postura. 
 
Exame físico 
 
o Ao realizar o exame físico, na ausculta pode-se encontrar um sopro clássico da estenose aórtica: 
o Sopro sistólico ejetivo, rude, melhor audível no foco aórtico, em padrão "crescendo e decrescendo", com possível 
irradiação para fúrcula esternal e região carotídea. 
o Fenômeno de Gallavardin: sopro sistólico audível em ápice que pode ser confundido com sopro de insuficiência 
mitral. 
 
 
o Acima, observa-se um fonocardiograma que representa o padrão “crescendo e decrescendo” presente na estenose 
aórtica. 
o O sopro da estenose aórtica é sistólico., logo está ente a B1 e a B2. 
o Se o paciente com estenose aórtica possuir uma insuficiência aórtica associada, também haverá um sopro entre 
B2 e a próxima B1 
 
 
Letícia Santos - Medicina 
OBSERVAÇÃO: 
o Têm-se um ritmo em B1 e B2? 2 tempos 
o Tem-se um ritmo em B1, B2 e B3? 3 tempos (galope ventricular) 
o Tem-se um ritmo em B1, B2 e B4? 3 tempos (galope atrial) 
 
Exames complementares 
 
o Ecocardiograma = analisa o orifício de abertura da válvula aórtica e a função ventricular 
o Eletrocardiograma = poderá mostrar uma sobrecarga de ventrículo esquerdo 
o Teste ergométrico = útil em pacientes com poucos sintomas, importante na indicação cirúrgica 
o Cateterismo cardíaco = importante para excluir coronariopatia em pacientes com indicação cirúrgica. 
 
Classificação da estenose aórtica 
 
 LEVE MODERADA SEVERA 
Velocidade do jato < 3m/s 3 a 4m/s > 4 m/s 
Gradiente médio < 25 mmHg 25 a 40 mmHg > 40 mmHg 
Área de abertura valvar 
(index valvar) 
> 1,5 cm2 
(>0,9cm2/m2) 
1 a 1,5 cm2 
(0,6 a 0,9 cm2/m2) 
< 1 cm2 
(<0,6cm2/m2) 
 
o A forma mais utilizada para classificação é a área valvar.