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O SILÊNCIO DOS HOMENS

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Júlia Wada Knothe				RA: C80999-3
ANÁLISE CRITICA DO DOCUMENTÁRIO:
 “O Silêncio Dos Homens”
Campinas
2020
Introdução
	O presente trabalho, tem como finalidade fazer uma análise crítica do documentário “O Silêncio dos homens”, realizando uma reflexão baseada na Psicologia Jurídica. O documentário é fruto de uma pesquisa feita com mais de 40 mil pessoas, realizado através de uma iniciativa do PapodeHomem e Instituto Pdh (Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento em Florescimento Humano) e foi lançado em agosto de 2019, levantando temas muito importantes, que também serão discutidos nesse trabalho, como: a masculinidade e seus mandamentos, homens não poderem demonstrar emoções, não fazerem nada que seja considerado “feminino” demais, o desrespeito com as mulheres, estereótipos de gêneros, etc.
	
Desenvolvimento
	O documentário começa mostrando o depoimento de vários homens, e quais eram as ideias deles do que seria a masculinidade, em como o homem deveria ser viril, competidor, trabalhador, sendo assim o chefe da casa e da família, enquanto isso a mulher ficaria cuidando das tarefas domésticas e dos filhos, apenas esperando o marido voltar, mas afinal, é isso mesmo que significa ser homem? O documentário prova que não, e que essas ideias não passam de estereótipos ultrapassados, que prejudicam não só as mulheres, mas como os próprios homens também.
	Historicamente, homens são educados a não demonstrarem emoções, não pedirem ajuda, mantendo esse silêncio junto ao perfil de força e não sensibilidade, precisam a todo momento preservar a honra, competitividade, se colocar em risco de morte, tudo isso para provar que é homem. O documentário traz dados importantes que mostram o que a masculinidade tóxica causa à eles, como: vivem 7 anos a menos que as mulheres, e se suicidam 4 vezes mais que elas, além de 17% deles lidarem com algum nível de dependência alcoólica, e apesar da situação crítica, apenas 3 em cada 10 homens tem o costume de desabafar com alguém próximo, ou seja, mostram que os homens sofrem muito, diante de todo cenário, desde a infância, sendo julgados e punidos caso não sigam esses princípios, mas sofrem em silêncio e sozinhos. 
	Reflexões importantes sobre a masculinidade são levantadas durante o documentário, em como é importante o rompimento do silêncio que é imposto e condicionado aos homens, dependendo de uma desconstrução de várias camadas que estão enraizadas na sociedade à séculos. Se as gerações estão sendo criadas a partir de crenças machistas, compactuando com o código do silêncio, e os homens não “podem” falar, nem demonstrar suas emoções, alguns deles acabam explodindo, e como meio de liberar toda sua frustração, abusam de drogas, pornografia, apostas, etc., ou infelizmente, usam a violência como forma de se expressar, geralmente contra aqueles que eles consideram inferiores à eles, como por exemplo, as mulheres.
	Existem pesquisas que comprovam o abuso da violência partindo dos homens contra mulheres. Em 2005, o Senado Federal apresentou os resultados obtidos através de um relatório chamado “Violência Doméstica Contra a Mulher”, como fruto da pesquisa feita com 815 mulheres, pode-se observar que 17% delas relataram já ter sofrido algum tipo de violência doméstica (física, psicológica, sexual ou moral), onde lamentavelmente os principais agressores nesses casos eram os maridos ou companheiros. (Werlang et al, 2009)
Durante o documentário, é apresentada uma pesquisa que mostra a alta porcentagem de homens que foram ensinados durante sua infância e adolescência sobre os mandamentos da masculinidade tóxica. De acordo com Moreira e Pietro (2010), meninos que foram vítimas ou testemunhas de violências nas relações familiares, tato física quanto psicológica, tendem a serem perpetradores de violência, uma vez que, é na família que eles vivem as primeiras relações de violência. Dentro da cultura que o silêncio dos homens reforça, muitos deles tem a intenção de machucar outras pessoas, por causa de seus antecedentes culturais e suas crenças machistas, mesmo que não considerem estar praticando qualquer ato violento. Werlang et al (2009), cita um exemplo bem elucidativo para entender essa questão, de “indivíduos que, pelo seu modo preconceituoso de vida e educação, não conseguem livrar-se de resquícios machistas e com inspiração nestes, agem de forma truculenta sem se considerarem violentos.” (2009, p. 108) 
Um outro assunto importante tratado no documentário, é sobre o homem e sua posição privilegiada na hierarquia social, porém, quando falamos da masculinidade como o gênero do poder, deve-se ter em mente o homem branco heterossexual, uma vez que:
os homens negros e os não heterossexuais lideram as estatísticas de violências sofridas, ganham menos e estão ausentes da maioria dos espaços de poder, além de enfrentarem maior preconceito profissional e social no cotidiano. Ou seja, os extremos possuem raça e orientação sexual definida. (Instituto PdH, 2019, p. 13)
Assim e de várias outras maneiras a construção social da masculinidade, prejudica a sociedade como um todo, provando que homens precisam estar mais preparados para serem maridos, amigos e pais, precisam estar preparados para não propagar esses mandamentos ultrapassados e prejudiciais que receberam, e é por isso que existem meios de conhecimento e conscientização, por exemplo, para os futuros pais, como o projeto “gestação e parto para homens” mostrado no documentário, fazendo com que reflitam quais são os referencias paternos deles e se é isso que eles querem repassar para seus filhos.
	Existem também outros meios de oferecer referências saudáveis para os meninos compreenderem e expressarem sua masculinidade, o documentário mostra um projeto implantado em uma escola, chamado “plano de menino”, que são rodas de conversas, onde abordam temas importantes para a conscientização do menino que está se desenvolvendo, como por exemplo, sexualidade, masculinidade, violência contra a mulher, o papel do homem enquanto construção social, entre outros. Esse projeto apresentou um feedback muito positivo, pois segundo as colegas de classe dos meninos e a própria diretoria, houve uma mudança comportamental, em relação aos atos machistas, se tornando aliados das meninas. Além disso, também existem outras rodas de conversa espalhadas pelo país, que ajudam outros homens a compreenderem que há inúmeras maneiras de serem homens e ninguém precisa ser humilhado ou agredido pelo modo como decidiu viver sua masculinidade, e está tudo bem se um deles for mais sensível ou mais fraco que o outro, ninguém deveria ter de seguir um padrão.
	 
	
Conclusão
	A partir das reflexões que o documentário trouxe, pode-se concluir a necessidade de romper com o silêncio dos homens, da mudança sobre a ideia da masculinidade e dos referencias oferecidos à sociedade. O não falar dos homens mata as mulheres, pode ser as esposas, ex-companheiras, filhas, e todas aquelas que eles acham que tem posse sobre e ainda fortalece os vínculos tóxicos com os outros homens. O silêncio dos homens comete crimes e estupros. O silêncio dos homens é uma forma de violência, não só contra mulheres, mas contra eles mesmo, o silêncio machuca, desespera, confunde, por isso homens estão cada vez mais se suicidando e se afundando em vícios.
Apesar de ser perceptível no documentário que há pessoas, inclusive homens, tentando mudar a situação que a masculinidade se encontra hoje, ainda não é o bastante, precisa-se de mais mudanças e desconstruções. Mas infelizmente não são todos os homens dispostos a essa radicalização, pois o silêncio dos homens, é um lugar de poder, é ele que mantém o homem superior a mulher, ele que normaliza os assédios, ele que dá a entender que o corpo da mulher não é dela próprio, e sim do homem que a deseja. O silêncio dos homens os mantém no topo da pirâmide hierárquica, por mais que alguns deles tem a corajosa e incrível decisão de ir contra isso,como mostrado no documentário, ainda sim a cada dia, três mulheres são assassinadas, vítimas do feminicídio no Brasil. A cada quatro minutos, uma mulher é agredida, sendo que quase 85,5% dos casos, os agressores são os atuais ou ex-companheiros, que não se conformam com o fim do relacionamento, motivados a cometerem o crime passional pelo ciúme e o medo da perda da companheira. 50% dos homicídios perpetrados contra a mulheres são causados pela violência doméstica, por esse tipo de violência conjugal decorrer dentro do âmbito familiar, tende-se a ser silenciada por suas vítimas e velada aos olhos da sociedade, favorecendo as distorções sobre o real fenômeno que é a violência. A imagem de que o homem seria o proprietário da mulher, serve para a negar a elas a oportunidade de perceber sua própria vitimização. (Werlang el at, 2009)
Infelizmente toda a classe de minorias, não só as mulheres, mas como também os negros ou a comunidade LGBTQ+, sofre e continuará sofrendo com o cenário de masculinidade tóxica, é preciso mudanças, e o documentário é um ótimo início e motivação para isso. Compreende-se que este processo da quebra de silêncio pode ser demorado, gradual e difícil, porém, é necessário.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. Instituto PdH. O silêncio dos homens, v.1, 2019.
2. Moreira, Myrlla Maria Normando, and Daniela Prieto. "Da sexta vez não passa”: violência cíclica na relação conjugal." Psicologia IESB 2.1 (2010): 58-69.
3. WERLANG, B. S. G.; SÁ, S. D.; BORGES, V. R. Violência doméstica contra a mulher e a Lei Maria da Penha. Psicologia jurídica: Perspectivas teóricas e processos de intervenção, v. 1, p. 107-116, 2009.

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