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Papilomavírus Humano (HPV) - Dermatologia

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• Introdução 
A alta prevalência da infecção pelo PAPILOMA VÍRUS HUMANO associada a ampla apresentação clínica que 
vai desde quadros benignos em pele e mucosa até quadros de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) são 
pontos chave na RELEVÂNCIA desse assunto na saúde pública. Dentre os mais de 400 tipos de 
PAPILOMAVÍRUS descritos, cerca de 218 estão associados a INFECÇÕES EM HUMANOS. Além disso, dentre 
esses com infecção em humanos, observa-se um POTENCIAL ONCOGÊNICO amplificado em situações 
como IMUNOSSUPRESSÃO, o que afeta a qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos afetados. Atualmente, 
as vacinas profiláticas estão disponíveis em vários países, porém a grande maioria com COBERTURA ABAIXO 
DO IDEAL. 
• Epidemiologia 
Atualmente, cerca de 218 tipos de HPV foram identificados como causadores de infecções em humanos, 
sendo que 45 são capazes de infectar o trato genital, enquanto os demais causam doença cutânea. Os HPVs 
do GÊNERO ALFA produzem lesões clinicamente visíveis na pele, enquanto os 
gêneros BETA e GAMA são responsáveis por lesões SUBCLÍNICAS CUTÂNEAS 
PERSISTENTES SECUNDÁRIAS A INFECÇÕES ADQUIRIDAS NA INFÂNCIA. 
As verrugas cutâneas (VC) relacionadas aos tipos de HPV de transmissão NÃO 
SEXUAL são causadas principalmente pelos tipos 1, 2, 4, 27 e 57, que são os 
tipos mais prevalentes NOS ESTUDOS com uma distribuição equilibrada entre 
os sexos. Um estudo sobre VERRUGAS CUTÂNEAS constatou a presença dessas 
em cerca de 1/3 dos estudantes de uma escola holandesa, sendo que a 
prevalência AUMENTOU com a idade (15% aos 4 anos para 44% aos 11 
anos). Nesses estudos, os principais fatores de risco encontrados nos pacientes 
foram FAMILIARES PRÓXIMOS COM VC e famílias com MÚLTIPLOS FILHOS. 
De uma forma geral, a prevalência de VC na população geral gira em torno de 5% e é resultante da 
INFECÇÃO CONTÍNUA e REPETIDA por múltiplos tipos, inclusive por autoinoculação. 
• Papilomavírus Humano 
O papilomavírus humanos (HPV) é o agente etiológico das verrugas, podendo 
residir em células EPITELIAIS BASAIS e causar infecção ou SUBCLÍNICA ou 
LATENTE – ao longo da evolução, os papilomavírus acompanharam as 
mudanças ocorridas nos tecidos epiteliais, apresentando, atualmente, 
GRANDE ESPECIFICIDADE CELULAR com elevado grau de ADAPTAÇÃO. 
Devido a isso, são vírus capazes de produzir INFECÇÕES SUBCLÍNICAS 
(evadindo de mecanismos imunes do hospedeiro) com longa evolução e baixa 
REPLICAÇÃO VIRAL, além de participarem do processo de carcinogênese de 
tumores CUTÂNEOS, ANOGENITAIS e ORAIS. 
A família Papillomaviridae inclui duas subfamílias: First-papillomaviridae e Secondpapillomaviridae. Os 
papilomavírus que infectam os humanos pertencem a 5 gêneros: 
o Alfa-papilomavírus – possui 14 espécies e 65 tipos. Produz lesões visíveis macroscópicas com ALTO 
RISCO MUCOSO e BAIXO RISCO CUTÂNEO. 
o Beta-papilomavírus – possui 6 espécies e 52 tipos. Produz infecções subclínicas, principalmente na 
infância, e estão envolvidos com o surgimento de TUMORES CUTÂNEOS em pacientes 
imunossuprimidos e portadores de epidermodisplasia verruciforme. 
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o Gama-papilomavírus – possui 27 espécies e 97 tipos. Produz infecções subclínicas na infância e lesões 
CLÍNICAS em imunocomprometidos. 
o Mu-papilomavírus – possui 3 espécies e 3 tipos. Relacionado à lesões cutâneas. 
o Nu-papilomavírus – possui 1 espécie e 1 tipo. Relacionado à lesões cutâneas. 
Infecção e Resposta Imunológica do Hospedeiro 
A infecção pelo HPV ocorre quando as partículas virais atingem CÉLULAS BASAIS EXPOSTAS (geralmente por 
conta de um microtrauma no epitélio) – o HPV tem tropismo por células troncos de diferentes epitélios 
MUCOSOS e CUTÂNEOS, sendo essa diferenciada pelo PADRÃO DE EXPRESSÃO GÊNICA do vírus. Dentre 
os locais onde há infecção facilitada, destacam-se: epitélio de transição na região do cérvix uterino e na 
região anal, epitélios especializados das glândulas salivares da cavidade oral e criptas tonsilares da 
orofaringe, folículos pilosos, glândulas écrinas e apócrinas, além da epiderme. 
O vírus se liga aos PROTEOGLICANOS DE SULFATO DE HEPARANO das células basais e da membrana 
basal exposta por meio da PROTEINA L1. Essa ligação induz mudanças no capsídeo viral, que será 
internalizado por macropinocitose. Assim, o genoma viral irá entrar na célula pela PROTEINA L2. 
O ciclo de replicação viral tem TRÊS FASES: uma de amplificação do DNA, uma de 
manutenção da replicação viral e uma de amplificação do genoma com formação 
de novos vírus, que ocorre quando as células já completarama diferenciação 
celular. A fase de MANUTENÇÃO pode ser mantida por MESES a ANOS. 
Geralmente, o HPV completa seu ciclo de vida nas células epiteliais, não produz 
viremia, lise celular ou inflamação e se mantém protegido do sistema imune por 
EVASÃO DA RESPOSTA IMUNE INATA, além de retardar a resposta imune 
ADAPTATIVA. Esses últimos fatores contribuem para as INFECÇÕES RESISTENTES e para 
o AUMENTO DA POSSIBILIDADE DE EVOLUÇÃO PARA NEOPLASIAS. 
Os queratinócitos são células sentinelas do sistema imune e podem iniciar uma RESPOSTA a patógenos virais 
– as proteínas E6 e E7 dos HPV AR (16, 18, 31) interferem nessa resposta. A infecção por HPV NÃO ATIVA, 
NÃO RECRUTA as células de Langerhans e CAP do epitélio escamoso. 
As infecções iniciais de alguns tipos de HPV podem ser CONTROLADAS PELA IMUNIDADE INATA, enquanto 
as lesões CLINICAMENTE EVIDENTES necessitam de resposta imune local que envolva LINFÓCITOS T 
CITOTÓXICOS CD8+ e TH1 CD4, que produzem IL2 e interferom gama e que reconhecem as proteínas 
virais E6, E7, e E2. A COMPLETA ELIMINAÇÃO DO VÍRUS pode não ocorrer, o que leva à situação de 
LATÊNCIA!! A reativação do HPV é observada em IMUNOSSUPRIMIDOS transplantados e portadores de HIV. 
Nas infecções mucosas, alguns fatores foram citados como capazes de INTERFERIR NA RESPOSTA IMUNE AO 
HPV, como a MICROBIOTA, PRODUTOS DA SECREÇÃO MUCOSA e as RESPOSTAS HORMONAIS. 
 
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Oncogenicidade 
Os primeiros HPV associados ao câncer foram os HPV 5 e 8 em pacientes portadores de EPIDERMIODISPLASIA 
VERRUCIFORME, uma doença genética que predispõe à infecção por HPV (princip. Beta), que, por um 
mecanismo desconhecido, falham em ELIMINAR O VÍRUS e desenvolvem verrugas em diversas partes do 
corpo – nesses pacientes, os HPVs estão relacionados ao surgimento de cânceres de pele não melanoma 
(CPNM) em áreas expostas ao sol. Os beta-HPVs também contribuem para os CPNM em pacientes 
imunossuprimidos. Nesses pacientes, o principal CPNM encontrado é o CEC 
cutâneo, cujo principal fator de risco para o seu desenvolvimento é a radiação 
ultravioleta – os beta HPVs funcionam como coadjuvantes no processo de 
acúmulo de mutações do DNA!! 
Os HPVs tem como alvo as VIAS CELULARES DA APOPTOSE, do REPARO DO 
DNA e na diferenciação celular. A proteína E6 dos HPV 5, 8 e 38, por exemplo, 
possibilita que a célula infectada ACUMULE MUTAÇÕES GENÉTICAS ao 
interferir nos processos de defesa celular. A E6 se liga à proteína p300, 
interferindo no reparo do DNA em resposta aos raios ultravioletas. Além disso, 
induz a degradação da Bak, uma proteína que repara danos no DNA por 
meio da apoptose. A proteína E7 dos beta-HPV 23, 38 e 49 também apresenta 
propriedades oncogênicas (semelhantes ao do gênero alfa). 
Os HPVs do gênero alfa de transmissão sexual, especialmente o HPV 16, encontram-se relacionados ao 
câncer cervical e com outros cânceres da região anogenital e orofaringe. Com base em estudos sobre o CA 
colo, são considerados HPV carcinogênicos de AR: 16, 31, 33, 35,52 e 58; 18, 39, 45, 59; 51; 56. Os HPVs 
16 e 18 são detectados em até 70% de todos os CA de colo. 
• Manifestações Clínicas 
As manifestações variam de acordo com o TIPO DE HPV e, consequentemente, o LOCAL DE MAIOR 
AFINIDADE do vírus e, por fim, da RESPOSTA IMUNE do hospedeiro. Entre as manifestações, existem aquelas 
mais frequentes e conhecidas, porém tambémexistem as RARAS que costumam estar relacionadas a 
DEFEITOS GENÉTICOS que irão interagir com a resposta imune do hospedeiro. Além disso, situações como 
a IMUNOSSUPRESSÃO interferem na história natural da infecção, podendo causar quadros EXTENSOS, 
REFRATÁRIOS e AMPLIFICADOS. 
HPV 1: causa verrugas do tipo mirmécia nas palmas e plantas, sendo 
raro em outros locais 
HPV 63: causa verrugas pontuadas (0,5 a 2mm) na região plantar e é 
identificado nos queratinócitos ao redor dos acrossiríngeos e na porção 
superior do ducto écrino 
HPV 4 e 65: causam verrugas pigmentadas nas regiões palmoplantar e 
lateral das mãos e dos pés 
HPV 95: causa pápulas não pigmentadas na região plantar 
HPV 7: verrugas do tipo “açougueiro” principalmente nas mãos 
HPV 6: do gênero alfa, mais mucoso, tem predileção pela região genital 
HPV 11: do gênero alfa, mais mucoso, tem predileção pela região oral 
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Lesões Benignas de Pele 
Verrugas Cutâneas – São condições benignas e, na maioria das vezes, AUTOLIMITADAS, embora em algumas 
situações possam CRESCER e causar desconforto aos pacientes, além de aumentar a carga viral e, 
consequentemente, o seu risco de TRANSMISSÃO. Essas verrugas são nomeadas de acordo com a 
APARÊNCIA DA LESÃO, LOCALIZAÇÃO e, por vezes, GRUPO DE INDIVÍDUOS MAIS ACOMETIDO. Diante 
disso, as VCs são divididas em: 
➔ Verruga Vulgar – tipos de HPV mais encontrados: 2, 4, 7, 26, 27, 28, 29 e 57. Representa 70% das 
verrugas cutâneas. Clinicamente representada por PÁPULAS ou NÓDULOS elevados com uma 
superfície ÁSPERA, cor da pele ou amarelados, únicos ou múltiplos, de tamanhos variados e que 
podem CONFLUIR para formar uma GRANDE PLACA. Um achado típico é a presença de PONTOS 
ENEGRECIDOS na lesão, que são resultados de HEMORRAGIA EPIDÉRMICA ou DILATAÇÃO DE 
ALÇAS CAPILARES no interior de uma papila dérmica alongada. As VVs são mais comuns em ÁREAS 
EXPOSTAS, como dorso das mãos, dedos, joelhos e cotovelo, embora possa acometer qualquer parte 
do tegumento. Geralmente, são lesões ASSINTOMÁTICAS com evolução IMPREVISÍVEL, podendo ou 
estagnar na evolução por meses ou anos ou desenvolver um grande número de novas lesões em um 
curto intervalo de tempo. A VERRUGA FILIFORME é uma variante MORFOLÓGICA distinta da VV do 
tipo PROJEÇÃO CERATÓSICA FILIFORME que ocorre mais comumente na barba, no nariz e na região 
periocular. A VERRUGA DO AÇOUGUEIRO é uma VV rara e associada ao HPV 7, recebendo essa 
denominação por ser encontrada nos açougueiros ou manipuladores de carnes e peixes – localizadas 
nas MÃOS desses profissionais (maceração e traumas recorrentes) com um aspecto de COUVE-FLOR. 
Na dermatoscopia das VVs, pode-se observar PAPILAS AGRUPADAS com vasos puntiformes ou em 
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alça OU pontos hemorrágicos frequentemente circundados por um halo branco – nas verrugas 
filiformes, a diferença é que há um predomínio de PAPILAS. Diagnóstico diferencial das VVs: cetarose 
seborreica, líquen plano, prurigo nodular e lesões neoplásicas, como CEC. 
➔ Verruga Plana – HPVs mais encontrados: 3, 10, 27, 28, 29, 31. Clinicamente apresentadas como 
PÁPULAS ACHATADAS, cor da pele ou eritemato-amarelado, com SUPERFÍCIE PLANA e LISA, medem 
poucos milímetros e tendem a coalescer – o fenômeno de Koebner acontece com relativa frequência. 
Essas verrugas costumam ocorrer na FACE E NO DORSO DAS MÃOS, sendo encontradas, 
principalmente, em CRIANÇAS E ADOLESCENTES (por isso o nome verruga plana juvenil), além de 
IMUNOSSUPRIMIDOS. Na dermatoscopia apresenta VASOS PUNTIFORMES PEQUENOS distribuídos 
em um fundo amarelado. Diagnósticos diferenciais: ceratose seborreica plana e molusco contagioso 
(diferenciado por apresentar uma umbilicação central). 
➔ Verruga Palmoplantar (VP) – HPVs encontrados: 1, 2, 4, 63, 65, 95. Clinicamente apresentadas como 
PÁPULAS HIPERCERATÓSICAS que, em áreas de pressão, possuem CRESCIMENTO ENDOFÍTICO com 
pontos de hemorragia. Essas lesões podem ser PROFUNDAS OU SUPERFICIAIS e, se localizadas em 
locais de pressão, são MUITO DOLOROSAS. Mais frequentemente acometem crianças e adolescentes, 
sendo a infecção resultante do CONTATO DIRETO com o HPV, embora alguns autores considerem 
que pode haver contato indireto, como quando se anda descalço em piscinas ou banheiros coletivos 
- A hiperidrose nos pés aumenta o risco de adquirir VP!!!! A verruga do tipo MIRMÉCIA (associada ao 
HPV 1) é uma lesão PROFUNDA que apresenta superfície ÁSPERA e é envolta por um ANEL 
HIPERCERATÓSICO – são verrugas comparadas a um ICEBERG, uma vez que só pequena parte da 
lesão é visível, sendo maior parcela encontrada nas camadas mais profundas da pele. As verrugas 
em mosaico são lesões MÚLTIPLAS que confluem e formam PLACAS CERATÓSICAS geralmente na 
região plantar – são superficiais e não dolorosas – causadas pelo HPV 2. A verruga PERIUNGUEAL, 
geralmente dolorosa, pode apresentar crescimento SUBUNGUEAL resultando em ONICÓLISE 
PARCIAL. Na dermatoscopia das VPs, percebe-se um FUNDO SEM ESTRUTURAS, de coloração 
amarelada ou branca, com pequenos pontos hemorrágicos que correspondem a vasos trombosados 
com interrupção das linhas de pele. Diagnósticos diferenciais: ceratólise plantar sulcada e pontuada, 
ceratodermia palmoplantar pontuada, calosidade e CEC. A identificação dos capilares trombosados 
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e pontos hemorrágicos ajuda a diferenciar VP de calosidade. Além disso, uma característica 
importante das VPs é o DESARRANJO DOS DERMATÓGLIFOS! 
➔ Epidermodisplasia verruciforme e verrucosidade generalizada – é uma doença genética autossômica 
recessiva caracterizada pela mutação dos genes TMC6 e TMC8, que cursa com INFECÇÃO CRÔNICA 
por tipos específicos de HPV, principalmente o gênero beta. Na EV clássica (da mutação TMC6 e 8), 
além dos HPVs 5 e 8, encontram-se os tipos 3, 9, 10, 12, 14, 15, 17, 19 a 25, 28, 29, 36, 38, 46, 
47, 49 e 50. Os genes mutados também codificam proteínas que INIBEM fatores de transcrição 
fundamentais para a expressão gênica do HPV. O quadro clínico da versa clássica da EV se inicia na 
INFÂNCIA ou no início da ADOLESCÊNCIA e se manifesta por meio de PÁPULAS OU PLACAS 
ERITEMATOSAS semelhantes à verruga plana E placas eritematosas e/ou acastanhadas que lembram 
lesões da pitiríase versicolor e ceratose seborreica no tronco, pescoço e face. A EV está associada a 
um maior risco de CPNM, principalmente o CEC, que acomete cerca de 30-70% dos pacientes a partir 
da 4ª década de vida → os HPVs mais associados a transformação maligna são 5, 8, 17, 20 e 47. 
Recentemente NOVAS MUTAÇÕES foram descritas em pacientes com clínica de EV na ausência de 
mutações nos genes TMC6 e TM8, sendo elas: RHOH, MST-1, CORO1A e IL-7. Todas essas mutações 
tem em comum a DEFICIÊNCIA NA IMUNIDADE CELULAR CONTRA O HPV. Diante disso, a EV foi 
classificada em GENÉTICA CLÁSSICA (mutação TMC6 e 8); EV GENÉTICA NÃO CLÁSSICA (mutação 
de qualquer um RHOH, MST-1, CORO1A) e EV ADQUIRIDA, sendo essa um caso em que não há 
histórico familiar da doença e há um fator causador secundário, como imunodeficiência por HIV ou 
iatrogenia por imunossupressores. Na forma não clássica, os principais tipos são 3, 12, 5, 15, 5, 17, 
3. Na forma adquirida, os tipos são 5, 8, 14, 19, 20, 21; na forma iatrogênica 5 e 46. A verrucosidade 
generalizada (VGEN) foi descrita como uma INFECÇÃO CUTÂNEA CRÔNICA e progressiva pelo HPV 
na qual os pacientes apresentam + 20 LESÕES localizadas em mais de 1 região do corpo, com 
comprometimento dos dígitos e limitação da função. As manifestações clínicas da VGEN variam de 
acordo com o HPV envolvido, podendo ser verruga plana, vv, verruga perieungueal ou genital. Na 
SÍNDROME WILD o paciente cursa com verrugas + imunodeficiência + linfedema + displasia 
anogenital. Na síndrome WHIM, além das verrugas, há hipogamaglobulinema + infecções + 
mielocatexia. 
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Lesões Malignas de Pele 
Carcinoma Verrucoso – É considerado uma VARIAÇÃO DO CEC de evolução insidiosa ecrescimento 
LENTO. A forma cutânea do carcinoma verrucoso ocorre na grande maioria das vezes NOS PÉS e com 
maior predominância em HOMENS em torno de 55 anos. A clínica varia desde uma PEQUENA PÁPULA 
CERTATÓSICA semelhante a VV até TUMORES GRANDES, MULTILOBULADOS com aspecto de couve flor. 
O HPV é um potencial fator contribuinte para o surgimento do tumor, principalmente os tipos 2 e 16. O 
potencial metastático é baixo!! 
Manifestações clínicas nas mucosas 
As infeções por HPV são SUBCLÍNICAS na maioria das vezes – 1 a 2% da população apresenta verrugas 
ANOGENITAIS e 2 a 5% das mulheres apresentam alterações no PREVENTIVO do colo do útero. As lesões 
causadas pelos tipos de HPV com baixo risco oncogênico geralmente são LESÕES INTRAEPITELIAIS 
ESCAMOSAS DE BAIXO GRAU (LSIL), que equivale a DISPLASIA LEVE ou NEOPLASIA INTRAEPITELIAL 
GRAU 1 (NIC 1); enquanto as lesões causadas pelos tipos com alto risco oncogênico determinam LESÕES 
INTRAEPITELIAIS DE ALTO GRAU (HSIL) correspondente a displasia moderada (NIC2) e grave/carcinoma 
in situ (NIC3). Outros epitélios podem sofrer ação oncogênica do HPV, como NEOPLASIAS 
INTRAEPITELIAIS VAGINAIS, PENIANAS, ANAIS E VULVARES. 
Lesões Benignas da Mucosa Anogenital 
As verrugas genitais (VG) = condiloma acuminado constituem a manifestação clínica MAIS COMUM das 
infecções por HPV na região anogenital, estando relacionadas aos HPV BR 6 e 11 e HPV AR 16 e 18. O 
tamanho varia de MILÍMETROS a CENTÍMETROS (de pápulas até placas), podendo formar vegetações em 
aspecto de couve flor, sendo a coloração desde cor da pele, rósea ou acastanhada. Além da região 
anogenital, podem se localizar em DOBRAS INGUINAIS e SUPRAPÚBICAS e na cavidade ORAL por 
transmissão orogenital. Sintomas como cor, prurido ou sangramento NÃO SÃO USUAIS, sendo o 
diagnóstico, na maioria das vezes, a OLHO NU! A dermatoscopia pode ser útil para diferenciar de outras 
lesões, uma vez que o padrão mais comum é o de MOSAICO com presença de vasos glomerulares ou 
em pontos agrupados no centro e circundados por uma rede esbranquiçada. 
A PAPULOSE BOWENOIDE (PB) ocorre em ambos os sexos, afetando principalmente jovens sexualmente 
ativos – de acordo com a localização e quadro histopatológico pode ser LSIL ou HSIL da vulva. 
Histologicamente se assemelha ao CEC in situ, mas clinicamente é caracterizada pro PÁPULAS 
ACHATADAS, HIPERCRÔMICAS ou ERITEMATOSAS, múltiplas, assintomáticas e localizadas na região 
anogenital, lembrando ceratose seborreica, VV, líquen plano ou nevo melanocítico. Na dermatoscopia, 
revela-se um padrão SEM ESTRUTURAS, COM VASOS EM PONTOS OU GLOMERULARES, ARRANJADOS 
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EM LINHAS – esse padrão é combinado com áreas sem estruturas de coloração branca, marrom ou cinza. 
A PB tem curso benigno e, muitas vezes, regressão espontânea, principalmente em jovens do sexo 
masculino. 
Lesões Benignas da Mucosa Oral 
Assim como nas outras localidades, a maior parte das infecções orais são SUBCLINICAS, havendo uma 
incidência de 3% em média. Causadas pelo HPV, as lesões orais compreendem a VV, o condiloma 
acuminado, o papiloma escamoso (PE) e a hiperplasia epitelial focal (HEF), que apresentam entre si 
aspectos clínicos e histopatológicos semelhantes. 
A VV é rara na mucosa oral e considera-se que há autoinoculação em crianças, havendo localização 
preferencialmente nos LÁBIOS e no PALATO (únicas, róseas ou esbranquiçadas e exofíticas). Já o PE 
predomina em adultos, principalmente no PALATO e na LÍNGUA com lesões exofíticas em aspecto 
digiforme ou em couve flor. Pela semelhança entre as lesões, a BIÓPSIA para estudo histopatológico é 
mandatória! O condiloma acuminado na mucosa oral é mais RARO e pode estar ou não associado a 
lesões anogenitais, uma vez que a transmissão preferencial é OROGENITAL, mas também pode ocorrer 
pelo contato com objetos. As lesões costumam ser MÚLTIPLAS, SÉSSEIS, ESBRANQUIÇADAS OU RÓSEAS 
no lábio superior ou língua. 
A HEF é uma condição assintomática POUCO FREQUENTE que afeta a mucosa da boca e predomina em 
crianças e indivíduos jovens. Clinicamente, apresenta múltiplas lesões com predomínio de pápulas 
rosadas ou esbranquiçadas, planas e sésseis (maioria na mucosa jugal e labial), mas que podem ser 
PAPILOMATOSAS com superfície rugosa e proeminente (mais raras, localizam-se na língua e na gengiva). 
 
 
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Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR) 
É uma doença rara mas AMEAÇADORA À VIDA que atinge o trato respiratório com predileção pela 
LARINGE E TRAQUEIA. A forma juvenil se manifesta até 20 anos e é um diagnóstico desafiador, uma vez 
que é necessário a diferenciação entre várias doenças respiratórias com sintomas semelhantes. Está 
relacionada ao HPV 6 e 11 e em MAIS DE 90% dos casos se admite que a transmissão ocorreu pelo 
CANAL DE PARTO com possibilidade, ainda, de ter sido pela placenta. É uma doença com evolução 
IMPREVISÍVEL e raramente evolui com malignidade. O diagnóstico é dado por broncoscopia. 
Lesões Malignas na Mucosa 
Carcinoma in situ 
Há certa discussão acerca da terminologia a ser utilizada quando se aborda DOENÇA DE BOWEN (DB) 
e a ERITROPLASIA DE QUEYRAT (EQ), sendo que ambas correspondem a CEC in situ, podendo estar 
associado ao HPV AR 16. A DB é caracterizada por placas eritematosas e descamativas localizadas em 
áreas queratinizadas na região anogenital! A EQ é caracterizada pela presença de placas brilhantes, 
eritematosas com aspecto aveludado em áreas de MUCOSA DA VULVA, GLANDE e FOLHETO INTERNO 
DO PREPÚCIO. 
Carcinomas Verrucosos da Mucosa 
Tumor de Buschke-Lowenstein (TBL) e Papilomatose Oral Florida – O CONDILOMA ACUMINADO 
GIGANTE (tumor de buschke-lowenstein) é uma forma RARA de apresentação do condiloma anogenital 
relacionado ao HPV; ele e a POF são os componentes dos carcinomas verrucosos da mucosa. O TBL é 
uma lesão TUMORAL VEGETANTE ou VERRUCOSA de crescimento exofítico e endofítico que, por vezes, 
apresenta fístulas e sangramentos – apresenta um crescimento lento e, embora tenha características 
histopatológicas benignas, pode ter comportamento AGRESSIVO e gerar METÁSTASES. Predomina em 
homens e a prevalência em crianças alerta para a possibilidade de transmissão vertical ou durante o parto 
– a incidência está associada a IMUNOSSUPRESSÃO. O diagnóstico é confirmado por HISTOPATOLOGIA 
e deve ser complementado por exames de imagem para definição do tratamento. A POF ocorre 
preferencialmente na região BUCINADORA, assoalho bucal, gengivas e mais raramente na língua, palato 
e comissura labial – é mais comum em homens a partir da 7ª década de vida e tem relação com consumo 
de álcool, tabaco, higiene oral precária, traumas repetidos na cavidade oral, doenças inflamatórias 
crônicas como líquen plano e LES. 
 
 
 
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Manifestações Clínicas em Situações Especiais 
1) HPV na gravidez 
As mudanças hormonais da gestação interferem na RESPOSTA IMUNOLÓGICA, 
o que poderia impactar na replicação/clareamento do HPV, causando um 
aumento da FREQUÊNCIA e da PROGRESSÃO das lesões genitais. Em um estudo 
que comparou a presença de HPV em gestantes e não gestantes, Salcedo et al. 
Mostraram maior positividade para a infecção nas gestantes (25,3% vs 13%). 
Quanto às verrugas genitais, elas podem ser LESÕES CONDILOMATOSAS 
TÍPICAS normocromadas, eritematosas ou acastanhadas com superfície rugosa, 
podendo ser achatada, papulosa ou pedunculada – aparecem mais 
frequentemente ao redor do introito vaginal, mas podem ocorrer no colo do útero, 
uretra, períneo e intrarretal. Pode haver PROLIFERAÇÃO durante a gestação e 
tornar as VGs friáveis. 
2) HPV na criança 
Verrugas anogenitais aumentaram em incidência nas crianças ao longo das 
últimas décadas, sendo admitido 3 principais vias de contaminação: PERINATAL 
(intraútero e periparto), HORIZONTAL (auto e heteroinoculação) e ABUSO SEXUAL 
– dessa forma, a determinação da via de contaminação é muito necessária!! Um 
estudo retrospectivomostrou VALOR PREDITIVO POSITIVO relacionando a 
presença de infecção por HPV na região anogenital e possível abuso de 36% entre 
4 e 8 anos e 70% após o 8 anos, sendo maior o risco em meninas. A melhor 
forma de identificar possíveis abusos sexuais é pela história, avaliação do contexto 
socioclínico, exame físico e trabalho com a equipe multidisciplinar. A resolução 
espontânea das VGs ocorre na maior parte dos casos em POUCOS ANOS OU 
MESES, sendo a abordagem terapêutica na infância a mais conservadora e menos 
agressiva possível. 
3) HPV nos imunossuprimidos 
Pessoas imunossuprimidas, principalmente os infectados por HIV ou com imunossupressão decorrente de 
TOS, apresentam maior PERSISTÊNCIA da infecção pelo HPV, principalmente os HPV AR, o que pode 
aumentar a incidência de neoplasias. As formas benignas e autolimitadas do HPV, como as VGs e as 
extragenitais, também são mais prevalentes. 
4) Verrugas Cutâneas 
Em receptores de TRANSPLANTE RENAL a prevalência de VCs aumenta com a duração da 
imunossupressão, sendo MÚLTIPLAS e em ÁREAS EXTENSAS, principalmente aquelas fotoexpostas. São 
VCs que costumam ser refratárias ao tratamento. 
5) Verrugas Genitais 
As verrugas genitais estão entre as manifestações mais comuns da infecção por HPV tanto em 
imunossuprimidos como em imunocompetentes. Em receptores de transplante renal, um estudo identificou 
risco 3x maior de VG em comparação a população geral – se considerado somente o sexo feminino, o 
risco foi 5x maior. Em pessoas vivendo com HIV, como há maior suscetibilidade para ISTs, há uma maior 
prevalência de HPV AR, especialmente o tipo 16 – os condilomas tendem a ser mais extensos, agressivos, 
recorrentes e persistentes. 
 
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Impacto do HPV no surgimento de neoplasias malignas 
1) Câncer de pele não melanoma (CPNM) na população imunocompetente e imunossuprimida 
O CPNM é o câncer mais frequente do Brasil, correspondendo a 30% dos tumores malignos com inciência 
de quase 177.000 novos casos em 2020. O CBC e o CEC são os maiores representantes dos CPNM, sendo 
frequentes em regiões EXPOSTAS AO SOL. 
Pacientes imunocompetentes portadores de CEC apresentam positividade para DNA VIRAL de pelo menos 
UM TIPO DE BETA-HPV – principais tipos associados ao risco de CEC: 5, 8, 15, 17, 20, 24, 36 e 38. Já em 
imunossuprimidos, Sichero et al relataram MAIOR PREVALÊNCIA do DNA de Beta-HPV em amostra de lesões 
pré-malignas (88% imunossuprim. E 54% imunocomp.) e malignas: CEC 84% vs 27% e CBC 75% e 36%. 
 
• Diagnóstico Complementar 
Histopatologia e Microscopia Eletrônica – O exame histopatológico deve ser realizado sempre que houver 
DÚVIDA no diagnóstico diferencial e também diante da SUSPEITA DE MALIGNIDADE. A colpocitologia 
oncótica é recomendada como um EXAME PERIÓDICO para rastreio do câncer de colo do úteor. Durante o 
processo de diferenciação celular com a infecção do HPV, sabe-se que a expressão das proteínas E6 e E7 na 
parte inferior das camadas epiteliais DIRECIONA as células para a FASE S do ciclo celular – essa fase é a 
resultante por demonstrar, na histopatologia, a ACANTOSE e PAPILOMATOSE na hiperplasia epitelial. 
• Histopatologia das Lesões cutâneas 
Verruga Vulgar – Na VV, as características são observadas já na EPIDERME, onde há acantose, papilomatose, 
hiperceratose acentuada e colunas de paraceratose no topo dos cones epiteliais com ausência da camada 
granular – os cones convergem para o centro da lesão = arborização. Nas áreas de paraceratose, podem 
ser vistos pequenos acúmulos de sangue ou serosidade. No estrato superior de Malpighi são observados os 
COILÓCITOS, células vacuoladas com núcleos pequenos e circundados por halo claro. São utilizadas 3 
características para diferenciar a verruga comum do papiloma: presença dos coilócitos, colunas verticais de 
paraceratose e focos adensados de grânulos cerato-hialinos. 
Verrugas Palmoplantares – Histologicamente, as verrugas palmoplantares compartilham elementos 
histopatológicos em comum com a VV, sendo a grande diferença o CRESCIMENTO ENDOFÍTICO que invade 
a derme. Além disso, percebe-se que os grânulos eosinofílicos de cerato-hialina se modificam de acordo com 
o tipo do HPV: o tipo 1 tem grânulos grandes e citoplasma com vacuolização marcante, enquanto o tipo 4 
possui mais ceratinócitos grandes e poucos grânulos de cerato-hialina. 
Verruga Plana – apresentam hiperceratose e acantose com alongamento LEVE dos cones epiteliais, podendo 
ser diferenciada dos demais tipos pela AUSÊNCIA DE PAPILOMATOSE E PARACERATOSE. Não há infiltrado 
na derme! 
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Verruga de açougueiro – induzidas pelo HPV 7, mostram acantose proeminente e pequenas células 
vacuolizadas exclusivamente nos cones epiteliais. 
Epidermodisplasia Verruciforme (EV) – caracterizadas por estrato córneo com aparência de cesta e edema 
dos ceratinócitos, que estarão com palidez e acumulados nas camadas granular e espinhosa da epiderme 
• Histopatologia das Lesões mucosas 
Região Anogenital – Condiloma acuminado, gigante ou tumor de buschke-lowestein, papulos ebowenoide, 
doença de bowen e eritroplasia de Queyrat. 
1. Condiloma Acuminado – Epiderme ondulada e moderadamente 
acantótica + leve espessamento da camada córnea e camada 
granular proeminente com grânulos de cerato-hialina grosseiros e 
coilócitos. Nas lesões mucosas HÁ PARACERATOSE. Os coilócitos são 
queratinócitos com núcleos picnóticos profundamente basofílicos e 
cercados por um halo de citoplasma claro. 
2. Condiloma Acuminado de Buschke-Lowestein – exibe leve 
vacuolização de queratinócitos e acentuada papilomatose da epiderme. 
3. Papulose Bowenoide – hiperplasia psoriasiforme com hiperceratose da 
epiderme. Queratinócitos agrupados com núcleos maiores, 
hipercromáticos, pleomórficos e perda da estratificação epidérmica. 
4. Colo uterino – apresentam lesões de dos tipos: lesões precursoras de 
neoplasia intraepitelial cervical e carcinoma invasor. Clinicamente são 
visíveis como máculas aceto-claras na colposcopia! Na histopatologia, 
ocorrem alterações na PROLIFERAÇÃO e MATURAÇÃO das células com 
perda da estratificação da epiderme – o achado de coilocitose é indicativo de HPV. 
Mucosa Oral – as lesões benignas compreendem verruga vulgar, papiloma escamoso, condiloma acuminado 
e hiperplasia epitelial multifocal. 
1. Papiloma escamoso – lesão benigna mais frequente na mucosa oral. Histologicamente apresenta 
arquitetura exofítica e papilomatosa. Coilócitos na camada espinhosa superior! 
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2. Verruga vulgar – idêntica ao do tecido cutâneo 
3. Condiloma acuminado – lesões papilomatosas e exofíticas com 
base alargada, coilócitos na camada espinhosa 
4. Hiperplasia Epitelial Focal – hiperplasia epitelial irregular com 
paraceratose leve. 
 
• Identificação do vírus por técnicas moleculares 
A resposta imune humoral do hospedeiro ao HPV ocorre em cerca de 50 
a 60% dos indivíduos. Considerando que o vírus não é capaz de ser 
isolado em métodos de CULTURA, a sua identificação se faz por 
MÉTODOS MOLECULARES. A detecção de anticorpos está indicada para 
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS para a definição de estratégias de 
vacinação. A UTILIZAÇÃO DE SOROLOGIA COMO FERRAMENTA 
DIAGNÓSTICA NÃO É RECOMENDADA. O estudo do TIPO do HPV é 
indicado nos casos em que há NEOPLASIA – por exemplo, no câncer de 
colo do útero se faz a pesquisa para os HPV AR, a OMS não indica a 
testagem para HPV BR e nem o uso de testes, mesmo que por HPV AR, 
em região ANAL, VULVAR, VAGINAL, PENIANA e OROFARINGE. 
Nos CEC de cabeça e pescoço é indicado a identificação do HPV, pois 
quando positivos há uma melhor resposta terapêutica e maior taxa de 
sobrevida. 
 
 
 
• Tratamento 
Os tratamentos empíricos das verrugas cutâneas são formas amplamente difundidas entre a população – 
experiências leigas bem sucedidas são divulgadas amplamente, como benzer, escoriar lseões com sal grosso 
ou casca de banana verde, acunputura, destruir a “verrugamãe” que as demais desaparecerão... A 
manipulação das lesões pode causar um processo INFLAMATÓRIO e levar a REGRESSÃO das verrugas, mas 
também pode levar a CRESCIMENTO RÁPIDO e DISSEMINAÇÃO pelo traumatismo. Geralmente, o sucesso 
dessas técnicas se deve ao CURSO NATURAL da doença que já iria regredir naturalmente. 
Para a escolha da opção terapêutica, deve-se levar em consideração IDADE, LOCAL DA LESÃO, NÚMERO, 
TAMANHO, SUBTIPO CLÍNICO e SITUAÇÃO IMUNOLÓGICA. É comum que, de acordo com os fatores 
citados, a conduta seja EXPECTANTE, embora seja necessário lembrar que aquelas verrugas que não se 
resolvem em ATÉ 1 ANO são menos propensas a regredirem espontaneamente. 
Tratamento Tópico – incluem medicamentos cujos efeitos são predominantemente destrutivos, como 
crioterapia, cauterização química, métodos cirúrgicos e remoção a LASER. Podem ser divididos em 3 
categorias: destrutivos, citotóxicos e imunoterapia. 
Tratamento sistêmico – em sua grande maioria, são ttos que objetivam a melhora da resposta imune do 
indivíduo ao HPV. Grande parte dos tratamentos apresentam estudos escassos e são aplicados como uma 
prescrição off label. 
 
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Tratamento Local 
• Lesões Cutâneas 
o Ácido Salicílico – alguns autores consideram a PRIMEIRA LINHA de tto para VCs. O AS é um 
agente CERATOLÍTICO tópico, fácil de aplicar e seguro, mas que pode causar irritação local, 
sendo essa a responsável por iniciar uma RESPOSTA IMUNE que erradica o HPV. As 
formulações no brasil vão de concentrações até 27%, sendo que a literatura tem estudos com 
concentrações de 10-26%. 
o Crioterapia – Geralmente é realizada com a aplicação do nitrogênio líquido sobre a lesão, o 
que causa DANO TISSULAR, lesando as células e seu suprimento sanguíneo. Não existe 
consenso quanto ao tempo de congelamento e o halo esperado – alguns autores falam entre 
10 a 30 segundos com halo de 1 a 2 mm. Fatores definidores dessa terapêutica incluem 
TAMANHO, LOCALIZAÇÃO e TOLERABILIDADE. As aplicações podem ocorrer com 2, 3 ou 4 
semanas de intervalo – as terapias mais agressivas tendem a ser mais efetivas empiricamente, 
embora os estudos não consigam demonstrar a superioridade da crioterapia ao AS, por 
exemplo. Verrugas ungueais e periungueais tem CONTRAINDICAÇÃO ao uso dessa terapia 
pelo risco de lesão irreversível da matriz ungueal. 
o 5-fluoruracila (5-FU) – tem propriedades ANTINEOPLÁSICAS e ANTIMETABÓLICAS que inibem 
a síntese do DNA e do RNA, mecanismo o qual seria responsável por parar a proliferação 
epitelial aberrante. O 5-FU costuma ser utilizado na concentração de 5% em creme, uma vez 
ao dia, com oclusão. Os efeitos adversos mais comuns são irritação local, ulcerações, 
dermatite de contato alérgica e fotossensibilidade. Em lesões periungueais, a onicólise é um 
efeito colateral frequente. 
o Bleomicina – substância antineoplásica com indicação em bula para doença de Hodgkin e 
linfomas não Hodgkin, CEC de orofaringe-genitais-pele, alguns carcinomas de testículo... 
Como grande parte dos CECs, principalmente de mucosa, tem associação com o HPV, seu 
uso é feito atualmente como off label, já que não consta em bula. O mecanismo de tto para 
as verrugas parece envolver a INIBIÇÃO DA SÍNTESE DO DNA, mas não se sabe ao certo. Os 
estudos variam quanto as taxas de cura, o que pode estar associado a concentração, método 
de aplicação, dose... Após a injeção no local, uma escara enegrecida pode aparecer no local, 
bem como despigmentação, edema, eritema. Contraindicada na gestação e amamentação. 
Indicada em casos refratários. 
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o Imiquimode – Atua interrompendo a replicação celular por meio da interferência na RESPOSTA 
INATA E ADAPTATIVA – induz produção e liberação de IFN alfa, TNF alfa e IL12, além de atvar 
células NK! As evidências científicas falam a favor do uso para as VERRUGAS GENITAIS – não 
existem evidências para as VERRUGAS CUTÂNEAS. É utilizada na concentração de 5%, 
podendo estar associada a métodos destrutivos. 
o Retinoides Tópicos – O principal utilizado é a TRETINOÍNA (0,05%) no tto das VERRUGAS 
CUTÂNEAS, sendo o seu uso reservado para casos com múltiplas lesões recalcitrantes ou para 
pacientes com verrugas planas. 
o Podofilina/podofilotoxina – É um agente ANTI-MITÓTICO que pode causar necrose tecidual e 
efeitos sistêmicos quando aplicado em grandes superfícies, sendo, portanto, aplicado pelo 
MÉDICO. Boas evidências para VG e quase nada para VC. A PODOFILOTOXINA, por ser 
menos irritante que a podofilina, pode ser ADM PELO PCT – não é encontrada no Brasil kkkk 
o Cantaridina – agente VESICANTE que causa acantólise, por isso tem menor risco de causar 
cicatrizes. A aplicação é indolor, sendo que o desconforto surge 24h depois. Por sua grande 
toxicidade em doses sistêmicas, deve ser adm em CONSULTÓRIO. 
o Cidofovir – é um análogo de nucleotídeo que INIBE A DNA POLIMERASE VIRAL – adm de 
injeções intralesionais mensais. Existem estudos para a adm em creme. 
o Imunoterapia – São fármacos que ainda estão em estudo. Atualmente, a DIFENCIPRONA tem 
sido empregada para o tto de verrugas recalcitrantes por possuir um menor potencial 
mutagênico. Diversas outras terapias são descritas como possíveis: antígeno de Candida sp., 
vacina tríplice viral, sulfato de zinco tópico... 
o Métodos destrutivos – A excisão cirúrgica é um método de retirada das VERRUGAS CUTÂNEAS 
com cureta, bisturi OU eletrocautério bastante utilizado por alguns dermatologistas, embora 
outros contraindicam pela ELEVADA MORBIDADE E TAXA DE RECORRÊNCIA. As verrugas que 
melhor respondem a esse tto são as FILIFORMES DE FACE. O LASER DE CO2 está descrito 
como método destrutivo com potencial uso nas VC. 
• Lesões Anogenitais 
o Verrugas Genitais – podem ser tratadas em SESSÃO ÚNICA por métodos destrutivos, como 
ELETROCOAGULAÇÃO, EXCISÃO CIRÚRGICA ou LASER CO2. São técnicas associadas a 
ALTA PROBABILIDADE DE RESOLUÇÃO, porém com alta taxa de recorrência quando 
comparado a outras terapias. O ácido tricloroacético (ATA), podofilotoxina, podofilina e 
crioterapia são opções de tratamento que demandam múltiplas aplicações no consultório. O 
imiquimode e o 5-FU são opções para o tto domiciliar. 
o Lesões pré-malignas e malignas 
▪ Papulose bowenoide – deve-se lembrar que, apesar das diversas atipias, a evolução 
costuma ser FAVORÁVEL com regressão ESPONTÂNEA em jovens do sexo masculino – 
o risco está em idosos e imunocomprometidos. As modalidades de tratamento incluem: 
excisão cirúrgica, eletrocoagulação, crioterapia com nitrogênio líquido, Laser de CO2. 
Não é recomendado o uso de radioterapia nas lesões malignas e pré-malignas 
associadas ao HPV. 
▪ Carcinomas verrucosos – Em pacientes com LESÕES DE PEQUENO PORTE ou com 
ALTO RISCO INTRAOPERATÓRIO há indicação para a cirurgia minimamente invasiva 
+ terapia local OU quimioterapia tópica + crioterapia. O tto principal continua sendo 
CIRURGIA EXTENSA + AMPLA RESSECÇÃO e várias reintervenções para concluir a 
excisão. 
• Situações especiais 
o Gestantes – Em lesões localizadas, o ATA é a opção de escolha, assim como a crioterapia com 
nitrogênio líquido. Para lesões extensas, o tto cirúrgico é o de eleição. Podofilina, 
podofilotoxina e imiquimode são CONTRAINDICADOS. 
o Imunossuprimidos – o manejo desses pacientes é uma situação desafiadora, uma vez que o tto 
pode não resultar em CURA TOTAL, mas pode ajudar a reduzir o tamanho e o impacto estético. 
 
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Tratamento Sistêmico 
• Cimetidina – é um anti-histamínico antagonista dos receptores H2 que tem sido usado para tratar VC, 
mas com resultados conflitantes. Também há relato de uso na EV, mas com pouca melhora. 
• Levamisole – apresenta diversos efeitos imunomoduladores, porém foi utilizado em POUCOS estudos 
controlados para tto de VC com resultados conflitantes. 
• Oligoelementos – Alguns estudos compararam o uso de ZINCO com o placebo, sendo que alguns 
tiveram bons resultados (melhora de 87%) eoutros resultados semelhantes entre zinco e placebo. Um 
estudo BR, prospectivo, duplo cego e randomizado comparou cimetidina e sulfato de zinco por 3 
meses em 18 pacientes – zinco foi mais efetivo em 62% dos pcts, mas a pequena amostragem limita 
os resultados. 
• Echinacea – planta herbácea com alguns estudos para VC e com resultados conflitantes. 
• Interferon - apresenta propriedades imunomoduladoras, antiproliferativas e antivirais e pode ser usado 
no tratamento de lesões por HPV, topicamente, de modo intralesional ou sistêmico. 
• Retinoides - A acitretina, um retinoide de uso sistêmico, tem seu uso relatado (de maneira isolada ou 
em combinação com o IFN) no tratamento de lesões cutâneas do HPV em pacientes portadores de EV 
- A resposta é variável. 
• Cifodovir - Na papilomatose respiratória recorrente, ele tem sido utilizado em diversas vias de 
aplicação: intralesional, sistêmica e inalatória. Apesar de amplamente empregado, os resultados aos 
tratamentos são variáveis e se referem ao seu uso combinado ao tratamento cirúrgico. O emprego 
sistêmico é limitado pelos efeitos de toxicidade renal e risco de oncogenicidade. 
Prevenção 
• Vacinas – Sabe-se que a relação entre HPV AR e câncer de colo de útero é MUITO BEM ESTABELECIDA, 
praticamente todos os casos de CCU estão relacionados ao HPV, o que também ocorre com 90% das 
neoplasias anais. Além disso, o HPV tem relação com neoplasias de vagina, pênis, vulva e orofaringe, 
bem como é causa das VERRUGAS GENITAIS e da papilomatose respiratória recorrente. Todas as três 
vacinas profiláticas atualmente disponíveis contra HPV são obtidas por tecnologia de DNA 
recombinante a partir da proteína L1 do vírus, que constituirão as partículas similares ao vírus. No 
Brasil, a vacina quadrivalente foi introduzida na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas 
entre 9 e 14 anos em 2014. Em 2017, o uso foi estendido para meninos, recomendada atualmente 
para a faixa etária entre 11 e 14 anos.1,49 Nessa faixa etária, independente do sexo, são 
recomendadas duas doses com intervalo de seis meses entre elas. Aqui, a vacina também é 
recomendada para pessoas vivendo com HIV/AIDS, TOS e de medula óssea e pacientes oncológicos 
de 9 a 26 anos, sob prescric ¸ão médica. Nesse último grupo são recomendadas três doses da vacina 
com intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda dose e seis meses entre a primeira e a 
terceira dose (0, 2 e 6 meses).

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