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– 1 • Introdução A alta prevalência da infecção pelo PAPILOMA VÍRUS HUMANO associada a ampla apresentação clínica que vai desde quadros benignos em pele e mucosa até quadros de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) são pontos chave na RELEVÂNCIA desse assunto na saúde pública. Dentre os mais de 400 tipos de PAPILOMAVÍRUS descritos, cerca de 218 estão associados a INFECÇÕES EM HUMANOS. Além disso, dentre esses com infecção em humanos, observa-se um POTENCIAL ONCOGÊNICO amplificado em situações como IMUNOSSUPRESSÃO, o que afeta a qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos afetados. Atualmente, as vacinas profiláticas estão disponíveis em vários países, porém a grande maioria com COBERTURA ABAIXO DO IDEAL. • Epidemiologia Atualmente, cerca de 218 tipos de HPV foram identificados como causadores de infecções em humanos, sendo que 45 são capazes de infectar o trato genital, enquanto os demais causam doença cutânea. Os HPVs do GÊNERO ALFA produzem lesões clinicamente visíveis na pele, enquanto os gêneros BETA e GAMA são responsáveis por lesões SUBCLÍNICAS CUTÂNEAS PERSISTENTES SECUNDÁRIAS A INFECÇÕES ADQUIRIDAS NA INFÂNCIA. As verrugas cutâneas (VC) relacionadas aos tipos de HPV de transmissão NÃO SEXUAL são causadas principalmente pelos tipos 1, 2, 4, 27 e 57, que são os tipos mais prevalentes NOS ESTUDOS com uma distribuição equilibrada entre os sexos. Um estudo sobre VERRUGAS CUTÂNEAS constatou a presença dessas em cerca de 1/3 dos estudantes de uma escola holandesa, sendo que a prevalência AUMENTOU com a idade (15% aos 4 anos para 44% aos 11 anos). Nesses estudos, os principais fatores de risco encontrados nos pacientes foram FAMILIARES PRÓXIMOS COM VC e famílias com MÚLTIPLOS FILHOS. De uma forma geral, a prevalência de VC na população geral gira em torno de 5% e é resultante da INFECÇÃO CONTÍNUA e REPETIDA por múltiplos tipos, inclusive por autoinoculação. • Papilomavírus Humano O papilomavírus humanos (HPV) é o agente etiológico das verrugas, podendo residir em células EPITELIAIS BASAIS e causar infecção ou SUBCLÍNICA ou LATENTE – ao longo da evolução, os papilomavírus acompanharam as mudanças ocorridas nos tecidos epiteliais, apresentando, atualmente, GRANDE ESPECIFICIDADE CELULAR com elevado grau de ADAPTAÇÃO. Devido a isso, são vírus capazes de produzir INFECÇÕES SUBCLÍNICAS (evadindo de mecanismos imunes do hospedeiro) com longa evolução e baixa REPLICAÇÃO VIRAL, além de participarem do processo de carcinogênese de tumores CUTÂNEOS, ANOGENITAIS e ORAIS. A família Papillomaviridae inclui duas subfamílias: First-papillomaviridae e Secondpapillomaviridae. Os papilomavírus que infectam os humanos pertencem a 5 gêneros: o Alfa-papilomavírus – possui 14 espécies e 65 tipos. Produz lesões visíveis macroscópicas com ALTO RISCO MUCOSO e BAIXO RISCO CUTÂNEO. o Beta-papilomavírus – possui 6 espécies e 52 tipos. Produz infecções subclínicas, principalmente na infância, e estão envolvidos com o surgimento de TUMORES CUTÂNEOS em pacientes imunossuprimidos e portadores de epidermodisplasia verruciforme. – 2 o Gama-papilomavírus – possui 27 espécies e 97 tipos. Produz infecções subclínicas na infância e lesões CLÍNICAS em imunocomprometidos. o Mu-papilomavírus – possui 3 espécies e 3 tipos. Relacionado à lesões cutâneas. o Nu-papilomavírus – possui 1 espécie e 1 tipo. Relacionado à lesões cutâneas. Infecção e Resposta Imunológica do Hospedeiro A infecção pelo HPV ocorre quando as partículas virais atingem CÉLULAS BASAIS EXPOSTAS (geralmente por conta de um microtrauma no epitélio) – o HPV tem tropismo por células troncos de diferentes epitélios MUCOSOS e CUTÂNEOS, sendo essa diferenciada pelo PADRÃO DE EXPRESSÃO GÊNICA do vírus. Dentre os locais onde há infecção facilitada, destacam-se: epitélio de transição na região do cérvix uterino e na região anal, epitélios especializados das glândulas salivares da cavidade oral e criptas tonsilares da orofaringe, folículos pilosos, glândulas écrinas e apócrinas, além da epiderme. O vírus se liga aos PROTEOGLICANOS DE SULFATO DE HEPARANO das células basais e da membrana basal exposta por meio da PROTEINA L1. Essa ligação induz mudanças no capsídeo viral, que será internalizado por macropinocitose. Assim, o genoma viral irá entrar na célula pela PROTEINA L2. O ciclo de replicação viral tem TRÊS FASES: uma de amplificação do DNA, uma de manutenção da replicação viral e uma de amplificação do genoma com formação de novos vírus, que ocorre quando as células já completarama diferenciação celular. A fase de MANUTENÇÃO pode ser mantida por MESES a ANOS. Geralmente, o HPV completa seu ciclo de vida nas células epiteliais, não produz viremia, lise celular ou inflamação e se mantém protegido do sistema imune por EVASÃO DA RESPOSTA IMUNE INATA, além de retardar a resposta imune ADAPTATIVA. Esses últimos fatores contribuem para as INFECÇÕES RESISTENTES e para o AUMENTO DA POSSIBILIDADE DE EVOLUÇÃO PARA NEOPLASIAS. Os queratinócitos são células sentinelas do sistema imune e podem iniciar uma RESPOSTA a patógenos virais – as proteínas E6 e E7 dos HPV AR (16, 18, 31) interferem nessa resposta. A infecção por HPV NÃO ATIVA, NÃO RECRUTA as células de Langerhans e CAP do epitélio escamoso. As infecções iniciais de alguns tipos de HPV podem ser CONTROLADAS PELA IMUNIDADE INATA, enquanto as lesões CLINICAMENTE EVIDENTES necessitam de resposta imune local que envolva LINFÓCITOS T CITOTÓXICOS CD8+ e TH1 CD4, que produzem IL2 e interferom gama e que reconhecem as proteínas virais E6, E7, e E2. A COMPLETA ELIMINAÇÃO DO VÍRUS pode não ocorrer, o que leva à situação de LATÊNCIA!! A reativação do HPV é observada em IMUNOSSUPRIMIDOS transplantados e portadores de HIV. Nas infecções mucosas, alguns fatores foram citados como capazes de INTERFERIR NA RESPOSTA IMUNE AO HPV, como a MICROBIOTA, PRODUTOS DA SECREÇÃO MUCOSA e as RESPOSTAS HORMONAIS. – 3 Oncogenicidade Os primeiros HPV associados ao câncer foram os HPV 5 e 8 em pacientes portadores de EPIDERMIODISPLASIA VERRUCIFORME, uma doença genética que predispõe à infecção por HPV (princip. Beta), que, por um mecanismo desconhecido, falham em ELIMINAR O VÍRUS e desenvolvem verrugas em diversas partes do corpo – nesses pacientes, os HPVs estão relacionados ao surgimento de cânceres de pele não melanoma (CPNM) em áreas expostas ao sol. Os beta-HPVs também contribuem para os CPNM em pacientes imunossuprimidos. Nesses pacientes, o principal CPNM encontrado é o CEC cutâneo, cujo principal fator de risco para o seu desenvolvimento é a radiação ultravioleta – os beta HPVs funcionam como coadjuvantes no processo de acúmulo de mutações do DNA!! Os HPVs tem como alvo as VIAS CELULARES DA APOPTOSE, do REPARO DO DNA e na diferenciação celular. A proteína E6 dos HPV 5, 8 e 38, por exemplo, possibilita que a célula infectada ACUMULE MUTAÇÕES GENÉTICAS ao interferir nos processos de defesa celular. A E6 se liga à proteína p300, interferindo no reparo do DNA em resposta aos raios ultravioletas. Além disso, induz a degradação da Bak, uma proteína que repara danos no DNA por meio da apoptose. A proteína E7 dos beta-HPV 23, 38 e 49 também apresenta propriedades oncogênicas (semelhantes ao do gênero alfa). Os HPVs do gênero alfa de transmissão sexual, especialmente o HPV 16, encontram-se relacionados ao câncer cervical e com outros cânceres da região anogenital e orofaringe. Com base em estudos sobre o CA colo, são considerados HPV carcinogênicos de AR: 16, 31, 33, 35,52 e 58; 18, 39, 45, 59; 51; 56. Os HPVs 16 e 18 são detectados em até 70% de todos os CA de colo. • Manifestações Clínicas As manifestações variam de acordo com o TIPO DE HPV e, consequentemente, o LOCAL DE MAIOR AFINIDADE do vírus e, por fim, da RESPOSTA IMUNE do hospedeiro. Entre as manifestações, existem aquelas mais frequentes e conhecidas, porém tambémexistem as RARAS que costumam estar relacionadas a DEFEITOS GENÉTICOS que irão interagir com a resposta imune do hospedeiro. Além disso, situações como a IMUNOSSUPRESSÃO interferem na história natural da infecção, podendo causar quadros EXTENSOS, REFRATÁRIOS e AMPLIFICADOS. HPV 1: causa verrugas do tipo mirmécia nas palmas e plantas, sendo raro em outros locais HPV 63: causa verrugas pontuadas (0,5 a 2mm) na região plantar e é identificado nos queratinócitos ao redor dos acrossiríngeos e na porção superior do ducto écrino HPV 4 e 65: causam verrugas pigmentadas nas regiões palmoplantar e lateral das mãos e dos pés HPV 95: causa pápulas não pigmentadas na região plantar HPV 7: verrugas do tipo “açougueiro” principalmente nas mãos HPV 6: do gênero alfa, mais mucoso, tem predileção pela região genital HPV 11: do gênero alfa, mais mucoso, tem predileção pela região oral – 4 Lesões Benignas de Pele Verrugas Cutâneas – São condições benignas e, na maioria das vezes, AUTOLIMITADAS, embora em algumas situações possam CRESCER e causar desconforto aos pacientes, além de aumentar a carga viral e, consequentemente, o seu risco de TRANSMISSÃO. Essas verrugas são nomeadas de acordo com a APARÊNCIA DA LESÃO, LOCALIZAÇÃO e, por vezes, GRUPO DE INDIVÍDUOS MAIS ACOMETIDO. Diante disso, as VCs são divididas em: ➔ Verruga Vulgar – tipos de HPV mais encontrados: 2, 4, 7, 26, 27, 28, 29 e 57. Representa 70% das verrugas cutâneas. Clinicamente representada por PÁPULAS ou NÓDULOS elevados com uma superfície ÁSPERA, cor da pele ou amarelados, únicos ou múltiplos, de tamanhos variados e que podem CONFLUIR para formar uma GRANDE PLACA. Um achado típico é a presença de PONTOS ENEGRECIDOS na lesão, que são resultados de HEMORRAGIA EPIDÉRMICA ou DILATAÇÃO DE ALÇAS CAPILARES no interior de uma papila dérmica alongada. As VVs são mais comuns em ÁREAS EXPOSTAS, como dorso das mãos, dedos, joelhos e cotovelo, embora possa acometer qualquer parte do tegumento. Geralmente, são lesões ASSINTOMÁTICAS com evolução IMPREVISÍVEL, podendo ou estagnar na evolução por meses ou anos ou desenvolver um grande número de novas lesões em um curto intervalo de tempo. A VERRUGA FILIFORME é uma variante MORFOLÓGICA distinta da VV do tipo PROJEÇÃO CERATÓSICA FILIFORME que ocorre mais comumente na barba, no nariz e na região periocular. A VERRUGA DO AÇOUGUEIRO é uma VV rara e associada ao HPV 7, recebendo essa denominação por ser encontrada nos açougueiros ou manipuladores de carnes e peixes – localizadas nas MÃOS desses profissionais (maceração e traumas recorrentes) com um aspecto de COUVE-FLOR. Na dermatoscopia das VVs, pode-se observar PAPILAS AGRUPADAS com vasos puntiformes ou em – 5 alça OU pontos hemorrágicos frequentemente circundados por um halo branco – nas verrugas filiformes, a diferença é que há um predomínio de PAPILAS. Diagnóstico diferencial das VVs: cetarose seborreica, líquen plano, prurigo nodular e lesões neoplásicas, como CEC. ➔ Verruga Plana – HPVs mais encontrados: 3, 10, 27, 28, 29, 31. Clinicamente apresentadas como PÁPULAS ACHATADAS, cor da pele ou eritemato-amarelado, com SUPERFÍCIE PLANA e LISA, medem poucos milímetros e tendem a coalescer – o fenômeno de Koebner acontece com relativa frequência. Essas verrugas costumam ocorrer na FACE E NO DORSO DAS MÃOS, sendo encontradas, principalmente, em CRIANÇAS E ADOLESCENTES (por isso o nome verruga plana juvenil), além de IMUNOSSUPRIMIDOS. Na dermatoscopia apresenta VASOS PUNTIFORMES PEQUENOS distribuídos em um fundo amarelado. Diagnósticos diferenciais: ceratose seborreica plana e molusco contagioso (diferenciado por apresentar uma umbilicação central). ➔ Verruga Palmoplantar (VP) – HPVs encontrados: 1, 2, 4, 63, 65, 95. Clinicamente apresentadas como PÁPULAS HIPERCERATÓSICAS que, em áreas de pressão, possuem CRESCIMENTO ENDOFÍTICO com pontos de hemorragia. Essas lesões podem ser PROFUNDAS OU SUPERFICIAIS e, se localizadas em locais de pressão, são MUITO DOLOROSAS. Mais frequentemente acometem crianças e adolescentes, sendo a infecção resultante do CONTATO DIRETO com o HPV, embora alguns autores considerem que pode haver contato indireto, como quando se anda descalço em piscinas ou banheiros coletivos - A hiperidrose nos pés aumenta o risco de adquirir VP!!!! A verruga do tipo MIRMÉCIA (associada ao HPV 1) é uma lesão PROFUNDA que apresenta superfície ÁSPERA e é envolta por um ANEL HIPERCERATÓSICO – são verrugas comparadas a um ICEBERG, uma vez que só pequena parte da lesão é visível, sendo maior parcela encontrada nas camadas mais profundas da pele. As verrugas em mosaico são lesões MÚLTIPLAS que confluem e formam PLACAS CERATÓSICAS geralmente na região plantar – são superficiais e não dolorosas – causadas pelo HPV 2. A verruga PERIUNGUEAL, geralmente dolorosa, pode apresentar crescimento SUBUNGUEAL resultando em ONICÓLISE PARCIAL. Na dermatoscopia das VPs, percebe-se um FUNDO SEM ESTRUTURAS, de coloração amarelada ou branca, com pequenos pontos hemorrágicos que correspondem a vasos trombosados com interrupção das linhas de pele. Diagnósticos diferenciais: ceratólise plantar sulcada e pontuada, ceratodermia palmoplantar pontuada, calosidade e CEC. A identificação dos capilares trombosados – 6 e pontos hemorrágicos ajuda a diferenciar VP de calosidade. Além disso, uma característica importante das VPs é o DESARRANJO DOS DERMATÓGLIFOS! ➔ Epidermodisplasia verruciforme e verrucosidade generalizada – é uma doença genética autossômica recessiva caracterizada pela mutação dos genes TMC6 e TMC8, que cursa com INFECÇÃO CRÔNICA por tipos específicos de HPV, principalmente o gênero beta. Na EV clássica (da mutação TMC6 e 8), além dos HPVs 5 e 8, encontram-se os tipos 3, 9, 10, 12, 14, 15, 17, 19 a 25, 28, 29, 36, 38, 46, 47, 49 e 50. Os genes mutados também codificam proteínas que INIBEM fatores de transcrição fundamentais para a expressão gênica do HPV. O quadro clínico da versa clássica da EV se inicia na INFÂNCIA ou no início da ADOLESCÊNCIA e se manifesta por meio de PÁPULAS OU PLACAS ERITEMATOSAS semelhantes à verruga plana E placas eritematosas e/ou acastanhadas que lembram lesões da pitiríase versicolor e ceratose seborreica no tronco, pescoço e face. A EV está associada a um maior risco de CPNM, principalmente o CEC, que acomete cerca de 30-70% dos pacientes a partir da 4ª década de vida → os HPVs mais associados a transformação maligna são 5, 8, 17, 20 e 47. Recentemente NOVAS MUTAÇÕES foram descritas em pacientes com clínica de EV na ausência de mutações nos genes TMC6 e TM8, sendo elas: RHOH, MST-1, CORO1A e IL-7. Todas essas mutações tem em comum a DEFICIÊNCIA NA IMUNIDADE CELULAR CONTRA O HPV. Diante disso, a EV foi classificada em GENÉTICA CLÁSSICA (mutação TMC6 e 8); EV GENÉTICA NÃO CLÁSSICA (mutação de qualquer um RHOH, MST-1, CORO1A) e EV ADQUIRIDA, sendo essa um caso em que não há histórico familiar da doença e há um fator causador secundário, como imunodeficiência por HIV ou iatrogenia por imunossupressores. Na forma não clássica, os principais tipos são 3, 12, 5, 15, 5, 17, 3. Na forma adquirida, os tipos são 5, 8, 14, 19, 20, 21; na forma iatrogênica 5 e 46. A verrucosidade generalizada (VGEN) foi descrita como uma INFECÇÃO CUTÂNEA CRÔNICA e progressiva pelo HPV na qual os pacientes apresentam + 20 LESÕES localizadas em mais de 1 região do corpo, com comprometimento dos dígitos e limitação da função. As manifestações clínicas da VGEN variam de acordo com o HPV envolvido, podendo ser verruga plana, vv, verruga perieungueal ou genital. Na SÍNDROME WILD o paciente cursa com verrugas + imunodeficiência + linfedema + displasia anogenital. Na síndrome WHIM, além das verrugas, há hipogamaglobulinema + infecções + mielocatexia. – 7 Lesões Malignas de Pele Carcinoma Verrucoso – É considerado uma VARIAÇÃO DO CEC de evolução insidiosa ecrescimento LENTO. A forma cutânea do carcinoma verrucoso ocorre na grande maioria das vezes NOS PÉS e com maior predominância em HOMENS em torno de 55 anos. A clínica varia desde uma PEQUENA PÁPULA CERTATÓSICA semelhante a VV até TUMORES GRANDES, MULTILOBULADOS com aspecto de couve flor. O HPV é um potencial fator contribuinte para o surgimento do tumor, principalmente os tipos 2 e 16. O potencial metastático é baixo!! Manifestações clínicas nas mucosas As infeções por HPV são SUBCLÍNICAS na maioria das vezes – 1 a 2% da população apresenta verrugas ANOGENITAIS e 2 a 5% das mulheres apresentam alterações no PREVENTIVO do colo do útero. As lesões causadas pelos tipos de HPV com baixo risco oncogênico geralmente são LESÕES INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS DE BAIXO GRAU (LSIL), que equivale a DISPLASIA LEVE ou NEOPLASIA INTRAEPITELIAL GRAU 1 (NIC 1); enquanto as lesões causadas pelos tipos com alto risco oncogênico determinam LESÕES INTRAEPITELIAIS DE ALTO GRAU (HSIL) correspondente a displasia moderada (NIC2) e grave/carcinoma in situ (NIC3). Outros epitélios podem sofrer ação oncogênica do HPV, como NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS VAGINAIS, PENIANAS, ANAIS E VULVARES. Lesões Benignas da Mucosa Anogenital As verrugas genitais (VG) = condiloma acuminado constituem a manifestação clínica MAIS COMUM das infecções por HPV na região anogenital, estando relacionadas aos HPV BR 6 e 11 e HPV AR 16 e 18. O tamanho varia de MILÍMETROS a CENTÍMETROS (de pápulas até placas), podendo formar vegetações em aspecto de couve flor, sendo a coloração desde cor da pele, rósea ou acastanhada. Além da região anogenital, podem se localizar em DOBRAS INGUINAIS e SUPRAPÚBICAS e na cavidade ORAL por transmissão orogenital. Sintomas como cor, prurido ou sangramento NÃO SÃO USUAIS, sendo o diagnóstico, na maioria das vezes, a OLHO NU! A dermatoscopia pode ser útil para diferenciar de outras lesões, uma vez que o padrão mais comum é o de MOSAICO com presença de vasos glomerulares ou em pontos agrupados no centro e circundados por uma rede esbranquiçada. A PAPULOSE BOWENOIDE (PB) ocorre em ambos os sexos, afetando principalmente jovens sexualmente ativos – de acordo com a localização e quadro histopatológico pode ser LSIL ou HSIL da vulva. Histologicamente se assemelha ao CEC in situ, mas clinicamente é caracterizada pro PÁPULAS ACHATADAS, HIPERCRÔMICAS ou ERITEMATOSAS, múltiplas, assintomáticas e localizadas na região anogenital, lembrando ceratose seborreica, VV, líquen plano ou nevo melanocítico. Na dermatoscopia, revela-se um padrão SEM ESTRUTURAS, COM VASOS EM PONTOS OU GLOMERULARES, ARRANJADOS – 8 EM LINHAS – esse padrão é combinado com áreas sem estruturas de coloração branca, marrom ou cinza. A PB tem curso benigno e, muitas vezes, regressão espontânea, principalmente em jovens do sexo masculino. Lesões Benignas da Mucosa Oral Assim como nas outras localidades, a maior parte das infecções orais são SUBCLINICAS, havendo uma incidência de 3% em média. Causadas pelo HPV, as lesões orais compreendem a VV, o condiloma acuminado, o papiloma escamoso (PE) e a hiperplasia epitelial focal (HEF), que apresentam entre si aspectos clínicos e histopatológicos semelhantes. A VV é rara na mucosa oral e considera-se que há autoinoculação em crianças, havendo localização preferencialmente nos LÁBIOS e no PALATO (únicas, róseas ou esbranquiçadas e exofíticas). Já o PE predomina em adultos, principalmente no PALATO e na LÍNGUA com lesões exofíticas em aspecto digiforme ou em couve flor. Pela semelhança entre as lesões, a BIÓPSIA para estudo histopatológico é mandatória! O condiloma acuminado na mucosa oral é mais RARO e pode estar ou não associado a lesões anogenitais, uma vez que a transmissão preferencial é OROGENITAL, mas também pode ocorrer pelo contato com objetos. As lesões costumam ser MÚLTIPLAS, SÉSSEIS, ESBRANQUIÇADAS OU RÓSEAS no lábio superior ou língua. A HEF é uma condição assintomática POUCO FREQUENTE que afeta a mucosa da boca e predomina em crianças e indivíduos jovens. Clinicamente, apresenta múltiplas lesões com predomínio de pápulas rosadas ou esbranquiçadas, planas e sésseis (maioria na mucosa jugal e labial), mas que podem ser PAPILOMATOSAS com superfície rugosa e proeminente (mais raras, localizam-se na língua e na gengiva). – 9 Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR) É uma doença rara mas AMEAÇADORA À VIDA que atinge o trato respiratório com predileção pela LARINGE E TRAQUEIA. A forma juvenil se manifesta até 20 anos e é um diagnóstico desafiador, uma vez que é necessário a diferenciação entre várias doenças respiratórias com sintomas semelhantes. Está relacionada ao HPV 6 e 11 e em MAIS DE 90% dos casos se admite que a transmissão ocorreu pelo CANAL DE PARTO com possibilidade, ainda, de ter sido pela placenta. É uma doença com evolução IMPREVISÍVEL e raramente evolui com malignidade. O diagnóstico é dado por broncoscopia. Lesões Malignas na Mucosa Carcinoma in situ Há certa discussão acerca da terminologia a ser utilizada quando se aborda DOENÇA DE BOWEN (DB) e a ERITROPLASIA DE QUEYRAT (EQ), sendo que ambas correspondem a CEC in situ, podendo estar associado ao HPV AR 16. A DB é caracterizada por placas eritematosas e descamativas localizadas em áreas queratinizadas na região anogenital! A EQ é caracterizada pela presença de placas brilhantes, eritematosas com aspecto aveludado em áreas de MUCOSA DA VULVA, GLANDE e FOLHETO INTERNO DO PREPÚCIO. Carcinomas Verrucosos da Mucosa Tumor de Buschke-Lowenstein (TBL) e Papilomatose Oral Florida – O CONDILOMA ACUMINADO GIGANTE (tumor de buschke-lowenstein) é uma forma RARA de apresentação do condiloma anogenital relacionado ao HPV; ele e a POF são os componentes dos carcinomas verrucosos da mucosa. O TBL é uma lesão TUMORAL VEGETANTE ou VERRUCOSA de crescimento exofítico e endofítico que, por vezes, apresenta fístulas e sangramentos – apresenta um crescimento lento e, embora tenha características histopatológicas benignas, pode ter comportamento AGRESSIVO e gerar METÁSTASES. Predomina em homens e a prevalência em crianças alerta para a possibilidade de transmissão vertical ou durante o parto – a incidência está associada a IMUNOSSUPRESSÃO. O diagnóstico é confirmado por HISTOPATOLOGIA e deve ser complementado por exames de imagem para definição do tratamento. A POF ocorre preferencialmente na região BUCINADORA, assoalho bucal, gengivas e mais raramente na língua, palato e comissura labial – é mais comum em homens a partir da 7ª década de vida e tem relação com consumo de álcool, tabaco, higiene oral precária, traumas repetidos na cavidade oral, doenças inflamatórias crônicas como líquen plano e LES. – 10 Manifestações Clínicas em Situações Especiais 1) HPV na gravidez As mudanças hormonais da gestação interferem na RESPOSTA IMUNOLÓGICA, o que poderia impactar na replicação/clareamento do HPV, causando um aumento da FREQUÊNCIA e da PROGRESSÃO das lesões genitais. Em um estudo que comparou a presença de HPV em gestantes e não gestantes, Salcedo et al. Mostraram maior positividade para a infecção nas gestantes (25,3% vs 13%). Quanto às verrugas genitais, elas podem ser LESÕES CONDILOMATOSAS TÍPICAS normocromadas, eritematosas ou acastanhadas com superfície rugosa, podendo ser achatada, papulosa ou pedunculada – aparecem mais frequentemente ao redor do introito vaginal, mas podem ocorrer no colo do útero, uretra, períneo e intrarretal. Pode haver PROLIFERAÇÃO durante a gestação e tornar as VGs friáveis. 2) HPV na criança Verrugas anogenitais aumentaram em incidência nas crianças ao longo das últimas décadas, sendo admitido 3 principais vias de contaminação: PERINATAL (intraútero e periparto), HORIZONTAL (auto e heteroinoculação) e ABUSO SEXUAL – dessa forma, a determinação da via de contaminação é muito necessária!! Um estudo retrospectivomostrou VALOR PREDITIVO POSITIVO relacionando a presença de infecção por HPV na região anogenital e possível abuso de 36% entre 4 e 8 anos e 70% após o 8 anos, sendo maior o risco em meninas. A melhor forma de identificar possíveis abusos sexuais é pela história, avaliação do contexto socioclínico, exame físico e trabalho com a equipe multidisciplinar. A resolução espontânea das VGs ocorre na maior parte dos casos em POUCOS ANOS OU MESES, sendo a abordagem terapêutica na infância a mais conservadora e menos agressiva possível. 3) HPV nos imunossuprimidos Pessoas imunossuprimidas, principalmente os infectados por HIV ou com imunossupressão decorrente de TOS, apresentam maior PERSISTÊNCIA da infecção pelo HPV, principalmente os HPV AR, o que pode aumentar a incidência de neoplasias. As formas benignas e autolimitadas do HPV, como as VGs e as extragenitais, também são mais prevalentes. 4) Verrugas Cutâneas Em receptores de TRANSPLANTE RENAL a prevalência de VCs aumenta com a duração da imunossupressão, sendo MÚLTIPLAS e em ÁREAS EXTENSAS, principalmente aquelas fotoexpostas. São VCs que costumam ser refratárias ao tratamento. 5) Verrugas Genitais As verrugas genitais estão entre as manifestações mais comuns da infecção por HPV tanto em imunossuprimidos como em imunocompetentes. Em receptores de transplante renal, um estudo identificou risco 3x maior de VG em comparação a população geral – se considerado somente o sexo feminino, o risco foi 5x maior. Em pessoas vivendo com HIV, como há maior suscetibilidade para ISTs, há uma maior prevalência de HPV AR, especialmente o tipo 16 – os condilomas tendem a ser mais extensos, agressivos, recorrentes e persistentes. – 11 Impacto do HPV no surgimento de neoplasias malignas 1) Câncer de pele não melanoma (CPNM) na população imunocompetente e imunossuprimida O CPNM é o câncer mais frequente do Brasil, correspondendo a 30% dos tumores malignos com inciência de quase 177.000 novos casos em 2020. O CBC e o CEC são os maiores representantes dos CPNM, sendo frequentes em regiões EXPOSTAS AO SOL. Pacientes imunocompetentes portadores de CEC apresentam positividade para DNA VIRAL de pelo menos UM TIPO DE BETA-HPV – principais tipos associados ao risco de CEC: 5, 8, 15, 17, 20, 24, 36 e 38. Já em imunossuprimidos, Sichero et al relataram MAIOR PREVALÊNCIA do DNA de Beta-HPV em amostra de lesões pré-malignas (88% imunossuprim. E 54% imunocomp.) e malignas: CEC 84% vs 27% e CBC 75% e 36%. • Diagnóstico Complementar Histopatologia e Microscopia Eletrônica – O exame histopatológico deve ser realizado sempre que houver DÚVIDA no diagnóstico diferencial e também diante da SUSPEITA DE MALIGNIDADE. A colpocitologia oncótica é recomendada como um EXAME PERIÓDICO para rastreio do câncer de colo do úteor. Durante o processo de diferenciação celular com a infecção do HPV, sabe-se que a expressão das proteínas E6 e E7 na parte inferior das camadas epiteliais DIRECIONA as células para a FASE S do ciclo celular – essa fase é a resultante por demonstrar, na histopatologia, a ACANTOSE e PAPILOMATOSE na hiperplasia epitelial. • Histopatologia das Lesões cutâneas Verruga Vulgar – Na VV, as características são observadas já na EPIDERME, onde há acantose, papilomatose, hiperceratose acentuada e colunas de paraceratose no topo dos cones epiteliais com ausência da camada granular – os cones convergem para o centro da lesão = arborização. Nas áreas de paraceratose, podem ser vistos pequenos acúmulos de sangue ou serosidade. No estrato superior de Malpighi são observados os COILÓCITOS, células vacuoladas com núcleos pequenos e circundados por halo claro. São utilizadas 3 características para diferenciar a verruga comum do papiloma: presença dos coilócitos, colunas verticais de paraceratose e focos adensados de grânulos cerato-hialinos. Verrugas Palmoplantares – Histologicamente, as verrugas palmoplantares compartilham elementos histopatológicos em comum com a VV, sendo a grande diferença o CRESCIMENTO ENDOFÍTICO que invade a derme. Além disso, percebe-se que os grânulos eosinofílicos de cerato-hialina se modificam de acordo com o tipo do HPV: o tipo 1 tem grânulos grandes e citoplasma com vacuolização marcante, enquanto o tipo 4 possui mais ceratinócitos grandes e poucos grânulos de cerato-hialina. Verruga Plana – apresentam hiperceratose e acantose com alongamento LEVE dos cones epiteliais, podendo ser diferenciada dos demais tipos pela AUSÊNCIA DE PAPILOMATOSE E PARACERATOSE. Não há infiltrado na derme! – 12 Verruga de açougueiro – induzidas pelo HPV 7, mostram acantose proeminente e pequenas células vacuolizadas exclusivamente nos cones epiteliais. Epidermodisplasia Verruciforme (EV) – caracterizadas por estrato córneo com aparência de cesta e edema dos ceratinócitos, que estarão com palidez e acumulados nas camadas granular e espinhosa da epiderme • Histopatologia das Lesões mucosas Região Anogenital – Condiloma acuminado, gigante ou tumor de buschke-lowestein, papulos ebowenoide, doença de bowen e eritroplasia de Queyrat. 1. Condiloma Acuminado – Epiderme ondulada e moderadamente acantótica + leve espessamento da camada córnea e camada granular proeminente com grânulos de cerato-hialina grosseiros e coilócitos. Nas lesões mucosas HÁ PARACERATOSE. Os coilócitos são queratinócitos com núcleos picnóticos profundamente basofílicos e cercados por um halo de citoplasma claro. 2. Condiloma Acuminado de Buschke-Lowestein – exibe leve vacuolização de queratinócitos e acentuada papilomatose da epiderme. 3. Papulose Bowenoide – hiperplasia psoriasiforme com hiperceratose da epiderme. Queratinócitos agrupados com núcleos maiores, hipercromáticos, pleomórficos e perda da estratificação epidérmica. 4. Colo uterino – apresentam lesões de dos tipos: lesões precursoras de neoplasia intraepitelial cervical e carcinoma invasor. Clinicamente são visíveis como máculas aceto-claras na colposcopia! Na histopatologia, ocorrem alterações na PROLIFERAÇÃO e MATURAÇÃO das células com perda da estratificação da epiderme – o achado de coilocitose é indicativo de HPV. Mucosa Oral – as lesões benignas compreendem verruga vulgar, papiloma escamoso, condiloma acuminado e hiperplasia epitelial multifocal. 1. Papiloma escamoso – lesão benigna mais frequente na mucosa oral. Histologicamente apresenta arquitetura exofítica e papilomatosa. Coilócitos na camada espinhosa superior! – 13 2. Verruga vulgar – idêntica ao do tecido cutâneo 3. Condiloma acuminado – lesões papilomatosas e exofíticas com base alargada, coilócitos na camada espinhosa 4. Hiperplasia Epitelial Focal – hiperplasia epitelial irregular com paraceratose leve. • Identificação do vírus por técnicas moleculares A resposta imune humoral do hospedeiro ao HPV ocorre em cerca de 50 a 60% dos indivíduos. Considerando que o vírus não é capaz de ser isolado em métodos de CULTURA, a sua identificação se faz por MÉTODOS MOLECULARES. A detecção de anticorpos está indicada para ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS para a definição de estratégias de vacinação. A UTILIZAÇÃO DE SOROLOGIA COMO FERRAMENTA DIAGNÓSTICA NÃO É RECOMENDADA. O estudo do TIPO do HPV é indicado nos casos em que há NEOPLASIA – por exemplo, no câncer de colo do útero se faz a pesquisa para os HPV AR, a OMS não indica a testagem para HPV BR e nem o uso de testes, mesmo que por HPV AR, em região ANAL, VULVAR, VAGINAL, PENIANA e OROFARINGE. Nos CEC de cabeça e pescoço é indicado a identificação do HPV, pois quando positivos há uma melhor resposta terapêutica e maior taxa de sobrevida. • Tratamento Os tratamentos empíricos das verrugas cutâneas são formas amplamente difundidas entre a população – experiências leigas bem sucedidas são divulgadas amplamente, como benzer, escoriar lseões com sal grosso ou casca de banana verde, acunputura, destruir a “verrugamãe” que as demais desaparecerão... A manipulação das lesões pode causar um processo INFLAMATÓRIO e levar a REGRESSÃO das verrugas, mas também pode levar a CRESCIMENTO RÁPIDO e DISSEMINAÇÃO pelo traumatismo. Geralmente, o sucesso dessas técnicas se deve ao CURSO NATURAL da doença que já iria regredir naturalmente. Para a escolha da opção terapêutica, deve-se levar em consideração IDADE, LOCAL DA LESÃO, NÚMERO, TAMANHO, SUBTIPO CLÍNICO e SITUAÇÃO IMUNOLÓGICA. É comum que, de acordo com os fatores citados, a conduta seja EXPECTANTE, embora seja necessário lembrar que aquelas verrugas que não se resolvem em ATÉ 1 ANO são menos propensas a regredirem espontaneamente. Tratamento Tópico – incluem medicamentos cujos efeitos são predominantemente destrutivos, como crioterapia, cauterização química, métodos cirúrgicos e remoção a LASER. Podem ser divididos em 3 categorias: destrutivos, citotóxicos e imunoterapia. Tratamento sistêmico – em sua grande maioria, são ttos que objetivam a melhora da resposta imune do indivíduo ao HPV. Grande parte dos tratamentos apresentam estudos escassos e são aplicados como uma prescrição off label. – 14 Tratamento Local • Lesões Cutâneas o Ácido Salicílico – alguns autores consideram a PRIMEIRA LINHA de tto para VCs. O AS é um agente CERATOLÍTICO tópico, fácil de aplicar e seguro, mas que pode causar irritação local, sendo essa a responsável por iniciar uma RESPOSTA IMUNE que erradica o HPV. As formulações no brasil vão de concentrações até 27%, sendo que a literatura tem estudos com concentrações de 10-26%. o Crioterapia – Geralmente é realizada com a aplicação do nitrogênio líquido sobre a lesão, o que causa DANO TISSULAR, lesando as células e seu suprimento sanguíneo. Não existe consenso quanto ao tempo de congelamento e o halo esperado – alguns autores falam entre 10 a 30 segundos com halo de 1 a 2 mm. Fatores definidores dessa terapêutica incluem TAMANHO, LOCALIZAÇÃO e TOLERABILIDADE. As aplicações podem ocorrer com 2, 3 ou 4 semanas de intervalo – as terapias mais agressivas tendem a ser mais efetivas empiricamente, embora os estudos não consigam demonstrar a superioridade da crioterapia ao AS, por exemplo. Verrugas ungueais e periungueais tem CONTRAINDICAÇÃO ao uso dessa terapia pelo risco de lesão irreversível da matriz ungueal. o 5-fluoruracila (5-FU) – tem propriedades ANTINEOPLÁSICAS e ANTIMETABÓLICAS que inibem a síntese do DNA e do RNA, mecanismo o qual seria responsável por parar a proliferação epitelial aberrante. O 5-FU costuma ser utilizado na concentração de 5% em creme, uma vez ao dia, com oclusão. Os efeitos adversos mais comuns são irritação local, ulcerações, dermatite de contato alérgica e fotossensibilidade. Em lesões periungueais, a onicólise é um efeito colateral frequente. o Bleomicina – substância antineoplásica com indicação em bula para doença de Hodgkin e linfomas não Hodgkin, CEC de orofaringe-genitais-pele, alguns carcinomas de testículo... Como grande parte dos CECs, principalmente de mucosa, tem associação com o HPV, seu uso é feito atualmente como off label, já que não consta em bula. O mecanismo de tto para as verrugas parece envolver a INIBIÇÃO DA SÍNTESE DO DNA, mas não se sabe ao certo. Os estudos variam quanto as taxas de cura, o que pode estar associado a concentração, método de aplicação, dose... Após a injeção no local, uma escara enegrecida pode aparecer no local, bem como despigmentação, edema, eritema. Contraindicada na gestação e amamentação. Indicada em casos refratários. – 15 o Imiquimode – Atua interrompendo a replicação celular por meio da interferência na RESPOSTA INATA E ADAPTATIVA – induz produção e liberação de IFN alfa, TNF alfa e IL12, além de atvar células NK! As evidências científicas falam a favor do uso para as VERRUGAS GENITAIS – não existem evidências para as VERRUGAS CUTÂNEAS. É utilizada na concentração de 5%, podendo estar associada a métodos destrutivos. o Retinoides Tópicos – O principal utilizado é a TRETINOÍNA (0,05%) no tto das VERRUGAS CUTÂNEAS, sendo o seu uso reservado para casos com múltiplas lesões recalcitrantes ou para pacientes com verrugas planas. o Podofilina/podofilotoxina – É um agente ANTI-MITÓTICO que pode causar necrose tecidual e efeitos sistêmicos quando aplicado em grandes superfícies, sendo, portanto, aplicado pelo MÉDICO. Boas evidências para VG e quase nada para VC. A PODOFILOTOXINA, por ser menos irritante que a podofilina, pode ser ADM PELO PCT – não é encontrada no Brasil kkkk o Cantaridina – agente VESICANTE que causa acantólise, por isso tem menor risco de causar cicatrizes. A aplicação é indolor, sendo que o desconforto surge 24h depois. Por sua grande toxicidade em doses sistêmicas, deve ser adm em CONSULTÓRIO. o Cidofovir – é um análogo de nucleotídeo que INIBE A DNA POLIMERASE VIRAL – adm de injeções intralesionais mensais. Existem estudos para a adm em creme. o Imunoterapia – São fármacos que ainda estão em estudo. Atualmente, a DIFENCIPRONA tem sido empregada para o tto de verrugas recalcitrantes por possuir um menor potencial mutagênico. Diversas outras terapias são descritas como possíveis: antígeno de Candida sp., vacina tríplice viral, sulfato de zinco tópico... o Métodos destrutivos – A excisão cirúrgica é um método de retirada das VERRUGAS CUTÂNEAS com cureta, bisturi OU eletrocautério bastante utilizado por alguns dermatologistas, embora outros contraindicam pela ELEVADA MORBIDADE E TAXA DE RECORRÊNCIA. As verrugas que melhor respondem a esse tto são as FILIFORMES DE FACE. O LASER DE CO2 está descrito como método destrutivo com potencial uso nas VC. • Lesões Anogenitais o Verrugas Genitais – podem ser tratadas em SESSÃO ÚNICA por métodos destrutivos, como ELETROCOAGULAÇÃO, EXCISÃO CIRÚRGICA ou LASER CO2. São técnicas associadas a ALTA PROBABILIDADE DE RESOLUÇÃO, porém com alta taxa de recorrência quando comparado a outras terapias. O ácido tricloroacético (ATA), podofilotoxina, podofilina e crioterapia são opções de tratamento que demandam múltiplas aplicações no consultório. O imiquimode e o 5-FU são opções para o tto domiciliar. o Lesões pré-malignas e malignas ▪ Papulose bowenoide – deve-se lembrar que, apesar das diversas atipias, a evolução costuma ser FAVORÁVEL com regressão ESPONTÂNEA em jovens do sexo masculino – o risco está em idosos e imunocomprometidos. As modalidades de tratamento incluem: excisão cirúrgica, eletrocoagulação, crioterapia com nitrogênio líquido, Laser de CO2. Não é recomendado o uso de radioterapia nas lesões malignas e pré-malignas associadas ao HPV. ▪ Carcinomas verrucosos – Em pacientes com LESÕES DE PEQUENO PORTE ou com ALTO RISCO INTRAOPERATÓRIO há indicação para a cirurgia minimamente invasiva + terapia local OU quimioterapia tópica + crioterapia. O tto principal continua sendo CIRURGIA EXTENSA + AMPLA RESSECÇÃO e várias reintervenções para concluir a excisão. • Situações especiais o Gestantes – Em lesões localizadas, o ATA é a opção de escolha, assim como a crioterapia com nitrogênio líquido. Para lesões extensas, o tto cirúrgico é o de eleição. Podofilina, podofilotoxina e imiquimode são CONTRAINDICADOS. o Imunossuprimidos – o manejo desses pacientes é uma situação desafiadora, uma vez que o tto pode não resultar em CURA TOTAL, mas pode ajudar a reduzir o tamanho e o impacto estético. – 16 Tratamento Sistêmico • Cimetidina – é um anti-histamínico antagonista dos receptores H2 que tem sido usado para tratar VC, mas com resultados conflitantes. Também há relato de uso na EV, mas com pouca melhora. • Levamisole – apresenta diversos efeitos imunomoduladores, porém foi utilizado em POUCOS estudos controlados para tto de VC com resultados conflitantes. • Oligoelementos – Alguns estudos compararam o uso de ZINCO com o placebo, sendo que alguns tiveram bons resultados (melhora de 87%) eoutros resultados semelhantes entre zinco e placebo. Um estudo BR, prospectivo, duplo cego e randomizado comparou cimetidina e sulfato de zinco por 3 meses em 18 pacientes – zinco foi mais efetivo em 62% dos pcts, mas a pequena amostragem limita os resultados. • Echinacea – planta herbácea com alguns estudos para VC e com resultados conflitantes. • Interferon - apresenta propriedades imunomoduladoras, antiproliferativas e antivirais e pode ser usado no tratamento de lesões por HPV, topicamente, de modo intralesional ou sistêmico. • Retinoides - A acitretina, um retinoide de uso sistêmico, tem seu uso relatado (de maneira isolada ou em combinação com o IFN) no tratamento de lesões cutâneas do HPV em pacientes portadores de EV - A resposta é variável. • Cifodovir - Na papilomatose respiratória recorrente, ele tem sido utilizado em diversas vias de aplicação: intralesional, sistêmica e inalatória. Apesar de amplamente empregado, os resultados aos tratamentos são variáveis e se referem ao seu uso combinado ao tratamento cirúrgico. O emprego sistêmico é limitado pelos efeitos de toxicidade renal e risco de oncogenicidade. Prevenção • Vacinas – Sabe-se que a relação entre HPV AR e câncer de colo de útero é MUITO BEM ESTABELECIDA, praticamente todos os casos de CCU estão relacionados ao HPV, o que também ocorre com 90% das neoplasias anais. Além disso, o HPV tem relação com neoplasias de vagina, pênis, vulva e orofaringe, bem como é causa das VERRUGAS GENITAIS e da papilomatose respiratória recorrente. Todas as três vacinas profiláticas atualmente disponíveis contra HPV são obtidas por tecnologia de DNA recombinante a partir da proteína L1 do vírus, que constituirão as partículas similares ao vírus. No Brasil, a vacina quadrivalente foi introduzida na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas entre 9 e 14 anos em 2014. Em 2017, o uso foi estendido para meninos, recomendada atualmente para a faixa etária entre 11 e 14 anos.1,49 Nessa faixa etária, independente do sexo, são recomendadas duas doses com intervalo de seis meses entre elas. Aqui, a vacina também é recomendada para pessoas vivendo com HIV/AIDS, TOS e de medula óssea e pacientes oncológicos de 9 a 26 anos, sob prescric ¸ão médica. Nesse último grupo são recomendadas três doses da vacina com intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda dose e seis meses entre a primeira e a terceira dose (0, 2 e 6 meses).
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