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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LESÕES BENIGNAS DE PELE QUERATOSE SEBORREICA Caracteriza-se pelo aparecimento de lesões verrucosas no tronco, na face e nos membros. Frequentemente, há herança mendeliana dominante e não sofre transformação maligna. FISIOPATOLOGIA Resulta da proliferação de queratinócitos do infundíbulo folicular e, aparentemente, tem origem monoclonal representando, portanto, tumores foliculares. É comum história familiar indicando influências genéticas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As lesões usualmente são múltiplas, são pápulas circunscritas, ligeiramente elevadas, verrucosas, cuja cor varia de castanho-claro à escura, com diâmetro de poucos mm a 2cm. São cobertas por escama aderente, córnea e graxenta que, quando retirada, mostra superfície mamelonada ou sulcada. Geralmente, numerosas lesões se localizam no tronco, pescoço, face e nos membros; são persistentes, enquanto outras surgem com a idade. Quando localizadas em áreas intertriginosas, pode haver infecção secundária, com maceração e mau-odor. Algumas vezes, as lesões de queratose seborreica sofrem processo de eczematização. O aparecimento súbito se forma eruptiva de múltiplas lesões de queratose seborreica constitui o sinal de Leser-Trélat -> manifestação paraneoplásicas. Histopatologia -> papilomas benignos que, histologicamente, podem apresentar variações. A forma clássica apresenta-se como proliferação exofítica de células basaloides uniformes, contendo pseudocistos de queratina e grande quantidade de melanócitos. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico, mas, em todos os casos em que haja dúvida quanto à possibilidade de outras lesões pigmentares, como nevos displásticos ou melanoma benigno, o exame histopatológico é indispensável. Dermatoscopia é útil na diferenciação de outras lesões pigmentares pela presença de grande quantidade de pseudocistos córneos facilmente visualizáveis. DERMATOSE PAPULOSA NIGRA É uma variante clínica da queratose seborreica, comum em negros, especialmente em mulheres, com ocorrência de predisposição familiar extremamente frequente. Histopatologia -> idêntica à da queratose seborreica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pápulas de 2-4mm, pretas, ligeiramente elevadas, localizadas na face, particularmente na região malar e fronte, ocorrem eventualmente no pescoço, na face anterior do tronco e no dorso. Surgem, em geral, na 4ª década de vida. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico. Os diagnósticos diferenciais são: dermatite seborreica clássica, acrocórdon e, ocasionalmente, verrugas virais, nevos melanocíticos, tricoepiteliomas, siringomas, triquilemomas e angiofibromas. ESTUCOQUERATOSE Proliferação epitelial benigna, considerada como variante da verruga seborreica. Histopatologia -> caracteriza-se pela presença de hiperqueratose ortoqueratósica, acantose e papilomatose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Trata-se de lesão observada em indivíduos idosos constantemente expostos ao sol, daí a frequência de associações com queratose actínica, elastose solar e alterações próprias da pele idosa. APG 33 - Lesões de Pele Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Clinicamente, são pápulas hiperqueratósicas arredondadas/ovais, de cor acinzentada ou castanho-acinzentada, de tamanho e número variáveis, assintomáticas, localizadas predominantemente nas pernas e nos pés, particularmente em torno da região do tendão de Aquiles, que à curetagem metódica, desprendem-se. DIAGNÓSTICO É clínico e eventualmente histopatológico. HIPERPLASIA SEBÁCEA SENIL Quadro extremamente frequente a partir da idade madura. Histopatologia -> demonstra glândula sebácea hiperplasiada localizada na derme superior. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pápulas de 2-4mm de tamanho, de cor amarelada, umbilicadas, que surgem em indivíduos maduros, com predomínio no sexo masculino; localizam-se na face, particularmente na fronte, sem qualquer manifestação subjetiva. Existem formas raras com disposição zosteriforme linear e lesões circunscritas na aréola mamária e na vulva. DIAGNÓSTICO É clínico e, excepcionalmente, necessita-se de estudo histopatológico para afastar o carcinoma basocelular. GRÂNULOS DE FORDYCE Quadro assintomático consequente à presença de glândulas sebáceas ectópicas nos lábios, nas mucosas oral e genital. Extremamente frequente, ocorre em cerca de 70% da população. Histopatologia -> glândulas sebáceas desprovidas de folículos pilosos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apresentam-se como pápulas ou manchas amareladas de 1-2mm, múltiplas, localizadas especialmente no lábio superior e na mucosa bucal. DIAGNÓSTICO É clínico e muito raramente exigirá diagnóstico diferencial que poderá ser necessária, conforme a localização. SIRINGOMA Quadro frequente, representado por neoplasia benigna de origem écrina, existindo formas localizadas, comuns, e disseminadas, raras, que podem ter caráter familiar. Histopatologia -> compõem-se de pequenos ductos císticos em forma de vírgula e cordões epiteliais embebidos em estroma fibroso. Aparentemente, o siringomas é um tumor derivado da porção intraepidérmica do ducto sudoríparo écrino. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Caracteriza-se por pápulas duras, achatadas, de 1-3mm de tamanho, cor amarelo-rósea, quase idêntica à da pele. Localiza-se com mais frequência nas pálpebras inferiores e na região periorbitária, particurlamente em mulheres adultas. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Há outra forma clínica que surge no período de pós-puberdade, disseminada, com lesões no pescoço, face anterior do tórax, nas axilas, na face interna dos braços e na região umbilical, que às vezes, tem caráter familiar (hidradenoma eruptivo). DIAGNÓSTICO Em geral, é clínico, podendo ser corroborado pelo exame histopatológico característico. HIDROCISTOMA ÉCRINO FISIOPATOLOGIA Resultam de dilatações císticas dos ductos écrinos em consequência da retenção de secreções. Podem crescer com a elevação da temperatura e pelo aumento das secreções écrinas e são únicos ou múltiplos. Histopatologia -> cistos uniloculados contendo material claro e cuja parede é composta por duas camadas de células achatadas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Mais comuns em adultos de idade mediana/idosos. Apresentam-se como lesões de 1-5mm, duras, translúcidas ou opalescentes na face, especialmente em torno dos olhos e, eventualmente, no pescoço e no tórax. DIAGNÓSTICO É clínico e histopatológico, sendo necessário o diagnóstico diferencial com outras lesões císticas. POROMAS Compreende um grupo de neoplasias anexiais benignas oriundas das porções ductais terminais. Reconhecem-se histologicamente, de acordo com a sua localização em relação à epiderme, 3 variantes: ❖ Hidroacantoma simples -> localiza-se na epiderme sob a forma de agregados bem delimitados de células cuboides/ovoides (poroma intraepidérmico). ❖ Poroma écrino -> compõe-se de agregados de células basaloides uniformes que se irradiam a partir da camada basal da epiderme para a derme (poroma justaepidérmico). ❖ Tumor ductal dérmico -> é composto por nódulos dérmicos formados por células poroides e cuticulares (poroma intradérmico). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hidroacantoma simples -> ocorre frequentemente em mulheres, sob a forma de placa hiperqueratósica única localizada, em geral, nas extremidades. Poroma écrino -> surge habitualmente sob a forma de tumoração séssil ou ligeiramente pedunculada, de consistência firme, dolorosa ou pruriginosa, localizada preferencialmente nas regiões palmoplantares e, raramente, no tronco, na cabeça e no pescoço. ❖ Em geral, é recoberto por pele de coloração normal ou levemente eritematosa/pigmentada; a superfície pode ser lisa ou lobulada e, nas áreas de pressão, há risco de ulceração. Tumor ductal dérmico -> manifesta-se em adultos como pápula ouplaca única, de cor da pele normal/hiperpigmentada localizada frequentemente na cabeça ou no pescoço. DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo é histopatológico. HIDRADENOMAS FISIOPATOLOGIA Neoplasias benignas de origem não somente écrina, mas também apócrina. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Histopatologia -> observa-se na derme ou mesmo atingindo o subcutâneo, lesão nodular ou nódulo-cística composta por células de citoplasma abundante, com núcleos uniformes, ocasionalmente de aspecto muito claro (hidradenoma de células claras). Algumas lesões contêm estruturas tubulares revestidas por células colunares com padrão de secreção por decapitação (hidradenomas apócrinos). Às vezes, lesões císticas são proeminentes (hidradenomas nódulo-císticos). DIAGNÓSTICO Histopatológico. SIRINGOCISTOADENOMA PAPILÍFERO Tumor benigno anteriormente considerado hamartoma de glândulas sudoríparas écrinas e que agora se admite tratar-se de um adenoma apócrino. Histopatologia -> invaginação epidérmica crateriforme, no interior da qual se encontram projeções papilíferas revestidas por células colunares mostrando diferenciação apócrina. No eixo conjuntivo dessas projeções, há infiltrado linfoplasmocitário variável. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apresenta-se como placa papilomatosa, verrucosa ou erosiva, que aparece ao nascimento ou precocemente e que, na puberdade, adquire caráter vegetante verrucoso; ocasionalmente, apresenta depressão central com abertura que drena secreção. Localiza-se preferencialmente no couro cabeludo e no pescoço, é muito semelhante ao nevo sebáceo, com o qual se associa frequentemente. DIAGNÓSTICO Histopatológico. HIDROCISTOMA APÓCRINO Tumor benigno oriundo de glândulas apócrinas, ainda que a divisão dos hidrocistomas em apócrinos e écrinos seja, por vezes, discutida, porque nem sempre é possível de ser feita, inclusive por imunoistoquímica, mas admite-se que existam também diferenças clínicas. Histopatologia -> caracteriza-se por cavidade cística revestida por células colunares que apresentam a clássica secreção apócrina por decapitação. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS São geralmente únicos e, em geral, maiores que os écrinos. Caracterizam-se por nódulo de consistência cística, de coloração azulada, localizado, em geral, na face, especialmente na região palpebral, frequentemente ao longo da pálpebra inferior (cistos das glândulas de Moll) podendo eventualmente atingir outras regiões. EPITELIOMA CALCIFICADO D E MALHERBE (PILOMATRIXOMA) Tumor benigno oriundo do folículo pilossebáceo. Histopatologia -> composto por células basofílicas que perdem seus núcleos gradualmente, originando células de transição que evoluem para células-sombra, correspondentes a células da matriz do pelo queratinizado. ❖ Em meio ao estroma conjuntivo, há reação de corpo estranho, calcificação e ossificação. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Surge, em geral, na infância, como nódulo intradérmico na consistência pétrea, quase sempre recoberto por pele normal, excepcionalmente ulcerado; às vezes, a pele suprajacente ao tumor torna-se anetodérmica e, eventualmente, ocorrem eritema e sinais inflamatórios. ❖ Localiza-se frequentemente na face, no pescoço e nos membros superiores, é mais observado no sexo feminino. QUERATOACANTOMA Assemelha-se, clínica e histologicamente, ao carcinoma espinocelular, mas dele se diferencia pelo crescimento mais rápido e pelo caráter benigno, pois, em geral, regride espontaneamente. A sua histogênese ainda é discutida, mas há muitos elementos favoráveis a partir da proliferação do epitélio pilar. Histopatologia -> análise da arquitetura tissular. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Tumoração hemisférica, com 1-2cm de diâmetro; configuração vulcânica, cuja cratera central é ocupada por massa córnea; borda regular; de cor branco-amarelada, rósea ou violácea. Localiza-se, de preferência, nas áreas descobertas. Há uma fase de crescimento rápido, que dura de 4-8 semanas, a que se seguem período estacionário e involução espontânea, com duração de 4-6meses. Nas formas típicas, o crescimento rápido e a massa córnea central são elementos importantes para diferenciação com o carcinoma espinocelular. ❖ Existem formas especiais de queratoacantoma. LESÕES PRÉ-MALIGNAS/DERMATOSE PRÉ-CANCEROSA Dermatoses pré-cancerosas referem-se a doenças cutâneas que podem, eventualmente, se tornar malignas em um prazo variável de meses ou anos. Alguns fatores são importantes quanto à origem das doenças pré-cancerosas: ❖ Fatores individuais ou genéticos -> raça, genodermatose, espessamento da camada córnea. ❖ Fatores ambientais -> exposição ao sol, contato com substancias carcinogênicas, etc. ❖ Alterações crônicas patológicas da pele -> úlceras, queimaduras, fístulas, etc. Pode-se classificar as dermatoses pré-cancerosas com alto risco de transformação maligna e as de baixo risco, sendo as de alto risco sem tendência à regressão espontânea, que ao longo do tempo se tornarão malignas e, dessa forma, não devem permanecer sem tratamento. As lesões de baixo risco têm possibilidade de transformação maligna, porém nem sempre seu tratamento é obrigatório, necessitando, muitas vezes, apenas de observação clínica. DERMATOSES COM ALTO RISCO DE TRANSFORMAÇ ÃO CERATOSE/QUERATOSE ACTÍNICA É conhecida também com o nome de ceratose senil, por aparecer na idade avançada; não é sinal de velhice, mas sim de manifestação da irradiação solar cumulativa, progressiva, persistente e duradoura -> daí a sua localização preferencial nas áreas expostas. Em geral, é múltipla e caracteriza-se por pequenas lesões (alguns mm-cm de diâmetro) discretamente salientes, de coloração acastanhada, com superfície rugosa. ❖ Às vezes, o aspecto da lesão é atrófica e eritematosa com descamação. Também é denominada de ceratose actínica/ceratose solar -> é a lesão pré-maligna mais comum e é caracterizada por placas eritematosas, secas e ásperas, com uma superfície descamativa e algumas crostas. LESÕES BRANCAS DAS MUCOSAS São observadas nas mucosas ou no epitélio de transição e podem progredir para carcinoma espinocelular. A queratose actínica, localizada quase sempre no lábio inferior em decorrência da exposição solar, é denominada pré-cancerosa, mostrando, ao exame clínico, escamas esbranquiçadas, aderentes, às vezes com fissuras de fácil sangramento e erosões. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Além da exposição solar, irradicação constante por produtos químicos (fumo) e irritação física (dentes pontiagudos, próteses dentárias mal adaptadas) causam quadro clínico semelhante. Acomete também as regiões retroangulares, laterais da mucosa oral e área de transição do epitélio. DOENÇA DE BOWEN Na verdade, não é uma lesão pré-maligna, e sim um CEC in situ. Possui risco de invasão de 5% e se caracteriza por ser uma placa eritematosa com descamação superficial, com ou sem crostas. Caracteriza-se por lesões eritematoescamosa, bordas bem delimitadas, porém irregulares, superfície por vezes velvética, outras vezes exsudativa, pouco infiltrada, com crescimento centrífugo lento. Quando ocorre no pênis, o risco de invasão aumenta para 33%, e recebe denominações diferentes. ❖ No corpo do pênis sob a forma de pápulas -> papulose Bowenoide. ❖ Mucosa (glande) -> eritroplasia de Queyrat – placa eritematosa, brilhante e com aspecto aveludado. DOENÇA DE PAGET Existem 2 formas clínicas de acordo com a sua topografia: ❖ A que acomete a aréola mamária e o mamilo. ❖ Lesões extra mamárias. Caracteriza-se por lesão de aspecto eczema, unilateral e bem delimitada, causada por adenocarcinoma ductal subjacente; o mamilo pode ou não estar retraído. Tem início como lesão eritêmatodescamativa e pruriginosa, que lentamente se estendenão só à região do mamilo como também à aréola mamária e à mama propriamente dita. Simula um eczema crônico e os doentes são, muitas vezes, tratados por longo período como portadores de dermatite de contato, micose ou neurodermite. A evolução é lenta, podendo tornar-se infiltrada e ulcerar em algumas ocasiões. É menos comum no homem, para o qual é de pior prognóstico. O Paget extramamário predomina nas regiões abdominal inferior, perineal, perianal e axilar, isto é, em áreas de maior concentração de glândulas apócrinas. O aspecto clínico é semelhante, porém, em regiões de dobras em consequência da umidade apresenta-se com cor esbranquiçada, lembrando líquen escleroatrófico. CÓRNEO CUTÂNEO Lesão com aspecto de chifre que corresponde ao acúmulo de material queratinizado. Abaixo dele pode haver lesões malignas ou benignas, mas como não é possível diferenciá-las, deve ser feita a excisão. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA LENTIGO MALIGNO Também denominado melanose circunscrita pré-cancerosa de Dubreuilh. É uma mácula castanho-enegrecida, cujas bordas não são bem delimitadas e que, de forma lenta, vai se tornando fortemente pigmentada até a cor negra. Quando se observa um ligeiro espessamento (infiltração) ou a formação de um nódulo já está caracterizada a transformação para melanoma e, assim sendo, o exame anatomopatológico orientará quanto ao grau de invasão. Incide, em geral, em indivíduos com mais de 60 anos de idade, e a evolução é extremamente lenta, havendo relatos de até 20 anos para transformar-se em melanoma. As mulheres são mais afetadas e a localização é em áreas de exposição crônica ao sol -> face, antebraços e pernas. DERMATOSES COM BAI XO RISCO DE TRANSFORMAÇÃO DOENÇAS INFLAMATÓRIAS CRÔNICAS Podem favorecer o surgimento de um carcinoma, quase sempre o CEC. Exemplos são os tumores originados nas bordas de uma fístula, úlcera de perna de longa evolução e cujas bordas apresentam-se elevadas, de consistência firme e de fácil sangramento, do líquen plano erosivo da mucosa oral, bem como traumas sucessivos na mucosa/língua, osteomielite, balanopostites recorrentes, etc. LESÕES MALIGNAS DE PELE (NEOPLASIAS) CARCINOGÊNESE Embora só recentemente se tenha começado a desvendar os mecanismos intrínsecos da transformação cancerígena, já se sabe há bastante tempo, em bases clínicas e experimentais, da existência de fatores carcinogênicos de diversas naturezas: ❖ Físicos -> raios ultravioleta, sobretudo na faixa de 290 a 320 nm (RUV-B); radiação ionizante (raios Grenz, raios X); calor e traumatismo. ❖ Químicos -> alcatrão e seus derivados; arsênico etc. ❖ Biológicos -> vírus e hormônios. Isolados ou concomitantemente, esses fatores agem sobre a epiderme e/ou derme do tegumento, provocando alterações iniciais (bioquímicas e ultraestruturais) que podem regredir – nessa fase ou após um período de latência – passar à fase proliferativa ou neoplásica propriamente dita. Ainda aqui, pode ocorrer a regressão espontânea, até mesmo em câncer já plenamente constituído (melanoma e carcinomas). O protoncogenes seriam os genes normais relacionados com o crescimento e a diferenciação celular. Ao sofrerem algum tipo de mutação, ou saírem do ambiente em que exerceriam um controle, tornam-se tumorigênicos. Atuam de modo dominante sobre o funcionamento da célula. Oncogenes (ou genes transformadores) -> um termo genérico aplicado para um grupo de genes reguladores que, quando alterados e ativados, contribuem para o desenvolvimento do câncer. Em adição, há os genes supressores que tem como função modular o crescimento celular ao atuarem nos mecanismos que regulam a proliferação e a diferenciação celulares, a estabilidade genômica e a apoptose. ❖ O gene supressor mais conhecido é o p53, que está localizado no braço curto do cromossomo 17 e que codifica uma fosfoproteína de 53 kDa -> mutação dessa proteína faz com que haja perda da função, possibilitando o crescimento celular desordenado. Para que o câncer ocorra: ❖ Iniciação -> é o primeiro estágio da indução ao câncer. Ocorre quando determinado agente é capaz de gerar alterações proeminentes no genoma da célula e de sua progênie. ❖ Promoção -> deve ocorrer após a iniciação e o agente deve ser aplicado repetidas vezes, causando alterações reversíveis como inflamação, irritação e hiperplasia. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA CLASSIFICAÇÃO O câncer de pele é subdividido em câncer de pele não melanoma, englobando quase a totalidade dos tumores cutâneos que são representados pelos CBC e CEC, e o câncer de pele melanoma. ❖ Câncer de pele não melanoma -> compreende o CBC, mais frequente, e o CEC. Esses dois tumores malignos apresentam- se de forma diferente aos exames histopatológico e clínico. São muito parecidos quando ao prognóstico, ambos apresentam baixa letalidade e as metástases são raras. ❖ Câncer de pele melanoma -> é o menos frequente e o mais grave, detectado em 4% dos pacientes. Nas fases iniciais é curável, mas, sem tratamento, pode implicar no surgimento de metástases que causam elevada mortalidade. CARCINOMA BASOCELULAR - CBC CBC, neoplasia das células não queratinizadas da camada basal da epiderme, é o câncer de pele mais comum em pessoas de pele clara. As pessoas de pele cara com história de exposição ao sol significativa por um período prolongado são mais suscetíveis. O CBC geralmente é um tumor que não produz metástases, que cresce em largura e profundidade se deixado sem tratamento. Esses tumores são mais comumente vistos na cabeça e no pescoço, ocorrendo com maior frequência na pele não glabra. FATORES DE RISCO ❖ Exposição prolongada ao sol, principalmente na infância e na adolescência. ❖ Ter pele e olhos claros (ser naturalmente loiro/ruivo). ❖ História familiar/pessoal de câncer. ❖ Ter apresentado queimaduras solares ao longo da vida. ❖ Exposição excessiva à radiação. ❖ Imunossupressão. ❖ Morar em regiões tropicais. ❖ Exposição a arsênico ou outros componentes químicos pesados. ❖ Bronzeamento artificial. ❖ Pessoas que já tiveram CBC, mesmo que já estejam curadas. FISIOPATOLOGIA O CBC se desenvolve a partir dos queratinócitos basais da epiderme. Os danos ao DNA decorrentes do UVB podem desencadear uma resposta imunológica que provoca alterações nas células cancerosas. Embora o CBC não costume produzir metástases, pode aumentar lenta ou rapidamente, exclusivamente por extensão. Para o desenvolvimento de um CBC, o dano ao DNA induzido pela radiação UVB é um dos eventos principais para que ocorram mutações que culminam com o surgimento do tumor, principalmente a mutação de genes supressores de tumor na via Sonic Hedgehog nos queratinócitos. O gene mais frequentemente alterado na etiopatogenia do CBC é o PTCH, localizado no cromossomo 9q22.3 -> esse gene codifica um receptor proteico que participa na via de sinalização SH, agindo como um supressor de tumor. ❖ O gene SH, em adultos, quando sofre alguma mutação, leva a um desequilíbrio de uma via sinalizadora de proteínas, desempenhando um papel crucial na carcinogênese, uma vez que sua função é manter homeostase dos tecidos, renovação celular e manutenção das células tronco. A maior parte dos CBC apresenta 2 tipos de mutações que alteram a via SH: ❖ Mutação inativadora no alelo PTCH1. ❖ Mutação ativadora no gene que codifica a proteína SMO. A 2ª alteração genética mais comum é a mutação do gene p53. Mutações no locus CDKN2A, que codifica o p16 e o p14, também foram encontradas em um pequeno número de CBC. Em contraste, os genes supressores de tumor, os oncogenes, não participam de forma tão significativa no desenvolvimento desse tipo de tumor. Existem algumas síndromes associadas ao desenvolvimento de múltiplos CBC, que são herdadas geneticamente: síndrome doCBC nevoide, síndrome de Bazex e síndrome de Rombo (autossômica dominante). ! O papel do Sistema Imune na fisiopatologia do CBC ainda não é completamente esclarecido, uma vez que os pacientes imunocomprometidos tendem a desenvolver mais carcinomas espinocelulares que basocelulares. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A lesão mais característica do CBC é a lesão “perolada” -> lesão papulosa translúcida e brilhante de coloração amarelo-palha, que é frequente em quase todas as suas manifestações clínicas. Às vezes, essa lesão com dimensões pequenas é a única manifestação do CBC; outras vezes, a pérola ocorre na borda da lesão. ❖ Em torno das lesões, não há inflamação, ou seja, as lesões são encastoadas em pele sã. ❖ Não há comprometimento ganglionar ou sistêmico. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA A localização preferencial é na região cefálica, seguida do tronco e, finalmente, dos membros. Quando a localização é nas orelhas, tende a ser mais agressivo -> é do tipo esclerodermiforme, infiltrativo, basoescamoso ou micronodular. O acometimento de mucosas ocorre exclusivamente por contiguidade. Papunodular, globosa ou nodulocística -> a pápula é a lesão inicial; seu crescimento, após anos, leva à forma globosa/nodular, que pode medir vários cm e que, se não tratada, certamente ulcerará. É a apresentação mais comum. Ulcerada -> pode iniciar-se já como pequena úlcera ou em consequência do crescimento da forma globosa; a inflamação é mínima, a secreção serosa é praticamente inexistente; a borda, no entanto, é sempre perolada. Terebrante (ulcus rodens) -> é uma forma ulcerada com invasão rápida, provocando grande destruição do maciço central da face, reunindo em um só orifício boca e fossas nasais – síndrome da gangosa. ❖ Outras vezes, a forma terebrante destrói o globo ocular, podendo invadir até mesmo a calota craniana. Plano cicatricial -> é relativamente superficial e cresce centrigufamente, de modo que a parte central apresenta um aspecto cicatricial e a periferia é sempre perolada. Na lesão, podem ocorrer microulcerações com cicatrização posterior e, assim, ir crescendo. ❖ É relativamente comum na região orbitária. Superficial, eritematosa ou pagetoide -> é representada por área geralmente oval, eritematoescamosa ou superficial, lembrando o LES. A borda é nítida, no entanto, delimitada por um cordão muito fino, nem sempre perceptível. É mais frequente no tronco. ❖ Tem certa correlação com ingestão de arsênico. ❖ É a apresentação do CBC própria dos pacientes submetidos à radioterapia. Esclerodermiforme, fibrosante ou morfeia-símile -> assemelha-se a uma placa de esclerodermia, e a borda não é nítida nem perolada; a superfície é lisa e brilhante, de cor amarelada; à palpação, sente dureza devido à fibrose. ❖ É uma forma rara, de limites pouco definidos e infiltrativa. ❖ É altamente recidivante. Pigmentada -> trata-se de uma lesão papulosa, globosa ou ulcerada, com grande quantidade de melanina. É mais comum em negros. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Fibroepitelial ou fibroepitelioma de Pinkus -> caracteriza-se por lesões solitárias ou múltiplas, moles, muitas vezes pedunculadas, localizadas no dorso, lembrando fibromas. Síndrome do nevo basocelular (síndrome de Gorlin-Goltz) -> aparece já na infância, de tumores que, com a idade, aumentam consideravelmente em número e tamanho. Os tumores podem lembrar nevos ou fibromas. Síndrome do nevo basocelular linear unilateral -> caracteriza-se por inúmeros tumores e comedões, em distribuição linear, já presentes ao nascimento. É raríssima. Síndrome de Bazex -> caracteriza-se por atrofodermia folicular já ao nascimento e desenvolvimento de numerosos basaliomas na face, a partir da adolescência. A localização preferencial das cicatrizes é o dorso das mãos e pés. DIAGNÓSTICO É realizado com base na idade adulta do paciente e na morfologia da lesão, que é de crescimento lento, em geral na face e com aspecto perolado. Devemos suspeitar quando qualquer lesão passa a sangrar espontaneamente ou por mínimos traumas, crescimento súbito ou sintomatologia local. ❖ Exame histopatológico é decisivo. ❖ Dermatoscopia -> possibilita identificar critérios específicos para este diagnóstico. CARCINOMA ESPINOCELULAR - CEC Câncer derivado da proliferação descontrolada dos queratinócitos. Originária das células epiteliais do tegumento (pele e mucosa), com certo grau, maior/menor, de diferenciação. São o 2º tipo mais comum de tumores malignos da epiderme externa. Há forte ligação com o aumento na exposição à RUV e com o risco ocupacional de desenvolvimento de CE. FATORES DE RISCO ❖ Exposição à radiação ultravioleta (UV) sem qualquer proteção. ❖ Pessoas expostas a arsênico, alcatrões industriais, carvão e parafina. ❖ Homens são 2x mais propensos que as mulheres. ❖ Tabagismo e etilismo. ❖ Fator genético. ❖ Imunossupressão adquirida. ❖ Inflamação crônica da pele. ❖ Infecção pelo papilomavírus (HPV). ❖ Medicamentos. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA FISIOPATOLOGIA A etiopatogenia do CEC relaciona-se de maneira direta com exposição solar e é o mais frequente dos tumores relacionados com a imunossupressão. Algumas síndromes genéticas estão associadas ao seu aparecimento, tais como xeroderma pigmentoso, albinismo oculocutâneo, epidermodisplasia verruciforme. Também é chamado de carcinoma epidermóide, é tumor maligno, constituído por proliferação atípica de células espinhosas, de caráter invasor, capaz de originar metástases. Fatores imunológicos também são considerados na gênese do CEC por sua ocorrência maior em indivíduos cronicamente imunodeprimidos. CEC ocorre particularmente no xeroderma pigmentoso -> genodermatose em que há um defeito na reparação do DNA. Ocasionalmente, depressões imunológicas associam-se a fatores virais que também participam na gênese desse tumor (ex.: HPV), especialmente importantes nos carcinomas genitais, que envolvem particularmente os HPV 6 e 11, mas também o HPV 16. É considerado um câncer de pele “clássico” por apresentar uma lesão precursora (ex.: ceratose actínica), que pode progredir para um carcinoma invasivo com potencial de metástase. Origina-se da camada escamosa da epiderme e tem na mutação genética sua principal base molecular. Quando o CEC é diagnosticado na fase inicial do tumor, e tratado adequadamente, a cura é possível. Contudo, são tumores que podem recidivar, ser localmente destrutivos e até irresecáveis, causando metástases (disseminação do tumor para outros órgãos) e levar a óbito. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As localizações mais comuns são lábio inferior, orelhas, face, couro cabeludo, dorso das mãos, mucosa bucal e genitália externa. Assim como ocorre com o CBC, os pacientes queixam-se de uma lesão verrucosa ou de uma lesão do tipo espinha em área de pele exposta ao sol, com crescimento lento e episódios de sangramento e sensibilidade. Na pele, há, inicialmente, área queratósica infiltrada e dura ou nódulo. A lesão aumenta gradualmente e ulcera-se. Na evolução, pode adquirir aspecto de ulceração com infiltração na borda ou tornar-se vegetante ou córnea. Na mucosa, pode iniciar-se em placa de leucoplasia, por área de infiltração ou lesão vegetante. No lábio inferior, ocorre em área de leucoplasia que se infiltra ou é lesão nodular ou nódulo-ulcerada ou ulcerovegetante. ❖ Irritações crônicas pelo fumo, dentes defeituosos e aparelhos de próteses representam importante papel na gênese do quadro. Variante particular do CEC é o carcinoma verrucoso, de evolução lenta e aspecto anatomopatológico relativamente benigno, difícil de diferenciar-se de hiperplasias pseudoepiteliomatosas, exigindo, às vezes, várias biópsias para esclarecimento diagnóstico definitivo. ❖ Paralelamente ao comportamentohistopatológico relativamente benigno, o carcinoma verrucoso tem também comportamento biológico menos agressivo, sendo as metástases mais raras. DIAGNÓSTICO A diagnose deve sempre envolver a confirmação histopatológica. O diagnóstico do CEC é através de biopsia. A histopatologia de CEC in situ mostra queratinócitos anormais presentes em toda a espessura do epitélio. Essas lesões podem ter uma aparência celular mais fusiforme com alto risco de metástases e de recorrência local. MELANOMA O melanoma maligno é o câncer dos melanócitos. O melanoma origina-se dos melanócitos da epiderme, células pigmentadas e dendríticas localizadas na camada basal. É mais raro, mas é o tumor maligno mais agressivo da pele, já que possui alto poder metastático, podendo atingir cérebro, ossos, pulmão e vários outros órgãos. FATORES DE RISCO Os fatores de risco por toda a vida incluem: ❖ Genótipos com risco agregado específico (ex.: CDKN2A). ❖ Síndrome dos nevos atípicos (especialmente quando 2 familiares próximos têm história de melanoma). ❖ História familiar de melanoma em parentes de 1º grau, antecedente pessoal de melanoma. ❖ Idade avançada, profissão com atuação ao ar livre ou na aviação. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Pele clara. ❖ História de queimadura solar com bolhas. ❖ História de bronzeamento artificial. ❖ As queimaduras de sol graves e com bolhas no início da infância e as exposições solares intermitentes intensas contribuem para o aumento na suscetibilidade ao melanoma em adultos jovens e de meia-idade. Em sua maioria, os melanomas surgem como lesões primárias, embora alguns autores afirmem que até 30% ocorrem a partir de nevos preexistentes. A genética do melanoma é complexa, mas determinados oncogenes tornaram-se importantes em razão de sua frequência e das implicações terapêuticas da terapia-alvo (ex.: vemurafenibe, para mutação BRAF). Outras mutações além de BRAF (mais comum em melanoma extensivo superficial) são KIT (mais comum em melanoma lentigo maligno e melanoma lentiginoso acral), NRAS e CDKN2A (mutação específica mais comum no melanoma familiar). ❖ Cerca de 20-40% dos casos de melanoma familiar estão associados à mutação em CDKN2A. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O melanoma pode ocorrer em qualquer superfície cutânea, independentemente da exposição solar. As localizações mais comuns nos homens são tronco (55%), especialmente na parte superior do dorso, seguido pelas pernas, braços e face. Nas mulheres, as localizações mais comuns são as pernas (42%), seguidas pelo tronco, braços e face. Os melanomas malignos se diferenciam em tamanho e forma. Em geral, são ligeiramente elevados e pretos/marrons. As bordas são irregulares e as superfícies são desiguais -> a maior parte parece surgir a partir de nevos preexistentes ou novos crescimentos semelhantes a pintas. Pode haver eritema circundante, inflamação e dor à palpação. Periodicamente, ulceram e sangram. Os melanomas escuros muitas vezes são manchados com tons de vermelho, azul e brancos, cores que representam 3 processos simultâneos: ❖ Melanoma em crescimento (azul). ❖ Inflamação e tentativa do corpo de localizar e destruir o tumor (vermelho). ❖ Formação de tecido cicatricial (branco). Existem 4 tipos de melanomas: Melanoma extensivo superficial -> caracterizado por um nevo de bordas elevadas com crescimento lateral. Tem aspecto desordenado na cor e no contorno. Tende a apresentar crescimento bifásico, horizontal e verticalmente. Em geral, ulcera e sangra com o crescimento. Melanomas nodulares -> respondem por 15% dos melanomas, são lesões em forma de cúpula que podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas aprecem mais frequentemente no tórax, na cabeça e no pescoço. Comumente, têm coloração azul-preta, uniforme, e tendem a parecer com bolhas de sangue. ❖ Melanomas nodulares invadem a derme rapidamente desde o início, sem fase de crescimento horizontal aparente. Lentigo maligno -> representa 4-15% de todos os melanomas invasivos. Corresponde a nevos planos de crescimento lento que ocorrem principalmente em áreas expostas ao sol em idosos. Se não tratado, tende a apresentar crescimento horizontal e radial por muitos anos antes que invada a derme, tornando-se o melanoma lentigo maligno. Melanoma acrolentiginoso -> responde por 2% dos melanomas. Ocorre principalmente nas palmas das mãos, plantas dos pés, unhas e mucosas. Tem o pior prognóstico de todos os melanomas, mas não é encontrado com frequência. Seu aspecto é semelhante ao do lentigo maligno. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA DIAGNÓSTICO Autoexame regular da superfície total da pele em frente a um espelho bem iluminado representa um método para a detecção precoce. Isso exige que a pessoa se dispa completamente e examine todas as áreas do corpo usando um espelho de corpo inteiro, espelho de mão e secador de cabelo portátil (examinar couro cabeludo). ❖ As pessoas devem ser orientadas a observar essas mudanças nos nevos já existentes ou o desenvolvimento de nevos novos, bem como outras alterações, como sangramento ou prurido. Foi desenvolvida a regra ABCDE para ajudar no diagnóstico precoce e tratamento oportuno do melanoma maligno -> trata-se de um acrônimo que representa: ❖ A -> assimetria (uma metade do sinal é diferente da outra). ❖ B -> irregularidade da borda (contorno mal definido). ❖ C -> alteração na cor (presença de várias cores em uma mesma lesão). ❖ D -> diâmetro > 6mm (do tamanho da borracha de um lápis). ❖ E -> evolução (mudanças observadas em suas características – tamanho, forma ou cor). O diagnóstico de melanoma se baseia nos achados da biópsia de uma lesão. Atualmente, a dermatoscopia é uma ferramenta fundamental no diagnóstico precoce, que torna possível identificar, de imediato, a origem celular da lesão e, no caso de lesão melanocítica, se é benigna ou maligna, a não ser nos casos limítrofes, o que é frequente. ❖ Dermatoscopia precisa ser complementada com o exame histopatológico (biópsia), que além de confirmar o diagnóstico, apontará a indicação precisa do tratamento. ❖ A biópsia deve incluir a parte mais elevada da lesão e a mais pigmentada nas panas. Imuno-histoquímica -> é um método de extrema valia na identificação da natureza da linhagem celular da lesão. São dois os marcadores mais utilizados: a proteína S100 e o HMB45. ❖ HMB-45 -> é específico para lesões melanocíticas, porém é negativo em melanomas desmoplásicos. ❖ Proteína S100 -> é positiva em melanomas desmoplásicos. Esta, por sua vez, também é positiva para células de Langerhans, nervos, células de Schwann, condrócitos, glândulas é crinas, apócrinas, bem como nos respectivos tumores. ! Infelizmente esses marcadores não tornam possível diferenciar se a lesão melanocítica é maligna ou benigna. Reação de transcriptase reversa associada à reação em cadeia da polimerase (RT- PCR) -> detecção de micrometástases no linfonodo sentinela, demonstrando maior sensibilidade em relação às análises imunohistoquímicas (S100 e HMB-45) e histopatológicas (HE). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA
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