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Direito Constitucional e Direitos Humanos APRESENTAÇÃO Professora Mestra Jaqueline da Silva Paulichi ● Doutoranda em Ciências Jurídicas- Direitos da Personalidade pela Unicesumar-Maringá. ● Mestra em Ciências Jurídicas- Direitos da Personalidade pela Unicesumar- Maringá. ● Bacharela em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Maringá- PR ● Especialista em Direito Civil e Processual Civil Pela Unicesumar. ● Especialista em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná. ● Especialista em Direito Tributário e Direito Público pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, UNIDERP ● Especialista em docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas pela Unicesumar ● Pós Graduanda em Direito Digital. ● Professora de Direito. ● Advogada. Ampla experiência como professora no curso de direito, e de cursos à distância, advogada desde 2011, atuando principalmente na área do direito privado. Olá, Caro Estudante, tudo bem? Vamos estudar nessas quatro unidades alguns pontos introdutórios do Direito Constitucional e de Direitos humanos, que são essenciais para a compreensão da teoria das constituições, sua classificação e a principiologia utilizada. Vamos analisar na primeira apostila acerca das noções introdutórias do que vem a ser o constitucionalismo, seus desdobramentos e as teorias que buscam explicar o que se entende por constituição e constitucionalismo. Estudaremos também sobre o princípio da dignidade na pessoa humana, suas várias acepções, e a discussão que gira em torno do tema. Na segunda apostila vamos estudar sobre as normas constitucionais e sua eficácia, analisando a teoria de José Afonso da Silva, além da hermenêutica constitucional, sua conceituação e abrangência, bem como as formas de resolução quando há colisão de princípios fundamentais. Na unidade III iremos abordar sobre os princípios fundamentais previstos na Constituição Federal, bem como os seus objetivos fundamentais, analisando os artigos 1º, 2º e 3º do texto constitucional. Logo após, vamos estudar sobre a teoria das dimensões dos direitos fundamentais e a sua relevância para a disciplina, demonstrando a divisão doutrinária acerca do tema. Finalizando a unidade iremos abordar sobre a classificação dos direitos fundamentais. Na unidade IV, finalizando nossos estudos, o tema proposto será o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, além dos conceitos essenciais atrelados aos direitos humanos. Logo após, o tema proposto será a positivação dos direitos humanos na Constituição Federal, finalizando com a análise e compreensão de alguns pontos primordiais da Declaração Universal dos Direitos Humanos e tratados internacionais. UNIDADE I DAS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL Professora Mestre Jaqueline da Silva Paulichi Plano de Estudo: ● Conceitos fundamentais atrelados ao direito constitucional; ● Campos de estudo das características essenciais da Constituição Federal; ● Conceituação e discussão sobre as caraterísticas essenciais da Constituição Federal; ● Fontes do direito constitucional. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar o que é o direito constitucional, bem como discutir sobre os diferentes conceitos e campos de estudo; ● Compreender as características essenciais da constituição e qual a sua importância; ● Analisar as fontes da disciplina. INTRODUÇÃO Olá, caro estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar acerca das noções introdutórias de direito constitucional. Vamos começar analisando os conceitos e os sentidos de constituição, para que você entenda, ao final, qual o sentido que mais se coaduna com a nossa realidade brasileira. Note-se que todos os sentidos de constituição podem ser aplicados à nossa Constituição Federal, mas tudo vai depender de qual aspecto você está analisando. Posteriormente iremos estudar acerca do princípio da dignidade da pessoa humana, que é tão importante para a compreensão do status atual do ser humano em nossa legislação brasileira. Esse conceito vem evoluindo com o decorrer dos tempos e da sociedade, sendo de extrema relevância para o estudo do direito e deveres de todos os seres humanos. Logo após iniciaremos o estudo das características da constituição brasileira, ou ainda, a sua classificação conforme a doutrina. E por fim, iremos analisar acerca das fontes do direito constitucional, analisando alguns julgados de extrema importância para a nossa sociedade. Bom estudo! DAS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ATRELADOS AO DIREITO CONSTITUCIONAL; Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel- open-book-stack-1664408161 O direito constitucional possui inúmeros conceitos ou concepções. Nesse sentido, passa-se a analisar os conceitos de Constituição em seus inúmeros sentidos. Lembre- se que não existe conceito certo ou errado, e sim, o mais adequado. 1.1 Acepções do Conceito de “Constituição”. Ferdinand Lassalle traz o conceito no sentido sociológico. Dessa forma, uma Constituição só seria legítima se o poder social estivesse representado, e as forças sociais que constituem o poder estivessem refletidas. Caso isso não ocorresse, a constituição não teria poder ou valor, sendo apenas uma folha de papel. O autor conceitua nos seguintes termos: Constituição é a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade. Carl Schimitt traz o sentido político, e diferencia “Constituição” de “lei constitucional”. Neste sentido, Constituição seria a organização política fundamental de um Estado, como a estrutura e órgãos , vida democrática e etc.. Já, as leis constitucionais são as demais normas inseridas no texto constitucional, como o reconhecimento e garantia de alguns direitos. Em terceiro sentido a ser analisado, a Constituição também pode ser definida tomando-se o sentido material e formal, sendo este critério bem próximo da classificação trazida por Carl Schimitt. Pelo sentido material deve ser analisada a Constituição pelo seu conteúdo, não importando a forma com que essa norma foi introduzida no ordenamento jurídico. Assim, considera-se como constitucional toda a norma que trate de regras estruturais da sociedade, como exemplo cite-se: as formas de Estado, governo, órgãos, divisão dos poderes. Por este critério é possível afirmar que existem normas constitucionais fora do https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel-open-book-stack-1664408161 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel-open-book-stack-1664408161 texto da constituição, pois o mais importante é o conteúdo da norma, e não a sua forma de elaboração. No sentido formal, ou lei constitucional, conforme classificação de Schmitt, as normas constitucionais dependem de sua formalidade para ingresso no ordenamento jurídico. Assim, entende-se como norma constitucional aquela que segue os trâmites formais de elaboração, que por sua vez é mais demorado e burocrático. Como exemplo, podemos citar o art. 242 parágrafo 2º da Constituição Federal de 19881, que por sua vez dispõe que o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Note-se que o conteúdo da norma não se trata de tema constitucional, porém, pela norma estar inserida no Texto Constitucional – na Constituição Federal-, por ter seguido os rigores para sua elaboração, ela é considerada como constitucional pelo sentido formal. Hans Kelsen nos traz outro sentido do conceito de constituição, denominado de “Sentido Jurídico”. De acordo com este conceito (ou sentido) a Constituição está alocada no mundo do “Dever-ser” e não no mundo do “ser”. Nesse sentido, a constituição é fruto da vontade racional do homem, e não das leisnaturais. José Afonso da Silva explica o sentido jurídico ensinado por Kelsen nos seguintes termos: “... Constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico- positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau”.2 Pedro Lenza ensina ainda que no direito brasileiro há um escalonamento das normas, em que uma constitui e dá fundamento para a criação de outra norma, constituindo-se assim a verticalidade hierárquica. 1 BRASIL. Constituição Federal de 1988. 2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 41 A Constituição Federal de 1988 possui “o seu fundamento de validade na norma hipotética fundamental, está, o fundamento de validade de todo o sistema. Trata-se de norma suposta, e não posta, uma vez que não editada por nenhum ato de autoridade. Figura, como referimos, no plano lógico-jurídico, prescrevendo a observância do estabelecido na Constituição e nas demais normas jurídicas do sistema, estas últimas fundamentadas na própria Constituição. A norma fundamental, hipoteticamente suposta, prescreve a observância da primeira Constituição histórica”3 Pelo sentido culturalista a constituição decorre de fato cultural, criado pela sociedade que, por sua vez, também pode nela interferir. Assim a constituição seria a tradução dos ideais da sociedade, uma formação objetiva de cultura, decorrente de fatores reais, como a natureza humana, necessidades da sociedade e das pessoas, costumes, e etc.; além de elementos espirituais, como a religião, sentimentos, ideais políticos; e elementos racionais, como as técnicas jurídicas, formas políticas, instituições e etc. Pedro Lenza, citando o professor J. H. Meirelles Teixeira, nos traz a explicação sobre a concepção culturalista que “...conduz ao conceito de uma Constituição Total em uma visão suprema e sintética que “... apresenta, na sua complexidade intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária”. Desse modo, sob o conceito culturalista de Constituição, “... as Constituições positivas são um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela Cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”4 Ainda na discussão sobre as diferentes acepções e sentidos de “constituição”, tem-se a ideia de uma Constituição aberta, o que invoca o sentido de que ela tenha abertura para que permaneça condizente com a nossa época histórica e social, evitando- se o risco de desmoronamento de sua força normativa. 1.2 Concepções da Constituição. 3 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 83 4 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 85. APUD. Teixeira, J.H> Meirelles. Curso de direito constitucional, p. 58-59. Neste capítulo vamos estudar acerca do papel da constituição no ordenamento jurídico, ou seja, qual a sua função no ordenamento jurídico de um país, qual a sua relação com a atividade do legislador ( a de criar as leis). Isso é importante para que você entenda qual a ordem de hierarquia da constituição em um país, e se ela se encaixa como lei, como ato legislativo, como carta magna e etc. Assim, vamos analisar o papel da constituição ou de sua função, dividindo-a em quatro itens: a constituição – lei, a constituição – fundamento, a constituição – moldura e a constituição dúctil ou maleável. Pela concepção de constituição-lei a constituição não está acima do poder legislativo. Ou seja, ela tem a mesma hierarquia de uma lei ordinária. Note-se que ela concepção de constituição não é mais viável em uma democracia, eis que precisamos de um fundamento maior para se buscar a validade de nossas leis. Pedro Lenza nos ensina acerca desta concepção nos seguintes termos: “Nesse sentido, a Constituição é, na verdade, uma lei como qualquer outra. Os dispositivos constitucionais, especialmente os direitos fundamentais, teriam uma função meramente indicativa, pois apenas indicariam ao legislador um possível caminho, que ele não precisaria necessariamente seguir.” Esse modelo, certamente, permite a justificação da tese acerca da supremacia do parlamento, mitigada, contudo, em tempos mais recentes, como pode ser observado, para se ter um exemplo, na Inglaterra a partir da entrada em vigor do Human Rights Act”.5 Na concepção de constituição fundamento, ou constituição total, existe a onipresença da constituição, e assim, a área reservada ao legislador, aos cidadãos e etc., é muito pequena. Consequentemente, esses atos passam a ser encarados como instrumentos de realização da constituição. A constituição seria a lei fundamental de toda a vida social, e todas as ações humanas seriam reguladas pela constituição. Pela concepção de constituição-moldura, ou constituição-quadro, que é uma proposta intermediária entre a constituição-lei e a constituição – fundamento, a Constituição serve como limite à atuação do legislador. 5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2017. p. 86 Virgílio Afonso da Silva explica sobre o tema: “a metáfora da moldura, no campo da teoria constitucional, é usada para designar uma Constituição que apenas sirva de limites para a atividade legislativa. Ela é apenas uma moldura, sem tela, sem preenchimento. À jurisdição constitucional cabe apenas a tarefa de controlar se o legislador age dentro da moldura. Como o legislador age no interior desses limites é uma questão de oportunidade política. Segundo Starck, entender a Constituição como moldura significa sustentar que nem tudo está predefinido pela Constituição e que inúmeras questões substanciais estão sujeitas à simples decisão da maioria parlamentar no processo legislativo ordinário. Definir a ‘largura’ da moldura, que funcionará como simples limitação ao poder estatal, é a tarefa da interpretação constitucional. Mas essa seria sua única tarefa. Todo o resto é questão de oportunidade política”.6 Por fim, a Constituição dúctil (Constituição maleável, suave) (“Costituzione mite” — Gustavo Zagrebelsky), é constituição que necessita acompanhar a evolução da sociedade, deixando assim de ser o centro do ordenamento e passando então a refletir sobre o pluralismo social, político e econômico. Dessa maneira, cabe a constituição apenas assegurar as condições possibilitadoras de uma vida em comum. 6 Virgílio Afonso da Silva, A constitucionalização do direito: os direitos fundamentais nas relações entre particulares. Malheiros. São Paulo: 2011. p. 116 2 DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. A dignidade humana está prevista no art. 1º , inc. III da nossa Constituição Federal de 1988 e se classifica como um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil. No entanto, a sua discussão e importância é muito mais antiga, ante a sua relevância para se tutelar os direitos e garantias básicos dos cidadãos. Certo é que não existe apenas um conceito que se enquadre perfeitamente no sentido mais profundo e axiológico do termo “dignidade”. Por este motivo é que o estudo quanto à valoração e aplicação deste princípio é tão apaixonante pelo estudioso do direito. Paulichi e Moraes, em estudo sobre o tema: “A dignidade da pessoa humana nasceu na filosofiae tem a sua raiz na ética e na moral. Porém, em primeiro lugar, a dignidade humana é um valor, sendo que, após a segunda guerra mundial, o conceito de dignidade humana passou a ser incorporado ao discurso político dos países que venceram o conflito, tornando-se uma meta política e objetivo a ser alcançado. A dignidade tem dupla dimensão, sendo uma interna, expressada no valor intrínseco de cada indivíduo, e uma externa que representa seus direitos. A primeira dimensão pode sofrer violações, já a segunda não pode. A proteção da dignidade da pessoa humana, em um primeiro momento, foi dada aos poderes executivo e legislativo. Posteriormente, migrou para o meio jurídico, eis que a dignidade humana foi consagrada em diversos documentos oficiais. No entanto, a importância dada a esse conceito deu-se após a segunda guerra mundial, pois foi consequência de uma mudança fundamental no pensamento jurídico.” 7 7 PAULICHI, Jaqueline da Silva. MORAES, Carlos Alexandre de. A DIGNIDADE HUMANA EM KANT E O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA EM BIODIREITO. Conpedi- João Pessoa/PB. 2014. http://conpedi.danilolr.info/publicacoes/c178h0tg/x552ze4o/mlC99HW58Wq6N7iQ.pdf. Em alguns conceitos garimpados pelas doutrinas que tratam do assunto, pode-se definir a dignidade da pessoa humana: Para Maria Celina Bodin de Moraes: “é uma questão que, ao longo da história, tem atormentado filósofos, teólogos, sociólogos de todos os matizes, das mais diversas perspectivas, ideológicas e metodológicas. A temática tornou-se, a partir de sua inserção nas longas Constituições, merecedora da atenção privilegiada do jurista que tem, também ele, grande dificuldade em dar substância a um conceito que, por sua polissemia e o atual uso indiscriminado, tem um conteúdo ainda mais controvertido do que no passado”.8 Para Danilo Fontenele: “o fundamento primeiro e a finalidade última, de toda a atuação estatal e mesmo particular” 9 Chaves Camargo conceitua a dignidade humana da seguinte maneira: “[...] pessoa humana, pela condição natural de ser, com sua inteligência e possibilidade de exercício de sua liberdade, se destaca na natureza e diferencia do ser irracional. Estas características expressam um valor e fazem do homem não mais um mero existir, pois este domínio sobre a própria vida, sua superação, é a raiz da dignidade humana. Assim, toda pessoa humana, pelo simples fato de existir, independentemente de sua situação social, traz na sua superioridade racional a dignidade de todo ser.”10 Elimar Szaniawski explica que “o princípio da dignidade da pessoa humana consiste, pois, no ponto nuclear onde se desdobram todos os direitos fundamentais do 8 MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo normativo – ob. cit., 2003, p. 109. 9 SAMPAIO. Danilo Fontenelle. A Intervenção do Estado na Economia. Apud. SZANIAWSKI. Elimar. Direitos da Personalidade e sua tutela. 10 CAMARGO, A. L. Chaves. Culpabilidade e Reprovação Penal. São Paulo: Sugestões Literárias, 1994. ser humano, vinculando o poder público como um todo, bem como os particulares, pessoa naturais ou jurídicas” 11. Jorge Pinheiro Duarte diz: “decorre que a pessoa deve ser tratada como pessoa, como um fim em si mesmo; que à pessoa deve ser reconhecida autonomia, autodeterminação; que o ser humano não deve ser coisificado, instrumentalizado nem comercializado.”12 Débora Gozzo explica nos seguintes termos: “Chega-se a afirmar que a dignidade da pessoa humana impende, inclusive, do nascer com vida, pois o nascituro, mesmo sem ainda ter nascido, possui a qualidade de humano. O pressuposto da dignidade é a qualidade de humano, não o nascimento com a vida”. 13 Percebe-se que a dignidade da pessoa humana pode ser vista como um princípio, ou ainda como um valor no sistema normativo. Certo é que, a dignidade humana se aplica aos mais diversos conflitos existentes no direito, e diz respeito ao tratamento com o ser humano, em todas as classes sociais, em todas as regiões, religiões, filosofias e políticas, não devendo haver distinção entre as pessoas. A dignidade deve ser vista como valor primordial, núcleo dos direitos da personalidade, dos direitos fundamentais e dos direitos humanos. Para que haja aplicação deste princípio (da dignidade da pessoa humana) basta ser um ser humano. Durante anos o ordenamento jurídico não conferiu o tratamento digno a inúmeros grupos sociais, como os escravos, os negros, as mulheres, as pessoas em situação de rua, índios, deficientes, idosos, dentre outros. Dessa forma, a dignidade serve como valor primordial de uma sociedade, para conferir tratamento digno a todas as pessoas, seja por meio de políticas públicas ou privadas, seja por meio de leis ou ações afirmativas. 11 SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da Personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 12 PINHEIRO. Jorge Duarte. O Direito de Família Contemporâneo. AAFDL: Lisboa. 2013. 13 GOZZO, Débora. Ligeira, Wilson Ricardo (organizadores). Bioética e direitos fundamentais. – São Paulo: Saraiva, 2012.p. 174-175. 3 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Nas características da Constituição Federal de 1988 podemos tratar da sua classificação, conforme a doutrina nos ensina. Ressalte-se que não há apenas um critério a ser analisado, e que a depender da doutrina utilizada, você poderá encontrar inúmeras outras características e classificações. a) Quanto à origem: as Constituições podem ser outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas (ou dualistas). Outorgada é aquela constituição que foi imposta unilateralmente por um governante ou grupo. Promulgada é a constituição elaborada pelo poder constituinte originário, fruto da assembleia nacional constituinte, eleita diretamente pelo povo para atuar em nome dele. Cesarista é a constituição criada por meio de plebiscito para votar acerca de um projeto já criado. Nesse caso, o voto popular serve apenas para confirmar a vontade do detentor do poder. Pactuada: é a constituição elaborada a partir de um pacto de dois ou mais poderes. Nesses casos, o poder constituinte originário se encontra nas mãos de mais de um titular. Porém, esse modelo de constituição não mais se coaduna com a realidade das constituições modernas. A nossa Constituição Federal de 1988 é promulgada. b) Quanto à forma: as constituições podem ser escritas ou costumeiras. As constituições escritas, ou instrumentais, é a ideia de uma constituição organizada, sistematizada por um conjunto de regras, estabelecendo as normas fundamentais de um estado. A constituição costumeira advém de costumes, jurisprudências, e textos normativos, que não traz as regras codificadas em um único documento. É formada por diversos textos, costumes, jurisprudências, dentre outros. A nossa Constituição Federal de 1988 é escrita. c) Quanto à extensão: as constituições podem ser sintéticas ou analíticas. As constituições sintéticas, concisas, breves, sumárias são aquelas mais enxutas, que trazem apenas as normas fundamentais e estruturais de um Estado. As constituições analíticas abordam todos os temas que os representantes do povo – eleitos - entendem como fundamentais. Isso é necessário para que o texto constitucional tenha, além de normas estruturantes, o reconhecimento e garantia de diversos direitos fundamentais aos seus cidadãos. A nossa Constituição Federal de 1988 é analítica. d) Quanto ao conteúdo: as constituições podem ser materiais ou formais. A constituição material é aquela que possui as normas de organização e estruturação de um Estado, os direitos e garantias individuais. Formal é a constituição que traz os critérios de seu processo de formação, e não apenas o conteúdo de suas normas. Dessa maneira, qualquer norma inserida na constituição que respeite as formalidades será entendida como constitucional.A nossa Constituição Federal de 1988 é formal. e) Quanto ao modo de elaboração: as constituições podem ser dogmáticas ou históricas. As constituições dogmáticas são escritas e trazem os dogmas estruturais e fundamentais de um Estado, com teorias preconcebidas. As constituições históricas são aquelas formadas através do processo histórico, com as tradições de um povo. A nossa Constituição Federal de 1988 é dogmática. f) Quanto à alterabilidade: podem ser rígidas, flexíveis ou semirrígidas. Rígida é a constituição que exige, para sua alteração, um processo legislativo rigoroso, solene, dificultoso e burocrático, se comparado com as normas não constitucionais. A exemplo dessa rigidez constitucional, cite-se o art. 60 parágrafo 2º da CF/88, que estabelece o quórum de votação de 3/5 dos membros de cada casa, em dois turnos de votação, para aprovação de emendas constitucionais. As constituições flexíveis são aquelas que não possuem processo legislativo rigoroso. Ou seja, a sua dificuldade é a mesma para se alterar uma lei ordinária. A Constituição semirrígida ou semiflexível (outro nome dado pela doutrina) são aquelas tanto rígidas quanto flexíveis, pois algumas matérias exigem maior grau de complexidade para sua alteração, enquanto outras não necessitam de um processo legislativo tão demorado e detalhado. A nossa Constituição Federal de 1988 é rígida. g) Quanto a sistemática: a constituição pode ser reduzida/codificada ou variada. A constituição reduzida são as que se materializam em um só código, como a brasileira. A constituição variada são aquelas que se distribuem em diversos textos normativos. A nossa Constituição Federal de 1988 é reduzida/ codificada. 4 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL O direito constitucional possui fontes imediatas e mediatas. A fonte imediata é a própria Constituição Federal de 1988, que busca seu fundamento na própria lei. Seria essa a auto referência. Quanto às fontes mediatas, temos a jurisprudência e a doutrina que tratam do tema de direito constitucional. Cite-se por exemplo as jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, as suas súmulas e súmulas vinculantes, que criam norteadores interpretativos para diversos casos constitucionais. A jurisprudência do STF é de extrema relevância para o reconhecimento de direitos e para a constatação da evolução da sociedade. Nos exemplos citados abaixo você poderá ver a mudança de entendimentos sobre temas polêmicos para a sociedade e para o ordenamento jurídico. A restrição de doação de sangue pela comunidade LGBTQ+, por muito tempo pessoas da comunidade LGBTQ+ foram impedidas de doar sangue. Assim, após anos de restrição o STF julgou o caso em 2020, decidindo pela aplicação do princípio da igualdade e a vedação a discriminação a comunidade LGBTQ+: Restrição de doação de sangue a grupos e não condutas de risco. Discriminação por orientação sexual. (...) O estabelecimento de grupos – e não de condutas – de risco incorre em discriminação e viola a dignidade humana e o direito à igualdade, pois lança mão de uma interpretação consequencialista desmedida que concebe especialmente que homens homossexuais ou bissexuais são, apenas em razão da orientação sexual que vivenciam, possíveis vetores de transmissão de variadas enfermidades. Orientação sexual não contamina ninguém, condutas de risco sim. O princípio da dignidade da pessoa humana busca proteger de forma integral o sujeito na qualidade de pessoa vivente em sua existência concreta. A restrição à doação de sangue por homossexuais afronta a sua autonomia privada, pois se impede que elas exerçam plenamente suas escolhas de vida, com quem se relacionar, com que frequência, ainda que de maneira sexualmente segura e saudável; e a sua autonomia pública, pois se veda a possibilidade de auxiliarem àqueles que necessitam, por qualquer razão, de transfusão de sangue. (...) Não se pode tratar os homens que fazem sexo com outros homens e/ou suas parceiras como sujeitos perigosos, inferiores, restringido deles a possibilidade de serem como são, de serem solidários, de participarem de sua comunidade política. Não se pode deixar de reconhecê-los como membros e partícipes de sua própria comunidade.14 Alteração do nome do transgênero. Durante anos a pessoa trans se viu obrigada a utilizar o nome registrado em sua certidão para fins civis, e a alteração do nome civil, sem a realização de cirurgia de redesignação sexual, era impossibilitada. Em 2020 o STF decidiu pela possibilidade de alteração do nome do transgênero no próprio cartório de registro de pessoas, não necessitando de ação judicial para tanto. Leia abaixo a decisão de 2018 do STF: O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. (...) Qualquer tratamento jurídico discriminatório sem justificativa constitucional razoável e proporcional importa em limitação à liberdade do indivíduo e ao reconhecimento de seus direitos como ser humano e como cidadão.15 Sobre os motoristas de aplicativo, em que houve diversas discussões e 14 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADI 5.543, rel. min. Edson Fachin, j. 11-5-2020, P, DJE de 26-8-2020.] 15 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761.] http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753608126 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4192182 manifestações país afora no sentido de proibir tal trabalho por meio de aplicativo, barateando e facilitando o uso desse tipo de transporte pela população. O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se apenas à regulação proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei Federal 12.587/2012, alterada pela Lei 13.640 de 26 de março de 2018, garantem a operação de serviços remunerados de transporte de passageiros por aplicativos. A liberdade de iniciativa garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira consubstancia cláusula de proteção destacada no ordenamento pátrio como fundamento da República e é característica de seleto grupo das Constituições ao redor do mundo, por isso que não pode ser amesquinhada para afastar ou restringir injustificadamente o controle judicial de atos normativos que afrontem liberdades econômicas básicas. (...) O exercício de atividades econômicas e profissionais por particulares deve ser protegido da coerção arbitrária por parte do Estado, competindo ao Judiciário, à luz do sistema de freios e contrapesos estabelecidos na Constituição brasileira, invalidar atos normativos que estabeleçam restrições desproporcionais à livre iniciativa e à liberdade profissional. (...) A Constituição impõe ao regulador, mesmo na tarefa de ordenação das cidades, a opção pela medida que não exerça restrições injustificáveis às liberdades fundamentais de iniciativa e de exercício profissional (art. 1º, IV, e 170; art. 5º, XIII, CRFB), sendo inequívoco que a necessidade de aperfeiçoar o uso das vias públicas não autoriza a criação de um oligopólio prejudicial a consumidores e potenciaisprestadores de serviço no setor, notadamente quando há alternativas conhecidas para o atingimento da mesma finalidade e à vista de evidências empíricas sobre os benefícios gerados à fluidez do trânsito por aplicativos de transporte, tornando patente que a norma proibitiva nega ‘ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente’, em contrariedade ao mandamento contido no art. 144, § 10, I, da Constituição, incluído pela Emenda Constitucional 82/2014.16 16 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019.] http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=750684777 Sobre a imunização da população pela vacina contra a Covid19: É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.17 Sobre a retirada de conteúdo em plataforma de streaming paga, em razão de parte da população se sentir desagradada. Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira. Por se tratar de conteúdo veiculado em plataforma de transmissão particular, na qual o acesso é voluntário e controlado pelo próprio usuário, é possível optar-se por não assistir ao conteúdo disponibilizado, bem como é viável decidir-se pelo cancelamento da assinatura contratada. Além disso, é de se destacar a importância da liberdade de circulação de ideias e o fato de que deve ser assegurada à sociedade brasileira, na medida do possível, o livre debate sobre todas as temáticas, permitindo-se que cada indivíduo forme suas próprias convicções, a partir de informações que escolha obter.18 17 [ARE 1.267.879, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-12-2020, P,Informativo 1.003, Tema 1.103.] 18 [Rcl 38.782, rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-11-2020, 2ª T, Informativo 998.] http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo1003.htm SAIBA MAIS Sobre a obrigatoriedade da vacina que protege contra a COVID 19, você já deve ter lido na internet sobre a obrigatoriedade, ou não, de que as pessoas tomem a vacina, não é mesmo? Tema de extrema relevância ante a situação da Pandemia que se iniciou no final de 2019 e atingiu o Brasil em Março de 2020. A vacina não pode ser coercitiva, ou seja, não pode o poder público forçar o cidadão brasileiro a se vacinar, caso ele não queira. Por outro lado, o poder público pode impedir a circulação dessas pessoas em aeroportos, terminais rodoviários, posse de cargos públicos, dentre outras situações assemelhadas. Leia mais sobre o tema abaixo: Fonte: COELHO, Gabriela. STF Forma Maioria pela obrigatoriedade da vacina contra Covid-19. CNN Brasil Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2020/12/17/stf-forma-maioria-pela- obrigatoriedade-da-vacina-contra-a-covid-19 #REFLITA # “[...] para que a liberdade e o direito de acesso à informação seja o farol que ilumina e assegura a transparência das ações estatais, indispensável uma crescente participação da sociedade civil, no sentido de uma cidadania proativa. Sem a pressão e mobilização constantes da sociedade civil, as disposições normativas que asseguram ampla informação podem converter-se em "letra morta", e os princípios que as motivam podem ser suplantados por interesses menos democráticos” SARLET, Ingo Wolfgang. DIREITOS FUNDAMENTAIS. Direitos fundamentais e pandemia V — o STF e o acesso à informação. 03.jul.2020.Disponível em https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos- fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao Acesso em 19.maio.2021 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de nossa primeira unidade! Aprendemos sobre os diversos sentidos do termo “Constituição” e suas aplicações na atualidade, e que conforme a evolução da sociedade foi criado uma definição do que seria a Constituição. Perceba-se que não existe apenas uma definição correta de “constituição”, e sim várias concepções, que se comunicam e se complementam. Analisamos também sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, postulado importante para a compreensão dos direitos e garantias fundamentais. A Constituição Federal assegura aos cidadãos a dignidade humana, para que não haja violações aos seus direitos mais básicos. Por fim, analisamos a classificação da constituição e as fontes. https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao LEITURA COMPLEMENTAR Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana na contemporaneidade, sua aplicação e garantia, leia o texto abaixo: https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas- pub/article/view/610 A dignidade humana é aplicada a todas as pessoas, independente de cor, raça, religião, status social, sexo, e etc. Note-se que para algumas pessoas o Estado necessita proporcionar maior proteção, como o caso das mulheres encarceradas. Leia abaixo artigo sobre o tema: https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/5742 https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-pub/article/view/610 https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-pub/article/view/610 https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/5742 LIVRO • Título. O reconhecimento dos novos direitos da personalidade. • Autor. Cleide Aparecida G. R. Fermentão e Zulmar Fachin • Editora. Vivens • Sinopse . O livro é um compilado de artigo científicos que tratam da dignidade da pessoa humana e direitos da personalidade na atualidade. Com artigos que abordam desde a aplicação dos direitos da personalidade e fundamentais para crianças e adolescentes até o reconhecimento de novos direitos a partir da análise do princípio da dignidade da pessoa humana. FILME/VÍDEO • Título. A Lista de Schindler • Ano. 1993 • Sinopse. “O alemão Oskar Schindler viu na mão de obra judia uma solução barata e viável para lucrar com negócios durante a guerra. Com sua forte influência dentro do partido nazista, foi fácil conseguir as autorizações e abrir uma fábrica. O que poderia parecer uma atitude de um homem não muito bondoso, transformou-se em um dos maiores casos de amor à vida da História, pois este alemão abdicou de toda sua fortuna para salvar a vida de mais de mil judeus em plena luta contra o extermínio alemão.” A lista de Schindler é um filme emocionante que te levará até a 2º Guerra Mundial. A relação deste filme com a nossa disciplina é que você irá ver as atrocidades cometidas contra os judeus e outros grupos durante o período da guerra, e poderá compreender a preocupação com a garantia de direitos para as pessoas. A dignidade humana se faz tão importante pois é um meio formal de evitar que as atrocidades cometidas contra as pessoas durante a 2º Guerra Mundial venha a ocorrer novamente. REFERÊNCIAS BARROSO, Luis Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional Contemporâneo; A Construçãode um Conceito Jurídico a Luz da Jurisprudência Mundial. Fórum. Belo Horizonte: 2013. BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019.] BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF.[Rcl 38.782, rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-11-2020, 2ª T, Informativo 998.] BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADI 5.543, rel. min. Edson Fachin, j. 11-5-2020, P, DJE de 26-8-2020.] BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761.] CAMARGO, A. L. Chaves. Culpabilidade e Reprovação Penal. São Paulo: Sugestões Literárias, 1994. GOZZO, Débora. Ligeira, Wilson Ricardo (organizadores). Bioética e direitos fundamentais. – São Paulo: Saraiva, 2012. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 83 MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo normativo – ob. cit., 2003. PAULICHI, Jaqueline da Silva. MORAES, Carlos Alexandre de. A DIGNIDADE HUMANA EM KANT E O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA EM BIODIREITO. Conpedi- João Pessoa/PB. 2014. http://conpedi.danilolr.info/publicacoes/c178h0tg/x552ze4o/mlC99HW58Wq6N7iQ.pdf. PINHEIRO. Jorge Duarte. O Direito de Família Contemporâneo. AAFDL: Lisboa. 2013. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. SARLET, Ingo Wolfgang. DIREITOS FUNDAMENTAIS. Direitos fundamentais e pandemia V — o STF e o acesso à informação. 03.jul.2020.Disponível em https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais- pandemia-stf-acesso-informacao Acesso em 19.maio.2021 https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da Personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. VIRGÍLIO AFONSO DA SILVA, A constitucionalização do direito: os direitos fundamentais nas relações entre particulares. Malheiros. São Paulo: 2011. UNIDADE II DO DIREITO CONSTITUCIONAL Professora Mestre Jaqueline da Silva Paulichi Plano de Estudo: ● Das normas constitucionais; ● Da eficácia das normas constitucionais; ● Da hermenêutica constitucional; ● Dos conflitos de normas constitucionais e formas de resolução. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar os direitos fundamentais e sua relevância, bem como analisar quais são os direitos fundamentais em espécie; ● Compreender as normas constitucionais e sua eficácia, a diferença entre norma de eficácia plena, limitada e contida; ● Analisar a hermenêutica constitucional e os conflitos de direitos fundamentais no ordenamento jurídico e a sua forma de resolução. INTRODUÇÃO Olá, caro estudante, tudo bem? Nesta unidade II nós vamos nos aprofundar mais um pouquinho na matéria, analisando os direitos fundamentais dos cidadãos e a sua aplicação no ordenamento jurídico. No capítulo 2 vamos estudar sobre a eficácia das normas constitucionais, como a norma de eficácia plena, eficácia limitada e a eficácia contida, e entender o porquê da doutrina trazer essa classificação para as normas de direito brasileira. No capítulo 3 vamos estudar sobre a hermenêutica constitucional, entender qual a sua relevância para o estudo da matéria e como aplicá-la no dia-a-dia do aplicador do direito. No último capítulo vamos analisar as formas de resolução dos conflitos de direitos fundamentais e como isso ocorre no dia-a-dia do operador do direito! Bom estudo! Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library- background-law-1723862368 1 DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Conforme estudamos na unidade I o direito constitucional retira seu fundamento no próprio texto da Constituição Federal de 1988 como na doutrina e jurisprudência brasileira. A constituição possui normas que são estruturantes do sistema, como a estrutura e divisão política, do Estado, forma de elaboração e alteração da lei, forma de governo, voto, dentre outras normas estruturantes. Além dessas normas, a nossa Constituição Federal também possui previsão acerca dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, como o reconhecimento dos direitos da família, do planejamento familiar, do desenvolvimento sustentável, da ordem econômica, dentre outros. Assim, as normas constitucionais são todas aquelas que estão inseridas no texto constitucional, seguindo as formalidades legais para tal e com conteúdo materialmente constitucional. Vejamos abaixo algumas normas constitucionais que não fazem parte das normas estruturantes do Estado, mas que estão inseridas no texto constitucional: O art. 225 que trata do meio ambiente:[1] [1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library-background-law-1723862368 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library-background-law-1723862368 =§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusivequanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento) § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2186-16.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2186-16.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm O art. 226 da CF/88 que trata da família e do casamento:[1] [1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (Regulamento) § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Regulamento § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Outras normas podem ser encontradas em nossa Constituição Federal quando se analisar quais são normas essencialmente constitucionais, como aquelas que tratam da estrutura, divisão e organização do Estado, e outras que reconhecem e garantem direitos aos cidadãos. As normas da CF/88 podem possuir eficácia jurídica social e outras apenas a eficácia jurídica. Dessa maneira a eficácia social está relacionada com as hipóteses em que a norma vigente pode ser aplicada diretamente em casos concretos. A eficácia jurídica significa que a norma já possui aptidão para produzir efeitos nas relações http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9278.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9263.htm concretas, mas também produz efeitos ao revogar as normas anteriores que conflitam com ela. 2 DA EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS José Afonso da Silva[1] divide a eficácia das normas constitucionais em três: as normas de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. Passemos a analisar cada uma. [1] SILVA, José Afonso da. Apud. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva, São Paulo:2021. As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que no momento em que são inseridas na Constituição Federal, já passam a produzir efeitos, não necessitando de outra norma (lei) para regulamentá-la ou determinar formas de aplicação do referido direito. Via de regra, essas são as normas que criam novos órgãos, conselhos, realizam a distribuição de competências, ou que realizam a estrutura do governo. Essas normas não necessitam ser integradas por outra norma infraconstitucional. A doutrina norte-americana classifica essas normas como “normas autoaplicáveis” ou self-executing, self-enforcing ou self acting. Exemplo de norma de eficácia plena: Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato é facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. [1] [1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Note-se que o artigo acima colacionado já traz as previsões necessárias acerca dos partidos políticos, não necessitando que outra lei coloque essa garantia em prática. Em segundo lugar temos as normas de eficácia contida. Essas normas possuem aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Nesses casos, a norma poderá ter redução de sua abrangência. Essa restrição ou limitação das normas constitucionais poderá ocorrer por previsões na própria constituição, em leis infraconstitucionais, ou ainda em decorrência dos bons costumes, motivo de ordem pública, paz social e etc. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1 O primeiro exemplo quepodemos analisar é a liberdade. Sabemos que o direito à liberdade se subdivide em diversas outras formas de liberdades. No entanto, em caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio, diversos outros direitos, inclusive os desdobramentos do direito à liberdade, serão restritos ou limitados. Nesses casos estaremos diante de uma norma constitucional de eficácia limitada. Outro exemplo é o art. 5º , inc. XIII da CF/88[1] que prevê o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão. No entanto, para que uma pessoa exerça algumas profissões é necessário terminar o curso de graduação, ou ainda, passar por uma prova de qualificação como ocorre nos cursos de direito e contabilidade. No caso do curso de direito, o estatuto da ordem dos advogados do Brasil prevê que só poderá exercer a função de advogado aquele que obtiver aprovação do exame de ordem. Essa questão já foi debatida inclusive no STF, no qual colaciona-se abaixo trecho da decisão: [...] o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de ofício. No concernente à adequação do exame à finalidade prevista na Constituição — assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento técnico suficiente, de modo a evitar danos à coletividade — aduziu-se que a aprovação do candidato seria elemento a qualificá-lo para o exercício profissional. 1 As normas de aplicabilidade limitada são aquelas em que no momento que entram no texto constitucional não tem a intenção ou a capacidade de produzir todos os seus efeitos, necessitando de norma regulamentadora infraconstitucional para que regulamente tal direito. Essas normas são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. As normas constitucionais de eficácia limitada produzirão mínimos efeitos, como o de vincular o legislador aos seus vetores. Pedro Lenza, ao citar José Afonso da Silva, ressalta que essas normas possuem eficácia jurídica imediata, direta e vinculante, pois: a) estabelecem um dever para o legislador ordinário; b) condicionam a legislação futura, com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem; 1 BRASIL. STF. (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 26.10.2011, Plenário, Inf. 646/STF) c) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça social e revelação dos componentes do bem comum; d) constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas; e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário; f) criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou de desvantagem.2 Divide-se essas normas em dois grupos: as normas de princípio institutivo ou organizativo e as normas de princípio programático. As normas de princípio institutivo ou organizativo possuem esquemas gerais ou iniciais que estruturam as instituições, os órgãos ou as entidades. Cite-se os arts. 33, 88, 90, 113, 121, 131, 146 e outros da Constituição Federal de 1988. As normas declaratórias de princípios programáticos trazem os programas que devem ser implementados pelo Estado, com a finalidade de concretizar os fins sociais. Cite-se os artigos: 6º, 196, 205, 215, dentre outros. Citando novamente o autor Pedro Lenza, este traz algumas normas programáticas que são descritas por José Afonso da Silva: a) art. 7.o, XI (participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei, observando que já existe ato normativo concretizando o direito); b) art. 7.o, XX (proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei); c) art. 7.o, XXVII (proteção em face da automação, na forma da lei); d) art. 173, § 4.o (a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros — vide CADE); e) art. 216, § 3.o; f) art. 218, § 4.3 2 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.242 3 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.243 3 DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL A hermenêutica é o estudo e interpretação das leis. Na Constituição, a interpretação cabe ao exegeta, que irá procurar o real significado dos termos constitucionais. A função do exegeta é de extrema relevância, pois a constituição confere validade às normas infraconstitucionais de um país. O hermeneuta leva em consideração a história, as ideologias, realidades sociais, econômicas e políticas do Estado. A interpretação dos preceitos constitucionais deve levar em consideração todo o sistema, assim, caso houver antinomia de normas, busca-se a solução aparente do conflito pela interpretação sistemática, por meio dos princípios constitucionais. Podem ocorrer as transformações formais, por meio de reformas à constituição, e informais, por meio das mutações constitucionais. As mutações constitucionais não são alterações físicas no texto constitucional, mas sim alterações no sentido interpretativo da norma. O texto permanece inalterado. Pedro Lenza no ensina que: A transformação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra enunciada. O texto permanece inalterado. As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, por meio de processos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucional.4 Nesta mudança de interpretação ocorre a atribuição de novos sentidos ao texto constitucional, adaptando-se à realidade fática, social, econômica e política de um país, ou ainda uma releitura do que se considera ético e justo. Pedro Lenza nos lembra que essa alteração deve possuir lastro democrático, correspondendo a uma demanda social efetiva por parte da sociedade, respaldada pela soberania popular.5 Alguns meios de mutações constitucionais devem ser citados como: - a interpretação judicial e administrativa. Os tribunais superiores estão sempre analisando algum fato social e jurídico a fim de se aplicar a melhor solução ao caso 4 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021. p. 165 5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.167 concreto. Dessa maneira, a jurisprudência confere alterações na interpretação de institutos legais. Exemplo que pode ser citado é o caso da união homoafetiva. Durante anos no país houve dificuldade para que casais homoafetivos tivessem o casamento reconhecido, conferindo direitos aos cônjuges e protegendo a família em caso de morte, com aplicação dos institutos do direito sucessório. Vejamos abaixo a jurisprudência que trata do caso: O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão "família", não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituição designa por "intimidade e vida privada" (inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos quesomente ganha plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da interpretação não reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da CF de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do STF para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. União estável. Normação constitucional referida a homem e mulher, mas apenas para especial proteção desta última. (...) A referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência patriarcal dos costumes brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que, ao utilizar da terminologia "entidade familiar", não pretendeu diferenciá-la da "família". Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado "entidade familiar" como sinônimo perfeito de família. (...). (...) Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do CC/2002, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de "interpretação conforme à Constituição". Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. [ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14- 10-2011.] = RE 687.432 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 18-9-2012, 1ª T, DJE de 2-10-2012 Vide RE 646.721, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 10-5-2017, P, DJE de 11-9-2017, Tema 4986 Sobre a interpretação administrativa, cite-se às mudanças de entendimentos do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, que altera suas resoluções com a finalidade de abranger outras situações jurídicas e se adequar com a realidade. - Atuação do legislador: trata-se de mutação ao texto legislativo por ato do próprio legislador, que por sua vez, procura alterar o sentido já dado a alguma norma constitucional. - Costumes constitucionais: algumas práticas reiteradas ensejaram mudanças no sentido interpretativo da constituição. As mutações e alterações de uma constituição devem respeitar os princípios estruturantes, para que não se configurem como inconstitucionais. Assim, os princípios também são considerados como normas, que conferem a uma constituição maior amplitude e possibilidade de alargamento de conceitos. Os princípios são normas, assim como as regras. Dessa forma, pode-se afirmar que princípios e regras são espécies de normas. Um sistema jurídico não pode ser composto apenas por princípios, eis que isso traria muita flexibilidade do sistema, e não confere segurança jurídica aos cidadãos. Por outro lado, um sistema jurídico também não poderia ser composto apenas por regras, eis que não teríamos assim a possibilidade de interpretações conforme princípios gerais do direito, se configurando como um sistema extremamente rígido. Pedro Lenza ressalta que: [...] a interpretação e a aplicação de princípios e regras dar-se-ão com base nos postulados normativos inespecíficos, quais sejam, a ponderação (atribuindo-se pesos), a concordância prática e a proibição 6 BRASIL. ADI 4.277. ADPF 132. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF. ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-10-2011.A Constituição Federal e o Supremo. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp#visualizar Acesso em 04.abr.2021. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628635 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628633 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2857867 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13579050 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628635 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628633 de excesso (garantindo a manutenção de um mínimo de eficácia dos direitos fundamentais), e específicos, destacando-se o postulado da igualdade, o da razoabilidade e o da proporcionalidade.7 Assim, a hermenêutica trata do estudo e da interpretação das leis e normas constitucionais. Temos no ordenamento jurídico brasileiro diversas formas de interpretação das normas jurídicas. Os princípios e as regras previstas no ordenamento conferem um norte a ser seguido pelo intérprete em caso de dúvidas quanto a sua aplicação. 4. DOS CONFLITOS DE NORMAS CONSTITUCIONAIS E FORMAS DE RESOLUÇÃO. Em algumas situações pode ser que o exegeta se depare com normas de mesmo valor normativo, mesmo grau hierárquico e de especialidade que tutelam um determinado caso em concreto, mas que são contraditórias. São os casos que tratam, por exemplo, de direitos fundamentais, em que as normas que colidem são consideradas como direitos fundamentais e que se contradizem. O exemplo clássico é o caso do conflito entre o direito à informação e o direito à privacidade (que além de se caracterizar como direito fundamental é também direito da personalidade). Note-se que as regras são mais específicas que os princípios, possuindo assim características para que haja a sua aplicação. Diante do conflito de regras, apenas uma deverá prevalecer, se utilizando da ideia do “tudo ou nada”. A regra só não será aplicada se o fato que a contempla for considerado como inválido, ou se existir outra norma mais específica, ou se ainda não estiver em vigor. Nesses casos utilizaremos os critérios hierárquico, da especialidade ou o cronológico. No caso de colisão de princípios, estamos diante de um conflito de valores e interpretações sobre preceitos normativos mais abstratos. Neste caso, a técnica utilizada será a da ponderação ou balanceamento, sendo os princípios valorativos ou finalísticos. Os princípios são mandamentos ou mandados de otimização, nas palavras de Robert Alexy: 7 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.169 normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras colidentes.8 A ponderação deverá ser aplicada como meio de se resolver conflitos de normas constitucionais que abarquem direitos fundamentais ou princípios. Em caso de conflito de regras, utilizar-se-á os critérios de solução de antinomias, como o critério da especialidade, o critério da hierarquia ou o critério cronológico. A ponderação será aplicada através da interpretação da norma, analisando seus valores, seu sentido, o caso concreto e todo o sistema jurídico. Pondera-se valores, fundamentos, direitos e deveres, para se chegar a uma resposta justa. Não existe fórmula mágica ou respostapré-fabricada a todos os questionamentos jurídicos. O operador do direito terá que analisar o caso concreto e verificar qual direito deve sobressair. Esse é o uso da técnica da ponderação. Vejamos um caso concreto para melhor compreensão: O veículo de comunicação exime-se de culpa quando busca fontes fidedignas, quando exerce atividade investigativa, ouve as diversas partes interessadas e afasta quaisquer dúvidas sérias quanto à veracidade do que divulgará.” “A reportagem da recorrente indicou o recorrido como suspeito de integrar organização criminosa. Para sustentar tal afirmação, trouxe ao ar elementos importantes, como o depoimento de fontes fidedignas, a saber: (i) a prova testemunhal de quem foi à autoridade policial formalizar notícia crime; (ii) a opinião de um Procurador da República. O repórter fez-se passar por agente interessado nos benefícios da atividade ilícita, obtendo gravações que efetivamente demonstravam a existência”[...] “de engenho fraudatório. Houve busca e apreensão em empresa do recorrido e daí infere-se que, aos olhos da autoridade judicial que determinou tal medida, havia fumaça do bom direito a justificá-la. Ademais, a reportagem procurou ouvir o recorrido, levando ao ar a palavra de seu advogado. Não se tratava, 8 R. Alexy, Teoria dos direitos fundamentais, p. 90-91 (trad. de Virgílio Afonso da Silva) (grifamos). Cf., também, sobre a distinção entre regras e princípios, L. V. A. da Silva, Princípios e regras: mitos e equívocos acerca de uma distinção, Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais, p. 607-630 APUD. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo. Saraiva: 2021. p.170 portanto, de um mexerico, fofoca ou boato que, negligentemente, se divulgava em cadeia nacional.”9 Anderson Schreiber explica acerca da decisão acima colacionada nos seguintes termos: Paradigmático exemplo de aplicação da técnica de ponderação entre o direito à honra e a liberdade de informação, o citado acórdão aponta, com clareza, os critérios que devem ser observados na solução de conflitos decorrentes de divulgação de suspeitas de prática criminosa: (i) destaque para a qualificação do retratado como mero suspeito ou acusado; (ii) consulta a fontes fidedignas; (iii) apresentação dos indícios recolhidos; e (iv) oitiva do suspeito e do seu advogado. Observados esses parâmetros, a posterior frustração da ação penal ou mesmo a constatação da inocência do acusado não podem resultar em responsabilidade da entidade jornalística, que se limita a dar notícia da suspeita ou acusação à época existente. Foi o que concluiu, naquela mesma ocasião, o Superior Tribunal de Justiça: “A suspeita que recaía sobre o recorrido, por mais dolorosa que lhe seja, de fato, existia e era, à época, fidedigna. Se hoje já não pesam sobre o recorrido essas suspeitas, isso não faz com que o passado se altere. Pensar de modo contrário seria impor indenização a todo veículo de imprensa que divulgue investigação ou ação penal que, ao final, se mostre improcedente.” É recomendável, todavia, que a entidade jornalística, que considerou a suspeita relevante o bastante para publicá-la, tenha o cuidado de noticiar também a eventual absolvição em processo criminal ou arquivamento do inquérito policial, quando tais fatos vierem a ocorrer, evitando que o público permaneça apenas parcialmente informado acerca do desfecho da suspeita criminosa, que representa ônus imenso sobre a honra da pessoa inocente.10 SAIBA MAIS Ainda sobre a técnica da ponderação, leia o artigo do Professor Flávio Tartuce que trata da referida técnica e sua aplicação no Novo Código de Processo Civil: TARTUCE, Flávio. Técnica de Ponderação no novo CPC. JusBrasil. Disponível em 9 STJ, Recurso Especial 984.803/ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, 26.5.2009. 10 SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2014.p.87 https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no- novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck Acesso em 19.maio.2021 #SAIBA MAIS# REFLITA “O juízo de ponderação, pelo qual se busca realizar o justo, remete também à imagem do ser demiúrgico, que empunha em cada mão a balança e a espada. Trata-se de ofício reconhecidamente intrincado em dificuldades variadas, mas de elementar importância para o cidadão e para a comunidade política na sua inteireza moral. Acaso se preferisse que tal ofício fosse realizado por entidades super-humanas, mitológicas, como a deusa Themis ou o extraordinário Hércules. No mundo real, é inevitável, porém, conviver com o que toda empreitada humana tem de precário e de insuficiente, ainda que sob o alento de que reconhecer limites e atentar para condicionantes favorece superações e propicia giros evolutivos.” Fonte: Branco, Paulo Gustavo Gonet Juízo de ponderação na jurisdição constitucional / Paulo Gustavo Gonet Branco. — São Paulo : Saraiva, 2009. — (Série IDP). p.309 #REFLITA# https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no-novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no-novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro estudante, Nesta unidade aprendemos sobre as normas constitucionais, o que são elas, e a diferença entre as normas estruturantes de uma constituição e as normas que conferem direitos e deveres aos cidadãos. Logo após, analisamos sobre a eficácia da norma constitucional, utilizando-se das lições de José Afonso da Silva sobre o tema. Vimos a diferença entre as normas constitucionais de eficácia plena, que são aquelas que ao adentrar o texto constitucional já passam a ter aplicabilidade; as normas de eficácia contida, que ao adentrar o ordenamento constitucional já podem ser aplicadas, porém também podem sofrer limitações em decorrências de fatos, direitos, leis, ou acontecimentos históricos; e as normas de eficácia contida, que ao adentrar o texto constitucional não possuem aplicabilidade imediata, dependendo de leis infraconstitucionais que irão regulamentar o texto, a norma, e a sua aplicabilidade. Estudamos a hermenêutica constitucional e como ela é aplicada em casos concretos, bem como as formas de resolução dos conflitos das normas constitucionais, no qual utilizaremos a técnica da ponderação. Até a próxima unidade. LEITURA COMPLEMENTAR Sobre a técnica da ponderação e a aplicação pelo Supremo Tribunal Federal, leia o artigo de Lenio Streck, publicado pela CONJUR, em que o autor realiza crítica da forma com que o STF realiza a aplicação da referida técnica: https://www.conjur.com.br/2016-dez-11/aborto-recepcao-equivocada-ponderacao-alexyana-st https://www.conjur.com.br/2016-dez-11/aborto-recepcao-equivocada-ponderacao-alexyana-st LIVRO • Título.: Direito Constitucional • Autor. Alexandre de Moraes • Editora. Atlas/Gen • Sinopse: Curso de direito constitucional voltado para acadêmicos de direito e cursos que estudam o direito constitucional, analisando desde o significado de termos corriqueiros na matéria, passando pelo poder constituinte, análise dos direitos e garantias fundamentais, processo legislativo, divisão e estrutura dos poderes, controle de constitucionalidade, dentre outros temas de extrema relevância. FILME/VÍDEO • Título. A vida de David Gale • Ano. 2003 • Sinopse. “David Gale (Kevin Spacey) é um homem correto que em circunstâncias bizarras é condenado à pena de morte pelo estupro e assassinato de sua colega ativista Constance Hallaway (Laura Linney). Gale é um pai de família e professor respeitado, conhecido por sua oposição justamente a este tipo de punição. Três dias antes de sua execução,
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