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Direito Constitucional e Direitos Humanos

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Direito Constitucional e Direitos Humanos 
APRESENTAÇÃO 
Professora Mestra Jaqueline da Silva Paulichi 
 
● Doutoranda em Ciências Jurídicas- Direitos da Personalidade pela 
Unicesumar-Maringá. 
● Mestra em Ciências Jurídicas- Direitos da Personalidade pela 
Unicesumar- Maringá. 
● Bacharela em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Maringá- 
PR 
● Especialista em Direito Civil e Processual Civil Pela Unicesumar. 
● Especialista em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná. 
● Especialista em Direito Tributário e Direito Público pela Universidade 
para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, UNIDERP 
● Especialista em docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas pela 
Unicesumar 
● Pós Graduanda em Direito Digital. 
● Professora de Direito. 
● Advogada. 
 
Ampla experiência como professora no curso de direito, e de cursos à distância, 
advogada desde 2011, atuando principalmente na área do direito privado. 
 
 
Olá, Caro Estudante, tudo bem? 
Vamos estudar nessas quatro unidades alguns pontos introdutórios do Direito 
Constitucional e de Direitos humanos, que são essenciais para a compreensão 
da teoria das constituições, sua classificação e a principiologia utilizada. 
Vamos analisar na primeira apostila acerca das noções introdutórias do que vem 
a ser o constitucionalismo, seus desdobramentos e as teorias que buscam 
explicar o que se entende por constituição e constitucionalismo. Estudaremos 
também sobre o princípio da dignidade na pessoa humana, suas várias 
acepções, e a discussão que gira em torno do tema. 
Na segunda apostila vamos estudar sobre as normas constitucionais e sua 
eficácia, analisando a teoria de José Afonso da Silva, além da hermenêutica 
constitucional, sua conceituação e abrangência, bem como as formas de 
resolução quando há colisão de princípios fundamentais. 
Na unidade III iremos abordar sobre os princípios fundamentais previstos na 
Constituição Federal, bem como os seus objetivos fundamentais, analisando os 
artigos 1º, 2º e 3º do texto constitucional. Logo após, vamos estudar sobre a 
teoria das dimensões dos direitos fundamentais e a sua relevância para a 
disciplina, demonstrando a divisão doutrinária acerca do tema. Finalizando a 
unidade iremos abordar sobre a classificação dos direitos fundamentais. 
 Na unidade IV, finalizando nossos estudos, o tema proposto será o artigo 5º da 
Constituição Federal de 1988, além dos conceitos essenciais atrelados aos 
direitos humanos. Logo após, o tema proposto será a positivação dos direitos 
humanos na Constituição Federal, finalizando com a análise e compreensão de 
alguns pontos primordiais da Declaração Universal dos Direitos Humanos e 
tratados internacionais. 
 
 
UNIDADE I 
DAS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
Professora Mestre Jaqueline da Silva Paulichi 
 
 
Plano de Estudo: 
● Conceitos fundamentais atrelados ao direito constitucional; 
● Campos de estudo das características essenciais da Constituição Federal; 
● Conceituação e discussão sobre as caraterísticas essenciais da Constituição 
Federal; 
● Fontes do direito constitucional. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar o que é o direito constitucional, bem como discutir sobre os 
diferentes conceitos e campos de estudo; 
● Compreender as características essenciais da constituição e qual a sua 
importância; 
● Analisar as fontes da disciplina. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Olá, caro estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar acerca das noções 
introdutórias de direito constitucional. Vamos começar analisando os conceitos e os 
sentidos de constituição, para que você entenda, ao final, qual o sentido que mais se 
coaduna com a nossa realidade brasileira. Note-se que todos os sentidos de constituição 
podem ser aplicados à nossa Constituição Federal, mas tudo vai depender de qual 
aspecto você está analisando. 
 Posteriormente iremos estudar acerca do princípio da dignidade da pessoa 
humana, que é tão importante para a compreensão do status atual do ser humano em 
nossa legislação brasileira. Esse conceito vem evoluindo com o decorrer dos tempos e 
da sociedade, sendo de extrema relevância para o estudo do direito e deveres de todos 
os seres humanos. 
 Logo após iniciaremos o estudo das características da constituição brasileira, ou 
ainda, a sua classificação conforme a doutrina. E por fim, iremos analisar acerca das 
fontes do direito constitucional, analisando alguns julgados de extrema importância para 
a nossa sociedade. 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DAS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ATRELADOS AO DIREITO CONSTITUCIONAL; 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel-
open-book-stack-1664408161 
O direito constitucional possui inúmeros conceitos ou concepções. Nesse sentido, 
passa-se a analisar os conceitos de Constituição em seus inúmeros sentidos. Lembre-
se que não existe conceito certo ou errado, e sim, o mais adequado. 
 
1.1 Acepções do Conceito de “Constituição”. 
 
Ferdinand Lassalle traz o conceito no sentido sociológico. Dessa forma, uma 
Constituição só seria legítima se o poder social estivesse representado, e as forças 
sociais que constituem o poder estivessem refletidas. Caso isso não ocorresse, a 
constituição não teria poder ou valor, sendo apenas uma folha de papel. O autor 
conceitua nos seguintes termos: Constituição é a somatória dos fatores reais do poder 
dentro de uma sociedade. 
 Carl Schimitt traz o sentido político, e diferencia “Constituição” de “lei 
constitucional”. Neste sentido, Constituição seria a organização política fundamental de 
um Estado, como a estrutura e órgãos , vida democrática e etc.. Já, as leis constitucionais 
são as demais normas inseridas no texto constitucional, como o reconhecimento e 
garantia de alguns direitos. 
Em terceiro sentido a ser analisado, a Constituição também pode ser definida 
tomando-se o sentido material e formal, sendo este critério bem próximo da 
classificação trazida por Carl Schimitt. 
Pelo sentido material deve ser analisada a Constituição pelo seu conteúdo, não 
importando a forma com que essa norma foi introduzida no ordenamento jurídico. Assim, 
considera-se como constitucional toda a norma que trate de regras estruturais da 
sociedade, como exemplo cite-se: as formas de Estado, governo, órgãos, divisão dos 
poderes. Por este critério é possível afirmar que existem normas constitucionais fora do 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel-open-book-stack-1664408161
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-judge-gavel-open-book-stack-1664408161
texto da constituição, pois o mais importante é o conteúdo da norma, e não a sua forma 
de elaboração. 
No sentido formal, ou lei constitucional, conforme classificação de Schmitt, as 
normas constitucionais dependem de sua formalidade para ingresso no ordenamento 
jurídico. Assim, entende-se como norma constitucional aquela que segue os trâmites 
formais de elaboração, que por sua vez é mais demorado e burocrático. Como exemplo, 
podemos citar o art. 242 parágrafo 2º da Constituição Federal de 19881, que por sua vez 
dispõe que o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na 
órbita federal. Note-se que o conteúdo da norma não se trata de tema constitucional, 
porém, pela norma estar inserida no Texto Constitucional – na Constituição Federal-, por 
ter seguido os rigores para sua elaboração, ela é considerada como constitucional pelo 
sentido formal. 
Hans Kelsen nos traz outro sentido do conceito de constituição, denominado de 
“Sentido Jurídico”. De acordo com este conceito (ou sentido) a Constituição está 
alocada no mundo do “Dever-ser” e não no mundo do “ser”. Nesse sentido, a constituição 
é fruto da vontade racional do homem, e não das leisnaturais. 
José Afonso da Silva explica o sentido jurídico ensinado por Kelsen nos seguintes 
termos: 
“... Constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer 
pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen 
toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. 
De acordo com o primeiro, Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja 
função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-
positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a 
criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau”.2 
 Pedro Lenza ensina ainda que no direito brasileiro há um escalonamento das 
normas, em que uma constitui e dá fundamento para a criação de outra norma, 
constituindo-se assim a verticalidade hierárquica. 
 
1 BRASIL. Constituição Federal de 1988. 
2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 
2004. p. 41 
A Constituição Federal de 1988 possui “o seu fundamento de validade na norma 
hipotética fundamental, está, o fundamento de validade de todo o sistema. Trata-se de 
norma suposta, e não posta, uma vez que não editada por nenhum ato de autoridade. 
Figura, como referimos, no plano lógico-jurídico, prescrevendo a observância do 
estabelecido na Constituição e nas demais normas jurídicas do sistema, estas últimas 
fundamentadas na própria Constituição. A norma fundamental, hipoteticamente suposta, 
prescreve a observância da primeira Constituição histórica”3 
 Pelo sentido culturalista a constituição decorre de fato cultural, criado pela 
sociedade que, por sua vez, também pode nela interferir. Assim a constituição seria a 
tradução dos ideais da sociedade, uma formação objetiva de cultura, decorrente de 
fatores reais, como a natureza humana, necessidades da sociedade e das pessoas, 
costumes, e etc.; além de elementos espirituais, como a religião, sentimentos, ideais 
políticos; e elementos racionais, como as técnicas jurídicas, formas políticas, instituições 
e etc. 
 Pedro Lenza, citando o professor J. H. Meirelles Teixeira, nos traz a explicação 
sobre a concepção culturalista que “...conduz ao conceito de uma Constituição Total em 
uma visão suprema e sintética que “... apresenta, na sua complexidade intrínseca, 
aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu 
conceito em uma perspectiva unitária”. Desse modo, sob o conceito culturalista de 
Constituição, “... as Constituições positivas são um conjunto de normas fundamentais, 
condicionadas pela Cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas 
da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins 
do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”4 
 Ainda na discussão sobre as diferentes acepções e sentidos de “constituição”, 
tem-se a ideia de uma Constituição aberta, o que invoca o sentido de que ela tenha 
abertura para que permaneça condizente com a nossa época histórica e social, evitando-
se o risco de desmoronamento de sua força normativa. 
 
1.2 Concepções da Constituição. 
 
3 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 83 
4 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 85. APUD. Teixeira, 
J.H> Meirelles. Curso de direito constitucional, p. 58-59. 
 
Neste capítulo vamos estudar acerca do papel da constituição no ordenamento 
jurídico, ou seja, qual a sua função no ordenamento jurídico de um país, qual a sua 
relação com a atividade do legislador ( a de criar as leis). Isso é importante para que 
você entenda qual a ordem de hierarquia da constituição em um país, e se ela se encaixa 
como lei, como ato legislativo, como carta magna e etc. 
Assim, vamos analisar o papel da constituição ou de sua função, dividindo-a em 
quatro itens: a constituição – lei, a constituição – fundamento, a constituição – moldura 
e a constituição dúctil ou maleável. 
Pela concepção de constituição-lei a constituição não está acima do poder legislativo. 
Ou seja, ela tem a mesma hierarquia de uma lei ordinária. Note-se que ela concepção 
de constituição não é mais viável em uma democracia, eis que precisamos de um 
fundamento maior para se buscar a validade de nossas leis. Pedro Lenza nos ensina 
acerca desta concepção nos seguintes termos: 
“Nesse sentido, a Constituição é, na verdade, uma lei como qualquer outra. Os 
dispositivos constitucionais, especialmente os direitos fundamentais, teriam uma função 
meramente indicativa, pois apenas indicariam ao legislador um possível caminho, que 
ele não precisaria necessariamente seguir.” Esse modelo, certamente, permite a 
justificação da tese acerca da supremacia do parlamento, mitigada, contudo, em tempos 
mais recentes, como pode ser observado, para se ter um exemplo, na Inglaterra a partir 
da entrada em vigor do Human Rights Act”.5 
 Na concepção de constituição fundamento, ou constituição total, existe a 
onipresença da constituição, e assim, a área reservada ao legislador, aos cidadãos e 
etc., é muito pequena. Consequentemente, esses atos passam a ser encarados como 
instrumentos de realização da constituição. A constituição seria a lei fundamental de toda 
a vida social, e todas as ações humanas seriam reguladas pela constituição. 
 Pela concepção de constituição-moldura, ou constituição-quadro, que é uma 
proposta intermediária entre a constituição-lei e a constituição – fundamento, a 
Constituição serve como limite à atuação do legislador. 
 
5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2017. p. 86 
Virgílio Afonso da Silva explica sobre o tema: “a metáfora da moldura, no campo 
da teoria constitucional, é usada para designar uma Constituição que apenas sirva de 
limites para a atividade legislativa. Ela é apenas uma moldura, sem tela, sem 
preenchimento. À jurisdição constitucional cabe apenas a tarefa de controlar se o 
legislador age dentro da moldura. Como o legislador age no interior desses limites é uma 
questão de oportunidade política. Segundo Starck, entender a Constituição como 
moldura significa sustentar que nem tudo está predefinido pela Constituição e que 
inúmeras questões substanciais estão sujeitas à simples decisão da maioria parlamentar 
no processo legislativo ordinário. Definir a ‘largura’ da moldura, que funcionará como 
simples limitação ao poder estatal, é a tarefa da interpretação constitucional. Mas essa 
seria sua única tarefa. Todo o resto é questão de oportunidade política”.6 
Por fim, a Constituição dúctil (Constituição maleável, suave) (“Costituzione mite” 
— Gustavo Zagrebelsky), é constituição que necessita acompanhar a evolução da 
sociedade, deixando assim de ser o centro do ordenamento e passando então a refletir 
sobre o pluralismo social, político e econômico. Dessa maneira, cabe a constituição 
apenas assegurar as condições possibilitadoras de uma vida em comum. 
 
6 Virgílio Afonso da Silva, A constitucionalização do direito: os direitos fundamentais nas relações entre 
particulares. Malheiros. São Paulo: 2011. p. 116 
 
2 DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
 
 
 
A dignidade humana está prevista no art. 1º , inc. III da nossa Constituição Federal 
de 1988 e se classifica como um dos princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil. No entanto, a sua discussão e importância é muito mais antiga, ante a sua 
relevância para se tutelar os direitos e garantias básicos dos cidadãos. Certo é que não 
existe apenas um conceito que se enquadre perfeitamente no sentido mais profundo e 
axiológico do termo “dignidade”. Por este motivo é que o estudo quanto à valoração e 
aplicação deste princípio é tão apaixonante pelo estudioso do direito. 
Paulichi e Moraes, em estudo sobre o tema: 
“A dignidade da pessoa humana nasceu na filosofiae tem a sua 
raiz na ética e na moral. Porém, em primeiro lugar, a dignidade 
humana é um valor, sendo que, após a segunda guerra mundial, o 
conceito de dignidade humana passou a ser incorporado ao 
discurso político dos países que venceram o conflito, tornando-se 
uma meta política e objetivo a ser alcançado. A dignidade tem dupla 
dimensão, sendo uma interna, expressada no valor intrínseco de 
cada indivíduo, e uma externa que representa seus direitos. A 
primeira dimensão pode sofrer violações, já a segunda não pode. 
A proteção da dignidade da pessoa humana, em um primeiro 
momento, foi dada aos poderes executivo e legislativo. 
Posteriormente, migrou para o meio jurídico, eis que a dignidade 
humana foi consagrada em diversos documentos oficiais. No 
entanto, a importância dada a esse conceito deu-se após a 
segunda guerra mundial, pois foi consequência de uma mudança 
fundamental no pensamento jurídico.” 7 
 
7 PAULICHI, Jaqueline da Silva. MORAES, Carlos Alexandre de. A DIGNIDADE HUMANA EM KANT E 
O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA EM BIODIREITO. Conpedi- João Pessoa/PB. 2014. 
http://conpedi.danilolr.info/publicacoes/c178h0tg/x552ze4o/mlC99HW58Wq6N7iQ.pdf. 
Em alguns conceitos garimpados pelas doutrinas que tratam do assunto, pode-se 
definir a dignidade da pessoa humana: 
Para Maria Celina Bodin de Moraes: 
“é uma questão que, ao longo da história, tem atormentado 
filósofos, teólogos, sociólogos de todos os matizes, das mais 
diversas perspectivas, ideológicas e metodológicas. A temática 
tornou-se, a partir de sua inserção nas longas Constituições, 
merecedora da atenção privilegiada do jurista que tem, também 
ele, grande dificuldade em dar substância a um conceito que, por 
sua polissemia e o atual uso indiscriminado, tem um conteúdo 
ainda mais controvertido do que no passado”.8 
Para Danilo Fontenele: “o fundamento primeiro e a finalidade última, de toda a 
atuação estatal e mesmo particular” 9 
Chaves Camargo conceitua a dignidade humana da seguinte maneira: 
“[...] pessoa humana, pela condição natural de ser, com sua 
inteligência e possibilidade de exercício de sua liberdade, se 
destaca na natureza e diferencia do ser irracional. Estas 
características expressam um valor e fazem do homem não mais 
um mero existir, pois este domínio sobre a própria vida, sua 
superação, é a raiz da dignidade humana. Assim, toda pessoa 
humana, pelo simples fato de existir, independentemente de sua 
situação social, traz na sua superioridade racional a dignidade de 
todo ser.”10 
Elimar Szaniawski explica que “o princípio da dignidade da pessoa humana 
consiste, pois, no ponto nuclear onde se desdobram todos os direitos fundamentais do 
 
8 MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo 
normativo – ob. cit., 2003, p. 109. 
9 SAMPAIO. Danilo Fontenelle. A Intervenção do Estado na Economia. Apud. SZANIAWSKI. Elimar. 
Direitos da Personalidade e sua tutela. 
10 CAMARGO, A. L. Chaves. Culpabilidade e Reprovação Penal. São Paulo: Sugestões Literárias, 1994. 
ser humano, vinculando o poder público como um todo, bem como os particulares, 
pessoa naturais ou jurídicas” 11. 
Jorge Pinheiro Duarte diz: “decorre que a pessoa deve ser tratada como pessoa, 
como um fim em si mesmo; que à pessoa deve ser reconhecida autonomia, 
autodeterminação; que o ser humano não deve ser coisificado, instrumentalizado nem 
comercializado.”12 
Débora Gozzo explica nos seguintes termos: “Chega-se a afirmar que a dignidade 
da pessoa humana impende, inclusive, do nascer com vida, pois o nascituro, mesmo 
sem ainda ter nascido, possui a qualidade de humano. O pressuposto da dignidade é a 
qualidade de humano, não o nascimento com a vida”. 13 
Percebe-se que a dignidade da pessoa humana pode ser vista como um princípio, 
ou ainda como um valor no sistema normativo. Certo é que, a dignidade humana se 
aplica aos mais diversos conflitos existentes no direito, e diz respeito ao tratamento com 
o ser humano, em todas as classes sociais, em todas as regiões, religiões, filosofias e 
políticas, não devendo haver distinção entre as pessoas. 
A dignidade deve ser vista como valor primordial, núcleo dos direitos da 
personalidade, dos direitos fundamentais e dos direitos humanos. 
Para que haja aplicação deste princípio (da dignidade da pessoa humana) basta 
ser um ser humano. Durante anos o ordenamento jurídico não conferiu o tratamento 
digno a inúmeros grupos sociais, como os escravos, os negros, as mulheres, as pessoas 
em situação de rua, índios, deficientes, idosos, dentre outros. Dessa forma, a dignidade 
serve como valor primordial de uma sociedade, para conferir tratamento digno a todas 
as pessoas, seja por meio de políticas públicas ou privadas, seja por meio de leis ou 
ações afirmativas. 
 
 
11 SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da Personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005. 
12 PINHEIRO. Jorge Duarte. O Direito de Família Contemporâneo. AAFDL: Lisboa. 2013. 
 
13 GOZZO, Débora. Ligeira, Wilson Ricardo (organizadores). Bioética e direitos fundamentais. 
– São Paulo: Saraiva, 2012.p. 174-175. 
 
3 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 Nas características da Constituição Federal de 1988 podemos tratar da sua 
classificação, conforme a doutrina nos ensina. Ressalte-se que não há apenas um 
critério a ser analisado, e que a depender da doutrina utilizada, você poderá encontrar 
inúmeras outras características e classificações. 
a) Quanto à origem: as Constituições podem ser outorgadas, promulgadas, 
cesaristas e pactuadas (ou dualistas). Outorgada é aquela constituição que foi 
imposta unilateralmente por um governante ou grupo. Promulgada é a 
constituição elaborada pelo poder constituinte originário, fruto da assembleia 
nacional constituinte, eleita diretamente pelo povo para atuar em nome dele. 
Cesarista é a constituição criada por meio de plebiscito para votar acerca de 
um projeto já criado. Nesse caso, o voto popular serve apenas para confirmar 
a vontade do detentor do poder. Pactuada: é a constituição elaborada a partir 
de um pacto de dois ou mais poderes. Nesses casos, o poder constituinte 
originário se encontra nas mãos de mais de um titular. Porém, esse modelo de 
constituição não mais se coaduna com a realidade das constituições 
modernas. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é promulgada. 
b) Quanto à forma: as constituições podem ser escritas ou costumeiras. As 
constituições escritas, ou instrumentais, é a ideia de uma constituição 
organizada, sistematizada por um conjunto de regras, estabelecendo as 
normas fundamentais de um estado. A constituição costumeira advém de 
costumes, jurisprudências, e textos normativos, que não traz as regras 
codificadas em um único documento. É formada por diversos textos, costumes, 
jurisprudências, dentre outros. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é escrita. 
c) Quanto à extensão: as constituições podem ser sintéticas ou analíticas. As 
constituições sintéticas, concisas, breves, sumárias são aquelas mais enxutas, 
que trazem apenas as normas fundamentais e estruturais de um Estado. As 
constituições analíticas abordam todos os temas que os representantes do 
povo – eleitos - entendem como fundamentais. Isso é necessário para que o 
texto constitucional tenha, além de normas estruturantes, o reconhecimento e 
garantia de diversos direitos fundamentais aos seus cidadãos. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é analítica. 
d) Quanto ao conteúdo: as constituições podem ser materiais ou formais. A 
constituição material é aquela que possui as normas de organização e 
estruturação de um Estado, os direitos e garantias individuais. Formal é a 
constituição que traz os critérios de seu processo de formação, e não apenas 
o conteúdo de suas normas. Dessa maneira, qualquer norma inserida na 
constituição que respeite as formalidades será entendida como constitucional.A nossa Constituição Federal de 1988 é formal. 
e) Quanto ao modo de elaboração: as constituições podem ser dogmáticas ou 
históricas. As constituições dogmáticas são escritas e trazem os dogmas 
estruturais e fundamentais de um Estado, com teorias preconcebidas. As 
constituições históricas são aquelas formadas através do processo histórico, 
com as tradições de um povo. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é dogmática. 
f) Quanto à alterabilidade: podem ser rígidas, flexíveis ou semirrígidas. Rígida é 
a constituição que exige, para sua alteração, um processo legislativo rigoroso, 
solene, dificultoso e burocrático, se comparado com as normas não 
constitucionais. A exemplo dessa rigidez constitucional, cite-se o art. 60 
parágrafo 2º da CF/88, que estabelece o quórum de votação de 3/5 dos 
membros de cada casa, em dois turnos de votação, para aprovação de 
emendas constitucionais. As constituições flexíveis são aquelas que não 
possuem processo legislativo rigoroso. Ou seja, a sua dificuldade é a mesma 
para se alterar uma lei ordinária. A Constituição semirrígida ou semiflexível 
(outro nome dado pela doutrina) são aquelas tanto rígidas quanto flexíveis, 
pois algumas matérias exigem maior grau de complexidade para sua 
alteração, enquanto outras não necessitam de um processo legislativo tão 
demorado e detalhado. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é rígida. 
 
g) Quanto a sistemática: a constituição pode ser reduzida/codificada ou variada. 
A constituição reduzida são as que se materializam em um só código, como a 
brasileira. A constituição variada são aquelas que se distribuem em diversos 
textos normativos. 
A nossa Constituição Federal de 1988 é reduzida/ codificada. 
 
 
4 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 O direito constitucional possui fontes imediatas e mediatas. A fonte imediata é a 
própria Constituição Federal de 1988, que busca seu fundamento na própria lei. Seria 
essa a auto referência. Quanto às fontes mediatas, temos a jurisprudência e a doutrina 
que tratam do tema de direito constitucional. 
 Cite-se por exemplo as jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, as suas 
súmulas e súmulas vinculantes, que criam norteadores interpretativos para diversos 
casos constitucionais. 
 A jurisprudência do STF é de extrema relevância para o reconhecimento de 
direitos e para a constatação da evolução da sociedade. Nos exemplos citados abaixo 
você poderá ver a mudança de entendimentos sobre temas polêmicos para a sociedade 
e para o ordenamento jurídico. 
 A restrição de doação de sangue pela comunidade LGBTQ+, por muito tempo 
pessoas da comunidade LGBTQ+ foram impedidas de doar sangue. Assim, após anos 
de restrição o STF julgou o caso em 2020, decidindo pela aplicação do princípio da 
igualdade e a vedação a discriminação a comunidade LGBTQ+: 
 
Restrição de doação de sangue a grupos e não condutas de risco. Discriminação 
por orientação sexual. (...) O estabelecimento de grupos – e não de condutas – 
de risco incorre em discriminação e viola a dignidade humana e o direito à 
igualdade, pois lança mão de uma interpretação consequencialista desmedida 
que concebe especialmente que homens homossexuais ou bissexuais são, 
apenas em razão da orientação sexual que vivenciam, possíveis vetores de 
transmissão de variadas enfermidades. Orientação sexual não contamina 
ninguém, condutas de risco sim. O princípio da dignidade da pessoa humana 
busca proteger de forma integral o sujeito na qualidade de pessoa vivente em 
sua existência concreta. A restrição à doação de sangue por homossexuais 
afronta a sua autonomia privada, pois se impede que elas exerçam plenamente 
suas escolhas de vida, com quem se relacionar, com que frequência, ainda que 
de maneira sexualmente segura e saudável; e a sua autonomia pública, pois se 
veda a possibilidade de auxiliarem àqueles que necessitam, por qualquer razão, 
de transfusão de sangue. (...) Não se pode tratar os homens que fazem sexo 
com outros homens e/ou suas parceiras como sujeitos perigosos, inferiores, 
restringido deles a possibilidade de serem como são, de serem solidários, de 
participarem de sua comunidade política. Não se pode deixar de reconhecê-los 
como membros e partícipes de sua própria comunidade.14 
 
 
 Alteração do nome do transgênero. Durante anos a pessoa trans se viu obrigada 
a utilizar o nome registrado em sua certidão para fins civis, e a alteração do nome civil, 
sem a realização de cirurgia de redesignação sexual, era impossibilitada. Em 2020 o STF 
decidiu pela possibilidade de alteração do nome do transgênero no próprio cartório de 
registro de pessoas, não necessitando de ação judicial para tanto. Leia abaixo a decisão 
de 2018 do STF: 
 
 
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e 
de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada 
além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal 
faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa 
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a 
inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará 
nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de 
inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação 
judicial. (...) Qualquer tratamento jurídico discriminatório sem justificativa 
constitucional razoável e proporcional importa em limitação à liberdade do 
indivíduo e ao reconhecimento de seus direitos como ser humano e como 
cidadão.15 
 
 Sobre os motoristas de aplicativo, em que houve diversas discussões e 
 
14 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADI 5.543, rel. min. Edson 
Fachin, j. 11-5-2020, P, DJE de 26-8-2020.] 
15 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [RE 670.422, rel. min. Dias 
Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761.] 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753608126
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4192182
manifestações país afora no sentido de proibir tal trabalho por meio de aplicativo, 
barateando e facilitando o uso desse tipo de transporte pela população. 
 
O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade 
fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se apenas 
à regulação proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da 
Lei Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei Federal 12.587/2012, 
alterada pela Lei 13.640 de 26 de março de 2018, garantem a operação de 
serviços remunerados de transporte de passageiros por aplicativos. A liberdade 
de iniciativa garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira 
consubstancia cláusula de proteção destacada no ordenamento pátrio como 
fundamento da República e é característica de seleto grupo das Constituições 
ao redor do mundo, por isso que não pode ser amesquinhada para afastar ou 
restringir injustificadamente o controle judicial de atos normativos que afrontem 
liberdades econômicas básicas. (...) O exercício de atividades econômicas e 
profissionais por particulares deve ser protegido da coerção arbitrária por parte 
do Estado, competindo ao Judiciário, à luz do sistema de freios e contrapesos 
estabelecidos na Constituição brasileira, invalidar atos normativos que 
estabeleçam restrições desproporcionais à livre iniciativa e à liberdade 
profissional. (...) A Constituição impõe ao regulador, mesmo na tarefa de 
ordenação das cidades, a opção pela medida que não exerça restrições 
injustificáveis às liberdades fundamentais de iniciativa e de exercício profissional 
(art. 1º, IV, e 170; art. 5º, XIII, CRFB), sendo inequívoco que a necessidade de 
aperfeiçoar o uso das vias públicas não autoriza a criação de um oligopólio 
prejudicial a consumidores e potenciaisprestadores de serviço no setor, 
notadamente quando há alternativas conhecidas para o atingimento da mesma 
finalidade e à vista de evidências empíricas sobre os benefícios gerados à fluidez 
do trânsito por aplicativos de transporte, tornando patente que a norma proibitiva 
nega ‘ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente’, em contrariedade ao 
mandamento contido no art. 144, § 10, I, da Constituição, incluído pela Emenda 
Constitucional 82/2014.16 
 
 
16 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, 
j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019.] 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=750684777
 
Sobre a imunização da população pela vacina contra a Covid19: 
 
É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, 
registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa 
Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em 
lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou 
Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se 
caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais 
ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.17 
 
 Sobre a retirada de conteúdo em plataforma de streaming paga, em razão de parte 
da população se sentir desagradada. 
 
Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de 
“streaming” apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, 
ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática 
e pluralista como a brasileira. Por se tratar de conteúdo veiculado em plataforma 
de transmissão particular, na qual o acesso é voluntário e controlado pelo próprio 
usuário, é possível optar-se por não assistir ao conteúdo disponibilizado, bem 
como é viável decidir-se pelo cancelamento da assinatura contratada. Além 
disso, é de se destacar a importância da liberdade de circulação de ideias e o 
fato de que deve ser assegurada à sociedade brasileira, na medida do possível, 
o livre debate sobre todas as temáticas, permitindo-se que cada indivíduo forme 
suas próprias convicções, a partir de informações que escolha obter.18 
 
 
 
 
 
 
 
17 [ARE 1.267.879, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-12-2020, P,Informativo 1.003, Tema 1.103.] 
18 [Rcl 38.782, rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-11-2020, 2ª T, Informativo 998.] 
 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo1003.htm
 
SAIBA MAIS 
 
Sobre a obrigatoriedade da vacina que protege contra a COVID 19, você já deve 
ter lido na internet sobre a obrigatoriedade, ou não, de que as pessoas tomem a vacina, 
não é mesmo? 
Tema de extrema relevância ante a situação da Pandemia que se iniciou no final 
de 2019 e atingiu o Brasil em Março de 2020. A vacina não pode ser coercitiva, ou seja, 
não pode o poder público forçar o cidadão brasileiro a se vacinar, caso ele não queira. 
Por outro lado, o poder público pode impedir a circulação dessas pessoas em aeroportos, 
terminais rodoviários, posse de cargos públicos, dentre outras situações assemelhadas. 
 
Leia mais sobre o tema abaixo: 
 
Fonte: COELHO, Gabriela. STF Forma Maioria pela obrigatoriedade da vacina contra Covid-19. CNN 
Brasil Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2020/12/17/stf-forma-maioria-pela-
obrigatoriedade-da-vacina-contra-a-covid-19 
 
 
 
 
 
 
 
 
#REFLITA # 
 
“[...] para que a liberdade e o direito de acesso à informação seja o farol que ilumina 
e assegura a transparência das ações estatais, indispensável uma crescente 
participação da sociedade civil, no sentido de uma cidadania proativa. Sem a 
pressão e mobilização constantes da sociedade civil, as disposições normativas 
que asseguram ampla informação podem converter-se em "letra morta", e os 
princípios que as motivam podem ser suplantados por interesses menos 
democráticos” 
 
SARLET, Ingo Wolfgang. DIREITOS FUNDAMENTAIS. Direitos fundamentais e 
pandemia V — o STF e o acesso à informação. 03.jul.2020.Disponível em 
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-
fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao Acesso em 19.maio.2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Chegamos ao fim de nossa primeira unidade! 
 
 Aprendemos sobre os diversos sentidos do termo “Constituição” e suas aplicações 
na atualidade, e que conforme a evolução da sociedade foi criado uma definição do que 
seria a Constituição. Perceba-se que não existe apenas uma definição correta de 
“constituição”, e sim várias concepções, que se comunicam e se complementam. 
 Analisamos também sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, postulado 
importante para a compreensão dos direitos e garantias fundamentais. A Constituição 
Federal assegura aos cidadãos a dignidade humana, para que não haja violações aos 
seus direitos mais básicos. 
 Por fim, analisamos a classificação da constituição e as fontes. 
 
 
 
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana na contemporaneidade, sua 
aplicação e garantia, leia o texto abaixo: 
 
https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-
pub/article/view/610 
 
 A dignidade humana é aplicada a todas as pessoas, independente de cor, raça, 
religião, status social, sexo, e etc. Note-se que para algumas pessoas o Estado 
necessita proporcionar maior proteção, como o caso das mulheres encarceradas. Leia 
abaixo artigo sobre o tema: 
 
https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/5742 
 
 
 
 
 
https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-pub/article/view/610
https://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-pub/article/view/610
https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/5742
 
LIVRO 
 
• Título. O reconhecimento dos novos direitos da personalidade. 
• Autor. Cleide Aparecida G. R. Fermentão e Zulmar Fachin 
• Editora. Vivens 
• Sinopse . O livro é um compilado de artigo científicos que tratam da dignidade da 
pessoa humana e direitos da personalidade na atualidade. Com artigos que abordam 
desde a aplicação dos direitos da personalidade e fundamentais para crianças e 
adolescentes até o reconhecimento de novos direitos a partir da análise do princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título. A Lista de Schindler 
• Ano. 1993 
• Sinopse. “O alemão Oskar Schindler viu na mão de obra judia uma solução barata e 
viável para lucrar com negócios durante a guerra. Com sua forte influência dentro do 
partido nazista, foi fácil conseguir as autorizações e abrir uma fábrica. O que poderia 
parecer uma atitude de um homem não muito bondoso, transformou-se em um dos 
maiores casos de amor à vida da História, pois este alemão abdicou de toda sua fortuna 
para salvar a vida de mais de mil judeus em plena luta contra o extermínio alemão.” 
 A lista de Schindler é um filme emocionante que te levará até a 2º Guerra Mundial. 
A relação deste filme com a nossa disciplina é que você irá ver as atrocidades cometidas 
contra os judeus e outros grupos durante o período da guerra, e poderá compreender a 
preocupação com a garantia de direitos para as pessoas. A dignidade humana se faz tão 
importante pois é um meio formal de evitar que as atrocidades cometidas contra as 
pessoas durante a 2º Guerra Mundial venha a ocorrer novamente. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARROSO, Luis Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional 
Contemporâneo; A Construçãode um Conceito Jurídico a Luz da Jurisprudência 
Mundial. Fórum. Belo Horizonte: 2013. 
 
BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADPF 449, 
rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019.] 
 
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF.[Rcl 38.782, 
rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-11-2020, 2ª T, Informativo 998.] 
 
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [ADI 5.543, 
rel. min. Edson Fachin, j. 11-5-2020, P, DJE de 26-8-2020.] 
 
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A CONSTITUIÇÃO E O STF. [RE 670.422, 
rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761.] 
 
CAMARGO, A. L. Chaves. Culpabilidade e Reprovação Penal. São Paulo: Sugestões 
Literárias, 1994. 
 
GOZZO, Débora. Ligeira, Wilson Ricardo (organizadores). Bioética e direitos 
fundamentais. – São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo:2017. p. 83 
 
MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato 
axiológico e conteúdo normativo – ob. cit., 2003. 
 
PAULICHI, Jaqueline da Silva. MORAES, Carlos Alexandre de. A DIGNIDADE 
HUMANA EM KANT E O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA EM BIODIREITO. 
Conpedi- João Pessoa/PB. 2014. 
http://conpedi.danilolr.info/publicacoes/c178h0tg/x552ze4o/mlC99HW58Wq6N7iQ.pdf. 
 
PINHEIRO. Jorge Duarte. O Direito de Família Contemporâneo. AAFDL: Lisboa. 2013. 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2004. 
 
SARLET, Ingo Wolfgang. DIREITOS FUNDAMENTAIS. Direitos fundamentais e 
pandemia V — o STF e o acesso à informação. 03.jul.2020.Disponível em 
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-
pandemia-stf-acesso-informacao Acesso em 19.maio.2021 
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
https://www.conjur.com.br/2020-jul-03/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-pandemia-stf-acesso-informacao
 
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da Personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005. 
 
VIRGÍLIO AFONSO DA SILVA, A constitucionalização do direito: os direitos 
fundamentais nas relações entre particulares. Malheiros. São Paulo: 2011. 
 
 
 
UNIDADE II 
DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
Professora Mestre Jaqueline da Silva Paulichi 
 
 
Plano de Estudo: 
● Das normas constitucionais; 
● Da eficácia das normas constitucionais; 
● Da hermenêutica constitucional; 
● Dos conflitos de normas constitucionais e formas de resolução. 
 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar os direitos fundamentais e sua relevância, bem como analisar quais 
são os direitos fundamentais em espécie; 
● Compreender as normas constitucionais e sua eficácia, a diferença entre norma 
de eficácia plena, limitada e contida; 
● Analisar a hermenêutica constitucional e os conflitos de direitos fundamentais no 
ordenamento jurídico e a sua forma de resolução. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Olá, caro estudante, tudo bem? Nesta unidade II nós vamos nos aprofundar mais 
um pouquinho na matéria, analisando os direitos fundamentais dos cidadãos e a sua 
aplicação no ordenamento jurídico. No capítulo 2 vamos estudar sobre a eficácia das 
normas constitucionais, como a norma de eficácia plena, eficácia limitada e a eficácia 
contida, e entender o porquê da doutrina trazer essa classificação para as normas de 
direito brasileira. No capítulo 3 vamos estudar sobre a hermenêutica constitucional, 
entender qual a sua relevância para o estudo da matéria e como aplicá-la no dia-a-dia 
do aplicador do direito. No último capítulo vamos analisar as formas de resolução dos 
conflitos de direitos fundamentais e como isso ocorre no dia-a-dia do operador do direito! 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem do Tópico: 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library-
background-law-1723862368 
 
1 DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
Conforme estudamos na unidade I o direito constitucional retira seu fundamento no 
próprio texto da Constituição Federal de 1988 como na doutrina e jurisprudência 
brasileira. 
 A constituição possui normas que são estruturantes do sistema, como a estrutura 
e divisão política, do Estado, forma de elaboração e alteração da lei, forma de governo, 
voto, dentre outras normas estruturantes. Além dessas normas, a nossa Constituição 
Federal também possui previsão acerca dos direitos e garantias fundamentais do 
cidadão, como o reconhecimento dos direitos da família, do planejamento familiar, do 
desenvolvimento sustentável, da ordem econômica, dentre outros. 
Assim, as normas constitucionais são todas aquelas que estão inseridas no texto 
constitucional, seguindo as formalidades legais para tal e com conteúdo materialmente 
constitucional. 
 Vejamos abaixo algumas normas constitucionais que não fazem parte das normas 
estruturantes do Estado, mas que estão inseridas no texto constitucional: 
 
 O art. 225 que trata do meio ambiente:[1] 
 
 
[1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library-background-law-1723862368
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/judges-gavel-on-library-background-law-1723862368
 
=§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material 
genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) 
 (Regulamento) 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais 
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a 
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção; (Regulamento) 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; (Regulamento) 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de 
vida e o meio ambiente; (Regulamento) 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e 
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo 
órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, 
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusivequanto ao uso dos 
recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento) 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste 
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem 
animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do 
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza 
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser 
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais 
envolvidos. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2186-16.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2186-16.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm
 
 O art. 226 da CF/88 que trata da família e do casamento:[1] 
 
 
[1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
 § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar 
sua conversão em casamento. (Regulamento) 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes. 
 § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação 
dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) 
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para 
o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. Regulamento 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um 
dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito 
de suas relações. 
 
 Outras normas podem ser encontradas em nossa Constituição Federal quando se 
analisar quais são normas essencialmente constitucionais, como aquelas que tratam da 
estrutura, divisão e organização do Estado, e outras que reconhecem e garantem direitos 
aos cidadãos. 
 As normas da CF/88 podem possuir eficácia jurídica social e outras apenas a 
eficácia jurídica. Dessa maneira a eficácia social está relacionada com as hipóteses em 
que a norma vigente pode ser aplicada diretamente em casos concretos. A eficácia 
jurídica significa que a norma já possui aptidão para produzir efeitos nas relações 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9278.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9263.htm
 
concretas, mas também produz efeitos ao revogar as normas anteriores que conflitam 
com ela. 
 
 
 
2 DA EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
José Afonso da Silva[1] divide a eficácia das normas constitucionais em três: as 
normas de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. Passemos a analisar 
cada uma. 
 
 
[1] SILVA, José Afonso da. Apud. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 
Saraiva, São Paulo:2021. 
 
As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que no momento em que 
são inseridas na Constituição Federal, já passam a produzir efeitos, não necessitando 
de outra norma (lei) para regulamentá-la ou determinar formas de aplicação do referido 
direito. 
Via de regra, essas são as normas que criam novos órgãos, conselhos, realizam a 
distribuição de competências, ou que realizam a estrutura do governo. Essas normas 
não necessitam ser integradas por outra norma infraconstitucional. 
A doutrina norte-americana classifica essas normas como “normas autoaplicáveis” ou 
self-executing, self-enforcing ou self acting. 
Exemplo de norma de eficácia plena: 
 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos 
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o 
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e 
observados os seguintes preceitos: 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou 
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua 
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração 
de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e 
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas 
 
coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas 
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as 
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, 
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade 
partidária. 
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na 
forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito 
ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que 
alternativamente: 
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 
3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um 
terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) 
dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 97, de 2017) 
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos 
em pelo menos um terço das unidades da Federação. 
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização 
paramilitar. 
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 
3º deste artigo é assegurado o mandato é facultada a filiação, sem perda 
do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa 
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo 
partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. [1] 
 
 
[1] BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
 
 
Note-se que o artigo acima colacionado já traz as previsões necessárias acerca 
dos partidos políticos, não necessitando que outra lei coloque essa garantia em prática. 
 Em segundo lugar temos as normas de eficácia contida. Essas normas possuem 
aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Nesses casos, a norma poderá ter 
redução de sua abrangência. 
 Essa restrição ou limitação das normas constitucionais poderá ocorrer por 
previsões na própria constituição, em leis infraconstitucionais, ou ainda em decorrência 
dos bons costumes, motivo de ordem pública, paz social e etc. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1
 
O primeiro exemplo quepodemos analisar é a liberdade. Sabemos que o direito 
à liberdade se subdivide em diversas outras formas de liberdades. No entanto, em caso 
de decretação de estado de defesa ou estado de sítio, diversos outros direitos, 
inclusive os desdobramentos do direito à liberdade, serão restritos ou limitados. Nesses 
casos estaremos diante de uma norma constitucional de eficácia limitada. 
Outro exemplo é o art. 5º , inc. XIII da CF/88[1] que prevê o livre exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão. No entanto, para que uma pessoa exerça 
algumas profissões é necessário terminar o curso de graduação, ou ainda, passar por 
uma prova de qualificação como ocorre nos cursos de direito e contabilidade. 
No caso do curso de direito, o estatuto da ordem dos advogados do Brasil prevê 
que só poderá exercer a função de advogado aquele que obtiver aprovação do exame 
de ordem. Essa questão já foi debatida inclusive no STF, no qual colaciona-se abaixo 
trecho da decisão: 
[...] o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de 
proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de 
ofício. No concernente à adequação do exame à finalidade prevista na 
Constituição — assegurar que as atividades de risco sejam 
desempenhadas por pessoas com conhecimento técnico suficiente, de 
modo a evitar danos à coletividade — aduziu-se que a aprovação do 
candidato seria elemento a qualificá-lo para o exercício profissional. 1 
 
As normas de aplicabilidade limitada são aquelas em que no momento que entram 
no texto constitucional não tem a intenção ou a capacidade de produzir todos os seus 
efeitos, necessitando de norma regulamentadora infraconstitucional para que 
regulamente tal direito. Essas normas são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. 
As normas constitucionais de eficácia limitada produzirão mínimos efeitos, como 
o de vincular o legislador aos seus vetores. 
Pedro Lenza, ao citar José Afonso da Silva, ressalta que essas normas possuem 
eficácia jurídica imediata, direta e vinculante, pois: 
 
a) estabelecem um dever para o legislador ordinário; 
b) condicionam a legislação futura, com a consequência de serem 
inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem; 
 
1 BRASIL. STF. (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 26.10.2011, Plenário, Inf. 646/STF) 
 
 
c) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua 
ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos 
valores da justiça social e revelação dos componentes do bem comum; 
d) constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e 
aplicação das normas jurídicas; 
e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do 
Judiciário; 
f) criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou de desvantagem.2 
 
Divide-se essas normas em dois grupos: as normas de princípio institutivo ou 
organizativo e as normas de princípio programático. As normas de princípio institutivo 
ou organizativo possuem esquemas gerais ou iniciais que estruturam as instituições, os 
órgãos ou as entidades. Cite-se os arts. 33, 88, 90, 113, 121, 131, 146 e outros da 
Constituição Federal de 1988. 
As normas declaratórias de princípios programáticos trazem os programas que 
devem ser implementados pelo Estado, com a finalidade de concretizar os fins sociais. 
Cite-se os artigos: 6º, 196, 205, 215, dentre outros. 
Citando novamente o autor Pedro Lenza, este traz algumas normas programáticas 
que são descritas por José Afonso da Silva: 
 
a) art. 7.o, XI (participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, 
conforme definido em lei, observando que já existe ato normativo 
concretizando o direito); 
b) art. 7.o, XX (proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante 
incentivos específicos, nos termos da lei); 
c) art. 7.o, XXVII (proteção em face da automação, na forma da lei); 
d) art. 173, § 4.o (a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise 
à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento 
arbitrário dos lucros — vide CADE); 
e) art. 216, § 3.o; 
f) art. 218, § 4.3 
 
 
 
 
 
2 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.242 
3 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.243 
 
 
3 DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 
A hermenêutica é o estudo e interpretação das leis. Na Constituição, a 
interpretação cabe ao exegeta, que irá procurar o real significado dos termos 
constitucionais. A função do exegeta é de extrema relevância, pois a constituição confere 
validade às normas infraconstitucionais de um país. O hermeneuta leva em consideração 
a história, as ideologias, realidades sociais, econômicas e políticas do Estado. 
 A interpretação dos preceitos constitucionais deve levar em consideração todo o 
sistema, assim, caso houver antinomia de normas, busca-se a solução aparente do 
conflito pela interpretação sistemática, por meio dos princípios constitucionais. 
 Podem ocorrer as transformações formais, por meio de reformas à constituição, e 
informais, por meio das mutações constitucionais. As mutações constitucionais não são 
alterações físicas no texto constitucional, mas sim alterações no sentido interpretativo da 
norma. O texto permanece inalterado. 
Pedro Lenza no ensina que: 
 
A transformação não está no texto em si, mas na interpretação daquela 
regra enunciada. O texto permanece inalterado. As mutações 
constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de 
prospecção das normas jurídicas, por meio de processos informais. 
Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas mudanças 
formalmente estabelecidas no texto constitucional.4 
 
 Nesta mudança de interpretação ocorre a atribuição de novos sentidos ao texto 
constitucional, adaptando-se à realidade fática, social, econômica e política de um país, 
ou ainda uma releitura do que se considera ético e justo. Pedro Lenza nos lembra que 
essa alteração deve possuir lastro democrático, correspondendo a uma demanda social 
efetiva por parte da sociedade, respaldada pela soberania popular.5 
 Alguns meios de mutações constitucionais devem ser citados como: 
- a interpretação judicial e administrativa. Os tribunais superiores estão sempre 
analisando algum fato social e jurídico a fim de se aplicar a melhor solução ao caso 
 
4 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021. p. 165 
5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.167 
 
concreto. Dessa maneira, a jurisprudência confere alterações na interpretação de 
institutos legais. Exemplo que pode ser citado é o caso da união homoafetiva. Durante 
anos no país houve dificuldade para que casais homoafetivos tivessem o casamento 
reconhecido, conferindo direitos aos cônjuges e protegendo a família em caso de morte, 
com aplicação dos institutos do direito sucessório. Vejamos abaixo a jurisprudência que 
trata do caso: 
O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial 
proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família 
em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco 
importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por 
casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, 
ao utilizar-se da expressão "família", não limita sua formação a casais 
heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia 
religiosa. Família como instituição privada que, voluntariamente 
constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade 
civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal 
lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais que a própria 
Constituição designa por "intimidade e vida privada" (inciso X do art. 5º). 
Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos quesomente 
ganha plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à 
formação de uma autonomizada família. Família como figura central ou 
continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da 
interpretação não reducionista do conceito de família como instituição que 
também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da CF de 
1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo como 
categoria sócio-político-cultural. Competência do STF para manter, 
interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo 
da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à 
orientação sexual das pessoas. União estável. Normação constitucional 
referida a homem e mulher, mas apenas para especial proteção desta 
última. (...) A referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, 
no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a 
menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem 
hierarquia no âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a 
um mais eficiente combate à renitência patriarcal dos costumes 
brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para 
ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a 
cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que, 
ao utilizar da terminologia "entidade familiar", não pretendeu diferenciá-la 
da "família". Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica 
entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo 
doméstico. Emprego do fraseado "entidade familiar" como sinônimo 
perfeito de família. (...). (...) Ante a possibilidade de interpretação em 
sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do CC/2002, não 
resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de 
"interpretação conforme à Constituição". Isso para excluir do dispositivo 
em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união 
 
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e 
com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. 
[ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-
10-2011.] = RE 687.432 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 18-9-2012, 1ª 
T, DJE de 2-10-2012 Vide RE 646.721, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, 
j. 10-5-2017, P, DJE de 11-9-2017, Tema 4986 
 
Sobre a interpretação administrativa, cite-se às mudanças de entendimentos do 
CNJ – Conselho Nacional de Justiça, que altera suas resoluções com a finalidade de 
abranger outras situações jurídicas e se adequar com a realidade. 
- Atuação do legislador: trata-se de mutação ao texto legislativo por ato do próprio 
legislador, que por sua vez, procura alterar o sentido já dado a alguma norma 
constitucional. 
- Costumes constitucionais: algumas práticas reiteradas ensejaram mudanças no 
sentido interpretativo da constituição. 
As mutações e alterações de uma constituição devem respeitar os princípios 
estruturantes, para que não se configurem como inconstitucionais. Assim, os princípios 
também são considerados como normas, que conferem a uma constituição maior 
amplitude e possibilidade de alargamento de conceitos. Os princípios são normas, assim 
como as regras. Dessa forma, pode-se afirmar que princípios e regras são espécies de 
normas. 
 Um sistema jurídico não pode ser composto apenas por princípios, eis que isso 
traria muita flexibilidade do sistema, e não confere segurança jurídica aos cidadãos. Por 
outro lado, um sistema jurídico também não poderia ser composto apenas por regras, 
eis que não teríamos assim a possibilidade de interpretações conforme princípios gerais 
do direito, se configurando como um sistema extremamente rígido. 
Pedro Lenza ressalta que: 
 
[...] a interpretação e a aplicação de princípios e regras dar-se-ão com 
base nos postulados normativos inespecíficos, quais sejam, a 
ponderação (atribuindo-se pesos), a concordância prática e a proibição 
 
6 BRASIL. ADI 4.277. ADPF 132. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF. ADI 4.277 e ADPF 132, rel. 
min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-10-2011.A Constituição Federal e o Supremo. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp#visualizar Acesso em 04.abr.2021. 
 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628635
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628633
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2857867
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13579050
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628635
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628633
 
de excesso (garantindo a manutenção de um mínimo de eficácia dos 
direitos fundamentais), e específicos, destacando-se o postulado da 
igualdade, o da razoabilidade e o da proporcionalidade.7 
 
 Assim, a hermenêutica trata do estudo e da interpretação das leis e normas 
constitucionais. Temos no ordenamento jurídico brasileiro diversas formas de 
interpretação das normas jurídicas. Os princípios e as regras previstas no ordenamento 
conferem um norte a ser seguido pelo intérprete em caso de dúvidas quanto a sua 
aplicação. 
 
4. DOS CONFLITOS DE NORMAS CONSTITUCIONAIS E FORMAS DE 
RESOLUÇÃO. 
 
Em algumas situações pode ser que o exegeta se depare com normas de mesmo 
valor normativo, mesmo grau hierárquico e de especialidade que tutelam um 
determinado caso em concreto, mas que são contraditórias. 
São os casos que tratam, por exemplo, de direitos fundamentais, em que as 
normas que colidem são consideradas como direitos fundamentais e que se contradizem. 
O exemplo clássico é o caso do conflito entre o direito à informação e o direito à 
privacidade (que além de se caracterizar como direito fundamental é também direito da 
personalidade). 
Note-se que as regras são mais específicas que os princípios, possuindo assim 
características para que haja a sua aplicação. Diante do conflito de regras, apenas uma 
deverá prevalecer, se utilizando da ideia do “tudo ou nada”. A regra só não será aplicada 
se o fato que a contempla for considerado como inválido, ou se existir outra norma mais 
específica, ou se ainda não estiver em vigor. Nesses casos utilizaremos os critérios 
hierárquico, da especialidade ou o cronológico. 
No caso de colisão de princípios, estamos diante de um conflito de valores e 
interpretações sobre preceitos normativos mais abstratos. Neste caso, a técnica utilizada 
será a da ponderação ou balanceamento, sendo os princípios valorativos ou finalísticos. 
Os princípios são mandamentos ou mandados de otimização, nas palavras de 
Robert Alexy: 
 
7 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva. São Paulo: 2021.p.169 
 
normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível 
dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios são, 
por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados 
por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a 
medida devida de sua satisfação não depende somente das 
possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. O 
âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e 
regras colidentes.8 
 
 A ponderação deverá ser aplicada como meio de se resolver conflitos de normas 
constitucionais que abarquem direitos fundamentais ou princípios. Em caso de conflito 
de regras, utilizar-se-á os critérios de solução de antinomias, como o critério da 
especialidade, o critério da hierarquia ou o critério cronológico. 
 A ponderação será aplicada através da interpretação da norma, analisando seus 
valores, seu sentido, o caso concreto e todo o sistema jurídico. Pondera-se valores, 
fundamentos, direitos e deveres, para se chegar a uma resposta justa. Não existe 
fórmula mágica ou respostapré-fabricada a todos os questionamentos jurídicos. 
 O operador do direito terá que analisar o caso concreto e verificar qual direito 
deve sobressair. Esse é o uso da técnica da ponderação. 
 Vejamos um caso concreto para melhor compreensão: 
 
O veículo de comunicação exime-se de culpa quando busca fontes 
fidedignas, quando exerce atividade investigativa, ouve as diversas 
partes interessadas e afasta quaisquer dúvidas sérias quanto à 
veracidade do que divulgará.” “A reportagem da recorrente indicou o 
recorrido como suspeito de integrar organização criminosa. Para 
sustentar tal afirmação, trouxe ao ar elementos importantes, como o 
depoimento de fontes fidedignas, a saber: (i) a prova testemunhal de 
quem foi à autoridade policial formalizar notícia crime; (ii) a opinião de um 
Procurador da República. O repórter fez-se passar por agente 
interessado nos benefícios da atividade ilícita, obtendo gravações que 
efetivamente demonstravam a existência”[...] “de engenho fraudatório. 
Houve busca e apreensão em empresa do recorrido e daí infere-se que, 
aos olhos da autoridade judicial que determinou tal medida, havia fumaça 
do bom direito a justificá-la. Ademais, a reportagem procurou ouvir o 
recorrido, levando ao ar a palavra de seu advogado. Não se tratava, 
 
8 R. Alexy, Teoria dos direitos fundamentais, p. 90-91 (trad. de Virgílio Afonso da Silva) (grifamos). Cf., 
também, sobre a distinção entre regras e princípios, L. V. A. da Silva, Princípios e regras: mitos e 
equívocos acerca de uma distinção, Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais, p. 607-630 
APUD. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo. Saraiva: 2021. p.170 
 
portanto, de um mexerico, fofoca ou boato que, negligentemente, se 
divulgava em cadeia nacional.”9 
 
 Anderson Schreiber explica acerca da decisão acima colacionada nos seguintes 
termos: 
 
Paradigmático exemplo de aplicação da técnica de ponderação entre o 
direito à honra e a liberdade de informação, o citado acórdão aponta, com 
clareza, os critérios que devem ser observados na solução de conflitos 
decorrentes de divulgação de suspeitas de prática criminosa: (i) destaque 
para a qualificação do retratado como mero suspeito ou acusado; (ii) 
consulta a fontes fidedignas; (iii) apresentação dos indícios recolhidos; e 
(iv) oitiva do suspeito e do seu advogado. 
Observados esses parâmetros, a posterior frustração da ação penal ou 
mesmo a constatação da inocência do acusado não podem resultar em 
responsabilidade da entidade jornalística, que se limita a dar notícia da 
suspeita ou acusação à época existente. Foi o que concluiu, naquela 
mesma ocasião, o Superior Tribunal de Justiça: “A suspeita que recaía 
sobre o recorrido, por mais dolorosa que lhe seja, de fato, existia e era, à 
época, fidedigna. Se hoje já não pesam sobre o recorrido essas 
suspeitas, isso não faz com que o passado se altere. Pensar de modo 
contrário seria impor indenização a todo veículo de imprensa que 
divulgue investigação ou ação penal que, ao final, se mostre 
improcedente.” 
É recomendável, todavia, que a entidade jornalística, que considerou a 
suspeita relevante o bastante para publicá-la, tenha o cuidado de noticiar 
também a eventual absolvição em processo criminal ou arquivamento do 
inquérito policial, quando tais fatos vierem a ocorrer, evitando que o 
público permaneça apenas parcialmente informado acerca do desfecho 
da suspeita criminosa, que representa ônus imenso sobre a honra da 
pessoa inocente.10 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Ainda sobre a técnica da ponderação, leia o artigo do Professor Flávio Tartuce 
que trata da referida técnica e sua aplicação no Novo Código de Processo Civil: 
TARTUCE, Flávio. Técnica de Ponderação no novo CPC. JusBrasil. Disponível em 
 
9 STJ, Recurso Especial 984.803/ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, 26.5.2009. 
10 SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2014.p.87 
 
 
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no-
novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck Acesso em 19.maio.2021 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
REFLITA 
 
“O juízo de ponderação, pelo qual se busca realizar o justo, remete também à imagem 
do ser demiúrgico, que empunha em cada mão a balança e a espada. Trata-se de ofício 
reconhecidamente intrincado em dificuldades variadas, mas de elementar importância 
para o cidadão e para a comunidade política na sua inteireza moral. Acaso se preferisse 
que tal ofício fosse realizado por entidades super-humanas, mitológicas, como a deusa 
Themis ou o extraordinário Hércules. No mundo real, é inevitável, porém, conviver com 
o que toda empreitada humana tem de precário e de insuficiente, ainda que sob o alento 
de que reconhecer limites e atentar para condicionantes favorece superações e propicia 
giros evolutivos.” 
 
Fonte: Branco, Paulo Gustavo Gonet Juízo de ponderação na jurisdição constitucional / Paulo 
Gustavo Gonet Branco. — São Paulo : Saraiva, 2009. — (Série IDP). p.309 
 
#REFLITA# 
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no-novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/302533403/tecnica-de-ponderacao-no-novo-cpc-debate-com-o-professor-lenio-streck
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro estudante, 
 
Nesta unidade aprendemos sobre as normas constitucionais, o que são elas, e a 
diferença entre as normas estruturantes de uma constituição e as normas que conferem 
direitos e deveres aos cidadãos. Logo após, analisamos sobre a eficácia da norma 
constitucional, utilizando-se das lições de José Afonso da Silva sobre o tema. 
Vimos a diferença entre as normas constitucionais de eficácia plena, que são 
aquelas que ao adentrar o texto constitucional já passam a ter aplicabilidade; as normas 
de eficácia contida, que ao adentrar o ordenamento constitucional já podem ser 
aplicadas, porém também podem sofrer limitações em decorrências de fatos, direitos, 
leis, ou acontecimentos históricos; e as normas de eficácia contida, que ao adentrar o 
texto constitucional não possuem aplicabilidade imediata, dependendo de leis 
infraconstitucionais que irão regulamentar o texto, a norma, e a sua aplicabilidade. 
Estudamos a hermenêutica constitucional e como ela é aplicada em casos 
concretos, bem como as formas de resolução dos conflitos das normas constitucionais, 
no qual utilizaremos a técnica da ponderação. 
Até a próxima unidade. 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Sobre a técnica da ponderação e a aplicação pelo Supremo Tribunal Federal, 
leia o artigo de Lenio Streck, publicado pela CONJUR, em que o autor realiza crítica da 
forma com que o STF realiza a aplicação da referida técnica: 
 
https://www.conjur.com.br/2016-dez-11/aborto-recepcao-equivocada-ponderacao-alexyana-st 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.conjur.com.br/2016-dez-11/aborto-recepcao-equivocada-ponderacao-alexyana-st
 
 
LIVRO 
 
• Título.: Direito Constitucional 
• Autor. Alexandre de Moraes 
• Editora. Atlas/Gen 
• Sinopse: Curso de direito constitucional voltado para acadêmicos de direito e cursos 
que estudam o direito constitucional, analisando desde o significado de termos 
corriqueiros na matéria, passando pelo poder constituinte, análise dos direitos e 
garantias fundamentais, processo legislativo, divisão e estrutura dos poderes, controle 
de constitucionalidade, dentre outros temas de extrema relevância. 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título. A vida de David Gale 
• Ano. 2003 
• Sinopse. 
“David Gale (Kevin Spacey) é um homem correto que em circunstâncias bizarras é 
condenado à pena de morte pelo estupro e assassinato de sua colega ativista Constance 
Hallaway (Laura Linney). Gale é um pai de família e professor respeitado, conhecido por 
sua oposição justamente a este tipo de punição. Três dias antes de sua execução,

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