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CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA LIGA ACADÊMICA DE MEDICINA COMUNITÁRIA DO ALTO SERTÃO GUILHERME ARAÚJO RAFAEL ISAQUE DIABETES MELITO GUILHERME ARAÚJO MOTA RAFAEL ISAQUE LIRA DO NASCIMENTO CASO • Uma mulher de 30 anos chega ao seu consultório com a queixa principal de "uma infecção por Candida que não quer me deixar". Também notou que está urinando mais frequentemente, mas acredita que isso está relacionado à infecção. Nos últimos anos, notou que ganhou mais de 18 kg. Tentou numerosas dietas, mais recentemente uma dieta pobre em carboidratos e rica em gorduras. O único outro dado pertinente na sua história é que lhe disseram para cuidar da dieta durante a gravidez, devido ao ganho excessivo de peso. Seu filho teve um parto cesáreo, porque pesava mais de 4 kg. 2 CASO • Sua história familiar é desconhecida, pois foi adotada. Ao exame físico, sua pressão arterial é de 138/88 mmHg, pulso de 72 bpm e frequência respiratória de 16 mpm. Mede 1,65 m e pesa 86,26 kg (IMC = 31,6). O exame físico revela pele escura, que parece espessada, na parte posterior do pescoço, e pele avermelhada e úmida abaixo de seus seios. Seu exame pélvico revela uma secreção vaginal branca e espessa. Uma preparação a fresco da secreção vaginal revela ramificação de hifas consistentes com Candida. Um exame de fita de urina é negativo para esterase de leucócitos, nitritos, proteína e glicose. 3 CASO • Qual o diagnóstico primário mais provável para essa paciente? • Que achados físicos ela apresenta que são sugestivos do diagnóstico e têm implicações para o manejo? • Que estudos diagnósticos devem ser solicitados nesse momento? 4 OBJETIVOS 5 1- Conhecer os critérios diagnósticos para diabetes melito, incluindo sinais e sintomas, achados físicos e estudos diagnósticos; 3- Aprender as opções de tratamento para pacientes diabéticos; 2- Conhecer as diferenças fisiopatológicas e epidemiológicas entre diabetes melito tipo 1 e tipo 2; 4- Estar ciente de emergências agudas que podem ocorrer em diabéticos e como manejá-las. CONSIDERAÇÕES • Um dos problemas clínicos mais comuns na prática médica; • 26 milhões de diabéticos nos EUA; • Estimativa de 415 milhões de diabéticos em todo o mundo, em 2015 (BRADLY, 2018); • Afeta todos os grupos étnicos; • Epidemia global de obesidade levou a um aumento no número de diabéticos tipo 2. 6 CONSIDERAÇÕES COMPLICAÇÕES 7 Maior probabilidade de serem hospitalizados por doenças cardiovasculares e vasculopatias periféricas Principal causa de cegueira em adultos Principal causa de nefropatia terminal e de amputações não- traumáticas CONSIDERAÇÕES COMPLICAÇÕES 8 ALTERAÇÕES NEUROPÁTICAS GASTROINTESTINAIS IMUNOLÓGICAS • Redução de sensibilidade ou de dor • Desenvolvimento de úlceras, infecções • Lesões das extremidades. • Comprometimento da capacidade do paciente de comer adequadamente. • Mais suscetíveis a infecções oportunistas, como micoses cutâneas ou infecções geniturinárias. CONSIDERAÇÕES • A tolerância alterada à glicose ou o diabetes franco podem estar presentes anos antes do diagnóstico do diabetes tipo 2; • Mulheres com diabetes gestacional têm um risco aumentado de desenvolver diabetes não gestacional; • Infecções fúngicas difíceis de tratar ou recorrentes podem ser a apresentação inicial que leva ao diagnóstico de diabetes; • Paciente tem infecção tanto vaginal quanto cutânea. 9 CONSIDERAÇÕES • O sintoma de poliúria também deve levar a um aumento da suspeita de diabetes; • Pacientes com diabetes tipo 1 também podem se apresentar com polifagia; • Falta de insulina impede que sua ingestão alimentar seja apropriadamente Metabolizada; • A ausência de glicose na fita urinária não exclui o diagnóstico e não deve retardar um nível de glicemia. 10 CONSIDERAÇÕES • A abordagem geral ao manejo do diabetes está direcionada à prevenção secundária de complicações macrovasculares e microvasculares. 11 Controle glicêmico com uma meta de hemoglobina A1c de 7% ou menos Lipoproteína de baixa densidade (LDL) 70 a 100 Pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg Modificações de estilo de vida ABORDAGEM CLÍNICA • Diabetes mellitus diz respeito a um conjunto de doenças que resultam em altos níveis de glicemia, as quais podem ocasionar complicações micro e macroscópicas; • As principais classificações são: 1. Diabetes tipo 1; 2. Diabetes tipo 2 e 3. Diabetes gestacional. 12 ABORDAGEM CLÍNICA • Diabetes tipo 1 • juvenil ou insulino-dependente; • Destruição autoimune de células β- pancreáticas; • Diminuição da produção de insulina; • Fatores de risco incluem a susceptibilidade genética, fatores ambientais e infecções virais. 13 ABORDAGEM CLÍNICA 14 A insulina é fundamental para o metabolismo da glicose. Na falta dela, ocorre a degradação de gorduras, levando à produção de cetonas. Um resultado extremo desse processo é a cetoacidose diabética (DKA), uma síndrome caracterizada por hiperglicemia, altos níveis séricos de acetonas e uma acidose metabólica com hiato aniônico. Isso frequentemente ocorre em momentos de estresse físico, como infecção ou infarto do miocárdio, ou quando o paciente não usa a insulina. A DKA é uma emergência médica, exigindo hospitalização, manejo cuidadoso da insulina, correção da acidose e de distúrbios eletrolíticos, e avaliação da causa subjacente do problema. ABORDAGEM CLÍNICA • Diabetes tipo 2 • Diabetes de início adulto ou insulino- independente; • Resistência à insulina em tecidos periféricos; • Os acometidos costumam ser hiperinsulinêmicos; • Fatores de risco: • 90% dos diagnósticos e quase todos os casos não diagnosticados nos EUA. 15 ABORDAGEM CLÍNICA • Diabéticos tipo 2 não controlados podem alcançar níveis de glicemia extremamente altos sem desenvolver cetose e acidose. Esse tipo é mais suscetível a estados hiperosmolares devido aos altos níveis de glicemia. A síndrome hiperosmolar não cetótica ocorre quando os níveis glicêmicos tornam-se altamente elevados, frequentemente aproximando-se de 1.000 mg/dL. Esse pode ser o sintoma de apresentação do diabetes tipo 2, ou resultar de uma doença simultânea ou da não tomada de medicações. A osmolaridade sérica está elevada(> 320 mOsm/kg) e o paciente tem um grande déficit de líquido (até 9 L). Em casos graves, pode ocorrer coma ou óbito. O manejo é hospitalização, reidratação, tratamento de doenças subjacentes e, às vezes, uso judicioso de insulina para superar a toxicidade aguda da glicose. 16 ABORDAGEM CLÍNICA 17 ABORDAGEM CLÍNICA • O diabetes gestacional ocorre em 3 a 10% de todas as gestações; • Em geral, mulheres têm 50% mais insulina em seu terceiro trimestre; • Níveis elevados de somatomamotrofina coriônica, progesterona e estrogênio, todos agindo como antagonistas da insulina. 18 ABORDAGEM CLÍNICA • Mulheres com diabetes gestacional têm maior propensão a desenvolver diabetes tipo 2 não relacionado à gestação e devem ser rastreadas com um teste de tolerância à glicose depois do parto. 19 DIAGNÓSTICO • Glicemia aleatória de 200 mg/dL ou mais, juntamente com sintomas clássicos, que incluem polidipsia, poliúria, polifagia, infecções frequentes e perda de peso; • Glicemia em jejum ≥126 mg/dL (nenhuma ingestão calórica por pelo menos 8 horas), por duas vezes; • Glicemia plasmática de 200 mg/dL ou mais, 2 horas depois de uma carga de 75g de glicose; • Hemoglobina A1c (HbA1c) de 6,5% ou mais. 20 DIAGNÓSTICO - QUESTÃO Uma adolescente de 16 anos está apresentando desejo aumentado por doces. Frequentemente consome dois ou três sundaes e quatro refrigerantes grandes por dia, mas ainda consegue manter seu peso. Amigos frequentemente notam que está indo com mais frequência ao banheiro, mas nega qualquer episódio de vômito forçado e declara apenas que precisa urinar depois de tomar tanto refrigerante. Ao exame físico, tem 1,74m e 49,9kg, esua tireoide é não palpável. Qual dos seguintes resultados de exame é diagnóstico de diabetes melito? A- Glicose sérica de 150 mg/dL. B- Teste de tolerância à glicose de 2 horas acima de 200 mg/dL, com uma carga de glicose de 100g. C- Glicemia aleatória acima de 200 mg/dL, com sintomas como polidipsia ou poliúria. D- HbA1c de 6,3%. 21 DIAGNÓSTICO - QUESTÃO Uma adolescente de 16 anos está apresentando desejo aumentado por doces. Frequentemente consome dois ou três sundaes e quatro refrigerantes grandes por dia, mas ainda consegue manter seu peso. Amigos frequentemente notam que está indo com mais frequência ao banheiro, mas nega qualquer episódio de vômito forçado e declara apenas que precisa urinar depois de tomar tanto refrigerante. Ao exame físico, tem 1,74 m e 49,9kg, e sua tireoide é não palpável. Qual dos seguintes resultados de exame é diagnóstico de diabetes melito? A- Glicose sérica de 150 mg/dL. (Em jejum, seria confirmatório) B- Teste de tolerância à glicose de 2 horas acima de 200 mg/dL, com uma carga de glicose de 100g. (75g) C- Glicemia aleatória acima de 200 mg/dL, com sintomas como polidipsia ou poliúria. D- HbA1c de 6,3%. (6,5%) 22 DIAGNÓSTICO – QUESTIONÁRIO FINDRISC 23 DIAGNÓSTICO – QUESTIONÁRIO FINDRISC 24 MANEJO • O tratamento do diabetes tipo 1 envolve o uso de insulina: ➢ Terapia combinada com insulina de ação curta antes das refeições e uma insulina basal de ação intermediária ou prolongada; ➢ Terapia com bomba de insulina fornece uma infusão subcutânea contínua de insulina de ação curta. 25 MANEJO • Diabéticos tipo 2 e pessoas em risco de desenvolver diabetes devem ser educados sobre a importância da dieta e exercício como componentes-chave de seu manejo; • Uma meta inicial que muitos podem alcançar é a perda de 10% do peso; • Existem várias medicações para o tratamento do diabetes tipo 2; • A metformina é o fármaco de escolha para iniciar o tratamento, exceto na presença de contraindicações. 26 MANEJO • ABIGUANIDAS (METFORMINA) • Agem no fígado para diminuir o débito de glicose durante a gliconeogênese; • Maior sensibilidade à insulina no fígado e no músculo; • Pode diminuir a HbA1c; • Outras vantagens: nenhum potencial de hipoglicemia, níveis insulínicos reduzidos, perda de peso em potencial e redução de triglicerídeos e colesterol LDL. 27 MANEJO • SULFONILUREIAS • Estimulam células beta no pâncreas a secretar insulina; • Redução potencial de 2% na HbA1c; • Uma ou duas doses por dia, e custo relativamente baixo; • Risco de causar hipoglicemia por estimular a secreção de insulina. 28 SULFONILUREIAS INSULINA Terapia combinada de segunda linha melhor validada MANEJO DA HIPOGLICEMIA • Causas: jejum, insulina exógena, autoimunidade, abuso de sulfonilureia e deficiência hormonal; • Confusão, dificuldade de concentração, irritabilidade, alucinações, comprometimentos focais (p. ex., hemiplegia) e eventualmente coma e óbito; • O estímulo do sistema nervoso simpático-suprarrenal causa suores, palpitações, tremores, ansiedade e fome; • Paciente consciente e cooperativo: suco, refrigerante, bala; • Se a pessoa não puder ingerir nada por via oral, a administração rápida de glucagon IM pode ser efetiva; • Ambiente hospitalar: injeção de dextrose 50%. 29 RESUMO • Uma mulher obesa de 30 anos chega com uma infecção por Candida, difícil de tratar, e poliúria. Ganhou mais de 18 kg, apesar de esforços para perder peso. Tem uma história de ganho significativo de peso e disseram-lhe que ''cuidasse de sua dieta durante uma gravidez”. Ao exame, verifica-se um IMC de 31,6, acantose nigricans, vaginite por Candida, mas um teste de fita negativo na urina. 30 QUAL É O DIAGNÓSTICO PRIMÁRIO MAIS PROVÁVEL PARA ESSA PACIENTE? 31 DIAGNÓSTICO MAIS PROVÁVEL • Diabetes melito tipo 2. 32 QUE ACHADOS FÍSICOS ELA APRESENTA QUE SÃO SUGESTIVOS DO DIAGNÓSTICO E TÊM IMPLICAÇÕES PARA O MANEJO? 33 ACHADOS MAIS SIGNIFICATIVOS • Obesidade; • Acantose nigricans; • Pressão arterial elevada para uma diabética (meta é < 130/80 mmHg); • Vaginite por Candida; • Possivelmente infecção de pele por Candida abaixo das mamas. 34 Que estudos diagnósticos devem ser solicitados nesse momento? 35 Estudos diagnósticos • Medida de glicemia (glicose aleatória pode ser medida no consultório com uma amostra do dedo). • Exames de acompanhamento: ➢ Eletrólitos ➢ Nitrogênio uréico plasmático ➢ Creatinina ➢ Lipídeos em jejum ➢ Microalbumina urinária ➢ Razão de creatinina ➢ Hemoglobina A1c. 36
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