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Ascaridíase: Parasita Intestinal

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Ascaridíase 
FAMÍLIA: Ascarididae; 
SUBFAMÍLIA: Ascaridinae; 
ESPÉCIE: Ascaris lumbricoides (1758) e A. suum (1882), parasitam, respectivamente, o 
intestino delgado de humanos e suínos. São popularmente conhecidos como lombriga ou 
bicha, causando a doença denominada ascaridíase e, menos frequentemente, ascaridose 
ou ascariose. 
As duas espécies são semelhantes, observando-se pequenas diferenças com relação ao 
comprimento, ao tamanho dos dentículos nas margens serrilhadas dos três lábios e à 
grande quantidade de ovos colocados pela espécie parasita de suínos, cerca de um milhão 
por dia. Há controvérsias sobre se a ascaridíase é zoonose ou não, entretanto, trabalhos 
mencionam que pode haver infecções cruzadas, isto é, a espécie do suíno pode infectar 
humanos e vice-versa, com duração normal do parasitismo. 
O A. lumbricoides é encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com 
frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do 
grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Atualmente, apesar das 
campanhas realizadas nas escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo continuam 
elevados, especialmente em crianças com idade inferior a 12 anos em várias regiões 
brasileiras que seja na cidade ou em zonas rurais. 
 
MORFOLOGIA 
As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas -
> o tamanho dos A. lumbricoides depende do número de parasitos albergados 
(hospedados) e do estado nutricional do hospedeiro. 
 
- MACHOS: Quando adultos, medem de 20 a 30 cm de comprimento e apresentam cor 
leitosa. A boca ou vestíbulo bucal está localizado na extremidade anterior, e é contornado 
por três fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios. À boca, segue-se o 
esôfago musculoso e, logo após, o intestino retilíneo. O reto é encontrado próximo à 
extremidade posterior. Apresenta um testículo filiforme (se assemelha a um fio) e 
enovelado, que se diferencia em canal deferente, continua pelo canal ejaculador, abrindo-
se na cloaca, localizada próximo à extremidade posterior. Apresentam mais dois espículos 
iguais que funcionam como órgãos acessórios da cópula. Não possuem gubernáculo. A 
extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é o caráter sexual 
externo que o diferencia facilmente da fêmea. Notam-se ainda na cauda -> papilas pré e 
cloacais. 
- FÊMEAS: Medem cerca de 30 a 40 cm, quando adultas, sendo mais robustas que os 
exemplares machos. A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos do macho. 
Apresentam dois ovários filiformes e enovelados que continuam como ovidutos, 
diferenciando em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela 
vulva, localizada no terço anterior do parasito. A extremidade posterior da fêmea é 
retilínea. 
 
- OVOS: Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as 
fezes (frequentemente são ovos inférteis). São grandes, com cerca de 50µm de 
diâmetro, ovais e com cápsula expressa, em razão da membrana extrena mamilonada, 
secretada pela parede uterina e formada por mucopolissacarídeos. A essa membrana 
seguem-se uma membrana média constituída de quitina e proteína e outra mais interna, 
delgada e impermeável à água constituída de 25% de proteínas e 75% de lipídeos – que 
confere grande resistência às condições adversas do ambiente. Internamente os ovos dos 
ascarídeos apresentam uma massa de células germinativas. Os ovos inférteis são mais 
alongados, possuem membrana mamilonada mais delgada (podem apresentar-se sem essa 
membrana, algumas vezes) e o citoplasma granuloso. 
 
 
(A) ovo fértil embrionado; (B) ovo infértil; (C) ovo desorticado. 
 
HABITAT 
Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, 
principalmente no jejuno e íleo. Em infecções intensas, estes podem ocupar toda a 
extensão do intestino delgado, podendo ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou 
migrarem pela luz intestinal. 
 
CICLO BIOLÓGICO 
Do tipo monoxênico -> possuem um único hospedeiro. 
Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não 
embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes. Os ovos férteis em 
presença de temperatura entre 25ºC e 30ºC, umidade mínima de 70% e oxigênio em 
abundância tornam-se embrionados em 15 dias. 
A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditoide (possui o esôfago com 
duas dilatações: uma em cada extremidade e uma contrição no meio). Após uma semana, 
ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2 e, em seguida, nova 
muda transformando-se em L3 – forma infectante com esôfago tipicamente filarióide 
(esôfago retilíneo). Estas formas permanecem infectantes no solo por vários meses 
podendo ser ingeridas pelo hospedeiro. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 
atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão 
ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como a 
presença de agentes redutores, o pH, a temperatura, os sais e, o mais importante, a 
concentração de CO2, cuja ausência inviabiliza a eclosão. 
As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco e caem nos 
vasos linfáticos e nas veias, cujas invadem o fígado entre 18 e 24 horas após a infecção. 
Em dois a três dias chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior e 
quatro a cinco dias após são encontradas nos pulmões. Cerca de oito dias da infecção, as 
larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, ondem mudam 
para L5. Sobem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe. Podem então 
ser expelidas com a expectoração (expulsão por meio da tosse) ou serem deglutidas, 
atravessando o estômago ilesas e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em 
adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, 
fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro – os 
vermes adultos têm uma longevidade de um a dois anos. 
 
TRANSMISSÃO 
 Ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos 
contendo a L3. 
 Alguns artigos avaliam a contaminação das águas de córregos que são utilizadas 
para irrigação de hortas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis. 
 Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicularem 
mecanicamente ovos de A. lumbricoides. 
 Pesquisas revelaram que pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal 
(que fica por baixo da unha) com ovos viáveis, principalmente em crianças. 
Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que 
representa um fator importante na transmissão da parasitose: uma vez presente no 
ambiente ou em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens. 
 
PATOGENIA 
LARVAS -> infecções de baixa intensidade = normalmente não se observa nenhuma 
alteração. 
Infecções maciças = lesões hepáticas e pulmonares. No fígado, quando são encontradas 
numerosas formas larvares migrando pelo parênquima (parte específica de um órgão), 
podem ser vistos pequenos focos hemorrágicos e de necrose que futuramente tornam-
se fibrosados. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas 
para os alvéolos -> a migração das larvas pelos alvéolos pulmonares depende do número 
de formas presentes, que pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, 
dispneia e eosinofilia. Há edemaciação dos alvéolos com infiltrado parenquimatoso 
eosinofílico, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia (a este conjunto de 
sinais denomina-se síndrome de Loeffler). Na tosse produtiva (com muco) o catarro pode 
ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. Estas manifestações geralmente 
ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitáriodas mesmas. 
VERMES ADULTOS -> infecções de baixa intensidade = três a quatro vermes, o 
hospedeiro não apresenta manifestação clínica. 
Infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou mais vermes, podem encontrar: 
 Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, 
carboidratos, lipídios e vitaminas A e C, levando o paciente, principalmente crianças, 
à subnutrição e depauperamento (enfraquecimento) físico e mental; 
 Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do 
hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões epileptiformes etc.; 
 Ação mecânica: causam irritações na parede e podem enovelar-se na luz intestinal, 
levando à sua obstrução – a mais comum das complicações agudas contabilizando 
três quartos de todas as complicações; e as crianças são mais propensas a este 
tipo de complicação, causada principalmente pelo menor tamanho do intestino 
delgado e pela intensa carga parasitária; 
 Localização ectópica (fora do lugar habitual): nos casos de pacientes com altas 
cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofra alguma ação irritativa, a exemplo 
de febre, uso impróprio de medicamento e ingestão de alimentos muito 
condimentados o helminto desloca-se de seu habitat normal atingindo locais não 
habituais. Aos vermes que fazem esta migração dá-se o nome de “áscaris errático”. 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO: Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, por isto mesmo difícil de 
ser diagnosticada em exame clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo 
número de vermes que infectam cada pessoa. 
LABORATORIAL: É feito pela pesquisa de ovos nas fezes. O método de Kato modificado 
por Katz é bastante eficiente e recomendado pela OMS para inquéritos epidemiológicos – 
esta técnica permite a quantificação dos ovos e consequentemente estima o grau de 
parasitismo dos portadores, compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra 
maior rigor no controle de cura. 
Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente com vermes fêmeas -> todos os 
ovos expelidos serão inférteis; enquanto em infecções somente com vermes machos -> 
o exame de fezes será consistentemente negativo. 
 
TRATAMENTO 
A Organização Mundial de Saúde recomenda quatro drogas – albendazol, mebendazol, 
levamisol e pamoato de pirantel – para o tratamento e controle de helmintos transmitidos 
pelo solo. 
 Albendazol: encontrada na forma de comprimidos de 200 e 400mg, e de 
suspensão oral de 100mg/5ml. A dose única de 400mg é altamente eficaz contra a 
ascaridíase, mostrando níveis de cura e de redução de ovos de até 100%. A droga 
é pouco absorvida pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre diretamente 
no trato gastrointestinal. A fração absorvida é metabolizada no fígado, tendo uma 
vida média de aproximadamente nove horas, após este período é excretada com a 
bile através dos rins. 
 Mebendazol: encontrada sob a forma de comprimidos de 100 e 500mg e também 
em suspensão oral de 100mg/5ml. A dose única de 500mg mostrou alta efetividade 
contra a ascaridíase e outras parasitoses intestinais. A absorção da droga é 
pequena, mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos gordurosos – é 
metabolizada predominantemente no fígado e sua excreção pode ocorrer pela bile 
e urina. Usualmente a maior parte da droga é encontrada inalterada nas fezes, o 
que explica sua excelente atividade contra os helmintos intestinais. 
 Levamisol: encontrado em comprimidos de 40mg e administrado em dose única de 
2,5mg/kg. É completamente absorvido pelo trato gastrointestinal, alcançando picos 
máximos de concentração plasmática em duas horas - é metabolizado no fígado e 
eliminada pela urina. 
Quando há complicações como oclusão e suboclusão, é recomendado manter o paciente 
em jejum e passar sonda nasogástrica, administrar pela sonda hexahidrato de piperazina 
(100mg/kg; sem exceder dose total de 6g) e 50 ml de óleo mineral. Caso não haja 
resolução do processo oclusivo é recomendado tratamento cirúrgico. 
 
PROFILAXIA 
 
A) Repetidos tratamentos em massa dos habitantes das áreas endêmicas com drogas 
ovicidas; 
B) Tratamento das fezes humanas que eventualmente, possam ser utilizadas como 
fertilizantes; 
C) Saneamento básico; 
D) Educação para a saúde. 
Sendo o ovo resistente aos desinfetantes usuais, e o peridomicílio funcionando como foco 
de infecção, algumas medidas têm de ser tomadas para o controle desta e de outras 
helmintoses intestinais: 
 Educação em saúde; 
 Construção de redes de esgoto, como tratamento e/ou fossas sépticas; 
 Tratamento de toda a população com drogas ovicidas, pelo menos, durante três 
anos consecutivos; 
 Proteção dos alimentos contra insetos e poeira.

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