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OTITES NA INFÂNCIA · Objetivos · Mostrar a técnica adequada para a otoscopia. · Classificar as otites. · Descrever os sinais e sintomas das otites. · Descrever o tratamento. · Citar as principais complicações. · No exame (otoscopia), devemos realizar: · A inspeção visual. Às vezes, ao olhar a orelha da criança, já podemos ver algum sinal que indica uma otite. · Palpação do pavilhão auricular e da região pré e retroauricular. Podemos ver algum sinal ou até mesmo tocar e a criança reagir. Quando temos uma complicação, podemos ter calor, rubor. · Por fim, a otoscopia propriamente dita. TÉCNICA · Para melhor visualização da membrana timpânica, temos de lançar mão de algumas manobras. · Para recém-nascidos (0 a 28 dias) e lactentes jovens (29 dias até 11 meses), devemos tracionar o pavilhão auricular inferiormente. É como se a gente puxasse o lobo da orelha. · Nas crianças maiores, devemos tracioná-lo póstero-superiormente. É mais um pouco para cima e nessa posição. · Assim, retifica-se o conduto auditivo externo, facilitando a introdução do espéculo e melhorando a visualização do conduto e da membrana timpânica. · Devemos escolher o tamanho adequado do espéculo. POSIÇÃO · Temos que ter cuidado em como vamos realizar esse exame. Nas crianças colaborativas, realizar na posição mais confortável. Já nas crianças menos colaborativas, tentar com a mãe abraçando a criança, com uma das mãos da mãe segurando tórax e braços e com a outra, a cabeça. · A gente sempre deixa o exame da orofaringe e a otoscopia no final, uma vez que são exames que as crianças possuem mais medo. · Outra forma é colocar a criança deitada de bruços e lateralizar a cabeça, assim conseguimos restringir sua mobilidade e facilitar a contenção. · Temos que tomar cuidado pois estamos com um aparelho, e se a criança de movimentar, podemos introduzi-lo mais do que deveríamos. CLASSIFICAÇÃO DAS OTITES · Otite externa. · Otite média: · Otite média aguda. · Otite média com efusão. · Otite média crônica. ANATOMIA DA ORELHA · Orelha externa: · Pavilhão auditivo. · Conduto auditivo externo. · Orelha Média: · Membrana timpânica. · Ossículos: martelo, bigorna e estribo. · Tuba auditiva ou Trompa de Eustáquio. · Orelha Interna · Parte anterior denominada Cóclea (audição). · Parte posterior formada pelo Vestíbulo e Canais semicirculares (equilíbrio). OTITE EXTERNA · A otite externa (OE) é uma afecção inflamatória do canal ou do conduto auditivo externo (CAE) ou da região auricular (da própria orelha). Pode ser aguda ou crônica. · Acomete 3-10% dos pacientes com queixas otológicas. · Muito frequente nos meses quentes e úmidos. No verão, com uso das piscinas e ida à praia, por exemplo. · Sinais e Sintomas: · Principal sintoma é otalgia (dor de ouvido), que pode ser exacerbada pela manipulação do pavilhão auricular ou do tragus (região anterior ao pavilhão) e pela mastigação ou sucção. Então, é aquele paciente que chega, e só de tocar na orelha, ele já reclama e queixa da dor. · Acompanhada ou não de hipoacusia secundária ao edema do conduto. Com o processo inflamatório, essa parte do conduto edemacia e com isso, podemos ter uma hipoacusia. · Formas graves – acompanhadas de febre, linfadenite pré auricular, retroauricular e cervical anterior. · Imagem 1: hiperemia e edema. · Fatores Predisponentes: · Incluem aqueles que favorecem a redução ou perda da camada protetora de cerúmen, maceração do epitélio, obstrução das glândulas apócrinas e sebáceas da porção cartilaginosa do conduto. · É muito comum a mãe achar que ela tem que limpar o ouvido da criança, e elas usam muito cotonete. Temos que orientar a não fazer o uso do cotonete, uma vez que acaba retirando aquela proteção do conduto, que é o cerúmen. · Uma bolha de cerúmen pode ser um fator de hipoacusia, e nesses casos, encaminhamos para um otorrino, que vai fazer uma lavagem. · Outros fatores predisponentes são: calor, umidade, obstruções anatômicas do CAE (exostose, estenose, cerúmen), trauma autoinduzido (cotonete), natação (favorece a umidade, então o conduto fica úmido, favorecendo o processo infecioso). · Agentes etiológicos: · Pseudomonas aeruginosa. · Staphylococcus aureus. · Proteus spp. · Tratamento: · Remoção de exsudatos e detritos de descamação epitelial. Na prática, temos crianças que apresentam eczemas, intertrigos etc., ou seja, são crianças mais alérgicas. Elas podem fazer eczema de conduto, então além da umidade, a criança coça muito, podendo levar a maceração do epitélio. · Soluções desidratantes de uso tópico. Se fala, inclusive, de pingar álcool no conduto, uma vez que ele desidrata e causa um ressecamento. · Antibióticos tópicos. · Corticoide tópico (no caso de dermatite seborreica). · Agentes antifúngicos. Entre os agentes etiológicos, também temos fungos, e por isso, devemos utilizá-los. · Nos casos em que temos um acometimento maior, como febre, linfonodos etc., há até indicação de antibiótico via oral. A primeira escolha é a amoxicilina. OTITE MÉDIA · Classificação: · Otite Média Supurativa ou Aguda (OMA) · Otite Média com Efusão (OME) · Otite Média Crônica · Como é uma membrana timpânica normal? · Uma membrana timpânica normal é fina e transparente, brilhante permitindo observar o ar da cavidade timpânica. · Devemos sempre procurar ver a normalidade no exame físico. · Quando vemos uma membrana edemaciada, sem brilho, sabemos que isso não é normal. · 1. Martelo – podemos visualizar bem. · 2. triângulo luminoso – também conseguimos visualizar bem. · 3. orifício da trompa auditiva · 4. Promontório · Otite Média: · Otite média supurativa ou aguda (OMA) – quando há secreção infectada. · Otite média com efusão (OME) – quando há secreção estéril no ouvido médio sem manifestações clínicas de infecção. Não temos uma secreção infectada. · OBS: nem todas as vezes vamos encontrar secreção. OTITE MÉDIA SUPURATIVA OU AGUDA · Infecção das cavidades do ouvido médio que se encontram cheias de pús. · MT está espessada, opaca, tufada (abaulada) e apresenta aumento da vascularização. · O triângulo luminoso desaparece. Não vemos mais aquele brilho. · É possível observar pus no ouvido médio através da membrana timpânica (cor amarela). · O otoscópio do otorrino consegue ver o movimento da membrana. Mas, nós vamos conseguir ver o abaulamento, o brilho etc. · Etiologia: · Viral – rinovírus e vírus Sincicial Respiratório. · Bacteriana - streptococcus pneumoniae (30 a 50% dos casos); Haemofhilus influenzae (40 a 50% dos casos); Moraxela catarralis ; Staphylococcus aureus; Germes Gram negativos nos RN. · O número de casos de otites diminui em razão da vacinação, mas uma coisa que chama a atenção são as complicações. É importante saber que as principais já estão dentro da vacina penta ou hexa alente e antipneumocócica. · Fatores associados: · Resfriado comum – ventilação normal da tuba faringotimpânica prejudicada. No rosto da criança, tudo é muito próximo, então é muito fácil, quando temos um resfriado, ter a otite como complicação. · Baixa idade – quanto menor a criança, mais susceptível a infecção. · Técnicas inadequadas de amamentação – sempre recomendamos à mãe para não fazer a amamentação deitada. Caso esteja deitada, deve estar com a cabeça elevada. · Hipertrofia das adenoides – é a criança que tem o respirador bucal, podendo ter salivação abundante. A deformidade torácica pode acontecer por hipertrofia da adenoide. · Malformações congênitas – fenda palatina (nasce com o palato aberto). · Aproximadamente 80% das crianças até três anos de idade terão tido 1 episódio de otite média aguda (OMA); · O principal pico de incidência de OMA é durante os dois primeiros anos de idade; com um segundo pico entre 4 e 5 anos de idade; · É a causa mais frequente de perda auditiva em crianças; · Muitas vezes a mãe chega ao consultório se queixando do baixo rendimento escolar da criança. Nesses casos, devemos perguntar à mãe se a criança tinha muito otite quando era menor e se tomava muito antibiótico. · Grande propensão a se tornar crônica e recorrente quando não ébem tratada ou quando a criança apresenta um fator predisponente associado. · Fatores de risco: · Condição socioeconômico menos privilegiada; · Uso de fórmulas lácteas – sabemos que o leite materno é um fator protetor contra a infecção. · Exposição à fumaça de cigarro; · Exposição a outras crianças; · Estação do ano; · Anomalias congênitas – uma criança que tem uma face sindrómica, como Síndrome de Down, possuem características anatômicas diferentes, e com isso, podem apresentar muita otite. · Estado vacinal; · Uso de chupeta – a chupeta tem uma característica no padrão respiratório, então a criança que usa muito tem um padrão diferente. Um outro problema relacionado ao uso de chupeta é a própria exposição. · Manifestações clínicas: · Dor · Irritabilidade · Mudanças de hábitos alimentares e sono · Febre · Vômitos, diarreia – são muito característicos de um quadro infeccioso na criança. · Complicações: · Processos infecciosos provenientes da orelha média podem estender-se para outras regiões do osso temporal (mastoide e petrosa) e crânio (meninges e parênquima cerebral), por continuidade ou via hematogênica. · Extracranianas: abcesso subperiostal, mastoidite labirintite, paralisia do nervo facial. Podem acontecer tanto por continuidade quanto por via hematogênica. · Intracranianas: abcesso cerebral, meningite, trombose de seio lateral, abcesso extradural, encefalite · Mastoidite: infecção purulenta de células da mastoide, por contiguidade com o ouvido médio, geralmente causada por Streptococcus pneumoniae ou Streptococcus do grupo A. Manifesta-se com dor retro auricular, calor, edema e hiperemia local, desvio do pavilhão auricular para fora. É uma complicação bem frequente. É aquela criança que está com uma orelhinha de abano só de um lado. · Tratamento: · Analgésicos · Antipiréticos · Calor local – dá um alívio na dor. · Antibióticos · Antibioticoterapia: · Em caso de diagnóstico de OMA deve-se prescrever um agente bacteriano que seja eficiente contra as três bactérias que mais comumente causam a patologia. Evolução clínica favorável – 48 a 72 horas. · Amoxicilina – 50 mg kg dia · Amoxicilina com clavulanato de potássio · Cefalosporinas · Macrolídeos · Duração do tratamento: varia de acordo com a idade. · Crianças > 2 anos, com membrana timpânica sem perfuração. Duração: 5 a 7 dias. Quando se usa macrolídeo, até se faz por 5 dias. Quando se usa amoxicilina, fazemos 7 ou até mesmo 10 dias. · Duração de 10 dias em crianças muito jovens, episódios graves e experiência de otite média aguda anterior problemática · OME: Miringotomia e inserção de tubos de Timpanostomia OTITE MÉDIA COM EFUSÃO · É definida pela presença de líquido na orelha média sem sinais ou sintomas de infecção aguda. Também chamada de otite serosa. · É aquela criança que tem um processo mais demorado de secreção na orelha. · Causada por uma disfunção da tuba que provoca alteração do arejamento da caixa do tímpano. · Frequentemente acompanha uma infecção viral aguda do trato respiratório superior. · A membrana timpânica encontra-se globalmente retraída, provavelmente por ser um processo mais crônico. · Pode acontecer após uma OMA bacteriana, situações em que o fluído estéril pode persistir por semanas ou meses. · Um dos tratamentos é colocação de tubos de ventilação transtimpânicos. · Manifestações clínicas: · Presença de secreção estéril no ouvido médio. · Diminuição da audição/Perda auditiva – devemos pensar que a otite média por efusão é mais prolongada, e ela pode acometer a criança no período em que ela está desenvolvendo a linguagem, e pode comprometer esse processo. · Atraso na fala ou desenvolvimento da linguagem. · Sensação de orelha entupida. OTITE MÉDIA CRÔNICA · Processo inflamatório da mucosa da orelha média acometendo desde a membrana timpânica (MT) até cavidades anexas à tuba auditiva que dura mais de 3 meses. · Está geralmente associada à perfuração timpânica e otorréia persistente por mais de quatro semanas · A OMC geralmente está associada a quadros mais insidiosos, persistentes e destrutivos. Essas características conferem a OMC uma agressividade maior, que se traduz clinicamente por uma série de complicações e sequelas anatômicas e funcionais. · Os agentes mais frequentes são: Pseudomonas aeruginosa, S. aureus, anaeróbios, gram negativos entéricos e cepas resistentes ao pneumococo. · Manifestações clínicas: · Otorréia intermitente (a criança está sempre com secreção), de aspecto fluído ou mucoide, sem odor característico. · Os episódios de otorréia podem estar associados à infecção de vias aéreas superiores ou à história de contaminação extrínseca com água (banhos de piscina ou mar). · São facilmente controlados com tratamento antimicrobiano tópico.
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