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P á g i n a | 1 Otite Externa Anatomia da orelha externa Pavilhão auricular: arcabouço de cartilagem elástica que fornece o formato característico. É importante para captar e direcionar as ondas sonoras para estimular o tímpano a vibrar. É uma região muito exposta, então tem que cuidar com lesões solares. Conduto auditivo externo: o Cerca de 2,5 cm o 1/3 lateral → cartilaginoso, recoberto por pele com glândulas sebáceas e cerumunosas. É onde é produzido o cerume de ouvido. Dão mobilidade para a orelha. o 2/3 mediais à ósseas, com uma pele sem anexos, extremamente fina junto ao periósteo. o Na junção entre a parte cartilaginosa e a parte óssea tem um estreitamento do conduto auditivo. É onde trancam os objetos quando introduzidos no conduto auditivo. o Membrana timpânica: limite medial do canal auditivo externo. É importante porque amplia a vibração da onda sonora e com isso vai fazer com que o impacto da onda sonora no martelo, bigorna e estribo, que conduzem o som, seja maior. Então quando a onda chegar no ouvido interno, que tem líquidos como linfa e endolinfa, ela vibra a cóclea e o labirinto, causando uma vibração, que transforma um impulso físico em um impulso elétrico. O mal manuseio do conduto auditivo externo, pode causar lesões na parte óssea, como mal uso do cone chinês, limpeza com cotonetes que empurram a cera de ouvido para dentro. Funções do conduto auditivo externo Condução do som à orelha média. Proteção da membrana timpânica a traumas (curvaturas). Descamação e migração epitelial tornam a membrana timpânica externa “autolimpante”, sendo o cerume uma barreira protetora da pele (pH ácido, ácidos graxos e lisozimas). Então, a pessoa que limpa demais tem mais chances de ter otite externa do que aquela que só limpa o pavilhão auditivo. Apresenta uma flora saprófitas (S. auriculares, epidermidis, Corynebacterium, Streptococos e Enterococos). Tem também a Pseudomonas. Afecções da orelha externa Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 Otite aguda bacteriana: o Localizada ou furunculose: Staphylococo o Difusa: normalmente acontece no verão que as pessoas mergulham muito, ou quando mexem mais na orelha e faz solução de continuidade ou orelha do nadador que a umidade e o calor vão fazer edema e pela mudança do equilíbrio do conduto auditivo externo, causando infecção. Otite externa viral: o Geralmente com aspecto mais bolhoso. - Otite externa aguda Processo inflamatório de origem infecciosa, causada principalmente por bactérias, sobretudo Pseudomonas (mais de 60%), Staphylococcus e Streptococcus, mas eventualmente também por vírus e fungos (Aspergillus, Candida). 5-20% dos atendimentos otorrinolaringológico. É a mais comum. Fatores predisponentes: Exposição a água; Presença de corpo estranho; Cerume impactado → não ventila, retém umidade, pressiona o conduto auditivo externo; Doença dermatológica associada →psoríase, que faz descamação no conduto auditivo externo, com crostas de pele espessas; Uso abusivo de gotas tópicas otológicas → porque elas costumam ter corticoide, antibiótico, mudando a microbiota local, propiciando o aparecimento de outros patógenos; Uso de estetoscópio. Diagnóstico: Diagnóstico clínico; Dor, secreção e plenitude aural, com alguns dias de duração; Edema, não escuta bem, não consegue deitar, se puxa a orelha dói. História de exposição prévia a água e traumas de conduto auditivo externo; Exame físico: eritema e edema de pele com possível otorreia. o Prurido intenso → sugere otomicose ou doenças alérgicas (rinite); o Vesículas e crostas → vírus (herpes zoster); o Celulite e linfadenopatia → complicações → infecção da pele abaixo de todo o pavilhão auditivo e retroauricular. Tratamento: O tratamento da otite aguda externa bacteriana, em geral, restringe-se ao toalete do conduto auditivo externo, com remoção do cerume e restos epiteliais, para a aplicação de gotas tópicas com ATB por cerca de 7 dias → Tem que limpar o conduto auditivo externo, porque se não limpar, não será absorvido corretamente e esse resíduo acaba retendo e não cura direito. Pode ser feito com água ou com aspirador. P á g i n a | 3 Proteção do conduto auditivo externo durante o banho, suspensão de esportes aquáticos → se não está muito edemaciado, pode usar protetores auriculares de silicone. Aminoglicosídeos: potencial ototóxico → por causa da Pseudomonas eram usadas, mas não se usa mais. Fluoroquinolonas (ciprofloxacino) é a escolha mais indicada. Apresentações oftalmológicas podem ser utilizadas (pH balanceado, conforto) → Garazone → gentamicina + corticoide, mas tem o potencial ototóxico. Otite externa bacteriana difusa – otite do nadador Celulite da pele e do tecido subcutâneo do conduto auditivo externo ocasionado por uma quebra na barreira protetora natural do conduto e facilitada pela presença de umidade em seu interior. Acontece mais em climas tropicais e no verão. Em mergulhadores, nadadores e pessoas que fazem hidroginástica também podem estar sujeitos. Associada a trauma local com hastes de algodão ou outra forma de condução do conduto. Microbiologia: o Pseudomonas aeruginosa → mais frequente, não adianta dar amoxicilina → pode usar cefalosporina. É o micro-organismo que prevalece. o Também pode ocorrer por: S. epidermidis e S. aereus. o Podem ocorrer de forma concomitante. Quadro clínico: Estágio pré-inflamatório: o Prurido, edema, sensação de plenitude (sensação de ouvido entupido). Estágio inflamatório agudo: o Otalgia que pode refletir-se por toda a região periauricular → principalmente na movimentação do ouvido → Ex.: criança quando tira e coloca a camiseta. o Pode ocorrer otorreia clara e inodora. o Pode dar só informações de limpeza se dor não tão intensa. Estágio inflamatório agudo intenso: o Pouca dor, mas prurido intenso e secreção persistente. o Períodos de agudiação podem ocorrer o Pele espessada e hipertrofiada o Obliteração parcial ou total do conduto o Pode dar CI e anti-inflamatório → reduz o edema de forma importante para o conduto auditivo Na imagem 1, se vê o canal bem fechado, bem edemaciado. Na imagem 2 se vê os restos celulares, com a descamação e glândulas hiperemiadas. Na imagem 3 já tem um edema bem mais importante, com P á g i n a | 4 estreitamento do conduto auditivo, que causa muita dor e desconforto. Dependendo, então, do edema, do desconforto e da descamação se orienta o tratamento: Tratamento: Tipo 1 – gotas otológicas + orientações gerais Tipo 2 – AINH + gotas otológicas + orientações gerais Tipo 3 – Corticoides sistêmicos (na ausência de contraindicações → prednisona ou prednisolona) + Antibioticoterapia sistêmica (cefalexina, cefadroxil ou quinolonas) + orientações gerais. Edema da pele do CAE é tamanho que impossibilita a inspeção otoscópica e instilação de gotas tópicas: curativo otológico intrameatal Limpeza meticulosa e frequente do CAE; Extensão a estruturas periauriculares: ATB sistêmica (quinolonas ou cefalosporinas de 3ª geração); Analgésicos e antiinflamatórios conforme necessidade Medicações tópicas: Combinação de polimixina B, neomicina e hidrocortisona: efetividade bem documentada; Preparações com ciprofloxacino e ofloxacina: excelente eficácia; aplicadas 2x ao dia; Uso concomitante de corticoides tópicos. Otite externa localizada - furunculose Inflamação da unidade pelossebácea na porção cartilaginosa do conduto, geralmente causada por S. aureus. Quadro clínico: Edema, dor em região mais localizada. Tratamento: o Se localizado e não tem muitos sintomas ou é mais inicial, pode fazer só um tratamento sintomático. o Drenar abcesso, realizar curativo com pomada se necessário e introduzir ATB sistêmico. Otomicose Infecções fúngicasdo conduto auditivo externo. Prurido intenso e desconfortável e em pacientes imunocomprometidos. Representa até 20% das otites externas. Fatores de risco: uso de gotas otológicas, DM, imunossupressão, cirurgia otológica prévia, protetores EPI de ouvido (protetores auriculares). Agentes etiológicos: o Aspergillus → A. niger e A. fumigatus. → mais frequente o Candida. Tratamento: mais prolongado, durando semanas o Remoção do micélio o Acidificação do meio com ácido acético 1,5% → menos infecções e funciona como prevenção. o Antifúngicos tópicos: clotrimazol, miconazol e nistatina. P á g i n a | 5 Na otoscopia dá para ver bem as colônias de crescimento fúngico, os “mofinhos”. Isso tudo tem que ser removido. Não adianta nada fazer o diagnóstico e o tratamento certo se não limpar o ouvido do paciente, removendo o micélio e os resíduos do fungo. Se não limpar, o paciente vai relatar sensação de plenitude e a infecção vai progredir. Herpes Zoster Reativação do vírus varicela zoster (HSV-3). Mais comum na 6ª década de vida. Erupção de vesículas (unilateral e respeitando dermátomos), acompanhada de dor intensa e posterior formação de crostas. Pode ocorrer infecção bacteriana secundária. Diagnóstico: visualização de vesículas + dor importante Tratamento: analgésicos potentes, corticosteroides e antivirais sistêmicos (aciclovir e valaciclovir). Síndrome de Ramsay-Hunt: o Paralisia facial periférica. o Disacusia (Perda auditiva). o Otite externa. Miringite bolhosa Infecção viral que acomete a camada lateral da membrana timpânica e o conduto auditivo externo adjacente. Mais comum no inverno e em associação com infecção respiratória alta. Quadro clínico: o Dor intensa súbita; o Zumbido o Plenitude É a doença que mais dói, dói mais que o Herpes Zoster. Otoscopia: bolha com conteúdo seroso ou hemorrágico sobre a membrana timpânica adjacente. É autolimitada, mas pode usar analgesia (podendo usar até derivados de opioides) e eventual perfuração de bolhas para alívio sintomático, cuidando para não fazer solução de continuidade e contaminar e lembrar que o procedimento perfura a membrana timpânica e depende do organismo para recuperá-la ou não ou levar a cirurgia. Otite externa maligna ou otite externa necrosante Mais comum em imunocomprometidos. Seguidas de otorragia com melhora da dor. P á g i n a | 6 Inicia como um processo infeccioso de pele e do conduto auditivo externo (otite externa aguda bacteriana) que acaba por acometer o periósteo e causa osteíte temporal progressiva com invasão de estruturas adjacentes, sepse e óbito. Acontece na junção entre a cartilagem e o osso, tem uma fissura, que permite a entrada de bactérias e fazer um processo como uma ostiomielite Comprometimento da microvascularização do hospedeiro é o provável mecanismo fisiopatológico que deflagra a invasão do periósteo. Quadro clínico: Otalgia pouco responsiva aos analgésicos comuns intensa. Otorreia purulenta, persistente e fétida. Plenitude auricular Ausência de melhora de um quadro inicialmente caracterizado como otite externa aguda bacteriana e tratado para tal, em paciente idos, DM ou imunocomprometido. Presença de tecido de granulação ocupando o CAE (transição ósseo-cartilagínea). Agente etiológico: Pseudomonas aeruginosa em 95% dos casos, podendo ter outras bactérias associadas. Fatores de risco: 80 a 90% são idosos ou diabéticos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária, na presença ou ausência de imunodepressão. Cuidar em idoso que faz quimioterapia, é diabético e vem com uma otite externa – acompanhar mais de perto sempre! Pode apresentar períodos de febre pelo abcesso em picos. Complicações: Secreção pode ir para o SNC, pode comprometer vários pares cranianos (mais comum é paralisia facial, mas também glossofaríngeo e vago com disseminação o sentido lateromedial da base do crânio); Pode causar surdez; Pode haver acometimento cervical (trismo) e intracraniano (meningite, abcesso e trombose venosa); Morte. Exames: Cintilografia por tecnécio: reflete aumento da atividade dos osteoblastos e osteoclastos, auxilia no diagnóstico de osteíte, mas tem baixa especificidade. Cintilografia por gálio: mostra a atividade inflamatória local, mas não toda a extensão do processo osteomielítico. Volta ao normal com tempo, então avalia melhor a resposta as terapias. TC de ossos temporais: diagnóstico tardio, mas com excelente avaliação da gravidade da doença. RMN: avaliação de abcessos cerebrais. Tratamento: Tratamento multidisciplinar. Controle rigoroso do nível glicêmico. Reversão dos quadros de imunossupressão se possível. Cultura de secreção precoce. ATBterapia por no mínimo 6-8 semanas com ciprofloxacino. Cura: Julgamento clínico. Melhora clínica da dor, normalização da otoscopia e queda do VSH. Cintilografia por gálio deve ser repetida a cada 4 semanas até sua normalização antes da suspensão dos ATB. Taxa de recorrência: 15-20% Paciente não deve receber alta antes de completar 1 ano de seguimento. P á g i n a | 7 Otite média Anatomia do ouvido médio Fica atrás do tímpano, representado por toda a região onde tem martelo, bigorna e estribo. Contempla também o osso atrás do pavilhão auricular (mastoide). Otite interna é labirinto e cóclea. Então pode complicar com mastoidites. Abertura da trompa de Eustáquio na via aérea posterior. É composta por uma parte cartilaginosa e uma parte óssea. Sua importância é porque é um canal de comunicação e porta de entrada de processos inflamatórios/infecciosos das vias aéreas superiores para a cavidade timpânca. Se não tem boa ventilação, se tem adenoide ou tem secreção, vai comprometer o ouvido médio e pode causar otite média aguda ou crônica dependendo do caso. É representado pelo óstio na porção cartilaginosa da tuba auditiva na parte lateral da rinofaringe. A porção óssea da tuba auditiva se encontra na parede anterior da cavidade timpânica. Cavidade auditiva e membrana timpânica com sua relação óssea e relação com o músculo tensor do tímpano e cartilagens: Quando se perde muito peso e a tuba fica flácida, o paciente relata sensação de ouvido tapado/fechado. Isabela Terra Raupp P á g i n a | 8 Diferença da tuba auditiva em crianças e adultos Criança: Mais horizontalizada. Em média 18 mm. Ângulo com o plano horizontal de 10º Adulto: Mais vertical. 31-38 mm. Ângulo de aproximadamente 45º. Por isso em crianças é comum que todos os processos que acontecem no nariz acabam repercutindo no ouvido. É muito mais fácil da secreção ir para o ouvido. Por isso crianças tem mais otites, pelas IVAS de repetição. Já no adulto, por causa da angulação da tuba auditiva, tem que ter mais secreção para chegar até o ouvido médio. Funções da tuba auditiva Otite Média Aguda Fatores de risco: o Disfunção tubária: Hipotrofias musculares em respiradores bucais com hipertrofia de adenoides. Malformações de fendas palatinas. Disfunção tubária fisiológica. Proteção contra secreção e gradiente de pressão da tuba auditiva. Drenagem e clearence da secreção da otite média para a nasofaringe. Ventilação da orelha média para equalizar sua pressão com a pressão atmosférica. Quando tem mudança de altitude, vai para a serra, anda de avião. Também tem a função de drenagem da secreção da orelha média e ventilação para fazer com que o tímpano vibre. Se não funcionar direito, pode causar otite de repetição. P á g i n a | 9 o Fatores imunológicos: Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses → Fator de proteção!o Exposição a fumaça do cigarro. o Queima de carvão. o Rinite. o Creches→ muita proliferação de IVAS. o DRGE. o Amamentação em posição inadequada → faz drenagem para o ouvido. o Imunodeficiências inatas → pesquisar IgM, IgG, IgA. o Crianças com mais de 3 otites por anos, devemos ver se a via aérea e os ouvidos estão sendo limpos corretamente, lembrando da lavagem salina que também pode ser utilizada. Microbiologia: o Streptococos pneumonie → 20-50% o Haemophilus influenzae → 15- 30% o Moraxella catarrhalis → 2 – 20% o S. aureus e bactérias gram negativas → são menos frequentes, mais presentes em neonatos. o Vírus: VSR e adenovírus → mais frequentes. Incidência: o Pico de incidência → 6 a 24 meses (pela anatomia) e entre 4 – 7 anos (pelo contato com outra criança) → discutível porque hoje em dia as crianças vão para as creches desde cedo e seguem nas escolinhas, sendo maior predisposição. o 83% das crianças → pelo menos 1 episódio até os 3 anos de idade → ALTA INCIDÊNCIA. Quadro clínico: o Geralmente precedida por uma IVAs. o Otalgia de instalação rápida o Febre o Otorreia o Prostração → não vai querer mamar (dor) o Inapetência o Dificuldade para dormir o Choro persistente o Irritabilidade. Diagnóstico: o Evidências claras de processo inflamatório na orelha média ao exame físico. o Hiperemia de membrana timpânica o Perda da translucidez (edema) o abaulamento Nos casos de OMA supurada, a membrana timpânica pode apresentar perfurações que, com o tratamento adequando, cicatrizam facilmente e sem sequelas auditivas. Na figura, o que está mais escuro é sangue coagulado, pela perfuração da membrana timpância. Com exceção da otorreia, todos os outros sintomas são inespecíficos e de pouco valor preditivo para o diagnóstico. P á g i n a | 10 Na imagem, a membrana timpânica está edemaciada e hiperemiada. O membrana que tem que ser bem fininha para vibrar fica pesada e espessa. Diagnóstico diferencial: o Otites externas: menos relacionadas com IVAs prévias, mas mais com a manipulação do conduto e/ou atividades aquáticas; Sensibilidade dolorosa ao manipular o pavilhão/realizar otoscopia; sem efusão intratimpanica. o Otite média crônica: episódios prévios de supuração normalmente sem dor ou febre; perfuração da membrana timpânica ou ela não vibra porque está aderida ao fundo do ouvido. o Otite média serosa: presença de líquido/mucoide intratimpânico sem processo inflamatório em atividade. Da sensação de ouvido entipido, mas não dor, pode ter atraso na fala se muito pequena. Não tem dor. o Infecções de via aérea superior. Complicações: Podem acontecer pelo tratamento inadequado: dose do atb não está certa, atb não cobre o agente etiológico ou o não está sendo corretamente tratado pelo paciente. o Mastoidite – abaulamento, abcesso na parte de trás do ouvido. o Petrosis agudas: otorreia, dor facial e paralisia do VI par o Paralisa facial periférica → porque o nervo facial passa do lado do ouvido. o Labirintites secundárias à OMA → infecção do ouvido interno. Tipos de agentes relacionados as complicações: o S. pyogenes/Strepto do Grupo A: raro, mas frequente nas complicações, ex.: mastoidite; o S. pneumonie: associado mais exuberante, mas baixa taxa de complicações; o H. influenzae e M. catarrhalis: incidência menor ainda/quase nula de complicações. Tratamento: o Imensa maioria dos casos evolui bem! o Critérios para a decisão de observar ou iniciar os ATB logo na primeira avaliação: idade, certeza diagnóstica e intensidade dos sintomas; o Observação: APENAS SE POSSIBILIDADE DE REAVALIAÇÃOM 48-72 HORAS! o AMOXICILINA 50 mg/kg/dia 2-3x/dia, por 10 dias; o Associação com clavulanato OMA pregressa ou uso de ATB recente; o Complicações de diarreia ou vômitos → Ceftriaxona IM; P á g i n a | 11 o Alergia a penicilina: sulfa+trimetoprim ou macrolídeos (azitromicina, claritromicina); o RN: amoxa + aminoglicosídeos (infecção do canal do parto) – possível pela aspiração da trompa; o Sem evolução satisfatória: pode-se realizar meringotomia (alívio dos sintomas + coleta de material – furar o tímpano) – pode fazer solução de continuidade e não cicatrizar mais a membrana timpânica → se a criança está muito mal, séptica, com paralisia facial ou complicando. Otite média com otorreia → secreção brilhosa, mucoide e viscosa, bem espessa. Otite Média Secretora Presença de conteúdo líquido/mucoide na OM, sem processo inflamatório agudo em atividade. Se divide em: Otite média secretora; otite média serosa; otite média com efusão e otite média mucoide. ← serosa - Presença de bolhas de ar atrás da membrana timpânica, em meio a um líquido que preenche a orelha média. A membrana timpânica fica mais fina e o osso no centro é o martelo. Comum quando muda de altitude muito rápido, em viagens de avião, por exemplo. Maioria das vezes resolve com tratamento com descongestionantes Mucoide -Presença de nível líquido, está mais laranja → porque a secreção é mais antiga. Obstrução nasal a mais tempo, a secreção fica mais espessa, mais mucoide. O tratamento na maioria das vezes é drenar o muco. Quando a efusão se mantém por um período > 3 meses, a otite média com efusão é considerada persistente ou otite média serosa crônica. Incidência: maior entre 6 meses e 1 ano, mas mantém elevada até os 5 anos. Etiologia multifatorial. Bactérias isoladas são as mesmas da OMA, mas estão presentes com menor frequência. Fatores de risco: o Pessoais: Idade < 5 anos Disfunção tubária Tuba auditiva horizontalizada (crianaças) Estado nutricional Imunodeficiências Alergias Tecido adenoidiano IVAS Malformações do palato/craniofaciais o Ambientais: Creches, berçários Tabagismo passivo Poluição Alterações climáticas – em função do uso de ar-condicionado, tem aumentado os casos. Contatos Medicações prévias. Quadro clínico: P á g i n a | 12 o Atrapalha a criança a adquirir a linguagem o Pode apresentar distração o Plenitude no ouvido em adultos o Geralmente pouco sintomática, apenas com dificuldade auditiva moderada. o Pode ocorrer estalos, zumbidos, plenitude e desequilíbrio. Diagnóstico: o OM serosa: secreção ou bolhas visíveis através da membrana timpânica translucida. Bolhas de ar com secreção o Efusão na fase mucoide: membrana timpânica opaca, espessada, com aumento de vascularização. Apresenta uma cor mais alaranjada, mais escura. o Retração timpânica em vários graus, até mesmo atelectasia, por perpetuação da disfunção tubária. Timpanometria: o Avalia a mobilidade da membrana timpânica e a função da trompa auditiva. o Curva timpanométrica tipo B. o Pesquisa do reflexo estapediano. o Iminência acústica: medida da quantidade de efusão acústica refletida pela membrana timpânica enquanto se varia a pressão do canal auditivo externo. Perceba que nesse exame ao lado, em vez de apresentarem curvas, há uma linha reta, mostrando que não há mobilidade timpânica. Tratamento: o Direcionados para corrigir alterações funcionais de ventilação da otite média. o Corticosteroides orais e ATB como prevenção e tto das IVAS para reduzir o edema, diminuir a viscosidade das secreções e controlar microorganismos presentes na efusão. o Cirúrgico: Tubo de ventilação: se efusão persistente por um período > 4-6 meses + hipoacusia. Crianças sob anestesia geral e com microscópio. Miringotomia: incisão da membrana timpânica para drenagem de líquido da otite media com colocação de tubo de ventilação. Otite média crônica Condição inflamatória de otite média com duração > 3 meses, associada a perfurações persistentes de membrana timpânica e otorreia. Tem quadros inflamatórios mais insidiosos, persistentes e, principalmente, destrutivos. Importanterelação entre OMC e deficiência auditiva. P á g i n a | 13 Tímpano furado ou otorreia importante pensar sempre em OMC, tímpano que não funciona adequadamente. Classificação: o Não supurativa: Perfuração permanente da membrana timpânica mas longos períodos de aquiescência Sem perfuração de membrana timpânica → silenciosa Com retração da membrana timpânica → atelectásica. o Supurativa Com perfuração da membrana timpânica e otorreia persistente. Fatores de risco: o Locais: anomalias craniofaciais, afetando a função da tuba auditiva, obstrução nassal. o Sistêmicos: imunodeficiência. o Socioeconômicos e geográficos. Fatores desencadeantes: o OMA de repetição o OMA necrotizante – bactéria tão agressiva que por si só ela causa perfuração na MT. o Trauma o Inflamação ou IVAS (rinites, sinusites, disfunção tubária). Microbiologia: o Bacilos gram negativos. o P. aeruginosa, Proteu mirabilis e E. coli Quadro clínico o Não supurativa: Otorreia crônica intermitente (ocasional) há mais de 3 meses, com secreção amarela e não fétida. Raramente com manifestação de dor. Orelha seca e livre de infecções no período intercrise. Otoscopia: Perfuração central com remanescente de membrana timpânica em todo seu contoro. Atelectásica: diferentes graus de retração de membrana timpânica, a qual se adere aos ossículos e ao promontório. Dificilmente a membrana fecha sozinha, mesmo se tratada adequadamente o Supurativa: Otorreia mucopurulenta de longa duração, persistente, contínua, refratária ao tratamento clínico. Estágio mais agressivo da doença. Provavelmente o paciente molhou o ouvido e por não ter a membrana timpânica, fez infecção. Otoscopia: Perfuração timpânica ampla, às vezes marginais. Erosões ossiculares são comuns pelo excesso de secreção – deforma bigorna e martelo. Mucosa da caixa timpânica espessada e inflamada, podendo invaginar-se para o canal auditivo externo na forma de pólipos inflamatórios. P á g i n a | 14 Achados patológicos: o Tecido de granulação pela infecção persistente no ouvido médio. o Fluídos. Na otoscopia, ou o tímpano vai estar perfurado ou ele vai estar fino e aderido aos planos profundos não tendo boa vibração. Diagnóstico: solicitar avaliação audiométrica completa. o Audiometria: na maioria das vezes revela disacusia condutiva de grau variável. 125 Hz até 8000 Hz em tons e a pessoa vai dizendo se ouve ou não ouve e quanto está prejudicada a audição. A perda mais em cima, mais perto dos ossículos, da maior prejuízo. o Impedanciometria: pode ser solicitada em paciente com perfuração de membrana timpânica como forma de avaliação da função tubária. Medida da pressão. o TC de ossos temporais: busca por colesteatoma e planejamento cirúrgico e até onde vai a infecção cirurgica. o RMN: suspeita de complicação central. Tratamento: o Clínico: Remoção periódica de resíduos epiteliais e secreção do CAE. ATB (polimixina B ou ciprofloxacina) por 7-14 dias, com ou sem corticoide. ATB e corticoide VO se infecções persistentes. o Cirúrgico: Perfuração da membrana timpânica com orelha seca por pelo menos 3 meses: TIMPANOPLASTIA. OMC supurativa com otorreia refratária ao tratamento clínico: TIMPANOMASTOIDECTOMIA FECHADA. Enxerto de fáscia de musculo temporal. Otite média crônica colesteatomatosa Acúmulo de queratina esfoliada dentro da orelha média ou de qualquer área do osso temporal, originada a partir do epitélio escamoso queratinizado. Aspecto de cisto perolado. Agressividade local importante, podendo levar à destruição dos componentes da cadeia ossicular ou de partes do osso temporal. 3/100000 crianças e 9/100000 adultos. Congênita ou adquirida. Pode complicar com paralisia facial e perda auditiva. P á g i n a | 15 Primária: a partir de retração da membrana timpânica, geralmente na parte flácida, sem antecedentes de otite média. Secundários: associados a alterações relacionadas às OMC, como perfurações marginais, migração epitelial ou metaplasia epitelial. A queratina é o tecido bem branco em cima, os “gominhos” em baixo, é o tecido de granulação. O acúmulo acontece principalmente na região epitimpânica. Qualquer que seja sua etiologia, sempre se comporta como pseudotumores. Apresentam crescimento e causam reabsorção de estruturas ósseas adjacentes por compressão ou por atividade inflamatória. As manifestações clínicas podem ser variadas e em diferentes graus pela sua ampla capacidade invasiva e por suas diferentes localizações: próxim ao sistema ossicular, orelha interna, nervo facial, seio sigmoide e SNC. Quadro clínico: Perda auditiva: presente no moento do diagnostico em 90% dos pacientes, Diretamente proporcional ao grau de destruição do sismtea tímpano-ossicular. Otalgia: não é frequente. É secundaria a infecções ou complicações, associada a molhar a orelha. A secreção purulenta tem como sair. Vertigem Otorreia: em 80% dos paciente. É amarelada, com odor fétido e raias de sangue. P á g i n a | 16 Zumbido. Paralisia. Sensação de ouvido cheio. O melhor tratamento é a cirurgia. É mandatória para não complicar com abcesso e perda da audição.
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