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I N S U F I C I Ê N C I A C A R D Í A C A C L A S S I F I C A Ç Ã O Essa é uma classificação dinâmica, ou seja, o paciente pode evoluir da classe I para a II, III e IV, mas pode regredir do IV para III, II e I. NEW YORK HEART ASSOCIATION (NYHA) AMERICAN COLLEGE OF CARDIOLOGY. AMERICAN HEART ASSOCIATION (CCA/AHA) Nessa classificação, a partir do momento em que o paciente evolui, do A para o B, não é possível regredir, ou se mantém no B, ou evolui para o C e, posteriormente, D. A insuficiência cardíaca é a principal causa de incapacidade e morbidade, prejudicando a habilidade dos pacientes em exercer atividades diárias e profissionais, consiste na incapacidade do coração em manter o débito cardíaco necessário ao metabolismo, ou quando a manutenção só é possível pelo aumento das pressões ventriculares, ou seja, o coração perde sua função de bombeamento sanguíneo eficaz. Assim, a síndrome da insuficiência cardíaca é consequência da incapacidade dos ventrículos em bombear quantidades adequadas de sangue para manter as necessidades periféricas do organismo, caracterizada por disfunção ventricular e da regulação neuro-humoral, acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços, retenção hídrica e redução da expectativa de vida. É uma doença de progressão lenta, permanecendo compensada por muitos anos, tendo como principal causa a miocardiopatia isquêmica, seguida pelas miocardiopatias idiopática e hipertensiva; no Brasil, ocorre ainda a miocardiopatia chagásica. Quando o débito cardíaco cai após agressão miocárdica, mecanismos neuro-hormonais são ativados para preservar a homeostase circulatória, assim, liberação endógena de neuro- hormônios vasoconstritores exerce papel deletério no desenvolvimento da ICC, pelo aumento da sobrecarga de volume e da pós-carga (resistência oposta ao esvaziamento ventricular) com contratilidade diminuída. QUANTO À FRAÇÃO DE EJEÇÃO DO VENTRÍCULO ESQUERDO (FEVE) Preservada: FEVE > 50%; Intermediária: FEVE 40 – 90%; Reduzida: FEVE < 40%. A FEVE reduzida é mais comum em homens, principalmente por causas isquêmicas e a FEVE preservada é mais comum em mulheres idosas, sobretudo por HAS. QUANTO AO PERFIL HEMODINÂMICO Essa classificação tem 4 perfis, que levam em conta o estado de perfusão e congestão: A, B, C e L - os sinais de baixa perfusão são pulso fraco e filiforme, extremidades frias, hipotensão, sonolência, hiponatremia e disfunção renal. O paciente A possui IC compensada de tratamento ambulatorial; o B possui IC descompensada nas emergências; o C e o L são descompensações mais preocupantes, sendo que o L é o mais grave e requer tratamento intensivo. D E F I N I Ç Ã O INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA Resulta de 2 circunstâncias: (1) insuficiência ventricular esquerda, que evolui progressivamente com comprometimento do lado direito do coração, ou (2) estado clínico que resulta do acometimento global do coração, com manifestações clínicas tanto da IVE como da IVD. É um quadro no qual o coração é incapaz de bombear sangue a uma taxa suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos, ou seja, suprir sangue com oxigênio e nutrientes para os demais órgãos, na maioria das vezes, resulta de um processo lento, pode ser aguda, quando há um infarto do miocárdio maciço, no qual há hipóxia ou anóxia completa e interrupção abrupta da capacidade de contração do miocárdio, o que faz com que ele não seja capaz de bombear o sangue. Doenças infiltrantes: amiloidose, hemocromatose, sarcoidose; O ECG e o ecocardiograma devem ser analisados buscando a etiologia isquêmica e provas sorológicas podem ser usadas para o diagnóstico de doenças infecciosas como doença de Chagas, toxoplasmose, doença de Lyme, micoplasma e viroses (Coxsakievirus, adenovirus, HIV, hepatite C entre outros) - também pode ser necessária a biopsia endomiocárdica. Obesidade, anemia, uremia, doenças tireoidianas e uso de álcool podem exacerbar ou até mesmo causar insuficiência cardíaca, além disso, HAS, taquiarritmias, uso de substâncias tóxicas, isquemia miocárdica e miocardite são causas reversíveis de ICC. causas comuns: doença arterial coronariana (DAC); hipertensão, valvopatia e miocardite. outras causas: Cardiopatias congênitas; Doença pericárdica; Induzida por toxina: heroína, álcool, cocaína, anfetamina, chumbo, arsênico, cobalto, fósforo; Infecção: bacteriana, fúngica, viral (HIV), Borrelia burgdorferi (doença de Lyme), parasitária (por exemplo, Trypanosoma cruzi); Endocrinopatias: diabetes mellitus, doença tireoidiana, hipoparatireoidismo com hipocalcemia, feocromocitoma, acromegalia, deficiência de GH; Doenças vasculares sistêmicas do colágeno: lúpus, artrite reumatoide, esclerose sistêmica, poliarterite nodosa, vasculite por hipersensibilidade, síndrome de Takayasu, polimiosite, artrite reativa; Induzida por quimioterapia: por exemplo, adriamicina, trastuzumabe; Deficiências nutricionais: tiamina, proteínas, selênio, L-carnitina; Gestação: cardiomiopatia periparto; Cardiomiopatia familiar; Cardiomiopatia induzida por taquicardia; Cardiomiopatia de estresse. E T I O L O G I A S INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA Síndrome que ocorre nas lesões esquerdas, como HAS e lesões orovalvulares aórticas, que se manifestam pelo desenvolvimento de dispneia progressiva, sendo o quadro clínico marcado por períodos de dispneia paroxística e ortopnéia. O estudo radiológico mostra congestão venocapilar pulmonar, mas a pressão venosa jugular pode ser normal, não há edema ou hepatomegalia. Os efeitos morfológicos e clínicos provêm da diminuição da perfusão sistêmica (menor distribuição do sangue para o resto do corpo) e da elevação das pressões de retorno dentro da circulação pulmonar (retenção de sangue). CAUSAS: cardiopatia isquêmica (CI), HAS, doença da valva da aorta ou da valva atrioventricular esquerda (mitral) e doenças primárias do miocárdio (amiloidose) INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA Síndrome que se apresenta nas doenças que afetam unicamente o lado direito do coração, tais como: hipertensão pulmonar primária e estenose pulmonar isolada. Manifesta-se por fadiga, elevação da pressão venosa sistêmica, hepatomegalia e edema. Geralmente é a consequência da insuficiência cardíaca esquerda, visto que qualquer aumento de pressão na circulação pulmonar produz inevitavelmente aumento da carga do lado direito do coração, mas também pode ser isolada, ocorrendo em doenças que afetem o lado direito, a mais comum é a hipertensão pulmonar grave (cor pulmonale) e infarto agudo do miocárdio. No cor pulmonale, a hipertrofia e a dilatação do miocárdio geralmente estão confinadas ao átrio e ventrículo direitos, embora a projeção do septo ventricular para a esquerda possa causar disfunção do VE. A história clínica deve incluir dados epidemiológicos, história de uso de substâncias tóxicas, doenças pregressas, fatores de risco de doença coronariana e presença de dor anginosa, já, no exame clínico, sopros intensos podem indicar lesões valvares orgânicas. Q U A D R O C L Í N I C O Ocorre quando o lado esquerdo do coração entra em falência, originando diversos sinais e sintomas, entre eles a congestão venocapilar pulmonar, dispneia, palpitações, a tosse, a expectoração hemoptoica, estertores pulmonares finos nas bases pulmonares (devido a congestão pulmonar) - pode haver, taquicardia, ritmo de galope e diminuição do débito cardíaco. 1. Falta de ar, ortopnéia, dispneia paroxística noturna: deve-se ao aumento nas pressões capilares pulmonares como consequência de pressões ventriculares e atriais esquerdas elevadas. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA Os capilares pulmonares, em sua maioria, passam pelos septos interalveolares, onde há trocas gasosas, se há movimento de fluido de dentro do vaso para fora, há substituição do ar pelo líquido que está sendo extravasado nos alvéolos. 2. Edema: estimula os receptores J justapacilares, que são “sentinelas da pressão” (barorreceptores), ou seja, percebem alterações na pressão arterial, o que causa a respiração superficial e rápida reflexa. Assim, ela passaa respirar de forma mais superficial e rápida na tentativa de compensação. O edema das paredes brônquicas, causa inchaço que reduz o lúmen (espaço de passagem pelos brônquios), assim, pode levar a pequena obstrução das vias aéreas e produzir sibilos quando o ar passa (“asma cardíaca”). Caso esteja em brônquios, pode causar tosse, a depender da quantidade do edema. 3. Ortopnéia (falta de ar em decúbito): redução do acúmulo de sangue nas extremidades e abdômen. MECANISMO I: quando o coração impulsiona o sangue na quantidade e força que ele consegue, o sangue desce com auxilio da gravidade, mas por mais que a panturrilha seja funcional auxiliando com contração e ejeção do sangue, ele não desce com força suficiente para retornar, assim, há acúmulo de sangue nas pernas (edema de membros inferiores), que reduz a volemia no resto do corpo. Além disso, há retenção de sódio para reter líquido e aumentar a volemia, ação do SRAA e vasoconstrição para aumentar a pressão – tais mecanismos compensatórios funcionam com o paciente em pé. MECANISMO II: em decúbito, o sangue retido na perna passa a se redistribuir, o que tem como consequência: (1) o pulmão que estava trabalhando em uma pressão e volemia específicos com o sangue retido nas pernas e o resto circulando, assim, esse retorno de grande quantidade de sangue para o pulmão gera aumento de pressão hidrostática dentro dos vasos pulmonares que vai empurrar água para fora, gerando edema pulmonar, que causa ortopnéia (falta de ar em decúbito) por causa da redução do acumulo de sangue nas extremidades e no abdômen. Em função disso, os pacientes relatam que quando se deitam se sentem afogados, por isso, muitos pacientes só conseguem dormir sentados ou praticamente sentados, posição na qual há redução no retorno de sangue e a formação do edema. 4. Dispneia paroxística noturna: devido ao reduzido suporte adrenérgico da função ventricular que ocorre com o sono, reduzindo o funcionamento do ventrículo, causa aumento do retorno sanguíneo e edema. A sintomatologia é devido à diminuição do débito cardíaco e alta retenção hidrossalina, ocasionando turgescência jugular patológica pulsátil, hepatomegalia que causa dor espontânea em epigástrio e hipocôndrio direito, pela distensão da cápsula de Glisson, e provoca sensação de plenitude gástrica, ascite, edema, fadiga, dispneia pouco evidente, sensação de peso nas pernas, visão turva ao esforço, ritmo de galope direito, hidrotórax, hidropericárdio, fenômenos urinários - pois a filtração glomerular e fluxo sanguíneo renal estão diminuídos - e a reabsorção tubular hidrossalina está aumentada (albuminúria, leucocitúria, hematúria e cilindúria discretas), tromboses venosas que podem causar infartos pulmonares posteriormente. Além de sintomas cerebrais causados pela hipóxia, insuficiência hepática, insuficiência pulmonar e arterioesclerose pulmonar. 1. Falta de ar: relacionada a edema pulmonar em casos de ICE, manifestação de doença pulmonar (embolia, DPOC) e comprometimento da movimentação do diafragma (principalmente, em quadro de ascite). 2. Pressão venosa jugular elevada: a pré-carga do ventrículo é adequada, a função ventricular está diminuída e o líquido está se acumulando no SN. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA Os sintomas são associados ao movimento de líquido dentro e fora do vaso, tem-se que o líquido dentro do corpo se movimenta de acordo com o gradiente de concentração, assim há local com maior concentração de soluto e outro com mais solvente (água), este se move do local com menor para maior concentração de soluto para que haja equilíbrio entre ambos. 5. Fadiga e confusão mental: incapacidade do coração de fornecer quantidades adequadas de oxigênio através do sangue para os músculos esqueléticos e cérebro – a confusão pode surgir em insuficiência cardíaca avançada por causa de má perfusão do cérebro – assim, a hipóxia gera a fadiga e confusão mental. 6. Noctúria: redução da perfusão renal durante o dia, enquanto o paciente está em pé, o que normaliza à noite, enquanto o paciente está em decúbito dorsal, com consequente diurese. MECANISMO: o rim sofre redução da taxa de filtração glomerular, mas o retorno sanguíneo em decúbito eleva a taxa de filtração glomerular do rim e aumenta a produção de volume de urina, levando a noctúria (aumento da diurese pelo aumento do fluxo sanguíneo e pressão quando o indivíduo está em decúbito). 7. Dor torácica: se a causa da falha for doença arterial coronariana, os pacientes podem apresentar dor precordial secundária à isquemia (angina pectoris). 3. Anasarca, ascites, edema de extremidades: acúmulo de líquido na circulação venosa sistêmica. 4. Refluxo hepatojugular: deve-se pressionar o fígado por 5 segundos e pode levar ao deslocamento de sangue para a veia cava; quando o ventrículo direito não pode acomodar esse volume adicional, há aumento na pressão venosa jugular. 5. Dor abdominal: posterior ao comprometimento hepático, pois a expansão do fígado pelo acúmulo de líquido pode causar distensão da cápsula do fígado acompanhada de dor abdominal no QSD. F I S I O P A T O L O G I A MECANISMO DE CONTRAÇÃO EFEITO INOTRÓPICO POSITIVO: aumenta a força de contração, aumentando o nível de cálcio intracelular do miocárdio, assim, quanto mais Ca presente no sarcômero, melhor será a interação entre actina e miosina e mais força o coração consegue fazer, aumentando o volume de ejeção. pré-carga: compreende o período retorno venoso, no qual o estiramento dos sarcômeros regula o desempenho cardíaco e é o máximo no final da diástole - em situações agudas, a elevação da pressão e do volume diastólico finais constituem um mecanismo fisiológico compensatório que aumenta o trabalho cardíaco (mecanismo de Frank-Starling). contratilidade (inotropismo): capacidade intrínseca do músculo cardíaco de gerar força e encurtar suas fibras manifesta-se pela taxa de aumento da pressão a partir da pré-carga, modulada por mecanismos neurohumorais. pós-carga: força contra a qual o músculo cardíaco se contrai corresponde à resistência vascular sistêmica ou à impedância vascular periférica - pode ser avaliada pela equação de Laplace: pressão x raio da cavidade (tonicidade dos vasos periféricos) = tensão parietal Quando o coração tem que ejetar sangue contra o vaso que está contraído, ele tem que fazer mais força (pós- carga) diminuindo a capacidade de ejeção do coração. No coração aumentado tem que aumentar muito a pós carga para o débito reduzir. MECANISMO NEUROHORMONAL SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA A IC é marcada pela ativação do SNS - níveis séricos de noradrenalina elevados, em repouso, são preditores de mortalidade - há aumento do Ca intracelular, promovendo contração e relaxamento do miócito, resultando em alto gasto energético. O estado de baixo débito ativa sistema renina- angiotensina-aldosterona (RAAS), que atua para manter a PA e reter Na e água. Tônus adrenérgico aumentado, diminuição do fluxo sanguíneo renal, uso de diuréticos e restrição de Na estimulam a produção de renina. A angiotensina II é um potente vasoconstritor periférico, aumentando a liberação de noradrenalina, pelo SNS, e de aldosterona, pela suprarrenal. Além disso, causa hipertrofia e fibrose miocárdicas, redução da complacência vascular e disfunção diastólica. Outro hormônio é a arginina vasopressina (AVP), que regula a osmolaridade plasmática por meio da depuração de água livre. O aumento do consumo energético e a hipertrofia mal- adaptativa causam desestabilidade na oferta-demanda e redução da contratilidade miocárdica. O débito cardíaco e o volume sistólico mantêm-se em repouso, mas a capacidade de elevá-los mesmo com a realização de esforço está reduzida. Com a diminuição progressiva da contratilidade, a insuficiência cardíaca torna-se clinicamente manifestada. Os rins produzem a pró-renina inativa, em situações de queda do fluxo sanguíneo no rim ou queda de Na, ela será transformada em renina na região justaglomerular no vaso aferente. Consequentemente, com a renina, o angiotensinogêniopode ser transformado em angiotensina I, sendo transformada pela ECA em angiotensina II. Esta vai atuar no receptor de ATI e atua em: SNC (ativação simpática); endotélio vascular (disfunção); músculo liso (inflamação); células miocárdicas (crescimento/remodelamento e fibrose); rins (retenção de H20 e sódio); córtex da adrenal (libera aldosterona): fibrose e retenção de água e sódio. Existem barorreceptores e quimiorreceptores no coração que, com a queda do fluxo sanguíneo e queda do débito cardíaco, ativa o SNS, este atua: no coração (aumenta a FC e a força de contração); rins (retenção de água e sódio); vasos sanguíneos (vasoconstrição). Tais mecanismos são inicialmente benéficos, mas com o tempo tornam-se prejudiciais pois os efeitos sobre o coração provocam fibrose, remodelamento e aumento da pós carga; a ação do SNS no rim aumenta a pré carga porque retém muita água, provocando estiramento das fibras além do ponto ótimo de contração, o que estimula o sistema renina- angiotensina-aldosterona. Desse modo, o ANP + BNP causam vasodilatação, excreção de água e Na e diminui hipertrofia e fibrose do coração, posteriormente, são degradados pela neprilisina e tornam-se aminoácidos inativos. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO Há vasoconstritores (endotelina e vasopressina) e vasodilatadores (bradicinina e óxido nítrico) endógenos produzidos pelo endotélio, geralmente em uma situação de equilíbrio. No entanto, na ICC ocorre aumento dos vasoconstritores e diminuição dos vasodilatadores, aumentando a resistência vascular periférica e a pós-carga, o que reduz o volume ejetado pelo coração (DC) pela necessidade de força aumentada para ejetar. TÔNUS VASCULAR PRÓ-RENINA INATIVA RENINA ANGIOTENSINOGÊNIO ANGIOTENSINA I ANGIOTENSINA II RECEPTOR DE ANGIOTENSINA I SISTEMA NERVOSO CENTRAL ENDOTÉLIO VASCULAR MÚSCULO LISO CÉLULAS MIOCÁRDICAS RINS CÓRTEX DA ADRENAL ECA Os peptídeos natriuréticos A (ANP - produto do átrio) e B (BNP - produto do ventrículo), produzidos quando há aumento de pressão no ventrículo, armazenados no átrio direito e no miocárdio ventricular, e liberados pelo aumento das pressões de enchimento. Assim, o Pró-ANP será transformado no ANP + NT-proANP e o pró-BNP será transformado em BNP + NT-proBNP causando natriurese e vasodilatação em oposição à ação do SNS e do RAAS. PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS D I A G N Ó S T I C O A avaliação inicial tem como objetivos: confirmar diagnóstico, identificar etiologia e fatores precipitantes, definir modelo fisiopatológico e hemodinâmico, estimar prognóstico e identificar pacientes que possam se beneficiar de intervenções terapêuticas específicas. A definição da etiologia contribui para avaliação do prognóstico e pode influenciar a terapia, para isso usa- se dados obtidos por história, exame físico, ECG e exames laboratoriais - em alguns casos, métodos diagnósticos adicionais podem ser utilizados como ressonância magnética, cinecoronariografia e biópsia endomiocárdica. HISTÓRIA CLÍNICA (ANAMNESE) Os sintomas mais evidentes são dispneia e fadiga, predominantemente durante o esforço, já as manifestações dependem das cavidades comprometidas. A dispnéia e seus equivalentes de cansaço, fadiga, rouquidão, culminando em asma cardíaca e edema agudo de pulmão correspondem ao envolvimento do VE, embora possam ser manifestações de comprometimento ventricular direito ou biventricular, já o edema e os demais sinais de congestão sistêmica são manifestações de comprometimento do VD. Os sinais de hipóxia (baqueteamento digital, cianose e hemoptise) podem ser manifestações de IC direita e esquerda, outros sintomas são dispneia paroxística noturna, ortopneia, edema de membros inferiores e a tosse noturna. EXAME FÍSICO alteração na palpação do ictus cordis pode inferir aumento da cavidade ventricular; presença de bulhas acessórias indicam disfunção sistólica (B3) e/ou diastólica (B4). abafamento de 1a bulha é sinal de disfunção importante do VE; presença de hiperfonese do componente P2 da 2a bulha, indica hipertensão pulmonar. estertores pulmonares traduzem a congestão venocapilar pulmonar e aumento da pré-carga; estase jugular, hepatomegalia, ascite e edema de membros inferiores representam hipervolemia e/ou disfunção ventricular direita, geralmente secundária a hipertensão pulmonar causada pela insuficiência ventricular esquerda. O exame clínico fornece dados importantes sobre a presença e a repercussão da disfunção ventricular, como a presença de pulso fino ou alternante, redução da perfusão periférica e hipotensão. ECG: habitualmente não está normal, podem ocorrer distúrbios do ritmo ou da condução, bem como áreas inativas, possui alto valor preditivo negativo, porém resultado alterado não confirma ICC. Radiografia do tórax: possível observar o aumento do índice cardiotorácico (> 50%), sinais de congestão pulmonar (inversão do padrão vascular – vascularização mais visível nos lobos superiores), ingurgitamento linfático (linhas B de Kerley), derrame pleural e alterações ventriculares. Alteração característica à cardiomegalia associada à congestão vascular pulmonar, útil em excluir causas pulmonares de dispneia - área cardíaca na radiografia possui correlação pobre com função ventricular. Ecodopplercardiograma: exame rotineiro na pesquisa da IC, fornece dados sobre o volume das cavidades, função contrátil, função valvar e gradientes pressóricos - a fração de ejeção (FE) indica função sistólica do VE, determinante no tratamento da IC. Cerca de 50% das IC possuem FE preservada, por isso uma FE normal não exclui o diagnóstico. Peptídeos natriuréticos: importante para diferenciar se a causa da dispneia é de origem pulmonar ou cardíaca, costuma se elevar nas situações de aumento das pressões de enchimento ventricular - valores de BNP > 50 pg/ml ou de NT-proBNP > 125 pg/ml fazem o diagnóstico. Na IC descompensada, esses valores costumam estar mais elevados. Além disso, o BNP é útil para avaliar o prognóstico, quanto maior BNP pior prognóstico. EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES LABORATORIAIS Hemograma: anemia e poliglobulia podem interferir nos sintomas da IC. Ureia e creatinina: avaliação da função renal cuja disfunção simula, agrava ou ser consequente da IC. Sódio e potássio: distúrbios eletrolíticos ocorrem em pacientes em uso de diuréticos. Enzimas hepáticas: se elevadas indicam congestão hepática. EAS: determina presença de proteinúria e glicosúria. Função tireoidiana: avaliada em pacientes portadores de doença tireoidiana. CRITÉRIOS DE FRAMINGHAM Estão divididos em 9 maiores e 7 menores, para diagnóstico de IC são necessários: 2 critérios maiores ou 1 maior + 2 menores. Os critérios menores são aceitos desde que não possam ser justificados por outra causa, como hipertensão pulmonar, DPOC, cirrose, ascite e síndrome nefrótica, por exemplo. 8 – 12 pontos: diagnóstico de IC definitivo; 5 – 7 pontos: diagnóstico de IC possível; < 4 pontos: diagnóstico de IC improvável. Sistema de pontuação e os critérios apresentados na história, exame físico e radiografia de tórax. De acordo com a pontuação, pode-se afastar ou confirmar o diagnóstico: CRITÉRIOS DE BOSTON Mecanismo de ação; Intoxicação. Aumentam a contratilidade cardíaca, sem alterar a frequência cardíaca. Os mais comuns são digitálicos, digoxina e digitoxina (glicosídeos esteroides cardioativos). Os digitálicos inibem a bomba de sódio-potássio-ATPase, ou seja, impedem a retirada de sódio do cardiomiócito, o que favorece indiretamente o acúmulo de cálcio intracelular no miócito. Além disso, promove redução da condução átrio- ventricular, sendo útil na fibrilação atrial. A digoxina ligada à bomba de sódio-potássio-ATPase diminui a função desse transportador, assim, entra menos potássio e sai menos sódio, aumentando a concentração de sódio no cardiomiócito. O transportador responsável por colocar o sódio para dentro da célula irá funcionar menos pelo acúmulo de sódio intracelular, por isso, menos cálcio irá sair desse trocador, se acumulando no meio intracelular, o que favorece o aumento dereservas de cálcio no retículo sarcoplasmático. Esses efeitos somados aumentam a força de contração das miofibrilas. Efeitos autônomos; Inibição do fluxo nervoso simpático: permite reduzir a frequência cardíaca e por provocar a vasodilatação (diminuição da resistência vascular periférica); Sensibilização dos barorreceptores; Estimular o tônus parassimpático: diminui a frequência cardíaca, e consequentemente, o trabalho cardíaco. Efeitos na eletrofisiologia cardíaca; Diminuia automaticidade do nó atrioventricular(AV), prolongando o período refratário, diminuindo assim a velocidade de condução pelo nó; Intensifica a automaticidade do sistema de condução His-Purkinje. Efeitos cardíacos: disritmia progressiva, bloqueio da condução átrio-ventricular, taquicardia supraventricular paroxística, despolarização ventricular prematura e fibrilação atrial. Efeitos gastrintestinais: anorexia, vômitos e náuseas. Efeitos neurológicos: cefaleia, fadiga, confusão, visão turva e presença de halos em torno de objetos escuros. AGENTES INOTRÓPICOS T R A T A M E N T O Alguns sinais podem indicar o tipo de insuficiência: (1) no caso da IC DIREITA predominam sinais de congestão sistêmica: edema de MMII, hepatomegalia, ascite, turgência jugular e refluxo hepatojugular, e (2) na IC ESQUERDA, há sinais de congestão pulmonar: crepitações, ortopneia e dispneia paroxística noturna. DIURÉTICOS Podem fazer com que os vasos sanguíneos se alarguem (dilatem), também ajudam os rins a eliminar sódio e água, diminuindo o volume de líquido pelo corpo e reduzindo a pressão arterial. Diuréticos tiazídicos provocam a excreção de potássio na urina, portanto, junto a esse fármaco, deve-se tomar suplementos de potássio ou um diurético que não provoque a perda de potássio ou que faça os níveis de potássio aumentarem (diurético poupador de potássio). São úteis para negros, idosos, pessoas obesas e pessoas com IC ou doença renal crônica. INIBIDORES DA ENZIMA DE CONVERSÃO DA ANGIOTENSINA Reduzem a PA através da dilatação das arteríolas, impedindo a formação de angiotensina II, que faz com que as arteríolas se contraiam. Esses inibidores bloqueiam a ação da ECA, que converte a angiotensina I em angiotensina II. São úteis para pessoas com doença arterial coronariana ou IC (usados nos pacientes com disfunção sistólica), pessoas com proteína na urina por doença renal crônica ou doença renal diabética e homens que desenvolvem disfunção sexual como efeito colateral de um anti-hipertensivo. Durante episódios de descompensação aguda da ICC, a dose inicial deve ser ajustada de acordo com a PA, função renal e níveis de potássio. Assim, esses inibidores causam diminuição da resistência periférica, da pós-carga e da quantidade de Aldosterona, com diminuição da pré-carga. Além disso, diminuem a atividade simpática por diminuição da angiotensina, e da remodelagem cardíaca por retardo da dilatação ventricular. São utilizados em pacientes com disfunção ventricular esquerda, sem edema. BLOQUEADORES DOS RECETORES DA ANGIOTENSINA II Reduzem a PA através de um mecanismo semelhante ao dos inibidores da enzima conversora da angiotensina, eles bloqueiam diretamente a ação da angiotensina II, que faz com que as arteríolas se contraiam. São reservados para pacientes intolerantes aos IECAs, em pacientes descompensados, refratários à terapia convencional, mas que mantém PA adequada, a associação rigorosamente monitorada de BRA e inibidor da ECA pode melhorar os sintomas e diminuir reinternações. ANTAGONISTA DA ALDOSTERONA A aldosterona pode ser produzida independentemente do SRAA, seus efeitos adversos não são inibidos, mesmo com o uso máximo de inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina II. Assim, a espironolactona ou eplerenona deve fazer parte do tratamento dos pacientes com IC avançada, durante episódios de descompensação, que podem ajudar a aumentar a diurese e reduzir o risco de hipocalemia induzida pela furosemida. BLOQUEADORES ADRENÉRGICOS Incluem alfa-bloqueadores, beta-bloqueadores, alfa- beta-bloqueadores e bloqueadores adrenérgicos de ação periférica. Estes bloqueiam os efeitos da rede simpática, a parte do SNA que pode responder rapidamente ao esforço através do aumento da pressão arterial. Os betabloqueadores são os mais comumente utilizados, particularmente úteis para pessoas brancas, jovens, e para pessoas que sofreram um ataque cardíaco, e também úteis para pessoas com FC acelerada, angina de peito ou enxaqueca.. LAYANE SILVA
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