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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 3 2 EDUCAÇÃO MUSICAL 4 2.1 A importância da educação musical 7 2.2 Música e escola 10 2.3 Musicoterapia e educação musical 13 2.4 Apontamentos para uma educação musical inclusiva 17 3 MUSICALIZAÇÃO PARA BEBÊS 22 3.1 A música na infância 27 3.2 O jogo musical 30 3.3 O papel do professor de música 32 4 MÚSICA E NEUROCIÊNCIA 33 4.1 Influência da música no processo cognitivo 35 4.2 Influências da música no estado emocional dos seres humanos 40 5 PERCEPÇÃO MUSICAL COMO PROCESSO E COMO DISCIPLINA 42 6 BIBLIOGRAFIA 49 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 EDUCAÇÃO MUSICAL Fonte: pixabay.com Em 18 de agosto de 2008, o Governo Federal, através do Ministério da Educação, sancionou a Lei nº 11.769 que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, determinando que a música fosse conteúdo obrigatório do componente curricular artes na educação básica, porém não obrigatório. As escolas tiveram o prazo de três anos para se adaptarem às exigências estabelecidas no artigo 1º da referida Lei, prazo este que venceu em 18 de agosto de 2011. (COSTA 2015). A Lei nº 11.769/2008 foi aprovada a partir de um amplo movimento nacional mediado por educadores musicais e músicos e, também, por membros da sociedade em geral. O debate e a busca de estratégias para o cumprimento da Lei nº 11.769/2008 ganhou fôlego em todo o país. No ano de 1991 foi criada a Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), contribuindo para as discussões e ações em torno do ensino de música nas escolas. (COSTA 2015). A criatividade vem sendo, cada vez mais, foco de discussões em diversos contextos educativos, em diferentes campos do conhecimento. Na área da educação musical, apresentam-se argumentos que discutem a criatividade enquanto dispositivo para um desenvolvimento imaginativo que incentiva e possibilita reflexões, tomadas de decisões, resoluções de problemas e julgamentos que valorizam o aluno enquanto protagonista de seu próprio processo de aprendizagem. (PELIZZON; et al., 2019) 5 À medida que se compreende a importância de que os estudantes tenham a oportunidade de se posicionar diante de situações com autonomia, tomando decisões e construindo suas identidades. Incertezas, complexidades, progressos e mudanças vêm gerando desafios e problemáticas imprevisíveis, requerendo soluções criativas (Alencar, 2007, p.45 apud PELIZZON; et al., 2019). Nesse sentido, a educação, de modo geral, deveria acompanhar essas mudanças e desafios da atualidade, inclusive na área da educação musical. A música é um fenômeno que está sempre presente em vários momentos de nosso cotidiano, até mesmo antes de nascermos. É importante então, que a escola dê continuidade a essa linguagem artística, afinal, ela promove a exploração de ideias, a convivência, o brincar, a criação, ou seja, são habilidades importantes que se fazem presentes juntamente com a música. (PIMENTEL; et al., 2020) A música é uma ferramenta de expressão, de cultura, aliada do aprendizado em geral, pois de maneira lúdica, ajuda a criança a criar, experimentar, comunicar, contribuindo com a aprendizagem. De acordo com Queiroz (2004, p. 105 apud PIMENTEL; et al., 2020), “As diferentes formas de aprendizagem musical exigem do educador diversas abordagens nas suas formas de ouvir, fazer, ensinar, aprender e dialogar com a música”. Essa perspectiva de educação musical, de acordo com o mesmo autor, “[...] tem afetado diretamente os processos educativos e as competências necessárias para a formação do professor de música, tem possibilitado também uma ressignificação dos valores musicais do ensino formal”. É importante que o educador musical conheça a realidade dos alunos dentro e fora da escola, entenda como eles se relacionam com a música e, dessa forma, consiga desenvolver estratégias pedagógico-musicais, colocando em sala de aula de modo a trabalhar o conteúdo de uma forma que todos se envolvam. Hentschke e Del Ben (2003, p. 181 apud PIMENTEL; et al., 2020) já nos lembravam que a educação musical objetiva, entre outras coisas, “auxiliar crianças, adolescentes e jovens no processo de apropriação, transmissão e criação de práticas músico-culturais como parte da construção de sua cidadania”. Segundo Santos (2018, p. 02 apud PIMENTEL; et al., 2020), “A educação musical é um campo rico no que tange aos processos de ensinar e aprender música, às suas funções dentro de uma sociedade, de um grupo e, também, para a formação humana de um indivíduo”. Nesse sentido, é possível afirmar que o objetivo do ensino da música é formar um ser humano capaz de ascender para o pensamento reflexivo 6 e crítico, de modo a articular como sujeito ativo dentro da sociedade, sendo a música uma parte significativa para essa formação, não pensando em formar futuros músicos sendo este objetivo uma consequência mas sim centrar na formação humana dos sujeitos, sendo, neste sentido, a diversidade musical, de manifestações musicais e conhecimento das diversas possibilidades de se fazer música um direito a ser proporcionado. Queiroz (2017a, p. 177 apud PIMENTEL; et al., 2020), evidencia que a educação musical é uma prática da cultura contemporânea, ou seja, essa diversidade musical está sempre inovando, construindo de forma constante, que utiliza a cultura para caminhar em direção aos novos tempos, às novas articulações da sociedade. A construção humana para o ensino da música, acordando com o pensamento de Queiroz (2017b, p. 112 e 113 apud PIMENTEL; et al., 2020), permeia por um processo de reprodução, como também de criação, ainda mais ao se tratar de outras realidades culturais. A educação musical tem como enfoque o ensino e a aprendizagem da música, isto é, que busca alfabetizar musicalmente o indivíduo, conhecendo a realidade de cada um, seja em qualquer faixa etária, desenvolvendo estratégias de como trabalhar o conteúdo frente a realidade, com o intuito de formar cidadãos, promovendo experiência através da música, dessa forma, notamos que, segundo Benenzon (1988, p. 11 apud PIMENTEL; et al., 2020) “A música é arte e ciência, dois elementos que correspondem a um processo evolutivo do ser humano”. Queiroz (2017a, p. 181 apud PIMENTEL; et al., 2020), ao tratar desse reconhecimento, afirma que os saberes musicais trouxeram considerável norte para a área, no entanto, a divulgação e propagação de conhecimentos da música se dá em diferentes lugares e que, portanto, educação musical não é apenas especificamente na área de ensino-aprendizagem. Concordando com Arroyo (2000, p. 19 apud CARNEIRO 2018), afirmamos que a “educação musical deve ser muito mais do que aquisição de competência técnica; ela deve ser considerada como prática cultural que cria e recria significadosque conferem sentido a realidade”. Desse modo, o ensino de instrumento musical deve possibilitar aos estudantes o acesso aos conhecimentos que foram construídos historicamente ao longo do desenvolvimento das práxis musicais. Ou seja, o ensino de instrumento musical deve contribuir no processo de humanização realizando a transmissão dos conhecimentos significativos que foram social e historicamente elaborados relativos à performance musical. Desse modo, 7 Pensar a música como expressão humana contextualizada social e culturalmente é fator fundamental para estabelecermos ações educativas que possam ter consequências relevantes na sociedade e na vida das pessoas que constituem o universo educacional, tendo em vista que cada meio determina aquilo que é ou não importante e o que pode ou não ser entendido e aceito como música. (QUEIROZ, 2005, p. 54-55 apud CARNEIRO 2018). O processo de formação musical não pode ser confundido com a mera aquisição dos conteúdos e habilidades técnicas que são entendidos como imprescindíveis para a inserção, como força de trabalho, nos diversos setores produtivos relacionados à área da Música. Desse modo, entendemos que todo processo escolar de ensino e aprendizagem de música e instrumento musical necessita contribuir primordialmente para o processo de formação do ser humano, apropriando-o dos conhecimentos que ampliam e aprofundam sua percepção e entendimento das questões que compõem sua vida, sejam elas estéticas, éticas, científicas, etc. Assim, entendemos como necessária a subordinação da competência técnico-musical aos compromissos humanos, éticos, sociais e políticos, definidos a partir de um horizonte que vislumbra o real e efetivo desenvolvimento do ser humano. (CARNEIRO 2018). 2.1 A importância da Educação Musical Fonte: infoescola.com 8 “O objetivo específico da educação musical é musicalizar, ou seja, tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical. ” (GAINZA, 1988, p. 101 apud OLIVEIRA, 2012). ” A importância da música e sua função na sociedade é um assunto que tem sido muito discutido na atualidade. Profissionais e estudiosos da área musical têm se preocupado em justificar e empregar o ensino de música para crianças, levando em conta o benefício que tal aprendizado traz em relação à socialização, desenvolvimento psicológico, cognição, criatividade, pois o estudo da música possibilita um aumento da autoestima e auto disciplina, uma vez que em apresentações e audições a atenção é dirigida ao aluno, e este se sente na responsabilidade de apresentar o melhor para a plateia que o assiste, segundo OLIVEIRA, (2012). É através da educação musical que se busca o desenvolvimento da sensibilidade e compreensão da música pela educação auditiva e do senso rítmico presentes em atividades como, por exemplo, ouvir. Apreciar uma música a princípio pode não ser uma tarefa muito fácil. Apreciar não significa só ouvir enquanto se faz outra atividade, mas parar o que se está fazendo e se concentrar apenas na escuta. Mas, se for criado o hábito de fazê-lo, o indivíduo será capaz de reconhecer os materiais sonoros básicos que compõem a música (intensidade, ritmo, altura, duração e timbre), organizá-los como experiência musical e até reproduzi-los cantando ou executando um instrumento, segundo OLIVEIRA, (2012). Durante o processo de musicalização a criança desenvolve a capacidade de se expressar integralmente, utilizando-se de movimentos corporais enquanto ouve e canta uma canção. O termo “musicalização infantil” caracteriza o processo de educação musical por meio de um conjunto de atividades lúdicas que são transmitidos para a criança através de canções, jogos, exercícios de movimento, noções básicas de ritmo, melodia, tonalidade, som e métrica. Segundo Fonterrada é importante “(...) compreender que a educação musical não é apenas uma atividade destinada a divertir e entreter as pessoas, tampouco um conjunto de técnicas, métodos e atividades com o propósito de desenvolver habilidades e criar competências, embora essa seja uma parte importante de sua tarefa. O mais significativo na educação musical é que ela pode ser o espaço de inserção da arte na vida do ser humano, dando-lhe possibilidade de atingir outras dimensões de si mesmo e de ampliar e aprofundar seus modos de relação consigo próprio, com o outro e com o mundo. Essa é a real função da arte e deveria estar na base de toda proposta de educação musical. ” (FONTERRADA, 2008, p. 117 apud OLIVEIRA, 2012). 9 Conforme, OLIVEIRA, (2012) com a educação musical o aluno se torna capaz de desenvolver sua sensibilidade estética, sua criatividade, fazendo com que tenha capacidade de se inserir na cultura e na realidade em que vive, já que a arte é a manifestação cultural de um povo. De forma ativa e contínua, a aprendizagem musical integra prática, reflexão e conscientização, encaminhando a experiência para níveis cada vez mais elaborados. “A importância geral da educação musical provém em especial do fato de que nesse tipo de atividade a assimilação e a ação pessoal propriamente dita podem ser praticadas simultaneamente, de uma maneira absolutamente perfeita e total, mais do que em qualquer outro domínio. ” (HOWARD, 1984, p. 91 apud OLIVEIRA, 2012). A música, como parte da educação em geral, pode dar acesso a qualquer indivíduo que queira ter uma compreensão e participação na cultura musical do meio em que está inserido. Essa educação tem como objetivo levar a pessoa a sentir a música de maneira que consiga efetivar sua expressão na linguagem musical como, por exemplo, o conhecimento de leitura e grafia musical, bem como de apreciação e produção criativa. O estudo da música como parte de uma educação musical específica, aperfeiçoa o indivíduo para trabalhar com a música em nível profissional, seja como pesquisador, reprodutor, produtor ou até mesmo crítico. Nesse nível de aprendizado, essa educação já possui um caráter mais avançado dos conhecimentos em música, conforme OLIVEIRA, (2012) Segundo OLIVEIRA, (2012) além de aumentar o conhecimento, a educação específica em música visa um aperfeiçoamento da capacidade de pensar musicalmente. Portanto, a educação musical deve ser de acesso a todos, para o aprendizado de noções básicas da música. 10 2.2 Música e Escola Fonte: novaescola.org.br Ao dissertar sobre a educação musical no Brasil, entende-se que este é um campo muito vasto, tanto em questões temporais quanto espaciais. São pelo menos 500 anos de história sem abordarmos sequer a música indígena, o que traria um caráter milenar, de uma riqueza cultural inigualável. Para a autora Souza (2000 apud PAES, 2018), a música, o canto e muitos outros saberes sociais passaram na segunda metade do século XIX por um processo de escolarização. Pode-se dizer que, no século XIX, assistimos à escolarização de vários outros saberes sociais, além do conhecimento científico, como, por exemplo, a ginástica, a música e o canto, os valores morais e cívicos, o desenho, a escrituração mercantil, o sistema de pesos e medidas, as noções de horticultura e arboricultura, os trabalhos manuais, a higiene, a puericultura, a economia doméstica, entre outros. Souza (2000, p.15 apud PAES, 2018). Vive-se neste período que corresponde da metade em diante o século XIX o reconhecimento por parte do estado da educação musical e de sua importância pois profissão de músico passa a ser regulamentada e torna-se um componente da escola regular. Souza (2000, p.15 apud PAES, 2018) ainda aponta Ruy Barboza como um dos responsáveis pela construção de um currículo onde a música toma seu lugar na educação do país: No parecer sobre a reforma do ensino primário, Rui Barbosa propôs um programa enciclopédico tendo em vista a necessidade de ampliação da cultura escolarpara o povo, isto é, a formação de uma classe trabalhadora conformada às exigências do desenvolvimento econômico e social do país. 11 Esse programa compreendia: educação física, música e canto, desenho, língua materna, rudimentos das ciências físicas e naturais, matemática e taquimetria, geografia e cosmografia, história, rudimentos da economia política e cultura moral e cívica, segundo PAES, (2018). Observamos também o caráter higienista que deveria ser produzido pela música enquanto componente curricular: A música produz n’alma uma verdadeira cultura interior, e faz parte da educação do povo. Tem por efeito desenvolver os vários órgãos do ouvido e da palavra, adoçar os costumes, civilizar as classes inferiores, aligeirar para elas as fadigas do trabalho, e proporcionar-lhes um inocente prazer, em vez de distrações muitas vezes grosseiras e arruinadoras. (Barbosa 1947, p. 103 apud PAES, 2018). Com este caráter higienista atravessamos o século, e as novas descobertas da ciência passaram a ter influência no desenvolvimento da educação musical no século que se seguiu. A educação musical passou a ter uma tradição na escola no começo do século XX. Nesse período, essa área de educação para arte e educação estética passou a ser implantado de maneira efetiva nas grades curriculares em escolas das Américas e da Europa. Conforme o século XX avançava, os fenômenos ligados à música passaram a ocupar um maior interesse dos estudiosos. Com o incremento da pesquisa sobre música nas universidades e o advento da profissão psicólogo da música surgiram novos questionamentos, como a tentativa de determinar o que é música ou musicalidade a fim de se desenvolver as bases científicas, filosóficas e epistemológicas da música. (FONTERRADA 2006 p.96 apud PAES, 2018). Num primeiro momento, procurava-se entender o talento musical. Em 1919, na Universidade de Yowa, o professor Carl Seashore criou o primeiro sistema de teste para medir o talento musical. Esses testes consistiam em mais de 200 questões, podendo ser avaliada a percepção dos parâmetros sonoros: altura, duração, intensidade, timbre, distinções rítmicas e melódicas. Essas foram as primeiras experiências de ordem quantitativa, diga-se de passagem, com inspirações positivistas, que tinham por objetivo entender a qualidade de elementos de difícil distinção, dado o seu alto caráter de apreensão de origem subjetiva, segundo PAES, (2018). Segundo PAES, (2018) com as pesquisas de Seashore, surgem, concomitantemente, no mundo da ciência, uma quantidade de psicólogos, músicos e estudiosos que passam a propor uma série de procedimentos novos para desenvolver as questões sobre a musicalidade a partir de embasamento científico. Esses 12 apontamentos históricos relacionam-se temporalmente com algumas teorias novas da educação e da psicologia, como, por exemplo, o construtivismo de Jean Piaget ou a teoria histórico-cultural de Lev Vygotsky. Entende-se, portanto, que a música, a educação e a psicologia passaram a trabalhar juntas no começo do século XX, dando o primeiro pontapé nas pesquisas avançadas do gênero dentro do modelo de ciência conhecido. É nesse contexto que um desdobramento possível da música se mostra relevante dentro da Educação Escolar, pois cria uma rede de significados dentro da psicologia do desenvolvimento, da psicologia social e da psicologia da arte, conforme PAES, (2018). Apesar de não haver uma efetiva discussão sobre a música, Lev Seminovich Vygotsky, em uma de suas primeiras obras, Psicologia da Arte, cria uma base sólida na psicologia para desenvolvimento e aplicação de um gênero que foi desenvolvido em diversas vertentes que permearam as discussões sobre música e educação durante o século XX, perpassando até mesmo a própria produção musical e artística, que atravessou o século desde meados do final do Romantismo musical, ou seja, de composições de Arnold Schoenberg e seus discípulos, chegando até mesmo à música eletroacústica, segundo PAES, (2018). Na América do Norte houve reverberações desse modelo psicológico musical aplicado na escola dentro dos processos de composição, improvisação, execução musical, escuta, tema desenvolvido, entre outras características musicais. Nesse caso, percebemos que as primeiras pesquisas da educação musical, da psicologia da educação musical ou da psicologia da música, refletiram por quase um século nos estudos científicos da psicologia do desenvolvimento, dando à música dentro da psicologia da arte uma vertente de estudo própria, sem se dissolver de sua base de estudos oriunda da psicologia da arte firmada no começo do século, segundo PAES, (2018). Com o desenvolvimento das atividades de educação musical no começo do século coincidem nas décadas seguintes a influência da Escola Nova, que será apresentada a música por Anísio Teixeira. No Brasil segundo Nagle (1974, p. 190 apud PAES, 2018), deu-se entre os anos de 1920 e 1929: A ampliação da rede escolar, o melhoramento das condições de funcionamento das instituições escolares existentes, a criação de novas instituições, até mesmo de caráter para escolar – com o que se estende o 13 raio de ação da escola e novas funções lhe são atribuídas, conforme PAES, (2018). Entendemos, portanto, que a construção do caráter da educação música na transição do século XIX para o século XX tinha em sua política a característica de dar a população pobre e considerada infantilizada um arcabouço maior de vivencias da sociedade burguesa para que o convívio social se tornasse algo mais apropriado aos interesses da sociedade industrializada, conforme PAES, (2018). 2.3 Musicoterapia e Educação musical Fonte: meloteca.com Segundo PIMENTEL; et al., 2020 a Educação musical e a musicoterapia possuem semelhanças e diferenças. Considerando as semelhanças, nota-se que ambas as áreas trabalham com o emocional, além de adquirir habilidades através da música. Qualquer tipo de atividade musical, seja para fazer algum tipo de improvisação, criar uma melodia, compor uma música, tocar algum instrumento, trabalha com a linguagem da música e com o conhecimento e habilidade. Dessa forma: A música é uma linguagem e, para as crianças, ela pode ser uma linguagem estimulante, uma linguagem confortadora. Ela pode encorajar, animar, encantar e falar com a parte mais interna da criança. A música pode fazer perguntas estimulantes e dar respostas satisfatórias. Ela pode ativar e, em seguida, manter a atividade por ela evocada. A música certa, utilizada com 14 discernimento, pode retirar a criança incapacitada dos limites de sua patologia e colocá-la num plano de experiência e reação, onde esta estará consideravelmente livre de disfunções intelectuais ou emocionais (NORDOFF e ROBBINS, 1971, p. 238 apud RUUD, 1990, p. 72 apud PIMENTEL; et al., 2020). Muitas reflexões têm sido feitas a respeito das convergências e divergências entre educação musical e musicoterapia. Para Bruscia (2000:185 apud PASSARINI; et al., 2012): Na educação musical o aprendizado musical é o objetivo final e na musicoterapia é um meio para atingir um fim; Na educação musical os objetivos são primeiramente estéticos e musicais e secundariamente funcionais enquanto que, na musicoterapia, os objetivos são primeiramente relacionados com saúde e secundariamente estéticos ou musicais; Na educação musical a ênfase é dada ao mundo universalmente compartilhado da música e na musicoterapia é dada ênfase ao mundo musical particular da pessoa; Na educação musical, a relação professor(a) – aluno está limitada ao musical enquanto que, na musicoterapia, a relação paciente – terapeuta está ligada as questões de saúde que podem ser trabalhadas através da música. Para o profissional capacitado em musicoterapia e educação musical, que atua nas duas áreas, separadamente, são claras as delimitaçõesentre as demandas e objetivos primários de uma e de outra, o que define seu papel e sua prática em cada campo. Evidentemente as linhas que delimitam os saberes dessa e daquela são tênues e fluidas, ou seja, é impossível que o profissional se abstenha de alguns saberes em prol de outros; pelo contrário, ele naturalmente congrega esses saberes e enriquece sua atuação nas duas áreas. No entanto, na prática do professor- musicoterapeuta, onde demanda, objetivos e “contrato” estão inseridos no contexto pedagógico, mas também de “cuidado terapêutico”, conceitos e técnicas se mesclam o tempo todo, de acordo com a necessidade do(s) aluno(s)- paciente(s), dando origem à uma prática outra, não exclusiva da educação musical e tampouco exclusiva da musicoterapia; uma prática educacional-terapêutica: a Educação Musical Terapêutica. (PASSARINI; et al., 2012). 15 O musicoterapeuta e o educador musical utilizam a música como ferramenta de trabalho. Bruscia (2000, p. 124 apud PIMENTEL; et al., 2020), descreve os tipos de experiências musicais em Musicoterapia, a saber: “O cliente faz música tocando ou cantando, criando uma melodia, um ritmo, uma canção ou uma peça musical de improviso”, “O cliente pode improvisar sozinho, em dueto ou em grupo”, “O cliente pode utilizar qualquer meio musical dentro de sua capacidade”. Diante disso, constatamos: esses tipos de experiências musicais dialogam com processos pedagógicos desenvolvidos pelos educadores musicais, o que pode ser transversal aos dois campos, ou seja, semelhante. A educação musical com o olhar musicoterapêutico, segundo Almeida e Campos (2013, p. 46 apud PIMENTEL; et al., 2020) tem a intenção de “promover a saúde do aluno de forma preventiva, acolhendo e atendendo as necessidades específicas de forma individual, surgindo assim a figura do educador-terapeuta”, que, ainda de acordo com os autores, é um “profissional que necessita de capacitação para lidar com as diversidades e trabalhar o aprendizado musical como possibilidade de cuidado e desenvolvimento humano. O trabalho do educador musical se diferencia do musicoterapeuta a partir dos objetivos, pois, para o primeiro, o objetivo principal é formar seres humanos através de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades específicas a partir do fazer musical. Já na musicoterapia, mesmo que o cliente/paciente obtenha algum tipo de conhecimento musical, o objetivo principal é a saúde, o bem-estar, a recuperação de algum déficit que o indivíduo possua (BRUSCIA, 2000 apud PIMENTEL; et al., 2020). O educador musical pode se especializar na área de musicoterapia, da mesma forma em que o musicoterapeuta pode aprofundar mais seus conhecimentos na educação musical. (PIMENTEL; et al., 2020). Segundo Passarini et al. (2012, p. 142 apud PIMENTEL; et al., 2020) uma abordagem que pode contemplar um profissional qualificado tanto em educação musical quanto em musicoterapia. Sua proposta fundamenta-se no que ela propôs como “educação musical terapêutica”, que busca alcançar benefícios psicológicos, para além dos objetivos primários da educação musical. De acordo com Passarini et al. (2012 apud PIMENTEL; et al., 2020), [...] O aprendizado musical e processo terapêutico caminham juntos, no mesmo nível de importância considerando que o desenvolvimento humano 16 integral é o objetivo primário; onde técnicas da educação musical e da musicoterapia se complementam; onde relação terapeuta-paciente equipara- se à relação professor-aluno considerando que o sujeito aprende sentindo e sente aprendendo, ou seja, o aprendizado é norteado pelo afeto e vice- versa; onde cada sujeito é considerado em sua singularidade, independentemente de ter ou não algum tipo de deficiência. A educação musical terapêutica pode ser realizada em grupo ou individualmente e pode ser uma excelente ferramenta nos processos de prevenção e promoção de saúde, principalmente no âmbito escolar (PASSARINI et al., 2012, p. 142 apud PIMENTEL; et al., 2020). A musicoterapia, de acordo com Bruscia (2000, p. 22 apud PIMENTEL; et al., 2020), tem como objetivo “ajudar o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança”. Já na educação musical, segundo Henstschke; Del Ben (2003, p. 181 apud PIMENTEL; et al., 2020), “O primeiro objetivo da educação musical é facilitar o acesso à multiplicidade de manifestações musicais da nossa cultura, bem como possibilitar a compreensão de manifestações musicais de culturas mais distantes”. Em relação a métodos, modelos e abordagens, enquanto a musicoterapia trabalha com Modelo behaviorista, Modelo de musicoterapia analítica, Modelo Benenzon, Método GIM, Abordagem Nordoff-Robbins, a Educação musical trabalha com alguns métodos, abordagens e filosofias de alguns pedagogos musicais, como Émile Jaques-Dalcroze, Zoltán Kodály, Edgar Willems, Carl Orff, Shinichi Suzuki. A educação e a terapia são semelhantes no sentido de que ambas ajudam as pessoas a adquirir conhecimentos e habilidades. No entanto, nem toda educação é terapia, e nem toda terapia é educação. Nesse sentido, Bruscia (2000 apud PIMENTEL; et al., 2020) afirma que quatro distinções podem ser feitas: Os objetivos são diferentes; Na educação a matéria que é objeto da aprendizagem não é específica do indivíduo A aprendizagem na terapia é singular no sentido em que é da ordem da experiência autor reflexiva A relação professor-aluno é substancialmente diferente da relação cliente-terapeuta. A educação musical contemporânea tem elementos que buscam proporcionar uma formação musical que leve o indivíduo a pensar criticamente, a conhecer músicas de culturas diversas, considerando uma abordagem sociocultural de ensino de 17 música. A formação em música, nessa perspectiva, tem como objetivo, assim como outras esferas do campo educacional, através de processos pedagógico-musicais, formar integralmente o ser humano. (PIMENTEL; et al., 2020). A musicoterapia, por outro lado, embora utilize de diversas ferramentas da música, é um campo da saúde e tem como princípio tratar terapeuticamente seus pacientes/clientes, seja qual for a doença, na busca por alcançar benefícios psicológicos, cognitivos, sociais, de reabilitação e habilitação. A música, nesse sentido, é uma ferramenta secundária, mas fundamental no processo musicoterápico. (PIMENTEL; et al., 2020). 2.4 Apontamentos para uma Educação Musical Inclusiva Fonte: pixabay.com Segundo CORREIA, (2016) embora os estudos do filósofo alemão Theodor W. Adorno não tenham sido direcionados para educação especial e inclusiva, seus escritos apresentam ideias substanciais para a compreensão das resistências que são adjacentes a qualquer processo educacional. A teórica crítica assinalada por Adorno e outros filósofos auxilia na reflexão sobre algumas questões polêmicas que emergem no contexto da educação brasileira, dentre elas, a promoção da inclusão enquanto uma política pública e enquanto um dos princípios dos sistemas públicos e privados de ensino. 18 No pensamento de Adorno ancoram-se ideias para uma ação autônoma no processo educativo no sentido de que a escola não torne o educando em um sujeito alienado e alijado de uma cultura arraigada em valores, sentidos e significados para o desenvolvimento humano. Autonomia, criticidade e criatividade muitas vezes são termos que encontramos somente em um plano burocrático de educação, mas na real efetividade são distanciados de uma prática escolar, afirma CORREIA, (2016). Tais ideias nos levam a refletir sobre a educação como possibilidade emancipatória do sujeito e de como ela vem sendo conduzida num processo considerado complexo - como é a dimensão formativa do sujeito comdeficiência. Sob a ótica da alteridade e na garantia dos direitos aos deficientes, podemos pensar em um ensino que não os condicionem em meros reprodutores ou expectadores de algum ensinamento sistematizado, mas que os possibilitem a promover sentidos de autonomia e modos de ser e estar no mundo com significados. Nesse sentido da educação para emancipação, Adorno (2000 apud CORREIA, 2016), assevera: “ Evidentemente não a assim chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isso seria inclusive da maior importância política; sua ideia se é permitido dizer assim, é uma exigência política. Isso é: uma democracia com o dever de não apenas funcionar, mas operar conforme seu conceito, demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada como uma sociedade de quem é emancipado” (ADORNO, 2000, p.143 apud CORREIA, 2016). A experiência formativa dos professores e alunos necessita ser nutrida de sentidos e significados. Refletimos nessa direção no pensamento de Adorno (2000 apud CORREIA, 2016) ao afirmar que “seria preciso estudar o que as crianças hoje em dia não conseguem mais apreender: o indescritível empobrecimento do repertório de imagens, da riqueza de imagines sem a qual elas crescem, o empobrecimento da linguagem e de toda a expressão” (p.146 apud CORREIA, 2016). Observa-se a premente necessidade de os professores sair em busca de compreender sobre o que atualmente as crianças não conseguem apreender. Urge também em outro viés de interpretação, a busca pela qualidade na formação continuada dos professores. Segundo CORREIA, (2016) diante da prevalência de uma cultura midiática e massificada que vêm se impulsionando nas últimas décadas através do avanço da tecnologia, como a educação escolar poderá promover novos significados na 19 formação do sujeito, em especial, daquele que por alguma razão apresenta alguma deficiência? São pontos desencadeadores que poderão suscitar inúmeras discussões. Ao considerar que o termo inclusão é polissêmico, ou seja, dotado de vários sentidos, se considera também a existência de várias deficiências humanas categorizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e não é objetivo desse trabalho discutir cada uma delas. Na natureza da experiência formativa musical aqui assinalada, direcionamos a educação musical inclusiva para pessoas com deficiência intelectual (DI) e com Transtornos do Espectro Autista (TEA), sem desconsiderar, é claro, a existência de várias investigações para outras deficiências no contexto escolar afirma CORREIA, (2016). No que tange ao ensino de música, Louro (2006 apud CORREIA, 2016) afirma que a questão da educação musical direcionada para as pessoas com deficiência, no Brasil, ainda é pouco discutida e difundida, pois as iniciativas inclusivas com relação a essas pessoas, geralmente, são estruturadas somente para a educação básica e não para cursos específicos. Nesse sentido, a autora apresenta alguns aspectos teóricos e práticos que o professor de música deve atentar, tais como: 1-Saber sobre questões clínicas básicas das deficiências e sobre o processo de aprendizagem que circunda as deficiências; 2- Ter uma visão ampla do fazer musical e não somente focada na performance instrumental ou nos métodos tradicionais de ensino musical; 3- Saber promover adaptações metodológicas, instrumentais e musicais; 4- Trabalhar em equipe (junto com neuro; fono; psicólogo etc.) 5- Ter metas bem definidas com cada aluno ou grupo. Para tanto, pensar nas seguintes questões: a. Para quem é a aula (público/ perfil do aluno, deficiência que ele tem) b. Para que serve tal atividade, ou tal conteúdo (o que se pretende trabalhar com cada aluno ou com a atividade proposta) c. Como fazer (metodologia. Como atingir os objetivos); 6- Ter uma postura adequada. Acreditar sempre no material humano que tem em mãos. Respeitar o tempo e os limites dos alunos, mas não deixar de trabalhar as dificuldades, nem de exigir boa qualidade musical (LOURO, 2006, p. 39 apud CORREIA, 2016). O universo musical é amplo e precisamos planejar ações pedagógicas para um fazer musical significativo com sujeitos com DI e TEA. Contudo, deve-se atentar para importância de se promover uma educação musical inclusiva “calcada em princípios metodológicos bem direcionados a partir de atividades específicas para trabalhar as necessidades de cada aluno” (LOURO, 2006, p. 40 apud CORREIA, 2016). Se os professores precisam de formação, a escola precisa se (re)significar para atender o aluno com deficiência. Nessa direção, o espaço físico vai requerer mudanças como: adaptações de instrumentos musicais, adaptações de materiais 20 (como partituras em braile, apostila simplificada para quem tem deficiência mental, entre outros), adaptações de práticas pedagógicas para que o aluno possa acompanhar com êxito. Afetos, estímulos, motivações, incentivos serão indispensáveis nesse contexto. Louro (2006 apud CORREIA, 2016) adverte que uma atividade musical é percebida de distintos modos, como exemplo: [...] enquanto para uns estejam sendo abordados compassos com diferentes unidades de tempo, para um aluno com deficiência mental pode-se abordar a compreensão da semínima como pulso-base para a realização de um ditado rítmico. Nesse contexto, o professor avaliará de forma diferenciada ambos os alunos, mas cada qual dentro de suas competências para aquele momento” (LOURO, 2006, p.42 apud CORREIA, 2016). Conforme CORREIA, (2016) como se percebe, não é somente matricular os alunos deficientes na escola de educação básica, por força da lei. Antes disso, faz-se necessário conhecer as bases atitudinais e arquitetônicas para possibilitar o ingresso desse aluno no ambiente escolar. Trata-se de ter o conhecimento e a consciência sobre os dispositivos necessários para que a inclusão de fato se efetive. Considera- se também nessa conjectura escolar, o ritmo de aprendizagem para esse educando no sentido de que, no caso da música, cada indivíduo possui alguma referência musical e a escola não pode promover um cerceamento cultural dessa referência, mas (re)significar alguns conteúdos musicais e promover comportamentos musicais mais valorativos e conscientes. O desenvolvimento da percepção musical varia de indivíduo para indivíduo, mas na linha do pensamento que se almeja uma educação musical emancipadora para o educando, a fruição e as referências musicais têm que ser desenvolvidas na ideia do sentido da experiência e numa interlocução musical significativa entre professor e o aluno. A beleza de sentir cada nota entoada numa melodia, num pulso ou numa harmonia é um exercício de buscar a própria essência da música. Uma via contrária quando é contornada pela rigidez do metrônomo ou de uma leitura mecânica da notação musical pode levar a “modelagem do sujeito”. Em modos poéticos e com a sensibilização musical, por assim expressar, acredito que é uma das formas de se educar musicalmente, afirma CORREIA, (2016). Não se pode conceber como princípio educativo a “formatação” do nosso aluno, mas ter a consciência de um princípio de que podemos possibilitar uma instrumentalização para a autonomia e o desenvolvimento de uma consciência 21 musical desse sujeito em processo de aprendizagem escolar, segundo CORREIA, (2016). A “modelagem” na educação musical não é uma prática pedagógica adaptada para pessoa com deficiência. A sensibilização musical para emancipação e o exercício apreciativo para o desenvolvimento de bons ouvintes pode se constituir como um caminho adaptado. Nogueira (2015 apud CORREIA, 2016), apoiada em Adorno enfatiza que “o ato de apreciar música é um ato intelectual, cognoscitivo:pensar com o ouvido é fruir música de forma consciente e analítica” (p.112 apud CORREIA, 2016). Conforme analisado por Adorno (2011, p.56 apud CORREIA, 2016), uma escuta musical que transponha algumas categorias que constituímos como nossas preferências musicais é atributo de bons ouvintes. A acuidade na escuta musical, como pode ser proposta, permite que um sujeito não somente estabeleça espontaneamente inter-relações estéticas, mas que seja também capaz de desmistificar determinados produtos musicais advindos da massificação cultural. Eis dessa forma, alguns aspectos a serem considerados no planejamento de uma aula de música, em especial, na apreciação musical por pessoas com TEA e DI. De outra forma, Nogueira (2015 apud CORREIA, 2016) em seus estudos sobre educação musical, repertório e emancipação no contexto da indústria cultural, vem alertar sobre algumas práticas no ensino de música, ao afirmar que: É preciso ter cuidado com atitudes pretensamente democráticas, nas quais tudo que é traduzido pelo aluno passa a ser considerado relevante e necessariamente apto pelo professor. Desconhecer que muitas vezes os alunos seguem padrões de escuta coisificados é ingenuidade flagrante (NOGUEIRA, 2015, p.113 apud CORREIA, 2016). O conhecimento das preferências musicais dos alunos por parte do professor é imprescindível para um trabalho musical pedagógico adaptado. Para Nogueira (2015 apud CORREIA, 2016) é raro em um contexto juvenil, por exemplo, os alunos possuírem referências musicais para a música popular brasileira ou música erudita. Conforme essa autora, o fato de os alunos já possuírem um consumo musical muitas vezes definido pela mídia, faz com que o professor corra o risco de “trazer para a sala de aula aquilo que já ocupa espaço demasiado na vida cotidiana, sem qualquer filtro de qualidade” (p.114 apud CORREIA, 2016). Entretanto, na égide de um trabalho integrado com a escola e família, é possível realizar um trabalho educativo com qualidade para os alunos com deficiência, 22 buscando na expressão artística, como a linguagem musical, formas de sentir, de experimentar e de construir uma visão crítica, emancipada e apreciável do mundo que o cerca, afirma CORREIA, (2016). 3 MUSICALIZAÇÃO PARA BEBÊS Fonte: cantodobatuque.com.br Gary McPherson, na obra The Child as Musician (2006 apud WILLE; et al., 2016), destaca que a criança tem uma sabedoria musical bastante precoce que incluem discernimento auditivo, memória musical e intenso interesse em performances musicais expressivas, o que compensa a óbvia ignorância dos pequenos acerca das convenções musicais. Tudo isso habitando, geralmente, ambiente altamente sonoro, seja na escola ou em casa. Segundo Filipak e Ilari (2005 apud WILLE; et al., 2016), são inúmeras as ocasiões de descoberta vivenciadas pelos bebês no período entre dezoito meses aos três anos, os quais são vividos intensamente. Podemos nos referir ao falar, o andar, ou o tatear, todas as ações realizadas são novos experimentos vividos pelo bebê. Assim sendo a estimulação do bebê pode auxiliar em seu desenvolvimento físico, motor, emocional e psicológico. Estes estímulos precisam ser integrais, e a criança responderá a eles por meio de sua expressividade. As repostas podem ser um sorriso, um balbucio, um movimento, o choro, ou qualquer outra reação. O bebê responde aos 23 estímulos, e expressa as suas necessidades, como o de ser alimentado, e as mães instintivamente, distinguem o choro de fome do choro de raiva (LEVY, 1993 apud WILLE; et al., 2016). A partir daí a comunicação entre mãe e filho começa a ser estabelecida. Esta comunicação é uma linguagem entre o pequeno ser e sua mãe a qual permite pergunta e reposta como toda linguagem, momentos de troca entre estímulos e encantos. Os bebês expressam os sons que lhe sejam mais convenientes, mas sua expressão sonora não está pronta, é importante que os pais os cuidadores lhe devolvam este som imitando ou respondendo. Esse jogo de perguntas e respostas é integrante da comunicação exercida todos os dias entre os bebês e suas mães, assim os bebês vão conhecendo um mundo sonoro que é grandioso. Trevarthen & Malloch (2002 apud WILLE; et al., 2016), destacam que assim surgem os jogos, canções e narrativas musicais criadas com a voz, gestos e ações. São possibilidades de fortificar a relação entre pais e filhos, desde que estes estejam atentos e estimulem a linguagem musical. As respostas nem sempre são especificamente musicais, podem ser sorrisos e/ ou movimentos que demonstram quão importante é esta interação proporcionada pela música que atua como ferramenta de comunicação entre os pais e seus filhos pequenos (TREHUB, 200 apud WILLE; et al., 2016). São atividades musicais que proporcionam à criança uma interação e conhecimento do mundo sonoro como ele é, verdadeiramente, e também o brincar com este de forma lúdica. Esta interação com o mundo sonoro verdadeiro possibilita a criança começar a estruturar suas possibilidades vocais, e realizar trocas musicais, necessárias ao seu desenvolvimento cognitivo musical. As aulas de musicalização com os bebês acontecem sempre com a participação e acompanhamento de algum dos pais, responsáveis e/ou cuidadores. Isso se faz necessário devido à pouca idade deles, já que eles estão começando a ter contato com outras pessoas que não sejam do seu meio habitual, além do que, propicia uma ótima forma de aproximar ainda mais os laços com as crianças e intensificar o elo entre mãe/pai/cuidador e bebê. É importante destacar que as relações estabelecidas pela mãe e as bebês são extremamente importantes, pois um estimula o outro num fortalecimento e construção identitária de ambos, não sendo relevante conhecimento musical ou não da mãe ou cuidador (BRAZ & SALOMÃO, 2002 apud WILLE; et al., 2016). 24 Podemos constatar que trabalhando a musicalização com bebês de uma forma lúdica e responsável podemos contribuir de forma efetiva para a formação desse ser sensível, e que ainda podemos ajudar bastante a exercitar sua concentração, a organização de ideias, o raciocínio lógico, colaborando dessa maneira no desenvolvimento do falar, escrever, agir e reagir. Segundo Ilari: [...] a educação musical como um processo de construção do conhecimento, onde o resultado das vivências musicais realizadas na infância irá contribuir para desenvolver prazer, cultura e gosto musical duradouro nos futuros adultos (ILARI, 2003, p. 16 apud WILLE; et al., 2016). Beyer (2001 apud VILARINHO; et al., 2019) conceitua que os bebês são protagonistas no universo musical, pois produzem conhecimento e cultura. Ressalta a vital importância dos dois primeiros anos de vida na formação dos seus processos cognitivo-musicais. Para a autora, o bebê não é uma substância amorfa ao nascer, visto que possui capacidade de visão e audição, com reações e preferências, estando “prontos para aprender muito mais do que em geral costumamos pensar” (KLAUS; KLAUS, 1989 apud BEYER, 2001: 617 apud VILARINHO; et al., 2019). Soares (2007 apud VILARINHO; et al., 2019), partindo dos estudos de Klaus e Klaus (1989 apud VILARINHO; et al., 2019), aduz que a capacidade auditiva dos bebês alcança sua maturidade por volta do sexto mês de gestação. É nesse período que os bebês passam a perceber e reagir aos sons externos, intensificando dessa maneira seu universo sonoro. Ao nascer, preferem vozes mais agudas e femininas, distinguem variados sons e diferenças de altura e intensidade, bem como movimentam a cabeça procurando o som ouvido com o olhar. Segundo Ilari (2002 apud VILARINHO; et al., 2019), os bebês são ouvintes sofisticados e competentes desde a mais tenra idade, mesmo antes de chegarem ao mundo. Quando nascem, dispõem de inúmeras habilidades musicais, que podem sofrer modificações ao longo do seu desenvolvimento, devido à aculturaçãoe à exposição musical. Para a autora, os bebês percebem o mundo da música de forma atenta e possuem capacidades potentes de construção dos seus conhecimentos musicais, podendo refletir em aprendizagens posteriores. Ilari menciona, ainda, que “[…] os bebês estão atentos à música que escutam bem mais do que todos nós julgávamos ser possível. Em outras palavras: os bebês também entendem de música” (ILARI, 2002: 88 apud VILARINHO; et al., 2019). 25 Sabe-se que, na fase intrauterina, por estar imerso num ambiente repleto de sensações e sentidos táteis, o feto vivencia diversas experiências sensitivas e motoras. Ao nascer, por meio das interações familiares, o bebê incorpora aos poucos as práticas culturais, bem como a música nela inserida e, através do seu próprio corpo, vai se adaptando a esse novo ambiente. Segundo Martinez (2017: 290 apud VILARINHO; et al., 2019), os bebês são seres de possibilidades que “se desenvolvem em meio à cultura, constituindo-se indivíduos sociais ao vivenciar e internalizar as atividades culturais e realizar novas elaborações de seu comportamento humano”. Esse meio cultural é repleto de sonoridades que influenciam de maneira direta o desenvolvimento da sua musicalidade. É o contato com o outro que permite ao bebê observar, perceber e compreender o ambiente sonoro-musical no qual está inserido, propiciando-lhe vivências e experiências musicais. Para a autora, é necessário compreender que toda atividade humana sonoro-musical contribui nesse processo, enfatizando que “o comportamento musical tem início na filogênese, mas é sob a ação da cultura que ocorre o desenvolvimento da musicalidade humana” (MARTINEZ, 2017: 290 apud VILARINHO; et al., 2019). Para Gordon (2008 apud VILARINHO; et al., 2019), o estímulo musical deve ser precoce, pois, antes dos dezoito meses, o bebê tende a escutar a música e a fala de forma mais atenta. Nessa fase, sua atenção focal e investigativa é mais aguçada. Após esse período, o autor ressalta que a escuta ficará em segundo plano, pois o bebê estará mais focado na aquisição da língua. Quanto ao desenvolvimento do potencial inato musical do bebê, o autor afirma que os primeiros responsáveis são os pais, por propiciarem ou não o contato com a música precocemente. O autor sugere que os pais cantem para seus filhos nessa primeira fase, pois a afetividade envolvida no canto resulta em relação interativa. Gordon ressalta que, nos primeiros meses de vida, as mães geralmente costumam cantar canções de ninar para seus bebês e que, nesse processo interativo, entre mãe/filho, é estabelecida, por meio da voz, dos gestos, das demonstrações de afeto, uma carga emocional intensa, favorecendo os vínculos positivos que, por sua vez, são primordiais para o desenvolvimento afetivo, psicológico e social dos bebês. Segundo Ilari (2003 apud VILARINHO; et al., 2019), devemos partir da premissa de que cada criança possui um cérebro diferente, bem como um perfil mental único; seu desenvolvimento advém de processos complexos e depende da 26 combinação de vários fatores. Embasada pelos estudos de Kotulak (1997 apud VILARINHO; et al., 2019), a autora aduz que, Logo após o nascimento, o cérebro do bebê passa por um crescimento fantástico […]. O cérebro do bebê é faminto de novas experiências que o transformarão em redes neurais para a linguagem, o raciocínio lógico, o pensamento racional, a resolução de problemas e os valores morais. Essas redes neurais já estão sendo formadas antes mesmo de o bebê completar um ano de idade. São elas que permitem a associação de ideias e o desenvolvimento de pensamentos abstratos, que constituem as bases da inteligência, imaginação e criatividade. Contudo, essas redes podem ser destruídas quando as experiências na infância são destituídas de estimulação mental ou sobrecarregadas de estresse (ILARI, 2003: 8 apud VILARINHO; et al., 2019). De acordo com Jaber (2013 apud VILARINHO; et al., 2019), o cérebro do bebê detém um enorme potencial de desenvolvimento, pois processa as informações recebidas gerando diversas redes de conexões, incorporando-as à sua própria estrutura cerebral. Os estímulos sonoros e a música ativam várias regiões cerebrais, influenciando o desenvolvimento do cérebro humano. Para torná-lo mais maleável e flexível, é importante estimular os bebês a ouvirem e a sentirem a música, bem como pensarem e agirem sobre a mesma. Outrossim, “a música não é apenas um simples estímulo processado pelo cérebro humano, ela é capaz de modificar a estrutura cerebral de um indivíduo” (JABER, 2013: 47 apud VILARINHO; et al., 2019). Sobre a definição de desenvolvimento musical, tem-se: Por um lado, podemos pensar no desenvolvimento musical como as mudanças que ocorrem no fazer musical dos bebês, crianças e adolescentes, de maneira mais ou menos espontânea, isto é, pela exposição cotidiana aos sons e à música da cultura da qual fazem parte. Por outro, podemos pensar em desenvolvimento musical como as mudanças que ocorrem no fazer musical em virtude da educação musical formal que as crianças recebem por meio de aulas de música em escolas e conservatórios. Também podemos pensar em desenvolvimento musical tendo por base o aprimoramento de habilidades em atividades específicas da área de música como cantar, tocar, o compor uma canção dentro da estética de um gênero ou cultura em particular (ILARI, 2009 apud SILVA; PARIZZI, 2016: s.p apud VILARINHO; et al., 2019). É importante que a família e o educador do bebê sejam capazes de reconhecer as particularidades de cada criança, bem como os fatores que influenciarão ou que estão influenciando em seus aprendizados, lembrando que o desenvolvimento musical deve ser uma experiência prazerosa. (VILARINHO; et al., 2019). 27 3.1 A Música na Infância Fonte: altoastral.com.br A partir do século XX, várias pesquisas (TREHUB, 2002; BEYER, 1994; 1999; GORDON, 2000; ILARI, 2002 apud SOARES, 2007) têm sido feitas sobre a relação da música com o desenvolvimento infantil. Defendem que cantar e ouvir música, bem como dançar com a criança, não só promovem alegria e satisfação, como também favorece e potencializa o seu desenvolvimento, aqui entendido no seu amplo aspecto, físico, motor, afetivo, social e cognitivo. Com relação aos estudos sobre a relação música e cérebro, Robert Zatorre (2007 apud SOARES, 2007), esclarece que a estimulação sonora envolve complexas funções neuropsicológicas, ativando o cérebro de forma significativa. Considera que, na infância, o cérebro apresenta maior maleabilidade, e os efeitos das aprendizagens são maiores que em qualquer momento posterior da vida. Dentre os estudos sobre a plasticidade cerebral, estão os que se referem ao raciocínio lógico matemático. Crianças pré-escolares, com idade entre 3 e 4 anos, que recebem aulas de piano ampliam sua habilidade espacial e coordenação motora e aumentam as funções cerebrais superiores exigidas pela Matemática e áreas afins (RAUSCHER, 2000 apud SOARES, 2007). Segundo o neuropediatra da USP, Mauro Muszkat (1996 apud SOARES, 2007), os desafios a que uma criança é submetida são responsáveis pela construção das sinapses nervosas, que ativam o cérebro. Essa ativação cortical favorece o 28 raciocínio lógico e a memória, potencializando a aprendizagem cognitiva. Pode-se afirmar que o raciocínio lógico-matemático desenvolvido pela música, como relatam as pesquisas, advém das semelhanças entre as construções “matemáticas” e as composições musicais. Nestas, todas as notas, ritmos, pausas e símbolos musicais são dispostos e encaixados metricamente no texto musical, em uma lógica exata, assim como em uma equação ou fração numérica. Para além da análise da partitura musical, esta regularidade métrica ou matemática do tempo, também chamada de pulsação rítmica, é sentida igualmente no dançar, cantar, tocar ou ouvirmúsica. Dessa forma, quando uma criança bate os pezinhos acompanhando uma marcha de tempo binário, por exemplo, a precisão rítmica é definida por uma fração de dois tempos, em que os pés batem no chão alternadamente ou juntos com proporção de tempo igual. O mesmo acontece nas danças, na métrica do canto e na pulsação do instrumento, ritmo regular que acompanha a música, conforme SOARES, (2007). A maioria das pesquisas e estudos sobre música e desenvolvimento da criança, está voltada para a cognição, por ser considerado o aspecto que melhor sintetiza e viabiliza a aprendizagem intelectual. Com efeito, uma outra área, é a que relaciona a música com a afetividade. Sandra Trehub (2002 apud SOARES, 2007), pesquisadora da Universidade de Toronto, comprovou, que, ao ouvirem uma música mais tranquila e serena, bebês permanecem mais calmos e, em contato auditivo com canções ritmicamente mais aceleradas, tendem a ficar mais alertas. Além de tranquilizar ou de causar agitação, a música pode agir diretamente no corpo físico. Pode baixar a pressão sanguínea, aumentar os batimentos cardíacos, alterar estados de desconforto ou dor, fazer chorar ou rir, provocando reações diversas de modo consciente ou não. Assim, a música evoca, no indivíduo, uma variedade de emoções e sentimentos, muitas vezes desconhecidos ou até contidos, sentimentos diferenciados para cada indivíduo. É bem comum encontrarmos pessoas que, ao ouvirem determinada canção, relembram de momentos do passado, e relatam suas emoções e saudosismos. Outras músicas podem conduzir também a tristezas e sentimentos ruins, trazendo à memória experiências significativas do passado, levando a momentos de profunda reflexão. Com a criança, emoções como essas também podem surgir em contato com música, conforme SOARES, (2007). Com finalidade terapêutica, a eficácia da música tem sido comprovada em hospitais, em tratamentos psicológicos e psiquiátricos, auxiliando nos distúrbios 29 relativos à aprendizagem ou psicoemocionais, de idosos, surdo-mudo, pessoas com problemas associados à dor e ao estresse, melhorando a qualidade de vida das pessoas. No aspecto social, a música também aparece de maneira favorável. Brincar de roda, cantar em grupo, tocar um instrumento e depois ouvir o outro tocar são atividades aparentemente simples que podem levar a criança à percepção dela mesma e à construção do seu “eu”. Ela se percebe como ser existente, mediante a interação com o outro. As relações interpessoais conduzem à percepção e a aceitação do outro, incentivam a ação de colaborar e a participação coletiva, demonstrando notoriamente a socialização pela música, conforme SOARES, (2007). Nas brincadeiras de roda, é comum notar, a princípio, certa resistência da criança em pegar na mão do outro, sobretudo a criança menor, mas logo na repetição da cantiga de roda, a recusa desaparece. “Aceitar” o outro faz parte da brincadeira, bem como entender as regras que a compõe. Respeitar a vez do outro, vivenciar momentos de decepções, lidar com as escolhas, compreendendo as regras da brincadeira musical faz parte do rol de aprendizados sociais, indispensáveis às convivências em sociedade. Por meio da música, a criança pode conseguir a autodisciplina, expressar-se no grupo, sentir-se aceita e interagir por meio de outra linguagem. Isso pode reforçar a sua autoestima, condição valorosa para o bem viver. “Além disso, a música promove vínculos nos relacionamentos. Quando cantam juntas enquanto brincam, as crianças compartilham a alegria da descoberta e a amizade de maneira nova” (BRÉSCIA, 2003, p. 58 apud SOARES, 2007). É inquestionável, então, que a influência positiva da música seja significativa e consistente em todos os aspectos do desenvolvimento e em todos os estágios da vida, mas para bebês, seu impacto pode ser mais marcante, conforme SOARES, (2007). 30 3.2 O Jogo Musical Fonte: escolaeducacao.com.br Segundo Rego, (1932 apud SILVEIRA, 2013) o jogo é por si só uma aprendizagem e as regras favorecem as crianças comportamentos além dos habituais. Nos jogos as crianças se comportam como se a história fosse maior que a realidade, o que contribui de forma intensa e especial para o desenvolvimento do ser humano. O jogo é uma fonte de prazer e descoberta para a criança, sendo, assim, pode influenciar no processo de ensino e aprendizagem; porém tal influência no desenvolvimento das atividades pedagógicas dependerá da aplicação e condução do jogo, que são direcionadas pela concepção que se tem do jogo. Há inúmeras concepções de Jogo, onde diferentes situações recebem esta nomeação como: jogar xadrez, disputar uma partida de futebol ou uma brincadeira de roda, segundo SILVEIRA, (2013). Segundo Cavallari e Zacharias (2011 apud SILVEIRA, 2013) o que caracteriza o jogo é a busca de um vencedor, a evolução regular que o jogo possui de começo meio e fim. O jogo tem final previsto seja por pontos, por tempo, por números de repetições ou por tarefas cumpridas, tendo sempre um ponto alto a ser atingido, como marcar ponto ou cumprir uma tarefa. Por causa disso, o que define o jogo também são as modificações, que podem ser feitas ao interrompê-lo para inserir uma nova regra. Em outros casos, há momentos que o jogo é sinônimo de brincadeira. Kishimoto desenvolveu muitos estudos sobre os jogos infantis e suas respectivas relações com 31 a criança. O jogo e a criança caminham juntos desde o momento em que se “fixa a imagem da criança como um ser que brinca” (1993, p. 11 apud SILVEIRA, 2013). Para autora a brincadeira é o jogo infantil, não existindo diferença significativa em termos estruturais entre essas atividades. Cavallari e Zacharias (2011 apud SILVEIRA, 2013) esclarecem que brincadeira e jogo têm características diferentes. Segundo os autores as brincadeiras nem sempre apresentam evolução natural, pois são mais livres, podem ter regras ou não. As brincadeiras não têm um final pré-determinado, prosseguem enquanto tiver motivação e interesse por partes dos participantes, portanto não têm um ponto alto a ser atingido. Com isso vemos que o brincar é uma ação livre que surge a qualquer hora iniciada e conduzida pela criança, não exige como condição um produto final, é uma livre forma de exercitar a imaginação da criança. Segundo Huizinga, o jogo traz certas características essenciais, tais como: Uma atividade livre, conscientemente tomada como ‘não – séria’ e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras (2007, p. 16 apud SILVEIRA, 2013). Segundo SILVEIRA, (2013), percebemos que os jogos são desportivos, e neste contexto podem ser uma atividade tanto lúdica quanto competitiva. O jogo utilizado como ferramenta metodológica das práticas musicais deste projeto, define-se como uma atividade que contem regras, metas a serem atingidas e modificações a serem introduzidas no decorrer do percurso. O jogo objetiva também a interação e cooperação entre todos os envolvidos, deixando de lado o seu caráter competitivo, ou seja, a disputa e as posições de ganhadores e perdedores. Segundo Kishimoto (1994 apud SILVEIRA, 2013) o que define o jogo educativo é a função lúdica e educativa. Sendo assim o jogo deve propor prazer e diversão, e, por outro lado ter um objetivo pedagógico claro, com equilíbrio entre as duas funções. Se alguma criança apresentar dificuldade em determinado momento, pode-se propor que execute uma parte mais simples para que a mesma seja inserida no fazer musical. O sentimento de comunidade também deve ser estimulado, propondo ao grupo que as crianças com mais facilidade devem cooperar com os colegas(BOURSCHEIDT, 2008 apud SILVEIRA, 2013). 32 Na educação musical os jogos desempenham um papel fundamental, Marsico citado por Madalozzo (2011 apud SILVEIRA, 2013), ressalta que jogo é a essência da infância por isto não deve ficar fora das aulas de música. A autora defende também a introdução de jogos desde muito cedo, isto é, jogos rítmicos, melódicos, com movimentos, gestos e canções. O tema Musicalização a partir de jogos faz referência a abordagem que Madalozzo e Barbosa (2011 apud SILVEIRA, 2013), fazem da educação musical, definindo-a em canções, jogos, danças, exercícios de movimento, improvisação e audição, certas noções básicas de ritmo, melodia, som, tonalidade, leitura musicais apresentadas as crianças por meio de jogos. 3.3 O Papel do Professor de Música Fonte: br.depositphotos.com Segundo IVAN, (2014) os anseios contemporâneos do papel de um educador musical têm em vista que a música praticada não seja a música da execução, da reprodução. Mas que seja música da criação, da expressão de desejos, de vontades, de inteligências, de formas originais de escutar e estar no mundo. Segundo Vygotsky, “Para criar métodos eficientes para a instrução das crianças em idade escolar no conhecimento sistemático, é necessário entender o desenvolvimento dos conceitos científicos na mente da criança”. Torna-se 33 imprescindível, portanto, que educadores tome uma posição diante esta situação. É impossível alcançar os objetivos em sala de aula sem atualizar os métodos de ensino. (1991, p. 71 apud IVAN, 2014) Conforme IVAN, (2014) tomando consciência que os indivíduos possuem diversos potenciais, o professor deve analisar seus métodos de ensino, fazendo uma autocrítica de sua prática docente e, assim, adequar suas aulas às necessidades e formas diferenciadas de compreensão de cada aluno. Também é necessário que seja um mediador que proporcione conhecimento, que seja um sujeito do seu próprio crescimento, que participe de uma forma ativa da transformação da sociedade. Nesse contexto a visão é a de trabalhar a musicalidade dos alunos a partir da musicalidade do próprio educador, para que ele tenha efetivamente condições de promover o trabalho junto ao outro. Segundo IVAN, (2014) quando pensamos em “música na escola”, não limitamos suas ações a seus muros. Concebemos a escola como um espaço geográfico simbólico e que se estende à comunidade. A competência de lidar sem essa limitação técnica ou com essa diversidade é uma competência do educador musical. 4 MÚSICA E NEUROCIÊNCIA Fonte: ibccoaching.com.br 34 Segundo IVAN, (2014) na última década, houve uma grande expansão nos conhecimentos das bases neurobiológicas do processamento da música devido, em parte, às novas tecnologias de neuroimagem. Tais técnicas permitem revelar, em tempo real, como o cérebro processa, dá sentido e emoção à impalpabilidade de sons organizados e silêncios articulados. Conforme IVAN, (2014) o processamento musical envolve uma ampla gama de áreas cerebrais relacionadas à percepção de alturas, timbres, ritmos, à decodificação métrica, melódico-harmônica, à gestualidade implícita e à modulação do sistema de prazer e recompensa que acompanham nossas reações psíquicas e corporais à música. De que maneira o cérebro sincroniza durações, agrupa e cria distinções entre sons e timbres, reconhece consonância e dissonâncias, programa movimentos precisos na execução instrumental e leitura, armazena e evoca melodias familiares e ritmos? Como tais processos modulares integram percepções múltiplas em uma experiência singular, essencialmente emocional que seduz e direciona ao mesmo tempo nossos sentidos, nosso corpo e cognição. Entender o cérebro musical pode elucidar aspectos fundamentais da mente humana, da emergência da consciência a partir da emoção, da percepção implícita à consciência autorreflexiva. Existe uma especialização hemisférica para a música no sentido do predomínio do lado direito para a discriminação da direção das alturas (contorno melódico), do conteúdo emocional da música e dos timbres (nas áreas temporais e frontais) enquanto o ritmo e duração e a métrica, a discriminação da tonalidade se dão predominantemente, no lado esquerdo do cérebro. O hemisfério cerebral esquerdo também analisa os parâmetros de ritmo e altura interagindo diretamente com as áreas da linguagem, que identificam a sintaxe musical, segundo IVAN, (2014). A neurociência usa o termo “funções musicais” para designar “um conjunto de atividades cognitivas e motoras envolvidas no processamento da música. ” (BALLONE, 2010 apud IVAN, 2014). Ainda conforme Ballone (2010 apud IVAN, 2014), o estudo da música favorece conexões entre neurônios relacionados aos processos de memorização, atenção, raciocínio lógico, o cultivo da disciplina no estudo, uma virtude que deveria ser desenvolvida por todos nós, indivíduos integrantes de uma cultura social que não valoriza a contemplação, a paciência e a perseverança. Segundo IVAN, (2014) atualmente algumas pesquisas têm revelado interações entre reações humanas e estímulo musical, procurando compreender, cada vez mais, o comportamento musical neurológico e as reações mentais das pessoas à música e 35 ao som, utilizando-se para isso, de exames de imagens funcionais cerebrais obtidas de aparelhos de ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons. Para (Barbizet e Duizabo, 1985 apud IVAN, 2014), como atividade neuropsicológica, a música requerer múltiplas funções cerebrais, tais como a função auditiva para escutar e apreciar a harmonia, ritmo, timbre, a função visual, para ler uma partitura, a função motora para execução instrumental e, as funções cognitivas e emocionais para a interpretação e representação musical interior. Segundo IVAN, (2014) além de processada no cérebro, a música também afeta seu funcionamento. As alterações fisiológicas com a exposição à música são múltiplas e vão desde a modulação neurovegetativa dos padrões de variabilidade dos ritmos endógenos da frequência cardíaca, dos ritmos respiratórios, dos ritmos elétricos cerebrais, dos ciclos circadianos de sono-vigília, até a produção de vários neurotransmissores ligados à recompensa e ao prazer e ao sistema de neuromodulação da dor. Conforme IVAN, (2014) treinamento musical e exposição prolongada à música considerada prazerosa aumentam a produção de neurotrofinas produzidas em nosso cérebro em situações de desafio, podendo determinar não só aumento da sobrevivência de neurônios, como mudanças de padrões de conectividade na chamada plasticidade cerebral. 4.1 INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO PROCESSO COGNITIVO Fonte: pixabay.com 36 De acordo com TEIXEIRA, (2017) existem atualmente, diversas definições para música. De um modo geral, ela é considerada ciência e arte, podendo ser utilizada para diversos fins, seja para experiências, tratamentos, festas, ou até para relaxar. Bréscia (2003, p. 25 apud TEIXEIRA, 2017), destaca que a música é uma “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e, como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc.”. Sendo assim a música está presente em diversas fases da vida humana, fazendo parte da cultura e do dia a dia de cada um, então além de ser utilizada para o divertimento pode-se pensa-la em sala de aula, pois segundo Soares e Rubio (2012 apud TEIXEIRA, 2017), a música Pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança, pois, já que estão todos correlacionados; áreas indissociáveis formam um único ser provido de necessidades, seja social, seja afetiva. (Soares; Rubio 2012, p.1 apud TEIXEIRA, 2017). Logo percebe-se que a música, além de ser usada para diversão e entretenimento, pode ser utilizada como instrumentopedagógico atuando na formação cognitiva, linguística e social da criança, pois a música, segundo Silva (2012, p.36 apud TEIXEIRA, 2017), é uma ferramenta fundamental “para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento pela criança, porque a música além de atrair a criança, serve de motivação, deixa-a mais atenta àquilo que o professor pretende com ela [...].” Portanto a educação pela música direciona-se Não para a música em si mas para o desenvolvimento da criança, nomeadamente no que se refere aos fatores de personalidade (atenção, memória, emoções, sentimentos, socialização, etc.), tornando possível o desenvolvimento do gosto pela música, da sensibilidade e do “belo”. A educação pela música permite a constituição de jogos musicais expressivos, criativos como uma técnica educacional que processa o desenvolvimento destas capacidades. (SILVA, 2012, p.31 apud TEIXEIRA, 2017). Sendo assim, a proposta não é ensinar a tocar instrumentos ou a compor músicas, mas como utilizá-las para auxiliar o processo de aprendizagem em sala de aula, utilizando de jogos, paródias, dentre outros, aguçando assim a curiosidade e gosto das crianças pela música. Contudo, não vemos a música sendo utilizada para esses fins sendo por falta de conhecimento sobre como utilizá-la ou por desconhecimento dos benefícios que ela tem a oferecer. Neste sentido Soares e Rubio afirmam que: 37 A música é pouco usada para esta finalidade, sendo abordada mais como elemento recreativo, festivos (como danças nas festas de datas comemorativas), e relaxantes, do que com finalidade realmente pedagógica. Nesse sentido, é fundamental que se destaque a importância da música como fonte de estímulos, equilíbrio, bem-estar, relaxamento, aprendizagem e felicidade para a criança. A ação musical deve induzir comportamentos motores e gestuais, que direcionados às atividades lúdicas de alfabetização, escrita, leitura, e que facilitem a compreensão e associação dos códigos e signos linguísticos, gerando uma construção do saber. (SOARES; RUBIO 2012, p.2 apud TEIXEIRA, 2017). Assim, a música serviria como complemento à educação e não somente como elemento recreativo e festivo, auxiliando na coordenação motora, no bem-estar da criança, além de auxiliar no processo cognitivo, pois de acordo com Mauro Muszkat (2012 apud TEIXEIRA, 2017), Viviane Cristina da Rocha e Paulo Sérgio Boggio (2013 apud TEIXEIRA, 2017), a música influencia o processo cognitivo do ser humano, trazendo benefícios relacionados ao sistema neurológico. Muszkat (2012 apud TEIXEIRA, 2017) afirma que a educação musical favorece a ativação dos neurônios espelho, que são um grupo de células que parecem estar relacionadas com os comportamentos empáticos, sociais e os imitativos. Sua missão é refletir a atividade que nós estamos observando. Tais neurônios são essenciais para a cognição social humana, que é formada por um conjunto de processos cognitivos e emocionais responsáveis pelas funções de empatia, ressonância afetiva e compreensão de ambiguidades na linguagem verbal e não verbal. De acordo com este autor, a música tem potencial para reorganizar e redimensionar o cérebro. Hoje sabemos que um neurônio compete com outro pelo próprio mundo, pela experiência, pela novidade. Essa visão é a que chamamos “neografinismo neuronal”, em busca da experiência. Sabemos que a música ajuda nessa reorganização, aumenta a competência de várias áreas do cérebro emocional, do cérebro motor e do cérebro sensorial de uma maneira ímpar. Esse é um espaço muito importante para discutirmos, para falarmos da “música na escola”, pois isso quer dizer “cérebro em formação”. O cérebro da criança está em formação. As redes múltiplas que estão se criando, estão aumentando suas conexões, estão em busca de novos caminhos e podem levar a conexões que tornam uma criança mais fluida, competente, criativa para lidar com os desafios da vida. (MUSZKAT, 2012. p.73 apud TEIXEIRA, 2017). Além das alterações que a música pode causar no cérebro e neurônios, outro ponto a ser ressaltado é a interferência da mesma nos processos fisiológicos do corpo humano, como podemos verificar abaixo: As alterações fisiológicas com a exposição à música são múltiplas e vão desde a modulação neurovegetativa dos padrões de variabilidade dos ritmos endógenos da frequência cardíaca, dos ritmos respiratórios, dos ritmos 38 elétricos cerebrais, dos ciclos circadianos de sono-vigília, até a produção de vários neurotransmissores ligados à recompensa e ao prazer e ao sistema de neuromodulação da dor. (MUSZKAT, 2012 apud TEIXEIRA, 2017). O treinamento musical, segundo Muszkat (apud TEIXEIRA, 2017) e a exposição prolongada ao estilo musical considerado prazeroso acarretam um aumento na produção de neurotrofinas que são produzidas no cérebro em situações de desafio, podendo prolongar a sobrevivência de neurônios como também favorecer mudanças de padrões de conectividade na chamada plasticidade cerebral. De acordo com Weigsding e Barbosa a música Mais do que qualquer outra arte, tem uma representação neuropsicológica extensa, com acesso direto à afetividade, controle de impulsos, emoções e motivação. Ela pode estimular a memória não verbal por meio das áreas associativas secundárias as quais permitem acesso direto ao sistema de percepções integradas ligadas às áreas associativas de confluência cerebral que unificam as várias sensações. Exemplo pode ser dado referindo-se à sensação gustativa, olfatória, visual e proprioceptiva as quais dependem da integração de várias impressões sensoriais num mesmo instante, como a lembrança de um cheiro ou de imagens após ouvir determinado som ou determinada música. O conjunto dessas atividades motoras e cognitivas envolvidas no processamento da música é chamado de função cerebral. (WEIGSDING; BARBOSA. 2014. p.48 apud TEIXEIRA, 2017). Segundo os autores supracitados, a música é considerada uma arte que utiliza da linguagem para a comunicação e expressão, apresenta variações de ritmos, timbres, contornos melódicos e andamentos. Esses primeiros contatos com diversos tipos de sons, com timbres e alturas distintos são fundamentais para que os bebês construam um repertório sonoro básico para seu desenvolvimento linguístico, conforme TEIXEIRA, (2017). A música tem grande importância na vida das crianças desde muito cedo, pois, de acordo com Weigsding e Barbosa (2014 apud TEIXEIRA, 2017), além de desenvolver capacidades que serão importantes durante o crescimento infantil contribuindo para o desenvolvimento neurológico, afetivo e motor, também provoca diferentes sensações. Para isso, as crianças devem ser estimuladas com variadas experiências musicais a fim de que percebam as diferenças entre os estilos, letras, velocidade e ritmos, o que consequentemente melhora a atenção e facilita a memorização e a discriminação auditiva. Os elementos e aspectos da música correspondem a um aspecto humano específico: o ritmo estimula o movimento corporal, a melodia induz a afetividade e a 39 ordem estrutural da música (harmonia) contribui para a reestruturação da ordem mental humana (WILHEMS apud GAINZA 1988, p. 36 apud TEIXEIRA, 2017). Com relação à influência da música na formação cerebral da criança, Muszkat (2012 apud TEIXEIRA, 2017) afirma que a exposição precoce à música, além de ser um método facilitador para o surgimento de talentos ocultos, contribui para a construção de um cérebro biologicamente mais conectado, fluido, emocionalmente competente e criativo. Para o autor, crianças que são expostas a ambientes sensorialmente enriquecedores apresentam respostas fisiológicas mais amplas, maior atividade das áreas associativas cerebrais, maior grau de formação de novos neurônios em área importante para a memória como o hipocampo e diminuição da perda neuronal. No que tange à memória, Santos e Parra (2015
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