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COMPLEXO EDUCACIONAL - FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS MEDICINA VETERINÁRIA ANA CAROLINA SOARES DA SILVA BEATRIZ MARTINS BUENO CRISLAINE SALVINO ALMEIDA MATHEUS DE AMORIM FERNANDES NICOLE GARBIN ANTUNES MEDRADO GUIA PARA DONOS DE PRIMEIRA VIAGEM SÃO PAULO 2019 ANA CAROLINA SOARES DA SILVA BEATRIZ MARTINS BUENO CRISLAINE SALVINO ALMEIDA MATHEUS DE AMORIM FERNANDES NICOLE GARBIN ANTUNES MEDRADO Trabalho apresentado à disciplina Programa de Integração Saúde Comunidade Prof. Paula Tavolaro SÃO PAULO 2019 SUMÁRIO 1. Introdução ........................................................................................................ 4 2. Diagnóstico situacional ..................................................................................... 6 3. Objetivos .......................................................................................................... 8 4. Metodologia ...................................................................................................... 9 5. Conclusão .................................................................................................... 111 6. Referências bibliográficas ............................................................................ 123 4 1. Introdução Este projeto teve como temática a abordagem da raiva, uma doença grave que pode acometer animais e seres humanos, ou seja, uma zoonose. A raiva é causada pelo vírus Lyssavirus, transmitida através da mordedura, arranhadura ou lambedura de animais com vírus na saliva e também pelo consumo de carcaças infectadas. Em humanos a transmissão pode ocorrer por meio de feridas e pelo contato com salivas e órgãos de animais infectados. As fontes de infecção são divididas em quatro ciclos, ciclo urbano, ciclo rural, ciclo silvestre e ciclo aéreo (Figura 1). O ciclo urbano é representado principalmente por cães e gatos, podendo transmitir para animais de zonal rural e ciclo silvestre. Ciclo rural é representado por animais de produção, como, equinos, bovinos, suínos e caprinos. No ciclo silvestre a transmissão ocorre entre animais, como raposas, guaxinins, macacos (saguis e macaco prego). No ciclo aéreo os morcegos hematófagos são os principais transmissores da raiva aos herbívoros, pois esses últimos são suas fontes de alimento mais comum. Figura 1- Ciclo epidemiológico da raiva no Brasil Fonte 1: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural Os sinais clínicos do animal infectado pelo vírus da raiva são semelhantes aos dos seres humanos, sendo que neste último os sinais de hidrofobia são mais presentes do que nos animais. Os sintomas podem incluir mudanças de comportamentos extremos, como por exemplo, o animal se torna agressivo, irritadiço ou pode ficar mais quieto, evitar humanos, e assim, se esconder embaixo de móveis. Por conta da 5 fotofobia (sensibilidade ou aversão a qualquer tipo de luz), aerofobia, (condição que causa medo de estar ao ar livre ou exposto a corrente de ar) e intolerância ao barulho, eles permanecem em locais isolados e pouco iluminados. Costumam morder qualquer coisa em movimento, animais ou humanos e objetos inanimados, apresentam salivação excessiva com dificuldade de deglutição, além de hidrofobia (aversão a líquidos), por conta de espasmos e paralisia do músculo da faringe. Também apresentam ataques convulsivos e falta de coordenação motora, que pode progredir para uma paralisia muscular, fazendo com que o animal entre em coma e venha a óbito. A morte acontece por falência respiratória, devido a paralisia dos músculos respiratórios. O tratamento contra a doença dos animais não é recomendado, por ser uma zoonose de risco elevado aos seres humanos, acaba sendo indicada a eutanásia dos animais. Nos humanos, o tratamento dos infectados é feito por meio da lavagem do local da mordedura com muita água e sabão, e em seguida é recomendada a aplicação de uma vacina antirrábica potente e segura. Em consequência ao alto número de casos de raiva humana transmitidos por cães nos anos 1950 e 1960 no Brasil, municípios e estados elaboraram regulamentações para o controle dessa doença zoonótica. Em São Paulo, foi criada uma lei que continha medidas de controle dos fatores determinantes da saúde individual e coletiva. Algumas dessas medidas são: vacinação animal, captura e controle de animais portadores da raiva e bloqueio de focos em áreas com circulação do vírus. A campanha de vacinação contra a raiva no município de São Paulo ocorre no mês de agosto e setembro e é direcionada para cães e gatos anualmente (Figura 2). Figura 2: Campanha de vacinação Fonte 2: Jornal Zona Sul 6 2. Diagnóstico situacional Escolhemos fazer a observação no bairro de um dos integrantes (Bairro Cupecê), mais precisamente na Rua Horácio Alves Da Costa e na Avenida Marari. Os respectivos locais possuem uma grande quantidade de casas, nas quais se tem tanto cães quanto gatos como animais de estimação, sendo que a maioria é jovem. Além disso, foi observada uma alta densidade populacional de animais de rua. Essas condições possuem uma grande influência na vida das pessoas que residem ali, pois muitas delas desconhecem os riscos que essa grande quantidade de animais abandonados pode trazer e talvez não tenham conhecimento dos cuidados tanto para com seus próprios animais quanto dos que são de rua. Tudo isso interfere nas condições biopsicossocial (estilo de vida, condições de vida e ambiental). Sendo assim, elaboramos o questionário, composto por treze questões que abordavam a raiva, cujo foi o tema inicialmente proposto por nós, objetivando conscientizar as pessoas sobre a importância de se vacinar seus animais contra essa doença. Nós nos dividimos em duplas e, de casa em casa, abordamos os moradores perguntando sobre o tema em questão. No total, foram realizados vinte e seis questionários nos quais foram coletadas informações importantes para que pudéssemos elaborar e realizar a nossa intervenção. Através do questionário e da observação realizada, pudemos verificar alguns problemas, nos quais a raiva não era o foco em si e sim um dos fatores que se somavam à problematização, pois com as respostas obtidas foi possível observar que o principal problema desta comunidade se baseava na falta de informação sobre os cuidados tanto com os seus animais de estimação quanto para com os animais de rua. Ademais, quando os tutores vão ao veterinário com seus animais, eles não são informados sobre a importância da vacinação, castração (que consequentemente é importante para o controle dos animais de rua), quais as possibilidades de alimentação, entre outras informações importantes. A falta dessas informações pode resultar em alguns problemas, como por exemplo, o risco de transmissão de doenças, e isso prejudica população como um todo, interferindo na sua saúde e bem-estar. 7 1- Você tem, já teve ou pretende ter cães ou gatos? ( ) SIM ( ) NÃO 2- Quantos animais? Resposta: 3- São cães ou gatos? Resposta: 4- Qual a idade? Resposta: 5- Você costuma vacinar seus animais? ( ) SIM ( ) NÃO 6- Em qual local? Resposta: 7- Caso não vacine, por que não vacina? Resposta: 8- Nos últimos 12 meses, estes animais foram a pelo menos uma consulta com um veterinário? ( ) SIM ( ) NÃO 9- Você sabe ou já ouviu falar sobre a raiva? ( ) SIM ( ) NÃO 10- O que você faria se fosse mordido por um cão/gato? ( ) Nada ( ) Lavaria o local ( ) Procuraria ajuda médica11- O que você faria com animal que te mordeu? ( ) Nada ( ) Abandonaria ( ) Procuraria ajuda veterinária 12- Você conhece/ouviu falar na campanha de vacinação contra raiva gratuita? ( ) SIM ( )NÃO 13- O que você pensa em respeito a estas campanhas? Resposta: 8 3. Objetivos O objetivo desse projeto é conscientizar as pessoas a respeito da raiva, por meio de uma proposta de intervenção que consiste na distribuição de “folders”, contendo informações importantes para aqueles que não possuem muito conhecimento sobre o assunto. Nosso grupo é composto por 6 pessoas e juntos decidimos visitar algumas ruas do bairro escolhido, a fim de coletar informações para o prosseguimento do trabalho. Durante três dias fizemos a observação e o uso do questionário visando embasar nossa pesquisa. Através do questionário, pudemos mensurar quantas pessoas estavam cientes a respeito da raiva, e dessa forma, estabelecemos o que poderia ser feito naquela comunidade. Por meio dos resultados obtidos, percebemos que o foco do trabalho seria outro, um pouco mais abrangente do que somente a raiva. Sendo assim, o direcionamento mudou para “cuidados gerais dos animais”, frisando principalmente a importância da vacinação. Por meio da entrega do folder feita pessoalmente, juntamente de um diálogo com o morador, a fim de sanar suas dúvidas, acreditamos que a conscientização pode ser bem-sucedida. Alguns desafios estarão presentes, como por exemplo, o fato de o morador não querer receber o panfleto, dialogar conosco ou refletir sobre o assunto. Porém, isso é uma variante e não é comprovado que todos reagirão de tal forma, esperamos despertar nos “leitores” a curiosidade e a busca por informações sobre o assunto abordado no panfleto/folder. Acreditamos que o panfleto tenha grande relevância, devido a chance de atingir um maior número de pessoas, já que ao abordar um morador de uma determinada residência, possivelmente ela compartilhará as informações com os demais moradores. As informações são claras e objetivas, e estão distribuídas pelo panfleto de forma interativa, com o intuito de despertar o interesse do leitor. 9 Figura 3- Proposta de intervenção – Guia para donos de primeira viagem 4. Metodologia A intervenção foi realizada através do diálogo com os moradores da comunidade juntamente com a entrega do panfleto (guia) explicativo para donos de primeira viagem (especificamente para tutores de cães), contendo informações necessárias (Figura 3), que de rotina o Médico Veterinário deveria informar na primeira consulta aos tutores dos animais, porém, muitas vezes é passado em branco e ele acaba não orientando os mesmos de maneira devida. As informações contidas nele são orientações básicas de quando deve ocorrer a primeira vermifugação e também ao longo da vida dos animais, medicamentos antipulgas e contra carrapatos, quando dar banho e passear com seus animais pela primeira vez, ter contato com outros animais, em que momento castra-los, quais as vacinas obrigatórias, a idade em que se deve tomá-las e com que frequência, dicas sobre alimentações tanto naturais como as rações industriais, e por fim, o que uma pessoa deve fazer caso for mordido por um cão. Então, na aplicação da realidade, foram entregues 35 destes panfletos em duas ruas, sendo uma na Rua Horácio Alves da Costa e a outra na Avenida Marari, acompanhado de um questionário avaliativo sobre o quão o panfleto foi satisfatório para as pessoas, e se pode passar com clareza os dados apresentados nele. Sendo utilizado este: 10 Através das respostas foi possível ter um feedback que dos 35 entregues, 28 pessoas informaram que as informações presentes são satisfatórias e as outras 3 demonstraram sentir falta de algumas explicações, como a prática de exercícios, zoonose transmitidas pelo cão (além da raiva) e o bem-estar deles de maneira geral. As 4 pessoas restantes não quiseram avaliar. O intuito, portanto, era promover informações básicas, mas necessárias sobre o seu cão para assim garantir uma melhor saúde e bem-estar tanto dos animais, como da comunidade. 11 5. Conclusão Ao decorrer da realização do trabalho da disciplina de Programa de Introdução a Saúde e Comunidade foram possíveis observar diversos fatores na comunidade escolhida que nos ajudaram a desempenhar uma intervenção adequada na região. Inicialmente o tema do projeto era sobre a “Raiva e sua conscientização para a população local”, contudo foi observado que não existia de fato um problema sobre a educação da comunidade sobre a doença, mas sim, de cuidados voltados exclusivamente aos cães, já que a grande maioria dos moradores possuía ou pretendia adotar cães. Em grande parte dos casos havia dúvidas entorno dos cuidados necessários com os cães que, por muitas das vezes, não são explicadas quando os tutores levam seus animais em uma consulta com o médico veterinário. A partir daí foram elaborados panfletos específicos sobre os cuidados com os cães, em especial, para donos de primeira viagem que apresentavam muitas dúvidas sobre o tema, porém, este era um guia de fácil entendimento e linguagem adequada para que atendesse a todos os tutores de cães. Entretanto, alguns desafios foram encontrados ao longo da realização do trabalho, especialmente nos momentos no qual eram realizadas as abordagens dos moradores, desde a coleta das informações através do questionário, até o momento da aplicação da realidade. Alguns moradores foram adversos a nos atenderem em seus lares e outros recusaram responder o questionário avaliativo do panfleto, contudo, muitos foram favoráveis e nos informaram sobre sua opinião quanto ao conteúdo do guia como também sobre informações que gostariam que tivéssemos apresentado, como a questão da prática de exercícios diários que os cães necessitam, algumas pessoas falaram que gostariam de saber sobre as principais doenças que acometem seus animais e também sobre o bem estar destes que é um assunto que vem crescendo cada dia mais. Porém, como em toda intervenção, existem alguns pontos que poderiam ser abordados para que fosse possível obter um melhor desempenho do projeto. Um exemplo disso seria uma divulgação mais eficiente dos panfletos, na qual poderíamos ter informado um maior número de pessoas, assim melhorando ainda mais a intervenção. Outra possibilidade seria procurar uma clínica veterinária próxima ou dentro da comunidade, onde disponibilizaríamos o panfleto para as pessoas com a finalidade de informar e conscientizá-las sobre o tema em questão. Outra forma de intervenção seria procurar estas mesmas clínicas veterinárias e propor oferecer descontos na vacinação de cães da comunidade, em especial os animais nos primeiros meses de vida e, consequentemente, atenderia um maior número de animais tornando-se assim, mais eficiente. Após a intervenção, ficou claro que este panfleto se faz muito necessário em consultórios veterinários como alternativa para os médicos veterinários transmitirem informações a esses novos tutores. Diversas pessoas relataram que não sabiam sobre algumas informações contidas nos panfletos e que essas ajudariam nos cuidados caso pretendessem adotar novos cães ou também auxiliaria no manejo dos animais que já possuíam. 12 Desse modo, entendemos ser possível intervir de uma forma eficaz na comunidade escolhida, com a conscientização sobre o tema inicial, a raiva, e também sobre outros temas, gerando mais informações e melhorando um dos problemas dessa comunidade. 13 6. Referências bibliográficas Figura 1: https://www.agricultura.rs.gov.br/fepagro-promove-ciclo-de-palestras-sobre- raiva Figura2: https://jornalzonasul.com.br/vacinacao-antirrabica/ YOSHITO, M; ROCHA, S; ELKHOURY, A. Situação da Raiva no Brasil, 2000 a 2009. Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 49742011000400010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pthttp://scielo.iec.gov.br/scielo.php?scri pt=sci_arttext&pid=S1679-49742011000400010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt MEGID, J; RIBEIRO GARCIA, M; PAES CARLOS, A. Doenças Infecciosas: em Animais de Produção e Companhia. Rio de Janeiro: EDITORA ROCA, 2016. MORATO, F.; IKUTA, C. Y.; ITO, F. H. Raiva: uma doença antiga, mas ainda atual. Parte 1. / Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 9, n. 3 (2011), p. 20–29, 2011. https://www.agricultura.rs.gov.br/fepagro-promove-ciclo-de-palestras-sobre-raiva https://www.agricultura.rs.gov.br/fepagro-promove-ciclo-de-palestras-sobre-raiva
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