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Introdução Este projeto teve como temática a abordagem da raiva, uma doença grave que pode acometer animais e seres humanos, ou seja, uma zoonose. A raiva é causada pelo vírus Lyssavirus, transmitida através da mordedura, arranhadura ou lambedura de animais com vírus na saliva e também pelo consumo de carcaças infectadas. Em humanos a transmissão pode ocorrer por meio de feridas e pelo contato com salivas e órgãos de animais infectados. As fontes de infecção são divididas em quatro ciclos, ciclo urbano, ciclo rural, ciclo silvestre e ciclo aéreo (Figura 1). O ciclo urbano é representado principalmente por cães e gatos, podendo transmitir para animais de zonal rural e ciclo silvestre. Ciclo rural é representado por animais de produção, como, equinos, bovinos, suínos e caprinos. No ciclo silvestre a transmissão ocorre entre animais, como raposas, guaxinins, macacos (saguis e macaco prego). No ciclo aéreo os morcegos hematófagos são os principais transmissores da raiva aos herbívoros, pois esses últimos são suas fontes de alimento mais comum. Figura 1- Ciclo epidemiológico da raiva no Brasil Fonte 1: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural Os sinais clínicos do animal infectado pelo vírus da raiva são semelhantes aos dos seres humanos, sendo que neste último os sinais de hidrofobia são mais presentes do que nos animais. Os sintomas podem incluir mudanças de comportamentos extremos, como por exemplo, o animal se torna agressivo, irritadiço ou pode ficar mais quieto, evitar humanos, e assim, se esconder embaixo de móveis. Por conta da fotofobia (sensibilidade ou aversão a qualquer tipo de luz), aerofobia, (condição que causa medo de estar ao ar livre ou exposto a corrente de ar) e intolerância ao barulho, eles permanecem em locais isolados e pouco iluminados. Costumam morder qualquer coisa em movimento, animais ou humanos e objetos inanimados, apresentam salivação excessiva com dificuldade de deglutição, além de hidrofobia (aversão a líquidos), por conta de espasmos e paralisia do músculo da faringe. Também apresentam ataques convulsivos e falta de coordenação motora, que pode progredir para uma paralisia muscular, fazendo com que o animal entre em coma e venha a óbito. A morte acontece por falência respiratória, devido a paralisia dos músculos respiratórios. O tratamento contra a doença dos animais não é recomendado, por ser uma zoonose de risco elevado aos seres humanos, acaba sendo indicado a eutanásia dos animais. Nos humanos, o tratamento dos infectados é feito por meio da lavagem do local da mordedura com muita água e sabão, e em seguida é recomendada a aplicação de uma vacina antirrábica potente e segura. Em consequência ao alto número de casos de raiva humana transmitidos por cães nos anos 1950 e 1960 no Brasil, municípios e estados elaboraram regulamentações para o controle dessa doença zoonótica. Em São Paulo, foi criada uma lei que continha medidas de controle dos fatores determinantes da saúde individual e coletiva. Algumas dessas medidas são: vacinação animal, captura e controle de animais portadores da raiva e bloqueio de focos em áreas com circulação do vírus. A campanha de vacinação contra a raiva no município de São Paulo ocorre no mês de agosto e setembro e é direcionada para cães e gatos anualmente (Figura 2). Figura 2: Campanha de vacinação Fonte 2: Jornal Zona Sul Diagnóstico situacional Nosso grupo escolheu fazer a observação no bairro de um dos integrantes, mais precisamente na Rua Horácio Alves Da Costa e na Avenida Marari. Os respectivos locais possuem uma grande quantidade de casas, nas quais se tem tanto cães quanto gatos como animais de estimação, sendo que a maioria deles são jovens. Além disso, foi observado uma alta densidade populacional de animais de rua. Essas condições possuem uma grande influência na vida das pessoas que residem ali, pois muitas delas desconhecem os riscos que essa grande quantidade de animais abandonados podem trazer e talvez não tenham conhecimento dos cuidados tanto para com seus próprios animais quanto dos que são de rua. Tudo isso interfere nas condições biopsicossocial (estilo de vida, condições de vida e ambiental). Sendo assim, elaboramos um questionário composto por quinze questões que abordavam a raiva, cujo foi o tema inicialmente proposto por nós, objetivando conscientizar as pessoas sobre a importância de se vacinar seus animais contra essa doença. Nesse questionário, usamos perguntas do tipo: • Você tem/ já teve ou pretende ter um animal? • Você conhece a doença? • Você vacina seu animal? • O que você faria se caso fosse mordido por um animal? Nos dividimos em duplas e, de casa em casa, abordamos os moradores perguntando sobre o tema em questão. No total, foram realizados vinte e seis questionários nos quais foram coletadas informações importantes para que pudéssemos elaborar e realizar a nossa intervenção. Através do questionário e da observação realizada, pudemos verificar alguns problemas, nos quais a raiva não era o foco em si e sim um dos fatores que se somavam à problematização, pois com as respostas obtidas foi possível observar que o principal problema desta comunidade se baseava na falta de informação sobre os cuidados tanto com os seus animais de estimação quanto para com os animais de rua. Ademais, quando os tutores vão ao veterinário com seus animais eles não são informados sobre a importância da vacinação, castração (que consequentemente é importante para o controle dos animais de rua), quais as possibilidades de alimentação, entre outras informações importantes. A falta dessas informações pode resultar em alguns problemas, como por exemplo o risco de transmissão de doenças, e isso prejudica população como um todo, interferindo na sua saúde e bem-estar. Objetivos Específicos: o objetivo desse projeto é conscientizar as pessoas a respeito da raiva, por meio de uma proposta de intervenção que consiste na distribuição de “folders”, contendo informações importantes para aqueles que não possuem muito conhecimento sobre o assunto. Nosso grupo é composto por 6 pessoas e juntos decidimos visitar algumas ruas do bairro escolhido, a fim de coletar informações para o prosseguimento do trabalho. Durante três dias fizemos a observação e o uso do questionário visando embasar nossa pesquisa. Mensuráveis: através do questionário, pudemos mensurar quantas pessoas estavam cientes a respeito da raiva, e dessa forma, estabelecemos o que poderia ser feito naquela comunidade. Através dos resultados obtidos, percebemos que o foco do nosso trabalho seria outro, um pouco mais abrangente do que somente a raiva. Sendo assim, o direcionamento mudou para “cuidados gerais dos animais”, frisando principalmente a importância da vacinação. Atingíveis: Por meio da entrega do folder feita pessoalmente, juntamente de um diálogo com o morador, a fim de sanar suas dúvidas, acreditamos que a conscientização pode ser bem-sucedida. Alguns desafios estarão presentes, como por exemplo, o fato de o morador não querer receber o panfleto, dialogar conosco ou refletir sobre o assunto. Porém, isso é uma variante e não é comprovado que todos reagirão de tal forma, esperamos despertar nos “leitores” a curiosidade e a busca por informações sobre o assunto abordado no panfleto/folder. Relevantes: Acreditamos que o panfleto tenha grande relevância, devido a chance de atingir um maior número de pessoas, já que ao abordar um morador de uma determinada residência, possivelmente ela compartilhará as informações com os demais moradores. As informações são claras e objetivas, e estão distribuídas pelo panfleto de forma interativa, com o intuito de despertar o interesse do leitor Tempo definido: Em 3 dias de observação(19/03, 26/03 e 02/04), nós atingimos a meta de coletar as informações necessárias para a problematização do projeto. Nos próximos 3 dias (07/05, 14/05 e 21/05) será feita a aplicação da realidade, em outras palavras, a prática das nossas propostas, com o objetivo de alcançar nossa meta principal, já citada anteriormente. Cronograma 12/02: ao final da aula, foi proposto que o nosso grupo pensasse em um tema para um projeto de intervenção em alguma comunidade. Depois de muita conversa, escolhemos falar a respeito da raiva. Então, a partir desta aula e das duas demais, seguimos amadurecendo a ideia, na qual pensamos em montar um questionário para que com base nas informações obtidas pudéssemos criar um projeto de intervenção. 19/03: o grupo escolheu o local onde seria realizado o trabalho, cujo qual é bairro de um dos nossos integrantes (Rua Horácio Alves Da Costa e Avenida Marari), onde observamos a região e os principais aspectos correlacionados a saúde, como por exemplo a alta densidade de animais de rua no local. Também realizamos as perguntas do questionário no período da manhã, assim obtivemos 10 pessoas entrevistadas, um número razoavelmente baixo, visto que muitas das vezes as pessoas não estavam dispostas a responder a pesquisa. 26/03: fizemos a observação novamente, dessa vez no período da tarde, e conseguimos 8 questionários. 02/04: obtivemos mais 8 questionários completos, no período da manhã e no período da tarde o grupo reuniu todas as informações dos materiais coletados nestes três dias de observação, que resultou na elaboração de dois gráficos: 0 5 10 15 20 25 30 Tem/Teve animais Sabiam o que era a raiva Vacinam nas campanhas Leva periodicamente a consulta Respostas obtidas através do questionário Sim Não 09/04: fomos orientados para que já começássemos a pensar sobre a intervenção que poderíamos realizar, porém foram analisados os dados e os problemas observados. A partir disso, a professora sugeriu para que pensássemos em um projeto no qual pudéssemos instruir os tutores sobre os principais aspectos relacionados ao seu animal, como vacinação, alimentação, vermifugação, entre outros. Sendo assim, compreendemos que a raiva é um tema restrito, do qual muitas pessoas não se interessam em saber, pois não é algo que ocorre com tanta frequência. 16/04 e 23/04: foi elaborado o projeto de intervenção, que resultou em uma cartilha de informações sobre os cuidados com o seu cão, no qual aborda questões sobre a importância e o período de vacinação, as possibilidades de fornecimento de uma boa alimentação, vermifugação, controle de ectoparasitas, cuidados com os filhotes, castração, que visa diminuir a população destes animais de rua e das doenças, e por fim o que se fazer caso seja mordido por um animal. 14% 86% Respostas da vacinação Sim Não Referências bibliográficas: Figura 1: https://www.agricultura.rs.gov.br/fepagro-promove-ciclo-de-palestras- sobre-raiva Figura 2: https://jornalzonasul.com.br/vacinacao-antirrabica/ YOSHITO, M; ROCHA, S; ELKHOURY, A. Situação da Raiva no Brasil, 2000 a 2009. Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 49742011000400010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pthttp://scielo.iec.gov.br/scielo.php ?script=sci_arttext&pid=S1679-49742011000400010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt MEGID, J; RIBEIRO GARCIA, M; PAES CARLOS, A. Doenças Infecciosas: em Animais de Produção e Companhia. Rio de Janeiro: EDITORA ROCA, 2016. MORATO, F.; IKUTA, C. Y.; ITO, F. H. Raiva: uma doença antiga, mas ainda atual. Parte 1. / Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 9, n. 3 (2011), p. 20–29, 2011.
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