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Universidade Federal do Maranhão – UFMA História Contemporânea / 3° Semestre de 2021.1 Prof. Wagner Cabral SÃO LUÍS, 09 DE SETEMBRO de 2021 FICHAMENTO TEXTUAL: CAPÍTULO 25 - REVOLUÇÃO PERMANENTE DE ERNST GOMBRICH GRADUAND@: YASMIN DE JESUS ARAUJO DOS SANTOS "Aquilo que chamei de a ruptura na tradição, a qual marca o período da Grande Revolução na França, iria mudar toda a situação em que os artistas viviam e trabalhavam. Academias e exposições, críticos e entendidos, tinham-se empenhado ao máximo para introduzir uma distinção entre Arte com A maiúsculo e o mero exercício de um ofício, fosse ele o de pintor ou de construtor. Agora, os alicerces em que a arte assentara durante toda a sua existência estavam sendo abalados de outro lado. A Revolução Industrial começou a destruir as próprias tradições do sólido artesanato; o trabalho manual cedia lugar à produção mecânica, a oficina à fábrica." (Pág.1) "Mas essa época de ilimitada atividade de construção não possuía um estilo natural próprio. O empirismo e os livros de modelos, que haviam servido tão admiravelmente até ao período georgiano, foram geralmente descartados como excessivamente simples e "inartísticos". O homem de negócios ou a comissão de planejamento urbano que projetavam a construção de uma fábrica, estação ferroviária, escola ou museu, queriam Arte pelo dinheiro investido." (pág.1) "Na pintura ou escultura, as convenções do "estilo" desempenham um papel menos preponderante e, por conseguinte, seria lícito pensar que a ruptura na tradição afetou menos essas artes; mas não foi esse o caso. A vida de um artista nunca fora isenta de dificuldades e angústias, mas uma coisa pode ser dita a favor dos "bons tempos antigos": nenhum artista necessitava perguntar-se por que viera a este mundo. Em alguns aspectos, seu trabalho estava tão bem definido quanto o de qualquer outra vocação. Havia sempre retábulos a fazer, retratos a pintar; as pessoas queriam comprar quadros para seus salões, ou encomendavam murais para suas residências de verão e seus palacetes. O artista podia trabalhar em todas essas linhas de acordo com normas mais ou menos estabelecidas de antemão" (pág.2) "A ruptura na tradição abrira-lhes um campo ilimitado de opções. Incumbia ao artista plástico decidir se queria pintar paisagens ou cenas dramáticas do passado, se preferia temas inspirados em Milton ou nos clássicos, se adotava a maneira comedida da ressurreição clássica de David ou a maneira fantástica dos mestres românticos. Mas, quanto mais ampla se tornava a gama de opções, menos provável era que o gosto do artista coincidisse com o do público. Aqueles que compram quadros têm usualmente uma certa idéia em mente. Querem adquirir algo muito semelhante ao que viram alhures. No passado, essa demanda era facilmente satisfeita pelos artistas porque, embora suas obras diferissem muito no método artístico intrínseco, todas as obras de um determinado período se assemelhavam mutuamente em vários aspectos. Agora que essa unidade de tradição tinha desaparecido, as relações do artista com o seu cliente tornavam- se freqüentemente difíceis. O gosto de cliente estava fixado numa direção; o artista não se sentia obrigado a satisfazer tais imposições. " (pág.2) "O artista que vendia sua alma e se mostrava complacente com o gosto daqueles que careciam de educação estética estava perdido. O mesmo acontecia ao artista que dramatizava a sua situação, que se considerava um gênio pelo simples fato de não encontrar compradores. Mas a situação só era desesperada para os débeis de caráter. Pois a vasta gama de opções, e a independência dos caprichos do cliente, que fora conquistada por tão alto preço, também tinham suas vantagens. Pela primeira vez, tornou-se verdade que a arte era um perfeito meio para se expressar a individualidade — desde que o artista tivesse uma individualidade a expressar." (pág. 2) O capítulo 25, Revolução permanente - século XIX do livro "A História da Arte de Ernst H. Gombrich , inicia-se com uma leitura de onde surgiu e as causas da ruptura da arte. Primeiramente Gombrich aponta o motivo social desta ruptura, no qual sua principal causa é a Revolução Industrial, o indivíduo estava em constante contato com a facilidade e inovações para o seu melhor desenvolvimento, assim trocou o manual pelo mecânico, e oficina de artesanato pelas fábricas. o Autor expõe novas formas de ser apresentada, as vastas expansões condizente com a arquitetura, já que não possuíam seu próprio estilo, apenas houve um investimento artístico, o momento chamado de “Era da Fé ” (igrejas que predominam o estilo gótico), os teatros e casas de óperas mantiveram o estilo barroco e renascentista, um exemplo que Gombrich apresenta é o Parlamento em Londres, onde seu formato é renascentista a sua fachada e interior predomina o estilo gótico. A ruptura na tradição que marca o período da Revolução Francesa inevitavelmente mudaria a situação em que viviam e trabalhavam os artistas. Sir Charles Barry (1795-1860) & Augustin Welby, nas casas do Parlamento de Londres fê-las parecerem dignas, de longe, mas de perto os detalhes góticos conservam algo romântico. "A situação resume-se realmente no seguinte: onde não existe escolha, não existe expressão. " (pág.2) "A idéia de que a verdadeira finalidade da arte era expressar a personalidade só poderia ganhar terreno quando a arte tivesse perdido todas as outra finalidades. Não obstante, do modo que as coisas tinham evoluído, isso era um enunciado verdadeiro e valioso." (pág.3) "a história da pintura no século XIX difere muito consideravelmente da história da arte que estivemos considerando até agora. Nos períodos anteriores, eram usualmente os mestres mais notáveis, artistas cuja habilidade era suprema, os que também recebiam as encomendas mais importantes e, portanto, se tornavam muito famosos.[...] Só no século XIX se abriu realmente um abismo entre os artistas bem-sucedidos — os que contribuíam para a "arte oficial" — e os inconformistas, que eram principalmente apreciados depois da morte. O resultado é um estranho paradoxo." (Pág.3) "O ponto de convergência de todos os seus adversários era a arte de Eugène Delacroix (1798-1863). Delacroix pertencia à longa estirpe de grandes revolucionários produzidos no país das revoluções. Ele próprio era um caráter complexo, com vastas e variadas simpatias, e seus belos diários mostram que Delacroix não gostaria de ser caracterizado como um rebelde fanático. Se lhe atribuíam esse papel era porque ele não aceitava os padrões da Academia. Não tinha paciência para conversar sobre gregos e romanos, com a insistência no desenho correto e a constante imitação de estátuas clássicas. Acreditava que, em pintura, a cor era muito mais importante do que o desenho, a imaginação mais do que o saber." (pág. 3) Gombrich apresenta os artistas deste período, logo discorre sobre como esses artistas agem perante a arte, que agora estão cheios de alma, sua pintura tem independência e expressão. Paris se torna a nova capital artística europeia do século XIX, assim o autor apresenta alguns artistas e suas características na pintura : Jean- Auguste Dominique Ingres (1780-1867), o artista admirava a arte heróica, absoluta precisão nos modelos do natural, desprezava o improviso e a confusão. Eugene Delacroix (1798-1863), acreditava que a cor era muito mais importante do que o desenho e a imaginação mais do que o saber, foi até o norte da África para estudar as cores resplandecentes e roupagens românticas do mundo árabe. Jean- Baptiste Camille Corot (1796-1875), suas pinturas mostram a verdade com menos detalhes e tons quentes. Jean- François Millet(1814-75), pintava cenas da vida camponesa, tal qual como realmente era, pintava homens e mulheres trabalhando no campo e mantinha um equilíbrio, ritmo calculado no movimento e na distribuição das figuras, para atingir um significado solene. Gustave Courbet (1819-77), nominou o realismo em 1855, queria ser únicamente discípulo da natureza, o outro artista em busca da verdade. Courbet queriaque seus quadros fossem protestos, que chocassem a burguesia, para obrigá- la a sair de sua complacência e proclamar o valor da intransigente sinceridade artística contra a manipulação hábil de clichês tradicionais. "A revolução seguinte envolveu principalmente as convenções que governam a temática. Nas academias, ainda era preponderante a idéia de que pinturas dignas devem representar personagens dignas, e de que trabalhadores e camponeses fornecem temas adequados somente para as cenas de gente, na tradição dos mestres holandeses (p. 337)." (pág.4) "Até certo ponto, seu caráter e programa assemelhavam-se aos de Caravaggio (fig. 251. p. 306). Ele não queria formosura, mas verdade" (pág.7) Mostrando uma breve inspiração vinda do barroco apesar de ter um caráter realista. "A idéia de um pintor representar-se em mangas de camisa como uma espécie de andarilho deve ter parecido um ultraje aos artistas "respeitáveis" e seus admiradores. Essa, de qualquer modo. era a impressão que Courbet queria causar. Pretendia que seus quadros fossem um protesto contra as convenções aceitas do seu tempo, "chocassem a burguesia" para fazê-la sair de sua complacência, e proclamassem o valor da intransigente sinceridade artística contra a manipulação hábil de clichês tradicionais." (pág.7) "A mesma preocupação com a realidade, a mesma impaciência com o pretensiosismo teatral da arte oficial, que levaram o grupo de pintores de Barbizon e Courbet na direção do "realismo", fizeram com que um grupo de pintores ingleses enveredasse por um caminho muito diferente.[...] Sabiam que as academias se proclamavam representantes da tradição de Rafael e do que é conhecido como o "Estilo Grandiloqüente". Se isso era verdade, então a arte tomara obviamente um rumo errado com Rafael — e através dele. Foi ele e seus seguidores quem exaltaram os métodos de "idealizar" a natureza (p. 242) e se esforçaram por obter beleza às custas da verdade. Se a arte tinha que ser reformada era necessário, portanto, remontar mais além de Rafael, ao tempo em que os artistas ainda eram artífices "sinceros e fiéis à obra de Deus", e se empenhavam em copiar a natureza, sem pensar na glória terrena, mas na glória de Deus. Crentes em que a arte se tornara insincera através de Rafael e em que lhes incumbia a missão de retornar à "Idade da Fé", esse grupo de amigos autodenominava-se a "Irmandade Pré-Rafaelita". (pág 8) "A terceira onda de revolução na França (após a primeira onda de Delacroix e a segunda onda de Courbet) foi iniciada por Edouard Manet (1832-83) e seus amigos. Esses artistas levaram muito a sério o programa de Courbet. Procuraram convenções na pintura que se tinham tornado cediças e destituídas de significado. Concluíram que toda a pretensão da arte tradicional de que descobrira o modo de representar a natureza, tal como a vemos, se baseava numa concepção errônea. " (pág.8) "Que tais idéias fossem no início consideradas heresias extravagantes não chega a surpreender. Vimos ao longo desta história da arte como todos somos propensos a julgar pinturas mais pelo que sabemos do que pelo que vemos. Recordemos como os artistas egípcios achavam inconcebível representar uma figura sem mostrar cada parte desde o seu ângulo mais característico. Sabiam com que "se parecia" um pé, um olho, ou uma mão, e reuniam todas essas partes para formar um homem completo. Representar uma figura com um braço escondido da vista do espectador, ou um pé distorcido pelo escorço, parecia-lhes inominável" (pág.9) Gombrich dedica sua escritura a outros artistas que fizeram uma real ruptura na arte. O precursor dessa arte, Edouard Manet e seus seguidores provocaram na reprodução de cores uma revolução quase comparada a revolução grega, os artistas descobrem que se olharmos na natureza um brilhante, jogo de matrizes coloridas que se combinam e nossos olhos ou melhor dizendo em nas mentes dos indivíduos. Manet abandona o método tradicional por conta dos contrastes fortes e duros, cria impressões de corpos sólidos através de um jogo de luz e sombra, a impressão geral traz sensações de profundidade. "Os grandes artistas de períodos subseqüentes tinham feito descoberta sobre descoberta, o que lhes permitiu criar um quadro convincente do mundo visível, mas nenhum deles desafiara seriamente a convicção de que cada objeto na natureza tem sua forma e cor fixadas definitivamente e reconhecíveis com facilidade numa pintura. Pode-se dizer, portanto, que Manet e seus seguidores provocaram uma revolução na reprodução de cores que é quase comparável à revolução na representação de formas causada pelos gregos. Eles descobriram que, se olharmos a natureza ao ar livre, não vemos objetos individuais, cada um com sua cor própria, mas uma brilhante mistura de matizes que se combinam em nossos olhos ou, melhor dizendo, em nossa mente." (pág.10) " A "natureza" ou "o motivo" muda de minuto a minuto, quando uma nuvem passa sob o sol ou o vento quebra O reflexo na água. O pintor que espera captar um aspecto característico não dispõe de tempo para misturar e combinar suas cores, muito menos para aplicá-las em camadas sobre uma base castanha, como tinham feito os velhos mestres. Ele tem que fixá-las imediatamente em sua tela, em pinceladas rápidas, cuidando menos de detalhes do que do efeito geral do todo. Era essa falta de acabamento, essa abordagem aparentemente descuidada, que enfurecia amiúde os críticos. Mesmo depois do próprio Manet ter ganho um certo reconhecimento público, graças a seus retratos e composições figurativas, os paisagistas mais jovens que rodeavam Monet ainda tinham dificuldade em conseguir que suas telas não-ortodoxas fossem aceitas pelo Salão. Assim, resolveram reunir-se em 1874 e organizar uma exposição no estúdio de um fotógrafo. Continha uma teta de Monet que o catálogo descrevia como "Impressão: Nascer do Sol"; era a pintura de um porto visto através das névoas matinais. Um dos críticos achou esse título particularmente ridículo e referiu-se a todo o grupo de artistas como "os impressionistas". Quis assim significar que esses pintores não trabalhavam na base de um sólido conhecimento e pensavam que a impressão de um momento era suficiente para chamarem a seus quadros uma pintura." (pág. 13) "Não era apenas a técnica de pintura que enfurecia tanto os críticos. Era também os motivos que esses pintores escolhiam. No passado, esperava-se que os pintores observassem um recanto da natureza que. por consenso geral, era "pinturesco". Poucas pessoas se apercebem de que essa exigência era, de algum modo, ir razoável.[...] Eis uma "impressão" real de uma cena da vida cotidiana. Monet não está interessado na estação ferroviária como um lugar onde seres humanos se encontram ou partem; está fascinado pelo efeito da luz que escorre através do telhado de vidro e se mistura às nuvens de vapor, e pela forma das locomotivas e carruagens que emergem da confusão. Entretanto, nada existe de casual nessa descrição de uma cena de que o pintor é testemunha ocular. Monet equilibrou seus tons e cores tão deliberadamente quanto qualquer paisagista do passado." (pág. 13) Claude Monet foi quem insistiu para que seus amigos saíssem do ateliê e fossem para o paisagismo ao ar livre. Monet queria explorar a natureza e seus movimentos como a nuvem sobre o sol ou o vento sobre a água, captava um aspecto característico para combinar suas cores como pinceladas rápidas apreciando menos os detalhes, mas trazendo outro efeito para a pintura. O termo "impressionismo ” surgiu de uma obra de Monet chamada : Impressão: nascer do sol. Os críticos se enfureceram por conta da técnica, mas a técnica progrediu e a "impressão ” entre natureza e vida cotidiana continuou. Monet era fascinado pela luz sempre equilibrou seus tons e cores em suas paisagens. Pierre Auguste Renoir representava cenas ao ar livre de Paris, adorava retratar a aristocracia parisiense, sempre realçava uma beleza festiva e combinava cores brilhantes ao efeito do sol, sua perspectiva apresentava um naturalismo de figuras interagindo comtécnicas de sfumato, a descoberta dos impressionistas era usar as sombras escuras para contornos definidos . "A luta dos impressionistas tornou-se a valiosa legenda de todos os inovadores em arte, que podiam apontar sempre esse notório fracasso do público em reconhecer novos métodos. Num certo sentido, esse fracasso é tão importante na história da arte quanto a vitória final do programa da fotografia iria impulsionar ainda mais os artistas em seu caminho de exploração e experimento. Não havia necessidade de a pintura executar uma tarefa que um dispositivo mecânico podia realizar melhor e mais barato." (pág.18) Gombrich aponta o surgimento de uma nova tecnologia: a máquina fotográfica, na qual ajudou a descobrir o encanto das cenas e do ângulo inesperado, apesar da nova tecnologia o pintor era alguém que podia derrotar essas primeiras fontes tecnológicas, pois a arte da pintura serviu para inúmeros fins utilitários. "Artistas de todo o mundo entraram em contato com o impressionismo em Paris e levaram de volta consigo as novas descobertas, assim como a nova atitude do artista como rebelde contra os preconceitos e convenções do mundo burguês" (pág.21) Os artistas de todo mundo entraram em contato com o impressionismo, a questão do "acabamento ” são os destaques do movimento ao qual a sensibilidade foi levada à sério . A arte possuiu e possui uma enorme importância para a sociedade e principalmente para uma construção cultural de qualquer tempo, para tanto aqueles que lidam com imagens, criação e se consideram apreciadores de arte, que visitam museus, galerias mostras de arte, entre outros quanto para a vivência cotidiana, pessoas menos ligadas a arte mas, que sabem de tal existência e importância, independente da idade, classe social, profissão pois todos estão envoltos das diversas manifestações de imagéticas e de arte a todo momento e em diversas situações.
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