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SOCIEDADE EDUCACIONAL SANTA CATARINA – UNISOCIESC CAMPUS ANITA GARIBALDI – JOINVILLE/SC CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DAIANI FRANCISCO FLORIANO PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19 Joinville/SC 2021 DAIANI FRANCISCO FLORIANO PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19 Trabalho de Conclusão de Curso, elaborado como pré-requisito, para obtenção do título de Enfermeiro, pela Sociedade Educacional Santa Catarina – UNISOCIESC. Orientador: Prof° Msc. Elisandra Alves Kuse Joinville/SC 2021 DAIANI FRANCISCO FLORIANO PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19 Este trabalho foi julgado e aprovado em sua forma final, sendo assinado pelos professores da Banca Examinadora. Joinville, 12 de junho de 2021. _______________________________________ Prof. Msc. Elisandra Alves Kuse Orientadora _______________________________________ Prof. Adelmo Fernandes (Membro Interno) _______________________________________ Prof. Eliane Santana Ribeiro Campi (Membro Interno) DEDICATÓRIA Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em nossas vidas, nosso guia e socorro de todas as horas, aos nossos familiares e companheiros. Foi pensando nas pessoas que executamos este projeto, por isso dedicamos este trabalho a todos aqueles a quem esta pesquisa possa ajudar de alguma forma. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por nos permitir viver este momento importante em nossas vidas, nos dando o discernimento em todas as horas. Aos nossos companheiros e nossa família por nos apoiarem em todos estes anos de faculdade e entenderem nossa ausência e aos nossos filhos por nos dar forças para lutar sempre. À nossa orientadora, nosso espelho, a Professora Elisandra Alves Kuse por estar ao nosso lado desde o início e ter aceitado nos acompanhar neste projeto, o seu empenho foi essencial para a nossa motivação à medida que as dificuldades iam surgindo ao longo do percurso. Por fim, agradecemos a instituição e aos profissionais que aceitaram participar da pesquisa, por permitirem a aproximação e o entendimento mais completo sobre suas rotinas. RESUMO Introdução: O primeiro alerta do governo chinês sobre o surgimento de um novo coronavírus foi dado em 31 de dezembro de 2019 e recebeu o nome técnico COVID-19, se espalhou por cinco continentes e matou milhares de pessoas. Nesse contexto, os profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente na batalha contra o COVID-19 ficaram sobrecarregados devido ao aumento da demanda, falta de insumos, materiais e leitos para o tratamento destes pacientes, o que acarretou em problemas relacionados à saúde mental. Objetivo: Conhecer a percepção do profissional de enfermagem enquanto agente do cuidado sobre sua saúde mental durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. Metodologia: O método da pesquisa foi a abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt localizado no município de Joinville/SC. Os participantes da pesquisa foram profissionais de enfermagem da unidade de terapia intensiva que estão envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de pacientes infectados ou com suspeitas de COVID-19 e que aceitaram participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista com a aplicação de um questionário semiestruturado que foi realizado pelo Google Forms. Resultados: A percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou somatizar a aplicação da autoproteção inclui a necessidade constante de adequações a rotina de trabalho, aumentar a atenção e redobrar os cuidados com higiene e biossegurança, ampliação da oferta de EPI’s e realização de treinamentos específicos para o trabalho com pacientes infectados, melhoria e ampliação da capacidade de atendimento. Palavras-chave: Saúde mental, Enfermagem, Pandemia, Coronavírus. ABSTRACT Introduction: The Chinese government's first warning about the emergence of a new coronavirus was given on December 31, 2019 and received the technical name COVID-19, spread across five continents and killed thousands of people. In this context, nursing professionals working on the front line in the battle against COVID-19 were overwhelmed due to increased demand, lack of insum, materials and beds for the treatment of these patients, which led to problems related to mental health. Objective: To know the perception of nursing professionals as a care agent about their mental health during their performance in times of pandemic by COVID-19. Methodology: The research method was the qualitative approach. The research was carried out at the Hans Dieter Schmidt Regional Hospital located in the municipality of Joinville/SC. The research participants were nursing professionals from the intensive care unit who are directly involved in the care and treatment of patients infected or suspected of COVID-19 and who agreed to participate in the research. Data collection was performed through an interview with the application of a semi-structured questionnaire that was conducted by Google Forms. Results: The team's perception of the factors that can interfere or somatize the application of self-protection includes the constant need for adaptations to the work routine, increased attention and redouble care with hygiene and biosafety, expansion of the supply of PPE and specific training for work with infected patients, improvement and expansion of care capacity. Keywords: Mental health, Nursing, Pandemic, Coronavirus. LISTA DE ABREVIATURAS ANCP: Academia Nacional de Cuidados Paliativos. CAPC: Center for Advanced Palliative Care. CFM: Conselho Federal de Medicina. COFEN: Conselho Federal de Enfermagem. COVID-19: Coronavírus CP: Cuidados Paliativos. CNS: Conselho Nacional de Saúde. DCNT: Doenças Crônicas Não Transmissíveis. IDH: Índices de Desenvolvimento Humano. MS: Ministério da Saúde. NIOSH: National Institute for Occupational and Health OMS: Organização Mundial de Saúde. OPAS: Organização Pan-americana de Saúde. PIB: Produto Interno Bruto. SUS: Sistema Único de Saúde. TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. UBS: Unidade Básica de Saúde. UPA: Unidade de Pronto Atendimento. UTI: Unidade de Terapia Intensiva LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados de identificação dos participantes da pesquisa 28 Tabela 2 – Dados coletados referentes aos riscos que os profissionais são submetidos no local de trabalho 30 Tabela 3 – Condições de trabalho oferecidas na Pandemia 31 Tabela 4 – Preparação para o trabalho e complicações com pacientes de COVID-19 34 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 12 1.1 HIPÓTESE 14 1.2. PROBLEMA 14 2. OBJETIVOS 15 2.1 OBJETIVO GERAL 15 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15 3. DESENVOLVIMENTO 16 3.1 O QUE É SER ENFERMAGEM 16 3.2 EM TEMPOS DE PANDEMIA E UM POUCO DA SUA HISTÓRIA 17 3.3 EQUIPE DE SAÚDE E CUIDADOS ASSISTENCIAIS DE ALTA COMPLEXIDADE 18 3.4 STRESSE PSICOEMOCIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E PERDAS DOS SEUS ASSISTIDOS 19 4. MATERIAIS E MÉTODOS 23 4.1 TIPO DE PESQUISA 23 4.2 CONTEXTO DO ESTUDO 23 4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO 24 4.4 LOCAL DA PESQUISA 24 4.5 COLETA DE DADOS 25 4.6 ANÁLISE DE DADOS 26 4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 26 4.7.1 Riscos da pesquisa 27 4.7.2 Benefícios da pesquisa 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 29 5.1 COLETA DE DADOS 29 5.2 DISCUSSÃO 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 REFERÊNCIAS 46 APÊNDICES 50 ANEXOS 53 ANEXO I TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE IMAGEM E SOM DE VOZ 53 ANEXO II - Carta de anuência 55 ANEXO III - Parecer Consubstanciado do CEP 56 ANEXO IV - Termo de consentimento para uso de imagem e som de voz 60 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.hh90nrqd00ri https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3znysh7 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2et92p0https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.tyjcwt https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3dy6vkm https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1t3h5sf https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.4d34og8 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2s8eyo1 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3rdcrjn https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.z337ya https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1y810tw https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3whwml4 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3as4poj https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1pxezwc https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2p2csry https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.zu0gcz https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.zu0gcz https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3jtnz0s https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3jtnz0s https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1yyy98l https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1yyy98l https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.4iylrwe https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2y3w247 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1d96cc0 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.47fxnbnh3fan https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.47fxnbnh3fan https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2ce457m https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2ce457m https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.rjefff https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.rjefff https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1opuj5n https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1opuj5n https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.1qoc8b1 https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.bbu1goqajrjk https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.4anzqyu https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.2pta16n https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.4anzqyu ANEXO V - Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12 64 ANEXO VI - Termo de Compromisso do Pesquisador Responsável 65 https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.2pta16n https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg 12 1. INTRODUÇÃO Desde o seu início de forma silenciosa em Dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, o novo Coronavírus (SARS-CoV-2) vem sendo o grande responsável pelo desencadeamento da pandemia nominada de COVID-19 a qual acomete o sistema respiratório e desencadeia instabilidade clínica importante aos seres humanos e em alguns casos, levando a morte. O Coronavírus, é um vírus zoonótico, um RNA vírus da ordem Nidovirales, da família Coronaviridae (OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020). Frente a sua magnitude de dano, tal evento vem despertando inúmeros conflitos sejam aqueles de ordem de saúde social e saúde pública, financeira, estrutural e emocional na humanidade e instabilidades psicoemocionais nos trabalhadores que atuam na linha frente cuidando daqueles que se encontram adoecidos por esse mau, por estarmos nos deparando com algo até então desconhecido, culminando na preocupação de todas as esferas que circundam os cidadãos no mundo (OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020; FREITAS; NAPIMOGA; DONALISIO, 2020). Acerca dos casos confirmados da COVID-19 até março de 2020 de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já ultrapassavam até esse período mais de 214 mil vítimas em todo o cenário mundial. Dados estes que se ascenderam de forma importante frente há não existência de planos estratégicos de contingência que estivessem disponíveis, alinhados e estruturados para serem aplicados, visando conter o alastramento do Coronavírus, bem como, por não contarmos com espaços devidamente estruturados para acolher aqueles que se encontravam enfermos, afinal de contas, tudo era novo, tudo até então era incerto e por esse motivo gerou ainda mais instabilidade (LIMA, 2020; OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020). A pandemia ocasiona e vem ocasionando caos e quando há existência de caos, se desenvolve conflitos e crises sociais e a pandemia da Coronavírus tem se caracterizado como um dos maiores problemas de saúde pública internacional das últimas décadas no planeta (WHO, 2020). Recomendações atribuídas através de entidades tais como a OMS, Ministério da Saúde (MS) do Brasil, Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, dentre outras organizações, destacavam o quão importante era a aplicação de planos de contingência da influenza por meio do isolamento social 13 (evitar aglomerações), utilização de máscaras mesmo que caseiras por aqueles que não atuam no cuidado em saúde, frisavam a importância da higiene das mãos e da utilização de álcool gel sobre as mesmas, utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) por parte dos profissionais atuantes na linha de frente ao combate do Coronavírus e de outras ferramentas que pudessem induzir e conduzir no compartilhamento de informações por meio das mídias sociais e demais instrumentos primando pelo compartilhamento de conhecimento para evitar o alastramento de larga escala de algo que era e ainda é desconhecido, e que potencializa a possibilidade do adoecimento (FREITAS; NAPIMOGA; DONALISIO, 2020). Frente ao que fora exposto acima, era possível perceber a presença de uma preocupação apenas com a não disseminação do vírus. A mídia enfatizava diariamente o quantitativo de mortes pelo COVID-19, da existência de superlotação dos serviços de saúde, da escassez de EPIs, da necessidade da abertura de novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da criação de novas estratégias de cuidados por órgãos governamentais e de vigilância, da necessidade de liberação de verba por parte do governo, dentre outros (MATOS, 2018; FARO et al., 2020). A sociedade clamava por ajuda, órgãos de vigilância e outras entidades focavam na cura por meio da criação da vacina salvadora, no não aumento de novos casos e esqueceram de algo importante, de focar naqueles que atuavam na linha de frente (os profissionais da área da saúde) os quais também careciam de necessidades e atenção quanto ao seu estado de saúde mental, pois esses eram os que estavam mergulhados na atenção direta, presenciavam em suas rotinas laborais as baixas (perdas) de vidas por esse mal, eram estes que in loco contabilizam na íntegra a beira do leito os dados estatísticos que eram sinalizados pela mídia (morre mais um por COVID-19), eram estes que removiam os dispositivos que não mais teriam utilidade e que informavam as familiares dessas vítimas, que seu ente queridonão estava mais entre nós, dentre outros detalhes que circundavam a rotinas desses profissionais, o que de certa forma, tais eventos poderiam motivar o despertar do adoecimento mental desses atores do cuidado. Frente ao que fora mencionado anteriormente, o referido trabalho se justifica devido uma das pesquisadoras ter participado na linha de frente no cuidado de vítimas do COVID-19 e ter percebido que a seu status psicoemocional fora afetado em relação ao seu cotidiano profissional (laboral), devido à necessidade de uso de 14 EPIs os quais lhe protegiam, mas limitavam a presença da comunicação (verbal e não verbal) e social, por ter que ficar privada do contato de pessoas que complementam o seu bem estar, tal como pais, mães, esposo e filhos, e por perceber que a pandemia era real, se fazia presente e que desencadeia perdas. Da mesma forma, esse estudo possui como objetivo principal conhecer a percepção do profissional de enfermagem enquanto agente do cuidado sobre seu status psicoemocional durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. Tal como, buscamos identificar através da pergunta norteadora desse estudo: Quais os nuances que circundam o profissional de enfermagem frente a sua assistência ao paciente em tempos de pandemia por COVID-19? 1.1 HIPÓTESE Sabe-se que em unidades hospitalares, a enfermagem representa o maior número de profissionais de saúde, cujo trabalho é centrado no cuidado ao ser humano, envolvendo uma ligação direta entre profissional/paciente e a vivência de vários fatores. Esses fatores são potenciais de impactos negativos psicossociais e psicossomáticos, gerando a diminuição da produtividade e o aumento do índice de acidentes de trabalho e uma assistência de enfermagem ineficaz. Por sua vez, o trabalho da equipe de enfermagem requer competência técnica e científica, conhecimento, habilidade e controle emocional sobre a prática, tendo em vista que a assistência apresenta situações de risco, desgaste físico e emocional, responsabilidades com a vida das pessoas, enfrentamento de medos e sofrimentos. Toda essa situação de estresse provocada pela pandemia por COVID-19 em que o profissional fica exposto pode levar à ocorrência de desgastes psicológicos, estresse elevado, ansiedade, depressão. Essas comorbidades, quando se fazem presentes, podem impactar negativamente na satisfação com o trabalho, resultando em prejuízos na assistência, qualidade do cuidado e segurança do paciente. 1.2. PROBLEMA Quais são os nuances que circundam o profissional de enfermagem frente a sua assistência ao paciente em tempos de pandemia por COVID-19? 15 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Conhecer a percepção do profissional de enfermagem enquanto agente do cuidado sobre seu status psicoemocional durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Caracterizar o perfil da equipe quanto: a categoria, ao sexo, e a idade. b) Verificar a percepção da equipe, acerca dos desafios enfrentados e experimentados durante a sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. c) Conhecer os métodos de cuidados utilizados e aplicados durante o seu cotidiano assistencial. d) Apontar, a percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou somatizar a aplicação da autoproteção e minimizar stress emocional antes, durante e após a sua atividade assistencial. 16 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 O QUE É SER ENFERMAGEM A Enfermagem é uma profissão de saúde reconhecida desde a segunda metade do século XIX, quando Florence Nightingale acrescenta atributos a um campo de atividades de cuidado à saúde, desenvolvido milenarmente por indivíduos ou grupos com diferentes qualificações e em diferentes cenários. Com Florence, o cuidado ganha especificidade no conjunto da divisão do trabalho social, é reconhecido como um campo de atividades especializadas e necessárias/úteis para a sociedade e que, para o seu exercício, requer uma formação especial e a produção de conhecimentos que fundamentam o agir profissional (PIRES, 2009). É a profissão que está presente em todas as instituições assistenciais, sendo que na rede hospitalar está presente nas 24 horas de todos os 365 dias do ano. Estes dados, por si só, já demonstram que a qualidade das ações de enfermagem interfere, diretamente, na qualidade da assistência em saúde (BASTOS, 2012). A Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática social indispensável à organização e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como responsabilidade a promoção e a restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à coletividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito à remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possibilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social (COFEN, 2017). De acordo com Florence Nightingale (1871) a enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma vocação tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que tratar de tela morta ou de 17 mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se dizer, a mais bela das artes! 3.2 EM TEMPOS DE PANDEMIA E UM POUCO DA SUA HISTÓRIA Segundo a OMS (2020) existem grandes diferenças entre um surto, epidemia e uma pandemia. Um surto ocorre quando acontece uma elevação inesperada da quantidade de casos de uma doença em um local específico, como um bairro de uma cidade, por exemplo. Já uma epidemia acontece quando ocorre uma grande quantidade de surtos de uma doença em várias regiões de um determinado local, podendo ser bairros, cidades, estados ou mesmo em um país, quando determinada doença ocorre em várias regiões do país. Com relação a uma pandemia, essa pode ser considerada o pior cenário com relação à gravidade, uma vez que ocorre a nível mundial, ou seja, quando uma doença é disseminada por vários países do mundo e por todos os continentes, como o caso da COVID-19, por exemplo. Com relação ao cenário atual, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março de 2020, a pandemia de COVID-19 (Coronavírus). Nesse dia, o mundo apresentava um total de 118 mil casos em todo o mundo, distribuídos por um total de 114 países, totalizando 4.291 mortes, sendo grande parte delas na China, que foi o país de origem do coronavírus (SBM, 2020). Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) (2020), até o dia 20 de outubro de 2020 foram confirmados em todo o mundo 40.251.950 casos de COVID-19 e 1.116.131 mortes. Segundo Dados do Ministério da Saúde (2020), até o dia 20 de outubro de 2020, o Brasil teve 5.273.954 casos de COVID-19 registrados com um total de 157.837 óbitos, com 4.721.593 recuperados e 397.524 pacientes em acompanhamento. A região Sul do Brasil teve um total de 665.532 casos confirmados com um total de 13.442 óbitos. O Estado de Santa Catarina teve um total de 237.781 casos confirmados e um total de 2991 óbitos. A cidade de Joinville teve um total de 23.718 casos confirmados com um total de 357 óbitos. A pandemia do COVID-19 gerou grande impacto sobre todo o sistema de saúde Brasileiro e seus profissionais, gerando sobrecarga em médicos, biomédicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais envolvidos nas áreas de gestão de hospitais e instituições de saúde em geral. São várias as demandas 18 paraque possa ser garantido o atendimento a uma grande quantidade simultânea de pacientes, incluindo a criação de fluxos específicos, mobilização de profissionais qualificados, alta disponibilidade de insumos, equipamentos de proteção individual e equipamentos como leitos de UTI e ventiladores mecânicos, investimento na construção de hospitais, ampliação do número de leitos, entre outros (SAÚDE ABRIL, 2020). Os impactos da pandemia foram profundos sobre o Sistema Único de Saúde, o qual possui uma média de 2,62 leitos de UTI para 100.000 habitantes, estando à frente de países da Europa como a Itália, por exemplo. Com a sobrecarga dos hospitais privados no atendimento de pacientes graves por COVID-19, as demandas no SUS tiveram um crescimento expressivo e devem ser bem administradas pelos gestores e profissionais da saúde pública (OLIVEIRA, et al. 2020). Atualmente o Brasil vive um momento crítico, no qual a pandemia apresenta crescimento diário, o que evidencia a necessidade de um esforço conjunto entre as instituições de saúde públicas e privadas, bem como, de todos os profissionais envolvidos, os quais devem atuar em sinergia com as diretrizes do SUS e do ministério da saúde. Outro aspecto importante para se reduzir a superlotação dos hospitais e instituições de saúde é a utilização de ferramentas que possibilitem a atenção e o cuidado à distância, tais como a telemedicina, tendo como função principal mitigar riscos e apoiar o processo decisório perante a pandemia (LIMA, 2020). 3.3 EQUIPE DE SAÚDE E CUIDADOS ASSISTENCIAIS DE ALTA COMPLEXIDADE As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são consideradas como locais destinados à prestação de assistência especializada a pacientes em estado crítico. Para os pacientes aí internados há necessidade de controle rigoroso dos seus parâmetros vitais e assistência de enfermagem contínua e intensiva (SOUZA et al, 1985). Em virtude da constante expectativa de situações de emergência, da alta complexidade tecnológica e da concentração de pacientes graves, sujeitos a mudanças súbitas no estado geral, o ambiente de trabalho caracteriza-se como estressante e gerador de uma atmosfera emocionalmente comprometida, tanto para os profissionais como para os pacientes e seus familiares (KOIZUMI et al, 1979). O 19 trabalho dos profissionais de saúde é frequentemente considerado por quem o desempenha como desgastante e promotor de diversas patologias, além de contribuir para um desequilíbrio emocional e provocar queda no desempenho profissional (LANGE et aI, 2009). Basicamente, a equipe multiprofissional de uma UTI pode ser constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e farmacêuticos. Desde o planejamento e organização da UTI até o atendimento, recuperação e alta dos pacientes deve se fazer notar a participação da equipe multiprofissional (KAMADA et al, 1978). Na UTI, a equipe multiprofissional convive com outros fatores desencadeadores de estresse, tais como: a dificuldade de aceitação da morte; a escassez de leitos e equipamentos; escassez de recursos humanos e; tomada de decisões conflitantes relacionadas com a seleção dos pacientes que serão atendidos (PADILHA et al, 2000). O cuidado de enfermagem não pode prescindir do aspecto humanístico e relacional (PATERSON et al, 1988). O cuidado não se restringe apenas a uma ação técnica no sentido de fazer, executar um procedimento, mas também no sentido de ser, expressar de forma atitudinal, pois é relacional (WALDOW, 1998). A vivência em UTI possibilita-nos afirmar que essas unidades possuem algumas características próprias, como: a convivência diária dos profissionais e dos sujeitos doentes com as situações de risco; a ênfase no conhecimento técnico-científico e na tecnologia para o atendimento biológico, com vistas a manter o ser humano vivo; a constante presença da morte; a ansiedade, tanto dos sujeitos hospitalizados quanto dos familiares e trabalhadores de saúde; as rotinas, muitas vezes, rígidas e inflexíveis; e a rapidez de ação no atendimento (NASCIMENTO et al, 2004). 3.4 STRESSE PSICOEMOCIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E PERDAS DOS SEUS ASSISTIDOS O NIOSH define estresse no trabalho como as nocivas reações físicas e emocionais que ocorrem quando as exigências não se igualam à capacidade, aos recursos ou às necessidades do trabalhador, como resultado da sua interação com as condições de trabalho, o que pode levá-lo a doenças. Apoia a ideia de que as 20 condições laborais têm papel principal nas causas do estresse, ainda que não se possa ignorar a importância das diferenças individuais e de outras situações que podem intervir para fortalecer ou debilitar a influência desses fatores (NIOSH, 2004). Codo, Soratto e Vasques-Menezes (2004) enfatizam que, embora a imprecisão do termo estresse se estenda ao meio científico, as várias áreas que o adotam defendem a concepção de que o estresse é o resultado de um estado de desequilíbrio tanto da relação indivíduo-ambiente de trabalho quanto da relação demanda-recursos. Ainda que existam diversos modelos teóricos, verifica-se certa concordância na definição do estresse ocupacional. Segundo Codo, alguns modelos concordam que a relação entre estímulos externos e estresse pode ser moderada por características individuais e situacionais. Essa abordagem busca a aproximação dos possíveis efeitos do trabalho sobre o indivíduo trabalhador, possibilitando a avaliação de modos de intervenção mesmo em situações em que as fontes de estresse não possam ser eliminadas. O estresse pode ser caracterizado como um processo psicofisiológico que está presente na vida do homem contemporâneo e na dos trabalhadores que efetuam atividades de risco, como o trabalho dos profissionais da saúde, que atuam diretamente com outras pessoas (BELANCIERI, 2005). Sobre alguns conceitos sobre estresse, e como surgiram os primeiros conceitos, foi encontrado o significado conforme citado por Oxford (2000) como, “fadiga, cansaço, apertada e penosa” este conceito foi inicialmente utilizado na área de física para explicar a relação entre força e reação dos corpos. Já procurando a palavra em inglês foi encontrado “estar sob pressão”. O estresse está relacionado com situações de tensão ou até mesmo a mudanças no ambiente, onde o indivíduo apresenta reações do organismo com sintomas, físicos e psicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas, isso acontece no instante que a pessoa se confronta com uma situação que, a irrite, amedronte ou confunda. Os efeitos sobre o indivíduo podem ser descritos como situações desagradáveis que provocam dor, sofrimento e desprazer. Lipp (2008) comenta que entre os trabalhadores que estão mais sujeitos ao esgotamento físico e mental citam-se os profissionais da saúde. O esgotamento mental, também chamado de burnout (consumir-se em chamas) é um tipo especial de stress ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e 21 exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode se estender a todas as áreas da vida da pessoa. Com relação aos profissionais da área de saúde que estão diretamente envolvidos no tratamento de pacientes infectados com COVID-19 há uma série de fatores adicionais que podem provocar o estresse, pois o cuidado de pacientes com COVID-19 pode ter fortes impactos emocionais ao profissional. Isso porque é normal que o profissional se sinta sobrecarregado diante da elevada demanda de atendimentos, além de trabalhar o tempo todo sob pressão, devido a vários fatores como superlotação, indisponibilidade de recursos, atendimento aos familiares, entre outros, o que evidencia a necessidade de zelar pela saúde mental no trabalho, especialmente em tempos de pandemia (COSTA, 2020). Com o intuito de manter a saúde mental em perfeito estado, Costa (2020) apresenta uma série de recomendações aos profissionais as saúde incluindo: reservar um tempo para refletir e descansar,manter sempre contato com pessoas queridas, mesmo que seja apenas pelo celular, ter autocuidado e garantir algumas horas de sono entre os plantões e atendimentos, alimentar-se bem e com qualidade, evitar a utilização de drogas e de bebidas alcóolicas. Outros aspectos importantes é realizar hobbies e, leituras, jogos e outras formas de lazer que gosta nas horas vagas, evitar ficar o tempo todo acompanhando a cobertura da mídia sobre a pandemia de COVID-19, buscar conhecer e divulgar notícias positivas de pessoas que já se recuperam da doença, reduzir o isolamento mesmo que seja com o uso de barreiras físicas, reconhecer os próprios esforços e compreender os limites de atuação e conversar sempre com colegas de trabalho confiáveis com que possa ter suporte (COSTA, 2020). As exigências do ambiente de trabalho e o nível de pressão que o trabalhador é exposto como se mantivesse em alerta, motivados e capazes de trabalhar e aprender, dependendo dos recursos disponíveis. Essas exigências podem gerar graves prejuízos à saúde mental dos funcionários, incluindo o stress e pressão se tornando excessiva ou difícil de controlar prejudicando também a saúde física e a motivação dos empregados e seus os resultados (BELANCIERI, 2005). Segundo a OMS (2004) os efeitos do estresse no trabalho do indivíduo podem levar os comportamentos disfuncionais e habituais no trabalho, onde pode contribuir para os problemas de saúde física e mental do indivíduo. Em casos extremos, o estresse prolongado ou eventos de trabalho traumáticos podem causar problemas 22 psicológicos e resultam em falta de participação ou prejudicam o retorno ao trabalho. Com isso, começam a aparecer sintomas como angústia, irritabilidade, falta de concentração, dificuldade de pensar logicamente e tomar decisões, falta de comprometimento, sentir-se cansados, deprimidos e inquietos e problemas para dormir. 23 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 TIPO DE PESQUISA Com relação à abordagem empregada, este trabalho utilizou a abordagem qualitativa descritiva, pela qual as autoras da pesquisa fizeram a leitura, interpretação e análise das informações coletadas por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, formulando por meio da avaliação das respostas dos participantes, as discussões sobre o tema, chegando assim, aos resultados e objetivos propostos pelo estudo. Segundo Minayo (2014), esse tipo de pesquisa trabalha com vários significados, levando em consideração, por exemplo, as crenças, valores, ou seja, que não podem ser quantificados. Não se pode pretender encontrar a verdade, com que é certo ou errado. Busca entender os fenômenos, onde se trabalha com comparação, descrição e interpretação. Sendo assim, os participantes da pesquisa, podem expor seus pensamentos, podendo dar rumo a suas interações com o pesquisador, e o mesmo, não julgará, visando compreender o que o participante está expondo, é um tipo de pesquisa mais participativa e menos controlável, deixando o participante a vontade. 4.2 CONTEXTO DO ESTUDO O estudo se encontra inserido no contexto da pandemia de COVID-19 que está instalada em todo o mundo, onde os profissionais da saúde passaram a ter um papel de protagonismo para a sociedade, sendo vistos como essenciais para o combate à pandemia e o atendimento adequado nas instituições de saúde, bem como hospitais, laboratórios, maternidades, enfim, tudo o que está relacionado à saúde e ao combate e tratamento do coronavírus. Perante a ameaça do coronavírus, o Brasil vive um momento que exige respostas coordenadas de todas as instituições das áreas econômica, social e de saúde pública, em conjunto com as instituições privadas, bem como, de todos os envolvidos. Durante a pandemia Ministério da Saúde passou a atuar com maior vigor na realização de campanhas de saúde, programas de prevenção e orientação aos 24 cidadãos sobre a importância do uso dos equipamentos de proteção individual, tais como, as máscaras, bem como, atuar de forma preventiva nas instituições de saúde pública e privada, por meio do estímulo e orientação sobre a importância dos procedimentos preventivos de desinfecção e proteção contra a COVID-19. Essa série de medidas tomadas pelo Ministério da Saúde tem como objetivo principal salvaguardar a saúde da população em geral, evitando a superlotação das UTI’s, além de proporcionar melhor qualidade de atendimento à população em geral, em especial as pessoas infectadas e com suspeita de COVID-19. No entanto, o contexto gerado pela pandemia de COVID-19 provocou graves consequências sobre a qualidade de vida dos profissionais da saúde, por meio da superlotação das instituições hospitalares e sobrecarga de trabalho, impactando diretamente no estresse e desgaste físico e emocional destes profissionais. 4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO Os participantes da pesquisa foram 28 profissionais da área de enfermagem que atuam na UTI de uma instituição da rede pública de Saúde da cidade de Joinville/SC e estão envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de pacientes infectados com COVID-19 e que aceitarem participar da pesquisa, e assinarem o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (ANEXO 1). Critérios de Inclusão: profissionais da enfermagem que atuem na UTI Covid e que concordarem em participar da pesquisa. Critérios de Exclusão: profissionais da enfermagem que não atuarem na UTI Covid e que não concordarem em participar da pesquisa. 4.4 LOCAL DA PESQUISA A pesquisa foi realizada em um hospital de grande porte do município da cidade de Joinville/SC de atividades totalmente voltadas para o Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital conta com uma área construída de 22,4 mil metros quadrados. A construção desta unidade hospitalar teve seu projeto idealizado por alguns médicos desde os anos 1960, pois a cidade precisava resolver problemas como demanda reprimida e promover a modernização que a medicina Joinvilense exigia, já que o hospital situa-se na maior cidade do Estado de Santa Catarina, hoje 25 com mais de 500 mil habitantes, é um hospital classificado como geral, gerenciado e mantido pelo Governo do Estado de Santa Catarina (HRHDS, 2020). Possui alguns serviços diferenciados para atender a população do Sistema Único de Saúde, tais como: tratamento da AIDS procedimentos e tratamentos de outras doenças infectocontagiosas, procedimentos de alta complexidade em cirurgia cardíaca e cardiologia, bariátrica (obesidade mórbida) deformidades craniofaciais (lábio leporino), cirurgia vascular e endovascular sendo referência em todos esses serviços. Presta, também, serviços de atendimento ambulatorial, internação, serviço de apoio diagnóstico e terapêutico (SATD), urgência e emergência em especialidades clínicas e cirúrgicas. Seu fluxo de clientela possui um atendimento de demanda espontânea e referenciada (HRHDS, 2020). Seus 228 leitos estão distribuídos nas unidades de internação clínica, cirúrgica, isolamento, psiquiatria, cardiologia, hospital dia e unidade de tratamento intensivo geral e cardíaco. Conta com cerca de 186 médicos e 963 servidores (HRHDS, 2020). O pagamento dos funcionários é custeado integralmente pelo Governo do Estado de Santa Catarina. E os demais insumos são garantidos pelo SUS, dentro da tabela (HRHDS, 2020). 4.5 COLETA DE DADOS Inicialmente, a coleta de dados bibliográficos foi realizada no período de agosto e setembro do ano de 2020, por meio da pesquisa realizada na ampla literatura disponível sobre o tema na internet, tendo como foco informações coletadas nos bancos de dados citados anteriormente. Para o início da coleta dos dados, foi realizado contato com a responsável pelo comitê de ética e pesquisa do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, no município de Joinville/SC, onde foi solicitada a autorização para a realização da pesquisa. Após autorização da realização da pesquisa pela Instituição de Saúde por meio da carta de anuência (ANEXO 2) e do Comitê de Ética em Pesquisa CAAE 43199621.8.0000.5363 (ANEXO3), foi iniciado contato com os profissionais da equipe de enfermagem envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de pacientes infectados com COVID-19 e que aceitaram participar da pesquisa. Foi questionado a estes profissionais se tinham interesse em ingressar numa pesquisa 26 qualitativa científica relacionada à saúde mental dos profissionais de enfermagem durante o período de pandemia por Covid -19. Para a realização da pesquisa, aplicou-se um questionário estruturado com perguntas mistas, fechadas e abertas (APÊNDICE 1) onde vinte e oito profissionais relataram suas emoções frente ao estresse mental causado pela nova rotina recorrente a pandemia. A entrevista foi aplicada através de um link no Google Forms onde as respostas foram diretamente enviadas para o e-mail das pesquisadoras, para realização da análise e estudo da mesma. Após a análise foi possível realizar a categorização da discussão. 4.6 ANÁLISE DE DADOS O tratamento dos dados foi realizado por meio de análise temática. Esse tipo de análise procura entender, sem intervir, basicamente analisar de forma atenta, qualquer comportamento e resposta durante o discurso. Realizar uma análise temática consiste basicamente em identificar os núcleos de sentido que compõem uma comunicação e cuja presença ou frequência tenham algum significado para o objeto analítico visado. Ela é constituída por três etapas: (1) Pré - análise, caracterizada pela escolha dos documentos que irão ser analisados; (2) Exploração do material, consiste em compreender o texto, onde o objetivo é encontrar meios de organizar o conteúdo; (3) Tratamento dos resultados e interpretação, permite que os dados sejam interpretados e assim relacioná-los com os dados obtidos inicialmente (MINAYO, 2014). Após a leitura das respostas fornecidas pelos participantes, as pesquisadoras realizaram a seleção das informações relevantes, conforme os objetivos e a problemática da pesquisa. Por fim, realizou-se a análise e interpretação das informações, chegando às discussões, resultados e conclusões finais do estudo. 4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O projeto foi submetido à apreciação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos, do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, e após sua aprovação foi executado. 27 4.7.1 Riscos da pesquisa Nenhuma pesquisa é isenta de risco, para essa pesquisa os riscos identificados foram: invasão de privacidade, discriminação e estigmatização a partir do conteúdo revelado, tomar o tempo do sujeito ao responder o questionário constrangimento ou desconforto diante das perguntas que foram submetidos, o extravio (roubo ou perda) do instrumento da pesquisa, uma vez que foi impresso depois de respondido podendo gerar a divulgação dos dados confidenciais. Contudo, as pesquisadoras obtiveram todo o zelo e cuidado com os dados coletados, todavia os questionários não eram identificados com nomes ou número de documentos, entretanto, tem-se o TCLE que contém informações pessoais, o qual foi armazenado com todo o cuidado para haver publicações indevidas e não autorizadas. As perguntas poderiam trazer lembranças desagradáveis frente a situações vivenciadas durante o processo enfrentado no decorrer da pandemia. As pesquisadoras comprometeram-se a interromper o preenchimento do formulário e acolher os sentimentos relatados dando espaço para o diálogo. A coordenação da equipe de Enfermagem, autorizou o preenchimento do questionário durante o turno de trabalho do entrevistado, sendo assim, gerou-se o risco de disponibilidade dos entrevistados em suas atividades, no entanto, foi respeitado e flexibilizado o tempo de respostas de acordo com o tempo disponível de cada participante da pesquisa. As pesquisadoras firmaram o compromisso ético de cumprir o que está estabelecido na Resolução do Conselho Nacional de Saúde no 466/12 respeitando as atitudes e habilidades do observado (ANEXO 5). 4.7.2 Benefícios da pesquisa Não houve nenhum benefício direto se tratando da pesquisa, no entanto, os participantes contribuíram para um melhor entendimento sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem frente à pandemia COVID-19, onde nem sempre é possível ser identificado no cotidiano. Após a divulgação dos dados da pesquisa os mesmos trarão importantes benefícios ao meio acadêmico e aos profissionais da área da enfermagem, por meio do diagnóstico da situação atual das equipes de enfermagem no enfrentamento a pandemia COVID-19, evidenciando a percepção 28 dos profissionais de enfermagem sobre seu status psicoemocional durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. Este diagnóstico poderá gerar significativa contribuição para os profissionais desta área, possibilitando a formulação de estratégias de saúde mental e ações específicas, visando proteger e resguardar estes profissionais dos agentes causadores de estresse e desconforto durante as atividades laborais. Para a devolução dos resultados da pesquisa aos entrevistados os mesmos foram convidados a assistir a apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso em Enfermagem da UNISOCIESC através da plataforma Zoom no dia 25 de junho de 2021. Além disso, uma cópia foi disponibilizada para a instituição pesquisada. Este estudo foi orientado pela Prof. Msc. Elisandra Alves Kuse (ANEXO 6). 29 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Resultados Após a aquisição desses dados, os mesmos foram separados, organizados por categorias específicas para discussão provenientes do que está exposto em quatro tabelas de análise da coleta de dados. A primeira tabela contém informações básicas de identificação dos participantes da pesquisa, já na segunda tabela buscou-se filtrar os riscos existentes durante o exercício da profissão em períodos de pandemia e o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. A terceira tabela apresenta a tabulação dos dados com relação às condições de trabalho oferecidas pela instituição de saúde pública para a realização do atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. Já a quarta tabela está relacionada à preparação para o trabalho e complicações com pacientes de COVID-19. A tabulação dos dados foi feita de forma objetiva e quantitativa para que pudessem ser analisados, apresentados e discutidos os resultados desse estudo. A Tabela 1 apresenta os dados de identificação dos participantes desta pesquisa. Tabela 1 – Dados de identificação dos participantes da pesquisa. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO 2021 TOTAL 28 SEXO N % Masculino 05 18 Feminino 23 82 CARGO N % Enfermeiro 05 18 Técnico de Enfermagem 23 82 IDADE N % 18 a 20 0,0 0,0 21 a 25 0,4 14 26 a 30 0,7 25 31 a 35 0,5 18 36 a 40 0,5 18 41 a 45 0,3 10 >45 O,4 14 TURNO DE TRABALHO N % Diurno 11 40 Noturno 10 36 30 Segundo Vínculo 0,5 18 Outro 0,2 0,7 JORNADA DE TRABALHO DIÁRIA N % 8 horas 0,0 0,0 12 horas 20 72 18 horas 0,2 0,7 24 horas 0,2 0,7 Outro 0,4 14 ROTINA DIÁRIA DE SONO N % <6 horas 0,5 18 6 horas 14 50 8 horas 0,6 22 12 horas 0.0 0,0 18 horas 0,0 0,0 24 horas 0.0 0,0 Outro 0,3 10 ESTADO CIVIL N % Solteiro 0,9 30 Casado 0,6 22 União Estável 0,7 25 Divorciado 0,3 10 Mora com outra pessoa 0,0 0,0 Viúvo 0,3 10 Outro 0,0 0,0 Fonte: As autoras (2021) Ao avaliar os dados de identificação dos participantes da pesquisa constata-se que 82% são do sexo feminino e apenas 18% são do sexo masculino, o que evidencia a predominância de profissionais do sexo feminino na área de enfermagem. Com relação ao cargo ocupado, foi verificado que 82% são técnicos de enfermagem e outros 18% são enfermeiros. Com relação à idade, 25% possuem de 25 a 30 anos, enquanto que 18% possuem de 31 a 35 anos, outros 18% de 36 a 40 anos, 14% de 21 a 25 anos e outros 14% possuem idade igual ou superior a 46 anos. Essa informação evidencia que a grande maioria dos profissionais de enfermagem faz parte do grupo de pessoas jovens, de 20 a 40 anos. Sobre a jornada de trabalho verificou-se que 72% dos participantes possuem uma jornada de trabalhode 12 horas, 7% informaram que possuem jornada de trabalho de 18 horas, outras 7% possuem jornada de trabalho de 24 horas e 14% informaram que possuem outro tipo de jornada de trabalho. Com relação à rotina diária de sono, 50% dos participantes informaram que dormem em média 6 horas por dia, outros 22% dormem 8 horas por dia, 18% 31 dormem menos que 6 horas por dia e 10% informaram que possuem outra rotina de sono. Por meio desta informação foi possível constatar que a maioria dos profissionais de enfermagem possui uma rotina de sono igual ou inferior a 6 horas por dia, o que evidencia uma rotina bastante longa. Com relação ao estado civil, verificou-se que 30% são solteiros, enquanto que 25% vivem em união estável, 22% são casados, 10% são divorciados e outros 10% são viúvos. Esta informação evidencia grande diversidade com relação ao estado civil dos profissionais de enfermagem, no entanto, aponta que quase 50% estão em um relacionamento estável (casado ou união estável). Tabela 2 – Dados coletados referentes aos riscos que os profissionais são submetidos no local de trabalho DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO 2021 TOTAL 28 FATORES DE RISCO/ DOENÇA PRÉ-EXISTENTE N % Sim 24 85 Não 4,0 15 FAZIA ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO ANTES DA PANDEMIA N % Sim 3,0 10 Não 25 90 INICIOU ALGUM TIPO DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO APÓS PANDEMIA N % Sim 7,0 25 Não 21 75 FAZ USO DE ALGUM MEDICAÇÃO PSIQUIÁTRICA SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 N % Sim 0,2 10 Não 26 93 RECEBEU SUPORTE/ APOIO PSICOLÓGICO /EMOCIONAL DA INSTITUIÇÃO EM QUE TRABALHO/ESTUDA N % Sim 6,0 22 Não 22 78 Fonte: As autoras (2021) Ao avaliar os riscos aos quais os profissionais de enfermagem estão submetidos durante o exercício da profissão em períodos de pandemia, constatou-se que 85% afirmaram que não apresentavam nenhum fator de risco ou 32 doença pré-existente no período anterior à pandemia e outros 15% afirmaram que sim. Com relação a realização de acompanhamento psicológico no período pré-pandemia, verificou-se que 90% dos participantes afirmou que não, enquanto que outros 10% afirmaram que sim. Ao avaliar estas informações evidencia-se que a grande maioria dos profissionais não apresentava nenhum tipo de doença ou necessidade de acompanhamento psicológico no período pré-pandemia. Quando questionados se iniciaram algum tipo de acompanhamento psicológico no período pós-pandemia, constatou-se que 75% afirmaram que não, enquanto que 25% afirmaram que sim, demonstrando aumento considerável de profissionais que iniciaram tratamentos psicológicos após o surto da pandemia de COVID-19. Quando questionados se fazem uso de algum medicamento sem prescrição médica no contexto da pandemia de COVID-19 93% afirmaram que sim, enquanto que outros 7% afirmaram que não. Quando questionados se receberam algum tipo de suporte psicológico da instituição em que trabalha/estuda, 78% afirmaram que não, enquanto que outros 22% afirmaram que sim. Essas informações evidenciam a falta de suporte psicológico adequado aos profissionais da área da enfermagem que foram sobrecarregados devido ao aumento súbito da demanda de trabalho e as pressões sofridas pela instituição e pela sociedade em geral no cenário de pandemia de COVID-19. Tabela 3 – Condições de trabalho oferecidas na Pandemia DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO TOTAL 2021 28 OFERTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI`s) N % Insuficiente 0,0 0,0 Regular 18 70 Bom 10 30 Muito bom 0,0 0,0 Excelente 0,0 0,0 33 ESPAÇO PARA FALAR SOBRE SEUS SENTIMENTOS N % Insuficiente 11 40 Regular 11 40 Bom 6,0 20 Muito bom 0,0 0,0 Excelente 0,0 0,0 ESPAÇO PARA RELAXAR ENTRE OS TURNOS DE TRABALHO\ PLANTÃO N % Insuficiente 9,0 30 Regular 6,0 21 Bom 11 41 Muito bom 2,0 7,0 Excelente 0,0 0,0 CONFIANÇA EM PRESTAR OS CUIDADOS RELACIONADOS AO RISCO DE ADQUIRIR O VÍRUS N % Insuficiente 01 0,4 Regular 10 32 Bom 15 56 Muito bom 2,0 8,0 Excelente 0,0 0,0 OFERTA DE ALCOOL EM GEL E CONDIÇÕES PARA REALIZAR LAVAGEM DAS MÃOS N % Insuficiente 0,0 0,0 Regular 1,0 4,0 Bom 27 96 34 Muito bom 0,0 0,0 Excelente 0 0 Fonte: As autoras (2021) Ao avaliar as opiniões dos profissionais de enfermagem, com relação ao suporte e condições de trabalho durante a pandemia de COVID-19, verificou-se que com relação a oferta de EPI’s, 70% consideram como “bom” e outros 30% consideram como regular, o que evidencia a necessidade de melhoria da instituição hospitalar com relação a este aspecto. Quando questionados sobre a existência de espaço para falar sobre seus sentimentos, 40% afirmam ser insuficiente, outros 40% afirmaram ser regular e outros 20% afirmaram ser bom. Estas afirmações evidenciam que, grande parte dos profissionais se sente pressionada no ambiente de trabalho e não tem espaço para expor suas opiniões e sentimentos, o que pode gerar desgaste psicológico e agravar doenças pré-existentes. Com relação ao espaço para relaxar durante os turnos de trabalho/plantão, constatou-se que 41% consideram bom, outros 30% consideram insuficiente, 21% consideram regular e 7% consideram muito bom. Estas informações evidenciam a necessidade de melhoria com relação à criação de espaços adequados para que os profissionais de enfermagem possam realizar uma pausa durante o turno de trabalho, tendo em vista que o descanso adequado é um importante fator para redução do estresse gerado durante o cotidiano de trabalho. Quando questionados sobre o nível de confiança em prestar os cuidados relacionados ao risco de adquirir o vírus, 56% consideram bom, outros 32% consideram regular, 8% consideram muito bom e outros 4% consideram insuficiente. Essas informações evidenciam que a grande maioria dos profissionais de enfermagem se sente adequadamente preparado para prestar o atendimento aos pacientes e evitar a contaminação pelo vírus. Quando questionados sobre a oferta de álcool em gel e as condições para realizar a lavagem das mãos, constatou-se que 96% dos participantes consideram bom e outros 4% consideram regular. Estas informações evidenciam que a instituição hospitalar oferece boas condições de higienização aos profissionais de enfermagem para evitar a infecção pelo vírus. 35 Tabela 4 – Preparação para o trabalho e complicações com pacientes de COVID-19 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO TOTAL 2021 28 RECEBEU ALGUMA INSTRUÇÃO, PREPARO PARA ATUAR JUNTO AO CUIDADO DE PESSOAS SUSPEITAS OU PORTADORAS DE COVID? N % Não 2 8 Sim 26 92 COMO VOCÊ SE SENTE OU SE PERCEBE TRABALHANDO DIRETAMENTE COM PESSOAS SUSPEITAS OU CONFIRMADAS DE COVID 19? N % Inseguro/com medo/triste 8 30 Indiferente 10 35 Confiante/útil/feliz por ajudar 10 35 RELACIONADO A PETURBAÇÕES OU IRREGULARIDADES NO SEU COTIDIANO DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19 N % Sim 15 55 Não 13 45 NESSE PERÍODO DE PANDEMIA VOCÊ TEM SOFRIDO OU SOFREU ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA OU DISCRINAÇÃO POR SER PROFISSIONAL ATUANTE NA LINHA DE FRENTE? N % Sim 9 32 Não 19 68 VOCÊ TEVE QUE SE AFASTAR DA SUA ROTINA DE TRABALHO DURANTE ESSE PERÍODO DE PANDEMIA POR COVID-19? N % Sim 13 45 Não 15 55 36 O QUE MUDOU EM SUA ROTINA PROFISSIONAL COM A CHEGADA DA PANDEMIA POR COVID- 19? N % Adaptações a rotina de trabalho 6 20 Cuidados redobrados 6 20 Tudo 11 41 Necessidade de mais EPI’s 3 12 Nada 2 7 O QUE MUDOU EM SUA ROTINA SOCIAL COM A CHEGADA DA PANDEMIA POR COVID- 19? N % Tudo 28 100 Outro 0 0 Fonte: As autoras (2021) Com relação ao nível de preparação para o trabalho e complicações relacionadas ao atendimento de pacientes com COVID-19, verificou-se que 92% dos participantes receberam algum tipo de preparo para atuar junto ao cuidado de pacientes com COVID-19 e outros 8% afirmaram que não. Essa informação evidencia que a grande maioria dos profissionais de enfermagem recebeu orientações específicas para atender estes pacientes e evitar a contaminação pelo COVID-19. Quando questionados sobre como se sentem ao atender pessoas com suspeita ou confirmadas com COVID-1935% afirmaram que se sentem indiferentes, outros 30% afirmaram que se sentem úteis e felizes por poderem ajudar e outros 30% afirmaram que sentem medo, insegurança e tristeza. Essas afirmações deixam claro que o trabalho com pessoas com COVID-19 desperta diferentes sentimentos entre os profissionais de enfermagem, o que pode impactar diretamente sobre a saúde mental destas pessoas. Quando questionados a respeito de perturbações ou irregularidades no cotidiano durante a pandemia por COVID-19 55% afirmaram que sim e outros 45% afirmaram que não. Essa informação evidencia que a maioria dos profissionais de 37 enfermagem sentiu algum tipo de perturbação devido às alterações geradas pelo quadro de pandemia em seu âmbito profissional. Quando questionados se sofreram algum tipo de violência ou discriminação por ser profissional atuante na linha de frente durante a pandemia de COVID-19, 68% dos participantes afirmam que não, enquanto que 32% afirmaram que sim. Essa informação evidencia que a pandemia de COVID-19 fez com que um grande número de profissionais de enfermagem passasse por situações de discriminação e violência, em especial devido a problemas relacionados ao atendimento de pacientes contaminados, falta de leitos, superlotação, desespero de familiares, entre outros aspectos. Quando questionados sobre afastamentos de sua rotina de trabalho durante esse período de pandemia por COVID-19 55% afirmaram que não, enquanto 45% afirmaram que sim. Essa informação demonstra que grande parcela dos profissionais de enfermagem afastaram-se de suas atividades laborais durante a pandemia, evidenciando problemas como estresse, problemas psicológicos, desgaste físico e emocional, entre outros fatores. Ao serem questionados sobre o que mudou em sua rotina profissional com a chegada da pandemia por COVID- 19, 41% afirmam que mudou tudo, outros 20% ressaltaram a necessidade de adaptações ao trabalho, 20% citaram os cuidados redobrados, 12% afirmaram que a necessidade de maiores cuidados com os EPI’s e 7% afirmaram que não mudou nada. Essas informações demonstram que a pandemia de COVID-19 provocou grandes alterações na rotina dos profissionais de enfermagem, o que pode representar um fator gerador de estresse e desgaste emocional. Ao serem questionados sobre oque mudou em sua rotina social com a chegada da pandemia por COVID- 19, 100% dos participantes afirmaram que mudou completamente. Essa informação demonstra que os impactos da pandemia de COVID-19 ultrapassaram a fronteira do âmbito profissional e afetaram diretamente a vida social e pessoal dos profissionais de enfermagem, sendo assim, um importante fator gerador de problemas de ordem emocional e psicológica e, consequentemente, um importante fator de desgaste da saúde mental destes profissionais. 38 5.2 DISCUSSÃO Mediante a pandemia evidenciou-se os profissionais da área da saúde em especial a Enfermagem que passaram a ser notados como profissionais essenciais para o funcionamento adequado das instituições de saúde como hospitais, laboratórios, unidades de atenção básica e as demais áreas relacionadas à saúde e ao combate da COVID-19. No Brasil, o prolongamento do descontrole sobre a crise da pandemia exacerbou a sensação de exaustão e de sofrimento dos profissionais da saúde diante do contexto precário em que têm atuado. Diversos estudos têm demonstrado as consequências da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde, com aumento dos quadros de estresse, síndrome de burnout, depressão, ansiedade etc (TEXEIRA et al., 2020; ORNELL et al., 2020). Perante as dificuldades geradas pela pandemia do coronavírus, o Brasil vive um momento que exige respostas coordenadas de todas as instituições da área de saúde pública, em conjunto com as instituições privadas, bem como, de todos os profissionais envolvidos, pois a soma destes esforços pode salvar vidas e evitar a disseminação do COVID-19. Durante a pandemia os profissionais de enfermagem assumiram um papel de protagonismo no âmbito da saúde, sendo responsáveis por coordenar campanhas de saúde, realizar programas de prevenção e orientação aos cidadãos sobre a importância do uso dos equipamentos de proteção individual, bem como, atuar de forma preventiva nas instituições de saúde pública. Toescher et al. (2020, p. 1) comenta que o papel dos profissionais de enfermagem e o aumento dos riscos de contaminação por COVID-19 e desenvolvimento de problemas relacionados à saúde mental. Nesse contexto, é importante ressaltar o papel do profissional de enfermagem na prevenção de doenças, promoção da saúde e cuidados, especialmente em um momento crítico como a pandemia, que exige esforços conjuntos do governo, da sociedade e dos profissionais de saúde que assumiram o papel de protagonistas nesse cenário. Na linha de frente, estão os profissionais de enfermagem, cuja profissão emergiu como prática social associada aos elementos que compõem a vida humana nos seus múltiplos aspectos, com base na prevenção, promoção e reabilitação da saúde. Compreendem a maior categoria profissional da área, 39 e ao permanecerem 24 horas ao lado dos pacientes, estão mais susceptíveis aos possíveis impactos psicológicos da pandemia (TOESCHER, 2020, p. 1) Estes esforços impactam diretamente sobre o acréscimo da jornada de trabalho para atender às crescentes demandas, o que tem influência direta sobre fatores como a rotina de sono, nível de estresse, desgaste físico e mental destes profissionais. Sobre a sobrecarga dos profissionais de saúde, Costa (2003, p. 1) enfatiza que: Para profissionais de saúde diretamente ligados ao atendimento de casos de COVID-19, existem alguns fatores estressores além dos que já ocorrem nos serviços de saúde em geral. Cuidar de pacientes que sofrem de COVID-19 pode ter um efeito emocional importante. É comum se sentir sobrecarregado e sob pressão, mas é importante lembrar que o estresse deste momento não significa fraqueza ou incompetência profissional. É tão necessário cuidar da saúde mental quanto da física. Desta forma, se pode afirmar que a pandemia do COVID-19 gerou grande impacto sobre todo o sistema de saúde Brasileiro e seus profissionais, gerando sobrecarga em médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais envolvidos nas áreas de gestão de hospitais e instituições de saúde em geral. Nesse sentido, Toescher (2020, p. 1) complementa, dizendo que: Esses profissionais, portanto, tornam-se facilmente alvos de vivências estressoras no contexto de pandemias como: sobrecarga, fadiga, exposição a mortes em larga escala, frustrações relacionadas à qualidade da assistência, ameaças, agressões e risco aumentado de serem infectados. Nesse caso, emergem o medo e a incerteza que podem influenciar de forma negativa no comportamento e bem-estar geral desses profissionais e, consequentemente, interferir na sustentação da qualidade dos cuidados em saúde destinados à população. Por meio dos resultados da pesquisa foi evidenciado que a instituição hospitalar estudada busca fornecer condições de trabalho adequadas aos profissionais de enfermagem com relação aos equipamentos de proteção individual, álcool em gel, orientações para o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. Além disso, muitos profissionais evidenciaram que se sentem tristes ou sentem medo com relação ao atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. Lotta et al (2021, p. 9) realizou uma pesquisa na qual indagou os profissionais de saúde sobre quais os motivos aos quais se sentem despreparados. 40 Foram 1529 relatos que fazem menção, principalmente, a: (i) situação política e má condução da pandemia pelo Governo Federal, além do negacionismo disseminado entre a população (presente em 307 relatos de despreparado, ou seja 20% do total de 1529); (ii) medo e insegurança por ser profissional da linha de frente e estar exposto (a) ao vírus e/ou contaminar a família (em 305 relatos, 19,9%); (iii) faltade apoio dos superiores e gestão municipal, que não oferecem treinamento e orientações (em 219 relatos, ou seja, 14,3%); (iv) falta de EPIs, vacinas e testagem (em 204 relatos, 13,4%); (v) falta de informações consolidadas sobre a doença e incertezas (em 194 relatos, em 12,6%); (vi) aumento do número de casos e óbitos (em 128 relatos, isto é, 8,3%) e sistema de saúde colapsando (em 110 relatos, ou seja, 7,2% dos relatos). Nesse cenário é preciso ressaltar que os impactos da pandemia foram profundos sobre o Sistema Único de Saúde. Com a sobrecarga dos hospitais privados no atendimento de pacientes graves por COVID-19, as demandas no SUS tiveram um crescimento expressivo e devem ser devidamente administradas pelos gestores e profissionais da saúde pública e essas adequações impactam diretamente sobre a rotina e a qualidade de trabalho dos profissionais de enfermagem. Para que seja garantido o atendimento de qualidade e melhores condições de trabalho aos profissionais de enfermagem são necessários investimentos em materiais de trabalho, insumos, equipamentos e treinamento aos profissionais envolvidos. Sobre isso, Lotta (2021, p. 11) afirma que: A cobertura das condições materiais de trabalho durante a pandemia envolve também o treinamento específico para o enfrentamento à crise, uma vez que o cenário de incertezas, conflitos políticos, alta vulnerabilidade e condições extremas exigem mais atenção à capacitação dos profissionais de saúde. Apesar disso, os dados mostram que apenas 27,4% dos respondentes alegaram ter recebido treinamento sobre os protocolos para enfrentar a pandemia. Os respondentes do Nordeste são aqueles que declararam, proporcionalmente, ter recebido menos treinamento (18,7%) - comparado a 21,1% do Norte, 28,4% do Centro Oeste, 39,7% do Sudeste e 30,6% do Sul. Os profissionais de enfermagem estão cada vez mais expostos a situações de cobrança excessiva, jornadas prolongadas de trabalho, situações de discriminação e violência física e verbal por parte de pacientes, familiares e usuários do sistema de saúde, além de fatores estressantes como superlotação, falta de insumos e suprimentos básicos para o atendimento dos pacientes acometidos com COVID-19, entre outros aspectos que impactam diretamente sobre a perda de qualidade de vida no trabalho e sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem. 41 Sobre os principais fatores geradores de stress em profissionais de enfermagem, Nabuco et al (2002, p.1) comenta que: Os principais fatores de risco para adoecimento mental identificados incluem: vulnerabilidade social, contrair a doença ou conviver com alguém infectado, existência de transtorno mental prévio, ser idoso e ser profissional de saúde. O isolamento físico e o excesso de informações nem sempre confiáveis somam estressores à crise. Atualmente o Brasil vive um momento crítico, no qual, mesmo com a vacinação em massa, O COVID-19 ainda apresenta elevados índices de contaminação, o que evidencia a necessidade de um esforço conjunto entre as instituições de saúde públicas e privadas, bem como, de todos os profissionais envolvidos, impactando sobre aumento das jornadas de trabalho. Na linha de frente e em contato direto com a população, os profissionais de saúde brasileiros estão constantemente expostos ao risco de contaminação do vírus da COVID-19. Segundo boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no dia 4 de março de 2021, mais de 144 mil casos suspeitos entre profissionais de saúde foram notificados em 2021, sendo cerca de 39 mil confirmados. As profissões de saúde com maiores registros dentre os casos confirmados foram técnicos/auxiliares de enfermagem (11.779; 29,8%), seguidos de enfermeiros (6.747; 17,1%), médicos (4.690; 11,9%), Agentes Comunitários de Saúde (1.941; 4,9%) e farmacêuticos (1.845; 4,7%) (BRASIL, 2021). Esse cenário faz com que os profissionais de enfermagem sejam sobrecarregados, gerando atitudes como a auto medicação, busca por tratamentos psicológicos, afastamento do trabalho, distúrbios relacionados ao sono, problemas de ordem profissional, social e familiar, entre outras sequelas deixadas pela situação extrema gerada pela pandemia, tendo forte impacto negativo sobre a saúde mental destes profissionais. Além dos riscos de desenvolvimento de reações e transtornos da população geral, existe ainda a possibilidade de Síndrome de Burnout, que engloba a sensação de esgotamento, distanciamento emocional e perda de sentido de realização profissional. Esta síndrome está relacionada a diversos fatores internos e externos na relação da pessoa com o trabalho. Outra possibilidade é o Estresse traumático secundário, em que a pessoa apresenta os sintomas de Estresse pós-traumático ao entrar em contato com traumas vivenciados por outras pessoas (COSTA, 2020, p.1) A pandemia de COVID-19 evidenciou a necessidade de um debate amplo sobre estratégias de saúde e sobre a gestão das instituições de saúde em geral. 42 Acredita-se que os impactos desta pandemia serão perenes, ou seja, após o término desta pandemia teremos um sistema de saúde totalmente modificado e adaptado ao enfrentamento de situações extremas, tais como uma pandemia. Isso porque, até o período que antecedeu a pandemia não se tinha a exata noção das consequências que um evento como uma pandemia poderia trazer aos profissionais de enfermagem e sua saúde mental, ou seja, os danos e sequelas provocadas por essa situação extrema, até então, eram desconhecidos. Sobre o agravamento de problemas de saúde mental, Costa (2020, p. 3) comenta que: As equipes de saúde devem ser capazes de identificar casos em que os sintomas de depressão ou ansiedade apresentam impacto mais intenso no funcionamento geral da pessoa. Estes casos precisam de intervenções precoces e específicas, por profissionais médicos e psicólogos, com atuação em rede, conforme os fluxos e normativas de atendimento da rede de saúde. Para isso é fundamental que o SUS passe por aprimoramentos e mudanças de ordem estrutural, incluindo diversos aspectos como: investimentos na construção de novos hospitais, aquisição de equipamentos com tecnologias de ponta, investimento em pesquisa e desenvolvimento e, especialmente na contratação de um maior contingente de profissionais para atuar na área de enfermagem tendo em vista o papel fundamental da equipe de enfermagem no enfrentamento da pandemia de COVID-19. Diante do quadro de pandemia e as necessidades de aprimoramento no sistema de Saúde Pública Brasileiro, Lotta (2021, p. 28) apresenta uma série de recomendações. (i) distribuir recursos materiais de qualidade que garantam a segurança dos(as) trabalhadores, principalmente EPIs e materiais de testagem para todos os(as) profissionais dos diferentes níveis de atenção; (ii) disseminar informações adequadas/oficiais sobre fluxos de trabalho, procedimentos, praticas de proteção, etc.; (iii) investir em estratégias territoriais que permitam o controle do contágio e a cobertura de locais com maiores índices de contaminação; (iv) consolidar canais de teleatendimento medico (teleconsulta) na Atenção Básica para a manutenção da assistência medica com baixo risco de contagio para profissionais e pacientes; (v) garantir de forma efetiva politicas de suporte emocional e psicológico para os(as) profissionais da ponta utilizando estratégias que facilitem o acesso; (vi) fortalecer os mecanismos para denúncia e enfrentamento a práticas de assédio moral contra os trabalhadores da saúde; (vii) divulgar dados desagregados sobre gênero, sexo, raça, classe, território, dentre outros marcadores sociais para melhor compreensão sobre os impactos diferenciados entre a população brasileira. 43 Diante do exposto, pode-se dizer que são várias as demandas para que possa ser garantido o atendimento a uma grande quantidade simultânea de pacientes, incluindo a criação de fluxos específicos, mobilização de profissionais qualificados, alta disponibilidade de insumos, equipamentos de proteção individual e equipamentoscomo leitos de UTI e ventiladores mecânicos, investimento na construção de hospitais, ampliação do número de leitos, entre outros. 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluir este trabalho foi possível caracterizar que a equipe de enfermagem é formada predominantemente por profissionais com formação técnica em enfermagem do sexo feminino com idade variando entre 21 e 46 anos e em relacionamento estável. Com relação ao trabalho, a maioria dos entrevistados possui uma jornada de trabalho de 12 horas e uma rotina de sono de 6 horas. Com relação aos métodos de cuidados utilizados e aplicados durante o cotidiano assistencial aos pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, os cuidados com relação ao uso de EPI 's apresentam destaque, bem como, o uso do álcool em gel e condições adequadas para efetuar a lavagem das mãos. Ao avaliar os desafios enfrentados e experimentados durante a sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19 foram citados aspectos diversos como a existência de um local adequado para descanso durante os plantões, a possibilidade de expor seus sentimentos e dificuldades e receber a preparação adequada para atuar no atendimento de pacientes com suspeita/confirmação de COVID-19 evitando a contaminação. A percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou somatizar a aplicação da autoproteção inclui a necessidade constante de adequações a rotina de trabalho, aumentar a atenção e redobrar os cuidados com higiene e biossegurança, ampliação da oferta de EPI’s e realização de treinamentos específicos para o trabalho com pacientes infectados, melhoria e ampliação da capacidade de atendimento. Para minimizar o estresse emocional antes, durante e após a sua atividade assistencial são necessários vários fatores que envolvem não somente os aspectos individuais de cada profissional como o autocuidado, por meio da redução da jornada de trabalho, aumento da rotina de sono, prática de exercícios, descanso e lazer, evitar situações de violência e perturbação durante o exercício das atividades. No entanto, são necessárias mudanças para evitar o agravamento do quadro de estresse emocional dos profissionais de enfermagem, os quais não dependem somente desses profissionais, mas sim, de mudanças e melhorias específicas no sistema de saúde como um todo, por meio da contratação de um contingente maior de profissionais de enfermagem para suprir as crescentes demandas, ampliação da capacidade de atendimento, especialmente em UTI’s e em alas direcionadas a 45 pacientes com COVID-19, oferecimento de melhores condições de trabalho aos profissionais de enfermagem, por meio de treinamentos e capacitação, melhoria das instalações com áreas para descanso nos turnos, rodas de diálogo entre os profissionais para que possam expor suas ideias e sentimentos, ampliação da oferta de equipamentos de proteção individual, entre outros. Acredita-se que esta série de aprimoramentos nas instituições de saúde será capaz de reduzir a superlotação e com isso, reduzir as situações de violência física e verbal contra profissionais de enfermagem, possibilitar a redução da jornada de trabalho por meio da redução das horas extras, possibilitando maior tempo de sono e descanso, o que impacta diretamente na redução do nível de estresse e melhoria das condições de relaxamento e descanso para os profissionais de enfermagem. 46 REFERÊNCIAS BASTOS, M. L. O texto e o contexto nas tendências de enfermagem. Revista Paulista de Saúde Pública, 2012. BELANCIERI, Maria De Fatima. Enfermagem Estresse e repercussões psicossomáticas. Bauru, SP: Edusc, 2005. p.128. BRASIL. Saúde do trabalhador: stresse. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/saude-do-trabalhador/estresse . Acesso em: 18 out. 2020. BRASIL 9 BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ESPECIAL. Doença pelo Coronavírus COVID-19. Mistério da Saúde. Secretaria da vigilância em Saúde, 2021. 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