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TCC saúde mental 2021

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SOCIEDADE EDUCACIONAL SANTA CATARINA – UNISOCIESC
CAMPUS ANITA GARIBALDI – JOINVILLE/SC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DAIANI FRANCISCO FLORIANO
PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA
SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19
Joinville/SC
2021
DAIANI FRANCISCO FLORIANO
PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA
SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19
Trabalho de Conclusão de Curso, elaborado como
pré-requisito, para obtenção do título de Enfermeiro,
pela Sociedade Educacional Santa Catarina –
UNISOCIESC.
Orientador: Prof° Msc. Elisandra Alves Kuse
Joinville/SC
2021
DAIANI FRANCISCO FLORIANO
PRISCILA MAIARA MURARO ROCHA
SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA FRENTE À PANDEMIA COVID-19
Este trabalho foi julgado e aprovado em sua
forma final, sendo assinado pelos professores
da Banca Examinadora.
Joinville, 12 de junho de 2021.
_______________________________________
Prof. Msc. Elisandra Alves Kuse
Orientadora
_______________________________________
Prof. Adelmo Fernandes (Membro Interno)
_______________________________________
Prof. Eliane Santana Ribeiro Campi (Membro Interno)
DEDICATÓRIA
Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em nossas
vidas, nosso guia e socorro de todas as horas, aos nossos familiares e
companheiros. Foi pensando nas pessoas que executamos este projeto, por isso
dedicamos este trabalho a todos aqueles a quem esta pesquisa possa ajudar de
alguma forma.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus por nos permitir viver este momento importante em
nossas vidas, nos dando o discernimento em todas as horas. Aos nossos
companheiros e nossa família por nos apoiarem em todos estes anos de faculdade e
entenderem nossa ausência e aos nossos filhos por nos dar forças para lutar
sempre. À nossa orientadora, nosso espelho, a Professora Elisandra Alves Kuse por
estar ao nosso lado desde o início e ter aceitado nos acompanhar neste projeto, o
seu empenho foi essencial para a nossa motivação à medida que as dificuldades
iam surgindo ao longo do percurso. Por fim, agradecemos a instituição e aos
profissionais que aceitaram participar da pesquisa, por permitirem a aproximação e o
entendimento mais completo sobre suas rotinas.
RESUMO
Introdução: O primeiro alerta do governo chinês sobre o surgimento de um novo
coronavírus foi dado em 31 de dezembro de 2019 e recebeu o nome técnico
COVID-19, se espalhou por cinco continentes e matou milhares de pessoas. Nesse
contexto, os profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente na batalha
contra o COVID-19 ficaram sobrecarregados devido ao aumento da demanda, falta
de insumos, materiais e leitos para o tratamento destes pacientes, o que acarretou
em problemas relacionados à saúde mental. Objetivo: Conhecer a percepção do
profissional de enfermagem enquanto agente do cuidado sobre sua saúde mental
durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19. Metodologia: O
método da pesquisa foi a abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt localizado no município de Joinville/SC. Os
participantes da pesquisa foram profissionais de enfermagem da unidade de terapia
intensiva que estão envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de
pacientes infectados ou com suspeitas de COVID-19 e que aceitaram participar da
pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista com a aplicação
de um questionário semiestruturado que foi realizado pelo Google Forms.
Resultados: A percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou
somatizar a aplicação da autoproteção inclui a necessidade constante de
adequações a rotina de trabalho, aumentar a atenção e redobrar os cuidados com
higiene e biossegurança, ampliação da oferta de EPI’s e realização de treinamentos
específicos para o trabalho com pacientes infectados, melhoria e ampliação da
capacidade de atendimento.
Palavras-chave: Saúde mental, Enfermagem, Pandemia, Coronavírus.
ABSTRACT
Introduction: The Chinese government's first warning about the emergence of a
new coronavirus was given on December 31, 2019 and received the technical name
COVID-19, spread across five continents and killed thousands of people. In this
context, nursing professionals working on the front line in the battle against
COVID-19 were overwhelmed due to increased demand, lack of insum, materials
and beds for the treatment of these patients, which led to problems related to mental
health. Objective: To know the perception of nursing professionals as a care agent
about their mental health during their performance in times of pandemic by
COVID-19. Methodology: The research method was the qualitative approach. The
research was carried out at the Hans Dieter Schmidt Regional Hospital located in the
municipality of Joinville/SC. The research participants were nursing professionals
from the intensive care unit who are directly involved in the care and treatment of
patients infected or suspected of COVID-19 and who agreed to participate in the
research. Data collection was performed through an interview with the application of
a semi-structured questionnaire that was conducted by Google Forms. Results: The
team's perception of the factors that can interfere or somatize the application of
self-protection includes the constant need for adaptations to the work routine,
increased attention and redouble care with hygiene and biosafety, expansion of the
supply of PPE and specific training for work with infected patients, improvement and
expansion of care capacity.
Keywords: Mental health, Nursing, Pandemic, Coronavirus.
LISTA DE ABREVIATURAS
ANCP: Academia Nacional de Cuidados Paliativos.
CAPC: Center for Advanced Palliative Care.
CFM: Conselho Federal de Medicina.
COFEN: Conselho Federal de Enfermagem.
COVID-19: Coronavírus
CP: Cuidados Paliativos.
CNS: Conselho Nacional de Saúde.
DCNT: Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
IDH: Índices de Desenvolvimento Humano.
MS: Ministério da Saúde.
NIOSH: National Institute for Occupational and Health
OMS: Organização Mundial de Saúde.
OPAS: Organização Pan-americana de Saúde.
PIB: Produto Interno Bruto.
SUS: Sistema Único de Saúde.
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
UBS: Unidade Básica de Saúde.
UPA: Unidade de Pronto Atendimento.
UTI: Unidade de Terapia Intensiva
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados de identificação dos participantes da pesquisa 28
Tabela 2 – Dados coletados referentes aos riscos que os profissionais são
submetidos no local de trabalho 30
Tabela 3 – Condições de trabalho oferecidas na Pandemia 31
Tabela 4 – Preparação para o trabalho e complicações com pacientes de COVID-19
34
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 12
1.1 HIPÓTESE 14
1.2. PROBLEMA 14
2. OBJETIVOS 15
2.1 OBJETIVO GERAL 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
3. DESENVOLVIMENTO 16
3.1 O QUE É SER ENFERMAGEM 16
3.2 EM TEMPOS DE PANDEMIA E UM POUCO DA SUA HISTÓRIA 17
3.3 EQUIPE DE SAÚDE E CUIDADOS ASSISTENCIAIS DE ALTA COMPLEXIDADE
18
3.4 STRESSE PSICOEMOCIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E PERDAS
DOS SEUS ASSISTIDOS 19
4. MATERIAIS E MÉTODOS 23
4.1 TIPO DE PESQUISA 23
4.2 CONTEXTO DO ESTUDO 23
4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO 24
4.4 LOCAL DA PESQUISA 24
4.5 COLETA DE DADOS 25
4.6 ANÁLISE DE DADOS 26
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 26
4.7.1 Riscos da pesquisa 27
4.7.2 Benefícios da pesquisa 27
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 29
5.1 COLETA DE DADOS 29
5.2 DISCUSSÃO 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS 46
APÊNDICES 50
ANEXOS 53
ANEXO I TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE IMAGEM E SOM DE VOZ
53
ANEXO II - Carta de anuência 55
ANEXO III - Parecer Consubstanciado do CEP 56
ANEXO IV - Termo de consentimento para uso de imagem e som de voz 60
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.hh90nrqd00ri
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3znysh7
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2et92p0https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.tyjcwt
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3dy6vkm
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1t3h5sf
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.4d34og8
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2s8eyo1
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3rdcrjn
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.z337ya
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1y810tw
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3whwml4
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3as4poj
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1pxezwc
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2p2csry
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.zu0gcz
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.zu0gcz
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3jtnz0s
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.3jtnz0s
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1yyy98l
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1yyy98l
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.4iylrwe
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2y3w247
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1d96cc0
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.47fxnbnh3fan
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.47fxnbnh3fan
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2ce457m
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.2ce457m
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.rjefff
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.rjefff
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1opuj5n
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.1opuj5n
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.1qoc8b1
https://docs.google.com/document/d/1XLaZ1xhYcR9iqH-nr1uaz1KOWlhijLjW/edit#heading=h.bbu1goqajrjk
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.4anzqyu
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.2pta16n
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.4anzqyu
ANEXO V - Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12 64
ANEXO VI - Termo de Compromisso do Pesquisador Responsável 65
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.2pta16n
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg
https://docs.google.com/document/d/1kp-oKWODnPshegQTZZUbFNfSqL2Vhb8O/edit#heading=h.14ykbeg
12
1. INTRODUÇÃO
Desde o seu início de forma silenciosa em Dezembro de 2019 na cidade de
Wuhan, na China, o novo Coronavírus (SARS-CoV-2) vem sendo o grande
responsável pelo desencadeamento da pandemia nominada de COVID-19 a qual
acomete o sistema respiratório e desencadeia instabilidade clínica importante aos
seres humanos e em alguns casos, levando a morte. O Coronavírus, é um vírus
zoonótico, um RNA vírus da ordem Nidovirales, da família Coronaviridae (OLIVEIRA;
LUCAS; IQUIAPAZA, 2020).
Frente a sua magnitude de dano, tal evento vem despertando inúmeros
conflitos sejam aqueles de ordem de saúde social e saúde pública, financeira,
estrutural e emocional na humanidade e instabilidades psicoemocionais nos
trabalhadores que atuam na linha frente cuidando daqueles que se encontram
adoecidos por esse mau, por estarmos nos deparando com algo até então
desconhecido, culminando na preocupação de todas as esferas que circundam os
cidadãos no mundo (OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020; FREITAS; NAPIMOGA;
DONALISIO, 2020).
Acerca dos casos confirmados da COVID-19 até março de 2020 de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já ultrapassavam até esse período
mais de 214 mil vítimas em todo o cenário mundial. Dados estes que se ascenderam
de forma importante frente há não existência de planos estratégicos de contingência
que estivessem disponíveis, alinhados e estruturados para serem aplicados, visando
conter o alastramento do Coronavírus, bem como, por não contarmos com espaços
devidamente estruturados para acolher aqueles que se encontravam enfermos,
afinal de contas, tudo era novo, tudo até então era incerto e por esse motivo gerou
ainda mais instabilidade (LIMA, 2020; OLIVEIRA; LUCAS; IQUIAPAZA, 2020).
A pandemia ocasiona e vem ocasionando caos e quando há existência de
caos, se desenvolve conflitos e crises sociais e a pandemia da Coronavírus tem se
caracterizado como um dos maiores problemas de saúde pública internacional das
últimas décadas no planeta (WHO, 2020).
Recomendações atribuídas através de entidades tais como a OMS, Ministério
da Saúde (MS) do Brasil, Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos
Estados Unidos, dentre outras organizações, destacavam o quão importante era a
aplicação de planos de contingência da influenza por meio do isolamento social
13
(evitar aglomerações), utilização de máscaras mesmo que caseiras por aqueles que
não atuam no cuidado em saúde, frisavam a importância da higiene das mãos e da
utilização de álcool gel sobre as mesmas, utilização de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) por parte dos profissionais atuantes na linha de frente ao combate
do Coronavírus e de outras ferramentas que pudessem induzir e conduzir no
compartilhamento de informações por meio das mídias sociais e demais
instrumentos primando pelo compartilhamento de conhecimento para evitar o
alastramento de larga escala de algo que era e ainda é desconhecido, e que
potencializa a possibilidade do adoecimento (FREITAS; NAPIMOGA; DONALISIO,
2020).
Frente ao que fora exposto acima, era possível perceber a presença de uma
preocupação apenas com a não disseminação do vírus. A mídia enfatizava
diariamente o quantitativo de mortes pelo COVID-19, da existência de superlotação
dos serviços de saúde, da escassez de EPIs, da necessidade da abertura de novos
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da criação de novas estratégias de
cuidados por órgãos governamentais e de vigilância, da necessidade de liberação de
verba por parte do governo, dentre outros (MATOS, 2018; FARO et al., 2020).
A sociedade clamava por ajuda, órgãos de vigilância e outras entidades
focavam na cura por meio da criação da vacina salvadora, no não aumento de novos
casos e esqueceram de algo importante, de focar naqueles que atuavam na linha de
frente (os profissionais da área da saúde) os quais também careciam de
necessidades e atenção quanto ao seu estado de saúde mental, pois esses eram os
que estavam mergulhados na atenção direta, presenciavam em suas rotinas laborais
as baixas (perdas) de vidas por esse mal, eram estes que in loco contabilizam na
íntegra a beira do leito os dados estatísticos que eram sinalizados pela mídia (morre
mais um por COVID-19), eram estes que removiam os dispositivos que não mais
teriam utilidade e que informavam as familiares dessas vítimas, que seu ente
queridonão estava mais entre nós, dentre outros detalhes que circundavam a
rotinas desses profissionais, o que de certa forma, tais eventos poderiam motivar o
despertar do adoecimento mental desses atores do cuidado.
Frente ao que fora mencionado anteriormente, o referido trabalho se justifica
devido uma das pesquisadoras ter participado na linha de frente no cuidado de
vítimas do COVID-19 e ter percebido que a seu status psicoemocional fora afetado
em relação ao seu cotidiano profissional (laboral), devido à necessidade de uso de
14
EPIs os quais lhe protegiam, mas limitavam a presença da comunicação (verbal e
não verbal) e social, por ter que ficar privada do contato de pessoas que
complementam o seu bem estar, tal como pais, mães, esposo e filhos, e por
perceber que a pandemia era real, se fazia presente e que desencadeia perdas.
Da mesma forma, esse estudo possui como objetivo principal conhecer a
percepção do profissional de enfermagem enquanto agente do cuidado sobre seu
status psicoemocional durante sua atuação em tempos de pandemia por COVID-19.
Tal como, buscamos identificar através da pergunta norteadora desse estudo: Quais
os nuances que circundam o profissional de enfermagem frente a sua assistência ao
paciente em tempos de pandemia por COVID-19?
1.1 HIPÓTESE
Sabe-se que em unidades hospitalares, a enfermagem representa o maior
número de profissionais de saúde, cujo trabalho é centrado no cuidado ao ser
humano, envolvendo uma ligação direta entre profissional/paciente e a vivência de
vários fatores. Esses fatores são potenciais de impactos negativos psicossociais e
psicossomáticos, gerando a diminuição da produtividade e o aumento do índice de
acidentes de trabalho e uma assistência de enfermagem ineficaz.
Por sua vez, o trabalho da equipe de enfermagem requer competência
técnica e científica, conhecimento, habilidade e controle emocional sobre a prática,
tendo em vista que a assistência apresenta situações de risco, desgaste físico e
emocional, responsabilidades com a vida das pessoas, enfrentamento de medos e
sofrimentos. Toda essa situação de estresse provocada pela pandemia por
COVID-19 em que o profissional fica exposto pode levar à ocorrência de desgastes
psicológicos, estresse elevado, ansiedade, depressão. Essas comorbidades, quando
se fazem presentes, podem impactar negativamente na satisfação com o trabalho,
resultando em prejuízos na assistência, qualidade do cuidado e segurança do
paciente.
1.2. PROBLEMA
Quais são os nuances que circundam o profissional de enfermagem frente a
sua assistência ao paciente em tempos de pandemia por COVID-19?
15
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Conhecer a percepção do profissional de enfermagem enquanto agente do
cuidado sobre seu status psicoemocional durante sua atuação em tempos de
pandemia por COVID-19.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Caracterizar o perfil da equipe quanto: a categoria, ao sexo, e a idade.
b) Verificar a percepção da equipe, acerca dos desafios enfrentados e
experimentados durante a sua atuação em tempos de pandemia por
COVID-19.
c) Conhecer os métodos de cuidados utilizados e aplicados durante o seu
cotidiano assistencial.
d) Apontar, a percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou
somatizar a aplicação da autoproteção e minimizar stress emocional antes,
durante e após a sua atividade assistencial.
16
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 O QUE É SER ENFERMAGEM
A Enfermagem é uma profissão de saúde reconhecida desde a segunda
metade do século XIX, quando Florence Nightingale acrescenta atributos a um
campo de atividades de cuidado à saúde, desenvolvido milenarmente por indivíduos
ou grupos com diferentes qualificações e em diferentes cenários. Com Florence, o
cuidado ganha especificidade no conjunto da divisão do trabalho social, é
reconhecido como um campo de atividades especializadas e necessárias/úteis para
a sociedade e que, para o seu exercício, requer uma formação especial e a
produção de conhecimentos que fundamentam o agir profissional (PIRES, 2009).
É a profissão que está presente em todas as instituições assistenciais, sendo
que na rede hospitalar está presente nas 24 horas de todos os 365 dias do ano.
Estes dados, por si só, já demonstram que a qualidade das ações de enfermagem
interfere, diretamente, na qualidade da assistência em saúde (BASTOS, 2012).
A Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática social indispensável à
organização e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como responsabilidade
a promoção e a restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio
do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à coletividade; organiza
suas ações e intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com outros
profissionais da área; tem direito à remuneração justa e a condições adequadas de
trabalho, que possibilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos.
Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos direitos
humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os direitos da pessoa à
vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à
dignidade e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença
religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero,
orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social
(COFEN, 2017).
De acordo com Florence Nightingale (1871) a enfermagem é uma arte; e para
realizá-la como arte, requer uma vocação tão exclusiva, um preparo tão rigoroso,
quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que tratar de tela morta ou de
17
mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma
das artes; poder-se dizer, a mais bela das artes!
3.2 EM TEMPOS DE PANDEMIA E UM POUCO DA SUA HISTÓRIA
Segundo a OMS (2020) existem grandes diferenças entre um surto, epidemia
e uma pandemia. Um surto ocorre quando acontece uma elevação inesperada da
quantidade de casos de uma doença em um local específico, como um bairro de
uma cidade, por exemplo. Já uma epidemia acontece quando ocorre uma grande
quantidade de surtos de uma doença em várias regiões de um determinado local,
podendo ser bairros, cidades, estados ou mesmo em um país, quando determinada
doença ocorre em várias regiões do país. Com relação a uma pandemia, essa pode
ser considerada o pior cenário com relação à gravidade, uma vez que ocorre a nível
mundial, ou seja, quando uma doença é disseminada por vários países do mundo e
por todos os continentes, como o caso da COVID-19, por exemplo.
Com relação ao cenário atual, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
declarou no dia 11 de março de 2020, a pandemia de COVID-19 (Coronavírus).
Nesse dia, o mundo apresentava um total de 118 mil casos em todo o mundo,
distribuídos por um total de 114 países, totalizando 4.291 mortes, sendo grande
parte delas na China, que foi o país de origem do coronavírus (SBM, 2020).
Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) (2020), até o dia
20 de outubro de 2020 foram confirmados em todo o mundo 40.251.950 casos de
COVID-19 e 1.116.131 mortes.
Segundo Dados do Ministério da Saúde (2020), até o dia 20 de outubro de
2020, o Brasil teve 5.273.954 casos de COVID-19 registrados com um total de
157.837 óbitos, com 4.721.593 recuperados e 397.524 pacientes em
acompanhamento. A região Sul do Brasil teve um total de 665.532 casos
confirmados com um total de 13.442 óbitos. O Estado de Santa Catarina teve um
total de 237.781 casos confirmados e um total de 2991 óbitos. A cidade de Joinville
teve um total de 23.718 casos confirmados com um total de 357 óbitos.
A pandemia do COVID-19 gerou grande impacto sobre todo o sistema de
saúde Brasileiro e seus profissionais, gerando sobrecarga em médicos, biomédicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais envolvidos nas áreas
de gestão de hospitais e instituições de saúde em geral. São várias as demandas
18
paraque possa ser garantido o atendimento a uma grande quantidade simultânea
de pacientes, incluindo a criação de fluxos específicos, mobilização de profissionais
qualificados, alta disponibilidade de insumos, equipamentos de proteção individual e
equipamentos como leitos de UTI e ventiladores mecânicos, investimento na
construção de hospitais, ampliação do número de leitos, entre outros (SAÚDE
ABRIL, 2020).
Os impactos da pandemia foram profundos sobre o Sistema Único de Saúde,
o qual possui uma média de 2,62 leitos de UTI para 100.000 habitantes, estando à
frente de países da Europa como a Itália, por exemplo. Com a sobrecarga dos
hospitais privados no atendimento de pacientes graves por COVID-19, as demandas
no SUS tiveram um crescimento expressivo e devem ser bem administradas pelos
gestores e profissionais da saúde pública (OLIVEIRA, et al. 2020).
Atualmente o Brasil vive um momento crítico, no qual a pandemia apresenta
crescimento diário, o que evidencia a necessidade de um esforço conjunto entre as
instituições de saúde públicas e privadas, bem como, de todos os profissionais
envolvidos, os quais devem atuar em sinergia com as diretrizes do SUS e do
ministério da saúde. Outro aspecto importante para se reduzir a superlotação dos
hospitais e instituições de saúde é a utilização de ferramentas que possibilitem a
atenção e o cuidado à distância, tais como a telemedicina, tendo como função
principal mitigar riscos e apoiar o processo decisório perante a pandemia (LIMA,
2020).
3.3 EQUIPE DE SAÚDE E CUIDADOS ASSISTENCIAIS DE ALTA COMPLEXIDADE
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são consideradas como locais
destinados à prestação de assistência especializada a pacientes em estado crítico.
Para os pacientes aí internados há necessidade de controle rigoroso dos seus
parâmetros vitais e assistência de enfermagem contínua e intensiva (SOUZA et al,
1985).
Em virtude da constante expectativa de situações de emergência, da alta
complexidade tecnológica e da concentração de pacientes graves, sujeitos a
mudanças súbitas no estado geral, o ambiente de trabalho caracteriza-se como
estressante e gerador de uma atmosfera emocionalmente comprometida, tanto para
os profissionais como para os pacientes e seus familiares (KOIZUMI et al, 1979). O
19
trabalho dos profissionais de saúde é frequentemente considerado por quem o
desempenha como desgastante e promotor de diversas patologias, além de
contribuir para um desequilíbrio emocional e provocar queda no desempenho
profissional (LANGE et aI, 2009).
Basicamente, a equipe multiprofissional de uma UTI pode ser constituída por
médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas,
psicólogos e farmacêuticos. Desde o planejamento e organização da UTI até o
atendimento, recuperação e alta dos pacientes deve se fazer notar a participação da
equipe multiprofissional (KAMADA et al, 1978).
Na UTI, a equipe multiprofissional convive com outros fatores
desencadeadores de estresse, tais como: a dificuldade de aceitação da morte; a
escassez de leitos e equipamentos; escassez de recursos humanos e; tomada de
decisões conflitantes relacionadas com a seleção dos pacientes que serão atendidos
(PADILHA et al, 2000).
O cuidado de enfermagem não pode prescindir do aspecto humanístico e
relacional (PATERSON et al, 1988). O cuidado não se restringe apenas a uma ação
técnica no sentido de fazer, executar um procedimento, mas também no sentido de
ser, expressar de forma atitudinal, pois é relacional (WALDOW, 1998).
A vivência em UTI possibilita-nos afirmar que essas unidades possuem
algumas características próprias, como: a convivência diária dos profissionais e dos
sujeitos doentes com as situações de risco; a ênfase no conhecimento
técnico-científico e na tecnologia para o atendimento biológico, com vistas a manter
o ser humano vivo; a constante presença da morte; a ansiedade, tanto dos sujeitos
hospitalizados quanto dos familiares e trabalhadores de saúde; as rotinas, muitas
vezes, rígidas e inflexíveis; e a rapidez de ação no atendimento (NASCIMENTO et
al, 2004).
3.4 STRESSE PSICOEMOCIONAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E PERDAS
DOS SEUS ASSISTIDOS
O NIOSH define estresse no trabalho como as nocivas reações físicas e
emocionais que ocorrem quando as exigências não se igualam à capacidade, aos
recursos ou às necessidades do trabalhador, como resultado da sua interação com
as condições de trabalho, o que pode levá-lo a doenças. Apoia a ideia de que as
20
condições laborais têm papel principal nas causas do estresse, ainda que não se
possa ignorar a importância das diferenças individuais e de outras situações que
podem intervir para fortalecer ou debilitar a influência desses fatores (NIOSH, 2004).
Codo, Soratto e Vasques-Menezes (2004) enfatizam que, embora a
imprecisão do termo estresse se estenda ao meio científico, as várias áreas que o
adotam defendem a concepção de que o estresse é o resultado de um estado de
desequilíbrio tanto da relação indivíduo-ambiente de trabalho quanto da relação
demanda-recursos. Ainda que existam diversos modelos teóricos, verifica-se certa
concordância na definição do estresse ocupacional.
Segundo Codo, alguns modelos concordam que a relação entre estímulos
externos e estresse pode ser moderada por características individuais e situacionais.
Essa abordagem busca a aproximação dos possíveis efeitos do trabalho sobre o
indivíduo trabalhador, possibilitando a avaliação de modos de intervenção mesmo
em situações em que as fontes de estresse não possam ser eliminadas.
O estresse pode ser caracterizado como um processo psicofisiológico que está
presente na vida do homem contemporâneo e na dos trabalhadores que efetuam
atividades de risco, como o trabalho dos profissionais da saúde, que atuam
diretamente com outras pessoas (BELANCIERI, 2005).
Sobre alguns conceitos sobre estresse, e como surgiram os primeiros
conceitos, foi encontrado o significado conforme citado por Oxford (2000) como,
“fadiga, cansaço, apertada e penosa” este conceito foi inicialmente utilizado na área
de física para explicar a relação entre força e reação dos corpos. Já procurando a
palavra em inglês foi encontrado “estar sob pressão”.
O estresse está relacionado com situações de tensão ou até mesmo a
mudanças no ambiente, onde o indivíduo apresenta reações do organismo com
sintomas, físicos e psicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas, isso
acontece no instante que a pessoa se confronta com uma situação que, a irrite,
amedronte ou confunda. Os efeitos sobre o indivíduo podem ser descritos como
situações desagradáveis que provocam dor, sofrimento e desprazer.
Lipp (2008) comenta que entre os trabalhadores que estão mais sujeitos ao
esgotamento físico e mental citam-se os profissionais da saúde. O esgotamento
mental, também chamado de burnout (consumir-se em chamas) é um tipo especial
de stress ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e
21
exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode
se estender a todas as áreas da vida da pessoa.
Com relação aos profissionais da área de saúde que estão diretamente
envolvidos no tratamento de pacientes infectados com COVID-19 há uma série de
fatores adicionais que podem provocar o estresse, pois o cuidado de pacientes com
COVID-19 pode ter fortes impactos emocionais ao profissional. Isso porque é normal
que o profissional se sinta sobrecarregado diante da elevada demanda de
atendimentos, além de trabalhar o tempo todo sob pressão, devido a vários fatores
como superlotação, indisponibilidade de recursos, atendimento aos familiares, entre
outros, o que evidencia a necessidade de zelar pela saúde mental no trabalho,
especialmente em tempos de pandemia (COSTA, 2020).
Com o intuito de manter a saúde mental em perfeito estado, Costa (2020)
apresenta uma série de recomendações aos profissionais as saúde incluindo:
reservar um tempo para refletir e descansar,manter sempre contato com pessoas
queridas, mesmo que seja apenas pelo celular, ter autocuidado e garantir algumas
horas de sono entre os plantões e atendimentos, alimentar-se bem e com qualidade,
evitar a utilização de drogas e de bebidas alcóolicas.
Outros aspectos importantes é realizar hobbies e, leituras, jogos e outras
formas de lazer que gosta nas horas vagas, evitar ficar o tempo todo acompanhando
a cobertura da mídia sobre a pandemia de COVID-19, buscar conhecer e divulgar
notícias positivas de pessoas que já se recuperam da doença, reduzir o isolamento
mesmo que seja com o uso de barreiras físicas, reconhecer os próprios esforços e
compreender os limites de atuação e conversar sempre com colegas de trabalho
confiáveis com que possa ter suporte (COSTA, 2020).
As exigências do ambiente de trabalho e o nível de pressão que o trabalhador
é exposto como se mantivesse em alerta, motivados e capazes de trabalhar e
aprender, dependendo dos recursos disponíveis. Essas exigências podem gerar
graves prejuízos à saúde mental dos funcionários, incluindo o stress e pressão se
tornando excessiva ou difícil de controlar prejudicando também a saúde física e a
motivação dos empregados e seus os resultados (BELANCIERI, 2005).
Segundo a OMS (2004) os efeitos do estresse no trabalho do indivíduo podem
levar os comportamentos disfuncionais e habituais no trabalho, onde pode contribuir
para os problemas de saúde física e mental do indivíduo. Em casos extremos, o
estresse prolongado ou eventos de trabalho traumáticos podem causar problemas
22
psicológicos e resultam em falta de participação ou prejudicam o retorno ao trabalho.
Com isso, começam a aparecer sintomas como angústia, irritabilidade, falta de
concentração, dificuldade de pensar logicamente e tomar decisões, falta de
comprometimento, sentir-se cansados, deprimidos e inquietos e problemas para
dormir.
23
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 TIPO DE PESQUISA
Com relação à abordagem empregada, este trabalho utilizou a abordagem
qualitativa descritiva, pela qual as autoras da pesquisa fizeram a leitura,
interpretação e análise das informações coletadas por meio de pesquisa bibliográfica
e pesquisa de campo, formulando por meio da avaliação das respostas dos
participantes, as discussões sobre o tema, chegando assim, aos resultados e
objetivos propostos pelo estudo.
Segundo Minayo (2014), esse tipo de pesquisa trabalha com vários
significados, levando em consideração, por exemplo, as crenças, valores, ou seja,
que não podem ser quantificados. Não se pode pretender encontrar a verdade, com
que é certo ou errado. Busca entender os fenômenos, onde se trabalha com
comparação, descrição e interpretação. Sendo assim, os participantes da pesquisa,
podem expor seus pensamentos, podendo dar rumo a suas interações com o
pesquisador, e o mesmo, não julgará, visando compreender o que o participante
está expondo, é um tipo de pesquisa mais participativa e menos controlável,
deixando o participante a vontade.
4.2 CONTEXTO DO ESTUDO
O estudo se encontra inserido no contexto da pandemia de COVID-19 que
está instalada em todo o mundo, onde os profissionais da saúde passaram a ter um
papel de protagonismo para a sociedade, sendo vistos como essenciais para o
combate à pandemia e o atendimento adequado nas instituições de saúde, bem
como hospitais, laboratórios, maternidades, enfim, tudo o que está relacionado à
saúde e ao combate e tratamento do coronavírus.
Perante a ameaça do coronavírus, o Brasil vive um momento que exige
respostas coordenadas de todas as instituições das áreas econômica, social e de
saúde pública, em conjunto com as instituições privadas, bem como, de todos os
envolvidos.
Durante a pandemia Ministério da Saúde passou a atuar com maior vigor na
realização de campanhas de saúde, programas de prevenção e orientação aos
24
cidadãos sobre a importância do uso dos equipamentos de proteção individual, tais
como, as máscaras, bem como, atuar de forma preventiva nas instituições de saúde
pública e privada, por meio do estímulo e orientação sobre a importância dos
procedimentos preventivos de desinfecção e proteção contra a COVID-19.
Essa série de medidas tomadas pelo Ministério da Saúde tem como objetivo
principal salvaguardar a saúde da população em geral, evitando a superlotação das
UTI’s, além de proporcionar melhor qualidade de atendimento à população em geral,
em especial as pessoas infectadas e com suspeita de COVID-19. No entanto, o
contexto gerado pela pandemia de COVID-19 provocou graves consequências sobre
a qualidade de vida dos profissionais da saúde, por meio da superlotação das
instituições hospitalares e sobrecarga de trabalho, impactando diretamente no
estresse e desgaste físico e emocional destes profissionais.
4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO
Os participantes da pesquisa foram 28 profissionais da área de enfermagem
que atuam na UTI de uma instituição da rede pública de Saúde da cidade de
Joinville/SC e estão envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de
pacientes infectados com COVID-19 e que aceitarem participar da pesquisa, e
assinarem o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (ANEXO 1).
Critérios de Inclusão: profissionais da enfermagem que atuem na UTI Covid e
que concordarem em participar da pesquisa.
Critérios de Exclusão: profissionais da enfermagem que não atuarem na UTI
Covid e que não concordarem em participar da pesquisa.
4.4 LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em um hospital de grande porte do município da
cidade de Joinville/SC de atividades totalmente voltadas para o Sistema Único de
Saúde (SUS). O hospital conta com uma área construída de 22,4 mil metros
quadrados. A construção desta unidade hospitalar teve seu projeto idealizado por
alguns médicos desde os anos 1960, pois a cidade precisava resolver problemas
como demanda reprimida e promover a modernização que a medicina Joinvilense
exigia, já que o hospital situa-se na maior cidade do Estado de Santa Catarina, hoje
25
com mais de 500 mil habitantes, é um hospital classificado como geral, gerenciado e
mantido pelo Governo do Estado de Santa Catarina (HRHDS, 2020).
Possui alguns serviços diferenciados para atender a população do Sistema
Único de Saúde, tais como: tratamento da AIDS procedimentos e tratamentos de
outras doenças infectocontagiosas, procedimentos de alta complexidade em cirurgia
cardíaca e cardiologia, bariátrica (obesidade mórbida) deformidades craniofaciais
(lábio leporino), cirurgia vascular e endovascular sendo referência em todos esses
serviços. Presta, também, serviços de atendimento ambulatorial, internação, serviço
de apoio diagnóstico e terapêutico (SATD), urgência e emergência em
especialidades clínicas e cirúrgicas. Seu fluxo de clientela possui um atendimento de
demanda espontânea e referenciada (HRHDS, 2020).
Seus 228 leitos estão distribuídos nas unidades de internação clínica,
cirúrgica, isolamento, psiquiatria, cardiologia, hospital dia e unidade de tratamento
intensivo geral e cardíaco. Conta com cerca de 186 médicos e 963 servidores
(HRHDS, 2020).
O pagamento dos funcionários é custeado integralmente pelo Governo do
Estado de Santa Catarina. E os demais insumos são garantidos pelo SUS, dentro da
tabela (HRHDS, 2020).
4.5 COLETA DE DADOS
Inicialmente, a coleta de dados bibliográficos foi realizada no período de
agosto e setembro do ano de 2020, por meio da pesquisa realizada na ampla
literatura disponível sobre o tema na internet, tendo como foco informações
coletadas nos bancos de dados citados anteriormente.
Para o início da coleta dos dados, foi realizado contato com a responsável
pelo comitê de ética e pesquisa do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, no
município de Joinville/SC, onde foi solicitada a autorização para a realização da
pesquisa. Após autorização da realização da pesquisa pela Instituição de Saúde por
meio da carta de anuência (ANEXO 2) e do Comitê de Ética em Pesquisa CAAE
43199621.8.0000.5363 (ANEXO3), foi iniciado contato com os profissionais da
equipe de enfermagem envolvidos diretamente no atendimento e tratamento de
pacientes infectados com COVID-19 e que aceitaram participar da pesquisa. Foi
questionado a estes profissionais se tinham interesse em ingressar numa pesquisa
26
qualitativa científica relacionada à saúde mental dos profissionais de enfermagem
durante o período de pandemia por Covid -19.
Para a realização da pesquisa, aplicou-se um questionário estruturado com
perguntas mistas, fechadas e abertas (APÊNDICE 1) onde vinte e oito profissionais
relataram suas emoções frente ao estresse mental causado pela nova rotina
recorrente a pandemia. A entrevista foi aplicada através de um link no Google Forms
onde as respostas foram diretamente enviadas para o e-mail das pesquisadoras,
para realização da análise e estudo da mesma. Após a análise foi possível realizar a
categorização da discussão.
4.6 ANÁLISE DE DADOS
O tratamento dos dados foi realizado por meio de análise temática. Esse tipo
de análise procura entender, sem intervir, basicamente analisar de forma atenta,
qualquer comportamento e resposta durante o discurso.
Realizar uma análise temática consiste basicamente em identificar os núcleos
de sentido que compõem uma comunicação e cuja presença ou frequência tenham
algum significado para o objeto analítico visado. Ela é constituída por três etapas: (1)
Pré - análise, caracterizada pela escolha dos documentos que irão ser analisados;
(2) Exploração do material, consiste em compreender o texto, onde o objetivo é
encontrar meios de organizar o conteúdo; (3) Tratamento dos resultados e
interpretação, permite que os dados sejam interpretados e assim relacioná-los com
os dados obtidos inicialmente (MINAYO, 2014).
Após a leitura das respostas fornecidas pelos participantes, as pesquisadoras
realizaram a seleção das informações relevantes, conforme os objetivos e a
problemática da pesquisa. Por fim, realizou-se a análise e interpretação das
informações, chegando às discussões, resultados e conclusões finais do estudo.
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O projeto foi submetido à apreciação do comitê de ética em pesquisa com
seres humanos, do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, e após sua aprovação
foi executado.
27
4.7.1 Riscos da pesquisa
Nenhuma pesquisa é isenta de risco, para essa pesquisa os riscos
identificados foram: invasão de privacidade, discriminação e estigmatização a partir
do conteúdo revelado, tomar o tempo do sujeito ao responder o questionário
constrangimento ou desconforto diante das perguntas que foram submetidos, o
extravio (roubo ou perda) do instrumento da pesquisa, uma vez que foi impresso
depois de respondido podendo gerar a divulgação dos dados confidenciais.
Contudo, as pesquisadoras obtiveram todo o zelo e cuidado com os dados
coletados, todavia os questionários não eram identificados com nomes ou número
de documentos, entretanto, tem-se o TCLE que contém informações pessoais, o
qual foi armazenado com todo o cuidado para haver publicações indevidas e não
autorizadas. As perguntas poderiam trazer lembranças desagradáveis frente a
situações vivenciadas durante o processo enfrentado no decorrer da pandemia. As
pesquisadoras comprometeram-se a interromper o preenchimento do formulário e
acolher os sentimentos relatados dando espaço para o diálogo.
A coordenação da equipe de Enfermagem, autorizou o preenchimento do
questionário durante o turno de trabalho do entrevistado, sendo assim, gerou-se o
risco de disponibilidade dos entrevistados em suas atividades, no entanto, foi
respeitado e flexibilizado o tempo de respostas de acordo com o tempo disponível
de cada participante da pesquisa.
As pesquisadoras firmaram o compromisso ético de cumprir o que está
estabelecido na Resolução do Conselho Nacional de Saúde no 466/12 respeitando
as atitudes e habilidades do observado (ANEXO 5).
4.7.2 Benefícios da pesquisa
Não houve nenhum benefício direto se tratando da pesquisa, no entanto, os
participantes contribuíram para um melhor entendimento sobre a saúde mental dos
profissionais de enfermagem frente à pandemia COVID-19, onde nem sempre é
possível ser identificado no cotidiano. Após a divulgação dos dados da pesquisa os
mesmos trarão importantes benefícios ao meio acadêmico e aos profissionais da
área da enfermagem, por meio do diagnóstico da situação atual das equipes de
enfermagem no enfrentamento a pandemia COVID-19, evidenciando a percepção
28
dos profissionais de enfermagem sobre seu status psicoemocional durante sua
atuação em tempos de pandemia por COVID-19. Este diagnóstico poderá gerar
significativa contribuição para os profissionais desta área, possibilitando a
formulação de estratégias de saúde mental e ações específicas, visando proteger e
resguardar estes profissionais dos agentes causadores de estresse e desconforto
durante as atividades laborais.
Para a devolução dos resultados da pesquisa aos entrevistados os mesmos
foram convidados a assistir a apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso em
Enfermagem da UNISOCIESC através da plataforma Zoom no dia 25 de junho de
2021. Além disso, uma cópia foi disponibilizada para a instituição pesquisada. Este
estudo foi orientado pela Prof. Msc. Elisandra Alves Kuse (ANEXO 6).
29
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Resultados
Após a aquisição desses dados, os mesmos foram separados, organizados
por categorias específicas para discussão provenientes do que está exposto em
quatro tabelas de análise da coleta de dados. A primeira tabela contém informações
básicas de identificação dos participantes da pesquisa, já na segunda tabela
buscou-se filtrar os riscos existentes durante o exercício da profissão em períodos
de pandemia e o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de
COVID-19.
A terceira tabela apresenta a tabulação dos dados com relação às condições
de trabalho oferecidas pela instituição de saúde pública para a realização do
atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. Já a quarta
tabela está relacionada à preparação para o trabalho e complicações com pacientes
de COVID-19. A tabulação dos dados foi feita de forma objetiva e quantitativa para
que pudessem ser analisados, apresentados e discutidos os resultados desse
estudo.
A Tabela 1 apresenta os dados de identificação dos participantes desta
pesquisa.
Tabela 1 – Dados de identificação dos participantes da pesquisa.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO
2021
TOTAL
28
SEXO N %
Masculino 05 18
Feminino 23 82
CARGO N %
Enfermeiro 05 18
Técnico de Enfermagem 23 82
IDADE N %
18 a 20 0,0 0,0
21 a 25 0,4 14
26 a 30 0,7 25
31 a 35 0,5 18
36 a 40 0,5 18
41 a 45 0,3 10
>45 O,4 14
TURNO DE TRABALHO N %
Diurno 11 40
Noturno 10 36
30
Segundo Vínculo 0,5 18
Outro 0,2 0,7
JORNADA DE TRABALHO DIÁRIA N %
8 horas 0,0 0,0
12 horas 20 72
18 horas 0,2 0,7
24 horas 0,2 0,7
Outro 0,4 14
ROTINA DIÁRIA DE SONO N %
<6 horas 0,5 18
6 horas 14 50
8 horas 0,6 22
12 horas 0.0 0,0
18 horas 0,0 0,0
24 horas 0.0 0,0
Outro 0,3 10
ESTADO CIVIL N %
Solteiro 0,9 30
Casado 0,6 22
União Estável 0,7 25
Divorciado 0,3 10
Mora com outra pessoa 0,0 0,0
Viúvo 0,3 10
Outro 0,0 0,0
Fonte: As autoras (2021)
Ao avaliar os dados de identificação dos participantes da pesquisa
constata-se que 82% são do sexo feminino e apenas 18% são do sexo masculino, o
que evidencia a predominância de profissionais do sexo feminino na área de
enfermagem. Com relação ao cargo ocupado, foi verificado que 82% são técnicos de
enfermagem e outros 18% são enfermeiros.
Com relação à idade, 25% possuem de 25 a 30 anos, enquanto que 18%
possuem de 31 a 35 anos, outros 18% de 36 a 40 anos, 14% de 21 a 25 anos e
outros 14% possuem idade igual ou superior a 46 anos. Essa informação evidencia
que a grande maioria dos profissionais de enfermagem faz parte do grupo de
pessoas jovens, de 20 a 40 anos. Sobre a jornada de trabalho verificou-se que 72%
dos participantes possuem uma jornada de trabalhode 12 horas, 7% informaram
que possuem jornada de trabalho de 18 horas, outras 7% possuem jornada de
trabalho de 24 horas e 14% informaram que possuem outro tipo de jornada de
trabalho.
Com relação à rotina diária de sono, 50% dos participantes informaram que
dormem em média 6 horas por dia, outros 22% dormem 8 horas por dia, 18%
31
dormem menos que 6 horas por dia e 10% informaram que possuem outra rotina de
sono. Por meio desta informação foi possível constatar que a maioria dos
profissionais de enfermagem possui uma rotina de sono igual ou inferior a 6 horas
por dia, o que evidencia uma rotina bastante longa.
Com relação ao estado civil, verificou-se que 30% são solteiros, enquanto que
25% vivem em união estável, 22% são casados, 10% são divorciados e outros 10%
são viúvos. Esta informação evidencia grande diversidade com relação ao estado
civil dos profissionais de enfermagem, no entanto, aponta que quase 50% estão em
um relacionamento estável (casado ou união estável).
Tabela 2 – Dados coletados referentes aos riscos que os profissionais são
submetidos no local de trabalho
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ANO
2021
TOTAL
28
FATORES DE RISCO/
DOENÇA PRÉ-EXISTENTE
N %
Sim 24 85
Não 4,0 15
FAZIA ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO
ANTES DA PANDEMIA
N %
Sim 3,0 10
Não 25 90
INICIOU ALGUM TIPO DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO
APÓS PANDEMIA
N %
Sim 7,0 25
Não 21 75
FAZ USO DE ALGUM MEDICAÇÃO PSIQUIÁTRICA SEM
PRESCRIÇÃO MÉDICA NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE
COVID-19
N %
Sim 0,2 10
Não 26 93
RECEBEU SUPORTE/ APOIO PSICOLÓGICO /EMOCIONAL DA
INSTITUIÇÃO EM QUE TRABALHO/ESTUDA
N %
Sim 6,0 22
Não 22 78
Fonte: As autoras (2021)
Ao avaliar os riscos aos quais os profissionais de enfermagem estão
submetidos durante o exercício da profissão em períodos de pandemia,
constatou-se que 85% afirmaram que não apresentavam nenhum fator de risco ou
32
doença pré-existente no período anterior à pandemia e outros 15% afirmaram que
sim. Com relação a realização de acompanhamento psicológico no período
pré-pandemia, verificou-se que 90% dos participantes afirmou que não, enquanto
que outros 10% afirmaram que sim. Ao avaliar estas informações evidencia-se que a
grande maioria dos profissionais não apresentava nenhum tipo de doença ou
necessidade de acompanhamento psicológico no período pré-pandemia.
Quando questionados se iniciaram algum tipo de acompanhamento
psicológico no período pós-pandemia, constatou-se que 75% afirmaram que não,
enquanto que 25% afirmaram que sim, demonstrando aumento considerável de
profissionais que iniciaram tratamentos psicológicos após o surto da pandemia de
COVID-19. Quando questionados se fazem uso de algum medicamento sem
prescrição médica no contexto da pandemia de COVID-19 93% afirmaram que sim,
enquanto que outros 7% afirmaram que não.
Quando questionados se receberam algum tipo de suporte psicológico da
instituição em que trabalha/estuda, 78% afirmaram que não, enquanto que outros
22% afirmaram que sim. Essas informações evidenciam a falta de suporte
psicológico adequado aos profissionais da área da enfermagem que foram
sobrecarregados devido ao aumento súbito da demanda de trabalho e as pressões
sofridas pela instituição e pela sociedade em geral no cenário de pandemia de
COVID-19.
Tabela 3 – Condições de trabalho oferecidas na Pandemia
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ANO TOTAL
2021 28
OFERTA DE EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI`s) N %
Insuficiente 0,0 0,0
Regular 18 70
 Bom 10 30 
Muito bom 0,0 0,0
Excelente 0,0 0,0
33
ESPAÇO PARA FALAR SOBRE SEUS
SENTIMENTOS N %
Insuficiente 11 40
Regular 11 40
 Bom 6,0 20
Muito bom 0,0 0,0
Excelente 0,0 0,0
 
ESPAÇO PARA RELAXAR ENTRE OS
TURNOS DE TRABALHO\ PLANTÃO N %
Insuficiente 9,0 30
Regular 6,0 21
 Bom 11 41
Muito bom 2,0 7,0
Excelente 0,0 0,0
 
CONFIANÇA EM PRESTAR OS CUIDADOS
RELACIONADOS AO RISCO DE ADQUIRIR
O VÍRUS
N %
Insuficiente 01 0,4
Regular 10 32
 Bom 15 56
Muito bom 2,0 8,0
Excelente 0,0 0,0
 
OFERTA DE ALCOOL EM GEL E
CONDIÇÕES PARA REALIZAR LAVAGEM
DAS MÃOS
N %
Insuficiente 0,0 0,0
Regular 1,0 4,0
 Bom 27 96
34
Muito bom 0,0 0,0
Excelente 0 0
Fonte: As autoras (2021)
Ao avaliar as opiniões dos profissionais de enfermagem, com relação ao
suporte e condições de trabalho durante a pandemia de COVID-19, verificou-se que
com relação a oferta de EPI’s, 70% consideram como “bom” e outros 30%
consideram como regular, o que evidencia a necessidade de melhoria da instituição
hospitalar com relação a este aspecto.
Quando questionados sobre a existência de espaço para falar sobre seus
sentimentos, 40% afirmam ser insuficiente, outros 40% afirmaram ser regular e
outros 20% afirmaram ser bom. Estas afirmações evidenciam que, grande parte dos
profissionais se sente pressionada no ambiente de trabalho e não tem espaço para
expor suas opiniões e sentimentos, o que pode gerar desgaste psicológico e agravar
doenças pré-existentes.
Com relação ao espaço para relaxar durante os turnos de trabalho/plantão,
constatou-se que 41% consideram bom, outros 30% consideram insuficiente, 21%
consideram regular e 7% consideram muito bom. Estas informações evidenciam a
necessidade de melhoria com relação à criação de espaços adequados para que os
profissionais de enfermagem possam realizar uma pausa durante o turno de
trabalho, tendo em vista que o descanso adequado é um importante fator para
redução do estresse gerado durante o cotidiano de trabalho.
Quando questionados sobre o nível de confiança em prestar os cuidados
relacionados ao risco de adquirir o vírus, 56% consideram bom, outros 32%
consideram regular, 8% consideram muito bom e outros 4% consideram insuficiente.
Essas informações evidenciam que a grande maioria dos profissionais de
enfermagem se sente adequadamente preparado para prestar o atendimento aos
pacientes e evitar a contaminação pelo vírus.
Quando questionados sobre a oferta de álcool em gel e as condições para
realizar a lavagem das mãos, constatou-se que 96% dos participantes consideram
bom e outros 4% consideram regular. Estas informações evidenciam que a
instituição hospitalar oferece boas condições de higienização aos profissionais de
enfermagem para evitar a infecção pelo vírus.
35
Tabela 4 – Preparação para o trabalho e complicações com pacientes de COVID-19
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ANO TOTAL
2021 28
RECEBEU ALGUMA INSTRUÇÃO,
PREPARO PARA ATUAR JUNTO AO
CUIDADO DE PESSOAS SUSPEITAS OU
PORTADORAS DE COVID?
N %
Não 2 8
Sim 26 92
COMO VOCÊ SE SENTE OU SE PERCEBE
TRABALHANDO DIRETAMENTE COM
PESSOAS SUSPEITAS OU CONFIRMADAS
DE COVID 19?
N %
Inseguro/com medo/triste 8 30
Indiferente 10 35
Confiante/útil/feliz por ajudar 10 35
RELACIONADO A PETURBAÇÕES OU
IRREGULARIDADES NO SEU COTIDIANO
DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19
N %
Sim 15 55
Não 13 45
NESSE PERÍODO DE PANDEMIA VOCÊ TEM
SOFRIDO OU SOFREU ALGUM TIPO DE
VIOLÊNCIA OU DISCRINAÇÃO POR SER
PROFISSIONAL ATUANTE NA LINHA DE
FRENTE?
N %
Sim 9 32
Não 19 68
VOCÊ TEVE QUE SE AFASTAR DA SUA
ROTINA DE TRABALHO DURANTE ESSE
PERÍODO DE PANDEMIA POR COVID-19?
N %
Sim 13 45
Não 15 55
36
O QUE MUDOU EM SUA ROTINA
PROFISSIONAL COM A CHEGADA DA
PANDEMIA POR COVID- 19?
N %
Adaptações a rotina de trabalho 6 20
Cuidados redobrados 6 20
Tudo 11 41
Necessidade de mais EPI’s 3 12
Nada 2 7
O QUE MUDOU EM SUA ROTINA SOCIAL
COM A CHEGADA DA PANDEMIA POR
COVID- 19?
N %
Tudo 28 100
Outro 0 0
Fonte: As autoras (2021)
Com relação ao nível de preparação para o trabalho e complicações
relacionadas ao atendimento de pacientes com COVID-19, verificou-se que 92% dos
participantes receberam algum tipo de preparo para atuar junto ao cuidado de
pacientes com COVID-19 e outros 8% afirmaram que não. Essa informação
evidencia que a grande maioria dos profissionais de enfermagem recebeu
orientações específicas para atender estes pacientes e evitar a contaminação pelo
COVID-19.
Quando questionados sobre como se sentem ao atender pessoas com
suspeita ou confirmadas com COVID-1935% afirmaram que se sentem indiferentes,
outros 30% afirmaram que se sentem úteis e felizes por poderem ajudar e outros
30% afirmaram que sentem medo, insegurança e tristeza. Essas afirmações deixam
claro que o trabalho com pessoas com COVID-19 desperta diferentes sentimentos
entre os profissionais de enfermagem, o que pode impactar diretamente sobre a
saúde mental destas pessoas.
Quando questionados a respeito de perturbações ou irregularidades no
cotidiano durante a pandemia por COVID-19 55% afirmaram que sim e outros 45%
afirmaram que não. Essa informação evidencia que a maioria dos profissionais de
37
enfermagem sentiu algum tipo de perturbação devido às alterações geradas pelo
quadro de pandemia em seu âmbito profissional.
Quando questionados se sofreram algum tipo de violência ou discriminação
por ser profissional atuante na linha de frente durante a pandemia de COVID-19,
68% dos participantes afirmam que não, enquanto que 32% afirmaram que sim.
Essa informação evidencia que a pandemia de COVID-19 fez com que um grande
número de profissionais de enfermagem passasse por situações de discriminação e
violência, em especial devido a problemas relacionados ao atendimento de
pacientes contaminados, falta de leitos, superlotação, desespero de familiares, entre
outros aspectos.
Quando questionados sobre afastamentos de sua rotina de trabalho durante
esse período de pandemia por COVID-19 55% afirmaram que não, enquanto 45%
afirmaram que sim. Essa informação demonstra que grande parcela dos
profissionais de enfermagem afastaram-se de suas atividades laborais durante a
pandemia, evidenciando problemas como estresse, problemas psicológicos,
desgaste físico e emocional, entre outros fatores.
Ao serem questionados sobre o que mudou em sua rotina profissional com a
chegada da pandemia por COVID- 19, 41% afirmam que mudou tudo, outros 20%
ressaltaram a necessidade de adaptações ao trabalho, 20% citaram os cuidados
redobrados, 12% afirmaram que a necessidade de maiores cuidados com os EPI’s e
7% afirmaram que não mudou nada. Essas informações demonstram que a
pandemia de COVID-19 provocou grandes alterações na rotina dos profissionais de
enfermagem, o que pode representar um fator gerador de estresse e desgaste
emocional.
Ao serem questionados sobre oque mudou em sua rotina social com a
chegada da pandemia por COVID- 19, 100% dos participantes afirmaram que
mudou completamente. Essa informação demonstra que os impactos da pandemia
de COVID-19 ultrapassaram a fronteira do âmbito profissional e afetaram
diretamente a vida social e pessoal dos profissionais de enfermagem, sendo assim,
um importante fator gerador de problemas de ordem emocional e psicológica e,
consequentemente, um importante fator de desgaste da saúde mental destes
profissionais.
38
5.2 DISCUSSÃO
Mediante a pandemia evidenciou-se os profissionais da área da saúde em
especial a Enfermagem que passaram a ser notados como profissionais essenciais
para o funcionamento adequado das instituições de saúde como hospitais,
laboratórios, unidades de atenção básica e as demais áreas relacionadas à saúde e
ao combate da COVID-19.
No Brasil, o prolongamento do descontrole sobre a crise da pandemia
exacerbou a sensação de exaustão e de sofrimento dos profissionais da saúde
diante do contexto precário em que têm atuado. Diversos estudos têm demonstrado
as consequências da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde, com
aumento dos quadros de estresse, síndrome de burnout, depressão, ansiedade etc
(TEXEIRA et al., 2020; ORNELL et al., 2020).
Perante as dificuldades geradas pela pandemia do coronavírus, o Brasil vive
um momento que exige respostas coordenadas de todas as instituições da área de
saúde pública, em conjunto com as instituições privadas, bem como, de todos os
profissionais envolvidos, pois a soma destes esforços pode salvar vidas e evitar a
disseminação do COVID-19.
Durante a pandemia os profissionais de enfermagem assumiram um papel de
protagonismo no âmbito da saúde, sendo responsáveis por coordenar campanhas
de saúde, realizar programas de prevenção e orientação aos cidadãos sobre a
importância do uso dos equipamentos de proteção individual, bem como, atuar de
forma preventiva nas instituições de saúde pública.
Toescher et al. (2020, p. 1) comenta que o papel dos profissionais de
enfermagem e o aumento dos riscos de contaminação por COVID-19 e
desenvolvimento de problemas relacionados à saúde mental.
Nesse contexto, é importante ressaltar o papel do profissional de enfermagem
na prevenção de doenças, promoção da saúde e cuidados, especialmente em um
momento crítico como a pandemia, que exige esforços conjuntos do governo, da
sociedade e dos profissionais de saúde que assumiram o papel de protagonistas
nesse cenário.
Na linha de frente, estão os profissionais de enfermagem, cuja profissão
emergiu como prática social associada aos elementos que compõem a vida
humana nos seus múltiplos aspectos, com base na prevenção, promoção e
reabilitação da saúde. Compreendem a maior categoria profissional da área,
39
e ao permanecerem 24 horas ao lado dos pacientes, estão mais
susceptíveis aos possíveis impactos psicológicos da pandemia
(TOESCHER, 2020, p. 1)
Estes esforços impactam diretamente sobre o acréscimo da jornada de
trabalho para atender às crescentes demandas, o que tem influência direta sobre
fatores como a rotina de sono, nível de estresse, desgaste físico e mental destes
profissionais. Sobre a sobrecarga dos profissionais de saúde, Costa (2003, p. 1)
enfatiza que:
Para profissionais de saúde diretamente ligados ao atendimento de casos
de COVID-19, existem alguns fatores estressores além dos que já ocorrem
nos serviços de saúde em geral. Cuidar de pacientes que sofrem de
COVID-19 pode ter um efeito emocional importante. É comum se sentir
sobrecarregado e sob pressão, mas é importante lembrar que o estresse
deste momento não significa fraqueza ou incompetência profissional. É tão
necessário cuidar da saúde mental quanto da física.
Desta forma, se pode afirmar que a pandemia do COVID-19 gerou grande
impacto sobre todo o sistema de saúde Brasileiro e seus profissionais, gerando
sobrecarga em médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais
profissionais envolvidos nas áreas de gestão de hospitais e instituições de saúde em
geral.
Nesse sentido, Toescher (2020, p. 1) complementa, dizendo que:
Esses profissionais, portanto, tornam-se facilmente alvos de vivências
estressoras no contexto de pandemias como: sobrecarga, fadiga, exposição
a mortes em larga escala, frustrações relacionadas à qualidade da
assistência, ameaças, agressões e risco aumentado de serem infectados.
Nesse caso, emergem o medo e a incerteza que podem influenciar de forma
negativa no comportamento e bem-estar geral desses profissionais e,
consequentemente, interferir na sustentação da qualidade dos cuidados em
saúde destinados à população.
Por meio dos resultados da pesquisa foi evidenciado que a instituição
hospitalar estudada busca fornecer condições de trabalho adequadas aos
profissionais de enfermagem com relação aos equipamentos de proteção individual,
álcool em gel, orientações para o atendimento de pacientes com suspeita ou
confirmação de COVID-19. Além disso, muitos profissionais evidenciaram que se
sentem tristes ou sentem medo com relação ao atendimento de pacientes com
suspeita ou confirmação de COVID-19.
Lotta et al (2021, p. 9) realizou uma pesquisa na qual indagou os profissionais
de saúde sobre quais os motivos aos quais se sentem despreparados.
40
Foram 1529 relatos que fazem menção, principalmente, a: (i) situação
política e má condução da pandemia pelo Governo Federal, além do
negacionismo disseminado entre a população (presente em 307 relatos de
despreparado, ou seja 20% do total de 1529); (ii) medo e insegurança por
ser profissional da linha de frente e estar exposto (a) ao vírus e/ou
contaminar a família (em 305 relatos, 19,9%); (iii) faltade apoio dos
superiores e gestão municipal, que não oferecem treinamento e orientações
(em 219 relatos, ou seja, 14,3%); (iv) falta de EPIs, vacinas e testagem (em
204 relatos, 13,4%); (v) falta de informações consolidadas sobre a doença e
incertezas (em 194 relatos, em 12,6%); (vi) aumento do número de casos e
óbitos (em 128 relatos, isto é, 8,3%) e sistema de saúde colapsando (em
110 relatos, ou seja, 7,2% dos relatos).
Nesse cenário é preciso ressaltar que os impactos da pandemia foram
profundos sobre o Sistema Único de Saúde. Com a sobrecarga dos hospitais
privados no atendimento de pacientes graves por COVID-19, as demandas no SUS
tiveram um crescimento expressivo e devem ser devidamente administradas pelos
gestores e profissionais da saúde pública e essas adequações impactam
diretamente sobre a rotina e a qualidade de trabalho dos profissionais de
enfermagem. Para que seja garantido o atendimento de qualidade e melhores
condições de trabalho aos profissionais de enfermagem são necessários
investimentos em materiais de trabalho, insumos, equipamentos e treinamento aos
profissionais envolvidos.
Sobre isso, Lotta (2021, p. 11) afirma que:
A cobertura das condições materiais de trabalho durante a pandemia
envolve também o treinamento específico para o enfrentamento à crise,
uma vez que o cenário de incertezas, conflitos políticos, alta vulnerabilidade
e condições extremas exigem mais atenção à capacitação dos profissionais
de saúde. Apesar disso, os dados mostram que apenas 27,4% dos
respondentes alegaram ter recebido treinamento sobre os protocolos para
enfrentar a pandemia. Os respondentes do Nordeste são aqueles que
declararam, proporcionalmente, ter recebido menos treinamento (18,7%) -
comparado a 21,1% do Norte, 28,4% do Centro Oeste, 39,7% do Sudeste e
30,6% do Sul.
Os profissionais de enfermagem estão cada vez mais expostos a situações
de cobrança excessiva, jornadas prolongadas de trabalho, situações de
discriminação e violência física e verbal por parte de pacientes, familiares e usuários
do sistema de saúde, além de fatores estressantes como superlotação, falta de
insumos e suprimentos básicos para o atendimento dos pacientes acometidos com
COVID-19, entre outros aspectos que impactam diretamente sobre a perda de
qualidade de vida no trabalho e sobre a saúde mental dos profissionais de
enfermagem.
41
Sobre os principais fatores geradores de stress em profissionais de
enfermagem, Nabuco et al (2002, p.1) comenta que:
Os principais fatores de risco para adoecimento mental identificados
incluem: vulnerabilidade social, contrair a doença ou conviver com alguém
infectado, existência de transtorno mental prévio, ser idoso e ser profissional
de saúde. O isolamento físico e o excesso de informações nem sempre
confiáveis somam estressores à crise.
Atualmente o Brasil vive um momento crítico, no qual, mesmo com a
vacinação em massa, O COVID-19 ainda apresenta elevados índices de
contaminação, o que evidencia a necessidade de um esforço conjunto entre as
instituições de saúde públicas e privadas, bem como, de todos os profissionais
envolvidos, impactando sobre aumento das jornadas de trabalho.
Na linha de frente e em contato direto com a população, os profissionais de
saúde brasileiros estão constantemente expostos ao risco de contaminação do vírus
da COVID-19. Segundo boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde
no dia 4 de março de 2021, mais de 144 mil casos suspeitos entre profissionais de
saúde foram notificados em 2021, sendo cerca de 39 mil confirmados. As profissões
de saúde com maiores registros dentre os casos confirmados foram
técnicos/auxiliares de enfermagem (11.779; 29,8%), seguidos de enfermeiros (6.747;
17,1%), médicos (4.690; 11,9%), Agentes Comunitários de Saúde (1.941; 4,9%) e
farmacêuticos (1.845; 4,7%) (BRASIL, 2021).
Esse cenário faz com que os profissionais de enfermagem sejam
sobrecarregados, gerando atitudes como a auto medicação, busca por tratamentos
psicológicos, afastamento do trabalho, distúrbios relacionados ao sono, problemas
de ordem profissional, social e familiar, entre outras sequelas deixadas pela situação
extrema gerada pela pandemia, tendo forte impacto negativo sobre a saúde mental
destes profissionais.
Além dos riscos de desenvolvimento de reações e transtornos da população
geral, existe ainda a possibilidade de Síndrome de Burnout, que engloba a
sensação de esgotamento, distanciamento emocional e perda de sentido de
realização profissional. Esta síndrome está relacionada a diversos fatores
internos e externos na relação da pessoa com o trabalho. Outra
possibilidade é o Estresse traumático secundário, em que a pessoa
apresenta os sintomas de Estresse pós-traumático ao entrar em contato
com traumas vivenciados por outras pessoas (COSTA, 2020, p.1)
A pandemia de COVID-19 evidenciou a necessidade de um debate amplo
sobre estratégias de saúde e sobre a gestão das instituições de saúde em geral.
42
Acredita-se que os impactos desta pandemia serão perenes, ou seja, após o término
desta pandemia teremos um sistema de saúde totalmente modificado e adaptado ao
enfrentamento de situações extremas, tais como uma pandemia. Isso porque, até o
período que antecedeu a pandemia não se tinha a exata noção das consequências
que um evento como uma pandemia poderia trazer aos profissionais de enfermagem
e sua saúde mental, ou seja, os danos e sequelas provocadas por essa situação
extrema, até então, eram desconhecidos.
Sobre o agravamento de problemas de saúde mental, Costa (2020, p. 3)
comenta que:
As equipes de saúde devem ser capazes de identificar casos em que os
sintomas de depressão ou ansiedade apresentam impacto mais intenso no
funcionamento geral da pessoa. Estes casos precisam de intervenções
precoces e específicas, por profissionais médicos e psicólogos, com
atuação em rede, conforme os fluxos e normativas de atendimento da rede
de saúde.
Para isso é fundamental que o SUS passe por aprimoramentos e mudanças
de ordem estrutural, incluindo diversos aspectos como: investimentos na construção
de novos hospitais, aquisição de equipamentos com tecnologias de ponta,
investimento em pesquisa e desenvolvimento e, especialmente na contratação de
um maior contingente de profissionais para atuar na área de enfermagem tendo em
vista o papel fundamental da equipe de enfermagem no enfrentamento da pandemia
de COVID-19.
Diante do quadro de pandemia e as necessidades de aprimoramento no
sistema de Saúde Pública Brasileiro, Lotta (2021, p. 28) apresenta uma série de
recomendações.
(i) distribuir recursos materiais de qualidade que garantam a segurança
dos(as) trabalhadores, principalmente EPIs e materiais de testagem para
todos os(as) profissionais dos diferentes níveis de atenção; (ii) disseminar
informações adequadas/oficiais sobre fluxos de trabalho, procedimentos,
praticas de proteção, etc.; (iii) investir em estratégias territoriais que
permitam o controle do contágio e a cobertura de locais com maiores
índices de contaminação; (iv) consolidar canais de teleatendimento medico
(teleconsulta) na Atenção Básica para a manutenção da assistência medica
com baixo risco de contagio para profissionais e pacientes; (v) garantir de
forma efetiva politicas de suporte emocional e psicológico para os(as)
profissionais da ponta utilizando estratégias que facilitem o acesso; (vi)
fortalecer os mecanismos para denúncia e enfrentamento a práticas de
assédio moral contra os trabalhadores da saúde; (vii) divulgar dados
desagregados sobre gênero, sexo, raça, classe, território, dentre outros
marcadores sociais para melhor compreensão sobre os impactos
diferenciados entre a população brasileira.
43
Diante do exposto, pode-se dizer que são várias as demandas para que
possa ser garantido o atendimento a uma grande quantidade simultânea de
pacientes, incluindo a criação de fluxos específicos, mobilização de profissionais
qualificados, alta disponibilidade de insumos, equipamentos de proteção individual e
equipamentoscomo leitos de UTI e ventiladores mecânicos, investimento na
construção de hospitais, ampliação do número de leitos, entre outros.
44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir este trabalho foi possível caracterizar que a equipe de
enfermagem é formada predominantemente por profissionais com formação técnica
em enfermagem do sexo feminino com idade variando entre 21 e 46 anos e em
relacionamento estável. Com relação ao trabalho, a maioria dos entrevistados possui
uma jornada de trabalho de 12 horas e uma rotina de sono de 6 horas.
Com relação aos métodos de cuidados utilizados e aplicados durante o
cotidiano assistencial aos pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, os
cuidados com relação ao uso de EPI 's apresentam destaque, bem como, o uso do
álcool em gel e condições adequadas para efetuar a lavagem das mãos.
Ao avaliar os desafios enfrentados e experimentados durante a sua atuação
em tempos de pandemia por COVID-19 foram citados aspectos diversos como a
existência de um local adequado para descanso durante os plantões, a possibilidade
de expor seus sentimentos e dificuldades e receber a preparação adequada para
atuar no atendimento de pacientes com suspeita/confirmação de COVID-19 evitando
a contaminação.
A percepção da equipe quanto aos fatores que podem interferir ou somatizar
a aplicação da autoproteção inclui a necessidade constante de adequações a rotina
de trabalho, aumentar a atenção e redobrar os cuidados com higiene e
biossegurança, ampliação da oferta de EPI’s e realização de treinamentos
específicos para o trabalho com pacientes infectados, melhoria e ampliação da
capacidade de atendimento.
Para minimizar o estresse emocional antes, durante e após a sua atividade
assistencial são necessários vários fatores que envolvem não somente os aspectos
individuais de cada profissional como o autocuidado, por meio da redução da
jornada de trabalho, aumento da rotina de sono, prática de exercícios, descanso e
lazer, evitar situações de violência e perturbação durante o exercício das atividades.
No entanto, são necessárias mudanças para evitar o agravamento do quadro
de estresse emocional dos profissionais de enfermagem, os quais não dependem
somente desses profissionais, mas sim, de mudanças e melhorias específicas no
sistema de saúde como um todo, por meio da contratação de um contingente maior
de profissionais de enfermagem para suprir as crescentes demandas, ampliação da
capacidade de atendimento, especialmente em UTI’s e em alas direcionadas a
45
pacientes com COVID-19, oferecimento de melhores condições de trabalho aos
profissionais de enfermagem, por meio de treinamentos e capacitação, melhoria das
instalações com áreas para descanso nos turnos, rodas de diálogo entre os
profissionais para que possam expor suas ideias e sentimentos, ampliação da oferta
de equipamentos de proteção individual, entre outros.
Acredita-se que esta série de aprimoramentos nas instituições de saúde será
capaz de reduzir a superlotação e com isso, reduzir as situações de violência física e
verbal contra profissionais de enfermagem, possibilitar a redução da jornada de
trabalho por meio da redução das horas extras, possibilitando maior tempo de sono
e descanso, o que impacta diretamente na redução do nível de estresse e melhoria
das condições de relaxamento e descanso para os profissionais de enfermagem.
46
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