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TEORIAS HUMANISTAS

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DISCIPLINA: TEORIAS HUMANISTAS 
TURMA: 4º PERÍODO 
ALUNAS: MARIA CLARA PAGIO CASTILHO, MILCINEIA MACHADO RIBEIRO DE 
SOUZA COSTA, STEFHANIE DA SILVA BARBOSA, VANESSA QUIRINO ELIAS 
ONOFRE E VICTORIA ESTURIÃO PINTO 
CAPITULO 3 
AS CARACTERISTICAS DE UMA RELAÇÃO DE AJUDA. 
Tenho há muito tempo a profunda convicção de que a relação terapêutica é apenas 
uma forma da relação interpessoal em geral, e que as mesmas leis regem todas as 
relações desse tipo. Meu interesse pela psicoterapia gerou meu interesse por toda 
espécie de relação de ajuda. Entendo por esta expressão uma relação na qual pelo 
menos uma das partes procura promover na outra o crescimento, o 
desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade 
de enfrentar a vida. A relação de ajuda pode ser definida como uma situação na qual 
um dos participantes procura promover numa ou noutra parte, ou em ambas, uma 
maior apreciação, uma maior expressão e uma utilização mais funcional dos 
recursos internos latentes do indivíduo. É, no entanto, claro que uma definição desse 
gênero abrange toda uma série de relações cujo objetivo geral é facilitar o 
crescimento. A definição aplica-se à quase totalidade das relações terapeuta–
cliente, quer se trate da orientação educacional, da orientação vocacional ou do 
aconselhamento pessoal. É natural que se comece por perguntar se existe uma 
investigação experimental que possa nos oferecer uma resposta objetiva a essas 
questões. 
Poucos estudos foram feitos neste domínio, até o presente, mas os que se fizeram 
são animadores e sugestivos. A maior parte dos estudos realizados são 
esclarecedores das atitudes da pessoa que ajuda, atitudes que nessa relação 
favorecem ou, pelo contrário, inibem o crescimento. Um estudo cuidadoso das 
relações pais–filhos que encerra interessantes informações. Entre os diferentes 
agrupamentos de atitudes dos pais para com os filhos, são as atitudes de “aceitação 
democrática” as que parecem melhor favorecer o crescimento. As crianças, quando 
são tratadas pelos pais com afeto e de igual para igual, revelam um 
desenvolvimento intelectual acelerado (QI mais elevado), maior originalidade, maior 
segurança e controle emocional, menor excitabilidade, do que as crianças que 
provêm de outros tipos de família. Quando as atitudes dos pais são classificadas 
como sendo de “rejeição ativa”, as crianças manifestam um leve retardamento no 
seu desenvolvimento intelectual, uma utilização relativamente pobre das suas 
capacidades e uma certa falta de originalidade. Essas crianças são emocionalmente 
instáveis, rebeldes, agressivas e agitadas. Os filhos de pais que apresentam outras 
síndromes de atitude tendem a situar-se entre estes dois extremos. 
Voltemos agora nossa atenção para outro estudo profundo realizado num campo 
muito diferente. Whitehorn e Betz estudaram o sucesso alcançado por jovens 
médicos internos no seu trabalho com pacientes esquizofrênicos numa enfermaria 
psiquiátrica. Os investigadores examinaram todas as causas suscetíveis de explicar 
em que é que o grupo A (o grupo bem-sucedido) era diferente do grupo B. Os 
médicos do grupo A tendiam a ver o esquizofrênico em termos da significação 
pessoal que determinados comportamentos tinham para o doente, de preferência a 
vê-lo como um caso clínico ou um diagnóstico descritivo. Ficou assim estabelecido 
que, na sua interação cotidiana, os médicos do grupo A tinham recorrido, sobretudo 
a uma participação pessoal ativa, Fizeram ainda menos uso de processos tais como 
a interpretação, a instrução ou os conselhos ou ainda outros, orientados para os 
cuidados materiais em relação ao doente. édico. Os autores, no entanto, sublinham 
prudentemente que essas conclusões só se aplicam ao tratamento dos 
esquizofrênicos, afirmação da qual estou inclinado a discordar. 
Heine estudou indivíduos que haviam recebido ajuda psicoterapêutica de 
psicanalistas, de terapeutas centrados no cliente e de adlerianos. O que aqui nos 
interessa de modo particular é a sua captação da relação com os terapeutas. O 
mais significativo era que todos estavam de acordo sobre os principais fatores que 
tinham achado benéficos. A relação com o terapeuta era responsável pelas 
modificações neles verificadas: a confiança que tinham sentido no seu terapeuta. 
Por outro lado, esses pacientes estavam amplamente de acordo, fosse qual fosse a 
orientação do seu terapeuta, sobre os elementos desfavoráveis na relação. Quanto 
aos procedimentos, consideravam desfavoráveis aqueles em que o terapeuta dava 
conselhos diretos e precisos ou em que concedia uma grande importância ao 
passado em vez de enfrentar os problemas atuais. Quanto à qualidade afetiva da 
relação, Seeman conclui que o bom resultado em psicoterapia está intimamente 
ligado à simpatia e ao respeito crescente que se estabelecem entre cliente e 
terapeuta. Verificou que sempre que a atitude do terapeuta tende, mesmo 
ligeiramente, para um menor grau aceitação, o número de desvios bruscos da 
resposta psicogalvânica sofre um aumento significativo. Um deles é o fato de que as 
atitudes e os sentimentos do terapeuta são mais importantes que sua orientação 
teórica. Seus procedimentos e suas técnicas são menos importantes do que suas 
atitudes. 
Verplanck, Greenspoon e outros mostraram que é possível o condicionamento 
operante do comportamento verbal numa relação. Muito resumidamente, se o 
experimentador diz “Hum” ou “Bem”, ou ainda se faz um sinal aprovador com a 
cabeça ao ouvir palavras ou frases, estas tenderão a ser empregadas com maior 
freqüência porque foram reforçadas. A pessoa não tem a menor consciência de 
estar sendo influenciada de alguma maneira por esse reforço. 
Lindsley , levando mais adiante os princípios de condicionamento operante 
desenvolvido por Skinner e por seu grupo, demonstrou que um esquizofrênico 
crônico pode ser colocado numa “relação de ajuda” com uma máquina. No princípio, 
ela simplesmente recompensa o comportamento de apertar um botão. A satisfação 
sentida pelo paciente é de natureza altruísta. Lindsley nos diz que alguns pacientes 
sofreram um progresso clínico importante. O experimentador decidiu estudar a 
extinção experimental, o que, em termos mais pessoais, significava que o paciente 
podia pressionar o botão milhares de vezes sem que houvesse qualquer 
recompensa. O paciente regrediu gradualmente, passou a descuidar da higiene, 
tornou-se não comunicativo, e a liberdade de circular que lhe fora concedida teve de 
ser revogada. Este incidente, que me parece particularmente dramático, parece 
indicar que, mesmo quando se trata de uma relação com uma máquina, só pode 
ajudar uma relação em que a confiança tenha um lugar importante. 
Trabalhando com casos crônicos de alcoólatras hospitalizados, tentaram três 
métodos diferentes de psicoterapia de grupo. O método que eles consideravam mais 
eficaz era uma terapia baseada numa teoria da aprendizagem com dois fatores; a 
terapia centrada no cliente viria em seguida; e a orientação psicanalítica parecia-lhes 
que deveria ser o menos eficaz. Os resultados demonstraram que a terapia baseada 
na teoria da aprendizagem não só não ajudava como era até prejudicial. As 
conseqüências eram piores do que se manifestavam no grupo de controle que não 
estava submetido a nenhum tratamento. A terapia de orientação psicanalítica teve 
certos resultados positivos, mas foi a terapia centrada no cliente que provocou uma 
considerável alteração positiva. Esta terapia consiste essencialmente: a) em anotar 
e classificar os comportamentos que se mostram como não satisfatórios b) em 
explorar objetivamente com o cliente as razões desses comportamentos e c) em 
estabelecer, através da reeducação, hábitos mais adequados para resolver os 
problemas. O terapeuta “nas suas atividades, acentua o anonimato da sua 
personalidade; ou seja, deve evitar cuidadosamente influenciar o paciente com as 
qualidadesindividuais da sua própria personalidade”. É esta a explicação ma is 
provável do fracasso desse método, quando procuro interpretar os fatos à luz de 
outras investigações. 
Parece evidente que as relações de ajuda eficazes têm características diversas das 
que não o são. Estas características diferenciais dizem essencialmente respeito às 
atitudes da pessoa que ajuda, por um lado, e à percepção da relação por aquele que 
é ajudado, por outro. Parece igualmente evidente que os estudos feitos até agora 
não nos dão as respostas finais sobre o que é uma relação de ajuda, nem sobre o 
modo como formá-la. Não podemos seguir de uma maneira cega e mecânica essas 
conclusões ou então destruímos as qualidades pessoais que esses estudos põem 
precisamente em relevo. Mais do que tentar dizer a vocês como utilizar os resultados 
que lhes apresentei, prefiro indicar-lhes o tipo de questão que me suscitam esses 
estudos e a minha própria experiência clínica. Procurarei dar-lhes algumas hipóteses 
variáveis que orientam o meu comportamento quando mergulho numa relação que 
eu desejaria que fosse de ajuda. 
1. Poderei conseguir ser de uma maneira que possa ser apreendida pela outra 
pessoa como merecedora de confiança, como segura ou consistente no sentido 
mais profundo do termo? Tanto a investigação como a experiência nos indicam que 
isso é muito importante. Comecei a reconhecer que ser digno de confiança não 
implica ser coerente de uma forma rígida, mas sim que se possa confiar em mim 
como realmente sou. 
2. Poderei ser suficientemente expressivo enquanto pessoa para que o que sou 
possa ser comunicado sem ambigüidades? Julgo que a maioria dos meus fracassos 
em realizar uma relação de ajuda se deveu a uma resposta não satisfatória a essas 
duas questões. Quando no papel de pai, terapeuta, professor ou administrador 
deixam de ouvir o que se passa em mim, devido à minha própria atitude de defesa 
que me impede de discernir os meus próprios sentimentos, é nessa altura que 
parece dar-se esses tipo de fracasso. 
3. A terceira questão é: serei capaz de vivenciar atitudes positivas para com o outro 
– atitudes de calor, de atenção, de afeição, de interesse, de respeito? Tememos 
que, se nos deixarmos ficar abertos à experiência desses sentimentos positivos para 
com o outro, poderemos ser enredados por eles. 
4. Poderei ser suficientemente forte como pessoa para ser independente do outro? 
Serei capaz de respeitar corajosamente meus próprios sentimentos, minhas próprias 
necessidades, assim como as da outra pessoa? Quando puder sentir livremente 
esta força de ser uma pessoa independente, então descobrirei que posso me 
dedicar completamente à compreensão e à aceitação do outro porque não tenho o 
receio de perder a mim mesmo. 
5. A questão seguinte está estreitamente ligada à anterior. Estarei suficientemente 
seguro no interior de mim mesmo para permitir ao outro ser independente? Ligado a 
esse aspecto, estou pensando no curto mas interessante estudo de Farson , que 
descobriu que os terapeutas menos bem adaptados e menos competentes têm 
tendência a induzir conformidade a si mesmos, isto é, para terem pacientes que os 
tomem como modelo. 
6. Poderei permitir-me entrar completamente no mundo dos sentimentos do outro e 
das suas concepções pessoais e vê-los como ele os vê? No que me diz respeito, é 
mais fácil para mim sentir este tipo de compreensão e comunicá-lo a um cliente 
individualmente do que a estudantes numa aula ou a colegas num grupo de que 
participe. Sinto uma forte tentação de corrigir o raciocínio dos estudantes ou de 
indicar a um colega os erros da sua maneira de pensar 
7. Uma outra questão é saber se posso aceitar todas as facetas que a outra pessoa 
me apresenta. Poderei aceitá-la como ela é? Segundo a minha experiência, quando 
minha atitude é condicional, o cliente não pode mudar nem desenvolver-se nesses 
aspectos que não sou capaz de aceitar completamente. Para poder prestar uma 
maior ajuda é necessário que me desenvolva e aceite esses sentimentos em mim 
mesmo. 
8. Um aspecto bastante prático surge da questão precedente: serei capaz de agir 
com suficiente sensibilidade na relação para que meu comportamento não seja 
percebido como uma ameaça? O trabalho que começamos a realizar ao estudar os 
aspectos fisiológicos que acompanham a psicoterapia confirma as investigações de 
Dittes, mostrando como é fácil os indivíduos sentirem-se ameaçados num nível 
fisiológico. O reflexo psicogalvânico – a medida da condutibilidade da pele – salta 
bruscamente quando o terapeuta reage com uma palavra que é um pouco mais forte 
do que os sentimentos do cliente 
9. Há um aspecto específico da questão anterior que também tem importância: 
poderei libertá-lo do receio de ser julgado pelos outros? Na maior parte das fases da 
nossa vida – em casa, na escola, no trabalho – achamo-nos dependentes das 
recompensas e dos castigos que são os juízos dos outros. Tais juízos fazem parte 
da nossa vida, desde a infância até a velhice. Creio que têm uma certa utilidade 
social em instituições e em organizações tais como as escolas e as profissões. 
10. Uma última questão: serei capaz de ver esse outro indivíduo como uma pessoa 
em processo tornar-se ela mesma, ou estarei prisioneiro do meu passado e do seu 
passado? Se aceito a outra pessoa como alguma coisa definida, já diagnosticada e 
classificada, já cristalizada pelo seu passado, estou assim contribuindo para 
confirmar essa hipótese limitada. Se a aceito num processo de tornar-se quem é, 
nesse caso estou fazendo o que posso para confirmar ou tornar real as suas 
potencialidades. 
CAPITULO 7 
 PSICOTERAPIA COMO UM PROCESSO 
Gostaria que me acompanhassem numa viagem de exploração. O objetivo da 
viagem, a meta da investigação, é procurar obter informações sobre o processo da 
psicoterapia, ou seja, o processo através do qual a personalidade se altera. Quando 
resolvi, fazer nova tentativa para compreender o modo como se dão essas 
modificações, comecei por considerar as diversas maneiras de descrever a 
experiência terapêutica em termos de um outro quadro de referência qualquer. Há 
muito me sentia atraído pela teoria da comunicação, com os seus conceitos de 
feedback , com os sinais “de entrada e de saída”, e assim por diante. Desde o ano 
passado, empreguei o método que muitos de nós utilizamos para levantar hipóteses, 
um método que os psicólogos do nosso país parecem relutantes em expor ou 
comentar. Usei-me como instrumento. Como instrumento, tenho qualidade e 
defeitos. Durante muitos anos vivenciei a terapia como terapeuta. Fiz a experiência 
do outro lado da mesa, como cliente. Durante este último ano, passei muitas horas a 
ouvir gravações de entrevistas terapêuticas – tentando ouvi-las tão ingenuamente 
quanto possível. A fase seguinte consistiu em reunir essas observações e 
abstrações elementares e formulá-las de modo a poder destacar imediatamente 
hipóteses verificáveis. Se a experiência passada for de algum modo um guia, alguns 
anos serão possíveis determinar com clareza o grau de verdade e de falsidade das 
afirmações que se seguem. 
Gostaria de fazê-los participar intensamente das alegrias e desânimos do esforço 
para compreender o processo terapêutico. Gostaria de lhes contar uma descoberta 
que fiz recentemente sobre a maneira como os sentimentos “tocam” os clientes – um 
termo que eles empregam freqüentemente. O cliente está falando sobre um tema 
importante quando, subitamente, é “tocado” por um sentimento – nada que tenha um 
nome ou uma classificação, mas a experiência de algo desconhecido que deve ser 
cuidadosamente explorado, mesmo antes que se lhe possa apontar uma 
designação. Um outro assunto de interesse foi a variedade dos caminhos seguidos 
pelos clientes para entrarem em contato com seus próprios sentimentos. Esses 
sentimentos vêm à superfície como “bolhas de ar”, eles “brotam”. O cliente 
“mergulha”nas suas emoções, muitas vezes com cautela e com receio: “Eu queria 
mergulhar neste sentimento, mas você sabe como isso é difícil”. Outra dessas 
observações naturalistas liga-se à importância que o cliente atribui à exatidão da 
simbolização. Ele quer exatamente a palavra precisa com a qual possa exprimir o 
sentimento por que passou. Uma aproximação não lhe basta. Acabei, desse modo, 
por reconhecer o valor dos chamados “momentos dinâmicos”, isto é, aqueles em 
que parece que uma mudança realmente ocorre. Queria igualmente mencionar o 
profundo sentimento de desespero que por vezes sinto, ingenuamente perdido na 
inacreditável complexidade da relação terapêutica. 
Ao teorizar sobre o processo da modificação da personalidade em psicoterapia, 
tenho de aceitar um conjunto ótimo de condições constantes que facilitem essa 
modificação. Ao longo de toda a exposição que se segue, parto do princípio de que 
o cliente se sente plenamente aceito. Com isso pretendo significar que, sejam quais 
forem os seus sentimentos, seja qual for o seu modo de expressão, seja qual for a 
impressão sobre a sua situação nesse momento, ele sente que está sendo 
psicologicamente aceito tal qual é, pelo terapeuta. Isto implica, portanto, o conceito 
de uma compreensão por empatia e o conceito de aceitação. Ao procurar captar e 
conceituar o processo de mudança, comecei por buscar os elementos suscetíveis de 
caracterizarem a própria mudança. Pensava na mudança como uma entidade e 
procurava seus atributos específicos. Pouco a pouco, fui compreendendo, à medida 
que me expunha à matéria bruta da mudança, que se tratava de um “contínuo” de 
uma espécie diferente daquele que eu antes imaginara. a mobilidade, da estrutura 
rígida para o fluxo, da estase para o processo. Emiti a hipótese provisória de que 
talvez as qualidades da expressão do cliente pudessem, em qualquer momento, 
indicar a sua posição nesse contínuo, indicar onde se encontra no processo de 
mudança. Desenvolvi progressivamente esse conceito de processo, distinguindo 
nele sete fases. Contudo, o processo que pretendo descrever relaciona-se mais 
propriamente com determinados domínios das significações pessoais. 
Primeiro estágio: O indivíduo que se encontra neste estágio de fixidez e de 
distanciamento da sua experiência não virá seguramente de boa vontade à terapia. 
O indivíduo tem pouco ou mesmo nenhum reconhecimento do fluxo e do refluxo da 
sua vida afetiva. O indivíduo não se comunica e não comunica senão aspectos 
exteriores. Ele tende a se ver como não tendo problemas, ou os problemas que 
reconhece são apreendidos como completamente exteriores a si mesmo. O 
indivíduo, nesse estágio, está representado por termos como estase, fixidez, em 
oposição a fluxo ou mudança. 
Segundo estágio do processo: Quando a pessoa no primeiro estágio pode vivenciar 
a si mesma como é totalmente aceita, segue-se então o segundo estágio. 
Parecemos saber muito pouco sobre como proporcionar a experiência de ser aceito 
para a pessoa no primeiro estágio, mas por vezes isso se consegue pela terapia 
lúdica ou em grupo. Não existe o sentimento de responsabilidade pessoal em 
relação aos problemas. Como comentário a esse segundo estágio do processo 
pode-se dizer que um determinado número de clientes que vêm voluntariamente à 
terapia estão nessa fase, mas nós conseguimos obter um grau muito modesto de 
resultados favoráveis ao trabalhar com eles. 
Terceiro estágio: Se a leve maleabilidade e o início do fluxo no segundo estágio não 
forem bloqueados e o cliente se sentir sob esses aspectos totalmente aceitos tal 
qual é, dá-se uma maior maleabilidade e fluência da expressão simbólica. Julgo 
evidente que muitas das pessoas que vêm à procura de ajuda psicológica se situam 
aproximadamente nesse terceiro estágio. Podem permanecer aí durante muito 
tempo, descrevendo sentimentos que não sentem no momento e explorando seu eu 
como um objeto, antes de estarem preparadas para passar à próxima fase. 
Quarto estágio: Quando o cliente se sente compreendido, bem-vindo, aceito tal 
como é nos vários aspectos da sua experiência, no nível do terceiro estágio, dá-se 
então uma maleabilidade gradual de seus construtos e uma fluência mais livre dos 
sentimentos, características de movimento no contínuo. O indivíduo toma 
consciência da sua responsabilidade perante os seus problemas pessoais, mas com 
alguma hesitação. Embora uma relação estreita ainda lhe pareça perigosa, o cliente 
aceita o risco até certo grau de afetividade. Aquele onde o paciente diz: “Bem, não 
tenho confiança em você.” Não há dúvida de que essa fase, bem como a seguinte, 
constitui a maior parte da psicoterapia. Seria bom recordar outra vez que uma 
pessoa nunca está exclusivamente nesse ou naquele estágio do processo. Ouvindo 
as entrevistas e examinando as transcrições datilografadas, sou levado a crer que 
as expressões de um cliente numa dada entrevista podem incluir frases e 
comportamentos que são sobretudo característicos da terceira fase, com momentos 
freqüentes de rigidez da segunda fase ou com maior maleabilidade da quarta fase. 
O quinto estágio: Se o cliente se sente aceito nas suas expressões, comportamentos 
e experiências no quarto estágio, isso irá favorecer uma maleabilidade ainda maior e 
uma renovada liberdade no fluxo organísmico. Os sentimentos são expressos 
livremente como se fossem experimentados no presente. O indivíduo aceita cada 
vez com maior facilidade a sua própria responsabilidade perante os problemas que 
tem de enfrentar, e preocupa-se mais em determinar como contribui para eles. O 
diálogo interior torna-se mais livre, melhora a comunicação interna e reduz-se o seu 
bloqueio . Em primeiro lugar, essa fase está, psicologicamente, a muitos quilômetros 
do primeiro estágio descrito. Nesse ponto, muitos aspectos da personalidade do 
cliente tornaram-se móveis, ao contrário da rigidez do primeiro estágio. A 
experiência é muito mais diferenciada e, portanto, a comunicação interior, já fluente, 
pode ser muito mais exata. 
O sexto estágio: Se consegui dar uma idéia da extensão e da natureza da 
maleabilidade crescente dos sentimentos, das vivências e das construções em cada 
estágio, podemos então passar ao estágio seguinte, que surge, a quem o observa, 
como crucial. Um sentimento que antes estava “bloqueado”, inibido na sua evolução, 
é experimentado agora de um modo imediato. A experiência é vivida subjetivamente 
e não como objeto de um sentimento. O eu, nesse momento, é esse sentimento. O 
eu é, subjetivamente, no momento existencial. Não é alguma coisa que se percebe. 
Uma outra característica desse estágio do processo é a maleabilidade fisiológica 
que o acompanha . Os olhos úmidos, as lágrimas, os suspiros, o relaxamento 
muscular são freqüentemente evidentes. Proporei de bom grado a hipótese de que 
nessas ocasiões, tendo meios para o observar, descobriríamos uma melhoria da 
circulação e da condutividade dos impulsos nervosos. Nessa fase, a comunicação 
interior é livre e relativamente pouco bloqueada. O construto pessoal correspondente 
dissolve-se no momento dessa experiência e o cliente sente-se separado do seu 
quadro de referência anterior estável. O momento da vivência integral torna-se uma 
referência clara e definida. 
O sétimo estágio: Nas áreas em que se atingiu o sexto estágio, já não é tão 
necessário que o cliente se sinta plenamente aceito pelo terapeuta, embora isso 
ainda pareça ser de grande ajuda. Esse estágio ocorre tanto fora da relação 
terapêutica como dentro dela, e é muitas vezes relatada mais do que vivenciada no 
decurso da sessão terapêutica. Vou procurar descrever algumas das suas 
características como as julgo ter observado. São experimentados novos sentimentos 
de modo imediato e com uma riqueza de detalhes, tanto na relação terapêutica 
como fora dela. A experiência de tais sentimentos é utilizada como um claro ponto 
de referência. Ocliente procura com absoluta consciência utilizar esses pontos de 
referência para saber de uma forma mais clara e mais diferenciada quem é, o que 
deseja e quais são as suas atitudes. Isto é verdade mesmo que os seus sentimentos 
sejam desagradáveis ou provoquem temor. 
Tentemos antecipar alguns problemas que se poderiam levantar a propósito do 
processo que procurei descrever. Talvez existam diferentes tipos de processos de 
modificação da personalidade. Talvez as abordagens terapêuticas que acentuam 
bastante os aspectos cognitivos e menos os aspectos emocionais da experiência 
possam provocar um processo de mudança completamente diferente. O processo 
de mudança pode ser facilmente evitado pela redução ou pela eliminação das 
relações em que o indivíduo seja plenamente aceito como é. Um cliente pode iniciar 
um tratamento próximo do segundo estágio e terminá-lo por volta do quarto, ficando 
tanto o cliente como o terapeuta absolutamente satisfeitos com os progressos 
substanciais que foram atingidos. 
De um modo geral, o processo parte de um ponto de fixidez onde todos os 
elementos e linhas de força acima descrita são facilmente discerníveis e 
compreensíveis isoladamente, até o ponto culminante da terapia em que todas 
essas linhas de força convergem de modo a formar um todo homogêneo. O 
indivíduo modificou-se, mas o que parece ser mais significativo é o fato de ele ter se 
tornado um processo integrado de transformação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
ROGERS, Carl R. As características de uma relação de ajuda. In: ROGERS, Carl 
R. TORNAR-SE PESSOA. SÃO PAULO: [s. n.], 2017. cap. 03, p. 52-72. Disponível 
em: https://docero.com.br/doc/e10cscx. Acesso em: 1 set. 2021. 
ROGERS, Carl R. As características de uma relação de ajuda. In: ROGERS, Carl 
R. TORNAR-SE PESSOA. SÃO PAULO: [s. n.], 2017. cap. 07, p. 134-169. 
Disponível em: https://docero.com.br/doc/e10cscx. Acesso em: 1 set. 2021.

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