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Meio Ambiente, 
Sociedade e 
Cidadania
E-book 4
Yara Maria Gasbelotto
Neste E-book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
CONSIDERAÇÕES SOBRE O 
AMBIENTE URBANO ����������������������������������4
As cidades pela perspectiva ecológica ������������������9
As cidades pela perspectiva urbanística ������������� 13
Como enxergar o processo de urbanização ������� 20
SUSTENTABILIDADE DOS 
AMBIENTES URBANOS ��������������������������� 22
AGENDA 2030 ��������������������������������������������26
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável ������������������������������������������������������������ 30
O Pacto Global (Global Compact) ������������������������ 34
A revisão de nossas sociedades ������������������������� 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������37
SÍNTESE �������������������������������������������������������38
2
E-book 
4
Caminhos em Direção 
à Sustentabilidade
E-book 
4
INTRODUÇÃO
Saudações, estudante!
Vamos iniciar nosso quarto e último módulo da dis-
ciplina Meio Ambiente, Sociedade e Cidadania� Para 
encerrar nossos estudos, vamos ter um panorama 
sobre as cidades e suas dinâmicas, uma vez que 
serão o local de convivência da maior parte das so-
ciedades humanas� Em seguida, vamos analisar a 
sustentabilidade dos ambientes urbanos e a bus-
ca pelo que se denomina cidade sustentável� Por 
fim, vamos conhecer a Agenda 2030, iniciativa da 
Organização das Nações Unidas para uma agenda 
global rumo às sociedades sustentáveis�
3
CONSIDERAÇÕES SOBRE O 
AMBIENTE URBANO
No Módulo 3, observamos que poucos municípios 
brasileiros contam mais de 500�000 habitantes, e 
uma quantidade ainda menor conta mais de 1 milhão 
de habitantes� Estimativas do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) indicam que em 2018 
somente 17 municípios possuíam mais de 1 milhão 
de habitantes que, juntos, somavam 45,7 milhões 
de pessoas (cerca de 22% da população do país)�
O município de São Paulo é o mais populoso, com 
12,2 milhões de habitantes� Rio de Janeiro, segundo 
maior município em termos populacionais, possui 
praticamente metade da população paulistana (6,7 
milhões)� Brasília, que ocupa o terceiro lugar, pos-
sui metade da população carioca (2,9 milhões)� Na 
Tabela 1, temos os maiores municípios brasileiros 
em tamanho de população�
Municípios com mais de 1 milhão de Habitantes
ORDEM UF MUNICIPIO POPULAÇÃO
1° SP São Paulo 12.176.866
2 ° RJ Rio de Janeiro 6.688.927
3 ° DF Brasília 2�974�703
4 ° BA Salvador 2.857.329
5 ° CE Fortaleza 2�643�247
6 ° MG Belo Horizonte 2�501�576
4
ORDEM UF MUNICIPIO POPULAÇÃO
7 ° AM Manaus 2�145�444
8 ° PR Curitiba 1.917.185
9 ° PE Recife 1.637.834
10 ° GO Goiânia 1�495�705
11 ° PA Belém 1.485.732
12 ° RS Porto Alegre 1�479�101
13 ° SP Guarulhos 1.365.899
14 ° SP Campinas 1�194�094
15 ° MA São Luís 1�094�667
16 ° RJ São Gonçalo 1.077.687
17 ° AL Maceió 1.012.382
TOTAL 45.748.378
% em relação ao total Brasil 21,9%
TOTAL BRASIL 208.494.900
Tabela 1: Municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes. 
Fonte: IBGE (2018).
A análise somente em nível municipal nos conduz ao 
entendimento de que as questões socioambientais 
urbanas são desafios que atingem pouco mais de 
1/5 da população brasileira� Deve-se lembrar, po-
rém, de que muitas cidades integram as Regiões 
Metropolitanas (RM) e Regiões Integradas de 
Desenvolvimento (Rides), que são áreas formadas 
por um núcleo urbano de alta densidade populacional 
geralmente conturbado, ou seja, núcleos urbanos 
de municípios distintos que se interligam de modo 
contínuo�
5
O IBGE (2018) indica que no Brasil há 28 regiões 
deste tipo, com população superior a 1 milhão de 
habitantes, somando 98,7 milhões de pessoas, ou 
47,3% da população brasileira� A RM de São Paulo 
é a mais populosa, com 39 municípios que somam 
21,6 milhões de pessoas� A RM do Rio de Janeiro, 
segunda mais populosa, soma 12,7 milhões, e a RM 
de Belo Horizonte contabiliza 5,9 milhões�
Desta forma, os desafios socioambientais urbanos 
não se restringem ao território do município ou ao 
perímetro urbano de um município, pelo contrário, 
referem-se a um ambiente urbano composto por 
paisagens e dinâmicas sociais diferentes dos en-
contrados no ambiente não urbano�
Para nossos estudos − considerando o que já foi 
estudado no módulo anterior sobre município, ci-
dade, área urbana e área rural −, apenas para facili-
tar nossa leitura, vamos utilizar os termos “cidade”, 
“metrópole” e “ambiente urbano” como sinônimos a 
partir de agora�
Vamos então passar do cenário nacional para o ce-
nário mundial e notar que a Organização das Nações 
Unidas (ONU) possui o conceito de megacidade, ci-
dades com mais de 10 milhões de habitantes� As 
megacidades da ONU, na verdade, são compostas 
por diversos municípios e equivalem às nossas regi-
ões metropolitanas� Na Tabela 2, temos as maiores 
megacidades mundiais em 2010�
6
As maiores megacidades mundiais em 2010
Megacidade População (milhões de habitantes)
1� Tóquio (Japão) 36,0
2� Cidade do México (México) 19,4
3� Nova York (EUA) 18,7
4� São Paulo (Brasil) 18,3
5� Mumbai (Índia) 18,2
6� Nova Délhi (Índia) 15,0
Tabela 2: Tabela 2. Maiores megacidades de 2010 em tamanho da 
população. Fonte: Leite e Awad (2012, p. 25).
As grandes cidades não são um fenômeno recente, 
por isso é importante resgatar que
Roma foi a maior cidade do mundo por mais 
de mil anos, teve seu ápice no final do século 
1 a.C. com 1 milhão de habitantes e declinou 
para um tamanho irrisório de 20 mil habitan-
tes na Idade Média. Estima-se que Bagdá, 
em seu auge entre 762 e 930 d.C., também 
teve 1 milhão de habitantes. Algumas cidades 
chinesas já foram imensas durante o auge 
do Império Chinês. Nova York, capital do sé-
culo 20, era a única megacidade do mundo 
em 1950. A Grande Tóquio é a maior cidade 
do mundo hoje, com mais de 36 milhões de 
habitantes. Grandes cidades, portanto, não 
são um fenômeno novo. A diferença hoje não 
é a presença de uma ou de algumas grandes 
cidades líderes de seu tempo, mas, sim, a rá-
pida emergência de um enorme número de 
7
grandes concentrações humanas por todo o 
planeta (LEITE; AWAD, 2012, p. 20).
Um estudo publicado pela Euromonitor International 
(2018), intitulado Megacities: developing country 
domination, indica que há 33 megacidades em todo 
o mundo, sendo duas delas no Brasil (as RM de São 
Paulo e do Rio de Janeiro)� Segundo o estudo, entre 
2017 e 2030 há a perspectiva de seis novas megaci-
dades entrarem para o cenário mundial� Na Figura 1, 
podemos verificar quais são as megacidades atuais.
Figura 1: Localização das megacidades de 2018 por país/região. 
Fonte: Razvadauskas (2018).
Com esse cenário mundial, fica mais evidente o 
grande desafio estratégico deste século, o de tornar 
sustentáveis estes imensos ambientes urbanos que 
concentram milhões de pessoas�
8
Analisar as grandes concentrações humanas é uma 
atividade que pode ser feita sob diversos ângulos, 
por diversas disciplinas acadêmicas tanto das ciên-
cias naturais (como a Ecologia e a Geografia Física) 
quanto das ciências sociais (como a Antropologia e 
a Sociologia)� Traremos duas perspectivas diferentes 
para análise�
As cidades pela perspectiva 
ecológica
A Ecologia estuda a relação dos seres vivos entre si e 
com o meio físico em que habitam� Busca desvendar 
as leis universais que regem a relação dos indivídu-
os dentro de uma espécie, a relação das diferentes 
espécies entre si e das populações de seres vivos 
com o meio físico� Por analogia, a Ecologia é a ciên-
cia que estuda a relação do Homo sapiens com as 
demais espécies de seres vivos e com o meio em 
que se encontra�
Genebaldo Freire Dias (2010) traz uma interessante 
análise das cidades pela ótica da Ecologia� Vamos 
nos basear nela para discutir esse item�
Dentro da Ecologia, considera-se a existência de três 
níveis de existência: o físico, o biológico e o social; 
cada qual segue suas próprias leis� O mundo físico 
é composto pela atmosfera,hidrosfera e litosfera, 
sendo regido pelas leis da Física e da Química� O 
mundo biológico (biosfera) é composto por todas as 
9
espécies de vida: de vírus e bactérias às aves e ma-
míferos, de fungos e gramíneas às árvores de grande 
porte, sendo regido pelas leis da Física, Química, 
Biologia e Ecologia� O mundo social é o mundo das 
construções humanas, desde construções de máqui-
nas e equipamentos até a construção de sociedades, 
governos, artes e religiões� Esse mundo social é regi-
do pelas leis da Física, Química, Biologia, Ecologia e 
das sociedades humanas (leis escritas e não escritas, 
ou seja, constituições, regimentos, decretos e valores 
morais e éticos)�
Já estudamos ao longo desta disciplina que as leis 
naturais são universais, mas as leis sociais não são, 
uma vez que as sociedades humanas variam ao lon-
go do tempo e do espaço� Esses três mundos estão 
conectados por meio de sistemas complexos, com-
postos pelos elementos em si e suas inter-relações, 
compondo um equilíbrio dinâmico�
Por equilíbrio dinâmico, entende-se o equilíbrio em 
movimento, em oposição ao equilíbrio estático, no 
qual prevalece o repouso. Para exemplificar, os pratos 
de uma balança ou os assentos de uma gangorra, 
quando equilibrados, compõem um equilíbrio está-
tico� Já os pratos do equilibrista de circo compõem 
um equilíbrio dinâmico: se o equilibrista parar de 
girá-los, os pratos caem do suporte�
As populações de seres vivos que habitam esses 
sistemas complexos tendem a crescer enquanto 
as condições forem favoráveis, ou seja, enquanto 
houver alimento, água e abrigo, basicamente (lembra-
10
-se do primeiro módulo da disciplina?)� A Ecologia 
denomina capacidade de suporte a quantidade de 
vida que um ambiente natural consegue manter� Um 
deserto possui baixa capacidade de suporte, ao pas-
so que florestas tropicais possuem alta capacidade 
de suporte�
A partir destes conceitos principais de Ecologia, 
Dias (2010) afirma que as cidades podem ser vis-
tas como um grande organismo vivo, imóvel e com 
alto metabolismo� Por ter alto metabolismo, conso-
me grandes quantidades de oxigênio, combustíveis, 
água e alimentos� Por não ter mobilidade, depende 
do ambiente não urbano para fornecer aquilo de que 
necessita; alguns autores afirmam que as cidades 
não sobreviveriam dois ou três dias sem a entrada 
dos recursos naturais vindos de outros ambientes� 
As cidades seriam praticamente como parasitas do 
ambiente não urbano, uma vez que são sistemas 
complexos, mas não autossuficientes. Observe a 
Figura 2�
11
A CIDADE
Entretenimento
Informação
Educação
Tecnologia
Pessoas Energia
Solar Calor
Ruído
Água
Esgotos
Alimentos
Lixos
Serviços
Bens
manufaturados
CombustíveisMatéria-
prima
Ar
Ar poluído
Figura 2: O metabolismo dos ecossistemas urbanos. Fonte: Dias 
(2010, p. 229).
Assim,
Se considerarmos as relações de alimentação 
do homem na cidade, descobriremos que o 
sistema urbano ao qual pertence não se limita 
a fronteiras geográficas definidas. Os alimen-
tos consumidos na cidade, que é o final da 
cadeia alimentar, representam a produtividade 
de solos e outros recursos naturais de outras 
áreas; a água utilizada não é aquela que cai 
sobre a cidade, mas a que é trazida de longe; 
o lixo produzido não circula de volta para o 
solo que produziu o alimento, mas sim através 
de novas cadeias [...] Dessa forma, os ecos-
sistemas urbanos, na verdade, afetam e são 
afetados pela biosfera como um todo, e o seu 
funcionamento interdepende não apenas de 
ecossistemas locais, mas da biosfera inteira 
(DIAS, 2010, p. 227).
12
Para Dias (2010), à medida que a estabilidade dos 
sistemas naturais aumenta com o crescimento da 
complexidade, os sistemas urbanos parecem ter 
tendência oposta, tornando-se mais frágeis e vulne-
ráveis, inclusive tornando-se menos adequados para 
a vida humana�
As sociedades urbanizadas estão desajus-
tadas em relação à dinâmica dos ambientes 
naturais. O preço de morar em uma cidade é 
um estado constante de ansiedade. As pes-
soas ficam expostas a mazelas biológicas e 
psicossociais como violência, perda de identi-
dade, tensão, alta competitividade, frustração 
e conflitos de toda ordem [...] As cidades são 
os locais onde o homem produz o seu maior 
impacto sobre a natureza. A sua construção 
altera de modo drástico os ambientes naturais 
onde são erguidas, ciando um novo ambiente, 
com demandas únicas (DIAS, 2010, p. 228).
As cidades pela perspectiva 
urbanística
Outra perspectiva pode nos ser fornecida pelo 
urbanismo, ramo da Arquitetura responsável por 
desenvolver condições adequadas de habitação 
às populações das cidades e, em uma visão mais 
ampla, criar condições de vida satisfatórias nos 
13
centros urbanos, atuando no planejamento das 
cidades�
Carlos Leite e Juliana Awad (2012) trazem uma 
análise das cidades pela ótica da Arquitetura e do 
Urbanismo, na qual vamos nos basear para discutir 
este item�
Os autores partem do princípio de que as grandes 
cidades ou metrópoles são o desafio estratégico do 
século 21, pois entendem que dois terços do con-
sumo mundial de energia advêm das cidades, 75% 
dos resíduos são gerados nas cidades e vive-se um 
processo dramático de esgotamentos dos recursos 
hídricos e de consumo exagerado de água potável� 
Nesse cenário, se as cidades adoecem, o planeta 
torna-se insustentável, de modo que é necessária a 
reinvenção das metrópoles contemporâneas, com a 
criação de indicadores que mostrem oportunidades 
em termos de cidades mais sustentáveis e mais in-
teligentes do que as que cresceram e se expandiram 
sem limites no século 20�
Cidades como Barcelona, Vancouver, Bogotá e 
Curitiba são apontadas por terem desenvolvido diver-
sas experiências urbanísticas que as colocaram na 
linha de frente como cidades mais verdes – mostran-
do que as metrópoles se reinventam e se refazem�
Os autores são categóricos: “A cidade é a pauta: o 
século 19 foi dos impérios, o século 20, das nações, 
o século 21 é das cidades� As megacidades são o 
futuro do planeta urbano� Devem ser vistas como 
14
oportunidades e não como problema” (LEITE; AWAD, 
2012, p� 15)�
As oportunidades são percebidas porque a cidade 
é o lugar onde são feitas todas as trocas humanas, 
dos grandes e pequenos negócios à interação social 
e cultural� Para essas trocas, a alta densidade dos 
grandes centros urbanos é vista como uma carac-
terística favorável, promovendo a criatividade e a 
inovação�
Lembremo-nos de que ambientes com alta 
concentração de pessoas criativas crescem 
mais rapidamente e atraem mais gente de 
talento, conforme vem demonstrando os es-
tudos de Richard Florida acerca das cidades 
criativas. Metrópoles com clusters de alta tec-
nologia contêm maior número de pessoas de 
talento do que outras. Talento, tolerância e 
diversidade são os ingredientes indissociá-
veis no crescimento destas metrópoles que 
lideram o ranking de cidades criativas.
Outras pesquisas demonstram que maiores 
densidades populacionais urbanas estão dire-
tamente ligadas a maior desenvolvimento de 
inovação urbana, gerando outro interessante 
debate contra o modelo de cidade-subúrbio 
(baixa densidade) e em defesa das grandes 
metrópoles com muito maior densidade 
(LEITE; AWAD, 2012, p. 12).
15
SAIBA MAIS
A Unesco, agência da ONU para educação, ciên-
cia e cultura, possui uma plataforma internacio-
nal que conecta cidades para compartilhar ex-
periências, ideias e melhores práticas no campo 
das indústrias criativas e do desenvolvimento ur-
bano� Saiba mais assistindo ao vídeo da Rede de 
Cidades Criativas da Unesco disponível em: ht-
tps://youtu.be/1Lr5rd-DaSU� Acesso em: 19 mai� 
2019�
Por esse entendimento, cidades são mais sustentá-
veis quanto mais compactas forem, quanto maior 
sua densidade populacional� Isso porque maior den-
sidade significa menos consumo de energia, seja a 
energia dos combustíveis usados na locomoção de 
grandes distâncias, seja energia das próprias pes-
soas, gastas nas horas perdidas de deslocamen-
tocotidiano (lembra-se do conceito de movimento 
pendular?)�
Para compactar as cidades, os projetos urbanos 
devem instrumentalizar a recuperação dos vazios 
centrais, transformando-as em redes estratégicas 
de núcleos policêntricos compactos e densos, otimi-
zando infraestruturas e liberando territórios verdes�
Aqui vale uma observação relevante: é sempre bom 
nos lembrarmos de que os modelos urbanísticos 
não compõem uma ciência exata ou natural, estan-
do sempre vinculados aos conceitos e valores das 
sociedades que os elabora� Assim, se em um dado 
16
momento histórico os bairros exclusivamente resi-
denciais são valorizados, os modelos baseados em 
condomínios afastados dos centros dominam o mer-
cado imobiliário – como é o caso dos residenciais 
Alphaville e similares� Se, posteriormente, entende-se 
que a alta densidade é melhor, chegam ao mercado 
imobiliário os condomínios mistos, que unem torres 
residenciais com as comerciais�
Da mesma forma, nas décadas de 1950 e 1960, a 
ideia motriz do planejamento urbano era a separação 
dos usos da cidade� Assim foi construída a cidade 
de Brasília, por exemplo, com setores exclusivos de 
moradia, estudo ou serviço� Esse modelo setoriza-
do, como pode ser percebido pelas colocações de 
Carlos Leite e Juliana Awad, está sendo substituído 
pelo uso sobreposto do território urbano, compondo 
núcleos policêntricos�
Assim, se Brasília fosse construída hoje, certamente 
ela teria amplas calçadas e ciclovias, mas menos vias 
de alta velocidade� Possivelmente, seus quarteirões 
contemplariam simultaneamente moradias, serviços 
e comércio, compondo estruturas urbanas quase que 
independentes umas das outras�
Entender essa variação do conceito de cidade pela 
ótica da variação da própria sociedade humana torna-
-se relevante, pois é a base do argumento de que as 
cidades podem ser reinventadas� Leite e Awad (2012) 
afirmam que as cidades se reinventam, pois não são 
fossilizadas; dentro desse argumento, comparam 
também as cidades a organismos vivos: as melho-
17
res cidades, aquelas que continuamente sabem se 
renovar, funcionam similarmente a um organismo – 
quando adoecem, se curam, mudam� Um organismo 
que consome os recursos naturais provenientes do 
ambiente externo, mas que em contrapartida fornece 
produtos, serviços e tecnologia que beneficiam a 
todos, em todos os ambientes�
Essa perspectiva em relação às cidades analisa tam-
bém a desigualdade social como uma consequência 
da atratividade que as metrópoles exercem sobre as 
pessoas:
[...] as pessoas se mudam para as cidades 
na busca por uma vida melhor, e normalmen-
te conseguem, mesmo vivendo em favelas. 
Ainda que vivendo em condições precárias 
nas grandes cidades, a população vai a elas 
porque sabe que é ali que estão as oportuni-
dades, por mais difícil que seja. Afinal, mais 
da metade do produto interno bruto (PIB) dos 
países deriva de atividades econômicas urba-
nas (LEITE; AWAD, 2012, p. 22).
Para sanar ou minimizar os efeitos negativos dessa 
desigualdade, são necessários investimentos consi-
deráveis em infraestrutura urbana, especialmente em 
saneamento básico, para dar condições adequadas 
de vida a essa parcela da população urbana�
Por outro lado, devemos nos atentar para o fato de 
que o crescimento da população mundial está de-
18
sacelerando, isto é, em diversas cidades de países 
desenvolvidos, observa-se um encolhimento da popu-
lação. Essa mudança demográfica certamente trará 
consequências às dinâmicas de nossas sociedades 
urbanas que já poderão ser percebidas nos próximos 
10 a 15 anos� De qualquer maneira, o que a perspec-
tiva urbanística nos traz é:
nas megacidades que acontecem as maiores 
transformações, gerando uma demanda iné-
dita por serviços públicos, matérias-primas, 
produtos, moradias, transportes e empregos. 
Trata-se de um grande desafio para os gover-
nos e a sociedade civil, que exige mudanças 
na gestão pública e nas formas de governan-
ça, obrigando o mundo a rever padrões de 
conforto típicos da vida urbana – do uso ex-
cessivo do carro à emissão de gases (LEITE; 
AWAD, 2012, p. 23).
SAIBA MAIS
O vídeo Cidade de Papel, produzido pela ONU-Ha-
bitat, aborda a questão do planejamento urbano 
para as cidades e está disponível em: https://you-
tu.be/pj2Xwrq2n-o� Acesso em: 19 mai� 2019�
19
Como enxergar o processo de 
urbanização
Até o momento, trouxemos duas perspectivas distin-
tas sobre o ambiente urbano contemporâneo, com a 
intenção de exemplificar uma linha de pensamento 
muito enraizada quando se fala de ambiente urbano e 
ambiente rural: a noção de que ambos ambientes são 
opostos um ao outro, sendo seus limites bastante 
claros e identificáveis.
De acordo com o IBGE (2017), essa visão dicotômica 
tem origem na virada do século 19, sendo uma con-
sequência de intensas transformações e problemas 
resultantes do rápido processo de urbanização nos 
países europeus e ondas migratórias na América 
do Norte�
Essa visão tem gerado dois pontos de vista divergen-
tes� Um é claramente antiurbano, ou seja, idealiza-se 
a vida rural pela sua proximidade com a natureza e 
seu desaparecimento é lamentado; com isso, o am-
biente urbano, pelo seu distanciamento da natureza, 
é um ambiente “ruim”� A perspectiva ecológica que 
trouxemos exemplifica esse ponto de vista.
O outro ponto de vista é pró-urbano, em que se con-
sidera a urbanização o motor do progresso, da ino-
vação e da modernização� A perspectiva urbanística 
que trouxemos exemplifica esse ponto de vista.
A verdade, porém, é que está cada vez mais difícil 
delimitar as fronteiras entre o urbano e o rural, pois 
20
você encontra áreas em uma cidade similares a áre-
as rurais e áreas na zona rural com características 
consideradas urbanas� O fato é que a urbanização é 
reconhecidamente um fenômeno transformador e um 
dos principais vetores de transformação do século 
20 e início deste século 21� Deste modo, a busca 
por melhores condições de vida para as sociedades 
humanas passa, necessariamente, pela busca por 
cidades sustentáveis� Vamos entender melhor esse 
conceito a seguir�
21
SUSTENTABILIDADE 
DOS AMBIENTES 
URBANOS
Muito tem se falado em cidades sustentáveis e, em 
especial, muito tem se discutido sobre sustentabili-
dade� A adoção do termo sustentabilidade na agenda 
global é resultado das agendas ambientais da ONU, 
e ilustra bem as diferentes formas das sociedades 
humanas enxergarem sua relação com o mundo à 
sua volta�
Em uma breve retomada, estudamos que a princípio 
o homem se considerava à parte e acima do mundo 
natural� De um lado, estão as sociedades humanas e, 
de outro, a “natureza”� Conforme o homem percebe-
-se integrante inevitável dos ciclos naturais, começa 
a utilizar o termo “meio ambiente”� Inicialmente, o 
termo refere-se apenas aos ambientes naturais, mas 
aos poucos os ambientes construídos pelo homem 
passam a compor o entendimento de meio ambiente� 
Surge então o termo “desenvolvimento sustentável” 
que abarca, além do homem e da natureza, a dimen-
são econômica das sociedades humanas� No início 
do século 21, surge o termo “sustentabilidade”, que 
engloba a natureza, o homem, a dimensão econômi-
ca e a dimensão social�
Mas afinal, o que significa sustentabilidade? 
Sustentabilidade não é um conceito científico, e sim 
22
uma representação social, portanto, adquire signi-
ficados diferentes para grupos sociais diferentes. 
Um entendimento interessante nos é fornecido pelo 
teólogo Leonardo Boff:
Na raiz de “sustentabilidade” e de “sustentar” 
está a palavra latina sustentare com o mes-
mo sentido que possui em português. [...] nos 
oferecem dois sentidos: um passivo e outro 
ativo. O passivo diz que “sustentar” significa 
segurar por baixo, suportar, servir de escora, 
impedir que caia, impedir a ruína e a queda. 
Neste sentido “sustentabilidade” é, em termos 
ecológicos, tudo o que fizermos para que um 
ecossistema não decaia e se arruíne. [...] O 
[outro] sentido enfatiza o conservar, manter, 
proteger, nutrir, alimentar,fazer prosperar, sub-
sistir, viver, conservar-se sempre à mesma al-
tura e conservar-se sempre bem [...].
Estes sentidos são visados quando falamos 
hoje em dia de sustentabilidade, seja do uni-
verso, da Terra, dos ecossistemas e também 
de inteiras comunidades e sociedades: que 
continuem vivas e se conservem bem (BOFF, 
2012, pp. 31-32).
Construir cidades sustentáveis é, portanto, mais do 
que investir em infraestrutura urbana, é investir na 
qualidade de vida de seus habitantes� Em outras 
23
palavras, mesmo que uma cidade tenha esgoto co-
letado e tratado, excelente qualidade do ar e muita 
área verde bem distribuída pelo território, se o índice 
de violência ou de desemprego for alto, não haverá 
qualidade de vida. Os desafios socioambientais tra-
tados no módulo anterior são fundamentais para a 
qualidade ambiental urbana, mas não são suficientes 
para se atingir a sustentabilidade dos ambientes ur-
banos, a qual exige a promoção de maior equidade 
social de seus habitantes�
Assim, podemos definir cidade sustentável como 
aquela em que se conciliam o crescimento econô-
mico aliado à proteção ambiental e a redução das 
desigualdades sociais� Não parece um processo 
simples, e realmente não é�
Ana Carolina Evangelista (2013) aponta um conjunto 
de compromissos que devem ser assumidos para se 
concretizar esse ambiente urbano ideal:
• Compromissos relacionados à governança e à 
gestão de políticas públicas, buscando fortalecer 
a participação social nos processos de tomada de 
decisão�
• Compromissos relacionados à proteção e melhoria 
da qualidade ambiental urbana, incluindo a busca por 
padrões mais responsáveis de produção e consumo, 
e por um planejamento urbano mais inclusivo�
• Compromissos relacionados à equidade social, 
buscando universalizar o acesso a serviços públicos 
de qualidade e promover dinâmicas econômicas 
locais�
24
• Compromissos que conectam as cidades ao cená-
rio global, buscando a promoção da paz e da justiça 
social�
E a autora continua:
Cidades sustentáveis seriam, assim, o resulta-
do de um conjunto articulado de ações, nas es-
feras pública e privada, que progressivamente 
criem um ambiente urbano economicamente 
viável, ambientalmente sustentável e social-
mente justo (EVANGELISTA, 2013, p. 142).
Como podemos articular e fazer funcionar esse con-
junto de ações? Talvez o próximo item nos forneça 
uma ferramenta possível para esse processo�
25
AGENDA 2030
Em setembro de 2015, durante a Assembleia Geral 
da Organização das Nações Unidas, foi lançada a 
Agenda 2030, uma ousada iniciativa que sintetiza 
tudo o que foi abordado em nossa disciplina, por 
isso é o retrato da busca pela sustentabilidade que 
nossas sociedades estão vivenciando�
Antes de 2015, agências especializadas da ONU atu-
avam com duas agendas: uma com foco na dimen-
são social e outra com foco na dimensão ambiental� 
A Agenda 2030 tem raízes históricas nestes dois 
movimentos da própria ONU que se desenvolveram 
paralelamente�
Pela vertente ambiental, podemos destacar a 
Agenda 21, o principal documento resultante da 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento (CNUMAD ou Eco-92), realiza-
da no Rio de Janeiro� Trata-se de um plano de ação 
pautado no conceito do desenvolvimento sustentá-
vel, que estabelecia ações a serem efetivadas pelos 
Estados-membro da ONU até o início do século 21� 
O termo “agenda” foi utilizado exatamente com a 
ideia de planejamento, de estabelecimento de com-
promissos para o século que se iniciava – daí seu 
nome Agenda 21� Saiba um pouco mais sobre o tema 
em Agenda 21�
Podcast 1 
26
Pela vertente social, em 2000 a ONU estabeleceu os 
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), 
uma agenda voltada à erradicação da pobreza e ao 
estímulo ao desenvolvimento social� Foram determi-
nados oito grandes objetivos e respectivas metas, 
bem como um trabalho de monitoramento que seguiu 
até 2015, que foi o ano final estabelecido.
O sucesso alcançado pelos ODM evidenciou que es-
tabelecer objetivos globais é um eficiente mecanismo 
para alcançar melhores resultados de desenvolvi-
mento, de modo que em setembro de 2015 a ONU 
convocou a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, 
com objetivo de propor uma nova agenda de desen-
volvimento para o período de 2015 a 2030 (ONU 
BRASIL, 2019)� Saiba um pouco mais sobre o tema 
em Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio�
Podcast 2 
Esta nova agenda concilia e unifica as duas agendas 
anteriores� Por um lado, dá continuidade ao legado 
dos ODM; por outro lado, revisita o desenvolvimento 
sustentável com uma visão integrada e equilibrada 
de suas dimensões principais�
Para a ONU,
A agenda é única em seu apelo por ação a 
todos os países – pobres, ricos e de renda 
média. Ela reconhece que acabar com a pobre-
za deve caminhar lado a lado com um plano 
27
que promova o crescimento econômico e res-
ponda a uma gama de necessidades sociais, 
incluindo educação, saúde, proteção social e 
oportunidades de trabalho, ao mesmo tempo 
em que aborda as mudanças climáticas e pro-
teção ambiental. Ela também cobre questões 
como desigualdade, infraestrutura, energia, 
consumo, biodiversidade, oceanos e indus-
trialização (ONU BRASIL, 2019).
A Agenda 2030 é composta de uma Declaração, 
um quadro de resultados e um roteiro para acom-
panhamento e revisão� O quadro de resultados abar-
ca 17 grandes objetivos (Figura 3), os Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável, que formam o núcleo 
da Agenda� Nos próximos anos de implementação da 
Agenda 2030, os ODS e suas metas deverão estimu-
lar e apoiar ações em áreas de importância crucial 
para a humanidade: Pessoas, Planeta, Prosperidade, 
Paz e Parcerias�
28
Figura 3: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Fonte: 
ONU Brasil (2019).
29
Importante lembrar que a Agenda 2030 não é le-
galmente vinculante, ou seja, não tem peso de lei 
internacional� Porém, espera-se que os países se 
apropriem da Agenda e estabeleçam um arcabouço 
nacional que permita alcançar os objetivos no prazo 
proposto, uma vez que todos os países signatários – 
incluindo o Brasil – se comprometeram a empreender 
esforços para alcançar seus objetivos e metas até o 
ano de 2030 (ONU BRASIL, 2019)�
SAIBA MAIS
Veja o vídeo institucional de lançamento da Agen-
da 2030, que fornece um panorama da importân-
cia desta agenda� Disponível em: https://youtu.
be/u2K0Ff6bzZ4� Acesso em: 19 mai� 2019�
Os 17 Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) são integrados e indivisíveis, mesclando de 
forma equilibrada as três dimensões do desen-
volvimento sustentável: a econômica, a social e a 
ambiental� São como uma lista de tarefas a serem 
cumpridas pelos governos, pela sociedade civil e 
pelo setor privado no percurso coletivo rumo a um 
2030 sustentável:
• Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as 
suas formas, em todos os lugares�
30
• Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segu-
rança alimentar e melhoria da nutrição e promover 
a agricultura sustentável�
• Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e pro-
mover o bem-estar para todos, em todas as idades�
• Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equi-
tativa e de qualidade, e promover oportunidades de 
aprendizagem ao longo da vida para todos�
• Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e em-
poderar todas as mulheres e meninas�
• Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão 
sustentável da água e saneamento para todos�
• Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, susten-
tável, moderno e a preço acessível à energia para 
todos�
• Objetivo 8. Promover o crescimento econômico 
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno 
e produtivo e trabalho decente para todos�
• Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, 
promover a industrialização inclusiva e sustentável 
e fomentar a inovação�
• Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos 
países e entre eles�
• Objetivo 11.  Tornar as cidades e os assenta-
mentos humanosinclusivos, seguros, resilientes e 
sustentáveis�
• Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de 
consumo sustentáveis�
31
• Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para comba-
ter a mudança do clima e seus impactos�
• Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos 
oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para 
o desenvolvimento sustentável�
• Objetivo 15� Proteger, recuperar e promover o uso 
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de 
forma sustentável as florestas, combater a desertifi-
cação, deter e reverter a degradação da terra e deter 
a perda de biodiversidade�
• Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e in-
clusivas para o desenvolvimento sustentável, pro-
porcionar o acesso à justiça para todos e construir 
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em 
todos os níveis�
• Objetivo 17� Fortalecer os meios de implementação 
e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento 
sustentável�
Observe que os ODS 6, 13, 14 e 15 referem-se a as-
pectos da biosfera; os ODS 1, 2, 3, 4, 5, 7, 11 e 16 
referem-se a aspectos da sociedade; os ODS 8, 9, 
10 e 12 referem-se a aspectos econômicos� O ODS 
17 trata das parcerias e é um objetivo relacionado a 
todos os demais�
SAIBA MAIS
O IBGE elaborou uma série especial de vídeos so-
bre os ODS que vale a pena assistir! Comece pelo 
vídeo introdutório, depois assista ao vídeo do 
32
ODS 1 e continue a sequência no próprio canal do 
Instituto� Os vídeos são curtos e bastante didáti-
cos� Disponível em: https://youtu.be/Fev2MHAa-
-qo� Acesso em: 19 mai� 2019�
Cabe aos governos nacionais adequar as metas e 
indicadores para sua realidade e incentivar que todo 
o conjunto da sociedade se envolva no cumprimento 
deste desafio global. No Brasil, a adequação das 169 
metas globais à nossa realidade ficou sob responsa-
bilidade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
(Ipea), que após longo processo de consulta técnica 
e consulta popular apresentou um relatório no qual 
aponta que das 169 metas globais, apenas 2 foram 
consideradas como não aplicáveis ao Brasil� Durante 
o processo de adequação, 128 metas tiveram seu 
texto alterado, seja para conferir mais clareza ao seu 
conteúdo original seja para ser possível quantificá-la 
com mais precisão� Foram criadas oito novas metas, 
totalizando 175 metas nacionais�
As empresas possuem um papel estratégico na 
Agenda 2030, não apenas apoiando políticas públicas 
e acompanhando os resultados, mas principalmente 
incorporando em sua estrutura uma gestão respon-
sável que valorize o equilíbrio entre crescimento eco-
nômico, inclusão social e proteção ao meio ambiente 
(ONU BRASIL, 2019)� No próximo item, vamos estudar 
as empresas que já vêm se articulando em torno 
desta temática muito antes desta iniciativa�
33
SAIBA MAIS
Você pode conhecer a Agenda 2030 na íntegra!
Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/
agenda2030/� Acesso em: 19 mai� 2019�
O Pacto Global (Global Compact)
Da vontade de mobilizar a comunidade empresarial 
para a adoção de valores fundamentais e interna-
cionalmente aceitos em suas práticas de negócios, 
nasceu o Pacto Global� Lançado em 2000, não é um 
instrumento regulatório nem um código de conduta 
obrigatório, mas uma iniciativa voluntária que for-
nece diretrizes para a promoção do crescimento 
sustentável e da cidadania, por meio de lideranças 
corporativas comprometidas e inovadoras (PACTO 
GLOBAL, 2019)�
De acordo com a iniciativa, atualmente são quase 13 
mil signatários articulados em mais de 160 países� 
Fazem parte pequenas, médias e grandes empresas, 
além de organizações da sociedade relacionadas ao 
setor privado�
O Pacto Global estabelece 10 Princípios a serem 
observados, envolvendo quatro áreas: Direitos 
Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Combate à 
Corrupção�
34
Ao aderir ao Pacto Global, a organização assume o 
compromisso de implementar os 10 Princípios em 
suas estratégias de negócio e operações diárias; 
para tornar esse compromisso público e transpa-
rente, deve publicar relatórios periódicos sobre os 
progressos realizados�
 Você sabia que o Brasil possui uma rede de empre-
sas engajadas no Pacto Global? A Rede Brasil conta 
com mais de 770 signatários, entre grandes empre-
sas nacionais, pequenas e médias empresas, fede-
rações de indústrias e organizações da sociedade 
civil� É a terceira maior rede do mundo em empresas 
signatárias, atrás somente da Espanha e da França�
Com o lançamento da Agenda 2030, a Rede Brasil do 
Pacto Global planeja expandir o número de parcerias 
para disseminar os Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável no setor privado�
A revisão de nossas sociedades
Para finalizar nossa disciplina, vamos trazer uma 
reflexão de Leonardo Boff (2012), na qual ele afirma 
que a busca pela sustentabilidade passa pela revisão 
do que entendemos por sociedade�
Toda sociedade humana baseia-se em três eixos in-
ter-relacionados: o econômico, o político e o ético� O 
eixo econômico garante a infraestrutura material para 
a vida; o eixo político define o tipo de organização 
que as pessoas desejam e as formas de exercício e 
35
distribuição do poder; o eixo ético compõe os valores 
e os princípios que orientam as práticas cotidianas 
e dão sentido coletivo à vida social (BOFF, 2012)�
Especialmente após a Revolução Industrial, o que se 
observou foi a centralidade do eixo econômico como 
estruturador exclusivo da organização social, condu-
zindo por seus interesses o eixo político e deixando 
em plano secundário as questões éticas e sociais�
Não se pode falar em sociedade sustentável sem 
antes refazer o equilíbrio perdido dos três eixos es-
truturadores da convivência social� Em sociedades 
coesas e sadias a economia vem submetida à políti-
ca, a política se orienta pela ética, e a ética se inspira 
em valores intangíveis e espirituais que assinalam 
um sentido transcendente à vida e à história, pois 
tal preocupação está sempre presente nos seres 
humanos em sociedade (BOFF, 2012, p� 126)�
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste quarto e último módulo, tivemos contato com 
um panorama nacional das grandes cidades, conhe-
cendo os municípios e regiões metropolitanas mais 
populosos, constatando que os desafios urbanos 
não se limitam ao perímetro dos municípios, mas 
compõem um ambiente diferenciado a ser estudado� 
Conhecemos as megacidades da ONU e as milhões 
de pessoas, em todo o mundo, que ocupam estes 
ambientes� Pudemos analisar as cidades por duas 
perspectivas distintas: a ecológica e a urbanística, 
e por meio delas conhecer a visão dicotômica que 
ainda marca a discussão sobre ambiente urbano e 
ambiente rural� É preciso cautela para não cair em 
uma visão exclusivamente antiurbana ou exclusi-
vamente pró-urbana na análise das cidades� Na se-
quência, estudamos a noção de sustentabilidade e 
sua aplicação no ambiente urbano, conhecendo o 
percurso multidimensional de compromissos que 
conduz a uma cidade sustentável� Finalmente, conhe-
cemos a Agenda 2030 da ONU e seus 17 Objetivos 
de Desenvolvimento Sustentável, que pode vir a ser 
uma ferramenta oportuna para se alcançar cidades 
economicamente viáveis, ambientalmente sustentá-
veis e socialmente justas�
37
• Como enxergar o processo de 
urbanização
• As cidades pela perspectiva 
urbanística
• A revisão de nossas sociedades
• O Pacto Global
• As cidades pela perspectiva 
ecológica
CAMINHOS EM DIREÇÃO 
À SUSTENTABILIDADE
Considerações sobre o 
ambiente urbano
• Os 17 Objetivos de Desenvolvimen-
to Sustentável
A sustentabilidade dos 
ambientes urbanos
Agenda 2030
SínteSe
Referências
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Petrópolis: Vozes, 2012�
IBGE� INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA. Classificação e caracterização dos 
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aproximação� Rio de Janeiro: IBGE, 2017� Estudos e 
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em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv100643.pdf� Acesso em: 19 mai� 2019�
IBGE� INSTITUTO BRASILEIRODE GEOGRAFIA 
E ESTATÍSTICA� IBGE divulga as estimati-
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Agência IBGE Notícias. 2018. Disponível em: https://
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-
-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/relea-
ses/22374-ibge-divulga-as-estimativas-de-popula-
cao-dos-municipios-para-2018. Acesso em: 19 mai. 
2019.
IPEA� INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA 
APLICADA� Metas Nacionais dos Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável. Brasília: IPEA, 2018. 
Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/
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pdf� Acesso em: 19 mai� 2019�
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 
9. ed. São Paulo: Gaia, 2010.
EVANGELISTA, A. C., Cidades Sustentáveis. In: DI 
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de Políticas Públicas. São Paulo: Fundap, 2013. pp. 
141-142.
EUROMONITOR INTERNATIONAL. Megacities: develop-
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2018. Disponível em: https://go.euromonitor.com/stra-
tegy-briefing-cities-2018-megacities.html� Acesso 
em: 19 mai� 2019�
LEITE, C�; AWAD, J� C� M� Cidades sustentáveis, cida-
des inteligentes: desenvolvimento sustentável num 
planeta urbano� Porto Alegre: Bookman, 2012�
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Disponível em: https://go.euromonitor.com/strategy-
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