Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
119 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 9 Monitoria e análise de elementos que afetam a estratégia organizacional Inúmeros são os desafios das organizações ao estabelecerem o pla- nejamento estratégico. Por mais que nos cerquemos de informações, ferramentas ou mesmo modelos, nunca teremos controle absoluto so- bre o que ocorre nas empresas e em seu entorno. As situações tendem a mudar, e por mais que busquemos certa estabilidade, existem variá veis que não respondem aos nossos controles e às nossas ações. A teoria da contingência, uma das escolas da administração, já pregava esta máxima: existem inúmeras possibilidades de algo ocorrer ou não. 120 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Por mais que as variáveis sejam desconhecidas ou mesmo não res- pondam às nossas ações, precisamos nos debruçar na análise desses cenários para nos preparar para as múltiplas diversidades, elaborando e validando planos contingenciais que possam minimizar impactos negati- vos e potencializar impactos positivos nos negócios. Como vimos nos capítulos iniciais, a visão sistêmica, que nos remete à análise de causa e efeito, é uma importante capacidade no processo de formulação estratégica. Ao analisar os possíveis cenários e buscar rela- cionar as potenciais causas e efeitos, estaremos construindo um modelo de monitoramento que poderá auxiliar no controle ou mesmo na mitiga- ção dos possíveis contextos. O objetivo deste capítulo consiste justamente na análise e no moni- toramento de cenários, sendo tão ou mais importantes do que a bus- ca por seu controle. Quando reconhecemos que muitos aspectos que envolvem nosso negócio não estão e não estarão sob nosso controle, estamos reconhecendo a importância de ao menos monitorálos, de modo a nos prepararmos para diferentes situações. Esse monitoramento diminuirá a dependência da sorte ou mesmo da intuição, embora nunca eliminemos totalmente a necessidade de pensar intuitivamente. Depender apenas da intuição para orientar nos- sas decisões significa se arriscar demais. A função gerencial, que, por visão funcional, seria a atividade de tomar decisões, ficaria muito rasa se dependesse única e exclusivamente da sorte. A gerência estratégica toma decisões que podem criar diferenciais competitivos e será mais efetiva quando incluirmos nas nossas análises variáveis que indepen- dam da nossa ação, mas que estarão direta ou indiretamente ligadas aos resultados que poderemos obter. Esses resultados devem ponderar todos os riscos e as incertezas que envolvam o planejamento estraté- gico da nossa organização. Dessa maneira, em vez de nos arriscarmos, assumiremos riscos com certo grau de controle e certeza. 121Monitoria e análise de elementos que afetam a estratégia organizacional M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1 Variáveis exógenas Segundo o dicionário online da língua portuguesa Caldas Aulete, o termo “exógeno” significa aquilo “que tem causas externas” (AULETE DIGITAL, [s.d.]). Assim, quando tratamos de va riáveis exógenas, nos referimos às variáveis externas que, independentemente da nossa atuação, interferem na organização. Os indicadores macroeconômicos são um exemplo dessas variáveis não controladas por nossas empresas, mas que direta ou indiretamente afetam o desempenho das companhias. Outro caso se aplica à variação cambial para empresas importadoras e exportadoras que possuam fon- te de financiamento fixado em moeda estrangeira, ou mesmo empresas que utilizam em seu processo matériaprima ou insumos importados. Ambas sentirão os reflexos dessa variação. Por esses motivos, entre outros, empresários e gestores devem fi- car muito atentos a todos os eventos externos durante a elaboração, a implementação e a revisão do planejamento estratégico. Como vimos no capítulo anterior, analisar e avaliar a atratividade do mercado no qual atuamos é, sem dúvida, uma necessidade primordial para dirigirmos nossos negócios e gerenciar os riscos a ele atrelados. Nesse sentido, Goleman (2014, p. 132) destaca que o foco da atenção organizacional tem sido na informação interna... Precisamos é de um modelo ecológico, em que se pesquise o am- biente externo de informações – tudo o que esteja acontecendo ao redor de uma empresa que possa impactála. Além dos aspectos internos, devemos estar preparados para lidar com as incertezas do mercado. Para isso, uma das ferramentas que se costuma utilizar para ponderar variáveis que fogem do controle, ou seja, variáveis exógenas, consiste em uma adaptação da previsão de custos do Modelo PMBOK, uma metodologia de gestão de projetos. 122 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A exatidão da estimativa pontual de custos de uma atividade pode ser aperfeiçoada considerandose a incerteza e o risco nas estima- tivas e usando três estimativas para definir uma faixa aproximada do custo de uma atividade: 1. Mais provável (cM). O custo da atividade baseado num esforço de avaliação realista para o trabalho exigido e quaisquer outros gastos previstos. 2. Otimista (cO). O custo com base na análise do cenário de melhor caso da atividade. 3. Pessimista (cP). O custo com base na análise do cenário de pior caso da atividade. Dependendo dos valores de distribuição assumidos na faixa das três estimativas, o custo esperado, cE, pode ser calculado usando uma fórmula. Duas fórmulas comumente usadas são as distribui- ções beta e triangular. As fórmulas são: a. Distribuição triangular: cE = (cO + cM + cP) / 3 b. Distribuição beta: cE = (cO + 4cM + cP) / 6 As estimativas de custos baseadas em três pontos com uma dis- tribuição presumida fornecem um custo esperado e identificam a faixa de incerteza sobre o custo esperado. (PMBOK, 2017, p. 245) O conceito descrito no PMBOK nos permite lançar mão de uma pon- tuação de cenários para facilitar a tomada de decisão. Por exemplo, em uma situação na qual precisamos validar o lançamento de um produto qualquer, poderíamos nos reunir com a equipe responsável pelo estudo de mercado e criar três cenários, atribuindo um grau de sucesso a cada um deles; por exemplo: 123Monitoria e análise de elementos que afetam a estratégia organizacional M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. cM = Cenário mais provável 65% de chance de sucesso cO = Cenário otimista 90% de chance de sucesso cP = Cenário pessimista 35% de chance de sucesso Se utilizarmos a distribuição triangular, teremos: cE = (90 + 65 + 35) / 3 = 63,34% de chance de sucesso Se utilizarmos a distribuição beta, teremos: cE = (90+ (4 × 65) + 35) / 6 = 64,17% de chance de sucesso Como vimos no exemplo, ao aplicar qualquer uma das distribuições, o cenário obtido seria menos favorável do que o cenário mais provável, podendo, nesse caso, sugerir um adiamento no lançamento do produto. Não obstante, como dito anteriormente, buscase utilizar uma adap- tação do método; logo, podemos alterar o peso de cada cenário de acordo com o mercado e sua atratividade. Independentemente do uso de alguma metodologia, ou mesmo da busca pelo consenso entre os responsáveis pela análise, é de extrema importância incluir em nossa agenda o monitoramento das variáveis exógenas para diminuir o grau de incerteza do planejamento. 2 Gerência estratégica Quanto mais competitivo o mercado no qual atuamos, mais depen- deremos das pessoas e, em última análise, de gestores eficazes que possam extrair o melhor dos colaboradores e dos recursos de que a organização dispõe. Nesse contexto, como dito na introdução deste ca- pítulo, é importante esclarecer a visão funcional da gerência, ou seja, o conceito e objetivo do processo gerencial. 124 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Gerenciar é decidir: depararse com algumas situações ou opções e escolher a mais adequada. Em contrapartida, sempre que escolhemos algo, estamos automaticamente abrindo mão das demais alternativas. Escolher e renunciar é a dinâmica da função gerencial, pois sempre que optamos pelo caminho mais adequado, nossa chance de sucesso será potencializada. Porém, se escolhermos o caminho menos adequado, abriremos mão de aumentar a possibilidade de sucesso. Mas qual seria esse caminho? Descobrir a direção adequada é justa- mente o desafio dos gestores. Note que não afirmamos “caminho cer- to”, pois o adequado hoje poderá não ser o melhor amanhã. A gerência estratégica resulta no alinhamento desses dois concei- tos, ou seja, tomada de decisões (gerência) e criação de diferenciais (estratégia). Desse modo, a gerência estratégica consiste em fazer es- colhas que possam criar ou sustentar nossos diferenciais. A maneira pela qual os gerentes tomam suas decisões estratégicas e as implantam é basicamente influenciada por três fatores: Quadro 1 – Fatores que orientam as decisões estratégicas FATOR DESCRIÇÃO Consiste em análise de mercado, indicadores de crescimento, concorrência, grau de inovação dos produtos ou serviços, nível de exigência dos clientes, controle governamental, situação econômica e política, entre outros. Cultura organizacional, porte, tecnologia, processos, pessoas, capacidade de investimento, marca, entre outros. Empatia, comunicação, assertividade, capacidade de delegar, visão sistêmica, capacidade analítica, proatividade, trabalho em equipe, entre outros. 125Monitoria e análise de elementos que afetam a estratégia organizacional M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A escolha de gerentes com habilidades administrativas superiores deve ser prioridade para os líderes estratégicos, pois aqueles devem ser a mola propulsora para decisões e implementações de estratégias corporativas, daí a importância de uma análise detalhada dos fatores exemplificados. Talvez não seja de se admirar que trabalho árduo, análises meticu- losas, disposição para ser extremamente franco, uma queda por querer que a empresa e o seu pessoal consigam realizar cada vez mais e bom senso sejam prérequisitos para que a pessoa seja bemsucedida como líder estratégico. Além disso, os líderes estra- tégicos devem ser capazes de “pensar séria e profundamente [...] nos objetivos das organizações que comandam ou nas funções que executam, nas estratégias, táticas, tecnologias, sistemas e pessoas necessárias para atingir esses objetivos, e nas questões importantes que sempre precisam ser respondidas” (LEAVITT, 1991, p. 9). Além disso, os líderes estratégicos eficazes traba- lham para dar um tom ético às suas empresas. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 22) Esses líderes estratégicos formam a alta administração da empresa, que congrega os gestores responsáveis pelo gerenciamento estratégi- co e deve ser formada por pessoas que conheçam a organização e o mercado de atuação. Para que esses executivoschave possam cum- prir suas funções com eficácia e eficiência, geralmente a constituição da equipe deve ser heterogênea, ou seja, composta de indivíduos com diferentes expertises e formações. Quanto mais diversificada a equipe, abrangendo o conceito de ti- mes multifuncionais que se complementam devido às suas diferenças, maiores as chances de uma gerência estratégica eficaz, no que diz res- peito às formulações estratégicas. Porém, a diversidade acaba por causar um conflito, que deve ser construtivo, caracterizando, assim, a coesão do grupo. Caso isso não ocorra, será extremamente difícil implementar as formulações definidas 126 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .pelo grupo. Alinhar as decisões e ações cabe ao executivo principal da empresa (CEO) ou mesmo ao proprietário. Em outros termos, cabe ao principal dirigente determinar a direção estratégica e liderar a alta admi- nistração na busca desse direcionamento. Líderes estratégicos são pessoas situadas em vários setores da empresa, que utilizam o processo de administração estratégica para ajudar a empresa a atingir a sua visão e missão. Independen- temente do cargo que ocupem, os líderes estratégicos são decisi- vos e estão comprometidos a proteger aqueles ao seu redor e a ajudar a empresa a criar valor para seus clientes e retornos para os acionistas e outros stakeholders. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 21) A determinação da direção estratégica consiste na formulação em longo prazo da intenção estratégica da corporação, que comumente deve contemplar pelo menos de 5 a 10 anos, variando de acordo com a insta- bilidade do mercado. Durante a formulação da direção estratégica, deve- mos recorrer ao feedback daqueles que serão afetados por essa direção, pois se todos os integrantes e relacionados que mantêm contato ou fa- zem parte da corporação sonharem um sonho compartilhado, a visão de longo prazo tende a ser mais eficaz e causar um maior impacto positivo. Assim que a visão for determinada, o CEO deve garantir a sua im- plementação, transpondo as barreiras internas e externas que venham a existir e facilitando a implantação de todos os passos necessários e derivados da direção estratégica. A importância do CEO para a direção estratégica é tamanha que, quando substituído, a corporação deve realizar um profundo diagnósti- co. Se a necessidade existente é a manutenção da direção estratégica atual, sugerese a contratação de um CEO interno, ou seja, a promoção de um executivo que já faz parte da corporação. Porém, quando há a 127Monitoria e análise de elementos que afetam a estratégia organizacional M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente.Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. necessidade de mudanças, algumas corporações optam pela contra- tação de um CEO externo, o que reforçará a necessidade de virada e alterações da direção estratégica atual. Considerações finais Algumas ações são tão intensas que passam a dividir fatos, eras ou dados históricos. Podemos afirmar que, em meados de 1990, o Brasil presenciou um desses marcos históricos. A abertura do mercado brasi- leiro obrigou as corporações a enfrentar uma dura realidade: não tínha- mos competência para concorrer globalmente e, em última análise, não podíamos proteger nosso mercado sem os subsídios governamentais outrora praticados. A partir desse marco, o Brasil passou a ser inserido no mercado in- ternacional e iniciou sua busca contínua por um planejamento estratégi- co efetivo. Esse novo cenário mostrou para as empresas e empresários que a análise e o monitoramento de fatores externos seriam de suma importância para a redução de riscos e busca de diferenciais para criar valor para os clientes e para as corporações. Quando as corporações brasileiras começaram a se acostumar com a nova realidade de concorrência e competências diversas, eis que sur- ge um novo acontecimento, tão intenso e profundo quanto a abertura do mercado: a globalização, impulsionada pela ampla utilização da in- ternet. Nesse momento, nossas empresas passaram a competir com todo o mundo, e não mais com seu mercado doméstico. Atreladas às facilidades impulsionadas pela tecnologia, as pessoas começaram a valorizar mais os seus próprios recursos, elevando, assim, os níveis de exigências. Podemos notar com os fatos anteriormente descritos que o con- texto e a evolução do mercado, além de fazer parte do nosso dia a dia, 128 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . passaram a ditar diretamente os valores e costumes que uma socie- dade, organização ou pessoa assume, sendo seu inverso igualmente verdadeiro. Esses fatos nos mostram a importância de monitorar as variáveis que independem de nosso controle e incluir na agenda dos gerentes estratégicos fatores externos, buscando, dessa maneira, minimizar os riscos e potencializar as oportunidades atreladas ao nosso negócio. Referências AULETE DIGITAL. Dicionário on-line da língua portuguesa Caldas Aulete. [s.d.]. Disponível em: <www.aulete.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2018. GOLEMAN, Daniel. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração es- tratégica. São Paulo: Thomson, 2003. PMBOK. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK®). 6. ed. Project Management Institute, 2017. 129 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 10 Teorias sobre estratégia Segundo o dicionário on-line da língua portuguesa Caldas Aulete, o termo “dimensão” significa “extensão de uma porção do espaço que se pode medir em todos os sentidos” (AULETE DIGITAL, [s.d.]). Desse modo, quando analisamos as dimensões das teo rias sobre estratégia, estamos observando quais são os parâmetros utilizados para confi- gurar o processo de administração estratégica da organização. Esses parâmetros, quando medidos em todos os sentidos, desenham como as organizações construíram seus processos de planejamento e imple- mentação da estratégia empresarial. Nesse sentido, este capítulo tem como objetivo analisar algumas dessas dimensões, ou seja, como as organizações funcionam e como o planejamento estratégico interfere ou contribui para esse funcionamento. 130 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Resumo das escolas de estratégia Nos capítulos anteriores, analisamos as escolas de estratégia, que nos mostraram como o planejamento estratégico evoluiu ao longo do tempo e como essas teorias que construíram cada uma das dez esco- las foram concebidas e aplicadas. Essas escolas serviram como modelo de aplicação prática de vá- rias teorias relacionadas ao planejamento estratégico. Como resultan- te, também se correlacionaram com as dimensões propostas por cada teoria. Para compreender melhor essa relação entre as teorias, escolas e dimensões, convém retomar alguns pontos centrais de cada escola. A escola do design tinha como metáfora principal a arquitetura como base teórica do planejamento estratégico, que buscava imprimir a ne- cessidade de adequar e pensar o processo de planejamento estratégi- co, propondo a estratégia da organização como uma perspectiva plane- jada, resultante de um processo pessoal e arbitrário mais indicado em um contexto estável e compreensível. A escola do planejamento tinha como metáfora principal a teoria de sistemas como base teórica do planejamento estratégico, que busca- va conferir a necessidade de formalizar e programar todo o processo, propondo a estratégia da organização como planos decompostos, re- sultantes de um processo formal e deliberado mais indicado em um contexto simples e estável. A escola do posicionamento buscava a economia como base teórica do planejamento estratégico, com o intuito de imprimir a necessidade de analisar e calcular todo o processo, propondo a estratégia da organi- zação como posições genéricas, resultante de um processo analítico e deliberado mais indicado em um contexto simples e maduro. A escola empreendedora utilizava a inovação como base teórica do planejamento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de 131Teorias sobre estratégia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. pressentir e centralizar todo o processo, propondo a estratégia da or- ganização como uma perspectiva única, resultante de um processo vi- sionário e intuitivo mais indicado em um contexto dinâmico e simples. A escola cognitiva utilizava a psicologia como base teórica do pla- nejamento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de estrutu- rar e imaginar todo o processo, propondo a estratégia da organização como uma perspectiva mental, resultante de um processo mental e emergente mais indicado em um contexto complexo. A escola da aprendizagem compreende a teoria da aprendizagem como base do planejamento estratégico, imprimindo a necessidade de aprender e arriscar durante todo o processo, propondo a estratégia da or- ganização como padrões aprendidos, resultante de um processo emer- gente e informal mais indicado em um contexto complexo e dinâmico. A escola do poder lança mão da ciência política como base teórica do planejamento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de agarrar e ocultar o processo de formulação estratégica (em uma visão orientada para o mercado), propondo a estratégia da organização como posições e padrões cooperativos,resultante de um processo conflituoso e deliberado mais indicado em um contexto controlável e cooperativo. A escola cultural tinha a antropologia como base teórica do planeja- mento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de aglutinar e perpetuar o processo, propondo a estratégia da organização como uma perspectiva abrangente, resultante de um processo ideológico e coleti- vo mais indicado em um contexto passivo. A escola ambiental lança mão da biologia como base teórica do pla- nejamento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de lutar e capitular o processo de formulação estratégica, propondo a estratégia da organização como posições genéricas específicas – nichos resul- tantes de um processo passivo e emergente e mais indicado em um contexto competitivo e delineável. 132 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A escola da configuração consolida a história como base teórica do planejamento estratégico, que buscava imprimir a necessidade de transformar e revolucionar o processo de formulação estratégica, pro- pondo a estratégia da organização como qualquer uma das perspecti- vas possíveis, respeitando a melhor configuração para a organização, resultante de um processo integrador indicado para qualquer contexto. O quadro 1 organiza e resume os pontos observados para a constru- ção da correlação entre as escolas e as teorias sobre estratégia. Quadro 1 – Dimensões das escolas de estratégia ESCOLA DISCIPLINA MENSAGEM ESTRATÉGIA PROCESSO CONTEXTO Design Arquitetura (metáfora) Adequar Pensar Perspectiva planejada Pessoal e arbitrário Estável e compreensível Planejamento Teoria de sistemas Formalizar Programar Planos decompostos Formal e deliberado Simples e estável Posicionamento Economia Analisar Calcular Posições genéricas Analítico e deliberado Simples e maduro Empreendedora Inovação Pressentir Centralizar Perspectiva única Visionário e intuitivo Dinâmico mas simples Cognitiva Psicologia Estruturar Imaginar Perspectiva mental Mental e emergente Complexo Aprendizagem Teoria da aprendizagem Aprender Arriscar Padrões aprendidos Emergente e informal Complexo e dinâmico Poder Ciência política Agarrar Ocultar Posições e padrões cooperativos Conflituoso e deliberado Controlável e cooperativo Cultural Antropologia Aglutinar Perpetuar Perspectiva coletiva Ideológico e coletivo Passivo (cont.) 133Teorias sobre estratégia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ESCOLA DISCIPLINA MENSAGEM ESTRATÉGIA PROCESSO CONTEXTO Ambientação Biologia Lutar Capitular Posições genéricas específicas (nichos) Passivo e emergente Competitivo e delineável Configuração História Transformar Revolucionar Qualquer anterior Integrador Qualquer anterior Fonte: adaptado de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010). A correlação sistematizada no quadro 1 facilitará a tarefa de entender as dimensões da estratégia de acordo com as características das or- ganizações, sendo essas dimensões: intencional, de inovação ou social. 2 Dimensão intencional Quando abordamos a dimensão intencional do processo de planeja- mento estratégico, estamos lançando mão das bases teóricas das es- colas de design, planejamento e posicionamento, em que a perspectiva principal decorre do conhecimento das variáveis envolvidas no processo de planejamento estratégico. Desse modo, assume-se certo grau de as- sertividade no mapeamento dos mercados e concorrentes e a resultante do planejamento estratégico é deliberadamente construída com base em planos sistemáticos e estáveis, pois, nesse contexto, entende-se que o mercado deve ser estável, simples, compreensível e maduro. A dimensão intencional está diretamente relacionada à criação de direcionadores de mercado, comumente denominados drivers. Esses direcionadores nortearão as ações para a criação de diferencial com- petitivo e o alcance de suas metas. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2003), os principais direcionadores do planejamento estratégico são consciência, motivação e capacidade. 134 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A consciência, que é um pré-requisito para qualquer medida com- petitiva ou resposta de uma empresa, refere-se a até que ponto os concorrentes reconhecem o grau da sua interdependência que resulta da quantidade de mercados em comum e similaridade de recursos. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 132) Nesse sentido, quando conhecemos nossos concorrentes e enten- demos como nossas relações são construídas e qual a semelhança entre nossos produtos, serviços ou mesmo estrutura, temos condições de planejar com maior precisão as ações que facilitariam o alcance das nossas metas. A motivação, que diz respeito ao incentivo da empresa para agir e reagir ao ataque de um concorrente, está ligada aos ganhos e perdas percebidos. Consequentemente, uma empresa pode estar ciente de seus concorrentes, mas não estar motivada a se envolver em rivalidade com eles se for percebido que a sua posi- ção não irá melhorar ou que a sua posição no mercado não será prejudicada se ela não reagir. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 132) Ao conhecermos melhor nossos concorrentes e estarmos cons- cientes dos riscos e oportunidades que eles promovem para o nosso negócio, teremos melhores condições de estabelecer quais ações esta- remos dispostos a empreitar. Dessa maneira, nossa motivação guiará nossas intenções e ações. Em alguns casos, a empresa pode estar ciente da grande quantida- de de mercados que divide com um concorrente e pode estar moti- vada a reagir a um ataque do mesmo, porém lhe falta a habilidade para fazê-lo. Capacidade se refere aos recursos e à flexibilidade que eles proporcionam. Sem a disponibilidade de recursos (como capi- tal financeiro e pessoal), falta à empresa a capacidade de atacar um concorrente ou reagir às suas ações. Quando uma empresa se depara com um concorrente com recursos semelhantes, a análise minuciosa de um possível ataque antes de iniciá-lo é fundamental porque o concorrente com recursos semelhantes provavelmente irá reagir a essa ação. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 132) 135Teorias sobre estratégia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Estarmos conscientes das nossas capacidades de ação e, principal- mente, de nossa capacidade de resposta é fundamental para a im- plementação do nosso planejamento estratégico, pois as intenções somente serão convertidas em ações e, consequentemente, em re- sultados se os recursos necessários durante esse processo estiverem disponíveis e forem suficientes. A dimensão intencional do planejamento estratégico refere-se aos resultados planejados, ou seja, à declaração das metas e dos obje- tivos que perseguimos e às maneiras (ações) pelasquais vamos alcançá-las. Nesse contexto, o processo da administração estratégica mostra-se como uma construção programada, calculada, analisada e pensada intencionalmente, na qual assumimos certo grau de conheci- mento do mercado, da nossa empresa e uma clareza em relação aos objetivos que queremos alcançar. 3 Dimensão de inovação Quando abordamos a dimensão de inovação do processo de plane- jamento estratégico, utilizamos bases teóricas das escolas empreen- dedora, cognitiva e de aprendizagem, sendo a perspectiva principal decorrente da complexidade e do dinamismo do mercado. Nesse con- texto, assumimos que para obter um retorno acima da média devemos ofertar produtos ou serviços inovadores, que atendam às necessidades atuais dos clientes, porém de maneira diferente, ou mesmo atendam às necessidades futuras. Para tanto, o processo de administração estratégica deve conter certo grau de criatividade e aprendizado, no qual possamos buscar criar alternativas, seja com o lançamento de novos produtos ou servi- ços, seja com base na observação do comportamento dos clientes e mercados, a fim de sugerir novas aplicações para produtos ou serviços já conhecidos. Durante esse processo, devemos criar o hábito de fazer 136 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . com que essas observações renovem nossos paradigmas, ou seja, nos permitam aprender novos conceitos que se traduzam em novos proces- sos, produtos ou serviços. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2003), o processo de inovação con- siste na aplicação comercial de uma invenção ou mesmo na imitação de um produto ou serviço já existente, porém de maneira mais eficiente. Em seu trabalho clássico, Schumpeter afirmou que as empresas se dedicam a três tipos de atividades inovadoras. Invenção é o ato de criar ou desenvolver um novo produto ou processo. Inovação é o processo de criação de um produto comercial a partir de uma in- venção. A inovação começa após uma invenção ser escolhida para desenvolvimento. Assim, uma invenção cria algo novo, enquanto uma inovação põe algo novo em uso. Da mesma forma, critérios técnicos são utilizados para determinar o sucesso de uma inven- ção, enquanto critérios comerciais são utilizados para determinar o sucesso de uma inovação. Por fim, imitação é a adoção de uma inovação por empresas similares. A imitação geralmente acarreta a padronização do produto ou processo, e os produtos com base em imitação são frequentemente oferecidos a preços mais baixos, mas sem tantos recursos. O empreendedorismo é crucial para a atividade inovadora no sentido de atuar como um eixo entre inven- ção e inovação. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 373) Em geral, as grandes empresas investem em pesquisa e desenvolvi- mento, buscando justamente criar novos produtos, serviços ou aplica- ções. Esses processos tendem a ser encarados como diferenciais es- tratégicos que promoverão em médio ou longo prazo o retorno do valor investido. Por mais que possamos dispor de recursos para investimento em pesquisa e desenvolvimento, nosso planejamento estratégico não será único e exclusivamente pautado na criação ou inovação. A dimen- são da inovação, no que tange à invenção ou ao lançamento de pro- dutos ou serviços inovadores, fará parte do processo estratégico, que, em conjunto com outras ações, posicionarão nossa organização acima da média. 137Teorias sobre estratégia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Mesmo se não possuirmos recursos suficientes para financiar as ati- vidades de pesquisa e desenvolvimento, ideias inovadoras podem surgir durante o processo de planejamento estratégico de maneira espontâ- nea, criando, assim, oportunidades de retornos sem a necessidade de grandes investimentos. Porém, se não contarmos com recursos para in- vestimentos nem com ideias inovadoras espontâneas, podemos favore- cer o processo de inovação buscando nos concentrar na aplicação ino- vadora de produtos ou serviços. Desse modo, estaremos, segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2003), lançando mão do processo de imitação, não no sentido de simplesmente plagiar algo, mas na tentativa de buscar identificar melhores formas para fabricar, prestar um serviço, comer- cializar ou aplicar qualquer produto ou serviço já comum no mercado. A dimensão da inovação do planejamento estratégico refere-se ao fomento de novas perspectivas e padrões que poderão ser premissas ou mesmo resultantes do nosso planejamento estratégico. Sendo as- sim, pressentir as necessidades e oportunidades, imaginar novas apli- cações e assumir riscos serão atividades necessárias durante o plane- jamento e a implementação das nossas ações estratégicas. 4 Dimensão social Quando abordamos a dimensão social do processo de planejamento estratégico, utilizamos as bases teóricas das escolas de poder, cultural e ambiental, nas quais a perspectiva principal decorre da necessidade de valorização do papel das pessoas, seja no ambiente interno, no qual devemos primar pela gestão do conhecimento e relações sociais dos nossos colaboradores, seja no ambiente externo, em que devemos va- lorizar as relações sociais dos nossos clientes, entendendo como os padrões sociais interferem nas decisões de compra ou mesmo na valo- rização das marcas. 138 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . É notório entre todos os autores e gestores que as organizações de- pendem da capacitação e disposição de seus funcionários. As pessoas se mostram como umas das principais fontes de vantagem competiti- va sustentável. Quando não observamos o potencial e a influência dos colaboradores nos resultados das empresas, corremos sérios riscos de insucesso no processo de planejamento estratégico. Várias empresas defendem a importância dos seus funcionários e, mesmo assim, os demitem ao primeiro sinal de problemas fi- nanceiros. Quando o fazem, elas têm mais probabilidade de passar por um declínio no seu desempenho em longo prazo. Além disso, as empresas precisam utilizar o total do seu capital humano de maneira mais eficaz. As empresas que o fazem, como a PepsiCo e a E-Bay, têm mais probabilidade de criar vantagens competitivas e vencer batalhas competitivas contra seus rivais. Reforçando seus esforços, pesquisas recentes estão descobrindo que seus investi- mentos em capital humano específico aumentam o aprendizado e, por sua vez, o desempenho da empresa. Evidentemente algu- mas companhias estão reconhecendo o valor do capital humano para seu êxito estratégico, enfatizando a tentativa de reter os tra- balhadores mais antigos pelo conhecimento que adquiriram com o tempo. Essas medidas criaram rivalidade entre as empresas no sentido de adquirir e reter capital humano de alta qualidade. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 76) Quando pautamos nosso planejamento estratégico de maneira coe- rente com a cultura organizacional, ou seja, respeitando os valores compartilhados pelas pessoas que compõem nossa organização, es- tamosampliando nossa chance de sucesso. Quando as pessoas acre- ditam nas metas e ações e sentem que fazem parte desse processo, a motivação e o comprometimento tendem a ser superiores. Assim, mesmo quando os obstáculos se mostram, a energia e a vontade em- pregada os removem e os superam. Valorizar o papel e a importância das pessoas nas questões estratégicas pode facilitar a criação e ma- nutenção dos diferenciais que posicionarão nossa empresa acima da média. 139Teorias sobre estratégia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Não obstante, além do reconhecimento e da valorização da cultura organizacional, devemos também reconhecer e validar as relações so- ciais e culturais dos nossos clientes. Por melhores que sejam nossos produtos ou serviços, se não os posicionarmos de forma adequada e para o mercado adequado, não teremos sucesso. Como vimos no capítulo 3, a importância dos stakeholders no pro- cesso de planejamento estratégico é fundamental, pois, para ter um posicionamento adequado, devemos conhecer as questões demográ- ficas, culturais, econômicas, ambientais, etc. E se não identificarmos as necessidades e expectativas dos nossos clientes, dificilmente teremos condições de atendê-las plenamente. Hitt, Ireland e Hoskisson (2003, p. 43) destacam que “o segmento sociocultural se preocupa com as ati- tudes e os valores culturais, que são a base de uma sociedade, e geral- mente direcionam condições e mudanças demográficas, econômicas, político/jurídicas e tecnológicas”. Em síntese, a dimensão social do planejamento estratégico refere-se à análise de todas as relações humanas e às perspectivas criadas por ele, levando em consideração o posicionamento dos nossos principais stakeholders. Considerações finais Para dimensionar nosso processo de planejamento estratégico, de- vemos buscar a integração dos aspectos intencionais, inovadores e so- ciais que o norteiam. É preciso conhecer com o máximo de detalhes todos os fatores inter- nos da organização e do contexto em que ela está inserida. Identificando nossos concorrentes, condições de mercado e preferências dos nossos clientes, seremos capazes de traçar metas exequíveis e ações adequa- das para alcançá-las. Isso posto, teremos condições de declarar nossas intenções e estabelecer um plano coerente. 140 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Durante esse processo, é importante buscar a criação de novos pro- dutos ou serviços, ou mesmo novas abordagens de fabricação, venda ou aplicação desses produtos ou serviços. A invenção, sua aplicação comercial ou mesmo novas abordagens de produtos ou serviços já existentes estabelecerão os parâmetros da dimensão da inovação, por meio de pesquisa e desenvolvimento, do surgimento espontâneo de novas ideias ou da aplicação sistemática da nossa criatividade. Sendo assim, é preciso ter em vista a sustentabilidade em longo prazo, criando e aprendendo durante o processo de criação. Mesmo com as intenções conhecidas e declaradas, com o processo de inovação e criatividade incorporados, precisamos ainda não perder de vista os aspectos sociais do nosso planejamento estratégico, valori- zando as pessoas que fazem parte da nossa organização e as relações sociais dos stakeholders. Quando buscamos a aplicação integrada de todas as dimensões analisadas, estamos lançando mão das premissas e dos conceitos da escola da configuração. Desse modo, poderemos construir um modelo único, adequado às realidades e às metas da nossa empresa. Vale ainda ressaltar que as dimensões estudadas podem ser apli- cadas de maneira integrada ou isolada. Além disso, a aplicação dos modelos depende das condições de maturidade das organizações e de estabilidade dos mercados. Referências AULETE DIGITAL. Dicionário on-line da língua portuguesa Caldas Aulete. [s.d.]. Disponível em: <www.aulete.com.br>. Acesso em: 16 jul. 2018. HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração estratégica. São Paulo: Thomson, 2003. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de estra- tégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. 141 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 11 Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável Neste capítulo, abordaremos o importante desafio de todas as orga- nizações na busca pela sustentabilidade, entendendo esse conceito no contexto estratégico, ou seja, a capacidade da organização de sustentar seu negócio em longo prazo. Essa tarefa somente será possível se fo- rem desenvolvidos e utilizados os diferenciais competitivos. Como visto anteriormente, esses são benefícios que possuímos e criam valor aos olhos do nosso cliente. Nesse contexto, tais benefícios devem ser ofe- recidos de modo exclusivo, ou ainda, de forma mais intensa que nossos concorrentes. 142 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Ao comparar nossos potenciais diferenciais com os dos nossos concorrentes, lançamos mão do princípio da similaridade, que será abordado à luz do Princípio de Gause. Georgy Gause (1910-1986), eco- logista russo, ao observar o comportamento de algumas espécies, con- cluiu que quando elas concorriam ao consumo dos mesmos recursos, nos mesmos nichos ecológicos, não conseguiam coexistir. Sendo as- sim, apenas uma espécie prosperava. A concorrência de recursos ou nichos podem, por analogia, representar a concorrência de benefícios ou mercados que estamos constantemente observando no mundo dos negócios. Nesse sentido, o grau de similaridade com os nossos concor- rentes dentro de um mesmo mercado acaba por indicar o potencial de sucesso ou fracasso da nossa empresa. Outro ponto importante que será abordado neste capítulo consiste na compreensão dos conceitos de diferenciais e vantagens competitivas. A diferença fundamental entre esses conceitos se refere à facilidade de a concorrência desenvolver ou mesmo copiar os benefícios que oferta- mos ao mercado. Quando a similaridade de benefício, ou mesmo sua capacidade de desenvolvimento for facilitada, estaremos tratando de di- ferenciais, mas quando nossos concorrentes não conseguirem entregar o mesmo benefício que o nosso, estamos, então, tratando de vantagens competitivas. É fato que as empresas que conseguirem sustentar seu planejamen- to estratégico em vantagens competitivas terão maior sustentabilidade, ou seja, promoverão retornos acima da média em longo prazo. Porém, como já devemos imaginar, a criação das vantagens é resultante de um processo mais longo e complexo. Desse modo, uma organização normalmente possui poucas vantagens competitivas, no entanto, a criação de diferenciais é resultante de processos relativamente curtos e simples; logo, mesmo possuindo uma ou algumasvantagens, todas as empresas também lançam mão de seus diferenciais para promover um retorno acima da média em curto ou médio prazo. 143Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Por fim, ainda neste capítulo, analisaremos quais as fontes dos di- ferenciais e das vantagens competitivas, como utilizar os aspectos internos das organizações, sejam eles fundamentados em proces- sos, tecnologia ou pessoas para promover a criação e manutenção de diferenciais ou vantagens competitivas ou, ainda, como identificar os aspectos externos da organização, sejam eles fundamentados na con- corrência, no cliente ou em qualquer outro stakeholder, a fim de geren- ciar nossos recursos de modo a sustentar os diferenciais ou vantagens para a elaboração e implementação de uma estratégia que possa nos levar ao alcance do nosso propósito. O desafio de entender a organização e seu contexto, identificando ativos ou capacitações que possam criar valor aos nossos clientes, comparando o grau de similaridade desses ativos e capacitações com o mercado para então entregar valor e promover retorno acima da mé- dia, pode ser entendido como o processo de gerência estratégica. Em outros termos, a busca pelo alcance do propósito da organização pas- sará pelas escolhas que faremos para nos diferenciar dos concorrentes, criando vantagens percebidas pelos nossos clientes. 1 Princípio de Gause O ecologista russo Georgy Gause, a partir da observação de experi- mentos em laboratório envolvendo duas espécies de protozoários, ela- borou a lei da exclusão competitiva, sendo posteriormente conhecida como Princípio de Gause: “Competidores completos não podem coexistir” (GAUSE, 1932). A partir desse princípio, espécies que concorram aos mesmos recur- sos em um mesmo nicho ecológico não poderão coexistir; uma delas será levada à extinção. Ele se baseia no fato que a competição completa leva à extinção e a única possibilidade de coexistência de espécies em 144 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . um mesmo nicho seria o uso compartilhado de recursos, com as es- pécies coexistindo com base em comportamentos diferenciados. Por analogia, empresas idênticas que atuam em um mesmo mercado não poderiam coexistir, pois uma delas seria levada à falência. A competição completa consiste em organizações com alto grau de similaridade que concorram em um mesmo mercado, com foco nos mesmos clientes. Por exemplo, se dois ou mais restaurantes possuíssem as mesmas características (por exemplo, cardápio, atendimento, instala- ções, preço e infraestrutura) e ambos atuassem em uma mesma região, disputando os mesmos clientes, naturalmente um deles iria à falência, pois a concorrência dos mesmos recursos em um mesmo território se- ria excludente. Dessa maneira, para que ambos pudessem coexistir, al- gum diferencial seria necessário, de forma que os clientes pudessem comparar e decidir com base nas diferenças, e não excluir com base na similaridade. NA PRÁTICA Outro exemplo de competição são as redes de franquia, em que, basica- mente, todas as variáveis internas são similares, porém o sucesso desse modelo de negócio consiste na localização geográfica, pois o franquea- dor não permite que seus franqueados disputem o mesmo mercado (ni- cho ecológico), não consistindo, assim, na concorrência completa. Sendo assim, segundo o Princípio de Gause, dois desafios são pro- postos para o posicionamento estratégico de qualquer organização. O primeiro consiste justamente em conhecer os concorrentes do segmento e a região de atuação, realizar uma análise de similaridade, para identificar suas características e competências, e uma de posicio- namento, para identificar os nossos pontos fortes e fracos, bem como os dos concorrentes. Essa análise permitirá traçar um planejamento 145Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. para criar e manter diferenciais que nos tornem melhores aos olhos dos clientes. O segundo desafio consiste na sistematização dessas análises, pois, além da entrada de novos competidores, a concorrência atual também apresentará crescimento, seja orgânico (com melhorias pontuais), seja incremental (com inovação e tecnologia). Em alguns casos, a busca pela diferenciação pode nortear a cria- ção de parcerias ou alianças com nossos competidores. Desse modo, buscaremos a potencialização dos diferenciais de cada empresa para melhor posicionamento no mercado. Quando essa possibilidade se mostra viável, lançamos mão de dois importantes conceitos: (1) siner- gia e (2) simbiose. Segundo o dicionário on-line da língua portuguesa Caldas Aulete, o termo “sinergia” significa “ação conjunta de vários agentes visando a um resultado melhor que o de ações isoladas”. Já o termo “simbiose” significa “associação de dois seres vivos, em benefício mútuo” (AULETE DIGITAL, [s.d.]). Em outros termos, poderemos buscar sinergia unindo característi- cas individuais que possibilitem promover um resultado potencializado. Por exemplo, podemos utilizar a capacidade de produção de uma em- presa com a rede logística de outra, criando, assim, redução de preço ou mesmo aumento da oferta de determinado produto no mercado. Já no caso da simbiose, nosso foco seria em encontrar um modelo que pu- desse criar benefícios mútuos às empresas. Por exemplo, a realização de auditorias compartilhadas é muito comum no segmento farmacêuti- co, pois os fornecedores de matérias-primas e insumos geralmente são os mesmos para vários laboratórios. Desse modo, quando se lança mão das auditorias compartilhadas, o custo com a qualificação e a avalia- ção dos fornecedores será reduzido e a melhoria da confiabilidade dos insumos comprados será compartilhada pelas empresas. 146 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Formulação e manutenção de diferenciais competitivos Como visto anteriormente, os diferenciais competitivos são benefí- cios que promovemos aos nossos clientes, os quais não são entregues por nossos concorrentes da mesma maneira. Os clientes valorizam es- ses atributos, utilizando-os como fator decisivo de compra. Esses dife- renciais podem ser exemplificados como: • Qualidade do produto ou serviço • Rapidez de entrega e pontualidade • Conforto no uso do produto ou serviço • Preços competitivos • Durabilidade do produto • Atendimento e serviço pós-venda • Facilidade de acesso • Condições de pagamento Os diferenciais geralmente são promovidos por meio da melhor uti- lização dos recursos ou de capacitações que a organização possui e são traduzidos em benefícios percebidos de forma consciente pelos clientes. No intuito de potencializar a criação e a manutençãodesses diferenciais, devemos proceder uma análise do portfólio de recursos e capacitação de que dispomos. A análise do ambiente interno de uma empresa requer pessoas que avaliem o portfólio de recursos da empresa e os agrupamentos de recursos e capacitações heterogêneos criados pelos gerentes. Essa perspectiva sugere que as empresas isoladas possuem pelo menos alguns recursos e capacitações que outras empresas não – pelo menos não na mesma combinação. Os recursos são a fonte 147Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. de capacitações, algumas das quais levam à criação das compe- tências essenciais de uma empresa ou de suas vantagens compe- titivas. Entender como alavancar o grupo exclusivo de recursos e a capacitações de uma empresa é o ponto-chave que os tomadores de decisão buscam quando analisam o ambiente interno. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 71) Outrossim, alguns diferenciais também podem ser obtidos com fa- tores externos à empresa, como a normatização de algum produto ou serviço, restringindo, assim, o número de empresas homologadas a for- necer o produto ou mesmo a prestar o serviço. Outro exemplo seria a realização de melhorias no entorno da nossa organização que facilitem o acesso dos clientes aos nossos produtos ou serviços, valorizando nosso ponto comercial; ou ainda a ampliação de linhas de escoamento de produtos, beneficiando, assim, a logística da nossa organização. Independentemente de os diferenciais competitivos serem promovi- dos pelo ambiente interno ou externo, o retorno que eles darão é direta- mente proporcional ao valor percebido pelos clientes. Nesse contexto, um entendimento ampliado do termo “valor” se faz necessário. O valor é medido pelas características de desempenho de um pro- duto e pelos atributos pelos quais os clientes estão dispostos a pagar. As empresas têm que oferecer valor aos clientes que seja superior ao valor oferecido pelos concorrentes para criar vantagem competitiva. As evidências indicam que os clientes estão cada vez mais percebendo valores mais altos nas marcas globais, e não apenas nas locais. As firmas criam valor agrupando inovadora- mente seus recursos e capacitações. As empresas que não con- seguem agrupar criativamente seus recursos de maneira que agre- gue valor para os clientes sofrem declínios no seu desempenho. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 72) A facilidade com que a concorrência poderá imitar o valor entregue ao cliente será a variável que possivelmente transformará os diferenciais competitivos em vantagens competitivas. Quando nosso diferencial 148 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . não é sustentável e pode ser ofertado por nossos concorrentes, ele terá pouco potencial de se transformar em vantagem competitiva. Nosso desafio consiste, então, em identificar as capacitações, os re- cursos internos e as oportunidades externas, planejar a melhor forma de utilizar esses recursos na criação de benefícios que serão traduzidos em valor percebido por nossos clientes, concentrar esforços para que nossa estratégia se aproprie desses diferenciais e, por fim, monitorar constantemente a validade desses diferenciais na promoção de retorno acima da média. 3 Diferenciais e vantagens competitivas As vantagens competitivas devem ser sustentáveis, ou seja, difíceis de serem imitadas pelos concorrentes e com capacidade de criação de valor para os nossos clientes em longo prazo. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2003), para criação de vantagem competitiva sustentável, devemos atentar para quatro critérios importantes: (1) capacitações va- liosas, (2) capacitações raras, (3) capacitações custosas de imitar e (4) capacitações não substituíveis. 3.1 Capacitações valiosas As capacitações valiosas são importantes para nossos clientes; logo, a própria dinâmica de mercado acaba por valorizá-las. Quando determinada demanda não é plenamente atendida, o mercado tende a valorizar produtos ou serviços que a atendam, como em momentos de redução da renda e aumento dos índices de desemprego, quando em- presas que possam fornecer condições de pagamento facilitadas com prazos mais longos tendem a aumentar seus ganhos pela valorização da capacidade de financiamento de seus clientes. 149Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. [As] capacitações valiosas permitem que a empresa explore opor- tunidades ou neutralize ameaças no seu ambiente externo. Utili- zando eficientemente as capacidades de explorar oportunidades, a empresa cria valor para seus clientes. Sob a liderança do ex-CEO Jack Welch, a GE criou uma competência valiosa em serviços fi- nanceiros, em grande parte por meio de aquisições e competên- cias essenciais em integrar empresas recém-adquiridas. Além dis- so, para que competências tais como serviços financeiros fossem extremamente bem-sucedidas, foi necessário colocar as pessoas certas nos cargos certos. Como enfatiza Welch, o capital huma- no é importante para criar valor para os clientes. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 80) 3.2 Capacitações raras Quanto maior a exclusividade de determinado recurso ou capacitação, maior tende a ser sua valorização. Quando nossos clientes entendem que apenas nossa empresa atende plenamente a alguma necessidade ou expectativa por eles expressa, a tendência natural é que eles estejam dispostos a pagar mais por determinado produto ou serviço. Em geral, restaurantes especializados em comidas exóticas, com poucos concor- rentes que ofertem o mesmo cardápio, acabam por cobrar um preço adicional pela exclusividade fornecida. [As] capacitações raras são aquelas que poucos concorrentes têm. Uma pergunta-chave a ser respondida quando se avalia esse critério é: “quantas empresas rivais possuem essas capacidades raras?”. As capacitações que muitos rivais possuem têm pouca probabilidade de ser fonte de vantagem competitiva para qualquer um deles. Em vez disso as capacitações valiosas, porém comuns (não raras), os recursos e as outras capacitações são fontes de paridade competitiva. Só se obtém vantagem competitiva quan- do as empresas criam e exploram capacitações valiosas que di- ferem das compartilhadas com os concorrentes. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 80) 150 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3.3 Capacitações custosas de imitar Quando possuímos um recurso cuja reprodução é difícil, seja por barreiras legais, financeiras ou tecnológicas, podemos utilizá-lo para es- tabelecer uma vantagem competitiva sobre nossos concorrentes. Nos dias atuais, considerando o contexto brasileiro, empresas que possuam um canal logístico de distribuição acabam se destacando frenteaos seus concorrentes. Em virtude do gargalo de infraestrutura logística, a construção de novos modais acaba sendo inviabilizada em razão do alto custo envolvido. Capacitações custosas de imitar são aquelas que as outras empre- sas não podem criar com facilidade, e que são desenvolvidas por um motivo ou por uma combinação de três motivos. Primeiramen- te, uma empresa às vezes pode ser capaz de criar capacitações devido a condições históricas exclusivas. À medida que as empre- sas vão evoluindo, elas adquirem aptidões, habilidades e recursos exclusivos e que refletem as suas trilhas específicas ao longo da história. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 80) 3.4 Capacitações insubstituíveis Quando a vantagem competitiva da nossa empresa resultar de um conjunto de recursos ou capacitações que não possam ser iden- tificadas pelos nossos concorrentes, eles não terão capacidade de re- produzir essa vantagem. Tais recursos ou capacitações têm caráter confidencial e estão diretamente relacionados à tecnologia envolvida em nossos produtos ou processos. Capacitações insubstituíveis são aquelas que não têm equivalen- tes estratégicos. Este é o critério final para uma capacidade ser fonte de vantagem competitiva. Normalmente, o valor estratégico das capacidades aumenta à medida que elas se tornam mais di- fíceis de serem substituídas. Quanto mais invisíveis forem as ca- pacitações, mais difícil é para as empresas encontrar substitutos 151Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. e maior é o desafio para os concorrentes que tentam imitar a es- tratégia de criação de valor de uma empresa. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003, p. 81) Em geral, as vantagens competitivas são resultantes das capacida- des organizacionais. Como vimos ao longo deste livro, o capital huma- no – em outros termos, as pessoas – mostra-se como poderosa fonte de vantagem competitiva, pois ele concentra o aprendizado acumulado ao longo do tempo, traduzindo-se na aplicação do conhecimento na re- solução de problemas ou no aproveitamento de oportunidades, sendo extremamente valioso. As pessoas são únicas, nenhuma é exatamente igual. Nesse con- texto, ao substituir um colaborador, estamos, na verdade, substituindo tarefas, competências ou desempenhos, mas a contribuição individual não, pois pessoas são únicas, sendo, assim, raras. Todo o tempo de integração e treinamento de um colaborador na organização mostra como o capital humano é custoso de imitar, pois para alcançar nosso potencial pleno no cumprimento de uma função, despenderemos anos de treinamento e capacitação. Por fim, as pes- soas interagem com o ambiente em que estão inseridas. Desse modo, mesmo que o concorrente contrate alguns dos nossos funcionários, o ambiente de trabalho proposto nunca será idêntico ao anterior; logo o desempenho também não. Essa dificuldade de obtenção de um mes- mo desempenho em outro ambiente pode nos mostrar como o capital humano assume o caráter de capacitação insubstituível. Além do capital humano, outras fontes de vantagem competitiva sustentável normalmente encontradas nas empresas residem na mar- ca, nos processos, na inovação, na liderança ou nos demais resultan- tes da melhor aplicação do capital humano na busca pelo propósito da organização. 152 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A importância do reconhecimento desse capital como a principal fonte de criação de vantagem competitiva sustentável reside no fato de que, mesmo no processo de planejamento ou na implementação da es- tratégia, as decisões e ações serão regidas ou realizadas por pessoas. Independentemente dos recursos financeiros ou tecnológicos disponí- veis, se as pessoas não gerenciarem ou utilizarem esses recursos de maneira adequada, a empresa não obterá retorno acima da média. Considerações finais Sendo as organizações analisadas como modelos gerenciados de tecnologia, processos e pessoas, buscando ordenadamente um propó- sito ou resultado comum, podemos relacionar essas premissas com a criação e manutenção de diferenciais ou vantagens competitivas. A tecnologia pode tornar a produção do nosso produto ou a presta- ção do nosso serviço mais eficiente, traduzindo para nossos clientes melhores preços ou melhor qualidade do que aqueles ofertados pelos nossos concorrentes. Ela pode ainda ampliar nossa capacidade de produção, qualifican- do-nos para o fornecimento em vários mercados; automatizar nossos processos de negócio, tornando nossa empresa mais ágil e assertiva; e criar novos pontos de contato com nossos clientes ou mesmo moda- lidades de comercialização. Todos esses cenários se mostram como fontes de diferenciais competitivos que podem nos posicionar acima dos concorrentes, promovendo retorno além da média. Quando nossos processos são bem definidos e estruturados, podem melhorar o modo como nossa empresa transforma insumos em produ- tos ou mesmo necessidades em satisfação. Além disso, os processos podem aprimorar a experiência proporcionada aos nossos clientes; oti- mizar nossa eficiência operacional, resultando em melhor qualidade e menor custo; tornar nossa empresa mais ágil, diminuindo o tempo de 153Estratégia e criação de vantagem competitiva sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. resposta aos nossos clientes; e facilitar o aprendizado organizacional, nos auxiliando na busca pela inovação. Quando analisamos as pessoas, ou como visto, o capital humano, estamos diante de uma potencial fonte de vantagem competitiva, pois são elas que especificarão, implantarão, manterão e atualizarão toda a tecnologia e os processos da organização. Serão, portanto, os respon- sáveis pelo gerenciamento e direção das organizações. Nesse contexto, como citado por Senge (2004), a única fonte ver- dadeiramente sustentável de vantagem competitiva são as pessoas e sua capacidade de aprender mais rápido que os concorrentes. Todo o processo de planejamento estratégico e implementação será pautado na busca e manutenção de diferenciais competitivos, daí a importância do melhor uso dos processos e da tecnologia, além da busca e manu- tenção de vantagens competitivas e, consequentemente, do desenvol- vimento do capital humano. Referências AULETE DIGITAL. Dicionário on-line da língua portuguesa Caldas Aulete. [s.d.]. Disponível em: <www.aulete.com.br>. Acesso em: 16 jul. 2018. GAUSE, G. F. Experimental Studies on the Struggle for Existence. Journal of Experimental Biology, v. 9, n. 4, p. 389-402, 1932. HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração es- tratégica. São Paulo: Thomson, 2003. SENGE, Peter. A quinta disciplina: arte e prática das organizações que apren- dem. São Paulo: Best Seller, 2004. 154 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pena s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 155 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 12 Estratégias corporativas e alianças estratégicas: conflitos de agência e sua superação Para que possamos validar nosso planejamento estratégico, devemos comparar os resultados obtidos com a implementação das ações com o que foi previsto no plano estratégico, lembrando que esse resultado sempre deverá criar valor para a organização. Embora as fontes de valor sejam variadas, por exemplo, marca, conhecimento, inovação, posiciona- mento, reconhecimento, entre outras, tais valores sempre serão traduzi- dos em resultados financeiros, seja no aumento da receita, na redução de custos ou mesmo no aumento da lucratividade. O objetivo deste capítulo consiste justamente em elucidar o desafio de quantificar as projeções e os resultados do processo de planejamento 156 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .estratégico. Para isso, abordaremos métodos e modelos para nos auxiliar no alcance dessa meta. Muitas organizações apresentam dificuldade em relacionar os esforços empreendidos no planejamento estratégico com o impacto nos indicadores financeiros, e essa dificuldade acaba por ser traduzida na descontinuidade de ações que poderiam gerar valor acima da média, ou mesmo na manutenção de ações que não agreguem valor. Por mais inovadora ou brilhante que nossa estratégia seja, ela não será efetiva se não agregar retorno financeiro para a organização, o ob- jetivo principal que sustenta a própria organização e seus integrantes. Nesse ponto, poderia ser questionada a existência de organizações sem fins lucrativos. Nesses casos, deveríamos substituir o termo “lucro ou lucratividade” por “receita ou sustentabilidade”, para que as empre- sas possam entregar seus produtos ou serviços, mantendo estrutura e equipe necessárias, priorizando recursos financeiros para sustentar a operação. Mesmo que o propósito da organização não seja gerar lucro, ela obrigatoriamente precisará gerar receita para financiar sua operação e, nesse sentido, o planejamento estratégico tem fundamental impor- tância, pois são as questões estratégicas que possibilitarão a criação e manutenção de diferenciais que trarão resultado. Outro importante ponto a ser abordado neste capítulo consiste na possibilidade de criação de parcerias. Por meio da cooperação com outros stakeholders, podemos potencializar os ganhos, por isso é im- portante que eles sejam compartilhados por todos os envolvidos com as iniciativas de aliança ou cooperação. Se isso não ocorrer, essas parcerias se mostraram frágeis e temporárias. Em um cenário no qual o mercado está cada vez mais globalizado, quando tentamos prosperar individualmente sem contar com o auxílio ou parceria de nenhuma outra organização, temos dificuldades de obter crescimento e expansão. Em outros termos, nossos braços ficarão cur- tos para abraçar todos os novos desafios que a globalização nos apre- senta. Em questões financeiras, tecnológicas, logísticas ou de qualquer 157Estratégias corporativas e alianças estratégicas: conflitos de agência e sua superação M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. outra área, poder contar com a expertise de outros players com maior conhecimento ou capacidade será fundamental e deve ser considerado no planejamento estratégico. É evidente que as parcerias criam uma série de desafios e cuidados, pois, como declara o dito popular, “antes só do que mal acompanhado”. Desse modo, é preciso considerar as vantagens e os riscos de não estarmos “sós” e realizar uma análise robusta para evitar parcerias que, em vez de agregar valor, acabem causando efeito contrário. Por fim, analisaremos o risco do oportunismo administrativo no pro- cesso de planejamento estratégico, entendendo-o, de maneira introdu- tória, como o uso de informação privilegiada em benefício próprio, uma vez que os envolvidos no processo de planejamento estratégico terão acesso a informações confidenciais e recursos estratégicos. Devemos tomar especial cuidado com o “compliance” ou conformidade das nos- sas decisões e ações, para que o resultado financeiro que nosso plane- jamento estratégico possa promover seja obtido moral e legalmente, não gerando nenhum risco de continuidade e sustentabilidade da nossa organização. 1 Planejamento estratégico como ferramenta de criação de valor As organizações que não têm como prática a formulação do pro- cesso estratégico de modo estruturado e intencional acabam ficando à mercê da sorte e de condições externas favoráveis ou não. Dessa maneira, quando há crescimento, ele se apresenta organicamente, ou seja, a empresa acaba crescendo apenas por que o mercado cresceu e a demanda foi proporcionalmente direcionada para essa organiza- ção. Embora muitas empresas encarem com naturalidade esse fato, se queixam quando existe uma retração ou crise, pois proporcionalmente a organização sofrerá os impactos dessa retração e terá sua receita 158 Administração estratégica: modelos de mapeamento e processos de implementação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . reduzida. Quando não exercemos influência no sucesso da nossa orga- nização, sofremos as consequências dessa omissão. Peter Drucker declara a seguinte máxima: “O que não pode ser me- dido não pode ser gerenciado”. Caso nosso planejamento estratégico não seja traduzido em metas e métricas claras, provavelmente ele não será efetivo. Ao final de todo o processo de análises e considerações, espera-se que o planejamento estratégico seja traduzido em um plano de ação – um documento formalmente estabelecido que consolidará todas as ações necessárias para que as metas estabelecidas sejam de fato alcançadas. Uma ferramenta amplamente utilizada na elaboração de planos de ação e originalmente aplicada na gestão da qualidade é denominada 05W02H. Conforme visto no capítulo 8, o 05W02H é um checklist de determinadas atividades que precisam ser desenvolvidas com o má- ximo de clareza possível. Ele funciona como um mapeamento, no qual ficará estabelecido o que será feito, quem fará o quê, em qual período de tempo, em qual área da empresa e todos os motivos pelos quais essa atividade deve ser feita. Em um segundo momento, deverá figurar como será feita e quanto custará tal processo à empresa. Como vimos, o nome dessa ferramenta foi assim estabelecido por juntar as primei- ras letras dos nomes
Compartilhar