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FTC EAD – 2008 
1ª EDIÇÃO 
Indivíduo e Sociedade 
Uma Perspectiva Interdisciplinar 
 
 
 
 
IMES 
Instituto Mantenedor de 
Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda. 
 
William Oliveira 
Presidente 
 
Samuel Soares 
Superintendente Administrativo e Financeiro 
 
Germano Tabacof 
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão 
 
Pedro Daltro Gusmão da Silva 
Superintendente de Desenvolvimento e 
Planejamento Acadêmico 
 
André Portnoi 
Diretor Administrativo e Financeiro 
 
 FTC - EAD 
Faculdade de Tecnologia e Ciências - 
Educação a Distância 
 
Reinaldo de Oliveira Borba 
Diretor Geral 
 
Marcelo Nery 
Diretor Acadêmico 
 
Roberto Frederico Merhy 
Diretor de Desenvolvimento e Inovações 
 
Mário Fraga 
Diretor Comercial 
 
Jean Carlo Nerone 
Diretor de Tecnologia 
 
Ronaldo Costa 
Gerente de Desenvolvimento e Inovações 
 
Jane Freire 
Gerente de Ensino 
 
Luis Carlos Nogueira Abbehusen 
Gerente de Suporte Tecnológico 
 
Osmane Chaves 
Coord. de Telecomunicações e Hardware 
 
João Jacomel 
Coord. de Produção de Material Didático 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
Produção Acadêmica Produção Técnica 
Ivana Schnitman | Coordenação de Ensino - Pedagógico 
Adriano Oliveira | Coordenação de Ensino - Mídias 
João Jacomel | Coordenação 
Revisão de Texto | Carlos Magno Santos e Márcio Magno Melo 
Roberto Oliveira | Coordenação de Curso Israel Dantas | Editoração 
Marcos Vicente Ribeiro Soares | Autor(a) Israel Dantas | Ilustrações 
 
 
Equipe 
André Pimenta, Antonio França Filho, Amanda Rodrigues, Bruno Benn, Cefas Gomes, Clauder Frederico, Francisco França Júnior, 
Hermínio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca 
 
Imagens 
Corbis/Image100/Imagemsource 
 
 
 
 
 
copyright © FTC EAD 
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. 
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, 
da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância. 
www.ead.ftc.br 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
3 
Sumário 
1 AS RELAÇÕES INDIVÍDUO-SOCIEDADE.............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
2 SOCIALIZAÇÃO E OUTROS PROCESSOS SOCIAISERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
3 SOCIEDADE OCIDENTAL E ORIENTAL: PARTICULARIDADES CONSTITUTIVAS....8 
4 GLOBALIZAÇÃO E EFEITOS LOCAIS..........................................................................12 
5 OS VALORES PREDOMINANTES NA FAMÍLIA OCIDENTAL DO SÉCULO XXI ........22 
6 A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA...............................................................................26 
7 FILOSOFIA NO SÉCULO XXI: A CONCEPÇÃO QUÂNTICA........................................29 
8 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NO SÉCULO XXI ............................................................30 
9 GLOSSÁRIO ..................................................................................................................34 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
4 
Apresentação 
Prezado Aluno(a) 
 
 
Esta disciplina pretende possibilitar ao aluno, uma visão crítica do contexto da sociedade 
do século XXI. Busca entender a sua dinâmica, bem como, os efeitos positivos e negativos. 
Nesta perspectiva a filosofia como ferramenta de análise crítica da realidade pretende 
contribuir para elucidação das verdades decorrentes deste radical processo de transformação na 
atual sociedade. 
Sendo assim, a sociologia enquanto ciência pretende contribuir com o seu rigor 
sistemático e metodológico para a construção de análises mais aprofundas desta mesma 
realidade. 
Portanto, estas ferramentas de análise deste contexto sócio-político, econômico e cultural, 
pretendem favorecer a que o profissional da educação tenha o discernimento necessário acerca 
da sua inserção na complexa dinâmica da vida neste século, bem como, a sua atuação como 
profissional da educação. 
 
Desejamos discernimento, iniciativa e realizações. 
 
Atenciosamente, 
 
 
Prof. Marcos Vicente Ribeiro Soares. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
5 
1 As Relações Indivíduo-Sociedade 
 
A problemática da relação de individuo e sociedade é essencial na modernidade e é 
tratada freqüentemente em termos de um antagonismo entre os dois pólos da questão. No 
entanto, conforme indicações de alguns teóricos não se pode considerar tal tema como se fosse 
uma questão de fato, no sentido de referir-se ao individuo, enquanto unidade, que se opõe à 
sociedade, ou seja, em uma dimensão ontológica, mas consiste em examiná-la enquanto 
realidade histórica e, assim, em seu caráter ético. Desta forma, podemos afirmar que essa 
questão foi produzida na modernidade e diz respeito ao fato de que somente o homem 
moderno se reconhece como indivíduo. Nesse sentido, se pensa como autônomo em relação a 
qualquer instância exterior a ele próprio, toma a si mesmo como fonte e sede absoluta de todos 
os sentidos de sua existência, desconhece qualquer dependência de laços sociais. Neste 
contexto, as referências coletivas constituem um problema, surgindo daí a questão de saber a 
natureza, as possibilidades e limites da relação indivíduo e sociedade. 
No exame desta questão destacam-se duas perspectivas teóricas e metodológicas, que, 
podemos dizer serem fundamentos prototípicos das ciências humanas. Assim, temos, de um 
lado, o ponto de vista que parte do indivíduo como realidade em si mesma, dado primeiro, 
irredutível e sua socialização; na base dessa perspectiva situa-se Max Weber. Do outro lado, o 
pensamento que parte da totalidade social, enquanto natureza intrínseca da experiência 
humana, tendo, como expoente primeiro, Durkheim. 
Acompanhamos aqui os estudos de Louis Dumont que, a partir de uma visão 
antropológica, inspirada nos ensinamentos de Mauss a respeito da dupla referência 
fundamental à sociedade global e ao estudo comparativo, apresenta uma tese de fôlego sobre a 
problemática da relação indivíduo e sociedade, a partir da qual analisa o individualismo da 
sociedade moderna. Consideramos que essa concepção possibilita uma visão crítica e 
relativizada frente às tendências de lidar com a noção de indivíduo em termos absolutos e 
naturais, como também, às posições messiânicas de superação do individualismo. 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
6 
2 Socialização e Outros Processos Sociais 
 
A socialização deve levar o homem à sociedade igualitária. Rousseau ressalta que a 
desigualdade social não tem fundamento na desigualdade natural. Em estado de natureza esta 
não é significativa, mas, uma vez instaurada a desigualdade social, esta só tende a aumentar. 
 A desnaturação é o caminho correto da socialização do homem. O problema da 
socialização se coloca como um desafio crucial da ordem natural para a ordem social. 
Não é possível inventar o homem. É preciso educá-lo, propiciar-lhe o seu 
desenvolvimento para que possa conquistar-se, fazer-se mais si mesmo, dominar o mundo e 
fazê-lo mais humano. 
Cada um deve ter seu próprio caminho de entrada no mundo que é comum a todos. A 
intersubjetivação das consciências é a progressiva subjetivação, no homem, do seu ser homem. 
O homem sozinho, isolado, é a negação do homem; é fechamento da consciência que, para ser 
consciência, é abertura. A consciência do homem procura conservar-se a si mesma, num 
movimento que transgride todos os seus limites, pois a consciência é consciência do mundo. 
Socialização é um processo que ocorre e supõe: 
 
1. Sociabilidade como capacidade: distinção entre, 
� Sociabilidade: potência (possibilidade) 
� Social: ato (processo realizado) 
� Sociável (senso comum) 
 
2. Primeiros contatos X isolamento 
 
3. Princípios 
� As primeiras experiências são as que mais marcam; 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
7 
� A socialização é a interação com “outros significantes” (pais, amigos, colegas, que usam 
os significados ou significamoutras coisas); 
� A interação com o grupo primário é o mais importante; 
� As relações mais duradouras influem na formação da personalidade (“Eu sou eu e as 
minhas circunstâncias”); 
 
As relações sociais objetivas são configuradas também por representações sociais, pois 
atualmente reconhece-se que o nível simbólico é constitutivo da realidade social e provoca 
efeitos no âmbito das práticas sociais e políticas. Mudaram, entretanto, as configurações do 
social e das questões sociais nas últimas três décadas. 
As relações de sociabilidade passam por uma nova mutação, mediante processos 
simultâneos de integração comunitária e de fragmentação social, de massificação e de 
individualização, de ocidentalização e de desterritorialização. 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
8 
3 Sociedade Ocidental e Oriental: 
Particularidades Constitutivas 
- Divisão geográfica ocidental e oriental; 
 
O conceito de “mundo livre” e o de Ocidente, são derivados diretamente da forma como 
os EUA pensaram e dividiram o mundo desde o período da guerra fria. O Ocidente é definido 
unicamente pela visão dos EUA, que inclui uma Europa pouco mediterrânica e muito 
concentrada nas costas do Mar do Norte e adjacências; a América do Norte (ou seja, EUA e 
Canadá), Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, todas regiões colonizadas por ingleses e 
holandeses, mas necessariamente anglófonas. 
A formação do Oriente iniciou no Egito antigo que a percepção de um mundo 
determinado pelas dualidades encontrou uma forma desenvolvida. Os egípcios dividiram a 
terra habitada em duas partes: a terra dos vivos e a terra dos mortos. As regiões habitadas do Egito 
estavam localizadas na margem oriental, enquanto que muitos templos e todas as áreas que 
abrigavam tumbas, como o Vale dos Reis e as Pirâmides, se localizam na margem ocidental do 
Rio Nilo. Entretanto, foi na Grécia clássica que o jogo da alteridade originou regras que vivemos 
até hoje, mesmo considerando que alguma influência das concepções egípcias tenham logrado 
interferir nas idéias gregas. 
Heródoto foi um dos primeiros a buscar definir a helenidade, após a vitória grega sobre o 
mais poderoso império da época, o persa. A identidade grega, os ocidentais, construída por 
Heródoto só é compreensível por oposição aos persas, os orientais por excelência. Tudo que era 
grego passaria a ser identificado com o Ocidente. Como no passe de mágica os gregos foram 
apartados dos romanos e a Grécia, sob a roupagem bizantina, passou a ser o Oriente. Esta 
imagem dominou o movimento das Cruzadas e se consolidou com a transformação de 
Constantinopla em Instambul, após a conquista turca no séc. XV. 
Na primeira metade do século XX, estudiosos Ingleses dividiram o Oriente em três 
grandes partes, de acordo com a aproximação geográfica com a Europa. a) O Oriente Próximo, 
parte do oriente mais perto da Europa, englobava toda a região dominada pela cultura árabe-
mulçumana; b) O Oriente Médio, constituído pelo universo cultural hindu; c) O Extremo 
Oriente, que compreendia o universo cultural chinês. No entanto, a Independência da Índia e a 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
9 
criação do Paquistão em 1947, além da criação do Estado de Israel em 1949, tornaram essa 
divisão antiquada. 
 
Características culturais dos principais paises dos dois extremos, com destaque, para as 
diferenças entre razão e religião, material e espiritual. 
 
No Oriente fala-se de um tipo de energia que está presente em tudo à nossa volta, ela 
influencia desde o mais simples ser ou coisa até os planetas. Esta força cósmica, que é 
relacionada à essência do Universo, envolve todas as entidades que nele existem e dá vida, pois 
ela não fica estagnada em um lugar específico, mas se movimenta e como um rio sempre é 
renovada. Ela possui muitos nomes, na China chama-se Ch'i, no Japão, Ki e na Índia, Prana. 
O oriental vê nosso mundo com olhos diferentes do ocidental, deixando de lado uma 
visão racional ele procura se relacionar com as coisas à volta e sabe que tudo faz parte de um 
grande conjunto. Com este posicionamento, quando ele contempla um jardim de flores ou uma 
bela paisagem, sabe que a mesma energia que fez estas belas obras existe em seu interior e 
assim consegue dar mais valor a suas capacidades. Quando uma pessoa têm este ponto de vista, 
ela se relaciona melhor com tudo à volta e traz mais harmonia para sua vida, pois sabe que faz 
parte de uma grande entidade maravilhosa. 
O Ocidente que estaria definido por certo número de elementos identificadores: a 
concepção de organização política da sociedade seja de caráter autoritário ou democrático, 
publicista ou privatista; monárquico, aristocrático, republicano ou democrático. Somente o 
Ocidente se preocupou com tais definições de Estado. Este é o Ocidente que, de uma forma ou 
de outra, foi sendo construído e reconstruído desde as póleis gregas, passando pela res publica 
romana, pelos reinos germânicos medievos e pelas repúblicas italianas renascentistas. As 
monarquias iluministas e as revoluções iluministas, as repúblicas e impérios do séc. XIX e os 
Estados-nação do séc. XX complementam a trajetória de uma cultura ocidental. 
 
 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
10 
 
Quadro síntese das principais características Oriente X Ocidente 
Oriente Ocidente 
Síntese Análise 
Totalidade Generalização 
Integração Diferenciação 
Dedução Indução 
Subjetivo Objetivo 
Dogmático Intelectual 
Intuição Razão 
Anti-ciência Ciência 
Pessoal Impessoal 
Moral Legal 
Não – discursivo Assertivo 
Associativo Poder 
Êxtase Ordem 
Imaginativo Crítico 
Irracional Racional 
 
 
- O fragmentalismo X holística de mundo: Visão do mundo e sua estruturação educacional no 
Oriente e Ocidente. 
 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
11 
Conceito Oriental 
A concepção oriental e holística de mundo, que compreende a integração do indivíduo, a 
natureza e a sociedade e os diversos domínios de conhecimento, existe até nossos dias, isto é, há 
cerca de 25 séculos. É importante salientar que esses princípios são filosóficos e não religiosos, 
embora, muitas vezes, as religiões utilizem princípios filosóficos como embasamento de suas 
crenças. Contundo esta forma de compreender a vida influência diretamente a educação 
oriental. 
Para os povos do Oriente as manifestações da realidade, compreendendo sua educação, 
são geradas pela interação dinâmica do todo, da harmonização com o mundo, a exemplo da 
China que compreender que o mundo entre dois pólos de força: Yin e Yang. O yin e o yang são 
dois pólos arquetípicos que sustentam o ritmo fundamental do universo. São pólos extremos de 
um único todo. Os chineses viam a realidade como um processo contínuo de fluxo e de 
mudança e afirmavam que todos os fenômenos participam desse processo cósmico. A ordem 
natural é de equilíbrio entre ambos, pois na concepção chinesa, as atividades acontecem em 
harmonia ou em desarmonia com a natureza. “O que é bom não é yin ou yang, mas o equilíbrio 
entre ambos, o que é mau ou nocivo é o desequilíbrio entre os dois”. 
 
Conceito Ocidental 
É preciso pensar na atual estrutura social do Ocidente e nas oportunidades oferecidas 
para que as pessoas possam se desenvolver com êxito. Numa sociedade capitalista, êxito é 
sinônimo de condição que permita adquirir objetos de desejo e de consumo. Pela forma como 
essa sociedade está estruturada somente uma pequena parcela das pessoas tem a oportunidade 
de alcançar tais objetivos. 
Falar de compreensão holística de mundo, significa considerar elementos essenciais para 
o desenvolvimento dos indivíduos, pois tanto a família como a escola são ambientes 
formadores de atitudes, opiniões, valores, crenças e ideologias. Nos dias atuais, a escola tem 
sido cada vez mais responsável pela educação de valores fundamentais e condutas pró-sociais 
como amor, solidariedade, compaixão, respeito ao próximo e ao ambiente.Essa mesma escola, 
na visão ocidental, parece não estar preparada para uma educação integral e sistêmica, pois sua 
estrutura fragmentada e impessoal não lhe permite pensar integralmente o desenvolvimento 
humano e sua responsabilidade e compromisso com esta questão. Os professores dificilmente 
terão experimentado uma vivência diferente daquela que reproduzem, e revelam uma 
necessidade de reflexão e aprendizado de novas práticas educativas, construídas de forma 
coletiva. 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
12 
4 Globalização e Efeitos Locais 
- A nova divisão do mundo a partir da globalização. 
 
 
Diante das aceleradas transformações que presenciamos nesse final de século, a 
recorrência ao conceito de globalização como fator explicativo parece estar presente em todas as 
reflexões que pretendem buscar as “novas bases” em que se estrutura a vida humana no 
planeta. 
A idéia da globalização está presente nos fatos e interpretações relativos a tudo que é 
internacional e as ciências sociais estão sendo desafiadas por essa problemática. O conjunto 
destas transformações parte, como pode ser visto, principalmente de um impulso inovador que 
se opera no mundo da produção e da configuração que assume o capital. No entanto, adquire 
um poder de abrangência que acaba por atingir outros aspectos da vida social, contribuindo 
para a construção de uma nova realidade que tende a ser interpretada como um processo global 
compreendido a partir do conceito de globalização. 
Nesta nova divisão do mundo, percebe-se a globalização estabelecendo novos conceitos e 
percepções, como no contexto ecológico em que indica uma nova forma de pensar e de atuar, 
prevalecendo os interesses dos bens comuns da humanidade. Isso requer uma visão global e 
indivisível do ecossistema, o que não ocorre devido às divisões de soberanias e interesses 
nacionais fechados, ou entre países ricos, detentores de altas tecnologias, e países pobres e 
médios, sem peso e influência internacionais. Isso demonstra os novos rumos que a 
globalização tem direcionado o mundo. 
No entanto, não podemos deixar de destacar que a Globalização compreende o fluxo 
monetário e de mercadoria, porém ela implica também na interdependência dos países e das 
pessoas, além da uniformização de padrões e está ocorrendo em todo o mundo, também no 
espaço social e cultural. É chamada de "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão 
e transmissão de informações) e acredita-se que a globalização define uma nova era da história 
humana. 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
13 
 
 
- Comércio e cultura circulando livremente e influenciando os comportamentos locais. 
 
Suponhamos que você vá com seus amigos comer 
um cheeseburger e tomar Coca-Cola no McDonald's. Em 
seguida, assista a um filme de Steven Spielber e volte para 
casa num carro Ford ou num ônibus Mercedes. Ao chegar, o 
telefone toca. Você atende num aparelho fabricado pela 
Siemmens e ouve um amigo lembrando-o de um videoclipe 
que começou há instantes na televisão: Michael Jackson em 
seu último lançamento. Você corre e liga o aparelho da 
marca Mitsubishi. Ao terminar o clipe, decide ouvir um CD do 
grupo Simply Red gravado pela BMG Ariola Discos, de 
propriedade da Warner, em seu equipamento Philips. 
 
Globalização é o conjunto de transformações políticas e econômicas mundiais que vem 
acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança , explorada pelas grandes 
corporações internacionais. Os estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para 
proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao 
capital internacional. 
Para se ter idéia desse processo, em 1980 o volume dos investimentos de residentes de um 
país nos mercados de capitais (compra de ações de empresas) de outros países atingia a quantia 
de 120 milhões de dólares; em 1990, dez anos depois, esse valor já atingia a casa dos 1,4 trilhões 
de dólares. Isso quer dizer que as economias nacionais estão se desnacionalizando em ritmo 
acelerado, pois os norte-americanos possuem ações ou títulos de propriedades no Japão, na 
Europa e na América Latina, japoneses investem em empresas norte-americanas ou coreanas, 
alemãs compram ações de firmas russas ou tailandesas, etc. 
A Globalização está associada a uma aceleração do tempo. Tudo muda mais rapidamente. 
Hoje em dia os deslocamentos também se tornaram muito rápidos: o espaço mundial ficou mais 
integrado, e esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de 
informações (telefones, computadores e televisão). 
Por qualquer ângulo que se olhe, percebemos que cada indivíduo vive hoje numa 
sociedade mundial. As pessoas se alimentam, se vestem, moram, são transportadas, se 
comunicam se divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias 
produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado. 
De um ponto de vista social, nota-se que o processo de globalização vem provocando 
mudanças profundas em nossa sociedade e propagando de forma generalizada o modo de 
produção capitalista, baseado no consumo. Esta tendência mundial interfere na cultura e cria 
formas de agir e pensar de certa forma "homogêneas", incutindo seus produtos no âmbito 
global. Porém, tal homogeneização é fonte de graves descaracterizações nas culturas nacionais, 
incumbindo fortes alterações nos comportamentos locais, trazida pela massificação dos padrões. 
 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
14 
 
- Língua brasileira: um misto de várias influencias. 
 
A globalização é uma preocupação mundial, e junto com ela surge a necessidade de uma 
língua universal, um dos possíveis motivos pelos quais temos visto cada vez mais 
estrangeirismos sendo usados no Brasil, principalmente oriundos da língua inglesa. O inglês é a 
língua adotada mundialmente devido à influência que os países de fala inglesa têm sobre o 
mundo. Pelas ruas, é comum vermos o uso de palavras inglesas, e o comércio é um dos 
principais usuários dessa importação em grande escala. 
Mas falando em formação da Língua Portuguesa, podemos dividi-lá em duas fases a sua 
história. A primeira fase começa com o início da colonização (1532) até a expulsão dos 
holandeses de nossa terra (1654). A segunda vai até a vinda da família real portuguesa para o 
Brasil (1808). 
- A primeira fase é representada, em sua grande parte, pelo uso da chamada “língua 
geral”, baseada praticamente no tupi com influências de línguas banto e sudanesas da África. O 
português era falado pelas famílias lusitanas que para cá vinham e começou a ser ensinada 
pelos jesuítas aos índios. 
- Já na segunda fase, vai aumentando a quantidade de imigrantes lusitanos, sendo este o 
motivo a “língua geral” acrescenta mais quatro línguas: a portuguesa, a etiópica (usada 
principalmente na Bahia pelos padres para catequizar cerca de vinte e cinco mil negros que lá 
viviam) e duas indígenas (tupi e tapuia, utilizadas no interior). Aliás, no Brasil, não existem 
dialetos, mas apenas falares típicos em regiões distintas. A estrutura gramatical é totalmente a 
mesma. As diferenças regionais dizem respeito apenas à área da semântica 
Sabemos que o latim vulgar influenciou radicalmente a língua portuguesa. Essa língua, 
trazida pelos brancos, entrou em contato com o tupi e com o guarani, formando uma 
miscelânea na comunicação. Essa mistura foi adotada como língua materna de nosso povo, 
impedindo que o português lusitano, os dialetos africanos e o nativo fossem preservados. 
Trazendo está discussão para a atualidade, torna-se claramente perceptível que o tempo 
eletrônico tece cada vez mais a vida de todo mundo e assim, passa a acelerar e a diversificar as 
possibilidades de diálogo e monólogos, comunicações e desentendimentos, simultaneamente 
aos intercâmbios, comércios, trocas e negócios, com isso, a língua portuguesa tem recebido 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar15 
vocábulos de línguas modernas como resultado das relações políticas, culturais e comerciais 
com outros países. 
A entrada de elementos estrangeiros em uma língua não é fruto das relações supracitadas; 
trata-se antes de tudo de um fenômeno sociolingüístico ligado ao prestígio de que goza uma 
língua ou o povo que a fala. Verificamos que é inegável a predileção por termos estrangeiros, 
resultando em uma total influência estrangeira e hegemônica, como a do inglês na língua e na 
cultura brasileira, o que pode causar uma alienação ou um uso demasiado dos mesmos sem 
ligação com um contexto lingüístico adequado. 
 
- Cultura global: ameaça ou oportunidade? 
 
O que se entende hoje por uma das características de cultura global, é justamente a maior 
visibilidade de manifestações étnicas, regionalistas ou originárias de sociedades ditas excluídas, 
indo do cinema iraniano à literatura africana. Não deixando de reforça a idéia de que ao mesmo 
tempo em que a globalização vem impulsionar a homogeneização, equalização ou integração, 
vêm provocar fragmentações, rupturas contradições. Passam a multiplicar-se os desencontros 
de todos os tipos, em nível local, nacional e mundial, envolvendo relações, processos e 
estruturas. Muitas são as conseqüências oriundas deste processo da globalização, onde as 
coisas, gentes e idéias entram em descompasso com os espaços e tempos instituídos pela 
eletrônica, onde o passado e o presente embaralham-se assim como, o espaço e o tempo, são 
padrões, valores, modos de agir e de ser, de pensar e imaginar que simultaneamente 
combinam-se e tencionam-se. 
Porém, seria um erro conceber a idéia de uma cultura global necessariamente como um 
enfraquecimento comprometedor da soberania dos Estados nacionais, que de alguma forma, 
serão absorvidos em unidades maiores e, com o tempo, num Estado mundial que produzirá 
homogeneidade e integração cultural. 
Analisar as oportunidades e ameaças da Cultura Global, nos permite passear em algumas 
analises, como a da estruturação do processo de globalização em curso, foi produzida uma 
situação onde não há mais estranhos. A pessoa que era considerada estranha agora se torna o 
próximo, com o resultado de que a diferença entre aquele que pertence ao grupo e o estranho 
não mais existe. Este tipo de acontecimento pode encaminhar a humanidade ao ecumenismo 
religioso, à tolerância e aos ideais universais, onde haveria a inclusão de todos; ou a resistência 
à globalização, na forma de movimentos opostos, como os diversos fundamentalismos não-
ocidentais que reagem à presumível ocidentalização do planeta. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
16 
As comparações entre uma cultura nacional e global são inviáveis, torna-se impossível 
falar de uma cultura comum, em sentido amplo, sem nos referirmos a quem está falando da 
mesma, ao conjunto de interdependências e de equilíbrio do poder, aos objetivos que se têm em 
mira, e sem fazer referência às culturas estrangeiras que devem ser descartadas, rejeitadas, 
modificadas, para poder gerar um sentido de identidade cultural. Analisar este fenômeno e seu 
alcance global significa, na imaginação, construir um “intruso” no globo, à espera da ameaça 
global, captada somente nas páginas e na amplitude dos relatos da ficção científica relacionada 
aos invasores espaciais, às guerras interplanetárias e intergalácticas. 
O Mercado Global cria a ilusão de que tudo tende a assemelhar-se e a se tornar 
homogêneo. Por fim, a globalização, que combina com integração e homogeneização, também 
rima com o binômio diferenciação e fragmentação. 
E neste processo, fica mais visível e evidente o lugar; o local; o nacional; a identidade e o 
patriotismo; o provincianismo e o nacionalismo; as tensões entre o local e o global; entre o 
mundo, a região e o lugar; entre o mundo e o território. 
 
- Características da modernidade liberal capitalista. 
 
O capitalismo tem seu inicio na Europa. Suas características aparecem desde a baixa idade 
média (do século XI ao XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política 
dos feudos para a cidade. O feudalismo passava por uma grava crise decorrente da catástrofe 
demográfica causada pela Peste Negra que dizimou 40% da população européia e pela fome 
que assolava o povo. Já com o comercio reativado pelas Cruzadas (do século XI ao XII), a 
Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e, consequentemente, as 
relações de produção capitalista se multiplicaram, minando as bases do feudalismo. Na idade 
Moderna, os reis expandem seu poderio econômico e político através do mercantilismo e do 
absolutismo. 
Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar a economia e a 
buscar colônias para adquirir metais (ouro e prata) através da exploração. E com as revoluções 
burguesas, com a Revolução Francesa e a Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do 
capitalismo. 
A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-se um 
processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acumulo de capital. 
Na Europa Ocidental, a burguesia assume o controle econômico e político. As sociedades vão 
superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de 
nascimento) e a força do capitalismo se impõe. Surgem as primeiras teorias econômicas: a 
fisiocracia e o liberalismo. Na Inglaterra, o escocês Adam Smith (1723-1790), precursor do 
liberalismo econômico defende a livre-iniciativa e a não-interferencia do Estado na Economia. 
Em seu sentido mais restrito, o capitalismo corresponde à acumulação de recursos 
financeiros (dinheiro) e materiais (prédios, máquinas, ferramentas) que têm sua origem e 
destinação na produção econômica. Essa definição, apesar de excessivamente técnica, é um dos 
poucos pontos de consenso entre os inúmeros intelectuais que refletiram sobre esse fenômeno 
ao longo dos últimos 150 anos. São duas as principais correntes de interpretação do capitalismo, 
divergindo substancialmente quanto a suas origens e conseqüências para a sociedade. A 
primeira foi elaborada por Marx, para quem o capitalismo é fundamentalmente causado por 
condições históricas e econômicas. O capitalismo para Marx é um determinado modo de 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
17 
produção cujos meios estão nas mãos dos capitalistas, que constituem uma classe distinta da 
sociedade. A explicação alternativa a de Marx, foi apresentada por Weber, e enfatiza aspectos 
culturais que permitiram a expansão do capitalismo. Para ele, o desejo pelo acúmulo de 
riquezas sempre existiu nas sociedades humanas, como no Império Romano ou durante as 
grandes navegações, mas até meados do século XVII faltavam condições sociais que 
justificassem a sua perseguição ininterrupta. Para demonstrar isso ele aponta as amplamente 
conhecidas condenações feitas pela Igreja Católica às práticas da usura e do lucro pelos 
comerciantes ao longo do século XV e XVI. 
 
- Capitalismo, socialismo e social democracia. 
 
Social-democracia é uma corrente política que quer corrigir as injustiças sociais e melhorar 
as condições de vida do povo através de reformas livremente consentidas pela sociedade, 
dentro de um regime democrático. Para os social-democratas, a democracia é um valor 
fundamental, do qual não abrem mão em nenhuma hipótese. Isto os diferencia claramente de 
outras correntes políticas. 
A social-democracia é uma das principais forças políticas do mundo neste século. Países 
como a Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suécia, Noruega, Dinamarca, Austrália, França, 
Espanha e Portugal são ou foram governados por partidos de orientação social-democrática. Em 
outros países onde os social-democratas nunca estiveram no governo, as idéias social-
democráticas, aliadas à mobilização do povo, inspiraram reformas que acabaram sendo 
realizadas por outros partidos. 
A social-democracia não propõe um modelo acabado, mas umcaminho para a 
transformação da sociedade - o caminho democrático. 
Com certeza esse caminho deve levar a algo melhor do que a sociedade capitalista. O 
capitalismo exalta a liberdade individual, promove a competição e com isso estimula a 
eficiência na produção e o progresso tecnológico. Ao mesmo tempo, empobrece as relações 
pessoais, isola o indivíduo, concentra a riqueza, agrava as desigualdades sociais e até hoje 
condena grande parte do povo ao desemprego e à miséria, mesmo nos países mais 
desenvolvidos - isto para não falar das tremendas desigualdades entre as nações. 
Mas a construção de uma nova sociedade também deve aprender com os erros do 
socialismo, tal como se conhece neste século. Socialismo é a denominação genérica de um 
conjunto de teorias socioeconômicas, ideologias e políticas que postulam a abolição das 
desigualdades entre as classes sociais. Incluem-se nessa denominação desde o socialismo 
utópico e a social-democracia até o comunismo e o anarquismo. 
O socialismo real conseguiu nivelar as condições de vida ao preço de sufocar o indivíduo, 
inibir a competição e gerar ineficiência na economia. E acabou readmitindo as desigualdades 
pela porta dos fundos, transformando a "ditadura do proletariado" em ditadura de uma camada 
privilegiada de funcionários do estado e do partido dominante. 
Não se constrói o futuro sobre ilusões. A social-democracia não esconde nem justifica os 
defeitos das sociedades capitalistas nem das socialistas. Sabe, por outro lado, que não se 
constrói o futuro dando as costas para o que há de bom no presente. 
Para os social-democratas, a prática da democracia, seu aperfeiçoamento constante, é o 
melhor caminho para a construção de uma sociedade que some as qualidades e supere os 
defeitos do capitalismo e do socialismo. 
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18 
 
- Paradigma capitalista, modelo de sociedade e característica dos indivíduos. 
 
No paradigma capitalista, está uma das suas principais características o trabalho 
capitalista, que é colocado, para a classe trabalhadora, como a única possibilidade do homem 
alcançar seu pleno desenvolvimento. O poder capitalista dominante apresenta o modo de 
produção capitalista como a “forma perfeita de produção da vida social”, forma esta que 
determina os sentimentos, a moral,os valores, a convivência social e a vida individual, mas que, 
fundamentalmente, submete o trabalho ao capital 
Podendo, essa força na sociedade capitalista, ter preços diferentes, diante dos modelos de 
sociedades e culturas. Isso não significa que ele perde sua característica básica e homogênea de 
trabalho para valorização do capital, mas que está subordinado às condições e possibilidades de 
valorização do capital em cada sociedade determinada. Sem esquecermos que está 
determinado, também, pela própria necessidade de internacionalização do capital. 
O pensamento ético moderno, particularmente o dos filósofos iluministas e materialistas 
franceses do século XVIII, sustenta o direito dos homens serem felizes neste mundo, mas 
concebe a felicidade num plano abstrato, ideal, fora das condições concretas da vida social. Tais 
pensadores esqueciam o fundamento aristotélico de que o homem necessita de condições 
concretas para sua felicidade. A ética do período contemporâneo, que se convencionou chamar 
de pós-moderna, é uma prática do culto ao individualismo. Uma felicidade nestes moldes é 
uma felicidade imoral. Certos indivíduos de um grupo social que somente podem encontrar a 
felicidade à custa da infelicidade dos outros. Todas as potencialidades humanas só teriam valor 
se estivessem voltadas para a felicidade de um povo ou de toda a humanidade. 
Para o homem transformado em ser solitário num mundo massificado, a esfera pública da 
vida torna-se apenas o contexto no qual precisa lutar por sua sobrevivência individual. 
Alienado em relação ao produto de seu trabalho e estranho em relação aos seus parceiros de 
classe, torna-se também alienado do próprio gênero humano. Seu futuro parece cada vez mais 
independente do destino da classe social a que pertence. 
 
- A lei de Gerson e o predomínio do capital. 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
19 
Há 30 anos em uma propaganda de cigarro o então jogador de futebol Gerson terminava 
dizendo que se você fumasse tal cigarro "levaria vantagem, certo?". Aí começou a "Lei de 
Gerson": levar vantagem. Uma análise mais profunda, porém, leve a percepção de um apelo ao 
egocentrismo, a grande causa do caos em que se encontra a nossa sociedade, e que se encontra 
de modo su-bliminar neste jargão. 
O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá prestígio, poder, fama e 
riqueza. Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações, identificando utilidade e a 
famosa expressão “levar vantagem em tudo”. Desse ponto de vista, a Filosofia é inteiramente 
inútil e defende o direito de ser inútil. 
Cuidar da própria vida, ser realizado em seus negócios, em seus relacionamentos faz 
parte da história da humanidade. Querer estar bem, ter sonhos, lutar pelos seus objetivos, faz 
com que a vida tenha outro sabor. O que é pernicioso é o sentimento de preocupação excessiva 
com seu o seu próprio bem estar, a ponto de excluir os demais e ferir a todos. É querer ficar 
bem, não se importando se alguém ficará mal. 
O predomínio do capital, evidencia um processo que busca generalizar todas as estruturas 
sociais, econômicas e políticas nos mais diferentes lugares do mundo. Essa nova forma de 
organização do mundo demonstra que as conseqüências são grandes e que podem ser 
dimensionadas para uma grande desigualdade entre as nações, e parte desse fato já ocorre 
atualmente. Porém existe ainda tempo de ser feito e construído propostas de alteração desse 
processo, onde a participação popular de cada cidadão através dos esclarecimentos dos fatos, 
que são muitas vezes transfigurados pelo sistemas de telecomunicações, contribuirá para 
construirmos uma sociedade mais justa e ideal para o nosso futuro. 
 
- Estado, política, economia, religião, cultura. 
 
O Estado capitalista não é somente a maior e mais poderosa organização burguesa; é, ao 
mesmo tempo, uma organização com numerosas funções. Assim, participam da máquina do 
Estado: o governo (presidente e seus ministros, os governadores e seus secretários, prefeitos e 
secretários municipais), legisladores (deputados, senadores, câmaras legislativas), a justiça, as 
repartições públicas (burocracia), as forças armadas, a polícia. Repara-se que o "governo" e 
"Estados" não são a mesma coisa. O "governo" é apenas um dos componentes do Estado 
O Estado é constante, o governo é variável. Um governo pode durar décadas, o Estado 
pode durar séculos. O Estado é constante por seu conteúdo. O governo é variável não apenas 
em relação às pessoas que o compõe, mas também na forma de governar: monárquica ou 
republicana, presidencialista ou parlamentarista. O Estado pode levar séculos para ser 
substituído, o que se dá por meio de uma revolução, já o governo pode mudar de quatro em 
quatro anos através de eleição. O Estado é mais poderoso do que o governo. Toda vez que um 
governo contraria os interesses da classe dominante, ela o derruba com seu Estado. Por isso diz 
Marx, referindo-se a relação Estado / governo, que "num organismo racional a cabeça não pode 
ser de ferro e o corpo de carne", isto é, não pode, por exemplo, o governo ser proletário e o 
Estado burguês. Uma classe social pode ter o "governo" nas mãos, mas não o Estado. O Chile, 
de Allende, nos ensina tragicamente essa experiência. 
 
 
 
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- A religião como negócio. 
 
Na própria raiz o protestantismo possui a fórmula para pacificar o espírito de quem tem 
ou persegue a riqueza – numa contraposição à máxima católica de que é mais fácil um camelo 
passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. Lucrar é legítimo,e a 
fortuna recompensa quem mais trabalha, reza a inspiração protestante. O pensador alemão Max 
Weber formulou as bases dessa tese no início do século XX. Várias igrejas evangélicas têm 
departamentos para atrair gente rica ou famosa. A quantidade de colunáveis convertidos 
mostra que a estratégia é um sucesso.Essas igrejas oferecem espaço a quem quer rezar num 
templo sem ouvir condenações sumárias ao capitalismo, como ocorre em certas paróquias 
católicas. Um dos templos da Renascer em Cristo, em São Paulo, dedica o culto das segundas-
feiras aos integrantes da Associação Renascer de Empresários e Profissionais Evangélicos 
(Arepe). Outra entidade, a Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno (Adhonep) 
– com 25.000 filiados no país –, se diz adepta da chamada Teologia da Prosperidade, segundo a 
qual Deus recompensa fartamente quem mais contribui com sua igreja. Já existe até uma revista, 
a Consumidor Cristão, com tiragem de 20.000 exemplares, lida por evangélicos e recheada de 
anúncios com linguagem e até produtos específicos para esse público. 
Somando tudo – de CDs a bares e instituições de ensino –, o mercado impulsionado pelos 
protestantes movimenta 3 bilhões de reais por ano e gera pelo menos 2 milhões de empregos. 
Na área da mídia eletrônica, há um verdadeiro império evangélico país afora. Existem mais de 
300 emissoras de rádio evangélicas no Brasil, centenas de sites e pastores dando plantão on-line, 
na internet. Uma grande máquina televisiva cumpre também uma extraordinária missão 
arrecadadora. Não por acaso, a Universal – dona da terceira rede de TV do Brasil, a Record – é a 
igreja que mais recolhe doações acima dos 10% do dízimo convencional. O rádio e a TV servem 
ainda de canal para a transmissão de modelos culturais e de comportamento. Aline Barros, uma 
cantora de 25 anos, pode ser um nome desconhecido para quem acompanha as paradas de 
sucesso. Mas já vendeu mais de 1 milhão de CDs de música pop evangélica. Cassiane, com 3 
milhões de discos vendidos, é outra grande estrela do gênero. A banda de rock pauleira Oficina 
G3 ultrapassou os limites da igreja, se apresentado no último Rock in Rio. 
Paradoxalmente, o que mais mudou no Brasil com o crescimento da legião evangélica foi 
a Igreja Católica. De um lado, surgiu a Renovação Carismática, para revigorar os aspectos 
místicos e milagrosos da fé. De outro, os padres-cantores saíram atrás de fiéis e compradores de 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
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CDs. Na mídia, a Igreja fincou uma bandeira em tempo recorde, criando a Rede Vida de rádio e 
TV, que cobre todo o território nacional. Os resultados, porém, estão longe do esperado. Os 
católicos falam em crise de vocações. Há sete vezes mais pastores protestantes atuando no Brasil 
que padres, e na maioria das denominações mais recentes esses ministros são formados em 
apenas alguns meses. 
 
- A cultura do consumo. 
 
A Cultura de Consumo define-se como o conjunto de práticas e representações que 
estabelecem uma relação ‘estetizada’ e estilizada com os produtos. O seu nível de atuação mais 
decisivo é a difusão ampliada de um certo modo de consumo. Fazendo um balanço de trabalhos 
dedicados ao tema, podemos destacar dois princípios que definem o modo de consumo 
predominante nas sociedades contemporâneas. O primeiro deles é a dilatação da dimensão 
simbólica do consumo, que podemos chamar de estilização do consumo, tomando por base a 
definição de estilo de vida segundo Bourdieu. Para este autor, o estilo de vida é “um conjunto 
unitário de preferências distintivas que exprimem, na lógica específica de cada um dos 
subespaços simbólicos, mobília, vestimentas, linguagem ou héxis corporal, a mesma intenção 
expressiva, (...)”. Guardemos então a idéia de um consumo no qual os atributos simbólicos dos 
produtos são manipulados em função de uma intenção expressiva. Sob este aspecto, o consumo 
moderno caracteriza-se pela proeminência dos atributos simbólicos dos produtos em 
detrimento de suas qualidades estritamente funcionais e pela sua manipulação na composição 
de estilos de vida. O consumo foi assim convertido no espaço de articulação das distinções 
sociais, hierarquizadas em termos de uma distribuição diferencial de prestígio. 
Uma crise de identidade nas relações entre os indivíduos das sociedades contemporâneas, 
considerando-se os efeitos da estruturação sócio-econômica advinda do Neoliberalismo, que 
tem como protagonista a “Cultura do Consumo”, na qual “você é o que você consome”. 
A “Cultura do Consumo” se caracteriza por criar “necessidades” na singularidade dos 
indivíduos, para que sejam reconhecidos, identificados como integrantes desse ou daquele 
grupo. O que nos leva a acreditar que o único meio de se construir uma identidade é através do 
consumo de bens materiais. Isso se torna explícito nos planos de “marketing” da maior parte 
das empresas fornecedoras de bens de consumo, nos quais os consumidores em potencial são 
definidos pelos grupos sócio-culturais aos quais pertence. Partindo desse princípio regido pelo 
“ideal do consumo”, somos todos invisíveis até que nos revelemos por nossas singularidades. 
Esse “processo de singularização” está atrelado às oportunidades que são dadas ao 
indivíduo de se fazer ser percebido, como por exemplo, através de seu desenvolvimento 
intelectual e afetivo. 
Um dos antídotos para essa propagação, cada vez mais desenfreada, da Cultura do 
Consumo consistiria no exercício da experiência social compartilhada e no resgate da reflexão 
crítica. 
 
 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
22 
5 Os Valores Predominantes na Família 
Ocidental do Século XXI 
A atual estrutura social, do ponto de vista das configurações familiares, apresenta-se de 
forma mais complexa do que duas décadas atrás, quando a noção de família patriarcal equivalia 
à estrutura desse núcleo de socialização. As transformações ocorridas na família ocidental 
contemporânea, com o crescente declínio da família patriarcal. 
Na concepção tradicional, a família é constituída de um grupo de pais e filhos, ou, em um 
sentido mais abrangente, incluindo também parentes próximos. Esse conceito corresponde à 
noção de família nuclear ou família extensiva, mas a compreensão da família altera-se 
principalmente na década de 1990, ressaltando, que na sociedade contemporânea religião, 
política, leis, moralidade e família tornam-se sistemas separados. 
A principal transformação que está ocorrendo na família é o fim do patriarcalismo, que 
"caracteriza-se pela autoridade, imposta institucionalmente, do homem sobre mulher e filhos no 
âmbito familiar". Este sistema está enraizado na civilização, em razão da sua perpetuação 
histórica e cultural, determinando também relacionamentos interpessoais que extrapolam os 
limites da família. Um dos principais fatores, que determinou essa mudança, pode-se considera 
a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Nesse contexto de transformações é 
acompanhado de novas formas de pensar a vida familiar, incluindo, inclusive, as famílias gays, 
dando origem a uma crise da família patriarcal, representada pelo "enfraquecimento do modelo 
familiar baseado na autoridade/dominação contínua exercida pelo homem, como cabeça do 
casal, sobre toda a família. Uma vez que, cada vez mais, a dissolução dos casamentos leva à 
formação de lares de solteiros ou lares com apenas um dos pais, cessa a autoridade patriarcal 
sobre a família. O casamento e família no século XXI referem-se a uma nova configuração do 
conceito de casamento, uma vez que as famílias vão se constituindo de forma mais ampla, 
incluindo os novos parceiros (marido da mãe/esposa do pai) e os filhos e irmãos agregados, 
sendo que o pai perde substancialmente a tradicional figura e função, já que um grande número 
de famílias é constituído apenas pela figura materna. 
Como conclusão, percebe-se que a noção de família envolve atualmente uma 
complexidade, na medida em que diferentes formas coexistemna mesma cultura ocidental, 
representando uma composição diferenciada da família nuclear tradicional e patriarcal, tanto 
pelos seus integrantes e pela redefinição de papéis familiares como pela nova distribuição de 
poder. Sendo assim, de modo sucinto, pode-se observar que a dinâmica familiar adquire novos 
contornos, principalmente no que se refere a alguns aspectos: 
� distribuição de poder: estudios apontam como um dos principais aspectos da 
transformação familiar a nova distribuição de poder, resultante da queda da estrutura 
patriarcal. 
� distância entre gerações: outro aspecto diferenciado nos arranjos familiares atuais é 
representado pelo aumento da distância de idade entre gerações, gerado pelo fato de os 
indivíduos terem filhos com idade mais avançada do que em gerações anteriores. Apesar disso, 
o convívio entre gerações se apresenta modificado, principalmente com a intensificação da 
convivência entre avós e netos, muitas vezes maior do que entre pais e filhos. 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
23 
� tamanho da família: uma das transformações na família contemporânea é o tamanho 
das famílias, reduzido em função do menor número de filhos. Fatores como o ingresso de 
mulheres no mercado de trabalho, a redução de níveis de renda ou até mesmo o predomínio do 
individualismo podem ter contribuído para a redução no tamanho da família. Além disso, 
outros fatores, como a necessidade de formação contínua da mão-de-obra economicamente 
ativa, derivada do aumento da complexidade do trabalho, dificultam a conciliação entre 
trabalho e família e em conseqüência se constituem em fatores limitantes do número de filhos. 
Entretanto, convém mencionar que, no caso de casamentos sucessivos, ocorre muitas vezes uma 
ampliação da família, envolvendo filhos de casamentos diferentes. 
 
- A criação baseada na troca; Os valores capitalista influenciando a criação familiar. 
 
Diariamente, somos condicionados a competir com os outros, a tirar vantagem de 
situações e de pessoas, a nos comportar como se estivéssemos em uma permanente luta por 
recursos escassos. O paradoxo, no entanto, é que a sociedade capitalista gerou a maior 
abundância da história da humanidade, cuja acumulação concentrada nas mãos de uns poucos 
obriga os excluídos a concorrer pelas esmolas do sistema ou pela inclusão no reino da fartura 
reservado aos poucos. A educação familiar do século XXI nos ensina a participar deste jogo, 
onde poucos vencem, derrotando a maioria. Alguns denominam esta concorrência como a 
tentativa de “vencer na vida”, ou mesmo, de “ser alguém na vida”. Os pais se rejubilam de 
orgulho ao verem os filhos sendo diplomados com cursos universitários; a sociedade celebra a 
conquista do status quo de uns poucos – muitos dos quais conseguem se constituir em 
colaboradores, ao servirem à classe capitalista que os recompensa pela sua submissão à lógica 
do capital. Os vencedores são reconhecidos com honras, enquanto os perdedores passam a ser 
culpados pela sociedade, por não ter conquistado um espaço, já de antemão, reservado para 
poucos. 
Um novo tipo de ensino, desprovido de senso crítico, vem formando indivíduos 
inconstantes e indecisos, receptivos a quaisquer pressões de consumo. 
Essas mudanças, concentradas e aceleradas, repercutem significativamente na vida 
familiar, desde a concepção de masculinidade e feminilidade e a forma de compreender a 
sexualidade e a relação entre os sexos, até a maternidade e a paternidade, a relação entre as 
gerações, principalmente no tocante à atividade educativa e de socialização. 
Na pós-modernidade a família, em seu processo de educação pais e filhos, convivem as 
posições mais extremadas, na busca daquela satisfação imediata, que aposta tudo no “aqui e 
agora”, livres de referências ao passado, rigorosamente rejeitado e sem projeto claro de futuro. 
Essa forma de educação familiar baseada na troca, onde pais sem tempo para conviver com seus 
filhos, buscam suprir a ausência dando-lhes objetos de desejo, esperando que com isso os filhos 
completem suas necessidades educacionais e afetivas com ‘coisas’. contribuem para formação 
de indivíduos que parecem dispor de uma liberdade total, sem limites. Prosperam nestas 
circunstâncias as modas, com seu poder de sedução, que procuram orientar para um significado 
econômico mais definido os impulsos da liberdade individual, segundo os interesses do 
mercado. Vivemos numa época em que os pais (mãe e pai) são tão submissos a onda consumista 
do capitalismo, proporcionando aos filhos a melhor comida, os mais sofisticados brinquedos, os 
passeios mais caros nas férias, etc., mas esquecem o mais importante, urgente e de custo zero: 
ser uma mãe ou pai presentes, que dão atenção, carinhos, que oferecem colo, enfim, que sabem 
dar amor e limites. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
24 
Por causa disso, é importante estudar a família, numa postura de diálogo interdisciplinar, 
para elucidar as razões que sustentam as diferentes modalidades de viver o amor humano, 
alimentando assim a liberdade para escolher. Somente uma liberdade adequadamente 
informada e, portanto, capaz de levar em conta todos os fatores que estão em jogo num certo 
estilo de vida, poderá avaliar a conveniência de uma opção ou de outra. 
 
- Educação e formação do técnico e empreendedor. 
 
A escalada das descobertas científicas e a capacidade de transformá-las em ofertas de 
novos produtos, tem se dado a velocidades crescentes, não havendo sequer indicação de 
inflexão nessa curva, o que representa para a indústria, a abertura de novas e grandes 
oportunidades. 
O conhecimento e a informação são os motores desse círculo aparentemente virtuoso, cuja 
movimentação depende de pessoas cada vez mais instruídas, dinâmicas, com capacidade de 
decidir “on line” e assumir riscos. Pessoas instruídas com perfil empreendedor. 
O papel que a educação vem ocupando na contemporaneidade, dentro desse discurso de 
que são o principal caminho de formação e qualificação de trabalhadores responsáveis, 
eficientes, bem informados e autônomos. Faz da educação um assunto de managers e não mais 
de educadores, nesse contexto o conhecimento não pertence mais ao indivíduo, tampouco é 
pensado a partir do mesmo. Os educandos são transformados em indivíduos flexíveis que 
servem apenas para depositar e reproduzir conhecimentos úteis para o capital. 
Diante das mudanças no mundo, não só de trabalho, mas também na vivência social 
deve-se buscar uma educação que forme um profissional mais polivalente, portanto faz-se 
necessário oportunizar uma formação mais ampla, ou seja, de cidadania, contemplando os 
aspectos humanísticos. Tais problemas indicam a necessidade da formação pedagógica com 
atrelada aos conhecimentos sociais, auxiliando não só a compreensão e ação mais qualificada no 
processo ensino-aprendizagem, na formação acadêmica e profissional do cidadão, mas 
principalmente, na sua conduta humana voltada aos valores humanitários, éticos que devem 
permeia a vida humana em sua evolução social e profissional. 
Vale a pena citar os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio quando 
afirmam que, “podemos destacar que ter iniciativa na busca de informações, demonstrar 
responsabilidade, ter confiança em suas formas de pensar, fundamentar suas idéias e argumentações são 
essenciais para que o aluno possa aprender a se comunicar, perceber o valor da Matemática como bem 
cultural da leitura e interpretação da realidade e possa estar mais preparado para sua inserção no mundo 
do conhecimento e do trabalho”. (Brasil, 2000, p. 92). Pois bem, para tanto é preciso elevar a 
discussão sobre os valores sociais e humanos em sala de aula, aos quais devem ser 
compreendidos como princípios ou idéias éticas que permitem às pessoas emitirem um juízo de 
valor sobre as condutas e seu significado. São valores: a solidariedade, a responsabilidade, a 
liberdade, o respeito ao outro, etc. Esses expressam a atitude doser humano frente ao mundo. 
Assim, internalizar um valor não é uma atitude teórica, mas prática; portanto não é possível 
formar valores de maneira abstrata. Entende-se, então, a preocupação do articulista com a 
necessidade da presença da formação profissional a formação cidadã, ética e humanística. 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
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- Justiça brasileira e a inexistência da igualdade de direitos. 
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira do constitucionalismo brasileiro a 
estabelecer um título próprio aos Princípios Fundamentais, tendo sido também a primeira a 
elevar a dignidade humana em nível de princípio fundamental. Tais princípios estão prescritos 
no Título I da Magna Carta e catalogados em quatro artigos, assim diz o seu art. 1º. A 
República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos a 
soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana , os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa e o pluralismo político. No art. 3º, a Constituição estabelece como objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil, o de construir uma sociedade livre, justa e 
solidária ; o de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; o de garantir o desenvolvimento nacional; o de promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação. 
Contudo, a questão dos Direitos Humanos e a Justiça brasileira, que diz respeito a 
intervenção de um Estado, que se diz, democrático de Direito para assegurar a dignidade da 
pessoa humana em todas as suas dimensões e para todas as classes sociais, precisa para uma 
efetiva aplicação dos Direitos Humanos e concretização do princípio da dignidade, superar as 
barreiras do elitismo estando comprometido com a vida humana, que deve ser valorada com a 
mesma moeda para todos os cidadãos. 
O Estado Democrático de Direito possui dupla responsabilidade, a primeira é a de 
cumprir a lei, a segunda é assegurar os direitos e garantias fundamentais, pois a partir do 
momento em que os consagra como valores primordiais, o Estado torna-se o maior responsável 
pela concretização desses direitos, portanto, não basta apenas existirem leis, mas sim, 
ordenações estatais que se direcionem para a efetividade das necessidades sociais. 
No Brasil precisa ter-se a consciência, de que não é suficiente os Direitos e Garantias 
Fundamentais estarem assegurados nos mandamentos legais para transformar um Estado em 
Estado Democrático de Direito, pois para isso, é preciso uma eterna busca da viabilização 
concreta desses direitos, ou seja, todas as funções do Estado, encarado nos seus três poderes: 
Executivo, Legislativo e Judiciário, e o ordenamento jurídico devem estar submetidos aos 
princípios fundamentais, e em especial , ao princípio da dignidade da pessoa humana. Há que 
se questionar a própria democracia brasileira que não consegue responder com igualdade as 
demandas sociais e superar os problemas crônicos de organização social, não sendo capaz de 
neutralizar as conseqüências geradas pela reprodução da marginalidade social, política e 
econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
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6 A Contribuição da Filosofia 
 
Se analisarmos o uso da filosofia como ferramenta de analise, caberíamos compreender o 
conceito de filosofia nesta conjectura, para alguns dos principais filosóficos. 
 
-Para Platão definia a Filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em 
benefício dos seres humanos. 
Descartes dizia que a Filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as 
coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção 
das técnicas e das artes. 
-Kant afirmou que a Filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para 
saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana. 
-Marx declarou que a Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o 
mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria 
justiça, abundância e felicidade para todos. 
-Merleau-Ponty escreveu que a Filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo. 
-Espinosa afirmou que a Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser 
percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade. 
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar 
guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar 
compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das 
criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa 
sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a 
liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de 
todos os saberes de que os seres humanos são capazes, pois ela procura discutir até o fim o 
sentido e o fundamento da realidade. 
A abordagem filosófica como ferramenta de analise, dar-se por ela possibilita o 
conhecimento do conhecimento e da ação humanos, conhecimento da transformação temporal 
dos princípios do saber e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, a 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
27 
Filosofia sabe que está na História e que possui uma história. Habilitando e despertando no 
homem a visão critica e analítica das coisas que ocorrem em seu redor. 
 
- Filosofia e a criticidade necessária ao perfil da sociedade atual. 
 
O papel social que é conferido à Filosofia tem na reflexão crítica e na formação humana 
sua prática social de referência, a qual o professor precisa considerar no processo de 
transposição dos conteúdos. 
Um aspecto importante a ser considerado quando pensamos sobre a função social da 
filosofia e a criticidade necessária ao perfil da sociedade atual, é analisar e considerar a sua 
importância na educação didática da sociedade, uma vez que à presença da Filosofia enquanto 
componente curricular quanto às possíveis estratégias de seleção de conteúdos filosóficos que 
são minimamente indispensáveis para a formação do indivíduo. A filosofia torna-se ferramenta 
importante na educação, principalmente quando é usada como veiculo para analisar a teoria e 
vida, vida e história, história e vida, com um tratamento sempre mapeado minimamente pela 
tomada de posição, modos de problematização e de pensar e conceituar em filosofia, pois a 
criticidade é interna à própria filosofia. Trata-se de entender que o ensino de filosofia no atual 
contexto escolar brasileiro não é uma questão puramente pedagógica. É uma questão mais 
ampla, ligada à epistemologia, ao saber, aos rumos atuais da cultura e da sociedade. Pode-se, 
por exemplo, tratar do problema dos valores éticos, da liberdade, da relação entre indivíduo e 
sociedade, da ideologia, da cidadania e política, da existência de Deus, etc. O homem deve 
aprender a pensar, o que significa a saída do homem de sua menoridade. Ele permanece na 
menoridade à medida que se recusa a pensar por conta própria, se recusa a viver 
autonomamente, pois é mais cômodo, de fato, viver sob a tutela natural da família, da Igreja, do 
Estado, etc. A menoridade significa depender do outro para pensar. É mais fácil ser menor em 
nossa sociedade quando para viver não se depende do próprio pensar, quando o outro pode 
fazê-lo. 
Trata-se, portanto, da idéia de mudança cultural e de mentalidade que tem que ser feita, 
mais do que pela mudança política, pela forma de pensar das pessoas, pela transformação 
através da educação. A vinculação entre educação e esclarecimento consolida-se pela conexão 
entre saber, cultura e transformação. E a Filosofiaé um dos melhores caminhos para essa 
compreensão. 
 
- O legado dos clássicos da filosofia para educação. 
 
Sócrates: "Ensinar o homem é cuidar da sua própria alma" - esta seria a principal tarefa a 
ser desempenhada por Sócrates. 
As contribuições permanentes e imediatas de Sócrates para a educação são estas: 
1) o conhecimento possui um valor prático ou moral, isto é, um valor funcional, e 
conseqüentemente é de natureza universal e não individualista; 
2) processo objetivo para obter-se conhecimento é o de conservação; o sub-objetivo é de 
reflexão e da organização da própria experiência; 
3) a educação tem por objetivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar, não 
apenas ministrar conhecimentos. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
28 
 
Segundo Sócrates, ele nada ensinava, apenas ajudava as pessoas a tirarem de si mesmas 
opiniões próprias e limpas de falsos valores, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de 
dentro, de acordo com a consciência. Até mesmo na atividade de aprender uma disciplina 
qualquer, o professor nada mais pode fazer que orienta e esclarecer dúvidas, como o lapidador 
tira o excesso de entulho do diamante, não fazendo o próprio diamante. O processo de aprender 
é um processo interno, e tanto mais eficaz quanto maior for o interesse de aprender. Só o 
conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento. 
 
Platão 
Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o 
conhecimento. De acordo com Platão, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os 
problemas impostos pela vida. A educação deveria funcionar como forma de desenvolver o 
homem moral. A educação deveria dedicar esforços para o desenvolvimento intelectual e físico 
dos alunos. Aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, A S T R O N O M I A e educação 
militar. Para os alunos de classes menos favorecidas, Platão dizia que deveriam buscar em 
trabalho a partir dos 13 anos de idade. Afirmava também que a educação da mulher deveria ser 
a mesma educação aplicada aos homens. 
- Para Platão, educação é liberdade. A experiência da educação liberta-nos da condição de 
ignorância; 
- insiste que educar não é "impingir" ciência. É essencialmente a arte de motivar para 
aprender ("a arte desse desejo"), "dar-lhe os meios para isso" e ser companheiro de percursos. 
Não é transformar a carne em salsichas, é motivá-la a transformar-se num organismo vivo, ela 
saberá depois... encontrar o divino. 
 
Aristóteles: "A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles afirmava que 
o objetivo da educação é fazer as pessoas virtuosas. Devia, portanto, haver três períodos de 
treinamento, adaptados aos três períodos do desenvolvimento do homem. O primeiro, que vai 
do nascimento aos sete anos de idade, seria inteiramente dedicado aos exercícios do corpo, 
como preparativos para o ensino escolar formal. O segundo seria o do ensino formal, indo dos 
sete aos vinte e um anos. Consistiria no ensino da Literatura, Música, Ginástica, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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29 
7 Filosofia no Século XXI: A Concepção 
Quântica 
 
As descobertas da física contemporânea relacionadas com o conhecimento das partículas 
atômicas geraram uma nova interpretação do mundo que não era possível dentro da 
perspectiva determinista da física clássica. A impossibilidade de se medir, ao mesmo tempo, a 
posição e a velocidade dos componentes do mundo atômico trouxe maiores limitações para o 
entendimento humano. Uma vez que tudo na natureza era composto por essas micro partículas, 
o desconhecimento de seu comportamento produziu uma incerteza quanto à extensão das 
conclusões da física quântica aos aglomerados macro cósmicos que por elas são formados. 
A tese popperiana de que a ciência constitui fonte fundamental de problemas filosóficos 
tem uma de suas mais importantes exemplificações justamente na discussão acerca do realismo. 
Essa discussão ou, mais especificamente, a discussão do chamado realismo científico – a 
existência de recursos cognitivos para legitimar as teorias científicas quando transcendem o 
nível da percepção imediata –, ganhou novo ímpeto no século XX. Um dos fatores importantes 
no reavivamento do debate acerca dessa forma de realismo foi justamente o surgimento da 
física quântica. 
No início do século XX, cientistas perceberam que, no nível subatômico, os objetos 
materiais se dissolviam em padrões de probabilidades semelhantes a ondas. Esses padrões não 
representavam probabilidades de coisas, mas sim probabilidades de interconexões. Chegaram à 
conclusão de que os sistemas eram totalidades integradas e não podiam ser entendidos pela 
análise cartesiana (divisão em partes). Afirmaram que as partículas subatômicas não têm 
significados enquanto entidades isoladas, mas podiam ser entendidas somente como 
interconexões. Estabeleceram que na Física Quântica nunca se chegam a coisas mas a 
interconexões e que não podemos decompor o mundo em unidades elementares que existem de 
maneira independente. Neste caso, a natureza se apresenta não como blocos isolados, mas sim 
como uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado Teria sido 
muito difícil superar o mecanicismo cartesiano se ele não tivesse desmoronado tão 
espetacularmente na física, que foi o grande triunfo do paradigma cartesiano por cerca de 
quatro séculos. A física moderna transcendeu a visão cartesiana mecanicista do mundo e está 
nos conduzindo a uma concepção de analise filosófica sob uma visão holística e intrinsecamente 
dinâmica do universo. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
30 
8 Educação e Sociedade no Século XXI: Uma 
Abordagem Sócio-Filosófica 
 
O mundo globalizado da sociedade do conhecimento trouxe mudanças significativas ao 
mundo do trabalho.O conceito de emprego está sendo substituído pelo de trabalho. A atividade 
produtiva passa a depender de conhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito criativo, 
crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova 
sociedade Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a regra, buscar condições para 
ancorar a preparação do profissional do futuro requer uma estratégia diferenciada. 
Este profissional deverá interagir com máquinas sofisticadas e inteligentes, será um 
agente no processo de tomada de decisão. Além disso, o seu valor no mercado será estimado 
com base em seu dinamismo, em sua criatividade e em seu empreendedorismo. Todos esses 
fatores evidenciam que só a educação será capaz de preparar as pessoas para enfrentar os 
desafios dessa nova sociedade. A educação no século XXI deverá ser uma educação ao longo da 
vida. Este conceito permite ordenar as diferentes seqüências de aprendizagem (educação básica, 
secundária e superior), gerir as transições, diversificar os percursos, valorizando-os. A educação 
deverá se preocupar com a formação do cidadão, da pessoa em seu sentido amplo, e não 
somente com a formação profissional. 
Não tem como analisar o perfil do profissional do século XXI sem levar as considerações 
do Relatório Delors como base. Neste a educação século XXI é a mola propulsora no 
desenvolvimento deste novo profissional e estará atrelada ao desenvolvimento da capacidade 
intelectual dos estudantes e a princípios éticos, de compreensão e de solidariedade humana. A 
educação visará a prepará-los para lidar com mudanças e diversidades tecnológicas, 
econômicas e culturais, equipando-os com qualidades como iniciativa, atitude e adaptabilidade. 
A universidade, neste contexto, tem seu papel ampliado. A globalização, segundo a Unesco, 
mostra que o moderno desenvolvimento de recursos humanos implica não somente uma 
necessidade de perícia em profissionalismo avançado, mas também de consciência nos assuntos 
culturais, de meio ambiente e social envolvidos. Para isso, a universidade deverá reforçar seuspapéis no aumento dos valores éticos e morais da sociedade e no desenvolvimento do espírito 
cívico ativo e participativo de seus futuros graduados. A universidade precisa dar maior ênfase 
para o desenvolvimento pessoal dos estudantes, juntamente com a preparação de sua vida 
profissional. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
31 
 
- O relatório Delor’s; 
 
“desde a infância e ao longo de toda a vida, [a 
educação] deve 
forjar, também no aluno, a capacidade crítica que 
lhe permita ter um pensamento livre, e 
uma ação autônoma (Delors, 1999, p.63)”. 
 
O denominado “Relatório Jacques Delors”– RJD – resultou dos trabalhos desenvolvidos, 
de 1993 a 1996, pela Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, da 
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que teve como 
presidente da comissão Jacques Delors, ex-ministro da Economia e Finanças da França, com a 
qual colaboraram educadores do mundo inteiro. Publicado no Brasil sob o título de Educação – 
um tesouro a descobrir (2000). O relatório representa a síntese do pensamento pedagógico 
oficial da humanidade, neste final de milênio, já que foi formulado e lançado sob a chancela do 
órgão máximo responsável pelo setor educacional no planeta. 
No Relatório Delors, identificou “quatro pilares educativos” inspiradores no processo de 
atualização do conceito de educação, como perspectiva para o século XXI. 
 
1 – Aprender a conhecer; 
2 – Aprender a fazer; 
3 – Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros; 
4 – Aprender a ser. 
 
Este ano (2007), saiu à décima edição do Relatório Delors no Brasil, isso pode ser avaliado 
pela pertinência de suas propostas no sentido de ajudar a edificar um novo cenário educacional 
capaz de inserir a escola no circuito das transformações mundiais que se operam em alta 
velocidade, assegurando às crianças, jovens e adultos, uma educação de qualidade que preserve 
valores morais e éticos e proporcione a todas as pessoas oportunidades de desenvolver e 
expandir o seu potencial criativo. 
A chegada do século XXI vem marcada com algumas características, contamos hoje com a 
sofisticação dos diferentes tipos de mídia, sobretudo com o rápido desenvolvimento da mídia 
digital, ao lado da mídia eletrônica e impressa. Curioso, resta perceber que embora contemos 
hoje com o aprimoramento dos meios de comunicação de massa, pouco tenhamos evoluído no 
aumento da compreensão das informações veiculadas pela mídia, dado pelo excesso de 
informações que temos recebido todos os dias. O que vem favorecendo, e muito, alguns 
veículos de comunicação e seus empresários de comunicação, pois todo veiculo de informação 
tem um dono e este dono tem seus interesses comerciais e empresarias. Isto nos situa na 
discussão tão freqüente quanto a manipulação das informações. Mas afirmar que a informação 
vem sendo manipulada fica claro se analisamos que os empresários de comunicação têm que 
direcionar o seu produto, nesse caso a informação, para quem o beneficia – ao qual fica claro 
que não é o leitor. 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
32 
No processo empresarial da produção da informação o leitor torna-se apenas o receptor 
da noticia e a forma como ela vem sendo veiculada pelos meios jornalísticos, trazem além da 
informação o parecer sobre os envolvidos, e pouco a pouco os leitores/receptores tiveram 
vetando seu poder de discernimento e embutindo na mídia a capacidade de decidir o que é 
certo ou errado. Não é por acaso que houve o surgimento da idéia liberal de que a mídia é o 
quarto poder, que passa a ser autônomo – não só porque vigia os outros três, mas porque tem 
seus interesses próprios. 
A notícia é um produto à venda e está exposta na vitrine do capitalismo industrial, isto 
quer dizer: informação transformada em mercadoria com todos os seus apelos estéticos, 
emocionais e sensacionais. O público é tratado com um consumidor inserido na lógica 
comercial, que fabrica ícones e veicula situações inusitadas ou irreverentes. Em outras palavras, 
entretenimento e espetáculo. Muito pouco para quem espera um sentido de relevância pública 
às notícias. 
E abordar o tema ‘manipulação das informações por parte da mídia’ não se pode deixar 
de mencionar a ética, na qual nos deparamos com outra situação, à forma de negócio da 
comunicação no Brasil aponta sérios problemas de conceituação e a realidade dos fatos. Os 
empresários de comunicação se escondem atrás de códigos de ética não compatível com o 
produto que produzem e sua responsabilidade é transferida ao jornalista, que têm o mesmo 
dever de um profissional liberal, que responde sozinho por suas ações morais e de uma 
categoria que deu origem aos códigos de ética profissional. O código de ética dos jornalistas, 
portanto, a priori e por exclusão, absolve os empresários de comunicação que, em última 
análise, são exatamente os autores e proprietários do produto final, isto é, da matéria 
jornalística. 
Nesta discussão sobre os jornalistas que desconhecem seus próprios códigos de ética, 
empresários de comunicação que não respondem pelos serviços que vendem é que temos na 
mídia todos os dias, programas que se intitulam prestadores de serviço à comunidade de forma, 
linguagem e conteúdo questionáveis. 
 
- Os aparelhos ideológicos do estado: Louise Althusser 
 
A Teoria dos Aparelhos Ideológicos de Estado surge como fruto tardio das preocupações 
filosófico-teóricas de Louis Althusser. Althusser vê no sistema social, certos dispositivos que, ao 
serem acionados, tendem a manter as classes dominantes no Poder. Os chamados aparelhos 
ideológicos de Estado têm como finalidade manter e gerar a reprodução social. Como esses 
dispositivos são ideológicos, ocorre então uma sujeição do sujeito a essas ideologias; o sujeito 
que é submetido a essa sujeição não percebe que está sendo sujeitado, pois essas ideologias são 
constituídas por crenças que o faz aceitar que as estruturas sociais existentes são boas, 
necessárias e desejáveis. 
A família é considerada por Althusser como ‘o primeiro aparelho ideológico’ capaz de 
socializar o indivíduo, iniciando sua educação e sua socialização já nos primeiros anos de vida. 
Althusser em seus assuntos considera que, o AIE que assumiu a posição dominante nas 
formações capitalistas maduras, após uma violenta luta de classe política e ideológica contra o 
antigo aparelho ideológico do Estado dominante, foi o escolar. E é nela que se dá a maior 
dominação ideológica, através de professores que serão necessariamente repressores, do espaço 
físico (que pode ser comparado com o de uma prisão) e com as disciplinas ‘humanizadoras’ e 
Indivíduo e Sociedade - uma Perspectiva Interdisciplinar 
33 
socializantes (Ensino Religioso, Educação Moral e Cívica, Estudos Sociais, Geografia, História) e 
as disciplinas tecnológicas (Ciências, Física, Matemática, Química); a escola consegue assim 
domesticar, adestrar, e moldar bons cidadãos, para suprir a demanda do sistema capitalista 
dominante. 
O ensino escolar é uma forma de doutrinação (não somente para o mercado de trabalho) 
para levar a criança passivamente à aceitação de uma ideologia que a mantém 
‘democraticamente no seu lugar’. As escolas iniciam os jovens ao consumo disciplinado onde o 
‘Ter‘ e o ‘Ser‘ são questões de Status; submetem o sujeito a uma idéia de que ‘lá fora‘ existe algo 
de valor que pode ser medido e produzido e que é bom, agradável e de fácil aceitação. E isso é 
uma manifestação dos Aparelhos Ideológicos do Estado. 
 
QUADRO SÍNTESE 
Aparelhos Repressor do Estado São aparelhos repressivos do estado 
(governo,policia ,exercito, tribunais) esses 
aparelhos são usados para privilegiar a elite 
no poder; 
Aparelhos Ideológicos do Estado Não é preciso usar a força para incutir no 
individuo algumas ações; 
A.I.E. Religioso - diferentes igrejas privado 
 
As igrejas ocidentais perderam a sua real 
função, ele utilizam esse veiculo para 
atender a vontade do

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