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Anamneses Especiais ● Especificidades: → A particularidade mais marcante reside no fato de a obtenção de informações serem feitas por intermédio da mãe ou de outro familiar. → A consulta exige do médico modos especiais na relação com a família, uma vez que a criança é dependente dela e a adesão ao tratamento depende inteiramente da relação médico-família. → Não deve perder o foco sobre a criança, levando em conta que, muitas vezes, os pais necessitam de mais assistência e compreensão do que o próprio paciente. ● Relação Médico-Paciente: → A criança necessita ser assistida de maneira global e especial (o ambiente emocional, físico e social interfere na sua constituição orgânica e psíquica). → O médico deve ser delicado e gentil ao examinar. → O paciente deve ser o centro da relação médico-paciente, independentemente da faixa etária e dos diferentes graus de compreensão. → É importante não se intimidar com o choro da criança e saber que o exame físico deve ser realizado em sua integridade. ● Divisão da infância e adolescência: 1. Recém-nascido (RN): 0 a 28 dias de vida. 2. Lactente: 29 dias de vida até 2 anos de idade. 3. Pré-escolar: entre 2 e 7 anos de idade. 4. Escolar: dos 7 aos 10 anos de idade. 5. Adolescente: dos 10 aos 19 anos de idade. ● Anamnese do Recém-nascido Identificação Nome completo Data de nascimento e idade. Cor/raça: branca, parda, negra, indígena, asiática. Sexo: feminino ou masculino. Nome da mãe. Nome do responsável/cuidador/acompanhante. Naturalidade. Procedência. Residência. Religião. Plano de saúde. Queixa principal: Informada pelo responsável pela criança, de acordo com sua capacidade de percepção e observação; Relatada com as palavras utilizadas pelo responsável; É comum que o motivo relatado pelos responsáveis da criança possa induzir o médico a um falso diagnóstico, por isso, é importante estar atento a isso. História da Doença Atual (HDA): Relato cronológico que parte da identificação do sintoma-guia do paciente; Determinar o sintoma-guia e analisá-lo: início, duração, característica inicial, evolução, medicações utilizadas (referir quem recomendou e se houve melhora), relação com outros sintomas e situação atual do sintoma; Avaliar se houveram alterações no sono, alimentação ou rotina diária causada pelo sintoma. Interrogatório sintomatológico 1. Geral Sono: quantas horas o RN dorme ao dia Irritabilidade Anamnese pediátrica Prostação (mole e pouco reativo) Dificuldade para amamentar 2. Sistema Tegumentar Pápulas Manchas Placas Descamações Alterações da cor da pele (icterícia, por exemplo) 3. Cardiovascular Dispneia ao amamentar Presença de edema Cianose 4. Respiratório Congestão nasal Coriza Tosse Cianose Esforço respiratório Roncos Sibilos (sons altos ao respirar) 5. Digestório Ritmo intestinal Características das Fezes Vômitos 6. Geniturinário Número de diureses (estimular o responsável a observar a quantidade de micções ao dia) Características da urina (cor, quantidade) Homem: saber se o jato urinário é forte e se projeta a longa distância ou se é fraco e curto Antecedentes Pessoais e Familiares 1. História gestacional: Idade materna ao engravidar; Número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme). Gesta, para, aborto (GPA); Número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas – indicações) e abortos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por infecções, curetagem pós-abortamento); Número de filhos vivos; Idade na primeira gestação; Intervalo entre as gestações (em meses); Tipo sanguíneo materno; Isoimunização Rh; Número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37a semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação); Intercorrências ou complicações em gestações anteriores (diabetes gestacional, infecções do trato urinário poucos dias antes do parto); Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida); Peso prévio e altura; Doenças na gravidez (toxoplasmose, hepatites B, C, vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV), vírus da imunodeficiência humana (HIV) I e II, citomegalovírus (CMV), sífilis, rubéola); Medicamentos utilizados durante a gestação e internação; Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas; (Se foi constatada alguma alteração do feto ao exame ultrassonográfico e exames realizados). 2. História do Parto: Local do nascimento: hospitalar (citar o hospital), domiciliar. Tipo de parto: vaginal ou cesárea (motivo). Utilização de fórceps. Precisou de anestesia. Intercorrências: exemplos: aspiração de mecônio (primeiras fezes do feto), trabalho de parto prolongado. Chorou ao nascer: pode ser um sinal de que o recém-nascido está respirando. UTI: se sim, pedir relatório detalhado de alta hospitalar da UTI neonatal. Peso de nascimento: avaliar sua adequação à idade gestacional: AIG (peso Adequado para a Idade Gestacional), PIG (peso Pequeno para a Idade Gestacional), ou GIG peso Grande para a Idade Gestacional). Estatura. PC (perímetro cefálico): varia com a idade gestacional, o normal, geralmente, é 33cm. Apgar: avaliação da frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, prontidão reflexa e cor da pele (pontuação de 0 a 2). Mamou na 1° hora. 3. Histórico Neonatal: Informe -se se houve alguma intercorrência no parto como: - Aspiração de mecônio - Trabalho de parto prolongado Quais as condições do recém-nascido ao nascimento como: - Índice de Apgar na Caderneta de Saúde da Criança. - Se chorou logo após o nascimento - Se houve cianose prolongada Informe-se se foram necessárias manobras de reanimação neonatal ou de administração de oxigênio. Caso tenha sido necessária passagem por unidade de terapia intensiva, deve –se pedir o relatório. Verifique o uso de antibióticos, hemoderivados, necessidade de ventilação mecânica e por quantos dias. Questione o grupo sanguíneo AB0 Rh do recém-nascido. Questione se houve icterícia ou edema Indague peso, estatura, idade gestacional. Pergunte sobre doenças diagnosticadas até o momento da consulta Pergunte sobre medicamentos usados. 4. História Familiar: Identificar doenças familiares em parentes de primeiro e segundo grau. Questionar a respeito de síndromes clínicas e doenças raras que sejam frequentes entre os familiares. Consanguinidade. Avaliar causas de morte em parentes próximos, especialmente em casos suspeitos de herança genética. 5. Vacinação Deve-se verificar: O cartão de vacinação. A cicatriz da BCG. As complicações (obter informações sobre reações vacinais, por exemplo). Se a criança tomou alguma vacina que não é disponível pelo SUS. A realização do teste do pezinho (anemia falciforme) e outros testes fundamentais. Tipos de vacinas: Vacinas do PNI (Programa nacional de imunização) - Essas vacinas são disponíveis e obrigatórias pelo SUS. Vacinas especiais (CRIE) - Os Centros de referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm como finalidade facilitar o acesso à população, em especial dos portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida e de outras condições especiais de morbidade para a prevenção das doenças que são objeto do Programa Nacional de Imunizações(PNI). Alimentação Verificar se o RN está em aleitamento materno exclusivo. Estimular e parabenizar a mãe que estiver amamentando. Enfatizar a importância dessa conduta para o desenvolvimento do recém-nascido. O aleitamento materno exclusivo até o 6° mês de vida é a melhor opção para a saúde do bebê. Mostrar as vantagens quanto o aleitamento materno: ○ Menor custo. ○ Diminuição da mortalidade infantil. ○ Proteção contra diarréias, pneumonias, otite média, e outras infecções neonatais. ○ Proteção contra síndrome de morte súbita do lactente, diabetes insulinodependente, doença de Crohn, colite ulcerativa, linfoma, doenças alérgicas e outras doenças crônicas do sistema digestório. ○ O aleitamento materno exclusivo fornece melhor desempenho cognitivo ao bebê. ○ Aceleração da involução uterina, diminuindo o sangramento pós-parto ○ Proteção da mãe contra câncer de mama, ovário, aumento do período de amenorreia e do intervalo de tempo entre as gestações. Caso a mãe tenha desmamado a criança, questione o motivo. Se a mãe ainda tiver leite proponha um plano para restabelecer o aleitamento materno exclusivo. Caso não seja possível, identifique o leite em uso, sua preparação (diluição, cuidados e higiene) e como é oferecido. Desenvolvimento Neuropsicomotor No Rn, é esperado que, até a quarta semana de vida, ele mantenha atitude refletida e gire a cabeça de um lado para o outro em posição prona. Quando suspenso ventralmente, espera-se que a cabeça fique pendida Na posição supina, geralmente ele fica fletido, um pouco rígido, podendo fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão. Quando vira o corpo, apresenta o fenômeno denominado olhos de boneca. Deve apresentar reflexos de Moro ativo, assim como reflexos de passada (marcha reflexa), braçada e preensão, com preferencia visual pela face humana. Exame físico Essencial para identificar malformações e problemas de saúde inerentes a RN Pode-se identificar sinais de doenças que necessitem de acompanhamento a longo prazo ou intervenções imediatas Faz parte do exame físico do RN a aferição das medidas corporais: Comprimento, peso, perímetros cefálicos e torácico. Avaliar a presença de cianose ou icterícia, a cor da pele, turgor, descamação, manchas (manchas mongólicas (roxas), critema tóxico), equimoses, hematomas e lesões cortocontusas, que podem ocorrer no parto. Sistema Cardiovascular: Realizar Auscuta de todo o tórax, observando o ictus cordis Fazer a palpitação para identificar frêmito Identificar a frequência cardíaca e avaliar o ritmo Arritmia sinusal ou respiratória é normal na infância, pois a frenquencia cardíaca aumenta durante a inspiração e diminui na expiração. Observar a presença de sopros cardíacos e graduar a sua intensidade Estar atento à presença de cianose, edema, refluxo hepatojugular e ao tamanho do fígado Boca: Avaliar a conformação do palato em busca de palato em ogiva e fenda palatina. Pesquise se há dentes natais (dentes ao nascimento) ↪ Pode estar associado a síndromes, mas normalmente não causa complicações, sendo mais comum em meninas Anatomia da língua e do freio lingual (anquiloglossia parcial ou língua presa) Observar as gengivas e os lábios em busca de fendas (lábio leporino) Sistema Respiratório À inspecção, procure sinais de esforço respiratório Avalia a presença de tiragem subcostal, intercostal e de fúrcula Observe se há cianose, batimento de aletas nasais e balancim toracoabdominal Avalie o frêmito torácico, proceda à ausculta do tórax para avaliação do mirmúrio vesicular. Observe se há ruídos adventícios (sibilos, estertores) Abdome Caracterize o tipo de abdome (globoso, plano, escavado) Avalie a tensão abdominal Realize palpação a procura de visceromegalias e massas palpáveis À percussão, avalie o timpanismo. À ausculta, observe os ruídos hidroaéreos Avalie o cordão umbilical, contando o número de artérias e veias (normalmente duas artérias e uma veia) Genitália Verifique se é tipicamente masculina ou feminina Masculina: procure testículos na bolsa escrotal e região inguinal, verifique se há exposição da glande e, havendo, observe se há epispadia ou hipospadia. Feminina: Verificar se há sinequia de lábios, hipertrofia de lábios vulvares e de clitóris. Identifique anormalidades da diferenciação sexual Caso haja dúvidas quanto à genitália, não se deve dizer qual o sexo do RN até que uma avaliação mais completa seja feita e tenha-se certeza do sexo (alguns casos: avaliação do cariótipo) Observe a região sacral em busca de fóveas, fossetas, tufos capilares, proeminências (miclomeningocede), manchas (mancha mongólica) Mamilos Posição dos mamilos, se estão afastados da linha média Posição de inserção do coto umbilical no abdômen. Verifique se o coto umbilical tem duas artérias e uma veia. Membros Procurar por sinais de Ortolano e Barlow para identificar luxação congênita do quadril Observar a conformação dos membros, se há edema, hipoplasia, alterações em dedos dos pés ou das mãos. Atenção aos dedos das mãos (quirodáctilos) e dos pés (podadáctilos) em busca de polidactilias, sindactilias, dedos mais curtos ou mais longos que o habitual. Observe a palma das mãos em busca de linha palmar transversa contínua. Analise o formato da planta do pé (pé plano) Veja a posição dos pés em relação aos tornozelos (pés tortos congênitos} Pesquisa de reflexos e sinais neurológicos Identifique hipertonias, hipotonias, movimentos anormais e reflexos tendionosos e cutâneo plantar (considerar no contexto geral do exame neurológico, pois, nesta faixa etária, resultados isolados não são conclusivos para diagnóstico nem ditam conduta) Avalie os reflexos primitivos (reflexo de Moro), o tônus cervical e a preensão palmar Pesquisa de evidências congênitas Observar se há fronte proeminente. Micro ou macrocrania Alterações no dorso nasal Pregas epicânticas Hipertelorismo Orelhas de baixa implantação Micrognatia Protusão lingual Pescoço alado Avaliar se as narinas e a região anal estão pérvias. ↪ Atresia de cóanos e imperfuração anal Obs: Em nenhum momento o médico deve interromper o relato da história clínica. ● Anamnese do Lactante Rápido crescimento e intenso desenvolvimento ↪Há mudanças nas interações de pais e filhos, decorre, então, a necessidade de explorar os compromissos, as dúvidas e preocupações dos pais na anamnese. Avaliar o cotidiano da criança, perguntando a respeito do padrão e adequação do sono, da alimentação, das funções fisiológicas, das relações familiares com o bebe e dos cuidados domésticos para prevenir acidentes. Ritmo de crescimento e aparência física do lactante. Nos lactante mais jovens, surgem dúvidas a respeito: Cicatrização do coto umbilical Exantemas Primeiras enfermidades (resfriado e febre, por exemplo) Erupção dos dentinhos Uso de medicamentos e vitaminas Reações a imunizações Análise da visão e audição do bebê. A constituição de laços afetivos é de extrema importância na consulta pediátrica para a avaliação do desenvolvimento, e os pais devem ser arguidos sobre seus sentimentos em relação ao filho, acerca, por exemplo, da segurança com os cuidados e do reencontro da rotina de vida adequada para toda a família. Discutir com os pais a respeito do temperamento do lactante (irritadiço ou calmo), a previsibilidade do comportamento e a resposta deles aos comportamentos típicos da criança, como sua reação ao choro ou à irritação. Nos lactantes mais velhos deve-se buscar evidências que indiquem o aparecimento de ansiedadede separação (pais dos filhos) e a insegurança da criança diante de estranhos. Deve ser explicado aos pais essas reações. Para avaliação dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor, a abordagem começa com “O que ele está fazendo atualmente?” e comparar o que foi dito com a escala: Marcos do Desenvolvimento Neuropsicomotor - Sorriso social. - Sustentação da cabeça. - Sentar sem apoio (7-8 meses). - Engatinhar (9-10 meses). - Ficar de pé sozinho(a). - Andar (11-12 meses). Os hábitos alimentares da família devem receber atenção especial. Deve-se estimular os hábitos saudáveis ○ O paladar da criança e as preferências são cultivadas desde os primeiros anos de vida e são fundamentais para uma vida saudável. Analisar a história famíliar, incluindo saúde, hábitos de vida e questões psicossociais (antes e depois) ● Anamnese do pré-escolar e escolar ● Esse período da vida da criança é marcado por intensa atividade motora, com rápida aquisição de habilidades, linguagem e grande capacidade de aprendizagem. Por isso é importante, durante a consulta, avaliar a dinâmica familiar e o estilo pessoal da criança e da família, com objetivo de promover integração e atender às necessidades da criança para o desenvolvimento. ● Também é o período em que se deve proceder às triagens sensoriais para verificar as condições para aprendizagem. Na anamnese exploram-se as dúvidas e preocupações dos pais. ● A partir da idade de 3 a 4 anos, deve-se estabelecer um diálogo com a criança durante a consulta. ● Para avaliar o cotidiano da criança, devem ser feitas perguntas sobre a alimentação, a participação nas refeições familiares e os padrões de lanches, além da conduta em relação às recusas alimentares. ● Outros tópicos incluem padrões e preocupações com o sono, especialmente o despertar noturno perturbado, progressos e dificuldades no treinamento esfincteriano, cuidados dentários e medidas de prevenção de acidentes. As habilidades motoras e a sociabilidade também devem ser motivo de questionamentos. ● Com relação às crianças maiores, indaga-se e estimula-se a prática de esportes e exercícios físicos. ● Sobre as preocupações com doenças, é recomendado abordar os pais a respeito da avaliação deles em relação à saúde geral da criança, com ênfase na frequência de infecções comuns da infância e reações alérgicas. ● O desenvolvimento merece atenção especial na consulta da criança nessa faixa etária e pode ser abordado nos conteúdos afetivo e cognitivo ● No conteúdo afetivo, os pais são incentivados a falarem sobre as reações do pré-escolar que oscilam entre manifestações de dependência e independência, evidenciadas por comportamentos que alternam entre desejos de exploração do ambiente e pessoas, negativismo, ansiedade de separação e dificuldade para controlar os impulsos. ● Além disso, exploram-se as brincadeiras preferidas e a integração entre o pré-escolar e os demais familiares. ● Para a criança na idade escolar, as perguntas concentram-se em descrições do estilo de comportamento (p. ex., extrovertido, tímido), na adaptação ao ritmo de 1 ano escolar formal e nas interações com os colegas. ● Rivalidades entre irmãos e o papel da criança na vida familiar também devem estar presentes na avaliação do desenvolvimento da criança. ● No conteúdo cognitivo, a principal área a ser observada no préescolar é o conteúdo e a complexidade da linguagem. ↪ Aos 2 anos de idade, cerca de 50% da fala da criança deve ser inteligível. Erros de articulação, como substituir “r” por “l” ou “c” por “t”, são comuns e normais no segundo ano de vida. ↪ Aos 4 anos, quase toda a fala da criança deve ser compreensível. Outros tópicos incluem as evidências de curiosidade e de interesse em objetos ou pessoas que não estejam presentes. ● No escolar, as áreas a serem exploradas incluem o desempenho da criança na escola, o que gosta e desgosta nela, notas, absenteísmo e repetência. ● O inquérito deve incluir, ainda, a história familiar, caso ela não seja conhecida pelo médico, e antecedentes e condições atuais de saúde da família. Exame físico do lactente ao escolar O exame físico deve ser sempre realizado com paciência e gentileza, com atenção desde o tom da voz usado até os momentos e as formas adequados de manipular ou conter o paciente. Os procedimentos mais temidos ou dolorosos costumam ser deixados para o fim da consulta. ↪ Eles devem ser previamente informados ao paciente e não podem ser suprimidos por vontade dos pais ou da criança. O exame físico, em consulta de primeira vez, retorno ou na emergência, deve ser sempre completo. O exame físico tem início quando o paciente é recebido pelo médico no consultório. Estado geral, grau de atividade ou prostração, fácies, desconforto respiratório, irritabilidade e choro fácil, cianose e edemas podem ser rapidamente identificados. ● Em uma revisão sistemática, Van den Bruel et al. (2010) determinaram que a observação inicial do estado geral (instinto clínico para determinar a gravidade do quadro clínico em crianças) representou uma importante contribuição para prever a evolução para um quadro de maior gravidade, e foi considerada um forte alerta vermelho na avaliação inicial em pediatria. ● As várias etapas do exame físico geral e dos diferentes sistemas foram descritas anteriormente no item referente ao exame físico do RN. ● A avaliação geral e a propedêutica cardiorrespiratória e abdominal não apresentam diferenças importantes em lactentes, pré-escolares e escolares. ● Em geral, os lactentes também são examinados por decúbitos; ou seja, iniciando-se o exame com paciente em decúbito dorsal, a ausculta respiratória, por exemplo, será realizada em toda região torácica anterior. ● Somente após a avaliação do estado geral e de todos os sistemas possíveis no decúbito dorsal, o médico passa ao exame dos sistemas com o paciente em decúbito ventral. ● Com a criança maior, capaz de sentar-se e compreender ordens simples, o exame físico assemelha-se ao do adulto, por segmentos corporais ou sistemas, e não por decúbitos. A avaliação do crescimento e desenvolvimento faz parte das ações básicas de saúde em pediatria. ● Para avaliação do crescimento pôndero-estatural, há várias curvas de crescimento disponíveis (curva de Marcondes, curva da Organização Mundial da Saúde, curvas do Centers for Disease Control and Prevention), que estratificam as crianças em percentis ou escores Z (quantidade de desviospadrão acima ou abaixo da média). ● Desenvolvimento Comportamental e Social Primeiros anos de vida. Desempenho escolar. Atividade esportiva. Lazer. Bullying. Sono (Qualitativo/quantitativo). Tempo de uso de eletrônicos por dia (celular/smartphones, tablets, desktops/notebooks e videogames). - Finalidade dos uso de eletrônicos Comportamento. Controle esfíncter (vesical - anal?) Enurese Noturna? Agressividade, Passividade- Negativismo. Adaptação Social: emotividade/ hábitos com a família e com outras crianças. ● Gráficos de comparação IMC x Idade, Peso x Idade, Estatura x Idade. Consulta médica do adolescente → A abordagem ao paciente adolescente deve considerar a complexidade do período de grandes transformações que ele vivencia nas diversas dimensões. → A consulta precisa avaliar mais que as morbidades e questões biológicas, como crescimento, desenvolvimento, avaliação nutricional e observação de fatores de risco de doenças. → Deve-se avaliar tambémas condições sociais do paciente, os aspectos emocionais, a dinâmica familiar, a vida escolar, os relacionamentos, as aspirações profissionais e os ideais de vida. → Além disso, é fundamental investigar se há exposição a situações de violência e comportamentos de risco que resultem em doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, uso abusivo de drogas lícitas/ilícitas e transgressões da lei, estabelecendo estratégias para afastar o adolescente das condições de vulnerabilidade e identificar fatores protetores para a promoção da saúde integral. → Considerando-se as peculiaridades do paciente dessa faixa etária, o seu atendimento apresenta particularidades e princípios éticos específicos que devem nortear a consulta. → O médico deve reconhecer o adolescente como indivíduo progressivamente capaz e atende-lo de maneira diferenciada, respeitando sua individualidade e mantendo uma postura de acolhimento, centrada em valores de saúde e bem estar do jovem. ● Anamnese do adolescente No início da consulta, quando o acompanhante e o adolescente estão juntos, o segundo é interrogado sobre o motivo da consulta ou queixa principal e sobre a história da doença atual. Aproveitando a presença do acompanhante, são averiguados também: antecedentes familiares, pessoais e fisiológicos, como gestação, tipo de parto, peso ao nascimento, condições do nascimento, período neonatal e intercorrências; Crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor (ocorreram dentro da normalidade? Houve alguma alteração emocional ou distúrbio de conduta?); Amamentação e alimentação nos dois primeiros anos de vida; Morbidades pregressas pessoais e familiares, como doenças da infância, cirurgias, convulsões ou desmaios, internações, alergias, uso de medicamentos; Imunização atual e da infância; Alimentação atual, a partir de diário alimentar com horários. No segundo momento, em que está presente apenas o adolescente, deve-se perguntar a ele sobre a queixa principal e a história da doença atual, agora sob sua perspectiva. O que diz o adolescente pode coincidir com o relato do familiar, mas algumas vezes podem ser obtidas informações complementares e/ou histórias diferentes e até mesmo contraditórias. Às vezes, a consulta é motivada mais pela preocupação da família do que a do próprio adolescente. Em alguns casos, os adolescentes podem estar disfarçando problemas comportamentais, e em outros, queixas emocionais, manifestadas somaticamente. Nessas circunstâncias, o médico tem de usar sua perspicácia e sensibilidade para captar o verdadeiro motivo da consulta. Em seguida, aplica-se o interrogatório sintomatológico, de acordo com as normas gerais para os diversos sistemas, sendo importante pesquisar: Apetite Atividade Ganho ou perda de peso recente Características dos ciclos menstruais Data da última menstruação Sono Estado emocional Mal estar. Investigam- se também: As condições socioeconômicas, como moradia, saneamento básico, renda familiar; Os hábitos de vida, como tempo de tela no dia (eletrônicos), prática de exercícios, uso e experimentação de tabaco, álcool e drogas lícitas/ilícitas; A vida escolar, como série em curso, dificuldades de aprendizagem e socialização; As relações familiares, como conflitos, disfunções, violências, posição e papel que ocupa na família; As relações sociais, como religião, amigos, namoro, sexualidade, trabalho, lazer; A saúde sexual e reprodutiva, se recebeu informação a esse respeito e quais são suas dúvidas. As perguntas devem ser feitas com cuidado, respeitando-se a idade, o desenvolvimento puberal e o interesse manifestado pelo adolescente. ↪ Podem ser abordados assuntos como: Importância do autocuidado e do cuidado com o outro Medidas de proteção, atividade sexual, masturbação, afetividade, prazer e questões relativas à orientação sexual quando necessárias ou demandadas. → Quando o paciente mostra-se pouco comunicativo ou hostil, podem-se usar algumas estratégias, tais como iniciar a conversa com temas do interesse do jovem ou com um interrogatório sintomatológico, para aos poucos chegar ao problema principal. → O envolvimento afetivo do médico com relação à queixa principal, especialmente quando se trata de problemas mais graves, pode levá-lo a descuidar-se da investigação dos aspectos globais da vida do adolescente, o que é desastroso. → O paciente, mais que um organismo, é um ser humano inserido em uma família, em uma comunidade e em uma sociedade. A atenção a esse princípio é fundamental no atendimento ao adolescente, que vive um momento muito especial de sua trajetória. ● Exame físico do adolescente A semiotécnica do exame físico é a mesma recomendada para o paciente adulto, mas é conveniente esclarecer algumas peculiaridades. O exame físico deve ser completo e detalhado, possibilitando a avaliação do crescimento, do desenvolvimento e da saúde como um todo, incluindo o estadiamento puberal pelos critérios de Tanner. No exame físico geral, deve-se avaliar o aspecto geral, o peso, a estatura, o índice de massa corporal (IMC), a temperatura, a pressão arterial e as frequências cardíaca e respiratória. O registro da estatura e do IMC nas curvas de crescimento é fundamental para a análise do crescimento e da nutrição, aspectos muito importantes nessa fase. O exame deve ser detalhado, avaliandose os diversos sistemas e todos os segmentos corporais. Na pele, deve-se observar se há acne, muito frequente nessa faixa etária. No pescoço, a tireoide pode ter um aumento fisiológico, mas, em algumas situações, exige investigação especializada. O exame dos genitais deve ser precedido de esclarecimento sobre a sua necessidade, sendo respeitada a possível recusa do paciente. Nesse caso, é possível adiá-lo para outra consulta. Nas mamas do adolescente do sexo masculino, deve-se atentar para a possível ocorrência de ginecomastia. Além de determinar a maturação sexual, deve-se verificar a fimose e palpar os testículos. No sexo feminino, deve-se examinar a vulva (pequenos e grandes lábios, hímen) e verificar se há secreção vaginal. O exame ginecológico completo feito por ginecologista é indicado a adolescentes com atividade sexual, vulvovaginites não responsivas aos tratamentos de rotina, amenorreia primária ou secundária, suspeita de abuso sexual ou de gravidez, dismenorreia não responsiva aos tratamentos de rotina, dentre outras situações. Deve-se avaliar a coluna vertebral e eventuais alterações osteomusculares dos membros inferiores. Também é preciso examinar a postura e a marcha, os principais reflexos. Devem ser observados o comportamento, a atenção, o humor, a capacidade de concentração e a verbalização. → Ao término da consulta, formulam-se as hipóteses diagnósticas (diagnósticos principais e secundários) a fim de estabelecer os tratamentos necessários, planejando as condutas. Essas devem incluir necessariamente instruções educativas para a promoção de hábitos saudáveis, visando à manutenção da saúde e à prevenção de doenças e comportamentos de risco e agravos. Recomenda-se considerar os aspectos globais da saúde, com avaliação do estado nutritivo, do crescimento, do desenvolvimento neuropsicomotor, da maturação sexual, da alimentação e da vacinação. Todos esses devem ser discutidos com o adolescente e, depois, no último tempo da consulta, com sua família, respeitando-se o sigilo médico nas questões em que o jovem quiser manter confidencialidade. Ao fim da consulta médica, para a condução de muitas situações identificadas, pode ser necessária a discussão em equipe multiprofissional e com outros setores além do da saúde. Observações Gerais: Rotina não-rígidae interrogatório flexível, para respeitar a privacidade da paciente; Durante o interrogatório, algumas atenções especiais devem ser tomadas quanto aos Antecedentes Pessoais Fisiológicos, Antecedentes Pessoais Patológicos e a História Familiar. Antecedentes Pessoais Fisiológicos: Definição do padrão menstrual (menarca, duração do fluxo e intervalo entre as menstruações). ↪ Exemplo: 12/03/28, o que significa que a menarca ocorreu aos 12 anos, a duração do fluxo é de 3 dias e o intervalo entre as menstruações é de 28 dias Idade do aparecimento da pubarca (pelos) e telarca (mamas). Data da última menstruação Início da atividade sexual. Atividade reprodutiva (número de gestações, partos e abortos, época do parto, evolução do puerpério e lactação). Uso de anticoncepcionais. Antecedentes Pessoais Patológicos: Tomar nota de doenças infectocontagiosas, diabetes melito, doenças sexualmente transmissíveis, doenças ginecológicas anteriores, radioterapia, hormonoterapia, cauterizações, curetagens e antibioticoterapia. História Familiar: Doenças hereditárias. Existência de indivíduos com tuberculose, de diabetes melito, neoplasias, endocrinopatias e anomalias genéticas, principalmente câncer de mama, do endométrio, do ovário e do cólon. Sinais e sintomas: Os principais sinais e sintomas das afecções dos órgãos genitais femininos são as hemorragias, os distúrbios menstruais, a dor, o aparecimento de tumoração, corrimento ou leucorreia, prurido, dificuldade de engravidar, distúrbios sexuais e alterações dos pelos. Hemorragias - Quaisquer sangramentos sem as características da menstruação normal são chamados de hemorragia (ou sangramento) uterina anormal (HUA), sendo classificadas em: hemorragia uterina aguda, crônica ou intermenstrual. Hemorragia Uterina Aguda Anamnese ginecológica ↪ Ocorre quando o sangramento uterino exige uma intervenção imediata, a crônica é definida após 6 meses de alterações. Podem ocorrer em várias enfermidades. ↪ Uma forma de classificá-las é o sistema PALMCOEIN, sigla formada pelas principais causas de hemorragias, que as divide em: “anomalias estruturais uterinas” Pólipos Adenomiose Leiomioma Malignidade ou hiperplasia “anomalias não estruturais uterinas” Coagulopatias Disfunção ovariana Fator endometrial Iatrogenia Não especificado - É conveniente ressaltar que as hemorragias de origem vaginal ou vulvar decorrentes de traumatismos, de ulcerações ou de neoplasias podem confundir-se com a metrorragia. - É importante a caracterização semiológica da hemorragia, bem como o tipo e o ritmo menstrual da paciente, lembrando-se de que a associação de hemorragia com outros distúrbios menstruais pode ser decorrente de uma única enfermidade. → Menstruação é o sangramento cíclico que ocorre cada 24 a 38 dias, durando de 3 a 8 dias, com perda sanguínea de 50 a 80 mℓ. ↪ O ciclo menstrual pode apresentar anormalidades quanto ao intervalo entre os fluxos, duração e intensidade. Anormalidades do ciclo menstrual ■ Sangramento menstrual frequente (polimenorreia): quando a menstruação ocorre com intervalos menores que 24 dias. ■ Sangramento menstrual infrequente (oligomenorreia): quando a menstruação ocorre com intervalos maiores que 38 dias. ■ Amenorreia, que é a falta de menstruação por um período de tempo maior do que três ciclos prévios. ■ Sangramento menstrual prolongado (hipermenorreia): quando a menstruação dura mais de 8 dias. ■ Sangramento menstrual encurtado (hipomenorreia): quando a menstruação dura menos de 3 dias. ■ Sangramento uterino excessivo (menorreia): quando há excessiva perda de sangue durante o fluxo menstrual. Às vezes, confunde-se com hipermenorreia. ■ Sangramento uterino leve: quando o fluxo é pouco, baseado na percepção da paciente, raramente associado à patologia. ■ Sangramento uterino intermenstrual (metrorragia): quando a perda de sangue não obedece ao ritmo do ciclo menstrual. ■ Dismenorreia: que é a dificuldade ou dor relacionada a menstruação. Primária: ocorre sem a existência de uma causa paralela; Secundária: ocorrência relacionada com uma doença associativa como a endometriose; ■ Algomenorreia: dor na região hipogástrica, como a cólica; ■ Síndrome da Dismenorreia: desconforto associado a lombalgia com irradiação para o baixo ventre e pernas, acompanhada de náuseas e cefaleia; OBS: necessidade de caracterizar a dor, a localidade e a frequência. ∗ A dispareunia (dor durante o ato sexual) é a regra, tanto nas infecções pélvicas como nas da vulva e da vagina. Principais Termos: ● Síndrome Pré-Menstrual (SPM); ● Tumoração; - Deve-se esclarecer a época do aparecimento, localização, velocidade de crescimento, bem como a presença de outros sintomas originados de eventual compressão de órgãos vizinhos. As “tumorações” dos órgãos genitais femininos podem ser abdominopélvicas, vaginais e vulvares. Podem ser classificadas em: Falsas (distensão vesical ou intestinal e pseudociese) Verdadeiras (miomas, neoplasias ovarianas e tubárias), Firmes (miomas) Císticas e sólidocísticas (neoplasias do ovário) Malignas (carcinomas) Benignas (miomas, cistos ovarianos) Inflamatórias (piossalpinge). ● Corrimento (leucorreia); - Considera-se corrimento ou leucorreia a alteração das características da secreção normal, que tem o aspecto de “catarro fluido” ou de “clara de ovo”. - A secreção aumenta sob ação estrogênica (pico ovulatório e terapêutica hormonal). - Não se esquecer que é fisiológica a secreção das glândulas vestibulares maiores (Bartholin) durante a excitação sexual. - Nos corrimentos patológicos, suas características variam conforme a etiologia. Assim, corrimento aquoso, abundante, como se fosse o descrito como normal, mas em grande quantidade (hidrorreia), pode significar varicocele pélvica, retroversão uterina fixa ou uso de pílulas anticoncepcionais; quando for amarelo, espesso, fétido e espumoso, a causa costuma ser tricomoníase e/ou blenorragia; corrimento branco, em grumos, como nata de leite ou coco ralado, indica a presença de fungos tipo Candida; corrimento com aspecto de “água de carne” é próprio das neoplasias e das infecções graves. - obs: O prurido, a ardência e o odor fétido sempre acompanham o corrimento patológico. ● Prurido vulvar; - O prurido como sintoma isolado é pouco frequente. - Pode, entretanto, ser muito intenso e penoso para a paciente. - Costuma surgir nas lesões distróficas da vulva (principalmente em pacientes idosas) e nas vulvites micóticas e alérgicas. - O prurido vulvar é frequente em paciente diabéticas. - Não se esquecer de que o câncer da vulva está quase sempre associado a prurido. ● Disfunção Sexual; - Consiste em alterações ou perturbações na resposta à estimulação sexual. - Pode ser de origem orgânica, psicológica ou mista. - São denominadas primárias, se coincidem com o início da atividade sexual e secundárias se foram adquiridas ao longo do tempo. - Pode ser generalizada, se está presente em qualquer circunstância, ou situacional, se ocorre apenas em determinadas circunstâncias. - Os sinais e sintomas são relacionados com a capacidade ou não de ter orgasmo, excitação, desejo, aversão e dor durante um ato sexual. ● Dispareunia: - Compreende os distúrbios dolorosos do coito, que incluem o vaginismo e a contratura dolorosa damusculatura vaginal, podendo impossibilitar a penetração do pênis. Esta é chamada de dispareunia de penetração ou externa. É a dor “por fora”, como referem as pacientes. - Outro tipo de dispareunia é a de profundidade ou interna. Dor “por dentro” na linguagem das pacientes. - Ambas podem ser relativas ou absolutas, conforme impossibilitem ou apenas dificultem o coito. - A dispareunia pode ser orgânica, decorrente de lesões do canal vaginal, ou ser a somatização de problemas emocionais. - O vaginismo costuma ser um espasmo reflexo de lesões dolorosas de localização vulvar, tais como ulcerações, vulvites micóticas e herpéticas, estenoses, malformações, distrofias e cicatrizes dolorosas, ou vaginais, incluindo colpites intensas, atrofias e cicatrizes. - A dispareunia de profundidade ou interna tem como causas principais as lesões traumáticas (coito abrupto, lacerações da vagina), as afecções inflamatórias (colpites, parametrites) e as lesões tróficas (atrofia vaginal). ● Alterações dos pelos. - Alterações na distribuição dos pelos podem acompanhar certos desequilíbrios hormonais. - A produção aumentada de androgênios pelas suprarrenais ou pelos ovários, como na síndrome dos ovários policísticos, pode provocar crescimento excessivo de pelos no buço, face, lobos das orelhas, triângulo púbico superior, tronco ou membros. - Cumpre assinalar que alguns medicamentos podem causar hirsutismo(aumento da quantidade de pelos no corpo da mulher em locais comuns ao homem), incluindo ciclosporina, minoxidil, diazóxido, corticoides e penicilamina. - A produção aumentada de androgênios pelas suprarrenais ou pelos ovários, como na síndrome dos ovários policísticos, pode provocar o crescimento excessivo de pelos no buço, face, lobos das orelhas, triângulo púbico superior, tronco ou membros. ● Climatério; - Climatério é a fase de transição entre a menacme (período reprodutivo) e a senectude (período não reprodutivo). - Inicia-se com a queda da capacidade reprodutiva ao redor dos 40 anos. - Subdivide-se o período climatérico em pré, peri e pósmenopausa. - O fenômeno básico que ocorre no climatério é a diminuição dos folículos primordiais com posterior atresia. Essa falência ovariana está associada à queda na produção de estrogênio e de androgênio, principalmente, acarretando a elevação do FSH. - Os sintomas do climatério podem ser divididos em precoces e tardios. ↪ Dentre os precoces, temos instabilidade vasomotora (fogachos e suores noturnos), que incide em torno de 75% dos casos; atrofia urogenital, que está associada a dor na relação sexual (dispareunia) e a síndrome uretral (urgência e incontinência urinária); e sangramento uterino anormal, considerado um dos primeiros sintomas relacionados com o hipoestrogenismo, apresenta-se como metrorragia e menorragia. ↪ A consequência tardia do hipoestrogenismo é a osteoporose. - Na abordagem da paciente na pós-menopausa, deve-se reforçar as orientações para uma vida saudável como reeducação alimentar e atividade física, devido aos efeitos do declínio do estrogênio sobre o metabolismo da mulher, provocando aumento de peso e alterações no perfil lipídico. - Menopausa é a data do último fluxo menstrual. Só pode ser datada com segurança após 1 ano sem menstruações e representa falta da ovulação e falência ovariana. - A idade em que ocorre a menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando ocorre antes dos 40 anos é chamada de precoce e acima dos 52 anos, tardia. OBS: Distúrbios menstruais: ○ Sangramento uterino anômalo ○ Ausência de menstruação (amenorreia) ○ Cólicas menstruais (dismenorreia) ○ Menopausa precoce (insuficiência ovariana primária) OBS: Distúrbios sexuais: consiste em alterações ou perturbações na resposta à estimulação sexual. OBS: O exame ginecológico compreende três etapas sequenciais: exame das mamas, do abdome e da genitália.
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