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PLANO DE METAS FEB (1)

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Universidade Federal Fluminense
Formação Econômica Brasileira
Professor: Marcelo Colomer
Plano de Metas:
Objetivos e Consequências 
Nome: 
Juliana Pais Veiga 21004230
Renata de Azevedo Oliveira 11004193
Introdução
Juscelino Kubitschek foi eleito presidente do Brasil nas eleições de 1955, assumindo o cargo em 1956 e permanecendo nele até 1961. O período entre 1956 e 1963 é ainda classificado com democrático-populista iniciado pós 2ª Guerra Mundial. Economicamente falando, esse período também refere-se a continuidade (até 1962) de um longo ciclo de expansão iniciado na recuperação brasileira aos efeitos da Grande Depressão. O governo de JK foi marcado pelo comprometimento do setor público com uma política desenvolvimentista. Nesse contexto de expansão e desenvolvimento econômico, Kubitschek lança o seu Plano de Metas, que, no geral, foi bem sucedido tendo a maioria de suas metas alcançadas. A economia cresceu aceleradamente com certa estabilidade de preços e em um cenário político aberto e democrático.
A proposta do Plano de Metas era baseada no lema “50 anos em 5”. A ideia era contemplar investimentos em cinco áreas principais: energia, transporte, alimentação, indústrias de base e educação. Esses ajudariam no desenvolvimento econômico e na modernização do país. Vale ressaltar que esse programa do governo deu continuidade ao processo de substituição por importação que o Brasil vivia desde anos anteriores.
Em 1956, a economia brasileira apresentava um quadro de grandes desequilíbrios: grandes déficits fiscais agravados por dificuldades de financiamento externo. Nesse contexto, dado que a adoção de políticas contracionistas seriam politicamente insustentáveis para o governo (as tentativas anteriores de contração do crédito para controlar a inflação foram provisórias), foi adotado um conjunto de políticas heterodoxas, que aumentavam o gasto público apesar dos graves desequilíbrios macroeconômicos.
Essa decisão por crescimento ao invés de estabilidade, também chamada de desenvolvimentismo, estava em desacordo com as políticas ortodoxas recomendadas à época pelo FMI e reforçou a visão de que economias subdesenvolvidas só conseguiam se industrializar com alguma inflação e sem buscar preços controlados com estagnação.
Desenvolvimento
O último esforço relevante para diagnosticar os obstáculos ao crescimento econômico brasileiro fora feito pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos entre 1951 e 1953, ainda no governo Vargas. Os estudos da Comissão Mista, assim como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e os da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), apontavam a necessidade de acabar com os "pontos de estrangulamento" da economia brasileira.
Já na primeira reunião de seu ministério, JK criou um órgão diretamente subordinado à Presidência da República, o Conselho do Desenvolvimento, que iria coordenar o detalhamento e a execução do Plano de Metas. Com a criação desse conselho, o esforço de planejamento econômico do Brasil estimulados por trabalhos da CMBEU (Comissão mista Brasil - Estados Unidos) e também, em seguida, do Grupo Misto CEPAL-BNDE, seria permanente. 
O Conselho do Desenvolvimento elaborou um conjunto de 30 metas específicas distribuídas em cinco setores. Esse conjunto foi chamado de Plano de Metas. Havia, porém, uma 31ª meta que não se incluía em nenhum setor e em nenhum plano de financiamento: a construção de Brasília. 
Como já se sabe, o Plano visava investir nas áreas de energia, transporte, indústrias de base, alimentação e educação, atingindo a um montante por volta de 5% do PIB entre 1957-61. “Os setores de energia e transporte receberiam a maior parte dos investimentos previstos no Plano (71,3%), a cargo quase que exclusivamente do setor público. Para as indústrias de base, foram previstos cerca de 22,3% dos investimentos totais, sob a responsabilidade principalmente do setor privado (por vezes com ajuda de financiamentos públicos). As áreas de educação e alimentação receberiam os restantes 6,4% dos recursos totais.” (André Villela,2004). 
O setor privado ficou encarregado, principalmente, pelos setores automobilístico, de construção naval, equipamentos elétricos e mecânica pesada. A indústria automobilística e a indústria naval situavam-se entre as metas prioritárias e receberam preferências pela importação. Esses investimentos do setor privado chegaram a 35 % do desembolso com o Plano. O setor público assumiu 50% dos gastos (total comprometimento do setor público com o Plano de Metas) e os outros 15% viriam de agências públicas para os programas públicos e privados. “As áreas de atuação pública e privada ficavam definidas a “...realizar as inversões de capital público em obras de natureza denominada básica e estrutural e ... facilitar e estimular as atividades e investimentos privados”. Em um plano mais geral, os objetivos eram os de “...elevar o quanto antes o padrão de vida do povo, ao máximo compatível com as condições de equilíbrio econômico e estabilidade social” e também “...observadas as condições no nível interno de emprego, principalmente do capital, e do balanço de pagamentos com o exterior”(Conselho do Desenvolvimento, 1959, pp. 14 e 21).”(Luiz Orenstein e Antonio Claudio Sochaczewski, 1999).
Menos de três meses depois de tomar posse na presidência, JK deu o primeiro passo para construir uma nova capital no centro do país. A ideia de transferir a capital federal era antiga, sem que os governantes fizessem muito para tirá-la do papel, mas JK estava disposto a fazer dela a "meta-síntese" do ambicioso Plano de Metas com que chegou à presidência. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais, Juscelino conseguiu finalizar e inaugurar Brasília.
“Lessa (1981) sugere que a política econômica implícita no plano continha quatro peças básicas: 1) tratamento preferencial para o capital estrangeiro; 2) o financiamento dos gastos públicos e privados através da expansão dos meios de pagamento e do crédito bancário, respectivamente, tendo como consequência fortes pressões inflacionárias; 3) participação do setor público na formação de capital; 4) o estímulo à iniciativa privada.” ).”(Luiz Orenstein e Antonio Claudio Sochaczewski, 1999)
Para a adoção do Plano de Metas fez-se necessária à adoção de uma tarifa aduaneira protecionista, juntamente com um sistema de câmbio 	que dava subsídios à importação de bens de capital e a insumos básicos, e que atraía o investimento direto do capital estrangeiro. Na realidade, o principal financiador do Plano de Metas foi a inflação. A expansão da base monetária para financiar os gastos públicos e o aumento do crédito para possibilitar os investimentos privados só fizeram elevar o déficit inflacionário. Para mudar esse quadro e parar a expansão indesejada da base monetária, o governo teria que escolher entre elevar a tributação, colocar títulos da dívida ou conter seus gastos. As duas primeiras opções não eram viáveis, restando ao governo reduzir seus gastos. 
O Plano de Metas representou indubitavelmente um impulso ao desenvolvimento. O crescimento do setor industrial, sua modernização e a implantação de novos ramos modificaram a estrutura econômica. A nova capital construída foi um dos fatores de sucesso do plano, ajudando a solucionar o problema de ocupação da faixa não litorânea do país. Entretanto, o plano também teve dificuldades. A ausência de definição de como seriam feitos os financiamentos dos objetivos era uma delas. A solução encontrada para viabilizar o Plano foi aceitar a inflação. Quando se tentava instalar planos de estabilização que retraíam o crédito, as empresas protestavam, pois dependiam do crédito bancário para o capital de giro. 
“As marchas e contramarchas da política monetária no período do PM não representammais do que tentativas de compatibilizar variáveis muitas vezes antagônicas como crescimento, estabilidade, altos lucros e baixos custos de vida. As tensões geradas nesse processo foram dissolvidas pelo crescimento do produto. Enquanto este se manteve crescendo a níveis elevados foi possível conciliar. A desaceleração do crescimento econômico trouxe consigo a crise política e social que abalou o país a partir do final de 1962”. (Luiz Orenstein e Antonio Claudio Sochaczewski, 1999)
Estimava-se com o Plano um crescimento anual de 2% do PIB per capita entre 1956-60, uma redução do coeficiente de importações de 14% para 10%, e inflação de 13,5% a.a para os 4 anos seguintes. Efetivamente, obteve-se um crescimento de 5% a.a do PIB per capita, o coeficiente de importação caiu para 8% em 1960, mas a inflação excedeu os 13,5%, alcançando 25% a.a.
O financiamento através da inflação para atender as metas desenvolvimentistas resultou nova elevação do índice geral de preços, e consequentemente um salto na inflação. O governo tentou aplicar o Plano de Estabilização Monetária (PEM) e seguir as exigências do FMI para conseguir empréstimo junto aos EUA, contudo, essas eram medidas incompatíveis com ao desenvolvimentismo e contrárias aos interesses de parte do congresso e de grandes empresários. “Entre crescer e estabilizar, Juscelino optou pelo primeiro. (...) Abandonando o PEM, Juscelino preservava o Plano de Metas e o sonho da no capital (...), mas legava a seu sucessor um quadro de deterioração de alguns dos principais indicadores macroeconômicos.” (André Villela, 2004)
Conclusão
Se por um lado o Plano alcançou os resultados esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista. A entrada de multinacionais gerou empregos, porém, deixou nosso país mais dependente do capital externo. A dívida externa aumentou 1,5 bilhões de dólares, chegando ao todo a 3,8 bilhões de dólares. Foi ainda agravada pelas altas remessas de lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo consequente aumento do déficit na balança de pagamentos.
O Plano de Metas agravou a concentração regional de produção e foi praticamente omisso com a agricultura e a educação de base. Ao deixar de lado a agricultura o governo também abandonou o trabalhador do campo, prejudicando sua produção e seu sustento. A omissão com relação a educação traz graves reflexos até hoje no que diz respeito a distribuição de renda no Brasil. Esse Plano de desenvolvimento também resultou na construção de Brasília, porém os dispêndios com a obra da mesma tiveram grandes repercussões no déficit do governo. 
O PIB cresceu a 7% em média no período, e a renda per capita dobrou com relação à década anterior. Não obstante o crescimento econômico, o processo inflacionário incomodou bastante a população brasileira na gestão JK. O alto nível de preços corroeu grande parte dos ganhos salariais dos trabalhadores.
Após o governo JK, algumas marcas negativas permaneceram e o crescimento econômico passou para segundo plano. A inflação se tornou uma preocupação constante para os brasileiros e para domá-la os governos optaram por abandonar os planos de desenvolvimento e passaram a trabalhar com planos de estabilização. Isso pode ser observado na taxa média de crescimento dos últimos anos que não chegou a 2,5%. 
O setor público regula direta e indiretamente o mercado cambial, atividades de extração do subsolo, e é isoladamente o maior banqueiro comercial, realizando toda a comercialização de borracha nativa e intervindo no mercado de capitais. Nota-se, assim, uma estatização formal da economia, ou seja, a existência de um estado que é um importante produtor nos setores estratégicos da economia e controlador das faixas de decisão privada. Além dessas mudanças no papel do Estado existem outras mudanças na evolução do Plano de Metas, sendo duas mais importantes: a solidariedade forjada entre a indústria de bens de capital e a política de investimentos públicos e a dependência de capital de giro, por parte das empresas, de créditos abertos pelos bancos oficiais.
Ao final dos anos JK, o Brasil havia mudado. Muitos foram os avanços, e muitas foram às críticas à opção de JK pelo crescimento econômico com recurso ao capital estrangeiro, em detrimento de uma política de estabilidade monetária. O crescimento econômico e a manutenção da estabilidade política, apesar do aumento da inflação e das consequências  deram ao povo brasileiro o sentimento de que o subdesenvolvimento não deveria ser uma condição imutável. 
Bibliografia
•VILLELA, A. “Dos anos dourados de JK à crise não resolvida(1956-1963”. In: GIAMBIAGI, F. ;
• ORENSTEIN, L.; SOCHACZEWSKI, A.C. “ Democracia com desenvolvimento: 1956-1961”;
•http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Economia/PlanodeMetas
•http://www.brasilescola.com/historiab/juscelino-kubitschek.htm
•http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/governo_jk.htm
•http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/plano-de-metas/
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