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Sistema Lean 6 Sigma A Filosofia Lean Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Mariana Navega Custodio de Souza 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário A Filosofia Lean Para Início de Conversa... ......................................................................... 04 Objetivo ........................................................................................... 04 1. Mentalidade Enxuta ............................................................................. 05 2. Os Sete Desperdícios ........................................................................... 10 3. Os Cinco Passos .................................................................................... 12 Referências ........................................................................................... 14 Sistema Lean 6 Sigma 3 Para Início de Conversa... Neste capítulo, introduziremos a filosofia Lean, um importantíssimo pilar do sistema Lean Seis Sigma. O sistema Lean Seis Sigma é uma junção da filosofia Lean, criada na Toyota, com o método Seis Sigma, elaborado na Motorola. Dessa forma, este capítulo versa sobre a introdução à filosofia Lean no intuito de esclarecer seus conceitos básicos, permitindo amplo conhecimento desse sistema que tem por base a eliminação dos desperdícios. Esta unidade foi didaticamente dividida em três itens, sendo eles: (i) a mentalidade enxuta, que vai abordar os conceitos dessa maneira de pensar; (ii) os sete desperdícios, que tratará, detalhadamente, de cada um dos desperdícios que são apontados pelo Lean como alvos de eliminação na busca por um processo enxuto; e (iii) os cinco passos do Lean. Objetivo Descrever a filosofia Lean no que tange à mentalidade enxuta, aos sete desperdícios e seus passos. Sistema Lean 6 Sigma 4 1. Mentalidade Enxuta Atividades que levam à transformação de um bem tangível em outro com maior utilidade acompanham o homem desde sua origem. Com o passar do tempo, a produção de bens evoluiu, e a produção de produtos ganhou mais escala com a produção em massa. Tais conceitos de produção em massa e as técnicas deles decorrentes predominaram até meados da década de 1960, quando surgiram novas técnicas produtivas, caracterizando o Sistema Toyota de Produção, muitas vezes definido como pensamento enxuto (MARTINS; LAUGENI, 2005). Ballé et al. (2019) argumentam que, nas empresas que adotam o sistema lean, os funcionários buscam constantemente o aprimoramento do seu próprio trabalho, e, em geral, as condições para a inovação contínua são criadas no dia a dia, sem o desperdício de recursos. Há cerca de 30 anos, descobriu-se um sistema de produção centrado em gestão de pessoas que estava por trás das montadoras japonesas, especialmente a Toyota. Tal abordagem fez tanto sucesso e levou uma saúde empresarial tão grande às montadoras que ecoou em muitas outras organizações que buscavam a melhoria de seus processos e a eficiência organizacional (BALLÉ et al., 2019). As práticas desse sistema, chamadas de ferramentas lean, eram imaginadas, originalmente, como o segredo para eliminar perdas e projetar processos mais eficientes. Hoje, sabe-se que o Sistema Toyota de Produção, também chamado de filosofia Lean, é um sistema de aprendizagem para ajudar os funcionários a melhorarem o seu trabalho e para que trabalhem em equipe na criação do valor pelo qual os clientes estão dispostos a pagar. Ballé et al. (2019) apontam que o pensamento lean redefine a noção tradicional de estratégia e que esse sistema representa uma abordagem diferente em que se busca a identificação dos problemas certos a serem resolvidos, focando em rotas de melhoria de modo que cada indivíduo entenda como poderá contribuir para agregação de valor, evitando decisões que gerem perdas. Os mesmos autores salientam, ainda, que o desempenho das pessoas atinge seu máximo quando elas se envolvem com melhorias, quando seus esforços nesse sentido são apoiados e reconhecidos e quando enxergam seu próprio progresso. Em resumo, o desempenho dos colaboradores de uma organização é maior quando estes veem sentido no que fazem. O sistema de aprendizagem Lean oferece uma forma estruturada de apoiar todas as equipes nos seus próprios esforços, além de permitir que os líderes também compitam melhor em suas áreas de atuação. Nesse sentido, a filosofia lean pode melhorar o resultado financeiro, pois a qualidade alavanca vendas e margens, reduzindo, consequentemente, o custo da não qualidade. Além disso, os fluxos das cadeias de valor mais Sistema Lean 6 Sigma 5 acelerados (por terem sido excluídas as tarefas que não agregam valor) levam a uma melhor utilização da capacidade e do caixa. O Lean pode ser desenvolvido partindo do entendimento de como o modelo do Sistema Toyota de Produção funciona para estabelecer um norte ou caminho em termos de rentabilidade e satisfação do cliente. O Lean apoia a aprendizagem individual ao parar e investigar erros e defeitos em vez de conviver com eles; busca reduzir os tempos de ciclo e aumenta a satisfação dos funcionários e a confiança mútua pela criação de um ambiente de trabalho onde os problemas são vistos como matéria-prima fundamental para melhorias e solução de problemas. Assim, podemos dizer que a solução de problemas está no coração da cultura de uma empresa que adota a filosofia Lean (BALLÉ et al., 2019). O modelo Toyota é um sistema que pode ser aplicado em qualquer empresa e, se empregado com disciplina, garante melhorias brutais (LIKER; ROSS, 2019). Esse sistema é um modo de pensar, uma filosofia e um sistema de processos e de pessoas interconectados que se esforçam continuamente para melhorar o modo como trabalham e produzem valor para cada cliente. No coração desse método está a busca pela perfeição, uma busca gradual em direção a objetivos claros e bem definidos. Nesse sentido, dois pilares básicos, segundo Liker e Ross (2019), para o Sistema Toyota de Produção são: a melhoria contínua e o respeito pelas pessoas. Observe a Figura 1: Figura 1: A casa do Sistema Toyota de Produção. Fonte: Adaptada de Liker e Ross (2019). Excelência Operacional Segurança, qualidade, custo, distribuição e motivação Just in Time "A peça certa, na hora certa, na quantidade certa." Jidoka "Pare e conserte os problemas." Kaizen Pessoas melhorando continuamente Estabilidade Operacional Pessoas treinadas e equipamento com manutenção trabalham de forma confiável para gerar a produção nivelada com base no takt. Sistema Lean 6 Sigma 6 Mas o que é Lean, afinal? O movimento Lean passou por diversas indústrias e setores no âmbito mundial e foi inspirado originalmente no Sistema Toyota de Produção. Existem diversas definições desse sistema, mas vamos iniciar com a origem do termo, que tem por sinônimo “excelência organizacional”. A palavra “lean” não é muito escutada na Toyota. Ela foi usada pela primeira vez no livro A máquina que mudou o mundo, de Womack e Jones (2004), resultado de um estudo de cinco anos em Massachusetts que comparou indústrias de automóveis entre EUA, Europa e Japão. Nesse estudo, foi descoberto que os montadores japoneses eram extremamente superiores aos de outras empresas em diversas áreas, incluindo eficiência de produção, qualidade do produto, logística, relação com fornecedores, tempo de ciclo, eficiência do desenvolvimentode produtos, sistemas de distribuições, entre outros fatores (LIKER; ROSS, 2019). Mas o que é pensar lean? Pensar lean é evitar, a todo custo, ocupar recursos – sejam eles humanos, materiais, energéticos ou quaisquer outros – com atividades que ninguém reconhece como úteis ou necessárias. Uma definição objetiva da filosofia Lean é a seguinte: métodos e ferramentas simples aplicados por pessoas ordinárias para o alcance de resultados extraordinários (PINTO, 2016). Pinto (2016) afirma, ainda, que qualquer pessoa “normal” de todos os níveis hierárquicos e de todas as funções podem alcançar resultados extraordinários com o apoio das ferramentas e métodos do Lean. Segundo Liker e Ross (2019), para entender, de verdade, a cultura de uma empresa, é necessário investigar suas raízes, ou seja, os valores e diretrizes básicas de seus criadores. Esses autores entendem que com a filosofia Lean não é diferente, de forma que entender os primórdios da Toyota é um fator-chave para a compreensão profunda do método discutido nesta unidade. 1.1 Primórdios da Cultura da Toyota Sakichi Toyoda, fundador da Toyota Industries Co., nasceu em 1867. Filho de um carpinteiro pobre, ele aprendeu carpintaria e a necessidade de disciplina e do trabalho árduo. Sakichi era um inventor nato e começou inventando um tipo de tear que reduzia em 50% o tempo e com o mesmo resultado. Ele continuou criando melhorias e, em 1926, formou a Toyota Automatic Loom Works. Entre seus hábitos estava o budismo, ao qual era bastante fiel e sempre respeitou valores fortes. Um dos livros favoritos de Sakichi Toyoda foi Autoajuda, do filantropo britânico Samuel Smiles. Tal escritor dedicou livros de ajuda a delinquentes e elaborou publicações sobre inspiração de grandes inventores, pessoas que, ao contrário do que Sistema Lean 6 Sigma 7 A qualidade intrínseca fica muito evidente em uma das invenções de Toyoda: o tear que parava a si mesmo quando havia um problema. Todas as inovações de Sakichi Toyoda nasciam de problemas. Com base em seus ensinamentos, foram criados os preceitos Toyoda, que até os dias de hoje orientam a empresa, sendo eles: 1. Independentemente da posição ocupada, trabalhem juntos para completar suas tarefas fielmente e contribuir para o desenvolvimento do seu país. 2. Mantenham-se à frente do tempo por meio da criatividade, da curiosidade e da busca por melhorias. acreditava a opinião popular, não eram sempre alunos brilhantes e privilegiados, mas alcançaram significativos sucessos com um mix de autossuficiência, muito trabalho e amor pelo conhecimento. Tais ideias tinham uma relação com o próprio Sakichi Toyoda, que começou a vida pobre e sem nenhum destaque, mas o grande sentimento de contribuir, o trabalho duro de aprender os fundamentos da carpintaria e a imagem clara dos problemas que desejava resolver fizeram com que ele trabalhasse incansavelmente para criar melhorias de modo a resolver os problemas que encontrava. Segundo Liker e Ross (2019), Sakichi é considerado por muitos o pai da revolução industrial japonesa e recebeu o título de “rei dos inventores” no Japão. Em sua trajetória, cultivou valores que se tornaram os princípios responsáveis por nortear a Toyota Motor Company. Esses princípios incluem as seguintes ações: ▪ contribuir para a sociedade; ▪ colocar o cliente em primeiro lugar e a empresa em segundo; ▪ mostrar respeito por todas as pessoas; ▪ conhecer o negócio de cima a baixo; ▪ sujar as mãos; ▪ trabalhar muito e com disciplina; ▪ trabalhar em equipe; ▪ integrar a qualidade; ▪ melhorar continuamente em direção a uma visão. Figura 2: Sakichi Toyoda. Fonte: Wikimedia. Sistema Lean 6 Sigma 8 3. Sejam práticos e evitem banalidades. 4. Sejam bondosos e generosos; esforcem-se para criar uma atmosfera calorosa e familiar. 5. Sejam reverentes e demonstrem gratidão por coisas grandes e pequenas em pensamentos e ações. Liker e Ross (2019) contam que um princípio fundamental da Toyota foi apresentado em um discurso de Kiichiro, em que dizia planejar reduzir o tempo de espera nos processos de trabalho e, como princípio básico, implementaria a abordagem just in time. Diante disso, Taiichi Ohno (1912-1990), um jovem e brilhante gerente da Toyota Automatic Loom Works, recebeu a missão de desenvolver o sistema industrial que se tornaria a próxima grande inovação da Toyota: o Sistema Toyota de Produção. No Japão, os nomes de família aparecem primeiro, dessa forma, por lá, o famoso inventor do Sistema Toyota de Produção é conhecido como Ohno Taiichi, e não como Taiichi Ohno (OHNO, 1988). A crise do petróleo no outono de 1973, seguida de uma recessão, afetou o governo, as empresas e a sociedade em todo o mundo. Em 1974, a economia do Japão havia entrado em colapso para um estado de crescimento zero, e muitas empresas estavam sofrendo. Entretanto, na Toyota Motor Company, embora os lucros tenham sido prejudicados, maiores ganhos foram alcançados em 1975, 1976 e 1977 do que em outras empresas. A crescente diferença entre a Toyota e as outras empresas fez com as pessoas se interessassem pelo que estava acontecendo com a montadora (OHNO, 1988). 1.2 Princípios e Pilares do Lean Pinto (2016) afirma que, de acordo com a terceira geração do pensamento Lean, é possível identificar sete princípios dessa filosofia. Vamos a eles: ▪ Identificar partes interessadas (stakeholders) do negócio: Referem-se a todas as pessoas que são direta ou indiretamente afetadas pela respectiva organização. Todas as partes interessadas esperam, de Figura 3: Taiichi Ohno. Fonte: Wikimedia. Sistema Lean 6 Sigma 9 alguma maneira, receber valor da organização, sob risco de gerar algum tipo de problema à organização. ▪ Definir valor para cada uma das partes interessadas: Definir valor pode não ser uma tarefa fácil em razão de sua intangibilidade, ou subjetividade, mas, ainda assim, é importante a identificação do valor que cada parte interessada deseja receber para não arriscar entregar algo que os stakeholders não entendam como valor. ▪ Mapear a cadeia de valor para cada stakeholder: Sugere-se que essa ação se inicie pela cadeia de valor do cliente (identificando produtos e serviços-chave), pois é o cliente ou consumidor que “paga as contas” das empresas. Dessa forma, só após a identificação do valor por parte do cliente é que se deve passar para as outras cadeias de valor. Nessa etapa, recomenda-se o uso da ferramenta Lean VSM (Value Stream Mapping – ou Mapeamento da Cadeia de Valor, em português). ▪ Promover o fluxo: Fluxos podem ser entendidos como mapeamento das cadeias de valor, como materiais, informações, pessoas e dinheiro. Há uma forte relação entre os fluxos e a capacidade das organizações de serem financeiramente saudáveis, ou seja, gerarem lucro. ▪ Adotar o sistema de produção puxado: O sistema puxado, diferentemente do sistema empurrado, apenas inicia as operações quando existe uma solicitação concreta de compra do cliente, ou seja, é o cliente que dá início ao processo de produção. Pinto (2016) afirma que sistema puxado seria um sinônimo de just in time (em português, em uma tradução livre, “no tempo exato”), enquanto o sistema empurrado seria um sinônimo de just in case (que poderia ser traduzido livremente ao português como “apenas no caso de”). Vale salientar que o sistema empurrado não é necessariamente ruim e nem sempre é possível abdicar de seu uso. ▪ Melhoria contínua: Também conhecido como kaizen, esse princípio remete a algo que não tem fim e entende que a perfeição não é alcançável, devendo a organização buscar constantemente a melhoria nos seus sistemas de produção e atendimento aos clientes e partes interessadas. Além disso, todas as partes e pessoas da organização devem ter a mentalidade kaizen e pensar em melhoria contínua. ▪ Inovar sempre: O último princípio diz respeito ao fato de que inovar é importante e que se deve sempre pensar na inovação de processos,produtos e serviços. É sempre necessário procurar fazer o melhor, surpreendendo o cliente e demais stakeholders. Também é imprescindível ouvir o que o cliente tem a dizer, apostar na formação das pessoas e investir em desenvolvimento e inovação. 2. Os Sete Desperdícios Para entender os sete desperdícios é fundamental compreender bem o que seriam os processos que agregam valor e os que não agregam. Os processos que agregam valor modificam o produto que está em processo de transformação, além de serem processos pagos pelo cliente. Sistema Lean 6 Sigma 10 Um exemplo é o processo de pintura: se uma peça chega a um espaço de processamento de uma determinada cor e sai do respectivo espaço com uma cor diferente, a peça foi modificada, e a mudança interessa ao consumidor, pois ele paga por dispositivos pintados. Entretanto, existem processos que, além de não agregarem valor ao produto, geram desperdícios à produção, devendo ser eliminados. Vale salientar, contudo, a existência dos processos que, ainda que não agreguem valor na visão do cliente, não deixam de ser imprescindíveis ao processo, como os processos de limpeza e manutenção. Taiichi Ohno (1988) separou os desperdícios em sete classificações: Figura 4: Os sete desperdícios do Lean. Fonte: Adaptada de Ohno (1988). SETE DESPERDÍCIOS DO LEAN PROCESSAMENTO DESNECESSÁRIO MOVIMENTAÇÃO ESTOQUE SUPERPRODUÇÃO ESPERA DEFEITOS TRANSPORTE Liker e Meier (2007) explicam esses desperdícios da seguinte maneira: ▪ Superprodução: Produzir itens mais cedo do que necessário ou em maior quantidade. ▪ Espera (tempo à disposição): Profissionais servindo apenas como vigias de uma máquina, esperando a próxima etapa do processo, a chegada de uma ferramenta ou, ainda, não tendo trabalho por falta de estoque, atrasos de processamento, paralisação do equipamento e gargalos de capacidade. ▪ Transporte ou transferência: Movimentação de trabalho em processo de um local para o outro, mesmo que em uma distância pequena. Movimentação de materiais, peças ou produtos acabados para estocá-los ou retirá-los do estoque ou entre processos. ▪ Processamento desnecessário: Realização de atividades/tarefas desnecessárias para processar as peças. Processamento ineficiente por conta da má qualidade de ferramentas e do projeto do produto, causando deslocamentos desnecessários ou produzindo defeitos. A perda é gerada quando são oferecidos produtos de maior qualidade que o necessário. ▪ Estoque: Excesso de matéria-prima, estoque em processo ou produtos acabados, causando tempos de atravessamento mais longos, obsolescência, produtos danificados, custos com transporte e armazenagem e atrasos. Além disso, o estoque extra oculta problemas, Sistema Lean 6 Sigma 11 tais como desequilíbrios na produção, entregas com atraso por partes dos fornecedores, defeitos, paralisação de equipamentos e longos períodos de preparação de equipamentos (setup). ▪ Movimentação (deslocamentos desnecessários): Qualquer movimento que os funcionários têm que fazer durante seu período de trabalho que não seja para agregar valor às peças, tais como localizar, procurar ou empilhar peças, ferramentas etc. Além disso, caminhar também é perda. ▪ Produzir produtos defeituosos: Produtos ou correção de peças defeituosas. Conserto ou retrabalho, descarte, produção para substituição e inspeção significam desperdício de tempo, de manuseio e de esforço. Slack, Chambers e Johnston (2018) afirmam que a parte mais significativa da filosofia enxuta é seu foco na eliminação de todas as formas de desperdícios, que podem ser definidos como qualquer atividade que não agregue valor e que, portanto, deve ser diminuída ou eliminada dos processos organizacionais. Justamente por não agregarem valor, quando não eliminados, os desperdícios prejudicam o processo produtivo com a utilização desnecessária de recursos. Assim, podem acarretar, muitas vezes, problemas como longos períodos de atravessamento, esperas, atrasos, gastos excessivos com matérias-primas e estoque desnecessário, sendo, dessa forma, extremamente maléficos para as organizações. 3. Os Cinco Passos Além dos sete princípios da filosofia Lean descritos, Pinto (2016) afirma que são cinco os pilares que suportam o pensamento enxuto. São eles: ▪ Uniformização: Diz respeito ao fato de que todas as atividades do trabalho devem ser realizadas de forma padronizada, pois não é interessante que operações, dentro da empresa, sejam feitas de maneira improvisada. O entendimento da filosofia Lean é que as atividades devem ser alteradas apenas no intuito de melhorar ainda mais sua realização. ▪ Gestão visual: Pinto (2016) afirma que recebemos 80% das informações por meio dos nossos olhos e que, justamente por isso, é importantíssimo promover a gestão visual nas organizações. ▪ Resolução de problemas em equipe: Diz respeito ao fato de que é significativo o fomento à colaboração entre as pessoas, de modo que as equipes devem trabalhar juntas para transformar problemas em oportunidades. ▪ Melhoria contínua: Além de um princípio, a melhoria é também um pilar, um modo de ser e representar a insatisfação mesmo diante de bons resultados na esperança contínua do alcance de patamares ainda superiores. ▪ Desenvolvimento de pessoas: Não existe empresa sem pessoas, e são as pessoas o componente mais importante do sucesso da implementação Sistema Lean 6 Sigma 12 da filosofia Lean nas organizações. Taiichi Ohno entendia que, antes de fazer produtos excelentes, era necessário desenvolver pessoa excelentes. O pensamento Lean é uma filosofia de vida que não se limita à esfera profissional. Diferentemente do pensamento ordinário ou tradicional, pensar lean não é algo que apenas deva ser aplicado ao contexto empresarial, mas sim a qualquer setor, como no público ou privado, na indústria, em serviços ou na agricultura. Pode e deve ser adotado em nosso dia a dia, visto que todas as áreas e locais têm atividades que podem ser realizadas de forma mais eficiente e com menos desperdícios. Um outro exemplo de sua aplicação é na gestão da casa familiar e no planejamento estratégico pessoal de vida. Pinto (2016) afirma que metade da alimentação produzida é perdida entre a produção e o consumo, e que as pessoas ainda desperdiçam, em casa, 30% dos alimentos que compram por causa de validade expirada, por exemplo. Outros exemplos de recursos que podem ser economizados no planejamento familiar são: tempo, espaço, água, papel, mobiliário, energia e vestuário. Conforme anteriormente salientado, o pensamento lean oferece uma vasta coleção de métodos e ferramentas, e muitas delas podem ser aplicadas não só na vida empresarial, mas também no âmbito pessoal. Vejamos alguns exemplos: ▪ A ferramenta 5S para organização e arrumação de espaços. ▪ Os formulários A3 para a resolução de problemas, planejamento e registro de boas práticas. ▪ A metodologia Hoshin Kanri para o planejamento e desdobramento estratégico. ▪ As ferramentas Lean Coaching para o desenvolvimento pessoal. ▪ A gestão visual para facilitar a comunicação e a arrumação. Chegamos ao final deste capítulo, no qual apresentamos requisitos conceituais importantes da filosofia Lean. Esses conceitos são de representativa importância não só para a formação acadêmica e profissional de Engenharia de Produção, mas também para a continuação do estudo desta disciplina nas próximas unidades. Esse capítulo introduziu os primórdios históricos da criação e evolução da filosofia Lean quando ainda se chamava Sistema Toyota de Produção e aprofundou conhecimentos dentro desse sistema, apresentando conceitos, pilares, diretrizes, valores e teorias da matéria. Após forte aprofundamento no entendimento do que seria a filosofia e o pensamento Lean, estudamos os sete desperdícios elencados como imprescindíveis de serem reduzidos ou eliminados. Apesar de o foco deste capítulo estar relacionado a questões organizacionais, foram trazidas analogiasexplicativas de como os conceitos da filosofia lean se ajustam a ambientes diversos, chegando até mesmo ao ambiente familiar e ao dia a dia pessoal. Sistema Lean 6 Sigma 13 Por fim, estudamos os cinco pilares norteadores da filosofia Lean, que devem ser observados por instituições e pessoas que tenham interesse em implementar essa mentalidade. Referências BALLÉ, M. et al. A estratégia lean: para criar vantagem competitiva, inovar e produzir com crescimento sustentável. Porto Alegre: Bookman, 2019. LIKER, J. K.; MEIER, D. O modelo Toyota-manual de aplicação: um guia prático para a implementação dos 4Ps da Toyota. Porto Alegre: Bookman, 2007. LIKER, J. K.; ROSS, K. O modelo Toyota de excelência em serviços: a transformação lean em organizações de serviço. Porto Alegre: Bookman, 2019. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. OHNO, T. Toyota production system: beyond large-scale production. Oregon: Productivity Press, 1988. PINTO, J. P. Lean: os primeiros passos. Porto: CLT Value Based Services Lda, 2016. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2018. WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A máquina que mudou o mundo. São Paulo: Gulf Professional Publishing, 2004. Sistema Lean 6 Sigma 14 Histórico da Administração de Recursos Humanos Para início de conversa… Objetivos Sistemas de Planejamento e Controle Para início de conversa... Objetivo 1. Definição e Conceituação 1.1 A Produção e o Surgimento da Produção em Massa 1.2 Evolução 1.3 A Contribuição de Frederick Winslow Taylor 1.4 A Contribuição de Henry Ford 1.5 A Produção em Massa Começa a Perder Força 1.6 Trabalho Padronizado 1.7 Administração da Produção 2. Tipos de Operações 2.1 Produção na Organização 2.2 Operações 2.3 Níveis de Análises das Operações 2.4 Relação de Operações com Características dos Processos Produtivos 3. Eficácia versus Eficiência Referências: A Filosofia Lean Para Início de Conversa... Objetivo 1. Mentalidade Enxuta 2. Os Sete Desperdícios 3. Os Cinco Passos Referências:
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