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Dúvida Registral -Luiz Antônio Scavone Jr - Introdução ➢ A dúvida é o pedido de natureza administrativa, formulado pelo oficial, a requerimento do apresentante de título, para que o juiz competente decida sobre a legitimidade de exigência feita como condição de registro pretendido. ➢ Se o título é apresentado para o registro, cabe ao oficial de Registro de imóveis a verificação formal e legal do documento apresentado. ➢ Sempre que o oficial entender que o título não é passível de registro ou duvidar, por motivo justo, da validade formal do título que lhe é apresentado, a lei 6.015/73 determina que manifeste, por escrito, sua dúvida, dirigida ao juiz competente. ➢ A exigência deve ser por escrito e Legítima, Razoável, Clara, Exaustiva, ter natureza passiva (cabe ao interessado comparecer ao cartório para dela tomar conhecimento ➢ SÓ CABIVEL PARA REGISTRO, NÃO AVERBAÇÃO. (Providências judiciais) O procedimento de dúvida ➢ A decisão da dúvida tem natureza administrativa e não impede o uso do processo contencioso. ➢ Trata-se de atividade atípica do poder judiciário, mas a decisão proferida em sede de dúvida registral não faz coisa julgada material. ➢ O título pode ser reapresentado pelo interessado, em caso que o oficial poderá recusar o registro, ainda que tenha sido julgada anteriormente procedente. Mas não poderá recusar a prenotação do título sob fundamento de repetição dos mesmos termos já julgado. ➢ Art. 198 da lei 6.015/73 ➢ Poderá o terceiro prejudicado apelar (art. 202) ➢ Pode haver participação de terceiros, desde que comprovado o prejuízo ➢ A dúvida do oficial deverá ser suscitada perante a Corregedoria Permanente (1ª vara de registros públicos) ou no interior em vara cível analisada pelo Juiz Corregedor Permanente ➢ Somente se admite prova documental, não cabendo pericial e testemunhal ➢ O título deverá estar em forma original, não se admite cópias Etapas Dúvida Registral 1 Apresentação de um título ao Registro de Imóveis, para Registro a) Registro, não averbação, que seria procedimento de Providências judiciais) b) Apresentação do título em forma original, não cópia (mesmo que autenticadas) 2 Prenotação do título No livro 1 e válido por 30 dias 3 Exame do título e sua desqualificação para registro Após analisar, emitirá, por escrito, sua nota de devolução com as exigências 4 O apresentante cumprirá apenas parcialmente as exigências, não se conformando com uma ou mais, solicitará o levantamento da dúvida. a) Não pode cumprir parte das exigências enquanto a dúvida é julgada, se fizer a dúvida será julgada procedente. b) O oficial deve manifestar (mesmo que verbal) toda a justificação legal 5 O apresentante formaliza o inconformismo com a exigência e solicita, por escrito, o levantamento da dúvida a) Por escrito, não necessita de argumentação jurídica nessa fase b) Não faz o requerimento diretamente ao juiz (porém alguns aceitam como dúvida inversa) c) Não há necessidade de advogado, mas recomenda-se. (recurso é necessário advogado) d) O interessado deve apresentar o requerimento para a dúvida, exigindo recibo do Oficial e) Oficial não pode recusar em proceder o levantamento da dúvida (podendo nesse caso o interessado dirigir-se diretamente ao juiz) 6 No protocolo, o Oficial anotará a ocorrência da dúvida a) Prazo de 30 dias ficará prorrogado até decisão 7 O oficial certifica, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricando todas as suas folhas 8 O Oficial formulará ao seu Juiz Corregedor Permanente os termos da dúvida, apresentando sua argumentação em razão da exigência contestada a) Indelegável do Oficial 9 Oficial remeterá cópia dos termos da dúvida ao apresentante, notificando-o para impugná- la junto ao juiz no prazo de 15 dias a) Por carta registrada com aviso de recebimento 10 Oficial certificará o cumprimento da entrega da notificação e remeterá, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título. a) Com a remessa o titulo deixará de estar no registro de imóveis e ficará da corregedoria, aguardando a decisão do juiz 11 O interessado apresenta impugnação dentro de 15 dias a) A omissão não ocasiona em revelia, sendo julgado pelo juiz de igual forma. 12 MP será ouvido em 10 dias 13 Juiz proferirá decisão em 15 dias, se não forem requeridas diligências 14 Da sentença caberá apelação com efeitos devolutivos e suspensivo a) A apelação será junto ao Conselho Superior da Magistratura do Estado b) Poderá interpor apelação: MP, Interessado e terceiro prejudicado (OFICIAL NÃO TEM CAPACIDADE PARA RECORRER) 15 Transitou em julgado a decisão – não impede o uso do processo contencioso 16 Se julgada procedente: Oficial tinha razão 17 Restituição do documento à parte 18 Ciência da decisão ao oficial O próprio juiz fará esse procedimento 19 O Oficial deverá anotar no protocolo a decisão e cancelar a prenotação 20 Se for julgada improcedente: Oficial não tinha razão 21 O Interessado apresentará ao Registro de Imóveis, novamente, os seus documentos 22 O Interessado apresentará, junto com os documentos, mandado ou certidão da sentença 23 O oficial do Registro arquivará o mandado ou certidão 24 O oficial procederá ao registro solicitado, obviamente sem a necessidade do cumprimento da exigência que fora feita 25 O oficial declarará o fato na coluna de anotações do protocolo 26 O Oficial entregará ao interessado o título registrado Recurso Cabível ➢ Art. 202 Lei 6.015/73 ➢ Poderá apelar: MP, Interessado, e terceiro prejudicado. ➢ Incabível qualquer outro recurso Atuação do Advogado ➢ Na primeira fase do procedimento (art. 198), existe apenas pedido do interessado ao oficial para que registre o título, sendo desnecessário advogado. ➢ Porém na fase recursal é necessário advogado Atuação do Ministério Público ➢ Art. 200 ➢ Ouvido no prazo de 10 dias ➢ Intervém como fiscal da ordem jurídica ➢ O prazo conta-se da data em que lhe sejam apresentados os autos pelo cartório ➢ É intimado de todos os atos ➢ Pode juntar documentos e certidões, requerer medidas e diligências e se manifestar em favor da procedência ou improcedência. ➢ Cabe ao MP apelar da sentença contraria à sua manifestação A dúvida inversa ➢ É a dúvida levantada pela parte interessada, não oficial. ➢ Não contemplada na Lei de Registros Públicos ➢ Necessidade de o interessado ter um mecanismo para ver sua exigência ser apreciada pelo Judiciário. Pedido de providências ➢ Nos casos de recusa, pelo oficial, de ato de averbação, não cabe procedimento de dúvida registral. ➢ Podendo o interessado na averbação se valer de requerimento administrativo de providências ➢ Não é necessário também a presença de advogado, apenas para eventual recurso. ➢ ANEXO 1 – MODELO DE PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Corregedor dos Cartórios, da Vara (...) da Comarca de (...) (...), por seu procurador, conforme instrumento de mandato inserido (doc. 1), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 167, II, da Lei n° 6.015/1973 e no art. 246 do Código Judiciário do Estado de São Paulo, apresentar: Pedido de providências Em face do (...) oficial de Registro de Imóveis da comarca de (...), com endereço na (...), ante as razões de fato e de direito a seguir expostas: A requerente, no dia (...), protocolizou Mandado de Averbação, cuja cópia aqui se insere (doc. 2) expedido em (...) pelo D. Juízo da e. (...), em cumprimento à r. decisão de fls. (...) do processo (...) (documento 3), para ser averbada, conforme supedâneo no art. 167, II, “2”, da Lei 6.015/1973, a rescisão do instrumento particular de compromisso de venda e compra, firmado entre (...), objeto do R.1 da Matrícula (...) (doc. 4), do imóvel a seguir descrito: “(...)” Entretanto, no dia (...), o cartório devolveu o mandado apresentado (doc. 5), tomandopor fundamento (...), solicitando: (...). Excelência, a declaração da i. Serventia do (...) C.R.I. e suas solicitações são, concessa maxima venia, descabidas e não devem prosperar. (Esclarecer os motivos da insurgência) Assim sendo, torna-se ululante o desrespeito da i. Serventia do (...) C.R.I. de (...) quanto à redação do art. 167, caput e inciso II e item “2”, da Lei 6.015/1973. Isto posto, requer seja determinado o Requerido a proceder à averbação do Mandado Judicial inserido (doc. 02), sob pena de incorrer no crime de desobediência. Tendo em vista a natureza administrativa da demanda, dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para fins de alçada. Termos em que, pede deferimento Data Assinatura ANEXO 2 – MODELO DE REQUERIMENTO PEDIDNDO AO OFICIAL QUE SUSCITE A DÚVIDA Ilmo. Sr. Oficial do Registro de Imóveis da Comarca de (...) (...) vem expor e requerer a V.Sª. o que segue: 1. O requerente apresentou, para registro, ao cartório a cargo de V.Sª. um título (escritura, contrato de compromisso de compra e venda etc.). 2. Referido título foi devolvido para o preenchimento do seguinte requisito (especificar). 3. Não se conformando com a exigência supramencionada, o requerente reitera a V.Sª. o pedido de registro. 4. Caso Vossa Senhoria mantenha seu ponto de vista, requer seja suscitada dúvida ao juiz competente. Nestes termos, P. deferimento Data Assinatura
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