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2 - História da cirurgia

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História da cirurgia
Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV
1. Antiguidade 
a. Índia, 4000 a.C. 
I. Susruta: mais importante médico de sua época 
II. Veda-yazur: livro sagrado em que Susruta descreve procedimentos como incisão, escarificação, punção, drenagem, excisão, extração. Além disso, descreve métodos para executar amputação, rinoplastia, correção de lábio leporino, reparo de orelhas amputadas e laparotomia para tratamento de obstrução intestinal. No livro são enumerados 125 instrumentos para realização destas cirurgias. As suturas eram feitas com fibras de linho, cânhamo, fibra de casca de árvore e crina de cavalo. O treinamento era realizado em peles de animais e em talos de lótus. A anatomia era ensinada, mas a dissecação era limitada aos corpos de crianças até dois anos de idade. 
b. Egito, 3500 a.C. 
I. Papiro Edwin Smith: métodos de higiene, tratamento de fraturas e luxações, trepanação, excisões de tumores, suturas e bandagens. 
II. Papiro Ebers: utilização de estrume de animal aos curativos para causar supuração. Curativos com resina, mel e mirra. 
c. Grécia, séculos 13 ao 5 a.C. 
I. Asclépios: primeiro nome da medicina grega. Nesta época os doentes recebiam um tratamento médico-religioso já que as doenças eram atribuídas à vontade dos deuses.
II. Filósofos-médicos: seguiam duas vertentes – uma de cunho teórico e racional e outra de cunho eminentemente prático. 
III. Cnides e Cós: cidades gregas onde é atribuído o início da medicina e da ética médica praticada até hoje.
IV. Corpus hipocraticus: conjunto de tratados que reúnem os preceitos da medicina proposta e executada por Hipócrates. Descreve tratamentos cirúrgicos e instrumentos utilizados para tratar úlceras cutâneas, abscessos, fraturas, empiema, fístulas e hemorróidas. Alguns dos instrumentos descritos: facas, sondas, cautérios, agulhas e fios feitos com linho, ouro e tiras de intestino de herbívoros. Reconheciam os ferimentos limpos e secos e a importância de manter as bordas das feridas aproximadas.
d. Roma, século II d.C. 
I. Aurelius Cornelius Celsus: De re medicina – aborda conhecimentos referentes à anatomia, aos ferimentos, às doenças, a seus diagnósticos e tratamentos. É considerado um monumento à medicina greco-romana. Descreve tratamentos de fraturas com bandagens, hemorragias com ligaduras de vasos e bandagens, abscesso com drenagem, úlceras cutâneas com cauterizações, veias varicosas e aneurisma com ligaduras, hemorróidas com cauterização, fístulas anais com incisões e drenagens, litíase vesical com litotomia peritoneal, hérnia inguinal com sutura, catarata com deslocamento posterior do cristalino, rinoplastia e amputações. Ainda faz referência a alguns instrumentos: facas cirúrgicas com lâmina de ferro, serras, trépanos, cautérios, sondas metálicas, agulhas e fios cirúrgicos.
II. Galeno de Pérgamo: De methodo mendidi. Grande sábio e médico inovador e precursor de técnicas que só seriam confirmadas séculos depois. Sua obra abrange aproximadamente 400 livros em várias áreas de conhecimento: filosofia, geometria, álgebra, medicina e anatomia. Profundo conhecedor dos métodos pré-hipocráticos e hipocráticos, Galeno os reuniu, catalogou, contestou, modificou e completou em todos os seus aspectos. Estimulou o uso dos fios cirúrgicos de seda e catgut. 
e. Mesopotâmia, século IX 
I. Rhazes: escreveu tratados de anatomia e comentários sobre a doutrina de Galeno. 
II. Avicena: escreveu sobre filosofia, história natural, matemática, leis, medicina e cirurgia. Constatou que suturas com linho se partem facilmente quando na presença de infecção. Como material de sutura utiliza pelos de porco, inventando a primeira sutura monofilamentar. 
f. Espanha, século X
I. Albacusis: descreveu o tratamento de ferimentos com cautério, cirurgias realizadas com uso de instrumentos de corte, catgut, sutura em dois planos. Registrou os vários instrumentos cirúrgicos por ele utilizados, assim como as infusões anestésicas de cânhamo. 
2. Idade média 
a. Medicina praticada por monges / Cirurgiões-barbeiros 
As doutrinas hipocráticas e galênicas foram preservadas, mas ficaram praticamente restritas aos monastérios e aos primeiros hospitais cristãos construídos na Europa. A medicina era praticada por monges, auxiliados por leigos incultos. Os monges do norte da Itália se destacaram nesta época. Os tratamentos estavam restritos à utilização de bandagens em fraturas, úlceras e ferimentos e aos cuidados higiênicos, o que incluía os cortes de cabelo e barba. Os leigos começaram então a serem conhecidos por auxiliares-barbeiros, a princípio e depois, a medida que iam aprendendo procedimentos médicos e cirúrgicos, de cirurgiões-barbeiros.
b. Ruggierio Frugardi: Tratado de prática cirúrgica – descreve diversos procedimentos como praticados pelos cirurgiões na escola de Salermo (Itália, fundada no século IX) como sutura de ferimentos, tratamento de fraturas, sangrias, ligaduras de veias varicosas e artérias aneurismáticas, herniorrafia, litotomia vesical, tratamento de fístulas anais, ressecção de bócio com ligaduras e cauterização, sutura de lábio leporino e tratamento de ferimentos abdominais. Afirmou que não havia como obter cura de ferimentos do fígado, coração, pulmão e coluna vertebral. 
c. William Saliceto / Lanfranc: No século XII, em Bolonha, Saliceto pregava a integração da medicina com a cirurgia. Recomendava o uso da faca em substituição ao cautério na excisão de um órgão, fazia curativos com pomadas de clara e água de rosas, suturava nervos e tendões, distinguia sangramento arterial de venoso, e instituiu o tratamento da hidrocefalia através da trepanação. Lanfranc, aluno de Saliceto, levou seus ensinamentos para Paris, onde os cirurgiões-barbeiros passaram a estudar anatomia. 
d. Henry de Mondeville: levou para Montpellier, França, o ensinamento da limpeza dos ferimentos, evidenciando o erro da teoria do pus salutar. Suturava com pontos totais com agulhas afiadas e limpas. 
e. Jehan Yperman: francês, introduziu um novo método de cauterização, que não danificava os tecidos ao redor.
f. Guy de Chauliac: operava hérnia inguinal ressecando o saco herníario, ligando-o e depois suturando a pele. g. Na Inglaterra, em 1363, criadas as duas primeiras sociedades de cirurgiões: cirurgiões-médicos e cirurgiões-barbeiros. 
3. Renascença 
a. Prática da dissecção humana (dissecção pública) Nessa época, o ensino médico ainda estava baseado nas doutrinas de Hipócrates e Galeno, e a dissecção humana passou a ser praticada para o estudo da anatomia. 
b. Andreas Vesalius, 1543: De humani corporis fabrica – belga, escreveu sete livros nos quais descreve de maneira realística os aspectos do esqueleto humano e de cada um de seus ossos, dos músculos, dos sistemas venoso e arterial, dos nervos periféricos, do abdômen, do aparelho digestório e urogenital, do tórax e do conteúdo craniano. Três elementos fazem desta obra única: a preocupação em conhecer a verdadeira anatomia do corpo humano, as contestações dos dogmas de Galeno e a demonstração de que o ensino e a aprendizagem da anatomia e da cirurgia são eficazes somente por meio da dissecção do corpo humano e da observação direta de suas partes. 
c. Ambroise Paré (1510-1590): um dos homens mais populares da história da medicina. Nasceu em Maine, interior da França, recebeu treinamento médico como cirurgião-barbeiro, foi trabalhar no Hôtel Dieu em Paris, famoso hospital de caridade, onde aprendeu anatomia e cirurgia e desenvolveu admirável destreza manual. Serviu a quatro reis das França como cirurgião militar e escreveu livros em sua própria língua, pois não dominava o latim. Tratava os ferimentos com gema de ovo, água de rosas e terebintina, contrário ao tratamento com azeite fervente vigente na época. Preconizava as ligaduras ao invés da cauterização, geralmente deixava os ferimentos abertos. Advertiu sobre o perigo de deixar espaços vazios em ferimentos profundos, e drenava empiemas com drenos tubulares. 
4. Idade Moderna e Contemporânea 
a. William Harvey (1578-1657): figura líder da medicina no século XVII que,por meio da observação direta de um elemento anatômico e da compreensão de sua função através da experimentação, descreveu as características anatomofisiológicas da circulação do sangue em seu livro Exercitatio anatomica de moto cordis et sanguinis in animalibus. 
b. William Cheselden (1688-1752): inglês, desenvolveu especial habilidade cirúrgica, principalmente para a operação de litotomia, a qual realizava em 54 segundos por via perineal reduzindo drasticamente o sangramento e a mortalidade do procedimento. 
c. John Hunter: escocês, na metade do século XVIII foi o mais importante professor e cirurgião-anatomista, elevando a cirurgia de simples técnica operatória à qualidade de ciência ao estabelecer sua estreita relação com a anatomia e a fisiologia. Foi o fundador da anatomia patológica e da cirurgia experimental. Acreditava que as suturas eram indesejáveis e deveriam ser de pontos interrompidos. 
d. Robert Liston (1794-1847): escocês, muito forte, era capaz de fazer uma amputação sozinho. Foi o primeiro cirurgião europeu a realizar, em 1846, uma operação indolor – a amputação de uma perna usando o éter como anestésico inalatório. 
e. William Morton: americano, dentista, demonstrou a capacidade do éter sulfúrico como anestésico em 1846, mesmo ano da amputação realizada por Liston. 
f. Claude Ponteau: em 1760 propôs que o cirurgião lavasse as mãos antes de iniciar qualquer intervenção ginecológica ou cirúrgica.
g. Oliver Wendell Holmes / Ignaz Semmelweis: em 1847, Holmes nos EUA, e Semmelweis, na Hungria, indicavam a lavagem de mãos com água clorada. 
h. Joseph Jackson Lister (1827-1912): na Inglaterra, pesquisou as maneiras de impedir a infecção cirúrgica e determinou os antissépticos adequados criando, assim, os primeiros métodos de antissepsia e assepsia cirúrgica. Em 1864, testou e passou a utilizar o ácido fênico para lavagem de mãos do cirurgião e para antissepsia local dos abscessos, ferimentos e fraturas expostas. Em 1865 passou a utilizar o mesmo ácido para lavagem dos instrumentos cirúrgicos e para embebição do catgut. Posteriormente, propôs o uso do ácido benzoíco e do ácido carbólico para pulverização das salas cirúrgicas. É considerado o criador e introdutor da antissepsia cirúrgica. Instituiu a ligadura asséptica em que cortava as extremidades da ligadura rente ao vaso. Incorporou cromo ao catgut para aumentar sua resistência e tempo de absorção. 
i. Robert Koch (1843-1910): em 1878, na Alemanha, demonstrou que a infecção cirúrgica poderia ter como causa seis tipos diferentes de microrganismos e propunha métodos de assepsia e antissepsia com utilização de cloro, bromo e iodo. Em 1881 demonstrou que o ácido carbólico no azeite não era um antisséptico efetivo para o catgut. 
j. Theodor Kocher: em Berna, Suiça, indicava a substituição do catgut pela seda, acreditando que ela fosse menos propensa a carrear os microorganismos causadores de infecção. Conhecido por seus trabalhos em fisiologia, patologia e cirurgia da tireoide, entre outros. 
k. William Stuart Halsted (1852-1922): apresentou luvas finas de borracha, inicialmente para proteger as mãos da sua ajudante, regras cirúrgicas de manuseio gentil dos tecidos, hemostasia meticulosa e suturas com pontos interrompidos com seda.
l. Bernhard Von Langenbeck (1810-1887): foi o pioneiro na utilização dos métodos de Lister na Alemanha, além de propor o uso da máscara cirúrgicas pelos cirurgiões. Fundador do Langenbeck´s Archives of Surgery. É considerado o pai da residência de cirurgia. Dentre seus alunos estavam Kocher e Billroth. 
m. George Merson: farmacêutico escocês, responsável pela produção das mersutures a partir do final da primeira Guerra Mundial. As mersutures são os fios produzidos já encastoados na agulha, diminuindo o trauma produzido ao se transfixar o tecido. 
n. Theodor Billroth (1829-1894): músico e cirurgião prusso-austríaco. Como cirurgião, considerado o pai da cirurgia abdominal moderna devido suas inúmeras contribuições no campo das cirurgias do esôfago e estômago, entre outros. Como músico, era amigo e confidente de Johannes Brahms.

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