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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR UNIVERSIDADE PAULISTA CAROLINE NASCIMENTO DA SILVA RA: 0591474 HOSPITAL MUNICIPAL IRMÃ DULCE: PRAIA GRANDE - SP PIM V PRAIA GRANDE 2021 CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR UNIVERSIDADE PAULISTA CAROLINE NASCIMENTO DA SILVA RA: 0591474 HOSPITAL MUNICIPAL IRMÃ DULCE: PRAIA GRANDE - SP PIM V Projeto Integrado Multidisciplinar V para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Hospitalar, apresentado a Universidade Paulista – UNIP Orientador: Prof.ª Me Ivete Rolim Daniel. PRAIA GRANDE 2021 2 RESUMO Neste estudo foi analisado Hospital Municipal Irmã Dulce de Praia Grande, a fim de abordar os conceitos sobre as políticas de humanização e atendimento hospitalar, a questão da importância do fenômeno cultural como parte integrante da compreensão do homem em sociedade e em planejamento financeiro e orçamento abordaremos as estratégias adotadas pela instituição. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de natureza descritiva, a fim de reconhecer as questões retratadas na literatura de maneira a poder compreender a importância da humanização, da cultura na sociedade e do planejamento financeiro e orçamentário no âmbito hospitalar. Palavras-chave: Humanização; Competência Cultural; Planejamento Financeiro e Orçamento 3 TABELAS Tabela 1: Componentes Pré-fixados - Competência 2020……………………….......41 Tabela 2:Plano De Aplicação De Recursos Financeiros - Competência Anual 2020 …................................................................................................................................42 Tabela 3: Cronograma De Desembolso Do Componente Pré-Fixado…………….....43 4 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................6 2.POLÍTICAS DE HUMANIZAÇÃO E ATENDIMENTO HOSPITALAR.......................8 2.1Política Nacional De Humanização Da Assistência Hospitalar (PNHAH) E Política Nacional De Humanização (PNH)..............................................................................11 2.2A Estrutura Da Política Nacional De Humanização (PNH)...................................15 3.HOMEM E SOCIEDADE…………...........................................................................20 3.1O Conceito De Cultura…………………………………………………….…………...22 3.1.1O Contexto Da Cultura……………………………………….…………….………..25 3.1.2A Cultura No Cotidiano………………………….………………….………………..26 3.2Antropologia Médica…………………………………….……………...……….……..29 3.3Competência Cultural…………………………….………………..…….……………..31 4.PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO...............................................34 4.1 Planejamento Financeiro E Controle Hospitalar………………………...……….…36 4.2Planejamento Orçamentário Hospitalar……………………….……....……………..38 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................44 6.REFERÊNCIAS.......................................................................................................45 5 1.INTRODUÇÃO O Hospital Municipal Irmã Dulce foi inaugurado em 2008, tendo mais de 11 mil m2 de área construída, distribuídos num prédio com seis pavimentos. No espaço abrigava parte das instalações da antiga Santa Casa de Praia Grande, na qual foram totalmente reformadas. Localizado na cidade de Praia Grande, litoral paulista, a unidade hospitalar é referência regional em trauma e neurocirurgia e no atendimento de pacientes de média e alta complexidade, além de ser responsável por 60% dos atendidos em leitos disponibilizados com o apoio do Governo do Estado de São Paulo. Referenciado do sistema informatizado CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), na RUE/RRAS 07, o Complexo Hospitalar Irmã Dulce passou a ser classificado como Hospital Estruturante para a Baixada Santista. O Hospital Municipal Irmã Dulce dispõe de atendimento de urgência e emergência em clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria, cirurgia pediátrica, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia vascular, cardiologia, pneumologia, infectologia, nefrologia, urologia, otorrinolaringologia, cirurgia plástica, psiquiatria, traumatologia bucomaxilofacial e UTI adulta, pediátrica e neonatal, totalizando 221 leitos. No início de 2019, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) assumiu a gestão do Complexo Hospitalar Irmã Dulce, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Praia Grande. A SPDM é uma associação civil sem fins lucrativos, de natureza filantrópica, reconhecida de utilidade pública federal, estadual e no município de sua sede, respectivamente pelos decretos nos. 57.925, de 04/03/1966, 40.103 de 17/05/1962 e 8.911, de 30/07/1970. Fundada em 1933, é dirigida por um Conselho Administrativo eleito em Assembleia Geral, constituído por professores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) antiga Escola Paulista de Medicina com a qual mantém pautada a relação e o objetivo de servir ao ensino, à pesquisa e à assistência médica. A SPDM é mantenedora do Hospital São Paulo - Hospital Universitário da 6 UNIFESP e gerencia serviços de saúde de diversas instituições públicas, mediante a celebração de convênios e contratos de gestão. Nesses anos, desenvolveu atividades direta e indiretamente relacionadas à saúde em muitas cidades do país. Tem sua estrutura formada por quatro grandes áreas: sendo três delas de caráter assistencial, quais sejam o Hospital São Paulo, as Instituições Afiliadas, Programa de Atenção Integral à Saúde (PAIS) e uma delas voltada à Educação. A gestão da SPDM no Complexo Hospitalar Irmã Dulce, desenvolve através das competências institucionais, ações voltadas para garantir que os processos da estrutura organizacional sejam realizados com qualidade técnica e excelência. A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina tem como princípios: Missão: Atuar com excelência na atenção à saúde sem preconceito, distinção ou classificação dos cidadãos. Visão: Ser reconhecida como organização filantrópica brasileira em saúde de maior abrangência e competência. Valores: Capacitação, Compromisso social; Confiabilidade; Equidade; Ética; Empreendedorismo; Humanização; Qualidade; Sustentabilidade ecológica, econômica e social; Tradição e Transparência. Política da Qualidade: Promoção de Cultura Organizacional com Qualidade, em respeito à Missão, Visão e Valores Institucionais, focando a satisfação dos clientes e reconhecimento de excelência na Gestão Integral em Saúde. 7 2.POLÍTICAS DE HUMANIZAÇÃO E ATENDIMENTO HOSPITALAR Por muitas décadas o hospital era considerado somente como um depósito de enfermos que não possuíam recursos financeiros para fazer um tratamento particular, ou seja, o hospital tinha como finalidade mais o social do que o terapêutico e não se falava em humanização hospitalar. Mas nos tempos atuais os pacientes/clientes estão percebendo a necessidade de se sentirem mais acolhidos e estar em um ambiente mais humanizado. (Louzada; Stang; Calabrez; 2008). A Constituição Federal Brasileira em seu Artigo 196 (Brasil, 1988) afirma que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos ou acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Com isso a política de humanização se tornou mais intensa tendo como sua base os preceitos constitucionais. As instituições de saúde tanto as públicas como as privadas estão se adaptando a essas novas exigências do mercado. O aspecto humano dentro das instituições hospitalares é considerado um diferencial, cuidados especiais com os pacientes/clientes vai melhorar seu bem estar, mas para que isso aconteça precisamos ter uma gestão hospitalar que esteja preocupada com esse processo de humanização. (Louzada; Stang; Calabrez; 2008). Para Guedes e Castro (2009), nos hospitais de alta e média complexidade na área da saúde,tem se a ideia de que seja um serviço complexo, onde a prática profissional acaba por se distanciar de um modelo de humanização e integração profissional e usuário, neste sentido, é preciso incorporar um olhar horizontal profissional/paciente, para que neste período de hospitalização, criam se relações dos usuários com o sistema de saúde, onde possamos propiciar com que reorganizem suas vidas, ajudando os a adquirir novos hábitos de autocuidado e autonomia, atuando na construção do ambiente hospitalar como um espaço de promoção da saúde, de defesa da vida e da cidadania. Os usuários dos serviços de saúde têm se tornado, de forma gradual, cada vez mais consciente e exigente de seus direitos, diante disso, os programas e projetos de humanização na assistência hospitalar devem ser planejados para que possibilite a transformação de atitudes de todos os envolvidos no atendimento em 8 saúde, estabelecendo vínculos de solidariedade e participação coletiva entre trabalhadores, gestores e usuários. Hubert Lepargneur (2006, p. 61) compara os hospitais às empresas complexas, onde as normas precisam ser observadas e onde existe um indispensável jogo das liberdades individuais, ele diz que “cuidar da saúde de pessoas não é como ajustar uma máquina qualquer”. Reparamos ainda as diferenças de percepção do tempo. Para o médico ocupado e a enfermeira em serviço, o tempo disponível é sempre curto; falta tempo para preencher o programa do dia, o previsto e o imprevisto. Para o doente, o tempo é o sofrimento e o sofrimento é o tempo que não passa, seja ele tempo de espera ou tempo de dor. (Lepargneur, 2006, p. 63-64). Quando acontece o adoecimento, os indivíduos, que antes ocupavam um espaço na sociedade e na família, passam a pertencer a um novo grupo social específico que, fragilizados pela doença, se encontram internados em espaços restritos para o cuidado com a saúde onde lhes são impostas determinadas regras de convivência, muitas vezes com alguma dependência, e então o paciente agora está longe da família, limitado, sem suas roupas e objetos pessoais, longe de sua rotina. A humanização no âmbito hospitalar, quando pautada no contato humano, precisa ser feita de uma forma acolhedora, contemplando a integralidade dos sujeitos e a cidadania, considerando assim, as circunstâncias sociais, étnicas, educacionais e psíquicas que envolvem cada indivíduo. No hospital, lugar de esperança e de vontade tanto quanto de trabalho e de sofrimento, estão em jogo o corpo da vida e o espírito da vida. Mais do que nunca o hospital atual deve constituir o anel que reconstitui o ser humano na sua integralidade vacilante. Uma ética de cuidado cidadão exige o esforço de uma difícil reconstrução dos comportamentos como dos valores e das necessidades: verdadeira revolução tanto dos princípios quanto das práticas (Hirsch, 1997, p. 115 apud Lepargneur, 2006, p. 68). Dessa forma, o processo de humanização implica basicamente na evolução do homem, já a humanização na saúde é uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e de seus serviços. É através dessa mudança que será alterado o modo como os usuários e trabalhadores da área da saúde vão interagir entre si. Portanto a humanização na área da saúde tem como principal objetivo fornecer um melhor atendimento dos pacientes e melhores condições de trabalho para as equipes 9 envolvidas. Segundo Elias “por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores”. (2015, p. 2). Em 1990, a Lei 8.080, que regulamentou o SUS, determinou a criação de comissões intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde. No mesmo ano, a Lei 8.142 definiu duas instâncias colegiadas: as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. Os Conselhos de Saúde constituídos em 50% por representantes dos usuários e em 50% por representantes do governo, prestadores de serviços e profissionais de saúde - são órgãos deliberativos encarregados de normatizar, recomendar, promover diligências, formular estratégias e controlar a execução da política de saúde. As decisões devem ser referendadas pelos níveis estadual e municipal de saúde e as suas principais estratégias de ação são a negociação política, a ação judicial e o acionamento do Ministério Público quando as resoluções não são cumpridas. (Brasil, 2000). Hoje os desafios para um gestor em saúde são diversos, este precisa ter em mente que estamos trabalhando com vidas, é necessário ser ético. Também precisa ser levado em conta todas as peculiaridades da região onde está inserida a organização de saúde e atender os aspectos legais, éticos e morais da gestão pública sem com isso prejudicar a qualidade dos produtos adquiridos e consequentemente dos serviços que são prestados na área da saúde. (Macedo; Carvalho; Coutinho; 2014). Humanizar o atendimento envolve, portanto, ser capaz de atender com solidariedade, considerando as necessidades especiais e existenciais e ter iniciativas pautadas na compreensão e respeito mútuos, caracterizando uma postura diferenciada de profissionais, equipes e gestores. Dessa forma, o Ministério da Saúde através de seu Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) salienta que o desenvolvimento científico e tecnológico vem trazendo uma série de benefícios para a assistência hospitalar e diz que: “humanizar em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, presente em todo o relacionamento humano”. (Brasil, 2000). Esse programa nacional de humanização da assistência hospitalar procura englobar ações integradas para uma melhoria na qualidade dos serviços prestados e o aprimoramento das relações interpessoais dentro do ambiente hospitalar. O 10 desenvolvimento das ações propostas pela Política de Humanização da Assistência à Saúde tem como princípios fundamentais o respeito às especificidades de cada instituição, estimula a cooperação entre as mesmas pela troca de experiências produzidas, que visam a qualificação do serviço público de saúde. Essa política de humanização da assistência à saúde nos oferece uma diretriz que contempla todos os projetos de caráter humanizador que são desenvolvidos nas instituições de saúde, onde estimula a criação e sustentação permanente de espaços de comunicação e divulgação que facilite e estimule o diálogo, o respeito, à livre expressão e a solidariedade. (Brasil, 2000). Com isso, a humanização hospitalar se tornou uma aliada para a melhora, recuperação e satisfação do paciente. A assistência humanizada transmite alegria e segurança por parte de quem presta o atendimento, mas não uma alegria superficial, mas um sentimento de esperança a cada pequeno gesto. E a questão da segurança do paciente está nas respostas firmes para cada dúvida do paciente, no cumprimento de horários e na competência que os profissionais demonstram. (Mezzomo, 2003). 2.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR (PNHAH) E POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) No ano de 2000 o Ministério da Saúde implantou a Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), tendo como proposta a de desenvolver um conjunto de ações integradas para proporcionar uma mudança no padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil com o objetivo de melhorar a qualidade e a eficácia dos serviços que são prestados por estas instituições de cuidado com a saúde. Com condições idênticas de trabalho, um hospital consegue melhores resultados que outro se houver compromisso da liderança, qualidade na gestão, competência e criatividade da equipe. Os bons resultados dependem, em grande medida, da capacidade de o hospital oferecer um atendimento humanizado à população. Para tanto, é necessário cuidar dos próprios profissionais da área da saúde, constituindo equipes de trabalho saudáveis e, por isso mesmo, capazes de promover a humanização doserviço. E, por profissionais de saúde, consideram-se aqui todas as pessoas que trabalham nas unidades de saúde e não apenas médicos e paramédicos. (PNHAH, 2001, p. 5). 11 A Política de Humanização da Assistência Hospitalar (2001) prevê a elaboração de planos de ações concretas de humanização, tendo como intuito realizar o resgate de valores como a autonomia, a liberdade e a responsabilidade, considerando a natureza específica de cada realidade institucional. Um das ações proposta pela PNHAH (2001) é a construção do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar dirigido aos hospitais da rede pública possui os seguintes objetivos: fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública; melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários da rede hospitalar brasileira credenciadas ao SUS; modernizar as relações do trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar sua imagem pública junto a comunidade; capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de atenção à saúde que valorize a vida humana e a cidadania; conceber e implantar novas iniciativas de humanização nos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimento e experiências nesta área; desenvolver um conjunto de indicadores e parâmetros de resultados e sistemas de incentivos ao tratamento humanizado e por fim difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar credenciada ao SUS. Para que aconteça essa gestão compartilhada onde os usuários, trabalhadores e gestores da área da saúde participem das decisões de seus interesses em um espaço coletivo, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (2001) orienta a criação de Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar, conforme destacamos: O trabalho nos hospitais prevê a criação de um Grupo de Trabalho de Humanização Hospitalar, constituído por lideranças representativas do coletivo de profissionais, que terá como atribuições: difundir os benefícios da assistência humanizada; pesquisar e levantar os pontos críticos do funcionamento da instituição; propor uma agenda de mudanças que possam beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; divulgar e fortalecer as iniciativas humanizadoras já existentes; melhorar a comunicação e a integração do hospital com a comunidade de usuários. (Brasil, 2001, p. 16). Esses Grupos de Trabalho de Humanização são divididos em dois níveis crescentes (B e A) que são: 12 Parâmetros Nível A: A criação do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) com plano de trabalho implantado; a garantia de visita aberta por meio da presença do acompanhante e de sua rede social, respeitando a dinâmica de cada unidade hospitalar e as peculiaridades das necessidades do acompanhante, ter um canal de ouvidoria em funcionamento; uma equipe multiprofissional de atenção à saúde para atendimento dos pacientes internados, com horário estabelecido para atendimento à família e/ou à sua rede social; que exista mecanismo de desospitalização, como as de cuidados domiciliares; garantir a continuidade da assistência com sistema de referência e contra referência, um conselho gestor local com funcionamento adequado; a existência de acolhimento composto pela avaliação de risco nas áreas de acesso (pronto atendimento, pronto-socorro, ambulatório, serviço de apoio diagnóstico e terapia) e um plano de educação permanente para os trabalhadores da instituição, abrangendo os temas de humanização em implementação. Parâmetros de nível B: Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) existentes e com plano de trabalho definido, a garantia de visita aberta que possibilite a presença do acompanhante e de sua rede social, respeitando a dinâmica da unidade hospitalar e as peculiaridades que envolvam as necessidades do acompanhante, que tenha mecanismos de recepção com acolhimento aos usuários, e de escuta para a população e os trabalhadores, uma equipe multiprofissional com no mínimo o médico e o enfermeiro de atenção à saúde para acompanhamento dos pacientes internados e com horário disponível para atendimento à família e/ou à sua rede social, que exista mecanismos de desospitalização, visando a alternativas às práticas hospitalares, como as de cuidados domiciliares e a garantia de continuidade de assistência com um sistema de referência e contrarreferência. O “HumanizaSUS” do Ministério da Saúde (2004), mais conhecido como Rede Humaniza Sus, é um portal colaborativo para produção e difusão de informações em humanização da saúde entre gestores e trabalhadores da saúde, pesquisadores, estudantes e profissionais de diferentes áreas. Todos com um interesse comum conhecer melhor, ampliar e debater o tema da humanização. A Rede Humaniza Sus define o GTH como sendo um encontro de pessoas que tem como interesse, discutir os serviços de saúde nas instituições que trabalham ou que utilizam, além de discutir as relações que são estabelecidas entre 13 si e como estes serviços podem funcionar de forma a melhorar o processo de trabalho e assim produzir serviços de saúde com qualidade para todos. Estes grupos vão atuar diretamente na articulação da política de humanização do atendimento à saúde e a instituição para a implementação das ações dentro do ambiente hospitalar, tendo como responsabilidade, a de conduzir um processo de mudança cultural de atendimento à saúde, promovendo o respeito à dignidade humana. Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH) lançada em 2003, é preciso entender e valorizar os diferentes sujeitos envolvidos nos processos de cuidado em saúde sendo eles, os usuários, os trabalhadores e os gestores, tendo como valores norteadores a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, com a intenção de pôr em prática os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no cotidiano dos serviços de saúde e produzir mudanças nos modos de gerir e cuidar, levando em consideração a insatisfação dos usuários, principalmente, nos aspectos de relacionamento com os profissionais da saúde. A Política Nacional de Humanização (Brasil, 2004) define a humanização em saúde nas seguintes palavras: Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão [...] Um dos aspectos que mais tem chamado a atenção quando da avaliação dos serviços é o despreparo dos profissionais para lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de saúde supõe. Ligado a esse aspecto, um outro que se destaca é a presença de modelos de gestão centralizados e verticais desapropriando o trabalhador de seu próprio processo de trabalho. O cenário indica, então, a necessidade de mudanças. Mudanças no modelo de atenção que não se farão, a nosso ver, sem mudanças no modelo de gestão. (Brasil, 2004, p. 8-9). A humanização do atendimento como política, tem a responsabilidade de proporcionar mudanças nos princípios e modos de cuidar que envolvem o conjunto das relações entre profissionais e usuários da área da saúde, caracterizando uma construção coletiva na cultura e atenção aos usuários. Segundo Diniz e Chachan (2002 apud Lopes 2016 p. 16) o movimento a favor da humanização começa a se desenhar na década de 1950, por meio do Movimento Feminista, que apresenta entre suas bandeiras, a humanização do 14 atendimento, ao questionar os valores instrumentais e masculinos da sociedade industrial, criticar a medicalização do parto e a transformação do nascimento em modelo biomédico que “trata o parto como um evento patológico e arriscado, que utiliza tecnologia agressiva, invasiva e potencialmente perigosa”. Como ética, a humanizaçãodeve tomar a defesa da vida como o eixo principal de suas ações. De acordo com essa política, a humanização é um processo amplo e constante que envolve mudanças no comportamento de pessoas e instituições de cuidados com a saúde, sua implementação pressupõe eixos de ação com o objetivo da apropriação dos resultados esperados pela sociedade. 2.2 A ESTRUTURA DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) A PNH é constituída por princípios, métodos, diretrizes e dispositivos, sendo: Os princípios da Política Nacional de Humanização (2004), a Transversalidade, a Indissociabilidade entre atenção e gestão, o Protagonismo, a Corresponsabilidade e a Autonomia dos sujeitos e coletivos. A Transversalidade: Reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem interagir com a experiência daquele que é assistido, é a corresponsabilidade construída pelo conjunto de saberes envolvidos no atendimento em saúde. A Indissociabilidade entre a atenção e gestão: Entendendo que as decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde, todos os envolvidos no cuidado e atendimento a saúde, devem conhecer o funcionamento da gestão dos serviços e da rede de saúde, participar ativamente do processo das tomadas de decisão nas organizações e nas ações de saúde coletiva, envolvendo não só as equipes de trabalho, mas também os usuários e seus familiares. O Protagonismo: A corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos, é preciso reconhecer o papel de cada um como cidadãos de direito, valorizando a vida e incentivando a participação e atuação nos processos que envolvem os cuidados em saúde. O método da PNH (2004) está baseado na tríplice inclusão: inclusão dos diferentes sujeitos, sendo os gestores, os trabalhadores e usuários, na produção da autonomia e do protagonismo através da corresponsabilidade nos processos, a inclusão dos analisadores sociais, com a intenção de acolher e potencializar os 15 processos de mudança, com a análise coletiva de conflitos e da força crítica das crises e a inclusão do coletivo, por movimentos sociais organizados ou dos trabalhadores de saúde, com o fomento das redes. Como diretrizes gerais da Política Nacional de Humanização (2004), destacamos: Aumentar o diálogo entre os profissionais e a população e entre os profissionais e a administração, organizar e regular o uso de medicamentos, estimular o conceito de clínica ampliada, melhorar os sistemas de comunicação e informação para promover o desenvolvimento pessoal, incentivar e valorizar a jornada integral ao sistema único de saúde (SUS), o trabalho em equipe, a participação em processos permanentes de educação e qualificação. Os dispositivos descritos na PNH (2004) são; Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e Câmara Técnica de Humanização (CTH), Colegiado Gestor, Contrato de Gestão, Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde, Visita Aberta e Direito à Acompanhante, Programa de Formação em Saúde do Trabalhador (PFST) e Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP), Equipe Transdisciplinar de Referência e de Apoio Matricial, Projetos Co-Geridos de Ambiência, Acolhimento com Classificação de Riscos, Projeto Terapêutico Singular, Projeto de Saúde Coletiva e Projeto Memória do SUS que dá certo. Dentre as prioridades da PNH (2004), temos: a redução das filas, a ampliação do acesso aos serviços de saúde, o atendimento integral, acolhedor e resolutivo com base em critérios de risco, possibilitar aos usuários conhecerem os profissionais e a rede de serviços de seu território, além de uma educação permanente para que os trabalhadores e usuários participem da gestão dos serviços. Segundo Bettinelli, Waskievicz e Erdmann, (2006, p. 92) em seu artigo sobre a “humanização do cuidado no ambiente hospitalar” diz que, no contexto atual, onde o sistema de cuidados é influenciado pela busca de resultados em relação aos ganhos financeiros, com possível diminuição da sensibilidade humana, existem dois caminhos possíveis de humanização do cuidado, no primeiro, é preciso um reposicionamento por parte dos profissionais de saúde e da sociedade para que a vida seja valorizada e aconteça uma melhor compreensão do ser humano e do processo de cuidado, com a reavaliação dos valores que foram fragmentados ao longo do tempo, o outro caminho é fazer uma opção; em vez de continuar mercantilizando a doença, cuidar realmente dos seres humanos, respeitar a sua autonomia e a sua dignidade. 16 Ainda conforme os autores, a exigência de padronização e rigidez das atividades em um cotidiano hospitalar, são fatores que podem levar a uma pouca demonstração de sensibilidade e ainda a impessoalidade das relações, e nesse mesmo cotidiano, o ser humano também vai poder exercitar variadas formas de interação nas relações, tanto afetivas/sociais, como de trabalho. Nessa perspectiva, os programas e projetos devem ser pensados para facilitar a comunicação, o acesso aos tratamentos e o bem-estar dos profissionais envolvidos para que consigam lidar com o processo saúde doença, seus conflitos e frustrações considerando a individualidade dos sujeitos, sejam estes pacientes ou trabalhadores da área de saúde. O Ministério da Saúde criou o "HumanizaSUS'' em 2003, apostando na inclusão dos trabalhadores, usuários e gestores na produção e também na gestão do cuidado e seus respectivos processos de trabalho em saúde, orientados por princípios e diretrizes. O caderno “HumanizaSUS” (Brasil, 2004, p. 7) destaca que: Como política, a Humanização deve, portanto, traduzir princípios e modos de operar no conjunto das relações entre profissionais e usuários, entre os diferentes profissionais, entre as diversas unidades e serviços de saúde e entre as instâncias que constituem o SUS. O confronto de ideias, o planejamento, os mecanismos de decisão, as estratégias de implementação e de avaliação, mas principalmente o modo como tais processos se dão, devem confluir para a construção de trocas solidárias e comprometidas com a produção de saúde, tarefa primeira da qual não podemos nos furtar. De fato, nossa tarefa se apresenta dupla e inequívoca, qual seja, a da produção de saúde e a da produção de sujeitos. (Brasil, 2004, p.7). Em seu folheto de divulgação, o “HumanizaSUS” traz a informação de que busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. A PNH (2010) diz que estas orientações são clínicas, políticas e éticas e tomam sentido no acolhimento, na clínica ampliada, na democracia das relações, na valorização do trabalhador, na garantia dos direitos dos usuários e no fomento de redes. É nesta articulação entre princípios, método e diretrizes que os processos de formação têm sido propostos e organizados. As diretrizes dos processos de formação da PNH se assentam no princípio de que a formação é inseparável dos 17 processos de mudanças, ou seja, que formar é, necessariamente, intervir, e intervir é experimentar em ato as mudanças nas práticas de gestão e de cuidado, na direção da afirmação do SUS como política inclusiva, equitativa, democrática, solidária e capaz de promover e qualificar a vida do povo brasileiro. (Brasil, 2010, p. 8). Para a humanização dos serviços de saúde, a PNH ressalta ainda importância de estimular a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários na construção de processos coletivos para enfrentar as relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes acabam produzindo atitudes e práticas desumanizadoras; onde: “Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho”. (PNH, 2013, p. 4). A humanização do atendimento em saúde em um hospital de alta complexidaderefere-se não só aos cuidados com os pacientes, mas também com os responsáveis pelo cuidado, sejam eles os profissionais da área da saúde ou os funcionários da instituição que estão envolvidos nos processos de administração, manutenção e atendimento. Pessini (2006) ressalta que a humanização das instituições de saúde está relacionada também com a humanização da sociedade como um todo, pois uma sociedade violenta, iníqua e excludente, acaba por interferir em todo contexto destas instituições. Sobre humanizar o cuidar, ele diz que: O cuidar humanizado implica, por parte do cuidador, a compreensão do significado da vida, a capacidade de perceber e compreender a si mesmo e ao outro, situado no mundo e sujeito se sua própria história. A humanização no atendimento exige dos profissionais da saúde, essencialmente, compartilhar com seu paciente experiências e vivências que resultem na ampliação do foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar como sinônimo de ajuda às possibilidades da sobrevivência. Em outras palavras, exercer na prática o re-situar das questões pessoais num quadro ético, em que o cuidar se vincula à compreensão da pessoa em sua peculiaridade e em sua originalidade de ser. (Pessini, 2006, p.3). Nessa perspectiva, a mudança deve acontecer também nas relações entre equipes profissionais, gestores e usuários dos serviços, trazendo a corresponsabilidade do cuidado que vai afetar a cultura da atenção em saúde nos processos de trabalho, desta forma, todas as propostas contidas na PNH precisam 18 ser pensadas dentro de um contexto de mudanças socioculturais, de mudanças nos processos de formação e de gestão. O Hospital Irmã Dulce na gestão da SPDM vem expandindo sua área de atuação, com projetos em desenvolvimento na área da Assistência Social. Assim contribuindo de forma efetiva para a melhoria contínua dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde do Brasil, visando principalmente garantir a universalidade e as oportunidades de acesso à saúde, necessárias ao desenvolvimento humano e social do cidadão. Para tanto, associa a tecnologia com atendimento médico de qualidade, respaldado por equipes multiprofissionais, formadas por enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, fonoaudiólogos, bioquímicos, psicólogos, tecnólogos, assistentes sociais e dentistas, entre outros. Uma dessas mudanças é o Programa de Atenção Integral à Saúde (PAIS) iniciou suas atividades no ano de 2001 no município de São Paulo, se estendendo para outros municípios e estados. Desde o início de suas atividades, o PAIS busca, em parceria com a gestão pública, o crescimento e a consolidação dos serviços de saúde ofertados aos usuários do SUS. O Programa foi implantado no Hospital Irmã Dulce no início de 2019 e tem como objetivo garantir mudanças nos indicadores e na qualidade de vida da população, pautado, entre outros, pelos princípios da integralidade e da equidade, com uma visão estratégica da gestão dos serviços de saúde, definida em um processo de aprimoramento contínuo. Entre os projetos de humanização implantados no Hospital Irmã Dulce estão a Visita Aberta, a Terapia Assistida por Animais (chamada Pet Terapia) e a comemoração de datas festivas. Para a implantação da Visita Aberta, que faz parte das diretrizes da Política Nacional de Humanização do SUS, a direção do hospital realizou reunião com as chefias de Enfermagem de todas as unidades. O objetivo foi sensibilizar as equipes sobre a importância deste avanço e coordenar o fluxo de visitantes nos cinco andares. Outros setores, como Hotelaria, Recepção, Vigilância e Serviço Social, também participaram. O Hospital Municipal Irmã Dulce aceitou a proposta encaminhada pela Comissão de Humanização e instituiu a Visita Aberta em março de 2010 para seus pacientes. O benefício atinge setores como Maternidade, Clínica Geral, Clínica 19 Cirúrgica, Pediatria e Psiquiatria. Estes espaços passam a receber visitas todos os dias das 8 às 20 horas. A flexibilidade no horário atinge também pacientes das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, Pediátrica e Adulto. As visitas podem ser feitas das 15 às 20 horas, considerando a necessidade de adequação especial do fluxo de pessoas nesses ambientes. Antes da implantação da Visita Aberta, os visitantes tinham apenas um horário de visita, que já havia sido ampliado para dois, manhã e tarde, de uma hora cada. Nas UTIs eram dois horários, tarde e noite, de meia hora cada. O acompanhante não conta como visita e que cada paciente poderá receber um visitante por vez, para que a quantidade de pessoas junto aos leitos não prejudique o atendimento. Na Maternidade, os pais já têm fluxo livre para conhecer seus filhos a qualquer hora. O mesmo ocorre com pais de bebês e crianças internadas nas UTIs Neonatal e Pediátrica. Por lei, menores de 12 anos e maiores de 60 precisam ter acompanhantes. Um dos projetos mais bem sucedidos na área de humanização implantados no Hospital Irmã Dulce é a Pet Terapia ou Terapia Assistida por Animais. Iniciado em 2012 se tornou programa em outubro de 2013 com a atuação da ONG Cão Amor. A Pet Terapia é uma interação entre pessoas e animais como ferramenta de estímulo. As propostas são: Atividade Assistida por Animais (AAA) e Terapia Assistida por Animais (TAA). Na AAA, a proposta é a recreação dos pacientes por meio de atividades onde o cão apenas os distrai, servindo como terapia, uma vez que os tratamentos são cansativos e dolorosos. Na TAA, o animal ajuda no tratamento, servindo como instrumento e estímulo para a realização dos movimentos. Os voluntários do projeto Cão Amor realizam visitas a cada 15 dias aos pacientes do hospital. O programa conta com cerca de 20 voluntários e 12 cães, de várias raças. Os cães recebem adestramento e são avaliados pelos adestradores e veterinários parceiros do projeto. 3.HOMEM E SOCIEDADE Keesing e Strathern (1998) definem uma sociedade como compreendendo “Um sistema social total cujos membros compartilham uma linguagem e tradição cultural comuns” as quais geralmente a diferenciam das populações circundantes. 20 As fronteiras entre as sociedades algumas vezes são vagas, mas em geral cada uma tem sua própria identidade territorial e política. A maioria das sociedades está tornando-se cada vez mais diversificada devido à imigração e a outros fatores. Ao estudar qualquer sociedade, os antropólogos investigam como os seus membros se organizam em vários grupos, hierarquias e papéis. Essa organização é revelada em sua ideologia e religião dominantes, em seus sistemas políticos e econômicos, nos tipos de ligações que o parentesco ou a residência próxima criam entre as pessoas, em suas hierarquias de poder e prestígio e na divisão do trabalho entre pessoas de diferentes origens e gêneros. As regras que indicam a organização de uma sociedade e a forma como ela é simbolizada e transmitida fazem parte da cultura dessa sociedade. O campo da antropologia apresenta vários ramos de estudo. A antropologia física também conhecida como biologia humana é o estudo da evolução da espécie humana e preocupa-se em explicar as causas da atual diversidade das populações humanas. Em sua investigação da pré-história humana, a antropologia física usa as técnicas da arqueologia, da paleontologia, da genética e da sorologia, bem como o estudo do comportamento dos primatas e a ecologia. A cultura material trata da arte e dos artefatos do gênero humano, tanto no presente quanto no passado. Ela abrange os estudos das artes, dos instrumentos musicais, das armas, das roupas, das ferramentas e dos implementos agrícolas de diferentes populações e de todos os outros aspectos da tecnologia que os seres humanos utilizam para controlar, moldar, explorar e melhorar os seus ambientes sociais ou naturais. A antropologia social e a cultural tratam, respectivamente, do estudo comparativo das sociedades humanas contemporâneas e dos seus sistemas culturais, embora haja uma diferença na ênfaseentre essas duas abordagens. No Reino Unido, a antropologia social é a abordagem dominante e enfatiza as dimensões sociais da vida humana. Ela vê as pessoas como animais sociais, organizados em grupos que regulam e perpetuam a si mesmos, e é a experiência da pessoa como membro da sociedade que molda sua visão de mundo. Nesta perspectiva, a cultura é vista como um dos modos pelos quais o homem organiza e legitima sua sociedade, fornecendo a base para sua organização social, política e econômica. Nos Estados Unidos, a antropologia cultural concentra-se mais nos sistemas de símbolos, idéias e significados que compreendem uma cultura e dos quais a organização social é apenas uma expressão. Na prática, as diferenças na 21 ênfase entre a antropologia social e a cultural fornecem perspectivas valiosas e complementares sobre dois aspectos centrais: como os grupos humanos se organizam e como eles encaram o mundo em que habitam. Em outras palavras, ao estudar um grupo de seres humanos, é necessário estudar as características tanto de sua sociedade como de sua cultura. 3.1 O CONCEITO DE CULTURA Para Tylor (1871) cultura é definida como “Aquele complexo integral que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Spencer-Oatey (2012) diz que cultura é “Um conjunto difuso de premissas e valores fundamentais, orientações para a vida, crenças, políticas, procedimentos e convenções comportamentais que são compartilhadas por um grupo de pessoas e que influenciam (mas não determinam) o comportamento de cada membro e suas interpretações do “significado” do comportamento de outras pessoas”. Keesing e Strathern (1998) em sua definição, destacam o aspecto ideacional da cultura. Isto é, as culturas compreendem “sistemas de idéias compartilhadas, sistemas de conceitos e regras e significados que subjazem e são expressos nas maneiras como os seres humanos vivem”. A partir dessas definições, pode-se ver que a cultura é um conjunto de orientações (tanto explícitas quanto implícitas) que os indivíduos herdam como membros de uma sociedade particular, as quais lhes influenciam como ver o mundo, como experimentá-lo emocionalmente como se comportar em relação a outras pessoas, às forças sobrenaturais ou aos deuses e ao ambiente natural. Ela também fornece aos indivíduos um modo de transmitir essas orientações para a próxima geração pelo uso de símbolos, linguagem, arte e rituais. Para Helman (2009) a cultura pode ser encarada como uma “lente” herdada através da qual o indivíduo percebe e compreende o mundo em que habita e aprende a viver dentro dele. Crescer dentro de qualquer sociedade é uma forma de enculturação, que é o processo através do qual uma pessoa aprende as exigências da cultura na qual ela está inserida, e adquire valores e comportamentos que são tidos como apropriados ou necessários naquela cultura. 22 Dessa forma o indivíduo lentamente adquire a sua “lente”. Sem este tipo de percepção compartilhada do mundo, tanto a coesão como a continuidade de qualquer grupo humano seriam impossíveis. Segundo Weaver (1986) a cultura pode ser analisada em diferentes camadas, como um iceberg. A parte mais superficial, a parte “visível” da cultura, seria o comportamento humano. Aquilo que se exterioriza e que é possível observar, no entanto, muitas vezes é difícil de interpretar, como expressões artísticas, modo de comer, vestir e se relacionar com os outros. O segundo nível, já submerso, seria a motivação para determinado comportamento e está relacionada a normas, objetivos e valores. Seria a interpretação que as próprias pessoas fazem de seu comportamento, e portanto consciente, podendo ser acessada por meio do diálogo. Mas, para de fato entender uma cultura, é necessário ir ainda mais profundo e alcançar as motivações ocultas nas quais os valores e normas se baseiam. São premissas fundamentais, relacionadas ao que as pessoas entendem sobre a natureza humana, relacionamentos humanos, educação de filhos, conceito de tempo e espaço, o que é bom ou ruim, certo ou errado, aceitável ou inaceitável. Crenças acerca do que é a natureza e a causa das doenças ou do bem-estar. Outro aspecto crucial da “lente” de qualquer cultura é a divisão do mundo e das pessoas dentro dele em diferentes categorias, cada uma com seu próprio nome. Por exemplo, todas as culturas dividem seus membros em diferentes categorias sociais como homens ou mulheres, crianças ou adultos, jovens ou velhos, conhecidos ou estranhos, de classe alta ou baixa, capazes ou incapazes, normais ou anormais, belos ou feios, loucos ou maus, saudáveis ou doentes. Todas as culturas possuem maneiras elaboradas de mover as pessoas de uma categoria social para outra (como de “pessoa doente” para “pessoa saudável”) e de confiná-las algumas vezes contra a sua vontade dentro de categorias nas quais foram colocadas (como “louco”, “incapacitado” ou “idoso”). Leach (1976) destaca que praticamente todas as sociedades possuem mais de uma cultura dentro de suas fronteiras. Por exemplo, a maioria das sociedades tem alguma forma de estratificação social em classes sociais, castas ou categorias, e cada estrato é marcado pelos seus próprios atributos culturais distintos, incluindo uso da linguagem, costumes, estilos de vestir, padrões de alimentação e moradia e assim por diante. Ricos e pobres, poderosos e destituídos de poder, cada um terá herdado sua própria perspectiva cultural. Até certo ponto, tanto os homens quanto 23 as mulheres podem ter suas próprias “culturas” distintas dentro da mesma sociedade, e espera-se que sigam diferentes normas e atendam a diferentes expectativas. Crianças, adultos e idosos estão todos sujeitos às diferentes regras de comportamento e possuem diferentes visões de mundo. Além dos estratos sociais, pode-se observar que, embora as sociedades complexas mais modernas, como as na América do Norte e na Europa ocidental, possuem suas próprias tradições culturais exclusivas, elas agora incluem, dentro de suas fronteiras, minorias religiosas e étnicas, turistas, estudantes estrangeiros, imigrantes recentes, refugiados políticos e trabalhadores migrantes, cada um com sua própria cultura. Muitos desses grupos sofrerão um certo grau de aculturação (processo de modificação cultural de indivíduo, grupo ou povo que se adapta a outra cultura ou dela retirar traços significativos) com o tempo enquanto incorporam alguns dos atributos culturais da sociedade maior, mas não outros. Além disso, cada vez mais seguidores de diferentes religiões novas, cultos e estilos de vida estão surgindo na maioria das sociedades ocidentais, cada um com sua própria visão exclusiva de mundo. Uma subdivisão da cultura dentro de sociedades complexas é vista nas várias subculturas profissionais existentes, como medicina, enfermagem, direito ou profissões militares. Em cada caso, estas pessoas formam um grupo à parte, com seus próprios conceitos, regras e organização social. Embora cada subcultura tenha se desenvolvido a partir da cultura maior e compartilhe muitos de seus conceitos e valores, ela também possui características próprias exclusivas e distintas. Os estudantes nessas profissões sobretudo em medicina e enfermagem também sofrem uma forma de enculturação ao adquirir, gradualmente, a “cultura” da carreira escolhida. Ao fazê-lo, eles também adquirem uma perspectiva de vida muito diferente da que têm aqueles que estão fora da profissão. No caso da profissão médica, sua subcultura também reflete muitas das divisões sociais e dos preconceitos da sociedade maior e isso pode interferir com os cuidados de saúde e com a comunicação médico-paciente ou enfermeiro-paciente. Tudo isso significa que as sociedades mais complexas nunca são homogêneas e são hoje uma “colcha de retalhos” de diferentes subculturas, com diferentes visões de mundo coexistindo algumas vezes de modo desconfortável dentrodo mesmo território. Assim, a “cultura” é um conceito cada vez mais fluido que, na maioria das sociedades, está sofrendo um processo constante de mudança 24 e adaptação. Pode-se dizer que, agora, muitos indivíduos, famílias e mesmo comunidades ocupam duas ou mesmo mais culturas ao mesmo tempo. Este biculturalismo (e com frequência bilinguismo) é especialmente verdadeiro para os migrantes novos, nos quais a cultura tradicional da primeira geração muitas vezes coexiste com as culturas bastante diferentes adquiridas pelos seus filhos e netos. 3.1.1 O CONTEXTO DA CULTURA De modo geral, portanto, a origem cultural tem uma influência importante em muitos aspectos da vida das pessoas, incluindo crenças, comportamento, percepções, emoções, linguagem, religião, rituais, estrutura familiar, dieta, modo de vestir, imagem corporal, conceitos de espaço e de tempo e atitudes em relação à doença, dor e outras formas de infortúnio todos podendo ter importantes implicações para a saúde e os cuidados de saúde. Porém, a cultura em que você nasceu, ou na qual você vive, nunca é a única influência. Ela é apenas uma de várias influências sobre as crenças e os comportamentos relacionados à saúde, que incluem: fatores individuais (como idade, gênero, tamanho, aparência, personalidade, inteligência, experiência, estado físico e emocional); fatores educacionais (tanto educação formal quanto informal, inclusive educação em uma subcultura religiosa, étnica ou profissional); fatores socioeconômicos (como pobreza, classe social, status econômico, ocupação ou desemprego, discriminação ou racismo, bem como redes de suporte social de outras pessoas); fatores ambientais (como clima, densidade populacional ou poluição do habitat, mas incluindo também tipos de infraestrutura disponível, como moradia, estradas, pontes, transporte público e serviços de saúde). Em qualquer caso particular, além disso, todos esses fatores vão desempenhar algum papel, mas em proporções diferentes. Assim, em algumas situações dependendo do contexto as pessoas agem mais “culturalmente” do que em outras. Em outras ocasiões, seu comportamento pode ser determinado mais pela sua personalidade, pelo status econômico, por algo em que a educação os ensinou a acreditar ou pelas características do ambiente em que vivem. 25 3.1.2 A CULTURA NO COTIDIANO O conceito de cultura em si tem sido algumas vezes incompreendido ou mesmo usado de forma errada. Por exemplo, as culturas nunca são homogêneas, e assim, deve-se sempre evitar usar generalizações ao explicar as crenças e os comportamentos das pessoas. Não se pode fazer generalizações amplas sobre os membros de qualquer grupo humano sem levar em conta o fato de que as diferenças entre os membros do grupo podem ser tão marcantes como aquelas entre os membros de diferentes grupos culturais. Dessa forma, deve-se diferenciar entre as regras de uma cultura, que determinam como alguém deveria pensar e se comportar, e a forma como as pessoas realmente se comportam na vida real. As generalizações também podem ser perigosas, pois frequentemente levam ao desenvolvimento de estereótipos e então a equívocos culturais, preconceitos e discriminação. Outra razão para não generalizar é que as culturas nunca são estáticas, elas geralmente são influenciadas pelos outros grupos humanos em torno delas e, na maior parte do mundo, estão em um processo constante de adaptação e mudança. Cada vez mais isso se deve à globalização econômica e ao crescimento dos sistemas de comunicação global como rádio, televisão e internet, bem como às viagens aéreas, ao turismo de massa e ao aumento dos níveis de migração. Para algumas comunidades de migrantes, isso pode significar que o relacionamento previamente íntimo entre sua cultura e sua área geográfica de origem torna-se mais fraco com o tempo à medida que eles gradualmente são assimilados em outro ambiente cultural. Para outros, porém, a escolha pode ser a tentativa de manter o máximo possível de sua identidade original, por exemplo, usando sempre a língua materna em casa, consumindo seus alimentos tradicionais e assistindo aos programas de televisão por satélite somente de seu país natal. Tudo isso significa que agora é difícil generalizar sobre os grupos culturais, especialmente em sociedades mais complexas. Nesta era moderna de fluxo constante e movimento populacional, o que é verdadeiro sobre a cultura de um grupo particular em um ano pode não ser verdadeiro no ano seguinte. Assim, a visão moderna da cultura é destacar a importância de considerá-la sempre dentro de seu contexto particular. Esse contexto é composto de elementos históricos, econômicos, sociais, políticos e geográficos e significa que a cultura de qualquer grupo de pessoas, em qualquer ponto particular no tempo, é sempre 26 influenciada por muitos outros fatores. Portanto, pode ser impossível isolar as crenças e os comportamentos culturais “puros” do contexto social e econômico em que eles ocorrem. Por exemplo, as pessoas podem agir de um modo particular (consumir certos alimentos, viver em uma casa com muitas pessoas ou não ir ao médico quando adoecem) não porque seja parte de sua cultura fazer isso, mas porque simplesmente são pobres demais para agir de outra forma. Elas podem ter altos níveis de ansiedade em suas vidas diárias não porque sua cultura as torna ansiosas, mas porque estão sofrendo discriminação ou perseguição por outras pessoas. Portanto, ao compreender saúde e doença, é importante evitar “culpar a vítima", isto é, ver a má saúde de uma população como o resultado exclusivo de sua cultura em vez de considerar também sua situação econômica ou social particular. No cuidado clínico, o mau uso do conceito de cultura pode ocorrer quando sua influência é enfatizada excessivamente na interpretação de como algumas pessoas apresentam seus sintomas aos profissionais de saúde. Os sintomas ou alterações de comportamento podem ser atribuídos à “cultura” de uma pessoa quando na verdade são causados por um distúrbio físico ou mental subjacente. Por exemplo, as doenças físicas do cérebro (como tumores ou encefalite) podem ser confundidas com doença mental em certos contextos culturais e sociais. Weiss (1988) descreveu que, na Índia e em outros lugares, alguns casos de malária cerebral foram erroneamente diagnosticados como doença mental. Outro mau uso sério do conceito ocorre quando o comportamento antissocial perigoso ou mesmo homicida de um indivíduo é atribuído à sua “cultura” quando na verdade não tem relação. Os fatores econômicos e a desigualdade social são algumas das causas mais importantes de má saúde, pois a pobreza pode resultar em desnutrição, condições de vida em aglomerações, roupas inadequadas, níveis ruins de educação, casa ou trabalho situados em áreas com riscos ambientais maiores (como nas proximidades de fábricas que produzem resíduos tóxicos), bem como exposição à violência física e psicológica, estresse psicológico e abuso de drogas e álcool. A distribuição desigual de riqueza e recursos e de acesso aos serviços de saúde tanto entre os países quanto dentro de cada país também pode levar a esta situação. Segundo Gomes e Marli (2018), desde que se tem registro, o Brasil ocupa uma posição de destaque quanto à desigualdade social. Aproximadamente 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos habitantes. Essa desigualdade 27 tem raízes históricas no processo de colonização e repercute na maioria dos problemas enfrentados pela população hoje, inclusive na falta de acesso a serviços de saúde. A declaração de Alma-Ata (1978) previa saúde para todos até 2000. No entanto, já se passaram vários anos e metade da população mundial ainda não tem acesso a nenhum tipo de serviço de saúde. Mesmo num país como o Brasil, que ainda oferece um sistema de saúde universal e gratuito, populações minoritárias, seja por etnia, identidade de gênero, orientação sexual ou condição socioeconômica, ainda enfrentam barreirasde acesso a esses serviços e apresentam piores indicadores de saúde. As pessoas negras, por exemplo, têm pior autoavaliação de saúde e estão mais expostas a viver em domicílios com condições precárias quando comparadas à população hegemônica branca. Além disso, sofrem mais com a falta de equilíbrio nas relações de poder na dinâmica médico-paciente, muitas vezes por preconceito e falta de treinamento desses profissionais para atuar com pessoas de diferentes cenários culturais. O reconhecimento das características culturais dos grupos sociais e de suas diferentes necessidades e concepções do processo saúde-doença é, segundo Starfield (2002) um importante atributo derivado da atenção primária: a competência cultural. Por meio desse atributo é possível desenvolver laços fortes com as pessoas e famílias alvo dos cuidados em saúde, obtendo-se maior satisfação, diagnósticos mais precisos e maior adesão ao tratamento. Apesar dos esforços do governo federal para diminuir a desigualdade em saúde mediante políticas públicas com o Programa Mais Saúde (2006) como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Política Nacional para a População em Situação de Rua e antes mesmo, por meio da criação de um Subsistema de Saúde Indígena (1992), às normativas ainda são incapazes de garantir que a cultura seja utilizada como um critério para a consolidação de práticas que valorizem as diversas interpretações e modos de intervenção na área da saúde. Nesse contexto, fica evidente a necessidade de treinamento adequado dos profissionais de saúde para o desenvolvimento da competência cultural. Também no mundo em desenvolvimento, qualquer que seja a cultura local, a má saúde geralmente está associada à baixa renda e pobreza, pois esta influencia o 28 tipo de alimento, água, roupas, saneamento, moradia e cuidados médicos pelos quais as pessoas podem pagar. As disparidades de saúde e o ambiente físico em que as comunidades mais pobres vivem podem ter um impacto direto em sua saúde, resultando, por exemplo, em uma incapacidade de pagar por um suprimento de água potável ou pela coleta de esgotos adequada. Outro fator é o grau de coesão social existente, e o fato de o indivíduo estar envolvido em redes de suporte de família, amigos ou colegas de trabalho. Em nível nacional, Marmot (2004) observa que as sociedades caracterizadas pela alta coesão social, quer sejam ricas ou pobres, “têm saúde melhor do que outras com a mesma riqueza porém menor coesão social”. De modo geral a “cultura” não pode nem deve ser considerada em um vácuo. A cultura “pura” dificilmente existe, é apenas um componente de uma mistura complexa e diversificada de fatores que exercem influência sobre as crenças das pessoas, sobre a forma como elas vivem o seu cotidiano e sobre sua saúde e doença. 3.2 ANTROPOLOGIA MÉDICA Embora a antropologia médica seja um ramo da antropologia social e cultural, suas raízes também se situam profundamente dentro da medicina e de outras ciências naturais, pois está relacionada com uma ampla variedade de fenômenos biológicos, sobretudo em relação à saúde e à doença. Foster e Anderson (1978) a define como “uma disciplina biocultural voltada tanto para os aspectos biológicos como para os aspectos socioculturais do comportamento humano e particularmente, para a maneira como os dois interagiram ao longo da história humana para influenciar a saúde e a doença”. Segundo Helman (2009) os antropólogos que estudam a faixa sociocultural deste espectro têm indicado que, em todas as sociedades humanas, as crenças e práticas relativas aos problemas de saúde são uma característica central da cultura. Frequentemente, elas estão ligadas às crenças sobre a origem de uma variedade muito maior de infortúnios (incluindo acidentes, conflitos interpessoais, desastres naturais, quebras de safra, roubos e perdas), dos quais a má saúde é apenas uma forma. Em algumas sociedades, todo o espectro desses infortúnios é atribuído às 29 forças sobrenaturais, à retribuição divina ou à malevolência de um bruxo ou feiticeiro. Os valores e costumes associados à má saúde são parte da cultura mais ampla e com certeza não podem ser estudados isoladamente. Não se pode de fato compreender como as pessoas reagem à doença, à morte ou a outros infortúnios sem uma compreensão do tipo de cultura em que elas cresceram ou que adquiriram, isto é, das “lentes” através das quais elas percebem e interpretam seu mundo. Além do estudo da cultura, também é necessário examinar a organização social da saúde e da doença na sociedade (o sistema de cuidados de saúde), que inclui a forma como as pessoas são reconhecidas como doentes, o modo como elas apresentam essa doença a outras pessoas, os atributos daqueles a quem elas apresentam sua doença e as maneiras pelas quais a doença abordada. Este grupo de “curadores” ou “agentes de cura” é encontrado em diferentes formas em todas as sociedades humanas. Helman (2009) relata que os antropólogos estão particularmente interessados nas características desse grupo social especial: seleção, treinamento, conceitos, valores e organização interna. Eles também estudam o modo como essas pessoas se ajustam no sistema social como um todo: sua posição na hierarquia social, seu poder econômico ou político e a divisão do trabalho entre eles e outros membros da sociedade. Em alguns grupos humanos, os agentes de cura desempenham outros papéis além de suas funções de cura, eles podem agir como “integradores” da sociedade, verificando regularmente os valores dela ou como agentes de controle social, ajudando a marcar e a punir comportamentos socialmente desviantes . Seu foco pode não ser apenas o indivíduo doente, e sim sua família, comunidade, vila ou tribo “doentes”. Assim, ao estudar como esses indivíduos em uma dada sociedade percebem e reagem à má saúde e os tipos de cuidados de saúde que eles fornecem, é importante saber algo sobre os atributos culturais e sociais da sociedade em que eles vivem. Esta é uma das principais tarefas da antropologia médica. Na faixa biológica do espectro, a antropologia médica alimenta-se das técnicas e dos achados da ciência médica e de seus vários campos subordinados, incluindo a microbiologia, bioquímica, genética, parasitologia, patologia, nutrição e epidemiologia. Em muitos casos, é possível ligar as alterações biológicas encontradas com o uso dessas técnicas a fatores sociais e culturais em uma 30 sociedade particular. Por exemplo, uma doença hereditária transmitida por um gene recessivo pode ocorrer com uma frequência maior em uma dada população devido à sua preferência cultural pela endogamia (casamento somente dentro da própria família ou do grupo local de parentesco). Para desvendar este problema, são necessárias várias perspectivas: medicina clínica, para identificar a manifestação clínica da doença; patologia, para confirmar a doença em nível celular ou bioquímico; genética, para identificar e prever a base hereditária da doença e sua ligação com um gene recessivo; epidemiologia, para mostrar sua alta incidência em uma dada população em relação ao acúmulo de genes recessivos e certos costumes de casamento; antropologia social ou cultural, para explicar os padrões de casamento daquela sociedade e para identificar quem pode casar-se dentro dela. A antropologia médica tenta resolver esse tipo de problema clínico utilizando não somente os achados antropológicos, mas também aqueles das ciências biológicas sendo, em outras palavras, uma “disciplina biocultural”. 3.3 COMPETÊNCIA CULTURAL Nos últimos anos, o conceito de competência cultural tornou-se popular entre os planejadores de saúde, bem como entre médicos e enfermeiros. Isso resultou, em boa parte, no aumento da diversidade cultural e étnica da população e na necessidade de melhorara comunicação com as minorias e os imigrantes, bem como de melhorar a qualidade de seus cuidados médicos. Para Anand e Lahiri (2010), competência cultural pode ser definida como a “capacidade de realizar um cuidado efetivo, compreensivo e respeitoso, de maneira compatível com as crenças e práticas culturais de saúde do usuário, e no idioma de sua preferência”. Esse termo, criado no cenário americano, é o mais utilizado na literatura, no contexto da saúde, para se referir à relação intercultural médico-pessoa. Campinha-Bacote (2002) define competência cultural como: O processo pelo qual um profissional de saúde se empenha para se tornar capaz de trabalhar adequadamente/efetivamente dentro do contexto cultural da pessoa, família ou comunidade que necessita de seus cuidados. Sendo resultado, antes de tudo, necessário haver um desejo/uma motivação cultural para o desenvolvimento de consciência cultural, habilidades culturais e encontros culturais. (Campinha-Bacote, 2002, p. 181-184). 31 Segundo Tervalon e Murray-García (1998), num contexto onde generalizações, estereótipos, privilégios e racismo estão arraigados na sociedade, e também presentes na relação médico-paciente, a competência cultural poderia ser mais bem descrita como “humildade cultural”: “Um compromisso vitalício de autoavaliação e autocrítica, para os desequilíbrios de poder existentes na relação médico-paciente; desenvolver parcerias clínicas de benefícios mútuos; e advocacia não paternalista com as comunidades, em nome de indivíduos e populações”. Nessa concepção, a competência cultural possui seis componentes: mente aberta, consciência de si,ausência de ego, autorreflexão, autocrítica e solidariedade. Melhorar a sensibilidade dos profissionais de saúde às crenças culturais, práticas, expectativas e origens de seus pacientes e suas comunidades (como as crenças sobre as origens da má saúde, o papel maior da família em tomar decisões relacionadas à saúde ou a preferência que têm algumas pacientes mulheres por serem examinadas somente por um profissional de saúde do sexo feminino). Melhorar o acesso aos cuidados de saúde, eliminando as barreiras estruturais aos cuidados de saúde de qualidade para as minorias (fornecendo intérpretes, dietas hospitalares de acordo com crenças religiosas, períodos de espera mais curtos para consultas e materiais de educação em saúde culturalmente apropriados). Também incluídas aqui estão as dificuldades que as minorias encontram em obter consultas médicas regulares ou em ser encaminhadas a um especialista. Reduzir as barreiras organizacionais, como o pequeno número de profissionais de saúde, administradores e elaboradores de políticas selecionados dentre comunidades de minorias, os quais poderiam planejar serviços de saúde mais apropriados culturalmente. Outro aspecto da competência cultural é o consentimento informado para tratamentos médicos, testes ou pesquisas. Essa noção moderna de apresentar informação a um paciente esperando que ele a compreenda plenamente e então decida por si mesmo se concorda ou não pode estar em conflito com os valores culturais de alguns grupos étnicos. Indivíduos desses grupos podem recusar-se a assinar um formulário de consentimento informado por serem analfabetos ou por procederem de uma sociedade em que os compromissos verbais são altamente considerados, e os contratos escritos merecem desconfiança. Eles também podem não compartilhar das noções ocidentais de autonomia e individualidade, pelas quais 32 os indivíduos tomam decisões por si mesmos, para si mesmos, e não em nome de um grupo. Uma série de benefícios, assim, pode surgir do aumento da competência cultural do profissional de saúde, que pode melhorar não somente a comunicação médico-paciente, mas também a satisfação do paciente e a adesão (como menos faltas a consultas). Ela também pode ter um impacto positivo no diagnóstico e no tratamento das doenças, bem como uso adequado dos recursos médicos. Além disso, a longo prazo, ela pode reduzir disparidades na saúde entre as minorias e a população majoritária. Para Helman (2009) apesar da utilidade óbvia do conceito de competência cultural, é importante notar que ela não é um substituto para competência clínica. Ser culturalmente competente não necessariamente significa que se é um bom médico ou enfermeiro. A competência clínica é uma importante habilidade complementar que deve ser adquirida por todos os profissionais de saúde, seja qual for o contexto em que trabalhem. Além de lidar com uma população diversificada, essa habilidade é essencial porque as relações entre os profissionais de saúde e seus pacientes de qualquer origem muitas vezes podem ser descritas como um “choque de culturas” em si. De modo geral, a competência cultural nunca é suficiente para lidar com disparidades de saúde dentro de uma sociedade. Como os cuidados de saúde nunca ocorrem em um vácuo, todas as realidades sociais, culturais e econômicas mais amplas da sociedade como suas relações de poder e desigualdades sempre precisam ser levadas em conta ao se tentar melhorar os cuidados de saúde para todos os setores da sociedade. Por fim, a competência cultural sempre exige reflexão por parte dos profissionais de saúde: a capacidade de examinar honestamente sua própria “bagagem” cultural, como preconceitos ou crenças particulares que podem interferir com a administração bem-sucedida e humana dos cuidados de saúde. A diretriz primordial da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina é sua inserção no sistema de saúde direcionada ao tratamento, prevenção de doenças e à promoção da saúde primária, secundária e terciária, estreitando laços com a comunidade local e reafirmando seu compromisso social de atender a todos, sem discriminação. 33 A gestão da SPDM no Hospital Irmã Dulce oferece oportunidades de trabalho para pessoas com deficiência física e intelectual com plano de carreira, auxiliando na inclusão e no crescimento profissional. Todas as ações e projetos desenvolvidos pela SPDM são pautadas na missão institucional que é atuar com excelência na atenção à saúde sem preconceito, distinção ou classificação dos cidadãos. Com base em princípios de ética, transparência e integridade, a SPDM defende, preserva e promove um conjunto de valores: capacitação; compromisso social; confiabilidade; empreendedorismo; equidade; ética; humanização; qualidade; sustentabilidade ecológica, econômica e social; tradição e transparência. A SPDM em conjunto com os gestores locais contribui para a implantação de programas de saúde e capacitação dos profissionais na busca de criar condições para construção de um modelo de atenção à saúde participativo e solidário em um modelo de gestão de serviços de saúde que busca a excelência de forma integrada. 4.PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Os hospitais têm sido observados pela literatura como instituições complexas que lidam com a vida do ser humano (Glouberman; Mintzberg; 1996). No entanto, qual é o valor limite gasto para salvar uma vida? Essa decisão está diante dos gestores dos hospitais, os quais trabalham com orçamentos em que os recursos são escassos. Essa complexidade se dá pela dificuldade de medir a qualidade do serviço prestado devido à sua intangibilidade, aos métodos orçamentários não espelharem essa qualidade, à dificuldade em estabelecer procedimentos para uma tarefa incerta, tendo que confiar na cultura da instituição, na produção e no consumo do serviço, com ocorrência simultânea e aparente dissociação entre área médica e área administrativa (Pettersen, 1995; Pettersen; Nyland; 2006). Os hospitais consomem quase a metade das despesas destinadas ao setor da saúde (Rotta, 2004), no entanto, não é possível estabelecer um padrão de financiamento destes, uma vez que são financiados por diversas fontes de receitas, diversos convênios e contratos com o Sistema Único de Saúde (SUS), receitas financeiras, entre outros (Bittar; Magalhães, 2010). 34Os hospitais conveniados com o SUS são remunerados considerando uma tabela de pagamento preestabelecida, no entanto, há evidências que mostram que esses valores são menores que o custo real quando se trata de procedimentos de baixa complexidade, podendo chegar a 30% do custo mas, para alguns procedimentos de alta complexidade (transplantes e cirurgias cardíacas, por exemplo) as evidências apontam remuneração superior ao custo (La Forgia; Couttolenc, 2009). Sendo assim, a complexidade de uma entidade hospitalar, somada a fontes de recursos que podem não cobrir o gasto efetivo de determinado procedimentos, faz com que a gestão desses hospitais se torne um desafio, uma vez que, teoricamente, exige elevada eficiência quanto à gestão dos recursos (Bonacim; Araujo, 2010). É possível encontrar hospitais públicos gerenciados por meio de ferramentas de gestão como orçamentos. Essa ferramenta refere-se a um plano que a organização usa para obter e consumir recursos financeiros e não financeiros durante um período de tempo (Lu, 2011). O orçamento pode ser usado como um mecanismo de gestão, como forma de autorização a gestores para que gastem determinada quantidade de recursos, como forma de planejamento e controle, como uma ferramenta para influenciar o comportamento do gestor e motivar financeiramente suas práticas de tomada de decisão, como forma de julgamento do desempenho do gestor e cálculo de remuneração (Macinati, 2010). Sendo assim, essa ferramenta poderia contribuir com a melhoria da gestão, desde que incorporadas as características específicas da atividade. Ainda na gestão hospitalar, há evidências da caracterização da separação entre as atividades de gestão e atividades médicas (Lapsley, 2001). Por um lado há a discussão sobre a liberdade média e por outro a limitação de recursos da entidade. Enquanto no primeiro a decisão da alocação dos recursos ficaria com o próprio médico, no segundo há a escassez de recursos devido à extensão dessa decisão para pacientes com quadros clínicos semelhantes no presente e no futuro. (Preston; Cooper; Coombs, 1992). As pressões orçamentárias, com o objetivo de nortear a prática médica para que o médico não renuncie à eficiência, seriam transmitidas pela hierarquia, acompanhada de sanções caso houvesse o descumprimento, como um possível meio de forçá-los a priorizar ou repensar suas prioridade entre a saúde e a rentabilidade da organização (Georgescu; Naro, 2012). 35 Acrescenta-se a esses conflitos entre as atividades de gestão e médicas a influência das escolhas intertemporais do gestor, pois a ferramenta orçamentária com excessivo foco no curto prazo pode desencorajar ideias novas, cujas despesas incorrem no longo prazo (Merchant, 1990; Liebermann; Ungar, 2002). Alinhando a especificidade da fonte de recursos de cada hospital público, como apontado por Bittar e Magalhães (2010), com o processo orçamentário utilizado, somado a isso os desafios da gestão, e suas escolhas que envolvem o bem-estar da vida humana e a finitude da vida, e considerando, também, as particularidades do sistema de remuneração de um hospital público. 4.1 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E CONTROLE HOSPITALAR A função planejamento, no contexto da ciência administrativa, constitui-se em uma das principais ferramentas à disposição dos gestores de qualquer área da organização. Ela está presente em todos os níveis de decisão e, portanto, reveste-se de grande importância para a concretização dos objetivos e metas previamente estabelecidos, na busca do processo de continuidade dos negócios. Mosimann e Fisch (1999, p. 45) conceitua o planejamento como sendo “a determinação dos objetivos a serem atingidos e dos meios pelos quais esses objetivos devem ser alcançados. É a ponte que serve de elo entre o estágio onde estamos e o estágio para onde vamos”. Para Sanvicente e Santos (1995, p.16) planejar é: Estabelecer com antecedência as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuições de responsabilidades em relação a um período futuro determinado, para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados para uma empresa e suas diversas unidades. (Sanvicente; Santos, 1995, p.16). Dessa forma, o planejamento é permeado pelo estabelecimento de um conjunto de procedimentos com vistas à operacionalização das ações administrativas, tendo como base os objetivos a serem atingidos e a capacidade organizacional em termos de recursos disponibilizados pelo fator capital. Assim, a referida atividade precisa ser implementada por meio de técnicas e procedimentos adequados ao modelo de gestão em que os agentes estão inseridos, sempre alinhada com a missão e os valores característicos da organização . 36 Dentro de uma visão de emprego amplo, ou seja, envolvendo todos os níveis da atividade administrativa, a atividade de planejamento, segundo discutido pela maioria dos autores, é tratada, basicamente, em três níveis: estratégico, tático e operacional. Segundo Welsch (1983, p. 21), “O planejamento e controle de resultados pode ser definido, em termos amplos, como um enfoque sistemático e formal à execução das responsabilidades de planejamento, coordenação e controle da administração”. O autor especifica as referidas atividades da seguinte forma, assegurando que elas envolvem a preparação e utilização de: objetivos globais e de longo prazo da empresa; um plano de resultados em longo prazo; um plano de resultados em curto prazo detalhado de acordo com diferentes níveis relevantes de responsabilidade (divisões, produtos, projetos, etc.); e um sistema de relatórios periódicos de desempenho, mais uma vez para os vários níveis de responsabilidades. Desta forma Welsch (1983), coloca a administração como o principal fator de êxito da empresa em longo prazo. A empresa deve possuir um procedimento sistemático regular, considerando a quantidade e a qualidade de seus recursos, coletando informações sobre as condições do ambiente externo que a circunda. Essas informações não apenas permitem uma elaboração mais realista de planos, como também determina as ações corretivas com maior rapidez do que se fossem comunicadas por meio de relatórios isolados. A partir da constatação dessa realidade, o papel da controladoria passa a ter destaque nas organizações. A controladoria, no processo de gestão das organizações, tem o propósito de oferecer o devido suporte e apoio à consecução dos objetivos institucionais. Mosimann e Fisch (1999, p.88) afirmam que: A controladoria, assim como todas as áreas de responsabilidade de uma empresa, deve esforçar-se para garantir o cumprimento da missão e a continuidade da organização. Seu papel fundamental, nesse sentido, consiste em coordenar os esforços para conseguir um resultado global sinérgico, isto é, superior à soma dos resultados de cada área. (Mosimann; Fisch, 1999, p.88). 37 A controladoria, conforme Catelli (1999), “deve atuar em todas as etapas do processo de gestão da empresa, sob pena de não exercer adequadamente sua função de controle e reporte na correção do planejamento”. Assim, a controladoria, cuja função básica é prover e gerenciar informações de suporte ao processo decisório, além de motivar e coordenar a ação dos diversos gestores nas tomadas de decisões, reveste-se de fundamental importância dentro do contexto de organizações. Em um ambiente hospitalar, seja qual for a sua modalidade ou dimensão, encontra-se presente uma grande diversidade de materiais, equipamentos, serviços e profissionais, os quais exigem da administração a utilização de instrumentos sofisticados de gestão e agentes altamente especializados para desempenhar a administração dessa complexa organização. Para atingir a sua missão, a controladoria é responsável pela execução das seguintes atividades: desenvolvimento de condições para a realização da gestão econômica; subsídio ao processo de gestão com informações em todas as suas fases, gestão dos
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