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simplesmente 5 dias na semana; apenas 4, se o bushel custa 4
xelins. (...) Mas como neste reino o salário está muito mais alto,
comparado com os preços dos meios de subsistência, o trabalhador
da manufatura, que somente trabalha 4 dias, possui um excedente
de dinheiro, com o qual vive o resto da semana na ociosidade.
(...) Espero que tenha dito o suficiente para tornar claro que o
trabalho comedido durante os 6 dias da semana não é nenhuma
escravidão. Nossos trabalhadores agrícolas fazem isso e são, con-
forme toda aparência, os mais felizes entre os trabalhadores (la-
bouring poor),473 mas os holandeses fazem isso nas manufaturas
e parecem um povo muito feliz. Os franceses o fazem, na medida
em que não se interponham muitos feriados.474 (...) Porém nossa
plebe meteu na cabeça a idéia fixa de que, como ingleses, per-
tence-lhes por direito de nascença o privilégio de serem mais
livres e independentes que" (o povo trabalhador) “em qualquer
outro país da Europa. Agora, essa idéia, na medida em que afeta
a coragem de nossos soldados, pode ser de alguma utilidade; en-
tretanto, quanto menos os trabalhadores da manufatura tenham
dela, tanto melhor para eles mesmos e para o Estado. Trabalha-
dores nunca deveriam considerar-se independentes de seus su-
periores (independents of their superiors). (...) É extraordinaria-
mente perigoso encorajar a ralé, num país comercial como o nosso,
onde talvez 7 partes de cada 8 da população têm pouca ou ne-
nhuma propriedade.475 A cura não será completa até que nossos
pobres que trabalham não se resignem a trabalhar 6 dias pela
mesma soma que agora ganham em 4 dias”.476
Para tanto, “para a extirpação da preguiça, da licenciosidade e
das divagações românticas de liberdade”, assim como “para a redução
da taxa dos pobres, para o incentivo do espírito da indústria e rebai-
xamento do preço do trabalho nas manufaturas”, nosso fiel Eckart do
capital propõe um meio eficaz, a saber, encarcerar trabalhadores que
passam a depender da beneficência pública, em uma palavra paupers,
numa “casa ideal de trabalho” (an ideal workhouse).
“É necessário tornar tal casa uma casa de terror (house of
MARX
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473 An Essay etc. Ele mesmo conta à p. 96 em que consistia já em 1770 ”a felicidade" dos
trabalhadores agrícolas ingleses. “Suas forças de trabalho (their working powers) estão
constantemente na máxima tensão (on the stretch); eles não podem viver pior do que o
fazem (They cannot live cheaper than they do), nem trabalhar mais duramente (nor work
harder)”.
474 O protestantismo desempenha, mediante sua transformação em dias úteis de quase todos
os feriados tradicionais, importante papel na gênese do capital.
475 An Essay etc. p. 41, 15, 96, 97, 55, 56, 57.
476 Op. cit., p. 69. Jacob Vanderlint declarou já em 1734 que o segredo da queixa capitalista
sobre a preguiça do povo trabalhador consistia apenas em que eles exigiam, pelo mesmo
salário, 6 dias de trabalho em lugar de 4.

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