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LEUCEMIAS AGUDAS, CRÔNICAS, MIELÓIDES E LINFÓIDES Classificação FAB / Franco-Americano-Britânico ー Leucemias DESCRIÇÃO PROGNÓSTICO M1 Sem maturação Desfavorável M2 Com maturação Bom M3 Promielocítica e variação microgranular Bom M4 Mielomonocítica Bom M5 Monocítica | a: sem maturação | b: com maturação Desfavorável M6 Eritroleucemia Desfavorável M7 Megacarioblástica Desfavorável M0 Minimamente diferenciada Desfavorável As leucemias (mielóides e linfóides) são doenças malignas que acontecem na medula óssea e interferem na produção ou proliferação de elementos figurados no sangue ー linhagem de células. Comumente, são idiopáticas ー ou seja, não existem causas, mas existem co-fatores que contribuem para o seu surgimento. São caracterizadas pelo acúmulo de células imaturas ou maduras não-normocíticas no sangue periférico ou na medula óssea. Podem ser de origem mielóide (onde são observados blastos) ou linfóide (onde são observados células muito maduras), a agressividade pode ser aguda (aparecer repentinamente) ou crônica (se desenvolver ao longo dos anos). AGUDA CRÔNICA Evolução rápida Evolução lenta Há blastos na medula medula óssea e na circulação sanguínea Células mais maduras são encontradas na medula óssea e em circulação Esses blastos não conseguem se maturar ー Melhor prognóstico tratamento/cura Pior prognóstico tratamento/cura Dada evolução rápida, pode ser mais grave se não houver tratamento imediato ー Como já mencionado, fatores podem contribuir para o desenvolvimento de uma leucemia, como tabagismo, exposição prolongada a produtos químicos e/ou radiação, quimioterapia (as leucemias pós-químio são as mais graves), vírus (HIV, EBV…), alterações cromossômicas (síndrome de down, patau…) e histórico familiar (primeiro grau). Se dentro do histórico familiar houver casos de leucemia linfocítica crônica (LLC), o risco de desenvolver a doença é 4x maior. Nas leucemias agudas, temos a leucemia mielóide/mieloblástica aguda (LMA) e a leucemia linfóide/linfoblástica aguda (LLA). As leucemias agudas são caracterizadas pela proliferação intensa e descontrolada de células em diversas fases de maturação, o que ocasiona na proliferação de blastos ー isso ocorre por que nas leucemias agudas há um déficit na capacidade de amadurecimento celular, sendo perda total ou parcial desta capacidade. As leucemias agudas são definidas laboratorialmente a partir da contagem de blastos. - Linfoblastos ou mieloblastos maior ou igual a 20% (classificação OMS); - Linfoblastos e mieloblastos maior ou igual a 30% (classificação FAB). A LMA acontece quando células advindas dos granulócitos, monócitos, megacariócitos e eritrócitos ー neste tipo de leucemia são observados MIELOBLASTOS. A LLA acomete células de linhagem linfocítica, como linfócitos T e B, raramente células NK ー neste tipo de leucemia são observados LINFOBLASTOS. Quando há uma leucemia, células de linhagem hematopoéticas ganham clones neoplásicos que possuem alta capacidade de proliferação ー não maturam, permanecem como blastos e esses não possuem função. A expansão exacerbada dessas células ocupa espaço na medula óssea (onde são produzidas), causando uma pancitopenia ー várias linhagens de células que apresentam déficits, o que acarreta ao surgimento de anemia, neutropenia e plaquetopenia/trombocitopenia. Os blastos anormais são capazes de secretar fatores que podem inibir ou induzir fibrose ー esse conjunto de acontecimentos acaba influenciando na hematopoese, havendo uma supressão da mesma. Os blastos, quando em circulação periférica, invadem tecidos como fígado, baço, linfonodos, SNC… entre outros, podendo levar o paciente a óbito, esse fenômeno é chamado de Processo de Infiltração Metastática. A pancitopenia grave também pode ocasionar fatalidade. Fatores intrínsecos (genéticos) e/ou fatores externos afetam uma célula normal ー há um erro no sistema de reparo do DNA mutante ocasionando descontrole reprodutivo e metabólico da célula, resultando no desenvolvimento de uma leucemia. Dentre os fatores genéticos (oncogene), há uma maior proliferação das células com menor ou bloqueio da apoptose, essa alteração desenvolve uma neoplasia. Os oncogenes podem sofrer mutações que os ativam ー os casos onde há deleções (DEL), onde há perda de fragmento do gene; inversão (INV), onde um ou mais fragmentos do cromossomo se invertem ou translocação (T) quando ocorre a troca de fragmentos do cromossomos entre dois cromossomos. Ter o conhecimento do tipo de mutação é primordial para a medida terapêutica. A LMA é uma condição que pode ocorrer a qualquer idade e em qualquer sexo, mas se mostra mais frequente no sexo masculino com mais de 15 anos. É a forma mais comum de leucemia e também a mais grave. Pessoas com alterações cromossômicas (síndrome de Down, Patau…) possuem maior risco de desenvolver a doença e, posteriormente, LLC. Os sintomas são variados: febre, astenia, sudorese noturna, petéquias, hematomas, equimoses, entre outros. Pode haver infecções, hemorragia e anemia → anemias não viram leucemias, mas sua existência pode ser o sinal de uma. Quando há infiltração extramedular (blastos nos tecidos): além dos sintoma já citados, ossos e gengivas podem ser infiltrados ー hiperplasia gengival é comumente vista em casos de Leucemia Monocítica Aguda (M5) e Leucemia Mielomonocítica Aguda (M4), assim como casos de neuroleucemia. Quadros de promielocítica (sangramentos graves na pele) também podem ser observados. Devido a alta porcentagem de leucócitos (normalmente acima de 100.000/mm³), o sangue pode se tornar mais viscoso, resultando em sintomas neurológicos que podem ser simples como uma cefaleia e graves como o coma. Também pode ser relatados sintomas respiratórios de genitourinários. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Os casos de leucemia comumente são descobertos em exames de rotina como o Hemograma. No hemograma pode-se observar: - Presença de anemia normocítica e normocrômica ー ou seja, com tamanho e coloração normal; - Trombocitopenia (plaquetas com contagem inferior a 100 mil); - Leucocitose acentuada, podendo ser até 100.000/mm³ em contagem; - Muitos blastos (acima de 20%) na corrente periférica: - Leucócitos maiores, com cromatina imatura e apresentando mais de um nucléolo; - Pode haver Bastonetes de Auer, esses possuem compostos lisossomais que são ricos em algumas enzimas (como a peroxidase) que formam inclusões cristalinas que formam filamentos; - Grânulos Azurófilos podem ser observados em lâmina; - Quadro de hiperuricemia pode ocasionar quadro de gota. Blastos Bastonetes de Auer Na LMA, o hemograma pode evidenciar: - Eritrócitos elevados (acima de 3.200.000/mm³); - Hemoglobina baixa (normalmente, se apresenta por volta de 8,2 g/dL); - VMC baixo (por volta de 78 fl); - CHCM pode se apresentar em 33%; - Poiquilocitose ー hemácias anormofolas, ou seja, com formato anormal - Os leucócitos totais podem ser acima de 115.000/mm³, com aproximadamente 70% de mieloblastos; - Observa-se plaquetopenia, com valores de aproximadamente 15.000/mm³. O mielograma (aspirado de medula óssea) é muito importante para a definição do tipo de leucemia, tendo >20% blastos, pela OMS pode-se considerar um quadro de LM. Os corantes usados devem preservar a composição e morfologia das células a serem analisadas, a citoquímica é importante devido o auxílio no diagnóstico e diferenciação das leucemias. Os corantes mais usados são: Sudan Black, Mieloperoxidase, Esterase Específica e Fosfatase ácida. A imunofenotipagem é utilizada para a determinação da linhagem celular, analisando sua maturação. A imunofenotipagem é realizada através da citometria de fluxo e anticorpos monoclonais são marcados com fluorocromos que, devido a afinidade com receptores específicos, podem apresentar as células modificadas. Durante a análise citogenética, pode-se observar que as células de leucemias agudas possuem ciclo celular curto, as células são imersas em uma solução com KCl por até 20 minutos (causa edema/inchaço e separa os cromossomos). Cora-se as lâminas com Giemsa ou Leishman. Na LLA,pode haver acúmulo de linfoblastos na medula ósseaー esse tipo de leucemia é comum vista em crianças, onde 70% dos casos são observados em indivíduos com menos de 20 anos, principalmente em 3 e 4 anos de idade. Comumente, está relacionada com infecções de retrovírus (como HIV). A classificação FAB: L1 Presença de pequenos blastos com tamanho uniformes, pouco citoplasma L2 Os blastos presentes são maiores e heterogêneos, citoplasma mais abundante que L1 L3 Presença de blastos grandes e vacuolizados, citoplasma basófilo ー normalmente, LB. Em quesitos sintomatológicos, são bem semelhantes a LMA ー como febre, petéquias, epistaxe, síndromes meníngeas… Porém, não há hiperplasia gengival, mas são observados sangramentos na gengiva e mucosas. No hemograma, pode se observar anemia normocítica e normocrômica ー hemácias com policromasia e anisocitose, plaquetopenia, linfoblastos acima de 20% e é variável a leucopenia presente ー leucopênico, leucopênico e linfopênico, leucocitose acima de 200.000/mm³. O mielograma pode apresentar 20 a 30% de blastos. O corante mais utilizado para casos de LLA é a fosfatase ácida. Nas leucemias crônicas, temos leucemia mielóide crônica e leucemia linfóide crônica, há um acúmulo lento e progressimo de células clonadas neoplásicas leucocitárias no sangue periférico e na medula óssea. As células conseguem se maturar. Nesse tipo de leucemia, há um prognóstico ruim e trazem redução na longevidade dos pacientes. Sobrevida de 2 a 5 anos em pacientes com Leucemia Mielóide Crônica Sobrevida de 1 a 10 anos em pacientes com Leucemia Linfóide Crônica LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA Raramente são observadas em crianças, mas representam 20% das leucemias que acometem adultos com mais de 45 anos (principalmente aos 60 anos). Não há distinção de raça ou sexo, acomete a todas as raças e sexos da mesma forma. Seu início costuma ser assintomático. Possui três fases: - FASE CRÔNICA: assintomática e indolor; - FASE DE ACELERAÇÃO: agressiva, aumento na contagem dos granulócitos e resistência a terapia convencional; - FASE BLÁSTICA: transformação em leucemia linfóide (se a doença inicial for de linhagem mielóide) ou vice-versa. Isso pode ocorrer geralmente após 5 anos após a fase crônica e ao não tratamento inicial. A LMC integra o grupo das doenças mieloproliferativas, onde ocorre uma expansão clonal de uma célula progenitora hematopoética devido a uma transformação genética. No sangue periférico, pode-se acumular segmentados, bastonetes, entre outros. Comumente, são observadas translocações entre os cromossomos 9 e 22 ー o gene mutado forma um gene quimérico BCR/ABL que frequentemente está relacionado a LMC. As manifestações não fogem da sintomatologia das leucemias até aqui já estudadas: anemia, plaquetopenia - que ocasiona quadros hemorrágicos. Há desequilíbrio metabólico (sudorese noturna), febre e pode haver esplenomegalia. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Pode haver hiperleucocitose >25.000/mm³, podendo haver a Síndrome da Leucocitose ー quando os leucócitos no sangue periférico podem chegar a 1.000.000/mm³. Pode-se observar basofilia, eosinofilia, anemia normocítica e normocrômica, trombocitose(>plaquetas), neutrofilia com desvio à esquerda até o mielócito ou mieloblasto. Pode ser realizado estudo de cariótipo em busca do cromossomo Ph, busca do gene BCR/ABL+ através do PCR e realização de teste bioquímico de dosagem de ácido úrico que se mostrará elevado. LEUCEMIA LINFÓIDE CRÔNICA Segundo tipo de leucemia mais frequente, conferindo a 30% dos casos. As células B maduras se acumulam progressivamente, sendo acumuladas 80% dessas células e os 20% restante conseguem se transformar em plasmócitos. Há proliferação monoclonal, sendo apresentado também um fenótipo característico na circulação periférica. Pacientes clinicamente assintomáticos apresentam laboratorialmente linfocitose. Sintomatologicamente, pode haver febre, sudorese noturna, aumento dos linfonodos, hepatomegalia e/ou esplenomegalia, podendo ser observados esses dois últimos em casos mais avançados da doenças. Pode haver imunossupressão. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL - Leucocitose que pode chegar a 500.000/mm³ leucócitos; - Linfocitose acentuada, sendo superior a 8.000/mm³ ー 70%; A células linfóides, apesar de maduras, são menores. - Presença de Manchas de Gumprechtー linfócitos frágeis que se rompem durante o esfregaço/extensão sanguínea; - Anemia normocítica e normocrômica; - Hipogamaglobulinemia. Também pode ser realizado diagnóstico citogenético e através de imunofenotipagem.
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