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FILOSOFIA 
PROFESSOR
Me. Rubem Almeida Mariano 
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2680
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. MARIANO, Rubem Almeida.
Filosofia. 
Rubem Almeida Mariano.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
240 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Filosofia 2. Conhecimento 3. Sociedade . EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Maria Cristina Araújo de Brito
Cunha
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Bruna Stefane Martins Marconato
Design Educacional
Ivana Cunha Martins 
Kaio Vinicius Cardoso Gomes 
Revisão Textual
Carla Cristina Farinha
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 101 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-095-6
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio-
nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val 
Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane 
Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de 
Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina 
da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais 
Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração 
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Me. Rubem Almeida Mariano 
Doutorando em História pela Universidade Estadual de Maringá (2019) e mestre 
em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP (1997). 
Possui Graduação em Teologia - Seminário Teológico de Londrina da Igreja Presbite-
riana Independente – STL (1990); em Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração 
– USC (1999); e em Psicologia pelo Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR 
(2009). Professor Universitário com experiência nas disciplinas do Curso de Psicolo-
gia: Filosofia, Psicologia Social, Introdução à Psicologia, Ética Profissional, Fenomeno-
logia, Psicologia da Saúde, Gestalt-terapia, Avaliação Psicológica, Orientação e Elabo-
ração de TCC e nas disciplinas do Curso de Teologia: Filosofia da Religião, Educação 
Cristã, Teologia da Comunicação, Aconselhamento e Capelania Cristãs e Orientação 
e Elaboração de TCC. Professor de pós-graduação com experiência nas disciplinas 
de Metodologia de Ensino e Científica, Filosofia, Ética Profissional, Ensino Religioso, 
Aconselhamento Pastoral, Psicologia Aplicada à Saúde, à Educação à Comunicação. 
Ministra palestra sobre os seguintes temas: Sociedade, Filosofia, Ética Profissional, 
Aconselhamento Pastoral, Religião, Assédio Moral. Livros e textos produzidos nas 
áreas da Ciências da Religião, Teologia, Filosofia e Psicologia. Psicólogo Clínico na 
Abordagem da Gestal-Terapia e Perito - Assistente Técnico na área da Saúde Mental.
http://lattes.cnpq.br/0634102403900329 
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
FILOSOFIA
Olá caríssimo(a), seja muito bem-vindo(a) aos estudos sobre Filosofia.
Antes, de qualquer comentário mais específico, relacionado à proposta teórico-pedagógica 
sobre essa disciplina, quero, primeiramente, parabenizá-lo(a) pela iniciativa de se valorizar, 
investindo em você mesmo(a) nessa necessária e ambiciosa empreitada que é a sua própria 
formação e capacitação profissional. O cuidado consigo mesmo(a) é um testemunho vigoroso 
de respeito a si mesmo e de saúde emocional.
Em segundo lugar, a disciplina, que ora inicia, faz parte do currículo do seu curso e foi aprovada 
pela Unicesumar sob o olhar atento do Ministério da Educação e Cultura – MEC. Desde o início 
do novo século, circulam as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação que tem como 
objetivo fortalecer a formação de profissionais competentes, críticos e comprometidos com o 
exercício da profissão. Especificamente, a Resolução CNE/CES n. 15, de 13 de março de 2002, 
do MEC (BRASIL, 2002) assinala um perfil profissional que ressalta uma atuação competente, 
promotora, criativa e propositiva como profissional do Serviço Social, no conjunto das relações 
sociais e no mercado de trabalho.
Nesse sentido, ainda, exigem-se competências e habilidades na formação profissional, que, de 
forma geral, são: compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento 
sócio-histórico , nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação 
contidas na realidade; identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular 
respostas profissionais para o enfrentamento da questão social.
Não se assuste caríssimo(a). Diante disso, não há milagres. Não há atalhos. Não há fórmulas 
mágicas ou a aquisição do conhecimento por osmose (transmissão material do conhecimen-
to). Aprender, conhecer e se desenvolver não tem outro método, a não ser: estudando, lendo 
e aprendendo. Essa parte é sua. A nossa é oferecer uma proposta curricular que atenda às 
diretrizes nacionais para a sua formação de maneira excelente. A disciplina de Filosofia está 
presente como disciplina propedêutica, ou seja, como disciplina nas áreas humanas que pre-
cede, como fase preparatória e indispensável, do seu curso para a sua formação profissional 
ou intelectual. 
D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O
Logo, a tarefa não é simples, mas é, absolutamente, desafiadora. Como é desafiador fazer 
uma viagem para um novo mundo. Nesse sentido, quero convidá-lo(a) para fazer uma viagem 
ao mundo maravilhoso da Filosofia. Aprender a pensar de uma maneira muito especial e 
imprescindível para os nossos dias: organizar o pensamento, sistematizar as ideias e saber 
fazer a boa crítica que se torna uma verdadeirabússola na construção do conhecimento e 
na desconstrução do não conhecimento, por exemplo, as Fake News. 
Nessa perspectiva, caríssimo(a), estruturamos as cinco unidades com temas clássicos, inte-
ressantes e atuais que o(a) levarão para lugares que esperamos que você queira, novamente, 
visitá-los, em outras viagens que você fizer sozinho(a). Ressaltamos que, das cinco unidades 
que tem este livro, em quatro, abrimos com a aula sobre o porquê, ou seja, quais razões 
ou motivos da filosofia, do conhecimento, da ética, da moral e da política. O objetivo é bem 
simples, ensinar fazendo, ou seja, enquanto você estuda filosofia, já vê como se constrói o 
pensamento crítico e a autocrítica na perspectiva filosófica.
Estruturalmente, portanto, são cinco unidades temáticas: pensar filosoficamente; introdução à 
filosofia; conhecimento e antropologia filosófica; ética, moral e sociedade; e, por fim, política e 
sociedade. Como você pode perceber, caríssimo(a), a nossa proposta é fazer um cruzamento 
entre os aspectos históricos e temáticos, sem perder o foco e a qualidade das discussões, mas 
também não cair na vala comum dos manuais de filosofia que repelem e tipificam concepções 
preconceituosas sobre a disciplina.
Do ponto de vista da aprendizagem, caro(a) aluno(a), temos em cada uma das cinco unidades, 
os seguintes objetivos: (1) justificar a importância do pensamento filosófico crítico e fazer as 
primeiras aproximações sobre a forma de pensar e elaborar ideias, à luz da metodologia filo-
sófica; (2) introduzir conhecimentos elementares sobre a História da Filosofia, que abordam 
da antiguidade ao tempo contemporâneo, sempre primando pelas características principais 
de cada período; (3) analisar a importância do conhecimento (epistemologia) humano para 
os nossos dias e a sua importância no incremento crítico do ato criativo, transformador e 
dignificante do ser humano, por meio do trabalho; (4) conhecer, de forma crítica, os funda-
mentos e as teorias filosóficas sobre a ética e a moral bem como as suas importâncias para o 
desenvolvimento da convivência social; (5) analisar os fundamentos teóricos e as concepções 
políticas clássicas e as suas implicações na formação dos estados e dos governos nacionais 
bem como as relações de poder que se estabelecem na sociedade por meio de ações polí-
ticas, por exemplo, a valorização dos direitos humanos e das políticas públicas, como forma 
de enfrentamento dos conflitos existentes na questão social.
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
Caríssimo(a) aluno(a), volto a lembrá-lo(a) de sua excelente escolha, mas ela se concretizará 
quando, no silêncio das noites ou das madrugadas, nos intervalos do seu almoço ou do jantar, 
nos finais de semana (quando os seus amigos e amigas começarem a chamá-lo(a) para as 
diversões e as baladas), você estudar. Como lhe disse no início, não existe outro método a não 
ser o estudo atencioso da matéria a ser compreendida. Posso lhe antecipar que esse tempo 
passará e você, pode não acreditar, sentirá saudades do tempo da faculdade. Do nosso lado, 
estamos preparados para ficar com você nesse tempo.
Assim, seja bem-vindo(a) mais uma vez e vamos iniciar a nossa viagem ao mundo maravi-
lhoso da Filosofia propriamente dita. Acomode-se, sente-se, aperte os cintos e vamos partir. 
Vamos lá? 
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
PENSAR 
FILOSOFICAMENTE
10
INTRODUÇÃO 
À FILOSOFIA
62
106 
CONHECIMENTO 
E ANTROPOLOGIA 
FILOSÓFICA
154
ÉTICA, MORAL 
E SOCIEDADE
194
POLÍTICA E 
SOCIEDADE
234
CONCLUSÃO 
GERAL
1
PENSAR 
FILOSOFICAMENTE
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O porquê da Filosofia hoje • A 
presença da Filosofia na vida cotidiana • As características do pensar mítico • As características do 
pensar filosófico • Os tipos de conhecimento humano presentes na sociedade atual.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Entender o porquê da Filosofia nos dias de hoje • Compreender a presença da Filosofia na vida coti-
diana • Entender as características do pensar mítico • Estudar as características do pensar filosófico • 
Compreender os tipos de conhecimento humano presentes na sociedade atual.
PROFESSOR 
Me. Rubem Almeida Mariano
INTRODUÇÃO
Estimado(a) aluno(a), pensar filosoficamente é um modo interessante de 
se comunicar no mundo e, em especial, nos dias de hoje. O conhecimento 
se torna, a cada dia mais, uma moeda poderosa de status e de sobrevivên-
cia da espécie humana, quer no sentido individual ou coletivo. Hoje, o 
conhecimento filosófico-científico, uma das formas conjugadas de pensar, 
tem obtido um significativo valor na e para a sociedade e o mercado pro-
fissional. Contudo o poder de pensar filosoficamente vai além, isto é, não é, 
apenas, o de ter as condições para o desenvolvimento de um determinado 
tipo de pensamento que esteja em alta, em um dado momento ou lugar. 
O conhecimento não pode ser entendido, apenas, como uma tecnologia, 
pois, apesar dessa concepção ser importante, ela não é suficiente; sendo 
assim, é imprescindível aprender a pensar meta-filosoficamente, pois esse 
modo de pensar desenvolve a capacidade de elaboração e de compreensão 
do ato de conhecer, isto é, saber discutir a sua natureza e como se dá a sua 
produção. Ainda, nesse sentido, o pensar meta-filosoficamente possibilita 
a você a oportunidade única de se constituir como ser autônomo social-
mente, sujeito de sua própria história de vida e participante da sociedade. 
Para atender a pretensão citada anteriormente, que é aprender a pensar 
meta-filosoficamente, esta unidade tem como objetivos: conhecer os fun-
damentos do pensar filosoficamente, diferenciar os tipos de conhecimen-
tos humanos presentes na sociedade e ressaltar a importância do pensar 
filosófico na formação pessoal, acadêmica e profissional. Para tanto, nesta 
unidade, trataremos, nas seguintes aulas: o porquê da Filosofia hoje; a pre-
sença da Filosofia na vida cotidiana; as características do pensar mítico; 
as características do pensar filosófico e os tipos de conhecimento humano 
presentes na sociedade atual. Por fim, caro(a) aluno(a), aproveite ao máxi-
mo os estudos desta unidade, a qual considero uma breve introdução do 
nosso livro de Filosofia, pois ela oferece condições básicas e necessárias, 
epistemologicamente, para que você possa acompanhar as discussões não 
somente deste livro, mas de outros livros e assuntos pertinentes à sua for-
mação acadêmico-profissional. Bons estudos!
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O PORQUÊ 
DA FILOSOFIA 
hoje
Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! A partir de agora, iniciaremos uma 
viagem ao mundo maravilhoso da Filosofia. Diante dessa saudação e convites 
iniciais, você pode “pensar com seus botões”, logo nesta largada dos seus estudos 
sobre filosofia: “esse professor já chega chegando e se achando”, “viagem ao mundo 
maravilhoso da Filosofia?”. Não é nada disso, espere um pouco, caro(a) aluno(a)! 
Não tire conclusões precipitadas e, também, não me entenda mal, certo? Não 
seio que você pensa, mas, longe de mim, achar que estudar filosofia nos dá um 
atestado de inteligência superior vitalícia (para a vida toda), pois isso, soa pura 
arrogância. Pelo contrário, quando estudei e conheci esse mundo maravilhoso 
da Filosofia aprendi a valorizar o espírito da humildade, dentre outras coisas 
boas. Lembro-me de ensinamentos muito necessários que utilizo até hoje: como 
refletir criticamente sobre os meus próprios atos, diante de mim mesmo e dos 
meus amigos e familiares, bem como desenvolver uma forma de pensar argu-
mentativa para escrever com mais confiança, coerência e coesão textuais; outros 
ensinamentos sempre que necessito, visito os livros em que estão as ideias sobre 
o ato de pensar filosoficamente. Tenho consciência e isso quero partilhar com 
você, meu caro(a) aluno(a). Quando a questão é a defesa da vida humana, diante 
das inúmeras situações que podem afligi-la, e que eu e você estamos sujeitos, a 
Filosofia pode ajudar, e muito. E isso não é conversa fiada de professor de Filo-
sofia. Você vai ver, vem comigo! 
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Pense na seguinte questão que apresentaremos, seguida imediatamente de 
uma pergunta: quando a gente se propõe a fazer uma viagem, seja ela de média ou 
de longa distância, temos que levar acessórios e equipamentos que são importan-
tes e necessários tê-los em nossa mala ou mochila. Que acessórios e equipamentos 
costumamos levar em uma viagem? Além de roupas de uso pessoal, de banho, 
de higiene e medicamentos, temos de levar, também, um aparelhinho chamado: 
“celular”. Acredite, se quiser: hoje, ninguém, neste mundo de meu Deus, viaja sem 
levar consigo um celular; e se for um iphone, claro que é melhor. Brincadeiras 
à parte, hoje, um celular é tão necessário quanto, ou melhor, levar a boa e velha 
cadernetinha de anotações e, até mesmo, a nossa cabeça. Eu sei, estou exagerando 
um pouco, porém veja essa história e se não tenho um pouco de razão: esses dias, 
eu conversava com uma motorista de aplicativo e ela me dizia: “moro aqui, mais 
de 20 anos, e conheço bem a nossa cidade; mas, hoje, por causa do uso diário 
do aplicativo de localização, eu não sei mais como chegar em um local, mesmo 
que tenha estado várias vezes nele. Confesso, que, sem o aplicativo, fico perdida” 
afirmou com um sorriso largo e desconcertada. Essa conversa está parecendo 
uma conversa de loucos. Nada disso! Não é loucura, mas é a mais pura realidade 
em nossos dias.
Você pode estar se perguntando: “aonde ele quer chegar?”. Veja só! Quando 
comparo a importância de um celular com a nossa cabeça, nada mais faço do 
que constatar, a partir da realidade social e tecnológica atual, que esse equipa-
mento está tomando o lugar da nossa cabeça. Pense comigo: o que temos dentro 
da nossa cabeça? Fisicamente, um cérebro, nosso hardware! Verdade, isso nós já 
sabemos. Mas você sabe o que tem dentro de um cérebro? Hoje, os cientistas têm 
estudado mais o nosso cérebro; sendo assim, existe uma área de conhecimento 
chamada Neurociência, que se dedica muito para conhecê-lo, além de ter nos 
ajudado a viver melhor, principalmente, em nosso cotidiano. Uma informação 
que já temos é que, além de comandar, neurologicamente, todas as nossas ações 
e comportamentos, o cérebro tem a capacidade de armazenar e buscar informa-
ções que precisamos para a realização das nossas atividades cotidianas. O celular, 
também, tem um cérebro cheio de informações, que são armazenadas nas cha-
madas “memórias”, e uma delas é a memória interna. Porém esse cérebro que o 
celular possui consegue, de uma forma muito mais eficiente e rápida do que um 
cérebro humano, buscar e apresentar, na palma da nossa mão, as informações 
que precisamos, apenas, em um click sobre um assunto que temos interesse ou 
urgência. Além disso, hoje, o celular pode acessar muitas informações sobre os 
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mais diversos assuntos na internet; principalmente, informações sobre objetos, 
lugares ou como nos locomovermos de forma rápida e segura para chegar no 
destino que almejamos, como dar nó em gravata ou colocar cadarço em tênis, 
dentre tantos outros assuntos. 
Possivelmente, você já sabe quem fez o celular. Não sabe? Não me refiro, aqui, 
especificamente, ao seu inventor, mas chamo a sua atenção para o ser humano. 
Foi ele quem criou e continua desenvolvendo o celular com as suas percepções 
diante das necessidades que vive, ao longo do tempo. De tal maneira, que o celular 
já pode ser considerado uma extensão do nosso corpo e do nosso próprio cérebro 
(BORBA; LACERDA, 2015). Tendo um cérebro para armazenar as informações 
fora do nosso próprio corpo, como um tipo de HD externo, que nos acompanha 
para onde formos. Você, certamente, não acha tudo isso uma loucura, pois você 
é um nativo deste mundo tecnológico, mas a minha geração, certamente, acharia 
pura piração. O celular é muito útil como instrumento de comunicação, pois não 
nos deixa esquecer as informações e podemos tê-las sempre que desejamos, apenas, 
acessando com alguns comandos; e, claro, dependendo, também, da capacidade da 
internet, podemos buscar, muito mais rapidamente, informações de lugares, países 
e continentes, em um instante. Nesse sentido, hoje, temos condições de acessar 
muito mais informações e notícias, basta que utilizemos o celular. Pronto, temos a 
informação que precisamos. Isso é, sem dúvida, espetacular demais! Torna a vida 
um pouco mais leve e cômoda. Por fim, nesta parte, para não perder o hábito de 
filosofar, o celular está se transformando em um tipo de entidade, isto é, a cada dia, 
precisamos mais dele. Isso pode ser fantástico e, também, aterrorizante, pois já se 
fala em dependência do aparelhinho como transtorno emocional, mas isso não 
vem ao caso, neste momento. 
Agora, convido você a pensar sobre a admiração humana, fazendo o seguinte 
questionamento: assim como o mundo tecnológico da informação, é fascinante, 
também, termos a capacidade natural de admirar o mundo em que vivemos; por 
exemplo, não ficamos admirados quando vemos, sentimos e experimentamos as 
águas salgadas do mar pela primeira vez? Ou quando voamos de avião, também, 
pela primeira vez e contemplamos do alto céu a imensidade da terra, das florestas, 
montes, montanhas e das mais diversas cores da fauna e da flora, dos rios e suas 
silhuetas e da imensidão dos mares e oceanos que se estendem e se perdem no ho-
rizonte do céu azul anil? Além disso, há muitas perguntas que nos deixam engasga-
dos quando estamos diante de algo que nos fascina e nos arrebata pela curiosidade 
de conhecer. Logo nos vem o ato de perguntar: “o que é isso? De onde vem? Para 
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onde vai? Alguém fez tudo isso? Quem fez? Para que serve isso ou aquilo?”. Todas 
essas perguntas ou questionamentos que surgem são frutos da nossa admiração. 
Elas podem parecer muito natural, quando você se depara com o desconhecido. 
Contudo “perguntar” da maneira como perguntamos, hoje, não é uma atitude na-
tural do ser humano, como se fosse um fenômeno físico, químico ou bioquímico, 
como as águas de um rio que correm por meio de um leito em meio às matas e 
florestas, ou como a chuva que cai suavemente no início de uma manhã. O quê? 
O ato de perguntar foi criado? Feito por alguém? Sim, isso mesmo. Perguntar foi 
uma criação do ser humano, há mais de 2,5 mil anos, pelos gregos, por meio de 
um jeito de pensar, de articular o pensamento. O nome dado para esse jeito de 
pensar foi batizado de filosofar, e, assim, surgia a Filosofia, no mundo a partir do 
Ocidente (CHAUÍ, 2015). 
No título desta aula, aparece a palavra: “porquê”, e Ferreira (2004) nos informa 
que essa palavra, escrita dessa forma, é um substantivo masculino que pede explica-
ção sobre um determinado fato, razão ou motivo sobre alguma coisa. Nesse sentido, 
pode-se fazer a seguinte pergunta: “quais os fatos, razões ou motivos que tornam a 
filosofia importante para quem estuda na universidade, como você e seus colegas?” 
Nessa mesma direção, surgem outras perguntas,como: “o que é filosofia? Para que 
ou para quem ela serve? Como pensar filosoficamente?”, e as possíveis respostas 
serão encontradas ao longo desta nossa viagem que, apenas, está se iniciando. Mas, 
agora, temos que terminar este primeiro tópico, minimamente, cientes do porquê 
da filosofia hoje. Então, listaremos os motivos, ou dito melhor, as finalidades da 
filosofia para quem vive e quer viver melhor em nosso tempo não como objeto de 
outros seres humanos, mas como sujeito de sua própria história. Ninguém gosta 
de ser tratado como se fosse um fantoche ou marionete. Por isso, estudar é um ato 
libertador, como já dizia Freire (2011), e, muito mais, é quando essa aprendizagem 
tem, como base, uma formação filosófica adequada e consistente, vejamos: 
1. Aprender a interpretar as atitudes das pessoas, suas intenções e disposições.
2. Aprender a ler além da palavra o mundo, o seu contexto.
3. Buscar sentido no seu pensar e no seu agir na sociedade.
4. Desenvolver as diversas inteligências humanas, a sua relação consigo mes-
mo, o seu meio e outras formas de vida existentes.
5. Saber viver consigo mesmo e em meio as outras pessoas, saber se calar 
e se manifestar, saber discernir o bem do mal, mesmo quando este se 
transforma, aparentemente, naquilo que é bom e justo como vemos as 
chamadas fake news.
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6. Olhar e ver as palavras e ações daqueles que estão à margem ou esqueci-
dos, ou, ainda, não são ouvidos pela maioria da sociedade como sendo, 
também, importantes.
7. Poder interpretar as ações, falas e intentos dos que estão longe, mas, tam-
bém, daqueles que estão perto e não são vistos nem notados.
8. Entender e diferenciar o que vem a ser ética, moral, imoral e amoral bem 
como distinguir entre querer, dever e poder das nossas ações em sociedade.
9. Buscar a liberdade e a felicidade, não só com o coração ou com a vontade, 
mas, também, com a razão.
10. Respeitar a si mesmo e ao outro ser humano não, somente, em palavras, 
mas em gestos e atitudes concretas.
11. Entender como se dá as elaborações epistemológicas do conhecimento e 
suas mais diversas construções e utilidades para a humanidade.
12. Compreender a linguagem humana e suas mais diversas manifestações 
por meio da fala, da escrita, da expressão corporal, pictórica, espiritual, 
dentre tantas outras manifestações culturais.
13. Discernir os conflitos humanos e se posicionar diante deles com autono-
mia e ciência de sua posição.
14. Ler e interpretar a história da humanidade e seus ensinamentos, bem 
como tirar as devidas lições para a vida pessoal e social, a partir daqueles 
que viveram no passado e vivem na atualidade.
15. Adentrar no mundo da interioridade e da subjetividade humana e nas 
suas relações com os outros seres vivos do nosso ecossistema.
16. Olhar a cultura humana e ver nela as expressões de diversidade, das aspi-
rações e anseios dos povos vivos ou já extintos.
17. Compreender a questão do poder e as suas formas de expressão política, 
de governo e de sistemas organizacionais, ao longo do tempo e em nosso 
cotidiano.
18. Saber diferenciar o ser humano nos aspectos individuais e sociais e vice-
-versa.
19. Perceber o sentido das teorias e sistemas filosóficos, sociológicos, teoló-
gicos, psicológicos, antropológicos, dentre tantos outros.
20. Ler o que não está escrito, dito ou falado nas falas e nas produções cultu-
rais e artísticas do ser humano.
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21. Saber ouvir o silêncio e entender o que se diz, da maneira que está sendo 
dita, bem como saber diferenciar o ato do “silêncio” do ato de “ser silen-
ciado” na vida individual ou coletiva da humanidade.
22. Caminhar pelos mundos da paixão, do amor, da dor, do sofrimento, da 
paz, da alegria, dos conflitos e, assim, enxergar a si mesmo e o outro, em 
uma relação EU-TU-NÓS e não, de forma espúria, EU-TU-ISSO.
23. Perceber os diversos momentos da humanidade e as suas mais expressivas 
necessidades e ações, que, de alguma forma, deixaram heranças funda-
mentais para os povos de todo o mundo.
24. Compreender as diversas formas de comunicação e discernir entre os 
seus conteúdos e intentos: por que isso está sendo divulgado agora e desta 
forma e não o foi antes ou daquela outra maneira?
25. Ler uma biografia de alguma personalidade conhecida, badalada, ou, sim-
plesmente, anônima, e ver não somente aquilo que seu autor quer trans-
mitir sobre a personagem bibliográfica, mas aquilo que você, por meio 
do saber filosófico, apreende única e exclusivamente, mediante a relação 
que se dá cognitiva, afetiva e espiritualmente da sua leitura.
26. Compreender e distinguir as epistemologias sob a direção da razão, da fé 
ou da vontade humana.
27. Ver o belo ou o estético nas manifestações culturais e artísticas das perso-
nalidades consagradas ou anônimas, estas últimas que não caem no gosto 
estético de pessoas poderosas ou de uma, duas ou três gerações, mas que 
fala, silenciosa e contundentemente, ao coração, mesmo que seja de um 
único ser humano solitário.
28. Ser um meio, uma ponte ou um instrumento de acesso ao ser humano e 
sua realidade onde vive, bem como saber lançar sobre essa realidade as 
suas próprias ideias e ações, para que haja diálogo com outras pessoas 
e, dialeticamente, seja influenciado (constituído) e influenciar (consti-
tuidor) sua própria subjetividade e as intersubjetividades (outros seres 
humanos), que se relacionam em seu tempo e espaço.
29. Cuidar da própria saúde, do próximo e da humanidade, por meio do 
pensar instrumental ou tecnológico.
30. Fomentar saberes necessários para a formação do ser humano como tal.
31. Resistir as aventuras e os modismo beligerantes que tanto tentam contra 
a própria existência humana, como ato de autodestruição.
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32. Poder dizer o que bem quiser, mesmo que ninguém note ou escute você, 
no momento.
33. Sentir e interpretar a letra ou a melodia de uma música, consagrada ou não.
34. Compor música, poesia, prosa ou qualquer outra coisa que se possa pen-
sar, falar ou escrever.
35. Brincar com os pensamentos e com as palavras no seu interior ou com 
pessoas próximas ou distantes que se interligam, por meio das redes so-
ciais ou dos mais diferentes ambiente virtuais que se fazem presentes.
36. Expressar o seu amor ou raiva, bem como saber interpretar o amor de 
quem o quer bem ou aquele que o odeia.
37. Adentrar, silenciosamente, nos mais diversos mundos dos seres huma-
nos, como: nos mundos dos religiosos, dos neuróticos, dos psicóticos, 
dos artistas, dos políticos, dos tímidos, dos depressivos, dos bipolares, dos 
ansiosos, dos perversos, dos psicopatas, dos socialistas, dos comunistas, 
dos liberais, dos fascistas, dos antissociais, dos trabalhadores, dos servi-
dores públicos, dos profissionais liberais, dos mártires, dos monstros, dos 
abusadores, dos abusados, dos assediados, dos assediadores, das crianças, 
dos jovens, dos gays, das lésbicas, dos heterossexuais, dos bissexuais, dos 
pobres, dos miseráveis, dos ricos, dos machos, dos brancos, amarelos, ín-
dios e negros, dos milionários, dos donos da mídia, dos falidos, dos bem 
sucedidos, dos poderosos do capital financeiro, dos empresários, das mães 
que sofrem a perda de um filho, dos cientistas, dos pesquisadores, dos 
analfabetos, do doutores, dos sábios, dos que meditam, dos que vivem só, 
dos que vivem acompanhados, dos que moram nas periferias dos grandes 
centros ou nos lugares mais longínquos dos grandes centros urbanos, dos 
estudantes universitários, bem como dentre tantos outros mundos, que 
independem do poder da escrita ou da comunicação. A filosofia serve 
para o ser humano se aproximar e entender a si mesmo e as mais diversas 
formas de sua humanidade, as quais podem ser criadas, ou afirmadas, ou 
negadas, ou combatidas, vorazmente.
38. Dar condições ao ser humano na árdua missão de distinguir a diferença en-
tre uma notícia ou imagem verdadeiras ou das fake news nas redes sociais.
39. Buscar entender o significado e o sentido do que éfeito e produzido pelas 
mãos humanas, em todos os tempos, como a descoberta da roda, do fogo, 
da chave, da bola, dentre tantos outros inventos.
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40. Aprender a distinguir, preservar e conservar o que é necessário, essencial 
e durável do que é desnecessário, secundário e efêmero.
41. Ter a capacidade de usar as palavras na escrita ou na fala com o sentido e 
tom que bem quiser ou desejar, bem como saber se defender do outro ser 
humano quando esse lhe impõe, nas suas palavras, outros sentidos que 
não aqueles pretendidos por você mesmo.
42. Ter condições de criar, elaborar e desenvolver um projeto desde as pri-
meiras pinceladas, elaborações de sua produção textual até o seu desen-
volvimento teórico e prático.
43. Escolher o que quer, deseja ou imagina como sendo bom e justo para si 
ou para as pessoas que vivem ao seu lado e que partilham a existência 
com você.
44. Desenvolver o autoconhecimento por meio da análise de si, das suas ca-
pacidades, habilidades e limites cognitivos, afetivos e comportamentais.
45. Por fim, em minha lista, é claro, como diria Aristóteles, buscar a felicidade 
(ARISTÓTELES, 2000). Porém, para não perder o hábito filosófico, o que 
é felicidade? Qual a sua natureza? É ter bens materiais ou espirituais? Um 
historiador dos nossos tempos, Harari (2018), disse que filósofos, religio-
sos e poetas chegaram a uma conclusão mínima de que a felicidade está 
implicada com os fatores sociais, éticos e espirituais.
Você está vendo, caro(a) aluno(a), o que é ser capaz de pensar filosoficamente? 
Modestamente, podemos lhe afirmar que essas finalidades da filosofia vão lon-
ge, é só para você ver que podemos continuar essa lista. Que tal você, também, 
acrescentar outras finalidades da importância da filosofia para o ser humano, 
após você estudar um pouco mais de filosofia? Está feito o desafio, como aqueles 
desafios que as pessoas fazem umas para as outras nas redes sociais, você topa? 
Agora, para finalizar esta aula, o que você entende desta ideia: a filosofia, utiliza 
um tipo de pensamento que chamamos de crítico, serve sempre para ajudar o ser 
humano na compreensão de si mesmo e do outro bem como agir em prol de si 
mesmo e do meio onde vive, para garantir a sua vida e existência. Uma questão de 
sobrevivência da nossa espécie. O que você acha disso? O que você percebeu dessa 
aula? O que destacaria como importante? O que faltou abordar, neste início dos 
seus estudos? Pois bem, continuaremos a nossa viagem ao mundo maravilhoso 
da Filosofia, indo para a segunda aula desta Unidade 1. 
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A PRESENÇA DA 
FILOSOFIA NA 
vida cotidiana
Meu caro(a) aluno(a), continuamos a nossa viagem ao mundo maravilhoso da 
Filosofia. Agora, tenho uma pergunta para lhe fazer: você já viajou de ônibus, en-
trando nele no meio do caminho, entre os pontos inicial e final do seu itinerário? 
Isso mesmo, você já pegou um ônibus entre esses dois pontos? Acho que sim. Mas 
suponhamos que, se você nunca foi ao ponto inicial de um ônibus ou nunca foi ao 
seu ponto final, certamente, você não conhece as paisagens, os lugares e o itinerário 
total que ele faz. Isso, também, quer dizer que você só conhece o itinerário a partir 
de um determinado ponto, ou seja, onde você entrou nele e até o seu destino onde 
você vai descer. Nesse sentido, assim, também, somos nós em relação à história da 
humanidade ou da nossa própria história de vida. 
Quando a gente nasce, a história está acontecendo e aí entramos nela. Por 
exemplo, eu entrei na história da humanidade no ano de 1966, no Brasil, no 
estado do Amazonas e, mais especificamente, no município de Boca do Acre; na 
época, um seringal do norte do nosso país. Com essas brevíssimas informações, 
do ponto de vista histórico, eu peguei o ônibus andando na história da huma-
nidade, entendeu? Particularmente, conheço muito bem os caminhos, lugares 
e paisagens que passei e que passo, ainda hoje. Contudo, hoje, continuo minha 
viagem, conhecendo novos caminhos, lugares e paisagens. Posso lhe dizer que não 
conheço quase nada, quando relaciono os lugares que conheço com o mundo; 
mas, em relação ao Brasil, conheço uma boa parte dele. Contudo, por meio do 
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mundo da leitura, conheci e posso conhecer a história da humanidade de outros 
lugares, mesmo sem nunca ter pisado neles. Isso porque estudei ao longo do 
tempo e estudo o dia a dia, com isso conheço melhor a história da humanidade 
e a minha própria história de vida.
Você pode me responder onde você se encontra agora, neste instante? Você 
tem consciência plena sobre tudo que você faz? É comum a maioria das pessoas, 
acredito que você esteja dentre essas, responder “sim” para a primeira pergunta, 
e um grandíssimo “não” para a outra. Respondemos dessa forma por causa dos 
conhecimentos advindos da psicanálise, da teoria do inconsciente, em especial. Po-
rém, também, você pode dizer “sim” e “sim”, ou “não” e “não”, ou “não” e “sim”, “talvez” 
e “não”, “sim” e “talvez”, ou, ainda, “talvez” e “talvez”. Enfim, você pode responder das 
mais diversas maneiras essas duas questões. Dito diferente, você pode responder 
da maneira que quiser. O que quero dizer com isso é que nós pensamos de um 
determinado jeito que é comum, na maioria das vezes, apresentar justificativas e 
argumentos que consideramos plausíveis para as nossas respostas. Essa forma de 
pensar nem sempre foi assim, mas veremos isso em outra oportunidade. Agora, o 
importante é você observar que a maneira, de uma forma geral, que pensamos nos 
ajuda a viver a nossa vida, tanto pessoal quanto profissionalmente. Nesse sentido, 
a forma que pensamos, hoje, possui elementos do pensar filosoficamente, e isso só 
é possível observar se você tem a sua formação, principalmente, no mundo oci-
dental, onde pensa-se, na maioria das vezes, preservando uma determinada lógica. 
Nessa direção, ainda, é muito comum respondermos às situações ou problemas 
que enfrentamos, utilizando argumentos e razões. O filósofo Gramsci (1978, p. 45) 
afirma que “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filóso-
fo, que não pense, precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal”. 
Isso sugere que, de alguma maneira, todas as pessoas utilizam um certo senso da 
filosofia no dia a dia. Sobre essa questão da filosofia no cotidiano, são comuns os 
filósofos e as filósofas atuais, ao escreverem, argumentarem que a filosofia, como 
é um conhecimento que já tem mais de 2.500 anos, influencia, culturalmente, o 
modo das pessoas pensarem e agirem, mesmo que, muitas vezes, elas não estejam 
cientes dessa maneira de pensar. Especificamente, sobre o pensamento filosófico 
como elemento cultural, a partir de Cotrim (2006), pode-se depreender que a 
filosofia é adquirida pela aprendizagem, transmitida de geração em geração por 
meio da linguagem; é uma criação exclusiva dos seres humanos e é múltipla e 
variada no tempo e no espaço, de sociedade para sociedade. Vejamos, a seguir, 
por sua vez, dois exemplos de filósofas brasileiras, sobre a relação da filosofia 
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com o nosso cotidiano. Aranha e Martins (2013) observam que existem questões 
filosóficas presentes em nosso dia a dia:
1. Quando alguém decide votar em um candidato por ser de um determi-
nado partido.
2. Quando troca de um emprego por outro não tão bem remunerado, mas 
que é mais de seu agrado.
3. Quando alterna a jornada de trabalho com a prática de esporte ou com a 
opção de ficar em casa assistindo à tevê.
4. Quando investe na educação dos filhos.
A outra filósofa, que observa a relação da filosofia com o cotidiano, é Chauí, no 
que ela chama essa relação de “as evidências do cotidiano”. Assim, argumenta de 
antemão que nós afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, 
pessoas, situações. A partir dessa compreensão, Chauí (2015, p. 5-8) afirma que: 
 “ Utilizamos perguntas como “que horas são?”, ou “que dia é hoje?”;Dizemos frases como “ele está sonhando”, ou “ela ficoumaluca”;
Fazemos afirmações como “onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia 
na chuva para não se resfriar”;
Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, “esta casa é mais 
bonita do que a outra” e “Maria está mais jovem do que Glorinha”;
Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos conten-
dores pode gritar ao outro: “Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso 
o que aconteceu”, e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: 
“Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender”;
Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que somos 
muito subjetivos quando o assunto é o namorado ou a namora-
da. Frequentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, 
como ela age, dizemos que essa pessoa “é legal”;
Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quan-
tidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucu-
ra, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na 
diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da 
liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade. 
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Como você pode ver, caro(a) aluno(a), o nosso cotidiano está cheio 
de situações que têm relação com a filosofia. Logo, surge uma ques-
tão muito comum quando se adentra ao mundo da Filosofia: útil ou 
inútil para o conhecimento o agir humano? Essa questão da utilidade 
da filosofia é estudada e respondida pelas filósofas Aranha e Martins 
(2013) e Chauí (2015). Elas partem do modo de pensar filosófico. 
Perguntam: o que é útil? O que é inútil? Para que serve a filosofia 
em minha vida? Elas concordam, também, que o conhecimento que 
reina, na atualidade, está muito voltado para o que é prático e ime-
diato. Assim, se sou advogado, engenheiro ou fisioterapeuta, eu não 
vejo lugar para a filosofia na minha profissão, a qual é influenciada, 
fortemente, por uma filosofia chamada de “pragmatismo”, ou seja, útil 
é aquilo que me serve e me dá retorno imediato do que preciso. As 
filosofas citadas concordam que, se for tomar como referência essa 
concepção, de fato a filosofia não é útil, mas, sim, inútil. Como você 
sabe, porém, a história da humanidade não começou com o seu nas-
cimento e nem com o nascimento do pragmatismo filosófico, antes ou 
até mesmo, no próprio período do surgimento da filosofia, já haviam 
outras compreensões filosóficas que fundamentaram a importância 
da filosofia para a humanidade. Aranha e Martins (2013) observam 
que há uma ideia que a filosofia não serve para nada. Assim qual seria 
a sua utilidade? Nessa perspectiva, se levar em conta o pensamento 
dominante, na sociedade, ela seria inútil, pois útil é o que dá retorno 
imediato ou o que vai “cair” no vestibular ou para que estudar filosofia 
se não vou utilizar na minha vida profissional. 
Ainda, sobre esse tema, mas em uma direção, totalmente, opos-
ta, a filosofia seria útil como forma de pensar diferente, ajudando a 
ver a partir de outro ângulo ou perspectiva, quando estamos, total-
mente, mergulhados ou com uma visão estreita da realidade. Ainda, 
as autoras compreendem que a filosofia é perigosa, pois possibilita 
desestabilizar o status quo (“o estado das coisas”), ao se confrontar 
com o poder estabelecido. Já Chauí (2015, p. 18) procede o seguinte 
questionamento filosófico: “não poderíamos, porém, definir o útil de 
outra maneira?”. A resposta dada é um sim. Em seguida ela apresenta 
a utilidade da filosofia para os filósofos clássicos:
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 “ Platão definia a Filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos;Descartes dizia que a Filosofia é o estudo da sabedoria, conheci-
mento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar 
para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas 
e das artes;
Kant afirmou que a Filosofia é o conhecimento que a razão adquire 
de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, 
tendo como finalidade a felicidade humana;
Marx declarou que a Filosofia havia passado muito tempo apenas 
contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para 
transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e feli-
cidade para todos;
Merleau-Ponty escreveu que a Filosofia é um despertar para ver e 
mudar nosso mundo;
Espinosa afirmou que a Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas 
que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a 
felicidade (CHAUÍ, 2015 p. 18).
Objetivamente, qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Chauí (2015, p. 19) 
responde mais uma vez:
 “ Abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum;Não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos po-deres estabelecidos;
Compreender a significação do mundo, da cultura, da história;
Conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e 
na política;
Dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem 
consciente de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade 
e a felicidade para todos for útil.
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Diante do que foi apresentado e estudado, nesta aula, você acha que a filosofia faz 
ou não parte do nosso cotidiano? Outra questão, a filosofia é útil ou inútil? Tudo 
bem, não precisa me responder agora. Mas, pelo que pude observar, a filosofia faz, 
sim, parte da vida cotidiana do ser humano moderno, bem como é um conheci-
mento bem tipificado, característico, peculiar, o qual apresentaremos melhor nas 
próximas aulas, e, ainda, é bem próprio do modo de pensar filosófico a criticidade, 
que pode enriquecer os saberes humanos sempre com o fino e determinado ob-
jetivo de dar ao próprio ser humano a condição de ser autônomo e senhor de sua 
própria história contra os possíveis enganos que lhe são próprios também, afinal 
quem não erra ou se equivoca; principalmente, quando o ser humano se utiliza, 
apenas, do senso comum e de simples opiniões pessoais abandonando, por sua 
vez, o bom senso que deve nutrir um pensamento crítico e fundamentado, no 
mais que puder, em argumentos sólidos.
3 
AS CARACTERÍSTICAS 
DO PENSAMENTO
mítico
Meu caro(a) aluno(a), em nossa viagem para o mundo da Filosofia, temos que dar 
uma breve parada. Vamos fazer pit stop. O objetivo, dessa parada, é, justamente, 
para você entender melhor o mundo maravilhoso da Filosofia. E, assim, seguir-
mos a nossa viagem. Farei comparações e apresentarei características do jeito de 
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pensar mítico. Didaticamente, nosso cérebro registra melhor quando fazemos 
atividades de comparação. Assim, pode-se precisar melhor as especificidades do 
que se propõe, em nosso caso principal, como pensar filosoficamente. Portanto, 
o objetivo dessa aula é estudar as características do pensamento mítico. Essa 
forma de pensar, por sua vez, foi uma das primeiras maneiras que o ser humano 
desenvolveu para se comunicar com o outro socialmente. Então vamos lá! 
Possivelmente, você já saiba: a história da humanidade e seus ancestrais mais 
remotos datam, provavelmente, há cerca de 2,5 milhões de anos, mas, somente, 
há 70 mil anos, segundo Harari (2018, p.11), que “os organismos pertencentes à 
espécie Homo sapiens começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas cha-
madas culturas”. E a filosofia, como você já sabe, só veio a surgir bem mais recente, 
há, apenas, 2,5 mil anos, na Grécia Antiga. Guarde essa informação! Entre 70 mil e 
30 mil anos atrás, já se tem registros da invenção de barcos, lâmpadas a óleo, arcos 
e flechas bem como agulhas para costurar roupas. Ainda, entre esses períodos, 
já se sabe que foram criados os primeiros objetos de arte e joias, bem como os 
primeiros indícios de religião, comércio e estratificação social (HARARI, 2018). 
Portanto, entre 70 mil e 30 mil anos, ocorreu a Revolução Cognitiva, em 
que os nossos ancestrais começaram a desenvolver novas formas de pensar e se 
comunicar, possivelmente, devido a uma mutação genética em nossa raça ou a 
uma evolução de partilhamento social, de informações (teoria da fofoca) sobre 
o mundo e tudoque nele existe. Logo, em relação às outras espécies de seres vi-
vos, como elefantes, macacos, formigas, dentre outras, nós desenvolvemos uma 
linguagem, incrivelmente, versátil devido às condições cerebrais e/ou as nossas 
habilidades sociais (HARARI, 2018). Nesse sentido, entre esses períodos, o ser 
humano começa a se comunicar, pela primeira vez, por meio de lendas, mitos, 
deuses e religiões. Utiliza uma linguagem muitíssimo peculiar e distintiva dos 
outros seres vivos. 
O Homo sapiens pode fazer referência ou se comunicar com os outros de 
sua espécie coletivamente, por meio de uma linguagem ficcional, representativa 
e simbólica. Sobre essa condição ímpar do ser humano, em poder se comunicar 
por meio da linguagem ficcional, dos mitos, Harari (2018, p. 33), assim, observa 
que “Podemos ter mitos partilhados tais como a história bíblica da criação, os 
mitos do Tempo do Sonho dos aborígenes australianos e os mitos nacionalistas 
dos Estados modernos. Tais mitos dão aos sapiens a capacidade sem precedentes 
de cooperar de modo versátil em grande número”.
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Segundo Aranha (2012), a palavra “mito”, em grego mythos, significa “pala-
vra”, “o que significa dizer”, “narrativa”. A consciência mítica é predominante em 
culturas de tradição oral, quando ainda não há escrita, ou seja, é uma narrativa 
na qual a palavra é usada para transmitir e comunicar, coletivamente, a tradição 
oral, preservando sua memória e garantindo a continuidade da cultura (MA-
RIANO, 2007). 
 “ [...] para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, basea-
da, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador 
(CHAUÍ, 2015, p. 33). 
Os mitos são usados para explicar a origem do mundo ou da espécie humana 
sobre a face da Terra. Serve para explicar, também, o início da história de uma 
comunidade. Na verdade, os mitos têm a ver com a existência real e vivida de 
cada ser humano, e, mais, os mitos expressam a capacidade inicial do ser humano 
compreender o mundo que o cerca. Na visão de Aranha (2012), os mitos têm como 
função principal garantir a tradição e a sobrevivência do grupo, por exemplo, o 
mito indígena tupi, o qual diz que a mandioca nasceu do túmulo de uma criança 
chamada Mandi. Isso assinala a importância do alimento como sendo sagrado 
para a tribo. 
Além disso, o mito tem a função de tranquilizar diante de um mundo de 
incertezas, ou seja, o desejo de afugentar a insegurança, os temores e a angústia 
diante do desconhecido, do perigo e da morte. E, ainda, os mitos são sustentados 
pela crença em forças superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou 
castigam. Ainda, para Aranha (2012, p. 87), o mito não pode ser entendido como 
uma “lenda”, em absoluto, mas é uma verdade sustentada pela crença. “A verdade 
do mito resulta de uma intuição compreensiva da realidade, cujas raízes se fun-
dam na emoção e na afetividade. O mito expressa o que desejamos ou tememos 
e representa como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos”. 
Nessa perspectiva, pode-se dizer que os mitos têm uma regra muito própria e 
peculiar, eles são marcados pela não racionalidade moderna, como a lógica de 
causa e efeito. Não se funda, portanto, em uma consciência lógico-racional, mas 
funda-se na crença, em uma consciência emocional-afetiva por meio da fé, como 
verdadeira e aceita, sem nenhum questionamento. 
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Caro(a) aluno(a), veja, a seguir, um exemplo de mito grego: os raios que caiam 
sobre a terra provêm todos de Zeus e eram aceitos como sendo uma verdade 
absoluta e não havia a mínima necessidade de comprovação dessa afirmação (IN-
CRONTRI; BIGHETO, 2010). Assim, os mitos são um sistema simbólico oficial, 
bem como uma conduta verbal de significados que tem um sentido próprio de 
confiança, acima de tudo, sem ter o crivo da racionalidade crítica à moda como 
conhecemos. Conforme Incrontri e Bigheto (2010, p.16), “o mito é um pensamen-
to acrítico, pois não explica nem analisa sua maneira de conhecer ou o processo 
pela qual chega ao saber. O mito é inquestionável e incontestável”. Tal status de 
sagrado deve-se à crença de que quem narra ou conta um mito é o escolhido e 
enviado dos deuses. Sobre isso, Chauí (2015, p. 33) esclarece que “Quem narra o 
mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o 
poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados 
e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que 
possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito – é sagrada porque vem 
de uma revelação divina”. Curiosidade! Você tem? Dizem que todo mundo tem 
curiosidade. Deve ser por isso que faz tanto sucesso os programas de reality show 
nas tevês no mundo inteiro. Você tem curiosidade de saber como ou quando o 
mundo foi feito? Quem o fez? Particularmente, eu tenho. Nesse sentido, uma das 
funções do mito era, justamente, narrar um tipo de explicação da época, a origem 
do mundo e de tudo o que nele existe. A filósofa Chauí (2015, p. 32-34) nos infor-
ma que os mitos, nos tempos antigos, tinham três maneiras principais de tratar 
esses assuntos por meio do que chamamos, hoje, de cosmogonias e teogonias:
 “ Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e se-
midivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma 
deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, 
as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, 
justo-injusto, belo-feio, certo-errado, etc. A narração da origem é, assim, 
uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das 
qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados, por 
exemplo: observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias 
de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a 
pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra 
a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros (que conhecemos 
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mais com o nome de Cupido): houve uma grande festa entre os deuses. 
Todos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e 
faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu 
com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu 
Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e 
miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se 
fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse 
alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa 
astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semi-
morto, ora rico e cheio de vida.
Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que 
faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma 
guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar 
alguma coisa no mundo dos homens. O poeta Homero, na Ilíada, 
que narra a guerra de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os 
troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os 
deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor 
do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos par-
tidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos 
ou os gregos - vencer uma batalha. A causa da guerra, aliás, foi uma 
rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o prín-
cipe troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa 
do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a 
grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à 
guerra entre os humanos.
Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem 
os desobedece ou a quem os obedece.Como o mito narra, por exem-
plo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, 
pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a co-
zinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no 
inverno quanto podem fabricar instrumentos de metal para o traba-
lho e para a guerra. Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do 
que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente 
para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo 
para que as aves de rapina, eternamente, devorava seu fígado) e os 
homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram 
uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa 
que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pan-
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dora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar 
a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, 
doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a 
origem dos males no mundo.
Os mitos não são coisas do passado. Hoje, os conhecimentos especializados, como 
Antropologia, Filosofia, Sociologia, Psicologia, História, Arqueologia, dentre ou-
tros, compreendem que a sociedade contemporânea continua a produzir mitos 
incorporados ao seu cotidiano, que traduzem entendimento e formas de orga-
nizar e estruturar a sua existência. Nesse sentido, Malinowski (1984 apud MAY, 
1992, p. 3) diz sobre o que vem a ser mito: 
 “ [...] considerando-o vivo, o mito... não é uma explicação que respon-da a um interesse científico, mas uma renovação narrativa de uma realidade primordial, contada como resposta a desejos religiosos 
profundos, a ânsias morais [...] um mito é um modo de dar sentido 
a um mundo sem sentido. Mitos são padrões narrativos que dão 
significados a nossa existência. 
O próprio May (1992, p. 3), ainda, explica que 
 “ [...] se o sentido da existência é apenas o que colocamos na vida por nossa própria força individual, como Sartre defendia, ou se existe um sentido que precisamos descobrir como afirmava Kierkegaard, 
o resultado é o mesmo: os mitos são os nossos modos de encontrar 
esse sentido e esse significado. 
Acredito, meu caro(a) aluno(a), que é necessário, neste momento, fazer uma ob-
servação, em nosso estudo, sobre as características do pensar mítico. Diria que é 
importantíssimo fazer a seguinte ressalva: há dois sentidos para o que vem a ser 
mito: o sentido negativo, como algo falso, ilusório e não verdadeiro; e o sentido 
positivo, como algo que expressa uma determinada verdade sobre a realidade e a 
existência humana dos povos e das civilizações por meio dos contos, dos folclores, 
das lendas, das histórias, dentre outros, que se transmite e se ramifica em um pro-
cesso, extremamente, complexo e dialético de geração à geração, de comunidade à 
comunidade e de pai ou mãe para filho(a). Diz-se que algo ou alguém é mito, no 
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sentido negativo, quando se acredita pia e cegamente em uma determinada coisa 
ou pessoa, sem o mínimo, ou nenhum, questionamento, por exemplo, acreditar na 
ciência como a única forma ou maneira de se explicar a vida humana. Ou, ainda, 
acreditar, cegamente, em uma “explicação” dada por um político, a partir de um 
fórum legislativo, sobre um processo de impeachment de um chefe do executivo 
federal, estadual ou municipal, sem considerar o contexto ou as razões políticas 
do momento, bem como os questionamentos dos fundamentos jurídicos sobre 
uma devida matéria. 
No sentido de questionamento da ordem estabelecida das coisas, do status 
quo, a filosofia, desde os gregos, contribuiu para a busca do entendimento de 
nossas atitudes. Hoje, por meio do pensar filosófico dos questionamentos do 
que vem a ser/porque fazemos de uma determinada maneira e não de outra (ou 
seja, em outras palavras, o que/por que vemos de uma determinada maneira 
ou de outra, ou o que/por que falamos de uma determinada maneira e não de 
outra) certamente, o pensar filosófico ajuda-nos a desmistificar ideias que não 
têm amparo na realidade. 
O sentido positivo, por sua vez, de mito é observado por diversos autores 
e autoras, em diversas perspectivas, destaco dois, como Aranha (2012) e May 
(1992), e ressalto, principalmente, o último. A primeira observa a importância 
do mito para a significação social das relações entre as pessoas, segundo Aranha 
e Martins (2013, p. 23), “até hoje o mito permanece na raiz da inteligibilidade 
humana. A função fabulosa persiste nos contos populares, no folclore, mas não 
só. Por exemplo: palavras como lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade, morrer não se 
esgotam com explicações racionais”. Já o segundo, May (1992), apresenta a função 
imprescindível do mito e sua importância para a sociedade atual, como fator 
estruturante mental e emocional diante de um tempo de mudanças significativas 
e profundas que tem possibilitado instabilidades nos mais diversos campos da 
vida, como no político, social, cultural, artístico, religioso, dentre outros, atingin-
do, assim, a Psique humana. Para May (1992, p. 3), “criar mitos é essencial para 
se obter saúde mental”. Nessa mesma direção, este último autor defende a tese 
que os mitos eram e são vitais bem como fortes para proporcionar uma socie-
dade saudável e não patológica, como se tem observado por meio de números 
expressivos de doenças e transtornos mentais que atingem a humanidade, como 
taxas altíssimas de suicídio, depressão e ansiedade. Assim, caro(a) aluno(a), fica 
a distinção e observação sobre esses dois aspectos negativo e positivo de mito. 
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AS CARACTERÍSTICAS 
DO PENSAMENTO 
filosófico
O pensamento filosófico é uma outra maneira que o ser humano desenvolveu, 
como o pensamento mítico, para se comunicar e apreender o mundo que o cerca, 
caro(a) aluno(a). É importante fazer, aqui, um registro, mesmo que breve sobre 
a importância das condições históricas recentes para o pensar filosófico. É im-
portante ressaltar, ainda, que essas observações a serem feitas sobre as condições 
históricas só são possíveis, pois a maneira de se elaborar o pensamento, o qual 
mais se sobressai, hoje, nos estudos e na pedagogia aplicada nas escolas e nos 
círculos acadêmicos, só é exequível porque existe, na realidade brasileira, os co-
nhecimentos filosóficos e científicos. O primeiro surgiu há mais de 2500 anos e 
o segundo há mais de 300 anos. Repito, mais uma vez, para que fique registrado 
mesmo: ambos os conhecimentos tiveram seus próprios contextos sócio-his-
tórico-culturais que oportunizaram todas as condições para o surgimento e o 
desenvolvimento como conhecimento humano. Destaque-se que, nem sempre, o 
ser humano, intelectualmente, considerou, como fator importante ou necessário, 
as condições histórico-culturais para entender a sua forma de pensar e de agir 
ou de se interrogar a si mesmo; mas tudo isso só foi executável pelo fato de o ser 
humano ter desenvolvido esse modo de pensar filosoficamente, ou seja, olhar, de 
maneira racional, o mundo a sua volta. 
 Como você já sabe, o ser humano, como ser social, foi se desenvolvendo sobre 
a face da terra, há milhões e milhões de anos, graças a uma das suas principais ha-
bilidades que é a socialização (HARARI, 2018). Mais recentemente, em especial, 
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há alguns séculos, os conhecimentos da área de humanas foram se desenvolvendo 
e valorizando as condições materiais de vida, e um dos principais filósofos, já no 
Período Moderno, que defendeu essa ideia foi o alemão Karl Marx (1818-1883). 
Assim, o aspecto social, histórico e cultural foram e são, hoje, essenciais para en-
tender como o ser humano se desenvolveu no mundo. Essa ideia das condições 
históricas e culturais pode parecer para você muito simples, mas investigue e 
procure saber mais e você verá que, nem sempre, o ser humano pensou assim. 
Você nunca se pegou dizendo: “nossa, nunca pensei ou imaginei isso ou aquilo 
dessa maneira!” ou “oh meu Deus, como, hoje, eu posso ver essas coisastão dife-
rentes do meu passado”. Assim, devido às condições materiais da vida, surgiram 
os conhecimentos, a universidade, os cursos, as pesquisas e as profissões que 
temos, como os filósofos, matemáticos, astrônomos, químicos, psicólogos, ad-
vogados, cientistas, professores, assistentes sociais, dentre tantas outras. Por isso, 
hoje, quando estudamos o conhecimento humano, no caso, aqui, as características 
do pensamento filosófico, estamos dizendo que as condições históricas, as quais 
serão melhores estudadas nas próximas unidades, possibilitam entender melhor 
o surgimento e, consequentemente, o desenvolvimento dessa forma específica de 
pensar, ou seja, o pensar filosófico, bem como outras formas também. 
“Filosofia” é uma palavra composta que vem da língua grega: philo e sophia. 
A primeira significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais, e a segunda 
quer dizer sabedoria (ABBAGNANO, 1982). Chauí (2015, p. 19) faz o seguinte 
comentário: “[...] filosofia significa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo 
saber... filósofo é o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. 
Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o 
conhecimento, o estima, o procura e o respeita”. 
Aqui, há uma observação que tem de ser feita sobre o preconceito que se tem, 
muitas vezes, contra a filosofia. Tal observação o faço em nome do bom senso 
para quem está iniciando o conhecimento do mundo maravilhoso da Filosofia: 
quando uma pessoa ou um(a) aluno(a) diz: “a filosofia é muito chata — ‘aff ’ —, 
por isso, eu não gosto dela”, devemos entender melhor essa indignação e repulsa 
bem como colocá-la em seus devidos termos. Então, vejamos: agora que você 
está conhecendo, de forma introdutória, a origem da palavra “filosofia”, você já 
tem uma ideia de quem estuda filosofia não é um deus ou uma pessoa melhor do 
que a outra, mas, apenas, e tão somente, uma pessoa igual a você, um ser huma-
no que, apenas, gosta do saber, é um amigo da sabedoria, somente. Outra coisa 
importantíssima é que quem buscar a sabedoria ou conhecimento irá se deparar 
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com a sua própria miserabilidade intelectual, isso porque, cada vez que procura 
e acha algo que lhe dá melhor entendimento, a própria pessoa se descobre como 
ignorante; por isso, já dizia o velho e bom filósofo Sócrates, “Só sei que nada sei” 
(CORTELLA, 2019, p. 23). 
Caro(a) aluno(a), é claro que Sócrates não era um “burrão”, mas ele, também, 
não se compreendia como um “sabichão”. Ele, realmente, aprendia com as pessoas e 
acreditava que o conhecimento do mundo era maior do que ele. Diante disso, peço 
que leia bem devagar: o único caminho moral e ético de quem estuda, principal-
mente, filosofia, é o caminho da humildade e do autoconhecimento. No entanto 
acredito que, se você teve essa infeliz experiência de estudar filosofia e concluiu 
que ela é chata e o fez com que não gostasse de filosofia, possivelmente, é porque 
você deva estar se referindo a uma determinada situação ou pessoa com quem 
estudou ou que as pessoas, com quem conviveu, não se interessavam em conhecer 
as coisas de forma mais aprofundadas; sendo assim e dessa maneira, o que pôde 
ter ocorrido é que você, caro(a) aluno(a), teve contato com a filosofia por meio de 
pessoas que não se interessam, não têm curiosidade e se acham donas do saber, 
são pessoas arrogantes e prepotentes, que não tem nada a ver com o espírito de 
quem estuda filosofia ou quer conhecer mais e melhor as coisas. Portanto, lembre-
-se sempre do sentido original da palavra “filosofia”: pessoas iguais, amigos, que 
buscam o saber, a sabedoria. Entendeu? Ficou bom? Dessa forma, continuaremos 
nossa aula, buscando identificar as características do pensar filosófico. 
Quando dizemos que Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, é o rei do fu-
tebol, queremos dizer que essa pessoa, Pelé, é um excepcional jogador, o melhor de 
todos, mas, em hipótese nenhuma, diz-se que ele é o único ou que não há outros 
jogadores que não sejam muito bons ou bons jogadores, bem como não se afirma 
que Pelé é o fundador do futebol. Assim, também, ocorre quando estudamos sobre 
o surgimento da filosofia. Há vários personagens e figuras que se constituem como 
importantes na história do pensamento filosófico; na filosofia, um tipo de Pelé foi o 
filósofo Sócrates e este era tão importante, que sua vida e obra se tornaram um marco 
divisor da cronologia da história da filosofia. Assim como Jesus Cristo é, em especial, 
para o Mundo Ocidental, um marco divisório da história, antes e depois de Cristo 
(a.C. e d.C.), na filosofia, também, ocorre essa distinção dos filósofos que existiram 
antes e depois da existência de Sócrates, ou seja, recebem a alcunha de os Pré-socrá-
ticos (antes de Sócrates) e os Pós-socráticos (depois de Sócrates) (ARANHA, 2012). 
Confere-se, por sua vez, ao filósofo grego Pitágoras de Samos (V a.C.) por ter 
criado a palavra “filosofia”. Ele teria dito que a sabedoria plena e completa pertence, 
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somente, aos deuses, mas que os homens poderiam desejá-la ou, até mesmo, amá-
-la, tornando-se filósofos. Chauí (2015) nos informa que Pitágoras teve um pensa-
mento bem objetivo e claro sobre o papel do filósofo. Esse filósofo disse, certa vez, 
comparando as pessoas que iam aos jogos olímpicos de sua época, esses mesmos 
que assistimos até hoje pelos meios de comunicação: os comerciantes, que faziam 
negócios; os competidores, que disputavam os jogos; e os contempladores, que as-
sistiam aos jogos, que esses últimos, portanto, iam para contemplar os jogos, avaliar 
o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Chauí (2015), compa-
rando esse público observado por Pitágoras, como se fosse filósofo, comenta que 
ele não age como um comerciante ou proprietário que tenha algo para comprar ou 
possuir, bem como não age pela adrenalina de um competidor; por fim, não utiliza 
das ideias como condição para vencer seus opositores, mas age pelo simples desejo 
de observar e contemplar, de forma avaliativa, a vida, ou seja, pelo simples prazer 
do saber das coisas.
Segundo, Aranha e Martins (2013), a filosofia nasceu por volta dos séculos VII 
e VI a.C., na Ásia Menor, na cidade de Mileto. Considera-se que o primeiro filósofo 
foi Tales de Mileto (ARANHA; MARTINS, 2013). A filosofia tratava, inicialmente, 
do conhecimento cosmológico, denominado cosmologia, ou seja, o estudo racional 
sobre o mundo ordenado da Natureza. Para você fazer uma ideia, caro(a) aluno(a), 
tudo era muito rudimentar em relação aos nossos dias, que temos estudos avança-
dos em astronomia com potentes equipamentos tecnológicos de altíssima precisão 
e alcance. Assim, a maneira encontrada pelos primeiros filósofos para conhecer o 
mundo e tudo que nele havia, foi fazendo perguntas, por exemplo:“por que os seres 
nascem, crescem, desenvolvem, envelhecem e morrem?”, “por que a vida está em 
constante mudança?”, “por que há coisas que mudam mais rápido do que as outras?”. 
Quem faz um excelente estudo sobre as características peculiares da filosofia, 
desde o seu surgimento e desenvolvimento, é a filósofa brasileira Marilena Chauí, 
professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP), quando se debruça 
em buscar as possíveis definições do que possam vir a ser “Filosofia”. Assim, ela 
nos informa que há, pelo menos, quatro definições gerais do que seria a Filosofia, 
vejamos: (1) visão de mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura; 
(2) sabedoria de vida; (3) esforço racional para conceber o Universo como uma 
totalidade ordenada e dotada de sentido e (4) fundamentação Fundamentação 
teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas. Sobre essa última definição, a 
própria Chauí (2015, p.15) faz o seguinte comentário: 
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 “ A Filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princí-pios do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos,políticos, artísticos 
e culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e 
do preconceito no plano individual e coletivo; com as transforma-
ções históricas dos conceitos, das ideias e dos valores. 
Outra questão importante para se caracterizar o pensar filosófico e para que ele 
não se confunda com outras formas de pensamento bem como para que você, 
também, não pague “mico” por aí, é a seguinte: distinguir filosofia de outras ati-
vidades do pensar humano. Assim, Chauí (2015, p. 16) enfatiza essa diferença:
 “ A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedi-mentos e conceitos científicos. Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas. Não é arte: é uma 
interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das 
obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, 
mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da 
sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, com-
preensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. 
Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos 
enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio 
tempo. Conhecimento do conhecimento e da ação humanos, co-
nhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e 
do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, 
a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.
Sobre o que vem a ser filosofia e sua distinção, em especial, de outras formas de 
pensar, como ciência, Cortella (2019, p. 23) afirma que “Filosofia é um modo de 
pensar – sistemático, organizado e método com questões precisas daquilo que 
se faz – para indagar sobre os porquês. E por que não é como. Quem pergunta 
pelo como é a ciência”. Mariano (2007, p. 38-39) ressalta que há características 
do pensar filosófico, como a reflexão filosófica, que podem ser compreendidas 
por meio de três atitudes, sendo elas: a criticidade, a radicalidade e a totalidade. 
Vejamos, uma a uma, então:
1. Criticidade: a palavra “crítica” tem vários sentidos, como a arte de julgar o 
valor, de examinar, discernir, construir critérios ou, ainda, colocar o objeto 
observado em crise para ver se é falso ou verdadeiro. Portanto, a criticida-
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de chama a atenção para uma atitude de questionamento minucioso com 
critério. Por isso, é necessário ter o cuidado de estabelecer critérios que 
definam falsidade ou veracidade. Exemplo típico disso é quando vemos 
um crítico de cinema comentar um determinado filme, ou seja, ele critica 
não de qualquer maneira, mas o faz usando critérios, previamente, esta-
belecidos; portanto, a crítica feita sempre a partir de um ponto de vista.
2. Radicalidade: outra característica da filosofia é buscar a origem do pro-
blema, e esse ato é chamado de radicalidade, não no sentido popular, como 
os adolescentes usam: “cara irado, radical demais”, mas como sentido de 
buscar as origens ou as causas primeiras de uma determinada questão 
estudada. Portanto, buscam-se as raízes, os fundamentos, os princípios de 
um objeto pesquisado. Veja o exemplo: diante de um problema que ocor-
reu no trabalho, buscam-se as causas que geraram tal situação-problema, 
ou seja, o ato de radicalidade é identificar o que originou ou ocasionou 
tal situação-problema.
3. Totalidade: por fim, a totalidade é uma marca bem clara da filosofia, e ela 
é diferente da ciência. Preocupa-se com o particular, o específico, é aquela 
que se volta para a totalidade das coisas, pois a filosofia compreende que 
a realidade é sempre multifacetada. A filosofia está interessada, portanto, 
na reflexão sobre a totalidade e a abrangência da questão observada ou 
estudada. Pode-se fazer os seguintes questionamentos que nos levem a 
refletir sobre outros aspectos mais abrangentes, como: quais as causas? 
Quais são as áreas? Quais as implicações? Quais as relações que podem 
ser feitas ou estarem implicadas?
Nesse sentido, Chauí (2015) corrobora quando explica que uma das caracterís-
ticas peculiares e fundamentais da filosofia é a atitude filosófica, ou seja, uma 
atitude de perguntar pela natureza das coisas é, por exemplo, perguntar: o que 
é o tempo?”, ao invés de perguntar: “que horas são ou que dia é hoje?”. Assim, 
utilizando esse raciocínio, a Filosofia é “a decisão de não aceitar como óbvias e 
evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos 
de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado 
e compreendido” (CHAUÍ, 2015, p. 9). Logo, nessa atitude filosófica, tem-se a 
atitude de criticidade, de questionamento, de indagação, de reflexão. Sobre essa úl-
tima atitude, de reflexão, muito importante para todos nós seres humanos, Chauí 
(2015, p. 13) comenta que:
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 “ Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movi-mento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo. A 
reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do 
pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para in-
dagar como é possível o próprio pensamento. Não somos, porém, 
somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, 
que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, 
as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas 
relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos 
e ações. A reflexão filosófica também se volta para essas relações 
que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e 
para as ações que realizamos nessas relações. A reflexão filosófica 
organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou 
questões: 1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que di-
zemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões 
e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dize-
mos, fazermos o que fazemos? 2. O que queremos pensar quando 
pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos 
fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que 
pensamos, dizemos ou fazemos? 3. Para que pensamos o que pen-
samos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual 
é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Por fim, Cortella (2019, p. 23) ressalta a preocupação atual da filosofia:
 “ A Filosofia se preocupa em pensar as razões da existência. Pensar aquilo que, de fato faz com que o ser humano tenha sentido. Por exemplo, do que é feita a realidade? Por que é deste modo e não de 
outro? Qual o propósito que as pessoas dão à vida? Qual o lugar 
do mal dentro disso? A felicidade existe ou é uma ilusão? Por que 
existe alguma coisa, em vez de nada existir? Por que as coisas são 
como são? Por que eu estou nessa rota? Qual a origem do mal? Por 
que nós somos finitos? Para que existimos para depois deixarmos de 
aqui estar? Será que essa ideia de amizade em que chamamos todo 
mundo de “amigos” não é superficial? 
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Caro(a) aluno(a), para finalizar essa aula, espero passar para 
você as características do pensamento filosófico da melhor ma-
neira. Espero, sinceramente, que você não esteja entendendo 
que o pensar filosófico é um mero amontoado de ideias, mas, 
se você ler e reler esta aula, perceberá que a filosofia é um co-
nhecimento que se caracteriza, fundamentalmente, como uma 
atitude e não, apenas, uma mera reação, e isso é muito impor-
tante, pois, quando temos atitude, temos, na realidade, uma 
consciência que nos possibilita tomar decisão, agir a partir dos 
nossos próprios propósitos e intentos. Contudo, quando temos 
a ideia de, apenas, reagir, revelamos nossas possíveis vulnera-
bilidades e somos conduzidos a caminhos que, muitas vezes, 
não queremos trilhar, assim como o grão de área é levado pelo 
vento ou quando nos sentimos à deriva. 
Não é sempre, mas, muitas vezes, utilizamos ou-
tras formas de

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