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EMBARGOS À EXECUÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO – RJ.
Distribuição por dependência aos autos do Processo nº 0000-0000XXXX
CARLA ..., nacionalidade, estado civil, profissão, portador da célula de identidade nº ... e inscrito no CPF sob nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na..., bairro..., CEP ..., cidade Porto Alegre – RS, por seu procurador firmatário, com instrumento de procuração incluso (Doc. 1), vem perante a presença de Vossa Excelência, com fundamento legal nos arts. 319, 914, 919, § 1º, do CPC/2015, opor 
EMBARGOS À EXECUÇÃO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO,
em razão da AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL que lhe é movida por BANCO SÓ DESCONTOS S/A, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede na ..., bairro ..., CEP ..., cidade Rio de Janeiro – RJ, endereço eletrônico..., pelos fundamentos de fato e de direito que se passa a expor:
I DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
Conforme documentos anexos vê-se que a Embargante foi citada da penhora há 15 dias úteis, a partir da juntada aos autos do mandado cumprido. Portanto, tempestivo estes embargos nos moldes do art. 915 e art. 219, ambos do CPC/2015, considerando que na contagem dos prazos se exclui o dia do começo (art. 224, do CPC/2015), verifica-se que o prazo se encerraria em 22/08/2019.
O art. 914, do CPC/2015 determina que “o executado poderá opor-se a execução independente de penhora, depósito ou caução, por meio de embargos”.
Desta feita, pugna pelo recebimento dos presentes embargos, aplicando o efeito suspensivo, cujo as razões, a seguir passa a expor.
II SÍNTESE DOS FATOS
Na espécie, trata-se de ação de execução de título executivo extrajudicial (art. 784, inciso II do CPC/2015) proposta pela Embargada em desfavor da Embargante, na qual busca receber a monta de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), e indicou à penhora o único imóvel da Embargante, situado na comarca de Porto Alegre, no qual reside com seu marido, José. 
Vossa Excelência, embora a Embargante reconheça a existência do contrato de empréstimo, não concorda com o valor indicado pela Embargada, que incluiu no cálculo diversas tarifas não previstas no contrato, além de não terem aplicado na atualização monetária os parâmetros contratados, e sim taxas mais elevadas e abusivas, o que estaria claro na planilha de débito (doc. n. ...).
Salienta-se que após consultar um contador, a Embargante constatou que a dívida seria equivalente a R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), valor muito inferior ao indicado pelo Embargada, conforme dilação probatória. Ainda quer impedir os atos de bloqueio de seus bens, de modo que pretende contratar seguro garantia para a referida execução.
III DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
a) DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA EXECUÇÃO
O contrato questionado, à toda evidência, compreende relação de consumo (art. 2º, caput, do CDC). Em consonância com o acatado, a ação deveria ter sido proposta no domicílio do réu, ora Embargante e não foi. Sendo assim, se tratando de abusividade da cláusula de eleição de foro inserta em contrato de adesão, nos termos do art. 917, inciso V, do CPC/2015 c/c o art. 54, do CDC, requer seja reconhecida a incompetência do juízo da Comarca do Rio de Janeiro e determinada a remessa dos autos ao juízo da Comarca de Porto Alegre/RS.
b) DA IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL
Indubitável que a impenhorabilidade do imóvel familiar residencial é expressamente prevista nos arts. 917, inciso II c/c 832, ambos do CPC/2015 e art. 1º da Lei n. 8.009/90, expressis verbis:
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
(...)
II - penhora incorreta ou avaliação errônea.
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
No sentido de que o bem de família não poderá ser objeto de penhora e, por isso, insucetível de disposição, Caio Mário da Silva Pereira estatui que:
A instituição do bem de família é uma forma da afetação de bens a um destino especial que é ser a residência da família, e, enquanto for, é impenhorável por dívidas posteriores à sua constituição, salvo as provenientes de impostos devidos pelo próprio prédio[footnoteRef:1]. [1: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 602.] 
Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul decidiu no Agravo de Instrumento, Nº 70083838334, julgado em 07/05/2020:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. IMPENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA. Não é exigência da Lei n. 8.009/90 que o imóvel seja único no patrimônio do devedor para ser considerado bem de família, mas, sim, que seja destinado à residência da entidade familiar. Comprovando o executado que o imóvel penhorado lhe serve de residência, impõe-se reconhecer a impenhorabilidade do imóvel. Inteligência do art. 1º e parágrafo único da Lei n. 8.009/90. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. UNÂNIME.(Agravo de Instrumento, Nº 70083838334, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em: 07-05-2020)[footnoteRef:2]. [2: RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado. Agravo de Instrumento Nº 70083838334. Desembargador Relator Pedro Luiz Pozza, Vacaria, Julgado em: 07-05-2020. Disponível em: <https://www.tjrs.jus.br/novo/>. Acesso em: 08 abr.2021.] 
c) DO EXCESSO DE EXECUÇÃO
Outro ponto fulcral dos presentes embargos é o excesso de execução (art. 917, inciso III, do CPC/2015), esta na expressiva monta de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Diga-se logo que a presente quantia não condiz com o valor da dívida, ao contrário, encontra-se superestimada (art. 917, § 2º, inciso I, do CPC/2015), visto que a Embargada incluiu no cálculo diversas tarifas não previstas no contrato, além de não ter aplicado na atualização monetária os parâmetros contratados, e sim taxas mais elevadas e abusivas (Art. 6º, incisos IV e V e Art. 51, inciso IV, ambos do CDC), o que estaria claro na planilha de débito (doc. n. ...).
A Embargante entende que a dívida correta seria equivalente a R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), conforme demonstrativo discriminado e atualizado de cálculo (doc. n. ...), nos termos do art. 917, inciso III, § 3º, do CPC/2015.
d) DO EFEITO SUSPENSIVO
Os embargos à execução de título extrajudicial não são recebidos sob efeito suspensivo, via de regra, em razão do art. 919, § 1º, do CPC/2015, mostrando-se a sua concessão em situações excepcionais e desde que garantida a execução por penhora, depósito ou caução suficiente. 
O art. 835, § 2º, do CPC/2015 estabelece que “para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento”. À vista disso, a Embargante quer impedir os atos de bloqueio de seus bens, de modo que pretende contratar seguro garantia para a referida execução.
De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz a conceder a tutela de urgência quando houver “probabilidade do do direito” e o “perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo” (art. 300, do CPC/2015). Ficou destacado claramente nesta peça processual, que se faz necessária a tutela de urgência, face ao valor exigível na ação de execução pela Embargada, onde está sendo aplicado no cálculo da dívida diversas tarifas não previstas no contrato, além de não ter aplicado na atualização monetária os parâmetros contratados, e sim taxas mais elevadas e abusivas.
IV DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer de VossaExcelência a seguir:
a) O recebimento destes Embargos à Execução no efeito suspensivo (art. 919, § 1º, do CPC/2015), visto que haverá a contratação de seguro garantia (art. 835, § 2º, do CPC/2015) e a fim de evitar dano ou risco ao resultado útil do processo (art. 300, do CPC/2015);
b) Que haja o reconhecimento da incompetência do juízo da Comarca do Rio de Janeiro e a remessa dos autos ao juízo da Comarca de Porto Alegre (art. 917, inciso V, do CPC c/c. o Art. 54 do CDC);
c) Que seja reconhecida a impenhorabilidade do imóvel, que é bem de família da Embargante (art. 917, inciso II, c/c. o Art. 833 do CPC e o Art. 1º da Lei nº 8.009/90);
d) Que haja o reconhecimento do excesso de execução no que ultrapassar a quantia de R$ 180.000,00 (art. 917, § 2º, inciso I, do CPC/2015);
e) Provar o alegado por todos os meios da prova em direito admitidos;
f) Seja, ainda, condenado a Embargada ao pagamento das despesas processuais, custas e os honorários advocatícios no percentual de 20% do valor da causa (art. 85, do CPC/2015);	
Dá-se a causa, nos termos do artigo 292, inciso II do CPC/2015, o valor de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais).
Nos termos, pede e espera deferimento.
Porto Alegre, ... de ... de ...
_____________(Assinatura)_______________
(Nome do advogado)
OAB/...

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