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para a vitória! Eles prometiam, portanto, não apenas a duplicação do tamanho do pão,494 mas também a adoção da lei das 10 horas sob o reinado milenar do free trade.495 Eles não deviam, portanto, de modo algum, combater uma medida destinada apenas a tornar efetiva a lei de 1833. Ameaçados em seus mais sagrados interesses, a renda da terra, trovejaram finalmente os tories, filantropicamente indignados pelas “práticas infames”496 de seus inimigos. Assim surgiu a Lei Fabril adicional de 7 de junho de 1844. Entrou em vigor em 10 de setembro de 1844. Ela agrupava uma nova categoria de trabalhadores entre os protegidos, a saber, as mulheres maiores de 18 anos. Elas foram em todos os sentidos equiparadas aos adolescentes, com o tempo de trabalho reduzido a 12 horas, sendo-lhes vedado o trabalho noturno etc. Pela primeira vez via-se a legislação, portanto, obrigada a controlar direta e oficialmente também o trabalho de pessoas maiores. No relatório fabril de 1844/45 diz-se ironicamente: “Não chegou ao nosso conhecimento nenhum caso de mu- lheres adultas que se teriam queixado dessa interferência em seus direitos”.497 O trabalho de crianças menores de 13 anos foi reduzido a 6 1/2 horas, e sob determinadas condições, a 7 horas diariamente.498 Para eliminar os abusos do falso “sistema de turnos”, a lei de- terminou entre outros os seguintes detalhes importantes: “A jornada de trabalho para crianças e adolescentes deve ser contada a partir do momento em que qualquer criança ou ado- lescente comece a trabalhar na fábrica pela manhã”. De modo que, se A, por exemplo, começa o trabalho às 8 horas da manhã e B às 10 horas, a jornada de trabalho de B deve, entretanto, terminar na mesma hora que a de A. O começo da jornada de trabalho deve ser marcado por um relógio público, por exemplo, o relógio da estação ferroviária mais próxima, pelo qual tem de regular-se o sino da fábrica. O fabricante tem de afixar na fábrica um aviso impresso MARX 395 494 Os partidários da Anti-Corn-Law-League procuravam de forma demagógica convencer os trabalhadores de que com a introdução do livre-câmbio subiriam seu salário real e dupli- cariam o filão de pão (big loaf). Para isso, eles traziam pelas ruas, como meio visual, dois filões de pão — um grande e um pequeno — com as correspondentes inscrições. A realidade comprovou a mentira dessas promessas. O capital industrial da Inglaterra, que se fortaleceu por meio da revogação das leis do trigo, reforçou seus ataques aos interesses vitais da classe trabalhadora. (N. da Ed. Alemã.) 495 Rep. of Insp. of Fact. 31st October 1848. p. 98. 496 De resto, Leonard Horner usa oficialmente a expressão nefarious practices.* (Reports of Insp. of Fact. 31st October 1859. p. 7.) * Práticas infames. (N. dos T.) 497 Rep. etc. for 30th Sept. 1844. p. 15. 498 A lei permite utilizar crianças por 10 horas, sempre e quando não trabalhem dia após dia, mas sim em dias alternados. De modo geral essa cláusula ficou sem efeitos.
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