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Micro IV-2011-01_-aulas 1_e2 (1)

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MICRO IV –
Apresentação
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Programa – Tópicos principais
1) Definição e âmbito de estudo da Economia Industrial
Crítica à abordagem neoclássica tradicional sobre firmas, tecnologias e mercados
Conceitos Básicos
2) Paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho: O modelo e seus limites interpretativos
3) Análise estrutural de mercados, conduta e formação de Preços 
Determinantes da estrutura de mercado
Barreiras a entrada: conceitos estrutural e comportamental; barreiras à saída; tipos de barreiras (diferenciação de produto, patentes); contestabilidade; etc;
Economias de escala e de escopo (o formato da curva de custos médios)
Formato das funções de custos médios de curto e longo prazo; subaditividade.
Economias e externalidades de Rede 
Discriminação de preços
Medidas de concentração
Condutas: Estratégias de precificação, monopolização, etc
4) Natureza e objetivos da Firma
Panorama geral sobre as Estratégias de Crescimento da Firma
Coase: Teoria dos custos de transação
Penrose: Firma como coleção de recursos produtivos
5) Competitividade e Padrões de Concorrência: conceitos, determinantes e formas de mensuração
Análise da estrutura industrial brasileira
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Organização Industrial: Cronologia
1890 – Alfred Mashall publica “Princípios de Economia: um volume introdutório” 
1890: Sherman Act – primeira lei antitruste norte-americana
1911 – Schumpeter publica “Teoria do Desenvolvimento Econômico”, 
1926 – Piero Sraffa publica o artigo “As leis de rendimentos sob condições competitivas” 
1932 – Berle e Means publicam “A corporação moderna e a propriedade privada”. 
1933 – Joan Robinson publica “A economia da concorrência imperfeita” 
1933 – Edward Chamberlin publica “A teoria da concorrência monopolística” 
1937 – Ronald Coase publica “A natureza da firma”, 
1937 – F. Hayek publica o artigo “Economia e conhecimento” 
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Organização Industrial: Cronologia
1939 – Edward Mason publica o artigo “Políticas de preço e de produção na grande empresa”, 
1939 – M. Kalecki embasa sua teoria da dinâmica econômica numa teoria dos preços industriais. 
1941 – A Associação Econômica Americana reconhece Organização Industrial como um novo campo de estudos dentro da ciência econômica. 
1942 – J.Schumpeter publica “Capitalismo, socialismo e democracia” 
1952 – Joseph Steindl publica “Maturidade e estagnação no capitalismo americana” 
1956 – Joe Bain publica “Barreiras à nova competição” 
1959 – Edith Penrose publica “A teoria do crescimento da firma” 
1959 – William Baumol publica “Comportamento em negócios, valor e crescimento” 
1963 – Cyert e March publicam “A teoria comportamental da firma” 
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Organização Industrial: Cronologia
1964 – Paolo Sylos-Labini publica “Oligopólio e progresso técnico”. 
1964 – Oliver Williamson publica “A economia do comportamento discricionário”. 
1964 – Robin Marris publica “A teoria econômica do capitalismo gerencial” 
1969 – David Landes publica “Promoteu desacorrentado: mudança tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental de 1750 ao presente”. 
1970 –F.M.Scherer publica “Estrutura de mercado industrial e desempenho econômico”, considerado texto-síntese da OI clássica. 
1974 – Cristopher Freeman publica “A economia da inovação industrial” 
1975 – Oliver Williamson publica “Mercados e Hierarquias” 
1977 – Alfred Chandler Jr publica “A mão visível: a revolução gerencial nos negócios americanos” 
1982 – Richard Nelson e Sidney Winter publicam “Uma teoria evolucionária da mudança econômica” 
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Organização Industrial: Cronologia
1982 – William Baumol, juntamente com Willig e Panzar publicam “A teoria dos mercados contestáveis” 
1985 – Oliver Williamson publica “As instituições do capitalismo: mercados, hierarquias e contratos relacionais” 
1988 – Jean Tirole publica o livro-texto “Organização Industrial” tendo por base a teoria dos jogos. 
1990 – Alfred Chandler Jr. publica “Escala e escopo: a dinâmica do capitalismo industrial”. 
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MICRO IV – AULA 1
Conceitos Básicos
Referências: 
KON, A . Economia Industrial. São Paulo, Nobel, 1994. (Capítulos 1 e 4)
AZEVEDO, Paulo Furquim “Organização industrial” Cap. 9 - Manual de Economia da USP, 5a edição
DANTAS, A.; KERTSNTZKY, J. e PROCHNIK, V. “Empresa, indústria e mercados”, Cap. 2, Economia Industrial, ed. Campus
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Economia Industrial:
Antecedentes: 
Sraffa, Joan Robinson, Cournot e Chamberlin, etc.
Idéias Fundadoras: 
Hall & Hitch (1939), Mason (1939), Coase (1937)
Algumas das contribuições centrais:
Bain (1956), Baumol (1982), Scherer e Ross (1990)
Algumas das visões alternativas:
Teoria comportamental: Simon (1952), Cyert & March (1963)
Institucionalistas (NEI) – Willianson (1985)
Abordagem evolucionária: Nelson & Winter (1982)
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Economia Industrial
É definida como a aplicação da microeconomia à análise das firmas, mercados e indústrias (Stigler,1968);
Não há distinção teórica entre Micro e EI, a diferença deriva do trabalho empírico e das aplicações políticas e regulatórias.
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Definição ampla do objeto e escopo do estudo da Economia Industrial
Estudo dos condicionantes do crescimento das firmas e seus efeitos sobre a configuração e evolução das estruturas industriais;
Estudo dos fatores determinantes da formação das diferentes estruturas industriais e suas transformações ao longo do tempo;
Estudo das estratégias competitivas e como elas afetam o desempenho das firmas e a própria estrutura da indústria;
Entender como as firmas tomam decisões num ambiente caracterizado por incerteza e informação imperfeita (limitada);
Análise do papel da inovação/progresso técnico como fator-chave na explicação do desempenho das firmas e evolução/transformação das estruturas industriais
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Objetivos
Estudo da organização das indústrias ou mercados num determinado momento do tempo (baseado no método da estática comparativa)
Ex: estudar o mercado antes e depois da entrada de novos competidores
Estudo sobre as Condições de Entrada e sobre as Barreiras à Entrada de novos concorrentes numa indústria ou mercado
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Estruturas de Mercado
Na prática OI e EI se dedicam a estudar a economia dividindo os mercados que a compõe e examinar os grupos de empresas que abastecem este mercados: Estruturas de Mercado
Como está organizada a estrutura deste Mercado: ex.indústria farmacêutica, automobilística, etc.
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Abandona o foco em Mercados de Competição Pura e volta-se para o estudo de situações onde o mercado apresenta “falhas”;
Considera que os padrões de concorrência oligopolizados constituem a regra e não a exceção
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Poder de mercado
Quando uma firma consegue manter o preço de seu produto num no nível mais elevado do que o de seus competidores (permanentemente ) está exercendo poder de mercado 
Na Competição Perfeita o diferencial é eliminado pela competição de novos entrantes no longo prazo
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Poder de Mercado
Como se mede?
Pela existência de grau de monopólio medido através, por exemplo, do Índice de Lerner: 
Índice de Lerner: P – MC
 P
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Poder de Mercado
Se os preços mantiverem o diferencial permanentemente assegurarão uma vantagem competitiva para o ofertante
 Enquanto este diferencial existir será a garantia de maiores lucros para o produtor (ceteris paribus)
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PODER DE MERCADO DOS VENDEDORES
O que afeta o poder de mercado?
Número de Firmas na Indústria e Grau de Concentração
Existência de Economias de Escala (podem levar a monopólios( monopólios naturais)
Diferenciação de produtos
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Número de empresas e concentração
A competição tende a ser maior quanto maior o número de empresas numa indústria (têxteis, calçados) e menor quando poucas empresas dominam um mercado (linha branca; carros, sabão em pó, cervejas), 
Ela também tende a ser maior quanto menos assimétrica for a distribuição de tamanho entre as empresas ( ex. 2 com 60% e entre 100 com 40%)
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Concentração de mercados
O que é mercado?
Não existe um consenso
O mercado de automóveis
Devemos incluir camionetes, caminhões leves e Vans?
O mercado de refrigerantes
Quais os competidores para a Coca Cola e a Ambev?
Com quem o McDonalds e o Burger King concorre?
Define-se um mercado pelo produto substituto próximo 
O quão próximo?
O quanto homogêneo o produto deve ser? 
Madeira pode concorrer com plástico? Rayon com lã?
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Definição de Mercado (cont.)
Definir é importante
Sem um conceito consistente o mercado perde sentido
Para identificar se um mercado é competitivo ou não a definição dele é fundamental
Políticas públicas: decisões sobre fusões ou aquisições giram em torno da definição de mercado 
Nestlè/Garoto fusão rejeitada pela definição de mercado
Vale do Rio Doce julgamento difícil pelos mercados cruzados – mineração, siderurgia e logística - verticalização
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Concentração de Mercado
Elementos da Estrutura de Mercado:
Market-Share (distribuição de mercado)
Concentração de mercado
Condições de Entrada
Diferenciação de produtos
Grau de integração vertical
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Concentração de Mercado
Concentração:
É a forma tradicional de identificar e entender as estruturas de mercado ;
Entretanto, existem ambigüidades na interpretação , problemas práticos e deficiência teóricas na construção dos índices;
Na verdade o estudo da concentração mostra diretamente o grau de oligopolização daquele mercado;
O estudo – a partir dos índices – parte da hipótese de Bain:
“A concentração facilita a conlusão e aumenta a lucratividade da indústria como um todo.”
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Concentração de Mercado
Na verdade os indicadores de concentração estão relacionados com os modelos estáticos de oligopólio – Cournot, Bertrand e Stalkelberg.
A idéia é: quanto mais concentrado for mercado, ele é menos competitivo;
Segundo Stigler, existe uma relação positiva entre preço/custo(poder de mercado) e o HHI;
A concentração de mercado visa, na verdade identificar o poder de mercado das firmas;
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Concentração de Mercado
Mas o nível de poder de mercado das firmas no oligopólio varia devido a três motivos centrais:
Gradiente de concentração: existem vários tipos de concentração no oligopólio, que vai do concentrado ao competitivo;
Variação na interdependência: as empresas lutam ou cooperam;
Variações no market-share: existem assimétrias na distribuição do mercado entre as empresas e entre os vários mercados.
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As indústrias apresentam diferentes estruturas
nº e tamanho das firmas (share)
Aço: alta concentração
Sabão em pedra: baixa concentração
Qual a melhor medida de estrutura
Curva de concentração 
Razão de concentração ou Herfindahl-Hirschman index - HHI
Concentração de Mercado
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Medidas de concentração
Compare duas medidas diferentes:
 Posição da firma	 Market Share	 MS ao quadrado
			 (%)	 
 1			 25
 2			 25
 3			 25
 4			 5
 5			 5
 6			 5
 7			 5
 8			 5
625
625
625
25
25
25
25
25
CR4 = 80
Índice de Concentração
H = 2,000
25
25
25
5
*
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Fonte: IMS, 2008 e Queiroz & Gonzáles 2001. 
As 10 Maiores Empresas Farmacêuticas no mundo: 1999/2007
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Principais empresas farmacêuticas no Brasil - 2006
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 Posição da firma	 Market Share	 MS ao quadrado
			 (%)	 
O índice de concentração é afetado por uma fusão, ex:
 1			 25
 2			 25
 3			 25
 4			 5
 5			 5
 6			 5
 7			 5
 8			 5
625
625
625
25
25
25
25
25
CR4 = 80
Concentration Index
H = 2,000
25
25
25
5
}
}
}
10
85
100
2,050
Se as firmas
4 e 5 decidirem 
uma fusão
O IC muda 
Mudam as 
participações
*
Roche (Suíça), oferta de US$ 44 bilhões por 44% de participação na Genentech, uma das maiores empresas mundiais no segmento de biotecnologia
Bristol-Myers Squibb (BMS) (EUA), oferta de US$ 4,5 bilhões pelo controle de 83% da ImClone (EUA), 
Concentração: fusões e aquisições
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Concorrência e mudança estrutural:
Microeconomia neoclássica x enfoque evolucionário
Microeconomia Neoclássica
Paradigma do equilíbrio/estática
Racionalidade maximizadora/agentes maximizadores
Informação perfeita/ausência de incerteza
Concorrência definida em termos do mecanismo de preços/hipótese da “mão invisível” ou “mercados eficientes”
Adota o conceito de firma representativa/ modelo de equilíbrio parcial
Versão “Pigouniana” da teoria de Marshall
Economia Industrial no enfoque evolucionário
Abordagem evolucionária/dinâmica
Racionalidade procedimental
Informação imperfeita/incerteza “fraca” ou “forte”
Concorrência definida como um processo e entendida como rivalidade entre capitais
Adota o pressuposto da diversidade/ inexistência de firma representativa/ custos representativos.... Etc
Remete a noção de concorrência Schumpeteriana e mudança estrutural de Marx
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MICRO IV – AULA 1
Crítica à abordagem neoclássica tradicional sobre firmas, tecnologias e mercados
Referência:
SRAFFA, P. (1982). As leis dos Rendimentos sob condições de Concorrência. Literatura Econômica, Vol. 4, nº. 1 jan./fev. 1982, p. 5-34 (inclui a nota introdutória de Ricardo Tolipan e E. A. Guimarães).
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HIPÓTESES IMPLÍCITAS AO MODELO NEOCLÁSSICO
 A racionalidade que orienta as decisões tomadas no âmbito da firma é do tipo utilitarista-maximizadora 
 As variáveis de mercado (preços, demanda, tecnologia ... etc) e as condições de concorrência são dadas, permanecem imutáveis e tem-se delas pleno conhecimento.
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Abordagem neoclássica:
Hipóteses assumidas com relação à firma
 Todas as alternativas de produção são dadas e conhecidas, como também o são os custos e os benefícios a elas associadas.
 A função-utilidade da firma é definida exclusivamente em termos do objetivo da maximização do lucro.
 A maximização do lucro define a condição de “ponto de equilíbrio” da produção da firma.
 Os fatores de produção são perfeitamente substituíveis entre si, no limite, em doses infinitesimais: “princípio da substituição”.
 As firmas são tomadoras de preços (price-takers)
 As condições da produção e da demanda de um bem são consideradas independentes, tanto entre si como da oferta e da demanda de todas as outras mercadorias: aplica-se a cláusula ceteris paribus e o critério de análise de equilíbrio parcial
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A CRÍTICA DE SRAFFA À TEORIA MARSHALLIANA DA CONCORRÊNCIA 
Dois elementos centrais da crítica:
 A curva de demanda infinitamente elástica (horizontal) da firma em concorrência perfeita;
 A curva de custo médio em formato de U, expressando a hipótese de que em regra a firma estaria sujeita à lei dos rendimentos físicos marginais decrescentes, sendo este o principal obstáculo à expansão da produção.
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Crítica à curva de demanda infinitamente elástica
Argumentos de Sraffa:
A firma possui uma curva de demanda descendente, de modo que maiores quantidades de venda somente podem ser conseguidas às custas de reduções de preço (ou maiores despesas com vendas), expressando a existência de preferências por parte dos consumidores. 
Uma vez que se admita que a firma exerça algum poder de controle sobre o preço de venda do produto, não necessariamente uma queda da demanda implicará numa queda proporcional dos preços: os preços tendem a ser rígidos para baixo, conforme demonstrado pela “curva de demanda quebrada”, de Paul Sweezy. 
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Crítica à curva de demanda infinitamente elástica
Conclusão de Sraffa:
As firmas influenciam o preço de venda dos seus produtos, e o fazem tomando em conta as preferências dos consumidores e, sobretudo, as condições de concorrência.
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Crítica à curva de custo médio em formato de U
Argumentos de Sraffa:
Marshall estendeu indevidamente a aplicação da lei dos rendimentos físicos marginais decrescentes (que na elaboração de Ricardo seria aplicada à agricultura) para toda e qualquer produção, ao mesmo tempo em que, também indevidamente, desconsiderou a ênfase atribuída pela teoria de Smith à possibilidade de rendimentos crescentes na produção.
 A existência de economias de escala é uma evidência significativa no mundo da produção: um grande número de firmas opera em condições de custos médios decrescentes, na faixa relevante de produção, vale dizer, correspondente a um determinado grau planejado de utilização da máxima capacidade produtiva. 
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Crítica
à curva de custo médio em formato de U
Conclusão de Sraffa: 
O crescimento da firma tende a ser limitado pelas condições de mercado (fatores relacionados à demanda) e não pelas condições de produção (custos).
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Crítica de Sraffa à inconsistência interna do modelo Marshalliano de equilíbrio parcial
 Argumentos de Sraffa:
A aceitação da hipótese de que a curva de custo médio da firma tem formato de U implica na negação da hipótese de equilíbrio do mercado em condição de equilíbrio parcial.
Dado que:
A idéia de equilíbrio parcial só se sustenta na condição de completa independência entre as funções de preços e custos das firmas: nenhuma firma pode afetar ou ser afetada pelas condições de produção e demanda das outras.
A curva em formato de U pressupõe a ocorrência de custos marginais e médios crescentes, o que tende a repercutir sobre as condições de custos de algumas outras firmas: a menos que se admita que toda e qualquer firma consome sozinha a oferta total de um determinado insumo, e ainda, que este insumo não entra na composição de custos de qualquer outra firma – o que parece uma hipótese pouco realista.
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A crítica de Sraffa logrou desafiar a solidez da estrutura marshalliana em três pontos críticos:
(Possas, 1985) 
A pressuposição para o equilíbrio da firma competitiva da ocorrência de rendimentos decrescentes;
A possibilidade de manutenção do equilíbrio competitivo a longo prazo com retornos crescentes (economias de escala);
A suposta independência do preço em relação à produção na firma competitiva
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Principais idéias enfatizadas por Sraffa com importantes reflexos no estudo da OI
Diferenciação de produtos;
Importância das preferências dos consumidores; 
Papel dos gastos de venda;
Noção de que a firma leva em consideração as possíveis reações de seus competidores e resiste a reduzir preços;
A possibilidade das firmas apresentarem lucros extraordinários como resultado da existência de barreiras a entrada;
Existência de limites para endividamento da firma.
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A exploração por Sraffa do “dilema de Marshall” – como conciliar concorrência com retornos crescentes de escala, teve acolhida mais interessada por representar uma ameaça maior para uma imagem estacionária e equilibrada do sistema econômico capitalista, tão cara à tradição neoclássica. A solução de Pigou da “firma representativa” era incoveniente. 
Isto significa admitir que as economias de escala são um poderoso incentivo ao processo de concentração de mercados, e não há mecanismo neoclássico de equilíbrio que o impeça de conduzir à formação de oligopólios (Possas, 1985, p18).
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A resposta da Microeconomia Neoclássica às críticas de Sraffa
As teorias da concorrência imperfeita e monopolística de Robinson e Chamberlin, vêm buscar atender às críticas de Sraffa. 
Ambas se propõem a combinar algumas condições competitivas – grande número de firmas na “indústria” e livre entrada – com um elemento monopolista – o poder de afetar os preços, dependendo da quantidade vendida de produtos ligeiramente diferenciados.
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Modelos de Concorrência Imperfeita (Joan Robinson, 1933) ou Monopolística (Edward Chamberlin, 1933)
Objetivo: formular uma teoria da concorrência que tivesse ao mesmo tempo o rigor dos modelos da concorrência perfeita e do monopólio e que, por outro lado, permitisse incorporar algo das críticas de Sraffa, no caso, sua proposição quanto à existência de preferências entre os consumidores.
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Modelos de Concorrência Imperfeita (Joan Robinson, 1933) ou Monopolística (Edward Chamberlin, 1933)
Como isto foi feito?
 Assumindo a hipótese de que os produtos são não-homogêneos (existe diferenciação de produtos).
 Mas assumindo também que as curvas de demanda e de custos seriam iguais para todos os produtos (firmas) do grupo (conjunto de firmas que produzem bens substitutos entre si). 
O que implica supor que:
Diferenças entre os produtos não acarretam qualquer diferença de custos;
As preferências dos consumidores são uniformemente distribuídas entre os vários produtos (firmas) do grupo.
Onde se queria chegar?
 O resultado continua sendo modelos de equilíbrio parcial e que atendem o critério de maximização de lucro da firma no longo prazo.
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A reafirmação das críticas de Sraffa:
Críticas de Nicholas Kaldor à consistência interna destes modelos 
A possibilidade de equilíbrio da “indústria” (ou grupo para Chamberlin) em concorrência monopolística depende crucialmente da existência de economias de escala, o que restringe sua aplicação tanto mais quanto mais as atividades sujeitas a economias de escala não desprezíveis são em geral as mais concentradas e, portanto menos competitivas;
O equilíbrio na indústria ou grupo tem ainda como requisito essencial, implícito, uma implausível distribuição uniforme das “preferências dos consumidores” pelos produtos de todas as firmas, inclusive as que entram na indústria, do contrário surgirão lucros supranormais inelimináveis;
A hipótese de livre entrada fica prejudicada pela imprecisão na definião de uma indústria ou grupo constituída de produtos que apenas se supõem “bons substitutos” uns dos outros;
O significado convencional atribuído à curva de demanda (ceteris paribus) de uma firma não pode ser aceito, em virtude de sua interdependência determinada pela cadeia de produtos substitutos que formam a indústria. 
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A reafirmação das críticas de sraffa:
autocrítica de Joan Robinson
Auto-crítica de Joan Robinson
Passou em “revista” e apontou as insuficiências da sua própria teoria (da concorrência imperfeita): 
Maximização de lucro como o objetivo único da firma
Desconsideração das outras formas de concorrência que não a concorrência via preços
O foco na determinação do equilíbrio ao invés dos condicionantes do crescimento da firma
Conclusão de Robinson:
Faz-se necessário abandonar os pressupostos neoclássicos da firma e do mercado e colocar em seu lugar uma teoria não-ortodoxa e centrada no oligopólio
Sraffa concluiu nos mesmos termos o seu artigo de 1926...
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Joan Robinson: 
“A contradição de Marshall entre economias internas e concorrência não pode ser resolvida pelo tamanho ótimo de firma de Pigou, e muito menos pela previsão de que as companhias por ações vão deixar de crescer. Ela deve ser resolvida pelo reconhecimento de que não há necessidade de resolvê-la”.
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A maior parte das críticas à concorrência imperfeita e monopolística converge numa única direção:
Ênfase na interdependência, 
Questionamento da livre entrada e do conceito de indústria com grande número de concorrentes “homogeneamente diferenciados”; 
Recusa da “solução” artificiosa do “dilema de Marshall” 
Tudo isso conduz à identificação do grande ausente deste esforço teórico: o oligopólio.
Possas (1985): “Assim, a teoria da concorrência imperfeita (monopolística) não obtém êxito em dotar a teoria neoclássica dos preços de uma “ponte” entre a Concorrência Perfeita e monopólio que evitasse tratar da questão do oligopólio. Nem poderia, porque na concepção marginalista a rigor não existe nada entre conc.perfeita e monopólio (o oligopólio não está “entre” mas “fora”).

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