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1. Não se pode negar que a sociedade se mostra cada dia mais diversificada em muitos aspectos: gênero, religioso, entre outros. O debate em torno dessa diversidade social traz à luz a necessidade de políticas voltadas ao combate da intolerância, violência e preconceito, mas também à importância de formar sujeitos tolerantes. Contudo, a escola, como é pensada na atualidade, ainda contém rastros determinantes das tranformações sociais, culturais e econômicas decorrentes da modernidade e presentes na contemporaneidade. Nesse sentido, os teóricos Lobrot (1992) e Sacrístan (1995) defendem que a negação da diversidade se atrela: I. somente ao modelo confessional de ensino religioso, que sempre esteve presente nas escolas. II. à herança moderna, que fez prevalecer os conteúdos racionais e cognitivos frente aos outros. III. à intolerância e ao medo próprios ao humano, independente de sua formação. IV. ao ensino pensado como instrumento de formação de mão de obra para a indústria. Está correto o que se afirma em: E. III e IV, apenas. Para Lobrot (1992) e Sacrístan (1995), a intolerância e o medo são resultados de uma formação voltada ao pensamento hegêmonico. Isto é, se na Idade Média a formação era voltada à religião de forma confessional (pois o argumento religioso prevalecia sobre qualquer outro conhecimento), na modernidade esse argumento foi substituído pelo racionalismo científico moderno. Com essa mudança de paradigma, o currículo escolar passou a ser pensado de acordo com a hierarquia científica da época: as ciências exatas como mais importantes que as humanas. Muito disso se deve à Revolução Industrial, que também passou a necessitar de mão de obra especializada para seu constante progresso. Nesse contexto, as questões relativas à existência subjetiva do ser humano passaram a ser desqualificadas e, segundo os autores, por mais que tenham ocorrido tentativas de readequar esse currículo e modelo, a estrutura citada ainda permanece. 2. Atualmente a diversidade cultural vem sendo pensada em relação a diversas camadas de diferenças não só sociais, mas também em relação à diversidade individual, chamadas de "interna" e "externa". No sentido digressivo que compete à questão, teóricos como Wood (2003) e Berger (2014) defendem que, para melhor delimitar e compreender o termo, é necessário distinguir o termo em si e seus sinônimos, a fim de criar uma gramática correta para seu uso. Nesse sentido, no que consistem a diversidade cultural e o pluralismo? A. Diversidade cultural consiste nas diferenças factuais entre os seres, e pluralismo é a promoção positiva da diversidade. Diversidade cultural consiste nas diferenças factuais entre os seres, e pluralismo é a promoção positiva da diversidade. Segundo Wood (2003) e Berger (2014), é necessário acentuar a distinção entre o que se entende como pluralismo e diversidade porque esta é algo que existe na sociedade desde o princípio, ou seja, sempre existiram seres diversos sem que isso fosse problematizado; já a reflexão e o pensamento sobre a promoção da diversidade se dão após sua constatação factual. Ou seja, pensar positivamente e promover a diversidade cultural é algo propriamente contemporâneo. Assim, por mais que a diversidade seja pensada de modo duplo, a diversidade do pluralismo e a diversidade empírica coabitam o mesmo conceito. Não se deve, portanto, desmembrar o termo, mas distingui-lo de seu sinônimo para ser mais bem compreendido, pois ambos têm sentidos e significados diferentes. Igualmente, a diversidade abarca distintas camadas em sua performatividade, o que não se aplica a concepções universalistas com vistas a qualquer hegemonismo. 3. O Brasil manteve seu caráter civilizatório-colonizador por muito tempo. Até a atualidade esse caráter se apresenta estruturalmente em diversos contextos sociais e culturais. A disciplina de ensino religioso, segundo o currículo atual, vem sendo pensada como importante ferramenta para contribuir com a mudança estrutural da sociedade nesse sentido. Para tanto, como o ensino religioso deve pensar as formas de vida que não participam do contexto religioso? A. O ensino religioso pode promover os princípios e valores dessas filosofias de vida. A atual diretriz sobre a disciplina, tendo em vista a necessidade de promover o debate e a diversidade cultural, passou a determinar que o ensino religioso deve abarcar todas as religiões e filosofias de vida de modo igual. Isto é, ao trabalhar filosofia de vida em vez de religiões, promovem-se os valores éticos e morais dessas filosofias, independentemente de uma doutrina religiosa. Assim, o professor pode até traçar paralelos entre os valores religiosos e os dessas filosofias, mas nunca criar uma hierarquia. Do mesmo modo, deve-se trabalhar como ambos os modos de viver e pensar podem contribuir socialmente. 4. Por muito tempo, a religião oficial brasileira foi a católica. Nesse sentido, o Estado não só promovia o discurso religioso como o adotava como fundamento para várias de suas decisões. Com a formação da República, o Estado se tornou laico, ao menos no que competia à sua constituição. Contudo, a religião católica resistiu em sua hegemoneidade até a primeira metade do século XX, quando outras religiões passaram a ser reconhecidas em seus direitos. Leia as sentenças a seguir: I. O Estado reconhece o direito à liberdade de crença e culto também por ser um direito fundamental humano. II. O Estado reconhece o direito à liberdade de crença e culto com a intenção de manter o controle social. III. O Estado não reconhece o direito à liberdade de crença e culto para as religiões de matriz africana. IV. O Estado reconhece o direito à liberdade de crença e culto somente para religiões cristãs. Está correto o que se afirma em: D. I e II, apenas. Após a Segunda Guerra Mundial, com a tragédia do Holocausto, os direitos humanos passaram a ser pensados. Nesse contexto, em 1948, foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Essa declaração afirma que “toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos” (on-line). Assim, muitos países ocidentais passaram a aderir à causa de respeito e valorização da dignidade humana, bem como a diversidade. Contudo, não se trata apenas de prezar pela harmonia social; o Estado passou a reconhecer o direito à liberdade de crença e culto também como forma de controle social, visto que a intolerância gera diversos conflitos. Assim, atualmente o Estado brasileiro reconhece os direitos a todas religiões e suas manifestações. 5. Estudos da religião geralmente identificam quatro matrizes religiosas. Cada uma aglutina diversas religiões, por isso não é possível falar efetivamente em matrizes com base numa concepção de identidade entre as religiões que a compõem, mas há elementos comuns. Sobre as matrizes religiosas e suas características, associe as duas colunas a seguir: I. Matriz indígena II. Matriz ocidental-europeia III. Matriz africana IV. Matriz oriental ( ) Essas religiões estabelecem um universo suprassensível acessível por meio de estados alterados da consciência (sonhos, transes, uso de substância psicoativas, predisposição mística, etc.). ( ) Inclui uma religião que funcionou, no Brasil, como sistema ideológico que preconizou o reforço da hierarquia social existente e a estrutura de dominação e subjugação de povos. ( ) Passou por um forte processo de sincretização até se afirmar como conjunto de religiões próprias em suas práticas e crenças, recuperando e legitimando sua autonomia em relação a outras crenças. ( ) Religiões introduzidas principalmente a partir do final do século XIX e início do XX, decorrentes de fluxos imigratórios. Assinale a alternativa com a sequência correta. A. I, II, III, IV. Religiões de matriz indígena são variadas e incluem mitologias sobre a origem do mundo, existência de divindades e espíritos sobrenaturais. Uma de suas características comuns é a possibilidade de acessar a realidade suprassensível por meio de algum estado alterado de consciência, obtido de diferentes formas de acordo com cada crença. A matriz ocidental-europeia foi introduzida pelos portugueses com a colonização do Brasil. Nesse período e em outros que se seguiram ao catolicismo, uma das religiões dessa matriz foi utilizada como sistema ideológico de dominação contra as populações nativas e as africanas trazidas como escravas. As religiões de matriz oriental foram introduzidas no Brasil principalmente a partir do século XX com as ondas imigratórias de japoneses. Tais imigrações foram praticamente suprimidas em razão da Segunda Guerra Mundial, que colocou o Brasil e o Japão em lados opostos na guerra.