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Stella de Mello COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 1ª Edição, 2020 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e pro� ssional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação a Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani,Jônathas Sant’Ana e � amires Mattos Designers grá� cos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e pro� ssional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação a Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani,Jônathas Sant’Ana e � amires Mattos Designers grá� cos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2020 Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Stella de Mello COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Mello, Stella de. Comunicação e expressão [livro eletrônico] / Stella de Mello. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira pro� ssional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como pro� ssão 4. Contabilidade como pro� ssão - Leis e legislação 5. Formação pro� ssional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Contabilidade : Educação pro� ssional 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Comunicação e expressão 1ª edição – 2020 e-book (pdf) OP 00123_056 Editora associada: Todos os direitos reservados para a unaspress - Imprensa universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. Preparação: Matheus Cardoso Revisão: Giovanna Finco Projeto grá� co: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Ana Paula Pirani Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13.448-900 Tels.: (19) 3858-5222 / (19) 3858-5221 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial cientí� ca ad hoc: Waggnoor Macieira Kettle Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piraci- caba, SP, com ênfase no ensino da Contabilidade Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Al� eri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez SUMÁRIO GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS APLICABILIDADES ..... 13 Introdução ........................................................................................14 Breves reflexões sobre o ato de escrever na esfera universitária ......................................................................15 Resumo ............................................................................................17 Resumos indicativos ...............................................................18 Resumos informativos ............................................................19 Resumos críticos ou resenha ..................................................21 Sobre os vários tipos de resumo: importante........................24 Fichamento ......................................................................................25 No que toca ao aspecto físico .................................................26 Artigo acadêmico.............................................................................27 Leitura ..............................................................................................32 As condições de produção da leitura ......................................36 Estratégias de leitura ...............................................................38 Lendo e produzindo textos ..............................................................43 Referências .......................................................................................50 A COMUNICAÇÃO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO ................................ 53 Introdução ........................................................................................54 Sistema da comunicação .................................................................54 Funções da linguagem ....................................................................63 Função informativa (referencial/denotativa) .........................65 Função expressiva (emotiva) ..................................................66 Função conativa (apelativa)....................................................67 Função fática (ou interativa) ...................................................68 Função metalinguística ...........................................................69 Função poética ........................................................................70 A apresentação eficaz ......................................................................73 Pontualidade ...........................................................................73 VO CÊ ES TÁ A QU I Equipamentos .........................................................................74 Conexão com a rede ................................................................75 Linguagem ..............................................................................76 Apresentação em grupo .........................................................77 Ansiedade ...............................................................................78 Concluindo ..............................................................................79 Perguntas ................................................................................79 Vestuário .................................................................................80 Para finalizar ............................................................................80 Habilidades comunicacionais ..........................................................82 Fases de uma apresentação ....................................................84 O que evitar? ...........................................................................89 Referências .......................................................................................93 VO CÊ ES TÁ A QU I PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA. Leitura e Interpretação de Textos. Construção de textos técnicos. Elaboração, crítica e análise de relatórios e projetos. Comunicação Empresarial. Desenvolvimento de Expressão Oral. O gestor como comunicador. Mídias organizacionais. Organização e postura em reuniões, eventos e momentos públicos. EMENTA CONHEÇA O CONTEÚDO Seja bem-vindo(a) ao estudo sobre Comunicação e Expressão! Neste material, você terá acesso a alguns conceitos importantes quando falamos de Língua Portuguesa escrita. Mas, diferentemente do que, talvez, você lembre de seus aprendiza- dos anteriores, o estudo da nossa língua não se resume ao conhecimento gramatical dos seus elementos ou a decorar quais tipos de textos existem. Ele vai além de qualquer ensino que esteja focado na gramática pura e simplesmente. Aliás, o estudo de gramática existe para auxiliar a nossa percepção crítica sobre o que lemos e ouvimos em nossa vida. Aqui, levantaremos questões relacionadas à linguagem, visando desenvolver o racio- cínio crítico e conceitos básicos dos textos acadêmicos. Para melhor assimilação do conteúdo, este material foi dividido em duas partes, que têm o objetivo de abordar com maiores detalhes todos os assuntos relevan- tes para a área em questão. A primeira parte apresentará breves reflexões sobre o ato de escrever dentro do contexto acadêmico, sobre os gêneros textuais mais utilizados na esfera universitária e ainda, sobre a leitura, a produção e a análise de textos. A segunda parte do estudo terá a comunicação como tema central, relacionando-a com o ambiente de trabalho e com a importância de se ter uma comunicação eficaz num mundo cor- porativo. Esperamos que você aproveite este conteúdo e que, a partir dele, consiga desen- volver suas habilidades com a escrita, leitura e produção de textos. Bons estudos! - Adquirir conhecimentos linguísticos necessários para sintetizar – de maneira lógica - ideias, projetos, empreendimentos, procedimentos; - Escrever, falar e ler de maneira clara, objetiva e assertiva em todas as situações envolvidas no administrar de uma empresa; - Contribuir para o crescimento da empresa no que se refere à solução de problemas por meio do raciocínio lógico-linguístico. A COMUNICAÇÃO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO uNIDADE 2 OB JE TI VO S 54 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO INTRODUÇÃO Quando pensamos em língua, podemos concluir que é o idioma que falamos ou um idioma específico. Sobre linguagem, podemos afirmar que ela se trata de um conceito mais amplo e mais complexo, que se refere às formas de expressão que utilizamos para nos comunicar. Quanto mais você souber a respeito da linguagem e do modo como ela funciona, mais seguro você estará em qualquer situação em que argumentar ou ouvir argumentos for fundamental. Este material foi preparado para melhorar seus conhecimentos sobre a linguagem e para ajudá-lo a melhorar em seu desempenho profissional. Portanto, esperamos que ao final desta unidade você tenha compreendido:o sistema da comunicação e seus elementos; • a linguagem e suas muitas funções; • os textos corporativos e suas especificidades; • a apresentação de projetos e trabalhos e como apresentá-los. SISTEMA DA COMUNICAÇÃO Em uma situação de comunicação, seja ela qual for, em casa, na rua, no trabalho, sempre temos como objetivo 55 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO transmitir uma mensagem. Mesmo parecendo simples, esse processo comunicativo é composto por diversos elementos que o tornam complexo. As mensagens podem ser faladas, digitalizadas ou mesmo escritas de próprio punho. Cada uma possui níveis de dificuldades no processo de comunicação, pois envolve níveis de conhecimento, visão de mundo, normas, códigos de conduta, entre outros aspectos que fazem parte da vida das pessoas e das empresas. Terciotti e Macarenco (2013) ponderam que se o diálogo entre seres humanos é que gera novos saberes, a comunicação passa a ser estratégica na vida contemporânea das pessoas e das empresas. As autoras comentam, também, que um profissional que se comunica não é alguém que meramente repete o que lhe foi dito. Saber se comunicar é ter habilidade de expressar a própria intelectualidade, sua criatividade, seu conhecimento e seu ponto de vista. Ao se comunicar, o ser humano avança no seu conhecimento, faz avançar o conhecimento dos outros e, assim, enriquece as ações empresariais e profissionais. Na vida profissional, a comunicação é essencial. Perissé (2003, p. 5) indica que a comunicação é absolutamente necessária em todas as profissões: “O pesquisador que precisa escrever uma tese ou um ensaio, o médico que precisa escrever 56 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO um artigo sobre sua especialidade, o advogado que precisa escrever uma petição, o empresário que precisa escrever umrelatório ou um parecer”. Enfim, todos precisam não somente da escrita como meio para se comunicar, mas, no entendimento de Perissé (2003), necessitam escrever bem para serem compreendidos nas suas mensagens e terem eficácia na sua comunicação. A simplicidade apresentada na Figura 2 não se confirma nas práticas de comunicação tanto pessoal quanto em ambiente corporativo. Figura 2 - O sistema da comunicação EMISSOR RECEPTOR CANAL CÓDIGO MENSAGEM Fonte: elaborado pelo autor 57 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO MATERIAL COMPLEMENTAR Em um mundo globalizado, as informações e as dinâmi- cas profissionais estão em constante mudança. Dessa forma, o profissional que tem conhecimento e habili- dade para lidar com a comunicação se destaca. E o que seria a comunicação empresarial? O Catho, site brasileiro de classificados de empregos, em seu canal do YouTube, traz uma reportagem que aborda muito bem o assunto. Disponível em: <https://bit.ly/2MXtygH>. Acesso em: 14 jun. 2020. Analisou a Figura 2? Então, vamos conhecer cada um desses elementos do processo de comunicação, conforme apresentados por Terciotti e Macarenco (2013, p. 3): • Emissor: é quem transmite a mensagem decodificada ao receptor. Trata-se da fonte do processo de comunicação. Pode ser uma pessoa ou um grupo (uma empresa, por exemplo). As autoras destacam que “a experiência e a autoridade do emissor aumentam a atenção do receptor à mensagem”; • Receptor: é quem recebe, decodifica e interpreta a mensagem enviada pelo emissor. Trata-se do interlocutor: aquele que interage com o locutor 58 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO (no caso, o emissor). Pode também se referir a um indivíduo ou a um grupo de pessoas; • Mensagem: é a informação transmitida pelo emissor ao seu interlocutor; é o objeto da comunicação, seu conteúdo. É um conjunto organizado de sinais (ou signos) que pertencem ou não a um código linguístico; • Código: é o conjunto de sinais ou signos, linguísticos ou não, comuns ao emissor e ao receptor. Conforme regras específicas, as mensagens são elaboradas por meio desse conjunto de códigos. Observe: o emissor utiliza o código (a Língua Portuguesa, por exemplo); o receptor, se conseguir identificar o sistema e tiver condições, decodifica a mensagem; • Canal de comunicação: é a via, o meio (oral, escrito, visual ou corporal) pelo qual as mensagens são transmitidas, servindo de suporte físico à transmissão. É o que permite a comunicação entre emissor e receptor. É importante você atentar para o fato de que as mensagens mudam conforme o canal. Por isso, há mensagens visuais (imagens); sonoras (palavras, músicas e sons em geral); 59 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO táteis (o telefone vibrando; um choque elétrico); olfativas (odores, o pão fresquinho) e gustativas (temperos, doces, ácidos). Porém, um choque ou um “tapinha nas costas” apenas se caracterizam como mensagens se, por intenção de um emissor, veicularem uma ou várias informações ao receptor; • Ambiente: é o contexto que envolve toda a situação comunicacional, incluindo as circunstâncias de espaço e de tempo. É bem importante ressaltar que o ambiente é um elemento extralinguístico fundamental, pois molda o comportamento comunicacional dos falantes. Basta considerar que, entre amigos, o modo de se comunicar é um e em ambientes menos descontraídos ou formais o comportamento é bem diferente. Há situações em que você escolhe bem as palavras, os gestos ou cuida para não gesticular. Tudo isso é processado sem que você sequer perceba. Nesse esquema de comunicação que você acabou de conhecer, Medeiros (2005) e Terciotti e Macarenco (2013) afirmam se configurar como base do modelo mecanicista, que entende o processo como não humano, existindo, de um lado, uma fonte, do outro, um destino. A fonte transmite um sinal 60 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO que deve ser captado pelo receptor, e isso é o que acontece nas transmissões de TV em rede aberta, por exemplo. A mensagem (o programa, digamos assim) pode, entretanto, sofrer algum tipo de interferência, chegar comprometida ao seu destino, que pouco ou nada pode fazer para decodificá-la completamente. A isso chamamos ruído. Terciotti e Macarenco (2013, p. 74) afirmam que os ruídos na comunicação podem ser definidos como “qualquer elemento que dificulte a comunicação e que não seja pretendido pelo emissor”. Essas autoras consideram ainda que, em uma comunicação escrita, os ruídos podem ser causados pelos seguintes fatores: • diferença de linguagem e de vocabulário entre o emissor e o receptor; • diferença de repertório entre o emissor e o receptor; • falta de sequência do raciocínio lógico (falta de encadeamento das ideias) na mensagem; • presença de ideias estereotipadas ou preconceituosas; 61 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO • uso de canais ou veículos (e-mails, memorandos, relatórios, circulares, faxes etc.) inadequados ao tipo de comunicação; • uso de redundância. Mas, no sistema que apresentamos (e que você analisou bem, por meio da figura), há uma diferença. Nele, é considerado o ambiente, que envolve todo o processo da comunicação humana, incluindo variantes sociológicas e psicológicas. Na visão de Medeiros (2005) e de Terciotti e Macarenco (2013), o modelo circular de comunicação considera um processo de duas vias, em que emissor e receptor trocam de posição o tempo todo. Basta imaginar um diálogo entre duas pessoas. Assim, para as autoras supracitadas, ao contemplar o contexto, o modelo circular faz com que emissor e receptor Os ruídos são elementos que dificultam a comunicação e que não são pretendidos pelo emissor. 62 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO considerem não só a mensagem bruta, mas também o modo como cada um a interpreta – e isso interfere, decisivamente, no modo como essa mensagem é decodificada. Já podemos, portanto, compreender o modelo psicológico, o qual, na concepção das autoras, considera os fatores que interagem no processo junto às pessoas, de modo que a decodificação das mensagens depende também da interpretação de fatores íntimos. Medeiros (2005) e Terciotti e Macarenco (2013) identificam outros modelos de comunicação, como o sociológico, antropológico e sistêmico de comunicação. No modelo sociológico, o grupo social do qual o indivíduo faz parte desempenha um papel fundamental no processo, pois define os códigos e símbolos necessários para a interpretação. No modelo antropológico, a comunicação é percebida como o fator que BRUTA Segundo o site Significados, “bruta(o)” é algo “que continua no estado natural; que não foi trabalhado nem polido: matéria bruta, diamante bruto”. Fonte: <https://bit.ly/2Z4QHEc>. Acesso em: 04 set. 2020. 63 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO estrutura todos os componentes da cultura de uma sociedade específica. Por fim, as autoras destacam que o modelo sistêmico analisa a condição contextual que envolve uma mensagem, interessando-se pelos objetivos e pelos resultados obtidos no processo comunicacional. É importante ressaltar que esses modelos não se excluem mutuamente. São modos distintos para entendermos a comunicação e, também, as partes de um contexto ainda mais amplo. Exceto o modelo mecanicista, os demais contêm três etapas básicas: 1. Composição: o emissor converte dados de natureza distinta na mensagem; 2. Interpretação: o receptor usa o seu conheci- mento para atribuir sentido à mensagem; 3. Resposta: o receptor processa a mensagem e, assumindo a posição de emissor, devolve uma mensagem nova ao seu interlocutor. FUNÇÕES DA LINGUAGEM A comunicação é produto da necessidade humana de se expressar. Por meio dela constroem-se relações 64 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO de significado, que possibilitam que a comunicação cumpra certas funções específicas e desenvolva diferentes performances. No ambiente corporativo, conforme asseveram Terciotti e Macarenco(2013, p. 37), “a comunicação passa a ser encarada como um processo que leva à realização das potencialidades estratégicas e à ampliação e integração das estruturas organizacionais, de modo a envolver todos os atores que participam desse processo”. Agora que você já percebeu que o processo de comunicação é naturalmente complexo, veremos seis funções básicas da linguagem, largamente utilizadas todos os dias, e a todo momento, algumas mais do que outras, correspondendo a cada um dos fatores do sistema de comunicação que vimos no item anterior. A comunicação é produto da necessidade humana de se expressar. 65 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO MATERIAL COMPLEMENTAR O canal do YouTube da Rádio CBN traz um diálogo com o psicoterapeuta Léo Fraiman sobre boa leitura, qualida- de no texto e no vocabulário. Na entrevista, Léo Fraiman pontua dicas para jovens que estão se preparando para o mercado de trabalho. Disponível em: <https://bit.ly/2MYKaoc>. Acesso em: 14 jun. 2020. FUNÇÃO INFORMATIVA (REFERENCIAL/DENOTATIVA) Comecemos com um exemplo de uma notícia do jornal Folha de São Paulo, redigida por Soares (2014): Após dois meses seguidos de retração da produção das fábricas, o emprego na indústria se mantém debilitado. Em abril, as vagas de trabalho no setor caíram 0,3%, na comparação livre de efeitos sazonais (típicos de cada período) com março. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (11). 66 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Centrada no contexto, a função referencial destaca a informação. É a forma utilizada nos textos acadêmicos e nas notícias e surge quando o emissor oferece dados reais, usando a terceira pessoa do singular: “Após dois meses seguidos de retração da produção das fábricas, o emprego na indústria se mantém debilitado” (SOARES, 2014). Note como essa função valoriza, de modo bem objetivo, aquilo que é informado, sem deixar margem para interpretação. Tudo é muito bem explicado. FUNÇÃO EXPRESSIVA (EMOTIVA) Acompanhe esse trecho de uma declaração do ministro Gilberto Carvalho ao jornal Folha de São Paulo (NALON, 2014): “Teremos problema sim se houver tentativa de manifestações violentas que tentem impedir o direito de outras pessoas de celebrar a Copa. Para isso, as forças de segurança serão acionadas”. Podemos detectar a função expressiva em textos centrados no emissor (ou remetente) da mensagem. 67 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO Podemos detectar a função expressiva em textos centrados no emissor (ou remetente) da mensagem. Essa função é caracterizada pelo uso da primeira pessoa no discurso – eu, nós – muitas vezes, com interjeições e/ ou exclamações. Trata-se da linguagem das declarações pessoais, memórias, subjetividades, correspondências íntimas, exprimindo a atitude do emissor em relação ao conteúdo de sua mensagem, bem como da situação em que se encontra. FUNÇÃO CONATIVA (APELATIVA) Quem nunca assistiu a um comercial muito apelativo na TV, do tipo “Experimenta!”, “Compra, compra, compra!”? A função conativa é dedicada ao receptor (ou destinatário) e sua especialidade são os textos de publicidade, montados com verbos no modo imperativo, vocativos e com o uso das pessoas do discurso tu e você. No exemplo “Compre batom”, a propaganda do chocolate Garoto apela ao receptor por meio de expressão e construção discursiva que se aproximam das comuns à linguagem do público-alvo, justificando o coloquialismo habitual desse tipo de discurso. 68 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO FUNÇÃO FÁTICA (OU INTERATIVA) Olá! Como vai? Eu vou indo. E você, tudo bem? Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E você? Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe? Quanto tempo! Pois é, quanto tempo! Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios! Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem! Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí! Pra semana, prometo talvez nos vejamos… Quem sabe? Quanto tempo! Pois é… Quanto tempo! (VIOLA, 1970). Essa é a canção Sinal fechado, de Paulinho da Viola, regravada por Chico Buarque, e por outros artistas da Música Popular Brasileira. Como você pôde notar pelo exemplo, a função fática fica centrada no canal de comunicação em si, ou seja, busca estabelecer o contato psicológico entre os interlocutores. Seu objetivo não é transmitir informação e sim, manter a sociabilidade. Note que no diálogo da letra da canção não há assunto objetivo, somente a cortesia entre duas pessoas que em algum momento foram muito próximas. Assim, tecnicamente, a função fática é a linguagem das falas 69 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO telefônicas, dos cumprimentos, das saudações e outras expressões similares. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA Veja o seguinte verbete do dicionário online Priberam: “Gestão. Ges.tão. substantivo feminino. 1. gerência; 2. administração” (PRIBERAM, 2020, online). A função metalinguística aparece nos dicionários, gramáticas, enciclopédias etc. - obras em que a língua é utilizada para explicar a si própria. Essa função está centrada no código linguístico em si. É tudo o que, na mensagem, explica ou esclarece o código utilizado pelo emissor. Observe o diálogo a seguir: – Não deu. – Oi? – É. Tentei acertar a massa, mas não deu. A função fática é a linguagem das falas telefônicas, dos cumprimentos, das saudações e outras expressões similares. Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/31Zn8G1) 70 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Nesse caso, surge a necessidade de esclarecimento por parte do emissor, para tornar aquilo que ele quis dizer compreensível. Quando há essa necessidade de esclarecimento sobre algo sem significado ou subentendido também é feito o uso da função metalinguística. FUNÇÃO POÉTICA Essa função da linguagem está centrada na própria mensagem, colocando em evidência os próprios signos. Aparece em textos cuja mensagem possui algo de especial, algo que vai além da transmissão de uma informação. Ausência Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim (ANDRADE, 1989). 71 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO O poema de Carlos Drummond de Andrade trata apenas de alguém divagando sobre a falta que certa pessoa lhe faz; porém, a escolha das palavras, a sonoridade, a disposição do texto dão o toque especial à linguagem quando empregada desse modo. Assim, na função poética é comum notarmos jogos de linguagem. Observe como cada palavra é cuidadosamente selecionada, a fim de alcançar a atmosfera narrativa desejada pelo autor. Encerrando a apresentação das funções da linguagem, saiba que elas não se excluem entre si: um texto pode revelar o uso de mais de uma função ao mesmo tempo. Dominar essas peculiaridades conceituais permitirá a você fortalecer o seu potencial argumentativo. NA PRÁTICA Centrada no contexto, a função informativa/referencial/denotativa destaca a informação. Mas o que significa dizer “a função informativa destaca a informação”? Acompanhe um trecho da matéria “Com produção em queda, emprego na indústria recua 0,3% em abril”, de Pedro Soares: 72 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Após dois meses seguidos de retração da produção das fábricas, o emprego na indústria se mantém debilitado. Em abril, as vagas de trabalho no setor caíram 0,3%, na comparação livre de efeitos sazonais (típicos de cada período) com março. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (11). Em relação a abril do ano passado, a queda é de 2,2%. Sem uma retomada à vista da produção e com empresários pouco otimistas, o emprego na indústria patina e tende a fechar 2014 em terreno negativo. O emprego não reage, nem mesmo quando a produçãodá soluços de melhora, diante da reduzida confiança de empresários, que não esperam uma retomada mais forte à frente – e por isso não contratam diante dos elevados custos de admissão. Essa situação ocorre em um cenário de inibição ao consumo causado por juros maiores, crédito escasso, inadimplência em nível elevado e inflação alta. O índice acumulado nos primeiros quatro meses de 2014 aponta uma retração de 2%. No acumulado dos últimos 12 meses até abril, a queda é de 1,5% (SOARES, 2014). Vamos, agora, identificar exemplos de aplicação da função referencial da linguagem. Quando dizemos que essa função da linguagem “destaca a informação”, significa que o que está em primeiro plano é o repasse da informação e não, por exemplo, a opinião do redator ou o convencimento ao consumo de algum produto, entre outras possibilidades. Em cada uma das orações ou frases que compõem o texto, o que se lê são dados relacionados ao fato apresentado: • o emprego na indústria se mantém debilitado; • as vagas de abril de 2014 caíram em relação ao mesmo período do ano passado; • os dados são do IBGE; • a tendência é negativa para 2014; • os custos de admissão são elevados; • inibição do consumo, juros elevados. 73 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO Isso irá ocorrer em todo o texto. O que está em foco, portanto, é o fato e seus desdobramentos, sem elucubrações ou especulações. Note, portanto, como essa função valoriza, de modo bastante objetivo, aquilo que é informado, sem deixar margem para interpretação. Explica-se tudo muito bem. A APRESENTAÇÃO EFICAZ Terciotti e Macarenco (2013) defendem que, para ser eficaz, uma apresentação deve ser composta, além do conteúdo que a constitui em linguagem verbal, por gestos, movimentos corporais, aparência física (vestuário, cabelo, acessórios), expressão da face, entonação da voz, modo de olhar, entre outros fatores. Uma apresentação, por mais simples que pareça ser, sempre é um evento complexo, exigindo conhecimentos, postura ética, gestão de relacionamentos, imagem, visão de mundo, entre outros aspectos. Com base em Terciotti e Macarenco (2013), vamos conhecer alguns aspectos relativos à apresentação em maiores detalhes. Acompanhe! PONTUALIDADE Se você tem uma apresentação agendada, o primeiro item a ser considerado é o horário. Se o seu horário é às 10h, por 74 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO exemplo, esteja no local, já à disposição, ao menos meia hora antes. Imprevistos acontecem o tempo todo, é normal. Contudo, é muito inoportuno ter que resolver problemas com questões técnicas na frente das pessoas que estão lá para assistir ou avaliar a sua apresentação. É algo chato para você e, também, para quem separou um tempo em sua agenda para ouvir o que você tem a dizer. No caso de uma apresentação on- line, a regra é a mesma: esteja pronto e disponível para que tudo comece no horário. Caso alguém tenha que esperar, que esse alguém seja você e não o público ou seus colegas de apresentação. EQUIPAMENTOS Há muitos recursos para uma apresentação: do quadro com giz à lousa mágica; do projetor aos recursos audiovisuais em geral. Considerando isso, Uma apresentação é composta por gestos, movimentos corporais, aparência física, expressão da face, entonação da voz, modo de olhar. 75 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO prepare a sua apresentação, tendo em vista os recursos que você terá à sua disposição. Não é necessário utilizar todos – afinal, são recursos, e não objetos do seu trabalho. Para que tudo aconteça conforme o planejado, certifique-se de que o local da apresentação oferece os equipamentos de que você precisa. Informe-se sobre quais são esses equipamentos e softwares, pois coisas simples podem atrapalhar o seu desempenho. Um arquivo eletrônico que não abre, em função de diferentes versões do software; um adaptador para a saída de vídeo do seu notebook; caixas de som, no caso de você necessitar de áudio; rede de acesso à internet, entre outros fatores que podem atrapalhar o bom curso da sua apresentação. CONEXÃO COM A REDE Se você precisa de acesso à internet, confira se ela está funcionando, certifique-se de que você possui a senha de acesso e de que o sinal é confiável. Mas, para que tudo dê certo, tenha todas as mídias que você pretende utilizar em modo offline. Suponhamos que um vídeo do YouTube é fundamental para a sua exposição. Sabendo disso, você preparou todo o equipamento. Entretanto, você havia testado o sinal antes do momento de 76 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO pico de uso da rede local e, justamente, quando precisa exibir, o vídeo não carrega, fica lento, trava. Isso é constrangedor! Então, é importante que você tenha tudo o que necessita em modo off-line, gravado em seu computador ou em um pen drive. LINGUAGEM Muito importante: falar é diferente de escrever. A linguagem é outra. Na fala, podemos nos pronunciar mais à vontade; mas a apresentação de um trabalho ou projeto é uma ocasião formal. Portanto, use a linguagem adequada, tendo em vista a clareza e a objetividade. E, se precisar utilizar termos muito técnicos, esclareça do que se tratam, sempre que for preciso. Antes, porém, apresente-se. Diga o seu nome, ou o nome dos membros da equipe, qual a instituição a que você pertence, o título do seu trabalho e esclareça questões como abordagem, metodologia e quais técnicas foram utilizadas. Há apresentações que permitem a leitura do artigo (ou paper). Mas é uma estratégia pouco recomendada, pois a tendência é perder a atenção do público. Considere isso: você escreveu o trabalho, logo está sabendo todo o conteúdo. É melhor 77 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO ter uma folha resumida com os tópicos a serem abordados e falar a respeito deles. Proceda assim, também, quando você utilizar o projetor e os slides no programa PowerPoint (ou algum equivalente). Você não deve ler o que está nos slides; eles apenas orientam o espectador sobre aquilo que você está comunicando. Assim, nos slides não deve estar todo o texto e sim apenas os tópicos da sua exposição. Utilize-os também para ilustrar o conteúdo abordado, com imagens, quadros, tabelas ou gráficos cuja interpretação você fará verbalmente. De igual importância, atente para o seu tom de voz: fale com calma, busque pronunciar bem as palavras e fale um pouco mais alto que o seu tom habitual. Mantenha uma linha de diálogo: converse com as pessoas que estão assistindo. APRESENTAÇÃO EM GRUPO Se o trabalho é em equipe, todos os pontos anteriores valem do mesmo modo. O sucesso de uma equipe está na coesão de seus membros e no uso adequado da aptidão de cada pessoa do grupo. Em uma equipe, os membros devem desempenhar funções distintas. Se cada membro fizer a sua parte, tudo sai bem. 78 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Mas atenção: não queira se destacar sobre os seus colegas, pois isso não mostra que você sabe mais, mostra somente que você tem dificuldade em trabalhar em conjunto e ceder espaço aos outros. Em um trabalho conjunto, o grupo é que está sendo avaliado e não os membros de modo isolado. ANSIEDADE Você já viu a ansiedade ajudar alguém em alguma coisa? Obviamente, não. Logo, se você elaborou o trabalho, conhece o assunto, verificou a infraestrutura, não há motivo algum para ficar nervoso. A adrenalina se manifesta nesse tipo de ocasião. É normal. Então, respire fundo e mantenha a calma! Mas não improvise! Você está começando a sua carreira e precisa de cautela. No momento, você pode até deixar de lado o roteiro da apresentação, ADRENALINA De acordo com o dicionário Dicio, adrenalina é uma “energia; exci- tação causada por uma ação que estimula, que aumenta a atividade do organismo”. Fonte: <https://bit.ly/3bqKh7m>. Acesso em: 02 set. 2020. 79 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO mas ele tem de estar ali, disponível para ser consultado, se for necessário. Se você tem 30 minutos para a exposição, planejee distribua o tempo adequadamente. Cinco minutos a mais ou a menos não são um problema; porém, quinze a mais ou a menos, sim! Não ultrapasse o espaço das outras apresentações nem acelere o cronograma. Para evitar esses imprevistos, ensaie a sua apresentação em voz alta, cronometre o tempo e veja se está dentro do limite. CONCLUINDO Do mesmo modo como funciona ao escrever um texto, a conclusão deve estar amparada nos dados pesquisados e apresentados. Se você, na conclusão, apresentar novos dados, será preciso fazer uma nova análise. PERGUNTAS No início da apresentação, defina as “regras do jogo”. Informe que, ao fim da exposição, haverá espaço para perguntas ou que o público poderá fazê-las ao longo da sua fala – é uma opção mais arriscada, pois a tendência é você perder o controle do debate, o assunto avançar e você “perder o fio da meada”. 80 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Se surgir alguma questão que você não consegue responder, agradeça a colaboração e seja sincero. Diga: “Interessante isso! Não havia pensado nessa abordagem. Vou considerar esse aspecto na próxima etapa do trabalho. Obrigado(a) pela observação!”. VESTUÁRIO Durante uma apresentação, você já está em evidência. Por isso, não queira parecer diferente do que você é habitualmente. Vista-se de modo sóbrio, use camisa e não camiseta (mas, se usar, evite estampas ou tecidos muito chamativos). Atenção: não se apresenta um trabalho vestindo bermuda ou minissaia. Não desvie a atenção da plateia. Não deixe que a roupa atrapalhe você ou a avaliação do seu trabalho, sinta- se confortável e seja discreto nesse aspecto. Também não use chapéu ou boné e não exagere no perfume! PARA FINALIZAR Não se esqueça de agradecer a presença e atenção de todos. Mencione as pessoas que auxiliaram na realização do 81 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO trabalho. Reconhecer a dedicação dos outros demonstra a sua gentileza e cordialidade. A exposição pública é sempre difícil, seja esta direta – por meio da apresentação de um trabalho em que, mesmo o autor tendo segurança e ampla intimidade com o assunto, sempre estará sujeito a variáveis não controladas, isto é, por meio da escrita, na publicação de um livro, de um texto – seja em um ambiente organizacional, de uma comunicação interna. Perissé (2003) argumenta que, embora não conheça seu público, um autor de qualquer texto está em ampla exposição, e isso não ocorre somente pelo fato de possivelmente seus escritos ou fala não serem integralmente compreendidos, mas porque o processo de comunicação é naturalmente complexo. Desse modo, a escrita ou fala, enfim, uma mensagem, precisa ter como objetivo ser compreendida em seu contexto. Por seu lado, Hunter (2004) considera que no ambiente organizacional as ações somente fazem sentido se tiverem conexão com a cultura da empresa, e esta, por sua vez, é expressa em normas, regras, refletindo-se sobre os comportamentos das pessoas em todo seu processo de comunicação. Fora de seu contexto, uma mensagem perde seu sentido, comprometendo o processo de comunicação; logo, até uma apresentação simples requer alguns cuidados, 82 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO para que o processo de comunicação não seja prejudicado e, o mais importante, para que a imagem da pessoa ou da empresa não sofra danos. HABILIDADES COMUNICACIONAIS Terciotti e Macarenco (2013, p. 108) destacam alguns requisitos necessários a um palestrante. De acordo com as autoras, “planejar e preparar uma apresentação não é tão simples como parece”. Então, além do que frisamos no tópico anterior, um palestrante deve demonstrar os seguintes requisitos ou habilidades: • Competência: conhecimento aprofundado do assunto e habilidade para repassar essas informações aos ouvintes; • Dinamismo: estilo dinâmico, pois algumas apresentações podem ser muito competentes em vários aspectos, mas muito monótonas (cansativas); • Coordenação: domínio da sequência do tema, do manuseio do material visual e do tempo de que dispõe para realizar a apresentação; 83 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO • Entusiasmo: capacidade de salientar a importância do assunto para a sua plateia de forma entusiástica; • Clareza: tanto o discurso quanto o material visual devem ser apresentados de forma clara e compreensível. Vale ressaltar que, se o comunicador não tiver definido para si próprio o que quer comunicar ao público, não conseguirá se fazer claro para os outros. Ideias claras transformam-se em mensagens compreensíveis. Ainda na visão de Terciotti e Macarenco (2013, p. 109), o apresentador também deve considerar o perfil de seu público-alvo. Dentre os aspectos que podem comprometer a eficácia de uma apresentação, as autoras mencionam: O apresentador deve sempre considerar o perfil de seu público-alvo. 84 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO • dificuldade de concentração da plateia; • falta de conhecimento técnico do assunto apresentado; • falta de interesse pelo assunto; • frustração de expectativas; • número de pessoas. FASES DE UMA APRESENTAÇÃO Mas voltando um passo em nosso assunto, toda apresentação tem, segundo Terciotti e Macarenco (2013), três fases distintas: preparação, escolha de recursos e transmissão ou exposição oral. Embora já tenhamos exposto alguns desses aspectos, vejamos como as autoras desenvolvem o assunto. PREPARAÇÃO É constituída por diversas etapas. Além disso, é essa fase que determinará ou não o sucesso de uma apresentação – daí a necessidade de planejá-la e executá-la com muito cuidado. Segundo Terciotti e Macarenco (2013), a preparação inclui: 85 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO • Definição clara do assunto: defina o conteúdo a ser exposto de maneira precisa, relacionando, muito bem, os pontos-chave. Isso implica pensar qual o público-alvo, pois quanto melhor você definir o recorte, mais fácil será a confecção do trabalho; • Intenção da apresentação: saiba definir bem os objetivos a serem alcançados. Eles incluem: informar, emocionar (ter um apelo menos racional e mais emotivo) e vender ideias (como a mudança pode gerar benefícios); • Análise da audiência: conheça o público- alvo e seu perfil comportamental, adequando a linguagem e a mensagem; • Esboço da apresentação (roteiro): não confie na memória. Estruturar a apresentação com começo, meio e fim. No início, falar das etapas que constituem o trabalho; no meio, nada de usar chavões ou frases feitas. Relacione ideias de forma sutil e inteligente e no fim precisa resumir e concluir a partir dos dados apresentados; 86 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO • Definição do conteúdo a ser exposto: precisão e profundidade são as qualidades às quais se deve apegar. Terá de relacionar bem os assuntos tratados, de modo que um conduza a outro; • Antecipação das perguntas e dúvidas: busque esclarecer os termos técnicos que surgirem e que forem essenciais à compreensão do trabalho; • Planejamento adequado ao tempo: planeje cada parte e quanto tempo durará a sua exposição. Isso ajuda a sentir-se seguro. Treinar, treinar e treinar; • Estado de atenção da plateia: atentar ao interesse da plateia. O interesse do público depende da escolha certa do assunto e de uma abordagem inteligente e instigante. Além de clareza e objetividade, a comunicação deve ser atraente e convincente; • Planejamento dos recursos instrucionais: definir o material de apoio, utilizando, de modo eficiente, o maior número possível de recursos audiovisuais; 87 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO • Memorização: memorizar apenas os quadros sinópticos ou os esquemas fundamentais; • Interrupções convenientes: planejar interrupções que rompam uma possível monotonia e evitem que os participantes da apresentação fiquem por muito tempo imóveis. Caso, por exemplo, a apresentação dure três horas, deve- se dividi-la em duas partes, de modo que a primeira seja maior que a segunda, evitando a sensação incômoda de “ainda faltatanto” – que passa para “poderia durar mais”. ESCOLHA DE RECURSOS Trata-se da segunda fase da apresentação. Aqui se escolhem os meios pelos quais você transmitirá o conteúdo para o público. Podem ser utilizados equipamentos de imagem, vídeo, áudio etc., incluindo-se aqui o microfone. Outro aspecto relevante é o material a ser distribuído, que deve ser cativante, com um resumo do que foi apresentado. Deve ser entregue no final, de modo a não atrapalhar o elemento surpresa do trabalho e favorecer o marketing pessoal do palestrante. 88 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO TRANSMISSÃO OU EXPOSIÇÃO ORAL Momento em que o trabalho desenvolvido será exposto e apreciado. Aqui, entram em questão a postura e a expressão corporal do apresentador, pois quando nos comunicamos todo o nosso corpo fala. Em suma, deve-se: • Adotar uma postura descontraída, nem tensa nem displicente: descontração demonstra confiança e gera interesse na plateia. Deve-se atentar para a posição das mãos, dos braços, dos pés – tudo precisa estar em equilíbrio; • Movimentar-se/andar: aproximar-se da plateia causa uma empatia positiva. Deve-se cuidar para não dar as costas à audiência; • Utilizar gesticulação adequada: manter a Quando nos comunicamos todo o nosso corpo fala. Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/3buojAl) 89 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO naturalidade. Manter gestos que sejam harmônicos com as palavras. Não falar com as mãos nos bolsos, com os braços cruzados, apoiar-se na mesa, balançar o corpo ou incliná-lo. Os gestos devem ser expressivos, mas não exagerados. Convencer implica certa dramaticidade, assim o apresentador pode se comportar como se fosse um ator; • Ter cuidado com o olhar: não fixar o olhar em um ponto único, ou apenas em um participante. A posição do corpo e dos olhos não deve apresentar humildade excessiva, tampouco arrogância. Deve-se ponderar; • Dar exemplos, ilustrar: relacionar o assunto com casos práticos ou situações reais. O QUE EVITAR? Tão importante quanto o que saber fazer, é saber o que não fazer. Estes são, segundo Terciotti e Macarenco (2013), os seis pecados de uma apresentação: • pedir desculpas à audiência; 90 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO • contar piadas; • fazer perguntas aos ouvintes no início; • opinar sobre um assunto polêmico; • utilizar chavões, frases feitas ou vulgares; • repetir excessivamente vícios de linguagem. Finalizamos esta unidade destacando que fizemos um bom resumo das habilidades comunicacionais. Se você levar essas indicações à risca, certamente apresentará o seu trabalho de forma eficaz. Boa sorte! NA PRÁTICA No livro O Português do dia a dia consta uma série de depoimentos a respeito da atividade de seu autor, o professor Sérgio Duarte Nogueira da Silva. Em um desses depoimentos, Gustavo Brigadão, advogado, observa: na advocacia, em regra, dois profissionais se confrontam com um único objetivo de demonstrar a um terceiro, o juiz, que o trabalho do outro é um completo equívoco. Nessa batalha, vence aquele que tiver maior poder de convencimento e, portanto, maior clareza na exposição de suas ideias, qualidades essas que pressupõem o bom domínio das regras e princípios que norteiam a boa redação, principalmente em decorrência do fato de que as manifestações do advogado no processo se dão, em sua esmagadora maioria, na forma escrita (SILVA, 2009, p. 11) 91 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO Perceba, portanto, que estudar e desenvolver a comunicação interpessoal não é uma exigência que se faz apenas a você, que está buscando espaço no mercado de trabalho ou buscando maiores conhecimentos. As pessoas que já estão com suas profissões definidas buscam aprimorar seu desempenho linguístico, de oratória e de escrita, de modo que os cuidados e fatores que caracterizam a boa apresentação valem para qualquer profissional. Os tempos mudam, a tecnologia muda e a língua também. Portanto, reciclar-se é uma necessidade, assim como estar em dia com a tecnologia e com as técnicas de oratória e de expressão escrita. RESUMO Nesta unidade, tivemos a oportunidade de recapitular alguns assuntos relevantes para a comunicação aplicada ao ambiente corporativo. Vimos que: • o processo de comunicação é composto por vários elementos: emissor, receptor, mensagem, canal, código e contexto; • no processo comunicacional, a linguagem desenvolve diferentes performances ou funções: 1. referencial (ou denotativa): destaca a informação; 2. emotiva (ou expressiva): centrada no emissor da mensagem; 92 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 3. conativa (ou apelativa): dedicada ao receptor da mensagem; 4. fática: centrada no canal de comunicação; 5. metalinguística: aparece nos dicionários, gramáticas, enciclopédias etc.; 6. poética: centrada nos jogos de linguagem. • as funções da linguagem coabitam um mesmo texto, ou seja, é possível identificar mais de uma função em um mesmo texto; • para uma apresentação ser eficaz, ela depende de fatores como pontualidade, preparo dos equipamentos necessários, mídias, reserva off-line, linguagem adequada, unidade de equipe, tranquilidade, cordialidade, vestuário adequado e treino; • uma boa apresentação exige alguns requisitos: competência, dinamismo, coordenação, entusiasmo e clareza; • a preparação é constituída de etapas e é a fase que determina o sucesso de uma apresentação; 93 A COMuNICAçãO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO • a escolha de recursos é a segunda fase da apresentação; é onde são definidos os melhores meios de transmitir o conteúdo para o público; • na hora da apresentação é preciso adotar uma postura de apresentador, ser descontraído, se movimentar e gesticular sem exageros, não fixar os olhos em apenas um ponto e sempre que possível dar bons exemplos; • na apresentação, deve-se evitar: pedir desculpas à audiência, contar piadas, fazer perguntas aos ouvintes no início, opinar sobre um assunto polêmico, utilizar chavões, frases feitas ou vulgares e repetir excessivamente vícios de linguagem. REFERÊNCIAS ANDRADE, C. D. Ausência. 1989. Disponível em: <https://bit. ly/2B7pfN6>. Acesso em: 14 jun. 2014. HUNTER, J. C. O monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. MEDEIROS, J. B. Português instrumental. São Paulo: Atlas, 2005. 94 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PRIBERAM. Gestão. 2020. Disponível em: <https://bit. ly/2UHp5Ty>. Acesso em: 10 jun. 2014. NALON, T. Greve de metroviários é “calamitosa”, diz ministro. Folha de S. Paulo. 10 jun. 2014. Disponível em: <https://bit. ly/2MZuhxV>. Acesso em: 11 set. 2020. PERISSÉ, G. A arte da palavra: como criar um estilo pessoal na comunicação escrita. São Paulo: Manoel, 2003. SILVA, S. N. D. O português do dia a dia: como falar e escrever melhor. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. SOARES, P. Com produção em queda, emprego na indústria recua 0,3% em abril. Folha de S. Paulo. 11 jun. 2014. Disponível em: <https://bit.ly/37uPdWW>. Acesso em: 11 set. 2020. TERCIOTTI, S. H.; MACARENCO, I. Comunicação empresarial na prática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. VIOLA, P. Sinal fechado. Rio de Janeiro: EMI Music Brasil, 1970. 1 CD (3min).
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